JUL / AGO / SET 2014 • No 3 • ANO XXXVIII Editorial Reverência aos mestres D ois anos se passaram de minha gestão da SBR, quando tive a alegria de conquistar novos amigos e consolidar antigas amizades. Busquei, principalmente, a criação de regionais, com a intenção de ampliar o ensinamento e a prática de nossa querida Reumatologia. Como um desejo de justiça, uso deste momento para reverenciar os nossos Mestres pioneiros, verdadeiros desbravadores que, de forma estóica, começaram a apresentar aos brasileiros o conteúdo de uma especialidade nova. No dia 10 de março de 1954, o professor Geraldo Wilson da Silveira Gonçalves proferiu a primeira aula de Reumatologia na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Com apostilas “rodadas em mimeógrafos”, com conteúdos compilados de livros franceses, uruguaios e argentinos, iniciou-se assim o ensino pioneiro da Reumatologia em toda a nossa região. Ele fundou a Sociedade Cearense de Reumatologia, presidiu um congresso brasileiro e vários outros eventos regionais, foi autor de livros e trabalhos científicos e, acima de tudo, compartilhou com seus discípulos seus conhecimentos arduamente adquiridos. Pela sua humildade e dedicação, nós todos, carinhosamente, o tratamos por “vovô Geraldo”. Após alguns anos fui, para minha honra, o seu primeiro formando, tendo sido aquinhoado com uma carta de recomendação para o Serviço do professor De Séve, seu amigo em Paris. Quis o destino que, ao passar pelo Rio de Janeiro, tenha eu me encantado pelo convite de meu outro querido Mestre, Israel Bonomo, com quem fiz minha pós-graduação. Aos nossos jovens especialistas externo a minha mensagem de respeito e admiração a todos os Mestres, pois não haveria plateia em nossos eventos se não estivessem eles nos palcos derramando sobre nós seus conhecimentos. Dr. Walber Pinto Vieira SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA Presidente Walber Pinto Vieira – CE Tesoureiro José Eyorand Castelo B Andrade – CE Secretário Geral Francisco José Fernandes Vieira – CE Vice-Tesoureiro José Roberto Provenza – SP 1º Secretário Lauredo Ventura Bandeira – SP Diretor Científico Mittermayer Barreto Santiago – BA 2a Secretária Rosa Maria Rodrigues Pereira – SP Presidente eleito Cesar Emile Baaklini Boletim da Sociedade Brasileira de Reumatologia Av. Brig. Luís Antônio, 2.466, conjuntos 93 e 94 01402-000 – São Paulo - SP – Tel.: (11) 3289-7165 / 3266-3986 www.reumatologia.com.br @ [email protected] Coordenação editorial Edgard Torres dos Reis Neto Jornalista responsável Maria Teresa Marques Editores Tania Caroline Monteiro de Castro Frederico Augusto Gurgel Pinheiro Layout Sergio Brito Colaborador Plinio José do Amaral Impressão Sistema Gráfico SJS Tiragem: 2.000 exemplares BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 Representante junto à Panlar Adil Muhib Samara – SP Antonio Carlos Ximenes – GO Fernando Neubarth – RS Maria Amazile Ferreira Toscano – SC Representante junto ao Ministério da Saúde Ana Patrícia de Paula – DF Mário Soares Ferreira – DF Representante junto à AMB Eduardo de Souza Meirelles – SP Gustavo de Paiva Costa – DF Morton A Scheinberg – SP 4 O melhor do Brasil 6 Notas / Hits da Reumatologia 7 Reumato.com 8 Censo: demografia médica 10Pesquisa 12Matéria de capa 14Profissão Reumato 16Primeira Fila 17Foco em 18 Rheuma & Ethos 20 Coluna Seda 22Além da Reumatologia ÍNDICE Diretoria Executiva da SBR – Biênio 2012-2014 Índice 3 O melhor do Brasil Notícias das regionais Goiás e DF Sociedades irmãs promovem V Encontro A cidade de Pirenópolis, em Goiás, recebeu o V Encontro Goiás-DF de Reumatologia, concorrido evento científico e social das sociedades irmãs de Goiás e do Distrito Federal. O evento foi realizado nos dias 15 e 16 de agosto e, na ocasião, a dra. Lúcia Macedo Gonçalves foi homenageada pela Sociedade de Reumatologia do Distrito Federal com o Prêmio Francisco Aires de Reumatologia, por sua ativa e pioneira atuação, como uma das fundadoras da Reumatologia de Brasília. Participantes do V Encontro de Reumatologia, em Pirenópolis, Goiás. Santa Catarina Realizado evento sobre Infecto-Reumatologia N o dia 23 de agosto, a Sociedade Catarinense de Reumatologia, em parceria com a Sociedade Catarinense de Infectologia, promoveu a I Jornada de Infecto-Reumatologia. O objetivo foi a aproximação das duas especialidades com a abordagem de temas comuns. As aulas foram proferidas tanto por reumatologistas quanto por infectologistas. O evento ocorreu na Associação Catarinense de Medicina durante todo o sábado. 4 Curso a farmacêuticos Ainda em agosto, 28, foi promovido pela SCR no auditório do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina,, em parceria com a Diretoria de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Estado da Saúde (SC), curso com duração de aproximadamente três horas ministrado para a farmácia-escola. O objetivo foi aumentar o canal de comunicação entre o prescritor e o profissional que dispensa, bem como envolver o farmacêutico no tratamento das doenças reumatológicas e capacitá-lo em relação aos novos medicamentos para tratamento da AR agora disponíveis pelo SUS. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 V Jornada no Paraná recebeu especialistas para falar sobre AR, dor e osteoporose. Paraná V Jornada Paranaense enfocou artrite reumatoide A Sociedade Paranaense de Reumatologia, conforme tradição, realizou no mês de junho a V Jornada Paranaense de Reumatologia, quando estiveram presentes renomados especialistas que comentaram sobre artrite reumatoide, dor e osteoporose. Espondiloartrites Também com promoção da SPR, foi realizado evento multidisciplinar nos dias 29 e 30 de agosto. Foram discutidos temas como psoríase e artrite psoriásica, uveíte, doença inflamatória intestinal e osteoimunologia. Ceará Reunião científica abordou artrite reumatoide e imunobiológicos A Sociedade Cearense de Reumatologia promoveu reunião científica com os temas: • Os Imunobiológicos no mercado privado e O novo rol da ANS, tendo como palestrantes os drs. Eyorand Andrade e Max Victor Carioca; • Artrite Reumatoide e a Segurança dos Imunobiológicos - O que sabemos hoje?, com palestras do infectologista dr. Ivo Castelo Branco e o dr. Walter Correia, cuja área de atuação é a Imunogenética da Tuberculose. Agenda www.reumatologia.com.br XXXI SBR 2014 Congresso Brasileiro de Reumatologia Data: 1/10/2014 a 4/10/2014 Local: Minascentro - Avenida Augusto de Lima, 785 - Belo Horizonte (MG) Informações: (31) 3247-1613 Website: www.reumato2014.com.br/ index.php International Symposium Intra Articular Treatment - Isiat Data: 15/10/2014 a 18/10/2014 Local: Rio de Janeiro (RJ) Website: www.regencyeventos.com.br/ evento/index.php?cod_eventos=44&cod_ idiomas=1 Curso de InfiLtrações em Reumatologia - Ano VI - Edição 2014 Data: 31/10/2014 a 01/11/2014 Contato: [email protected] Website: www.cursoinfiltracao.com.br Participantes da reunião científica no Ceará: (da esq. para dir.) dr. André Xenofonte, diretorfinanceiro da SCR; dr. Ivo Castelo Branco, infectologista; dr. Eyorand Andrade, presidente da SCR; dr. Walter Correia; e dr. Max Victor, diretor-cientifico da SCR. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 6º Bradoo - Congresso Brasileiro de Densitometria, Osteoporose e Osteometabolismo Data: 18/04/2015 a 20/04/2015 Local: Expo Curitiba – Curitiba (PR) Website: www.6bradoo.com.br 5 Notas Hits da Reumatologia ............. Conto de Fernando Neubarth é distribuído a passageiros de ônibus Um projeto lançado no Rio Grande do Sul, em sua segunda edição, tem a interessante ideia de entregar peças literárias aos passageiros de linhas municipais que saem de Porto Alegre. E tivemos a satisfação de saber que o reumatologista dr. Fernando Neubarth foi desta vez um dos selecionados para ter uma de suas obras distribuída. É o divertido conto “Prosa na Estrada”, do qual foram impressas 100 mil cópias com o objetivo de atingir um público de 200 mil pessoas. A seleção foi feita por três jurados numa iniciativa desenvolvida pela Secretaria Estadual de Cultura (Sedac), por meio do Instituto Estadual do Livro (IEL), em parceria com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e com a Associação Gaúcha de Escritores. Parabéns ao dr. Neubarth! Reumatologista está em nova obra resenhista Foi lançado no início de setembro o livro Por que Ler os Contemporâneos, um guia de 101 autores, com um mesmo número de resenhistas. E o reumatologista Fernando Neubarth está entre eles com um texto sobre Bernhard Schlink, autor de O Leitor, entre outras obras. Mais detalhes, acesse www. dublinense.com.br/livros/por-que-ler-os-contemporaneos. Conteúdo de evento de lúpus está na internet para acesso gratuito Em virtude de um acordo de cooperação entre o Grupo Gladel e o Panlar, todas as apresentações em Power Point e videoconferências celebradas durante o 10.º Congresso Internacional de LES em Buenos Aires em 2013 estão disponíveis no website do Gladel. São mais de 90 apresentações em Power Point e 50 videoconferências. Para fazer o download do conteúdo de forma gratuita, acesse: www.gladel.org . Jornada no Vale do Paraíba Foi realizada do dia 15 a 17 de agosto de 2014 na cidade de Campos do Jordão /SP a VII Jornada Reumatologia do Vale do Paraíba. O evento, presidido pelo dr. José Roberto Miranda, contou com a presença de vários reumatologistas da região para discutir temas como risco cardíaco e manejo de pacientes com artrite reumatoide, atualizações no lúpus eritematoso sistêmico e esclerose sistêmica, uso off-label dos imunobiológicos e reumatologia e exercício físico. Parabéns a todos pela jornada! 6 Effect of tumour necrosis factor blockers on radiographic progression of psoriatic arthritis: a systematic review and metaanalysis of randomised controlled trials Goulabchand R, Mouterde G, Barnetche T, Lukas C, Morel J, Combe B. Ann Rheum Dis 2014; 73: 414–9. A eficácia dos agentes biológicos bloqueadores do fator de necrose tumoral (anti-TNFs) na artrite psoriásica (APs) tem sido demonstrada em vários estudos. No entanto, a avaliação radiológica não tem sido objetivo primário desses trabalhos. Outra dúvida bastante pertinente é a de que não existem evidências de que o metotrexato (MTX) pode retardar a progressão do dano estrutural na doença. Os autores realizaram revisão sistemática e meta-análise de ensaios clínicos randomizados em APs para avaliar o efeito dos anti-TNFs na progressão radiográfica e para determinar se a terapia combinando anti-TNF ao MTX era superior ao tratamento somente com o imunobiológico. Foi evidenciado que os anti-TNFs levaram a um melhor controle do dano estrutural após 24 e 48 semanas de tratamento e que o papel da terapia combinada não pôde ser claramente determinado pela limitação dos dados disponíveis. ............. Effect of Biologic Treatments on Growth in Children with Juvenile Idiopathic Arthritis Uettwiller F, Perlbarg J, Pinto G, Bader-Meunier B, Mouy R, Compeyrot-Lacassagne S, Melki I, Wouters C, Prieur AM, Landais P, Polak M, Quartier P. J Rheumatol 2014; 41: 128-35. O atraso no crescimento é uma complicação frequente nos pacientes com artrite idiopática juvenil (AIJ) grave e o tratamento com agentes biológicos pode melhorar a velocidade de crescimento tanto pelo controle do processo inflamatório sistêmico quanto pela redução da dose de corticoide. Nesse estudo, foi comparada a velocidade de crescimento antes e após o uso de terapia biológica e avaliado se fatores como o subtipo da AIJ, o uso de corticoides, a necessidade de um ou mais agentes biológicos e a atividade da doença podem influenciar esse parâmetro. Os autores concluíram que a terapia biológica tem um efeito positivo na estatura desses pacientes, mas são ineficazes em restabelecer o crescimento normal principalmente naqueles que não responderam adequadamente ao primeiro agente biológico. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 Reumato.com Convidamos os reumatologistas a acessarem o portal da SBR - http://www.reumatologia.com.br - , em que vários temas de interesse da área estão à disposição para consulta. NOTÍCIAS Princípio ativo da Penicilina Benzatina enfrenta problemas de fornecimento A Supera Rx é uma joint venture criada por MSD, Eurofarma e Cristalia, responsável pela distribuição e comercialização de vários produtos de referência e marcas amplamente utilizadas. Dentre as marcas distribuídas, oriundas das empresas sócias, têm havido problemas de fornecimento de princípio ativo de um produto amplamente prescrito pela classe médica em geral e também pela Reumatologia e atualmente com poucas opções de substituição: Penicilina Benzatina (em nosso caso o próprio Benzetacil). Saiba mais: www.reumatologia.com.br/index.asp?Perfil=&Menu=DoencasOrie ntacoes&Pagina=noticias/in_noticias_resultados.asp&IDNoticia=291 SBR convoca para Assembleias Gerais A Sociedade Brasileira de Reumatologia está convocando associados fundadores e efetivos que se encontrem quites com suas obrigações para comparecimento às Assembleias Gerais Ordinária e Extraordinária que serão realizadas no dia 3 de outubro de 2014, às 15 horas. Saiba mais: www.reumatologia.com.br/index.asp ?Perfil=&Menu=DoencasOrientacoes &Pagina=noticias/in_noticias_resultados.asp&IDNoticia=290 Foco nos reumatologistas RheumaHelper (plataforma iOS e Android; gratuito) Aplicativo que funciona como um assistente ao reumatologista, fornecendo calculadoras de atividade de doença para artrite reumatoide (DAS28, CDAI e SDAI), espondilite anquilosante (Basdai e Asdas), artrite psoriásica e lúpus eritematoso sistêmico (Selena-Sledai). Oferece ainda critérios classificatórios para as doenças já relatadas, além da polimialgia reumática, lombalgia inflamatória e esclerose sistêmica. É uma excelente ferramenta para uso na prática médica diária. Foco nos pacientes MyRA (plataforma iOS; gratuito) Permite ao paciente com artrite reumatoide realizar um registro sobre os seus sintomas e compartilhar com o seu médico. O paciente poderá fazer um acompanhamento diário da sua evolução, especificar quais articulações estão acometidas, obter fotos, registro da duração da rigidez matinal e da fadiga, das dificuldades em relação às suas atividades usuais, detalhamento de quais medicamentos utiliza e os valores dos reagentes de fase aguda, todos permanecendo registrados com suas respectivas datas de ocorrência. Ao final, haverá um relato detalhado de todo o tratamento, proporcionando agilidade na consulta e fidedignidade dos dados, além de maior compreensão da doença pelo paciente. Excelente ferramenta gratuita, mas que necessita do conhecimento da língua inglesa. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 7 Censo Demografia médica no Brasil Estudo, iniciado em 2011 e atualizado em 2013, reforçou a má distribuição desses profissionais no território brasileiro, tornando questionável a argumentação do governo de que há falta de médicos o ano de 2011, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) iniciaram um trabalho denominado Demografia Médica no Brasil, com intenção de mostrar dados precisos sobre o perfil da profissão médica no país, além de permitir uma discussão realista sobre o dilema da falta de médicos. Este tema vem sendo discutido por diversos setores do governo há vários anos, mas atualmente apresenta caráter de extrema relevância em virtude da incorporação de políticas públicas com incentivo à liberação de novas escolas médicas e importação de profissionais médicos. O governo federal tem como meta principal aumentar o número de profissionais e alcançar a proporção de 2,5 médicos por mil habitantes, não importando a sua qualidade ou forma de aquisição. A primeira versão do trabalho foi publicada no ano de 2011, abordando principalmente os dados gerais e sua descrição. No ano de 2013, houve nova publicação que atualizou as informações e detalhou a distribuição em território nacional. Foram utilizadas diversas bases de dados provenientes do CFM, dos Conselhos Regionais de Medicina, da Comissão Nacional de Residência Médica, da Associação Médica Brasileira, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, além de bancos voltados à análise dos vínculos laborais, provenientes do Ministério do Trabalho e Emprego (Relação Anual de Informações Sociais - Rais) e do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). No Brasil, em outubro de 2012, existiam 388.015 médicos em atividade, o que representa 2,0 médicos por mil habitantes. Segundo estimativas divulgadas, mesmo que não fosse empreendida nenhuma intervenção para aumento do número de profissionais, em oito anos seria alcançada a meta governamental de 2,5 médicos por mil habitantes, fato que torna bastante questionável o argumento da falta de médicos no Brasil. O estudo reforçou a má distribuição dos médicos no território brasileiro (Gráficos 1, 2 e 3), com predomínio de profissionais nos grandes centros urbanos. Esse fato não está vinculado ao local de graduação, e sim à possibilidade de crescimento profissional (oportunidade de especialização), trabalhos com condições satisfatórias e melhor qualidade de vida. Desta forma, o aumento do número de escolas médicas no interior realmente possibilitaria maior fixação do profissional à região ou apenas elevaria a migração de profissionais após o término da graduação? Gráfico 1. Distribuição dos médicos segundo regiões geográficas – Brasil, 2013 Gráfico 2. Distribuição de médicos especialistas titulados, segundo regiões geográficas – Brasil, 2013 Gráfico 3. Distribuição de vagas de Residência Médica, segundo regiões geográficas – Brasil, 2010 Dr. Frederico Pinheiro Médico Reumatologista e Editor do Boletim SBR N Sul 14,9% Norte 4,2% Nordeste 17,1% Sul 18% Norte 3,5% Nordeste 15,3% Fonte: Conselho Federal de Medicina; Pesquisa Demografia Médica no Brasil, 2013. 8 Sul 15,9% Norte 1,9% Nordeste 11,6% Centro-Oeste 7,1% Centro-Oeste 8,5% Centro-Oeste 7,6% Sudeste 56% A Reumatologia no Brasil Em relação às especialidades, 207.789 (53,5) apresentavam uma ou mais especializações. Levando em consideração que um médico pode apresentar mais que um título de especialista, foi evidenciado que 268.218 profissionais poderiam atuar em áreas distintas. A reumatologia apresentou total de 1.631 médicos especialistas, representando 0,6% do total de profissionais e colocando-se como a 35.ª especialidade mais frequente. As especialidades descritas com maior frequência estiveram vinculadas às quatro áreas básicas, em ordem decrescente: Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Cirurgia Geral e Clínica Médica. Na Tabela 1 são apresentados alguns dados demográficos dos médicos reuma- Sudeste 54,5% Fonte: Conselho Federal de Medicina; Pesquisa Demografia Médica no Brasil, 2013. Sudeste 63,5% Fonte: Comissão Nacional de Residência Médica, 2010. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 Tabela 1. Características demográficas dos reumatologistas em % Reumatologistas (N.º - %) Tabela 2. Distribuição dos reumatologistas no Brasil. Número Brasil Norte Gênero % População*Razão** 1.631 100,00%193.867.971 0,84 46 2,82%16.318.163 0,28 Masculino 783 (48,0) Acre 01 0,06%758.786 0,13 Feminino 848 (51,9) Amapá 04 0,25%698.602 0,57 Idade média em anos* 47,3 (12,5) Amazonas 13 0,80%3.590.985 0,36 Distribuição faixa etária Pará 18 1,10%7.792.561 0,23 < 30 anos 49 (3) Rondônia 03 0,18%1.590.011 0,19 1.308 (80,2) Roraima 02 0,12%469.524 0,43 274 (16,8) Tocantins Entre 30 e 60 anos > 60 anos Tempo de formado em anos* 23,5 (13,7) *Média (Desvio padrão) Fonte: Conselho Federal de Medicina; Pesquisa Demografia Médica no Brasil, 2013. tologistas. A maioria pertencia ao gênero feminino (51,99%), fato observado em apenas em apenas 13 das 40 especialidades. Em relação à idade, apresentou média de 47,3±12,5 anos. A média geral de idade dos médicos no país foi de 46,2 anos. Em relação à distribuição geográfica (Tabela 2 e Gráfico 4), houve predomínio nas regiões Sul e Sudeste e no Distrito Federal, ressaltando-se que o último fora responsável pela elevação da razão na região Centro-Oeste. As Unidades Federativas com maiores quantidades de reumatologistas foram São Paulo e Rio de Janeiro. Entretanto, ao se analisar sob a perspectiva populacional, o Distrito Federal apresenta a maior densidade, com 2,61 especialistas para 100 mil habitantes. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste (excetuando o Distrito Federal) possuem as menores quantidades de reumatologistas. O estudo contínuo da demografia médica permitirá uma discussão profunda nas diversas áreas da medicina, certamente favorecendo a implementação de medidas públicas efetivas, baseadas em argumentações fundamentadas e não apenas em dados indiretos e por vezes subjetivos que poderiam estar vinculados a interesses às vezes não muito claros. O problema da saúde pública brasileira não deve ser limitado a números. Foi demonstrado que necessita ser discutido em diferentes esferas por meio da criação de planos de carreira, reorganização dos serviços e ampliação de vagas de residência médica. Essa mudança não ocorrerá de forma súbita. Será necessário um trabalho gradual com engajamento de toda a classe médica e a sensibilização da população e dos regentes governamentais. 05 0,31%1.417.694 0,35 Nordeste 244 14,96%53.894.609 0,45 Alagoas 22 1,35%3.165.472 0,69 Bahia 51 3,13%14.175.341 0,36 Ceará 43 2,64%8.606.005 0,50 Maranhão 12 0,74%6.714.314 0,18 Paraíba 30 1,84%3.815.171 0,79 Pernambuco 41 2,51%8.931.028 0,46 Piauí 13 0,80%3.140.213 0,41 Rio Grande do Norte 21 Sergipe 11 0,67%2.118.867 0,52 Centro-Oeste 1,29% 3.228.198 0,65 152 9,32%14.423.952 1,05 Distrito Federal 69 Goiás 41 2,51%6.154.996 0,67 Mato Grosso 15 0,92% 3.115.336 0,48 Mato Grosso do Sul 27 1,66% 2.505.088 1,08 Sudeste 4,23% 2.648.532 2,61 888 54,45%81.565.983 1,09 Espírito Santo 32 1,96% 3.578.067 0,89 Minas Gerais 160 9,81% 19.855.332 0,81 Rio de Janeiro 172 10,55% 16.231.365 1,06 São Paulo 524 32,13% 41.901.219 1,25 Sul 301 18,45%27.665.264 1,09 Paraná 129 7,91%10.577.755 1,22 Rio Grande do Sul 118 7,23% 10.770.603 1,10 Santa Catarina 54 3,31% 6.316.906 0,85 *População geral – IBGE 2010 **Razão reumatologista/habitante (100 mil) Fonte: Conselho Federal de Medicina; Pesquisa Demografia Médica no Brasil, 2013. Gráfico 4. Razão de reumatologistas por habitantes (100 mil) no Brasil Sul Sudeste Centro-Oeste Nordeste Norte Brasil 0 0,20 0,40 0,60 0,80 1,0 1,2 Fonte: Conselho Federal de Medicina; Pesquisa Demografia Médica no Brasil, 2013. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 9 Pesquisa Reumatologia do Brasil no No período de 11 a 14 de junho de 2014, foi realizado em Paris, França, o European League Against Rheumatism Congress (Congresso Europeu de Reumatologia), que contou com 14.220 participantes e mais de 4.041 trabalhos submetidos. O Brasil foi a nona nação com maior número de inscritos (457 em 2014 ante 373 em 2013), mostrando a importância crescente dos reumatologistas brasileiros no cenário mundial. Além de poderem desfrutar de Paris, capital e cidade mais populosa da França, localizada nos meandros do rio Sena, recheada de cultura e arte, houve a possibilidade de reciclagem e debate nos avanços da reumatologia e apresentação da produção científica do país. Parabéns a todos os pesquisadores brasileiros! Universidade Estadual Paulista – Unesp, Botucatu – SP USP Ribeirão Preto/SP CORRELATION BETWEEN THE EUROPEAN CONSENSUS LUPUS ACTIVITY MEASUREMENT (ECLAM) AND THE MODIFIED SYSTEMIC LUPUS ERYTHEMATOSUS DISEASE ACTIVITY INDEX 2000 (M-SLEDAI 2K) IN JUVENILE SYSTEMIC LUPUS ERYTHEMATOSUS (JSLE). J. O. Sato, J. E. Corrente, C. S. Magalhães. AUTOLOGOUS HAEMATOPOIETIC STEM CELL TRANSPLANTATION FOR TAKAYASU’S ARTERITIS: REPORT OF 3 CASES. D. Moraes, J. Dias, A. B. Stracieri, F. Pieroni, R. Cunha, R. Malta et al. JUVENILE SYSTEMIC LUPUS ERYTHEMATOSUS (JSLE) DAMAGE, DEATH AND GROWTH FAILURE ACCORDING TO DISEASE ACTIVITY PATTERN. J. O. Sato, J. E. Corrente, C. S. Magalhães. Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, São Carlos – SP CORRELATION BETWEEN SELF-REPORTED PHYSICAL FUNCTION AND ISOKINETIC TOTAL MUSCLE WORK IN EARLY DEGREES OF KNEE OSTEOARTHRITIS. M. Petrella, P. R. M. D. S. Serrão, K. Gramani-Say, L. F. A. Selistre, G. H. Gonçalves, S. M. Mattiello. Universidade de São Paulo – SP INCIDENCE AND RISK FACTORS FOR OSTEOPOROTIC VERTEBRAL FRACTURE IN BRAZILIAN COMMUNITY-DWELLING ELDERLY: A POPULATION-BASED PROSPECTIVE COHORT ANALYSIS FROM THE SÃO PAULO AGEING & HEALTH (SPAH) STUDY. D. S. Domiciano, L. G. Machado, J. Lopes, C. Figueiredo, P. Menezes, V. Caparb et al, On behalf of Sao Paulo Ageing & Health (SPAH) Study Group. HIGH INCIDENCE OF HIP FRACTURE AND NON-VERTEBRAL OSTEOPOROTIC FRACTURE IN LOW INCOME COMMUNITY-DWELLING ELDERLY: A POPULATION-BASED PROSPECTIVE COHORT STUDY IN BRAZIL. THE SÃO PAULO AGEING & HEALTH (SPAH) STUDY. D. S. Domiciano, L. G. Machado, J. Lopes, C. Figueiredo, P. Menezes, V. Caparbo et al. PULMONARY INVOLVEMENT IN RHEUMATOID ARTHRITIS: IS THERE A ROLE FOR LOW-COMPLEXITY MEDICAL TESTS? A. M. Kawassaki, D. A. S. Pereira, F. U. Kay, I. M. M. Laurindo, C. R. R. Carvalho, R. A. Kairalla. 10 HEMATOPOIETIC STEM CELL TRANSPLANTATION INCREASES NAIVE AND REGULATORY B CELLS WHILE DECREASING MEMORY B CELLS IN SYSTEMIC SCLEROSIS PATIENTS. L. C. M. Arruda, M. C. Oliveira, D. A. Moraes, D. T. Cova3, J. C. Voltarelli, K. C. R. Malmegrim. QUALITY OF LIFE IN SYSTEMIC SCLEROSIS PATIENTS BEFORE AND AFTER AUTOLOGOUS HEMATOPOIETIC STEM CELL TRANSPLANTATION. E. A. Oliveira-Cardoso, J. T. Garcia, J. E. B. Dias, D. A. Moraes, A. B. Stracieri, B. P. Simões et al. Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUC Campinas – SP CAN SPECTRAL DOPPLER IDENTIFY NAIL ENTHESITIS IN PSORIATIC ARTHRITIS? J. A. Mendonça, J. P. Nogueira, I. M. M. Laurido, C. Vierhout, F. Peron, A. M. Lyrio, N. B. Schincariol, J. R. Provenza, L. Pedri, R. Bonfiglioli Universidade Federal de São Paulo – Unifesp – SP INTRA-ARTICULAR INJECTIONS WITH TRIAMCINOLONE HEXACETONIDE IN A COHORT OF JUVENILE IDIOPATHIC ARTHRITIS PATIENTS: FACTORS ASSOCIATED WITH A GOOD RESPONSE. V. B. Miotto e Silva, A. L. G. Cunha, F. Osaku, C. Len, R. Furtado, J. Natour, M. T. Terreri. ARTICULAR SONOGRAPHY IN HEALTHY INDIVIDUALS: COMPARISON AMONG SMALL, MEDIUM AND LARGE JOINTS. F. S. Machado, J. Natour, R. D. Takahashi, R. N. V. Furtado. BLINDED VS ULTRASOUND-GUIDED CORTICOSTEROID INJECTIONS FOR THE TREATMENT OF THE GREATER TROCHANTERIC PAIN SYNDROME (SDPT): A RANDOMIZED CONTROLLED TRIAL. G. Q. Estrela, R. Furtado, J. Natour, S. Narimatsu, A. Rosenfeld. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 Eular 2014 Porto Alegre, Rio Grande do Sul ONSET AGE INFLUENCES CLINICAL AND LABORATORY PROFILE OF PATIENTS WITH SYSTEMIC LUPUS ERYTHEMATOSUS. O. A. Monticielo, A. A. Gasparin, J. Hendler, R. Chakr, A. L. Moro, V. Hax, D. Zanchet, I. Siqueira, P. E. Palominos, C. Brenol, C. Kohem, R. Xavier, R. Sassi, G. Piccoli, J. C. Brenol. LONG-TERM EFFECTIVENESS AND SAFETY OF CYCLOPHOSPHAMIDE IN SYSTEMIC SCLEROSIS LUNG DISEASE. R. Chakr, A. Gasparin, M. Neves, G. Rangel, J. Hendler, A. L. Moro, D. Zanchet, I. Siqueira, V. Hax, P. Palominos, M. Bredemeier, C. Kohem, C. Brenol, O. Monticielo, J. C. T. Brenol, R. Xavier. SYSTEMIC LUPUS ERYTHEMATOSUS: SURVIVAL ANALYSIS IN PATIENTS FOLLOWED AT A TERTIARY CARE CENTER IN SOUTHERN BRAZIL. A. A. Gasparin, J. Hendler, L. Souza, R. Chakr, A. L. Moro, V. Hax, D. Zanchet, I. Siqueira, P. E. Palominos, C. Brenol, C. Kohem, R. Xavier, J. C. Brenol, O. A. Monticielo. Trabalhos multicêntricos com autores do Brasil EFFECTS OF SULPHUROUS WATER IMMERSION BATHS IN KNEE OSTEOARTHRITIS PATIENTS: A RANDOMIZED AND CONTROLLED CLINICAL TRIAL. M. Branco1,2, V. F. M. Trevisani2,3. 1PUC MINAS, Poços de Caldas; 2Unifesp; 3Unisa. DIRECT AND INDIRECT COSTS OF ANKYLOSING SPONDYLITIS: A BRAZILIAN PUBLIC HEALTH CARE PERSPECTIVE. P. G. Lorencetti, C. N. Rossetto, B. Fornazari1, M. Y. Tramontin1, V. F. Azevedo1, D. V. Araujo2. 1Universidade Federal do Paraná; 2Universidade do Estado do Rio de Janeiro. SEVEN-JOINT POWER DOPPLER ULTRASOUND SCORE IS DISCORDANT TO DAS28, SDAI AND CDAI IN TREATMENT TARGET IDENTIFICATION IN RHEUMATOID ARTHRITIS PATIENTS WITH FIBROMYALGIA. R. Chakr1, M. Behar1, J. A. Mendonça2, A. L. Moro1, D. Zanchet1, I. Siqueira1, V. Hax1, A. Gasparin1, P. Palominos1, C. Kohem1, C. Brenol1, O. Monticielo1, R. Xavier1, J. C. T. Brenol1. 1Hospital de Clinicas de Porto Alegre; 2PUC-Campinas. UPDATE ON THE JUVENILE SYSTEMIC SCLEROSIS INCEPTION COHORT WWW.JUVENILE-SCLERODERMA.COM. I. Foeldvari, A. Wierk, T. Avcin, J. Brunner, R. Cimaz, T. Kallinich, M. M. Katsikas, Y. Uziel, M. T. Terreri1, M. Kostic, D. Nemcova, F. Sztajnbok2, K. Minden, J. Müller, I. Kone-Paut. 1Universidade Federal de São Paulo; 2Universidade do Estado Rio de Janeiro. ASSESSMENT OF GLOBAL DISEASE ACTIVITY IN RA BY PATIENTS AND PHYSICIANS: CULTURAL DIFFERENCES ACROSS COUNTRIES IN THE METEOR DATABASE. E. Gvozdenovic, C. Allaart, R. Wolterbeek, C. Brenol1, A. Chopra, M. Dougados, P. Emery, G. Ferraccioli, D. Van Der Heijde, T. Huizinga, J. Kay, E. Mola, R. Moots, J. Da Silva, J. Smolen, D. Veale, R. Landewé. 1Hospital Clínicas Porto Alegre. EFFICACY OF THE USE OF LOW DOSAGE AND SHORT TERM PROGRAMMED RELEASED PREDNISONE IN SPONDYLOARTHRITIS PATIENTS. F. Bandinelli, F. Scazzariello, E. Pimenta da Fonseca1, R. De Luca, G. Piemonte, L. Benelli, F. Guidi, S. Guiducci, M. B. Santiago1, M. Matucci-Cerinic. 1Escola Bahiana de Medicina e Saúde publica. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 PREVALENCE OF CARDIOVASCULAR RISK FACTORS AND CARDIOVASCULAR DISEASE IN RHEUMATOID ARTHRITIS PATIENTS ACROSS INTERNATIONAL REGIONS: A COMPARISON OF THE CORRONA INTERNATIONAL AND CORRONA US REGISTRIES. D. A. Pappas, K. Lampl, J. M. Kremer, S. C. Radominski1, J. Gal, F. Nyberg, A. Malaviya, A. Whitworth, O. L. Rillo, A. Gibofsky, T. V. Popkova, M. Ho, I. Laurindo2, G. W. Reed, E. M. Kerzberg, L. Horne, R. Zahora, K. C. Saunders, B. A. Pons-Estel, A. U. Onofrei, J. D. Greenberg. 1Universidade Federal do Paraná e CETI, Curitiba, 2Universidade de São Paulo. VARIATIONS IN DISEASE ACTIVITY AND THERAPEUTIC MANAGEMENT OF RHEUMATOID ARTHRITIS IN DIFFERENT INTERNATIONAL REGIONS: A COMPARISON OF DATA FROM THE CORRONA INTERNATIONAL AND CORRONA US REGISTRIES. D. A. Pappas, K. Lampl, J. M. Kremer, S. C. Radominski1, J. Gal, F. Nyberg, A. Malaviya, A. Whitworth, O. Rillo, A. Gibofsky, T. Popkova, M. Ho, I. Laurindo2, G. W. Reed, E. M. Kerzberg, L. Horne, R. Zahora, K. C. Saunders, B. A. Pons-Estel, A. U. Onofrei, J. D. Greenberg. 1Universidade Federal do Paraná e CETI, Curitiba, 2Universidade de São Paulo. PREDICTORS OF LOW DISEASE ACTIVITY AND REMISSION AFTER ONE DOSE OF GOLIMUMAB IN PATIENTS WITH RHEUMATOID ARTHRITIS. B. Dasgupta, B. Combe, P. Durez, H. Schulze-Koops, I. Louw, J. Wollenhaupt, C. Zerbini1, A. Beaulieu, R. Yao, S. Huyck, M. Govoni, H. H. Weng, N. Vastesaeger. 1Hospital Heliopolis, Serviço de Reumatologia, São Paulo. CLINICAL AND RADIOGRAPHIC OUTCOMES AT 2 YEARS AND THE EFFECT OF TOCILIZUMAB DISCONTINUATION FOLLOWING SUSTAINED REMISSION IN THE SECOND AND THIRD YEAR OF THE ACT-RAY STUDY. T. W. Huizinga, P. G. Conaghan, E. Martin-Mola, G. Schett, H. Amital, R. M. Xavier1, O. Troum, M. Aassi, C. Bernasconi, M. Dougados. 1Hospital de Clinicas de Porto Alegre. THE EFFICACY AND SAFETY OF SUBCUTANEOUS TOCILIZUMAB VERSUS INTRAVENOUS TOCILIZUMAB IN COMBINATION WITH TRADITIONAL DMARDS IN PATIENTS WITH RA AT WEEK 97 (SUMMACTA). G. Burmester, A. Rubbert-Roth, A. Cantagrel, S. Hall, P. Leszczynski, D. Feldman1, M. J. Rangaraj, G. Roane, C. Ludivico, E. Mysler, M. J. Bennett, L. Rowell, M. Bao. 1Universidade Federal de São Paulo. TOCILIZUMAB (TCZ) AS COMBINATION THERAPY AND AS MONOTHERAPY VS METHOTREXATE (MTX) IN MTX-NAIVE PATIENTS WITH EARLY RHEUMATOID ARTHRITIS: PATIENT-REPORTED OUTCOMES (PROS) FROM A RANDOMIZED, PLACEBO-CONTROLLED TRIAL. G. Burmester, R. Blanco, M. Keiserman1, W. Rigby, R. F. van Vollenhoven, S. M. Dimonaco, S. M. Grzeschik, N. Mitchell. 1PUC Porto Alegre. EFFECTS OF CHRONIC TREATMENT WITH SUBCUTANEOUS BLISIBIMOD ON RENAL AND INFLAMMATION BIOMARKERS IN SUBJECTS WITH SYSTEMIC LUPUS ERYTHEMATOSUS IN PHASE 2 PEARL-SC AND OPEN-LABEL EXTENSION STUDIES. F. A. Richard, M. A. Scheinberg1, M. Thomas, A. D. Chu, C. Hislop, R. S. Martin, M. Petri. 1Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo. EFFECTS OF BLISIBIMOD ON SERUM IMMUNOGLOBULINS AND INFECTION RISK IN PATIENTS WITH SYSTEMIC LUPUS ERYTHEMATOSUS FROM THE PLACEBO-CONTROLLED PEARL-SC AND OPEN-LABEL EXTENSION STUDIES. F. A. Richard, M. A. Scheinberg1, M. Thomas, A. D. Chu, R. S. Martin, C. Hislop, M. Petri. 1Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo. 11 Capa Mudança de gestão na SBR: Dr. Walber Pinto Vieira chega em outubro ao final de sua gestão, dando lugar ao dr. César Emile Baaklini. Em outubro deste ano, durante o XXXI Congresso Brasileiro de Reumatologia, em Belo Horizonte (MG), haverá a passagem da presidência e diretoria da Sociedade Brasileira de Reumatologia para novo quadro de comando. Chega ao fim, portanto, a gestão do dr. Walber Pinto Vieira, que esteve à frente da sociedade no biênio 2012/2014 e assume a presidência o dr. César Emile Baaklini. Diretoria Executiva gestão 2014 – 2016 Presidente Dr. César Emile Baaklini Secretário-geral Dr. José Eduardo Martinez 1º Secretário Dr. Silvio Figueira Antonio 2º Secretário Dr. Washington Alves Bianchi Tesoureiro Dr. José Roberto Provenza 1º tesoureiro Dr. Luiz Carlos Latorre Diretor científico Dr. Paulo Louzada Jr. 12 Dr. Walber Pinto Vieira “Quando nos candidatamos à presidência da SBR, nossa plataforma de campanha contava com as seguintes metas: •Gestão compartilhada •Maior visibilidade para o reumatologista e a reumatologia •Apoio e ampliação da educação médica continuada e descentralizada •Consolidação da indexação da Revista Brasileira de Reumatologia nas diversas interfaces de dados em saúde •Incentivo à obtenção do título de especialista em reumatologia •Aprofundamento da visão impessoal de planejamento estratégico na gestão da SBR. Acreditamos que cumprimos todas as metas propostas. Procuramos dar um cunho de profissionalização a nossa gestão, compartilhando com o presidente eleito os problemas e as conquistas da nossa entidade, sempre ouvindo e acatando sua opinião. Ampliamos o número de comissões, criando as de Síndrome de Sjogren, Gota, de Doenças endêmicas e infecciosas e de Centros de terapia imuno-biológica assistida. Separamos a comissão de Defesa profissional da de Ética, dando total e integral apoio às suas metas e proposições. Por último, fundamos as regionais dos Estados de Tocantins, Rondônia e Amapá, contando com a inestimável colaboração do dr. Fernando Lira. Estamos no momento agendando a fundação da regional do Estado do Acre que acontecerá em 18 de setembro. As regionais que foram fundadas constituem um polo de divulgação da nossa especialidade. Além de cumprirem uma missão societária, divulgam a nossa es- Dr. Walber Pinto Vieira: gestão incluiu criação de sociedades locais e comissões internas da SBR. pecialidade e apoiam os reumatologistas locais, promovendo, patrocinando e realizando reuniões científicas, jornadas e simpósios. Em suma, divulgam a Reumatologia no meio médico e social em que atuam. Agora podemos dizer que temos sociedades de Reumatologia em praticamente todos os Estados brasileiros, exceto em Roraima, lembrando entretanto que o nosso presidente eleito, dr. César Baaklini, já me falou do seu empenho, desejo e sua vontade em fundar esta última. Durante a nossa gestão, procuramos criar um clima de harmonia e fraternidade em toda a sociedade e acreditamos que tal aconteceu. Aproveitamos a oportunidade para agradecer pela colaboração, principalmente aos membros da nossa diretoria, presidentes das comissões e seus membros, e porque não dizer a todos os reumatologistas, cujo apoio foi fundamental para alcançar êxito em nossa administração. Muito obrigado a todos.” BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 realizações e planos Ambos deixam mensagens aos sócios, abordando ações de destaque e pretensões para o próximo biênio Dr. César Emile Baaklini Presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia Gestão 2014 – 2016 “Em outubro de 2014, durante o Congresso Brasileiro de Reumatologia, iremos assumir a direção da Sociedade Brasileira de Reumatologia, o que muito nos honra e enche de orgulho. A SBR é hoje uma entidade organizada, estruturada, madura, reconhecida nacional e internacionalmente graças ao trabalho feito com competência e desprendimento pelas gestões anteriores. Sabemos da responsabilidade de dirigi-la mantendo os avanços, as conquistas e o prestígio adquirido até agora, procurando inovar, aperfeiçoar e fazer nossa sociedade crescer ainda mais. Esse é o desejo dos participantes de nossa diretoria que tem uma trajetória de vida associativa muito profícua. Nossas propostas de trabalho surgiram de uma discussão ampla com vários colegas de diferentes regiões de nosso país, que têm necessidades, demandas e aspirações diferentes. Uma das questões importantes é continuarmos promovendo a divulgação da reumatologia no Brasil e para tanto há algumas frentes a considerar. Um aspecto que deve ser valorizado é a presença da SBR nos poderes constituídos. Já temos representação na AMB e no Ministério da Saúde, por exemplo, mas é preciso intensificar essa ação indo aos melhores interlocutores com uma estratégia de contatos próximos aos gestores das três esferas, municipal, estadual e federal. A mídia impressa, radiofônica e televisiva é outro excelente meio para tanto. Além da elaboração de material instrutivo que deve ser levado à população e aos médicos em geral. Benefícios ao sócio Um outro aspecto a ser considerado é o atendimento ao associado, em que procuraremos criar um canal de BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 comunicação regular, divulgar o trabalho da diretoria, das comissões e os benefícios que a SBR pode proporcionar, tais como: educação continuada, educação permanente e uma pesquisa do mercado de trabalho em especial para os novos reumatologistas. E aqui vale destacar que qualquer ação neste sentido deve respeitar as especificidades de cada região do país, considerando suas demandas e necessidades próprias. Caberá à SBR criar formas de parceria com as universidades que são fundamentais para levar às regiões mais afastadas os conhecimentos atuais da prática da reumatologia. É preciso valorizar cada vez mais as sociedades de reumatologia estaduais, criando eventos regionais que privilegiem as lideranças locais e o trabalho aí desenvolvido. Meios eletrônicos Não podemos hoje em dia deixar de utilizar as tecnologias de informação à nossa disposição que podem nos auxiliar de várias formas. É primordial aperfeiçoarmos nosso site, oferecendo aos sócios canais de discussão de casos, consultas on line, vídeoconferências e acesso a fontes de informação fidedignas. Achamos importante a profissionalização da gestão, utilizando consultorias e realizando planejamento estratégico, dando apoio integral ao trabalho das comissões e às instituições de ensino públicas e privadas, instituições de assistência médica, respeitando as suas vocações e contribuindo para a melhoria e o aperfeiçoamento de suas atividades. Por fim, posso assegurar que procuraremos honrar a confiança em nós depositada pela comunidade reumatológica, contribuindo para o engrandecimento da SBR. Obrigado.” 13 Profissão Reumato Por que me tornei Algumas professoras titulares de universidades contam um pouco de sua trajetória profissional. Falam dos motivos da escolha pela Reumatologia e o caminho de esforços e sucesso que as levaram à conquista da alta nomeação na área acadêmica. Dra. Emilia Inoue Sato Professora titular de Reumatologia da Escola Paulista de Medicina Universidade Federal de São Paulo e vice-diretora do Campus São Paulo da Universidade Federal de São Paulo. “Porque a Reumatologia é uma das especialidades clínicas mais abrangentes, em que podemos utilizar os conhecimentos de toda a Clínica Médica, pois não queria ser médica com atuação restrita a um único órgão ou sistema. Entretanto, ter acompanhado a minha irmã com LES foi o principal motivo para a definição de minha opção profissional, da especialidade, assim como foi decisivo para a escolha do tema para o meu doutorado e para uma das minhas principais linhas de pesquisa. Somente ao final da residência médica, com o convite do professor Edgard Atra para permanecer na Disciplina como preceptora dos residentes, é que decidi seguir a carreira acadêmica. Atuar no ensino, pesquisa e extensão em uma universidade pública foi uma forma de retribuir um pouco o que havia recebido ao longo da minha vida, estudando em escolas públicas. Conquanto minha prioridade tenha sido a família e o cuidar dos meus três filhos, o falecimento prematuro do professor Edgard trouxe a oportunidade de disputar o cargo de professor titular com mais dois outros colegas de excelente formação. Ao ser indicada para o cargo, me senti muito honrada e com o peso da responsabilidade de continuar estimulando o crescimento da discipli- 14 Dra. Emilia: primeira mulher a ser professora titular do Departamento de Medicina da Unifesp. Dra. Eloisa: trabalho no estímulo de membros da Disciplina a desenvolver aptidões em prol do grupo. na de Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo, assegurando seu papel no cenário nacional. Além disso, fui a primeira mulher a ser professora titular do Departamento de Medicina e na época isso também foi uma grande responsabilidade. Eu me sinto realizada com as opções que fiz e estou feliz em poder continuar atuando na área.” trante, mas com um aprendizado intenso. Resolvi mudar para pesquisa aplicada e o trabalho com o anticorpo anti-P ribossomal resultou em linha muito produtiva e uma sólida experiência em laboratório. Na volta ao Brasil fiz o doutorado e após concurso me tornei professora da USP com apoio do professor Cossermelli e do dr. Ricardo Manoel. A minha livre-docência inovou, sendo uma das primeiras a pautar-se em uma linha de pesquisa e não em um único trabalho. Participei do concurso de titular a convite de vários membros do departamento. Acredito que o meu maior desafio na liderança do serviço foi estimular cada membro da Disciplina a descobrir e desenvolver as aptidões que pudessem contribuir para o grupo. Fico feliz em perceber que esse espaço foi conquistado e temos hoje várias lideranças em diferentes áreas. Repasso agora essa tarefa para a professora Rosa R. Pereira que terá todo o nosso apoio na sua gestão!” Dra. Eloisa Bonfá Professora titular de Reumatologia da FMUSP “Escolhi a reumatologia durante a residência, pois era para mim a especialidade médica mais abrangente em termos de manifestações sistêmicas e mais encantadora em termos de desafios no diagnóstico e etiopatogênese. A oportunidade de morar nos Estados Unidos mudou a minha trajetória de dedicação essencialmente clínica para pesquisa. Minha iniciação na área básica foi frus- BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 reumatologista? Dra. Angela Luzia Branco Pinto Duarte Professora titular de Reumatologia da UFPE e chefe do Serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas “Em 1974, a especialidade da Reumatologia chegava ao Estado de Pernambuco. Era a primeira turma a ter a disciplina na grade curricular. Fiquei fascinada, procurei o professor Geraldo Gomes e perguntei-lhe como faria para ter treinamento e ele me respondeu: “Estude o Rotés-Querol e volte para conversarmos”. No segundo semestre, continuava nas cadeiras da clínica médica, porém estudando Reumatologia, aprendendo anatomia e semiologia. Retornei no início das férias ao professor e após ser avaliada ele me perguntou se queria ser monitora. Claro que sim, disse eu. “Fique conosco nas férias e em março abro concurso”, foi a resposta. Fui candidata única, exerci a função de monitora nos anos de 1975 e 1976, quando também fiz treinamento na Psiquiatria e Cirurgia Oncológica, a convite de professores. No ano seguinte estava no chamado internato. Podia escolher uma clínica e ficar o ano inteiro. Para onde fui? Reumatologia. Tinha feito minha escolha. Começava a ensinar aos residentes da clínica médica. Dezembro de 1977, minha formatura, e em março de 1978 o contrato como professora colaboradora. Em 1980, por concurso público na UFPE, assumi o cargo de professora Auxiliar de Ensino e comecei minha trajetória acadêmica.” Dra. Angela: trajetória acadêmica começou em 1980 ao assumir cargo de professora auxiliar de Ensino da UFPE. Dra. Lilian Tereza Lavras Costallat Professora titular de Reumatologia da FCM Unicamp “Antes de mais nada, preciso contar porque me tornei médica. Inicialmente, na adolescência, pensava em ser advogada. Falava e principalmente argumentava muito bem, lia muito, escrevia com muita facilidade. Na verdade,meu ponto forte eram as ciências humanas. As outras matéria eu dominava, mas não apreciava tanto. Afinal, por que não fiz Direito? Porque meu pai não quis. Simples assim. Naquele tempo, a advocacia não ia tão bem. Não havia tantas opções de carreira ou havia e nós não sabíamos. E meu pai me disse: “Faça Medicina, minha filha. Médico tem emprego até na guerra!” E minha mãe também: “Na Medicina você não procura emprego; o emprego é que te procura!”. Depois de 37 anos de formada, agradeço por ter ouvido tão sábias palavras e ter sido tão feliz por esta escolha, que não fiz, a princípio, sozinha, mas que me possibilitou uma vida profissional repleta de realizações. Como gosto do que faço! Durante todo o curso de graduação, ficou nítido que a minha vocação era a Clínica Médica. Eu não era do tipo BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 Dra. Lilian: interesse desde o início por atender doenças autoimunes, Lúpus em especial. “centro cirúrgico, centro obstétrico, neonatologia, ambulatório de pediatria, etc”. Gostava dos adultos e de suas doenças, suas queixas, suas histórias de vida. Deste modo eu podia usar aquela parte da minha vocação de humanidades, saber falar, saber ouvir. Aí entra em cena o professor Samara e o fato de como um grande professor, assim como um pai, pode influenciar positivamente a nossa escolha. A Reumatologia da Unicamp em 1977, quando me formei, já era bem conhecida e organizada. A Reumatologia, área muito difícil, desafiadora em seus diagnósticos diferenciais, com ótima interação entre clínica, radiologia, patologia clínica, pressupondo excelente conhecimento de clínica médica. Desde sempre eu gostei da parte da Reumatologia mais ligada às doenças autoimunes, do Lúpus em especial. E fiquei responsável pelo LES em nosso serviço sem, no entanto, deixar de fazer todo o resto. Nossa área é complexa, por isso tão fascinante. Sou feliz e realizada com minha escolha. E minha satisfação e realização pessoal vêm também do ótimo grupo em que trabalho. A Reumatologia da Unicamp é amiga e co-responsável por tudo. Trabalhamos em grande parceria e eu os agradeço por isso.” 15 Primeira fila Sinvastatina inibe citocinas em pacientes com artrite reumatoide Michelly C. Pereira; Pablo R. G. Cardoso; Laurindo F. Da Rocha Jr.; Moacyr J. B. M. Rêgo; Sayonara Maria C. Gonçalves; Flaviana A. Santos; Marina R. G. Pitta; Andrea T. Dantas; Angela L B. P. Duarte; Maira G. da R. Pitta. Inflammatory Res (2014). DOI 10.1007/s00011-013-0702-4 Objetivos e desenho do estudo Avaliar os efeitos da sinvastatina no perfil das citocinas em células mononucleares de sangue periférico e correlacionar com a atividade da doença em pacientes com artrite reumatoide (AR). Métodos O perfil das citocinas em células mononucleares de sangue periférico de 22 pacientes com AR foram purificadas e estimuladas, ou não, com acetato de forbol miristato/ionomicina e tratadas com sinvastatina em diferentes doses. Os níveis de citocinas foram quantificados por ELISA e os pacientes foram avaliados clinica e laboratorialmente. A avaliação incluiu medidas de atividade de doença [Clinical Disease Activity Index (CDAI) e Disease Activity Score em 28 articulações (DAS28)] e de estado funcional [Health Assessment Questionnaire (HAQ)]. Resultados As interleucinas IL-17A, IL-6, IL-22 e o IFN-c estavam significativamente reduzidos após o tratamento com sinvastatina (50 lM, p = 0.0005; p\0.0001; p\0.02; p = 0.0005, respectivamente). A IL-17A e a IL-6 estavam também significativamente reduzidas em baixas doses de sinvastatina (10 lM) comparadas com os controles (p = 0.018; p = 0.04) e quando comparadas com a dose padrão da sinvastatina (p = 0.007; p = 0.0001). Os resultados também mostraram que somente os pacientes com doença grave (DAS28>5,1 e CDAI>22) tinham uma resposta pobre à sinvastatina na redução dos níveis de citocinas, principalmente para a IL-17A e IL-22 (p = 0.03; p = 0.039, respectivamente). Conclusão Pacientes com AR que estavam em remissão clínica leve ou moderada apresentaram baixos níveis de todas as citocinas analisadas após o tratamento com sinvastatina, demonstrando que esses pacientes tiveram uma melhor resposta ao tratamento. Nossos achados sugerem que a sinvastatina modula diferentes citocinas de forma dose-dependente e esse efeito está associado com a estratificação dos pacientes de acordo com a atividade da doença. Trabalho realizado na Universidade Federal de Pernambuco / UFPE. 16 BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 Foco em Aos poucos, novo Serviço conquistou espaço O esforço conjunto de um pequeno grupo de reumatologistas levou à criação de mais um centro de atendimento em Fortaleza. Dr. José Gerardo Araujo Paiva Médico do Serviço de Reumatologia do Hospital Geral Cesar Cals Oliveira (HGGCCO) E m 2012, a inauguração da enfermaria de reumatologia do Hospital Geral Cesar Cals Oliveira (HGCCO), uma unidade de atenção terciária que pertence à Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa), foi o coroamento de um trabalho que tinha sido iniciado dez anos antes. Em 2002, aceitando o convite da chefia da Clínica Médica do HGCCO, dr. Max Victor Carioca Freitas, voluntariamente, passou a realizar visitas nas enfermarias da clínica médica, discutindo e orientando os residentes na condução dos pacientes internados. A dra. Sheila Fontenelle também trabalhava no hospital e atendia no ambulatório. No ano seguinte, vindo da Escola de Saúde Pública do Ceará, passei a fazer parte do corpo clínico do hospital. Foi a oportunidade inicial de formalizarmos as atividades da enfermaria e abrimos mais ambulatórios de reumatologia. Os pacientes que davam entrada no hospital pelas unidades de internação, vindos principalmente das emergências, passavam, após a alta hospitalar, a ser acompanhados no nosso hospital, aumentando o volume de pacientes do ambulatório. Habitualmente eram pacientes com condições graves. Conquistando espaço Despertamos o interesse dos internos e residentes para a reumatologia com as nossas atividades científicas, seminários, apresentação de artigos e isso foi um ponto fundamental para consolidar o nosso papel na formação de acadêmicos e residentes dentro do hospital. A abertura de mais ambulatórios mostrou Equipe do Serviço de Reumatologia de Fortaleza: esforços, respeito e amizade o valor do nosso papel assistencial numa especialidade que até hoje envolve uma grande fila de pacientes aguardando o atendimento com um especialista. Fomos aos poucos conquistando o nosso espaço. Nos anos seguintes chegaram outros colegas. Alguns após concluírem residência e pós-graduação aqui e em outros centros (dra. Kathia Oliveira – Unifesp; dra. Débora Gonçalves – FMUSP; dr. Leonardo Cavalcante - Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; dra. Vanessa Marques – HC - UFC) ou já com bom tempo de estrada como o dr. Francisco José Fernandes Vieira, o Chico, como é mais conhecido. Num ambiente de alegria, camaradagem e firme determinação, trabalhávamos com o mesmo propósito: construir mais um serviço de referência na área de reumatologia para o nosso Estado. Por etapas, ampliamos o atendimento ambulatorial, conseguimos com a Sesa a farmácia de dispensação de medicamentos que também passou a dispensar os de alto custo uma vez fornecidos pelo SUS e construímos nosso centro de infusão. Tudo isso possibilitou conforto e acesso BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 a tratamentos atualizados aos nossos pacientes. O grupo despertou a atenção e o respeito da direção do hospital e em 2012 inauguramos a nossa enfermaria com oito leitos. Programa de residência Uma vez consolidado um ambiente com uma grande densidade de casos clínicos, no ambulatório e na enfermaria, com uma atividade assistencial organizada e um treinamento de médicos residentes disciplinado, submetemos em 2012 à Comissão Nacional de Residência o programa de residência em Reumatologia. Após sua aprovação, em 2013 tivemos nossa primeira residente e este é o segundo ano da residência. Os desafios continuam. Nos próximos anos vamos construir um centro de reabilitação e estimular a pesquisa. É um serviço novo, num dos hospitais mais antigos de Fortaleza, que já tinha uma longa tradição no ensino. É um começo de uma história que vale ser contada pela maneira como começou. Escrita por um grupo de reumatologistas que tem entre si um profundo sentimento de amizade e respeito. 17 Rheuma & Ethos A dimensão bioética da Os avanços tecnológicos e científicos que ocorreram a partir da metade do século XIX, além da socialização da Medicina, criaram um cenário propício ao aparecimento das chamadas doenças iatrogênicas “Aqui jaz um homem rico, nessa rica sepultura. Escapava da moléstia, se não morresse da cura” Bocage Dr. José Marques Filho Coordenador da Comissão de Ética e Disciplina da Sociedade Brasileira de Reumatologia A história da Medicina está repleta de episódios em que o médico – cuja função primordial é cuidar de pessoas – foi o responsável direto por graves lesões ou mesmo morte de pacientes. Não deixa de ser irônico que o profissional, cujo alvo é a saúde do ser humano, cause dano ao seu paciente, sendo ele próprio o responsável direto pelos sintomas advindos de sua atuação. Um registro histórico, que vale a pena citarmos, é o suicídio cometido por um professor de obstetrícia do Hospital Allgemeine Krankenhaus na Hungria, em meados do século XIX, após a morte de sua sobrinha por febre puerperal. Semmelweis acabara de demonstrar que os próprios médicos e estudantes de Medicina eram os principais responsáveis pelas mortes das pacientes puérperas, por, simplesmente, não lavarem suas mãos antes dos partos. O próprio Semmelweis, que realizava autópsias em suas pacientes e a seguir adentrava a sala do hospital para a realização de um novo parto, admitiu dramaticamente: “Só Deus sabe a conta das que, por minha causa, desceram prematuramente à sepultura!”. O termo iatrogenia provém do grego iatrós, que significa médico e de genia, que significa gerar. Os avanços tecnológicos e científicos que ocorreram a partir da metade do século XIX, além da socialização da Medicina, permitindo acesso a cuidados médicos pela maior parte da população, criaram um cenário propício ao aparecimento das chamadas doenças iatrogênicas. Entretanto, somente em 1956, em artigo publicado no Jama, Barr alerta a comunidade médica, afirmando que 18 a terapêutica moderna, mesmo com os grandes benefícios ao homem, trouxe o aparecimento dessas doenças. Logo após, Mozer define essa nova modalidade de agravo à saúde: “Qualquer doença resultante de um procedimento diagnóstico ou terapêutico”. Entretanto, a definição de iatrogenia atualmente é bem mais ampla: qualquer intervenção da equipe de saúde, seja ela correta ou equivocada, justificada ou não, que resulte em algum dano para a saúde do paciente. Entretanto, na prática, o termo tem sido utilizado para designar qualquer agravo à saúde do paciente relacionado a procedimentos médicos, tanto para diagnóstico quanto para terapia. É inadequado o conceito de iatrogenia como sendo restrito à má prática ou a erro profissional. Evidentemente, a iatrogenia causada por erro profissional, sujeita a punição ética e a processos civil e penal, apresenta-se como um quadro muito mais preocupante e grave do ponto de vista médico e jurídico. Podemos afirmar, com toda a segurança, que as doenças iatrogênicas são um perigoso e mascarado BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 iatrogenia mal silencioso e uma das principais causas de morbidade e mortalidade nos dias de hoje. Um clínico experiente pode lembrar rapidamente, por exemplo, dos casos de farmacodermia causados por antiinflamatórios ou antibióticos receitados ao longo de sua vida, levando a sérios problemas clínicos ou até mesmo à morte de seus pacientes. Na residência médica, em nossa formação reumatológica, acompanhamos a internação, o sofrimento e a morte de um paciente que desenvolveu um grave quadro de Síndrome de Stevens-Johnson ou eritema polimorfo após tomar um único comprimido de sulfametoxazol e trimetoprina, receitado por um de nossos preceptores. “ Podemos afirmar, com toda a segurança, que as doenças iatrogênicas são um perigoso e mascarado mal silencioso e uma das principais causas de morbidade e mortalidade nos dias de hoje.” Pacientes reumatológicos Embora os eventos iatrogênicos sejam mais frequentes nas áreas de terapia intensiva, geriatria e de cardiologia, os pacientes reumatológicos têm grande potencial para eventos adversos devido à gravidade de algumas enfermidades, à faixa etária mais elevada, à evolução crônica e à presença de diversas comorbidades. A rigor, toda situação diagnóstica ou terapêutica tem um potencial iatrogênico, independentemente da capacidade técnica do profissional que a executa, sendo a própria relação médico-paciente uma fonte de iatrogenia. Nas últimas décadas, com a tendência de iniciar mais precocemente terapias agressivas no controle de algumas doenças reumatológicas, principalmente com a utilização de terapias combinadas, a incidência e a gravidade dos efeitos colaterais e complicações infecciosas têm aumentado. As publicações sobre iatrogenia na prática reumatológica são raras e relativamente recentes entre nós e versam, principalmente, sobre diagnósticos errôneos de febre reumática, com a consequente profilaxia inadequada em um grande número de crianças. A iatrogenia pode ser classificada como somática – os danos atingem objetivamente algum órgão ou sistema orgânico – e psíquicas – cujas implicações são de ordem afetiva. As somáticas com certa frequência podem levar BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 a lides judiciais e éticas, principalmente aquelas relacionadas a práticas caracterizadas como imperícia, imprudência e negligência. As psíquicas, evidentemente, são mais sutis e, possivelmente, até mais frequentes e importantes que as somáticas, mas são menos notadas, tanto pelo médico quanto pelo paciente. A própria relação médico-paciente tem enorme potencial iatrogênico, ligado, em geral, aos fenômenos de regressão, transferência e contratransferência. Embora o princípio “primum non nocere” seja um dos pilares mais importantes da tradicional ética hipocrática, os médicos devem ter consciência de que são responsáveis, na maioria das vezes involuntariamente, por causar danos aos seus pacientes. O referencial bioético da não-maleficência é um importante parâmetro para pautar as escolhas e condutas que tomamos na lide diária com pacientes reumatológicos. Portanto, talvez a prudência seja o referencial bioético mais importante nas tomadas de decisão e condutas. A postura do profissional, frente ao agravo à saúde do paciente causado por ele mesmo, é fundamental para a manutenção da relação médico-paciente. O comportamento do médico deve caracterizar-se, nesses momentos, por lealdade, transparência, integridade e honestidade. É fundamental que todas as informações e explicações sejam claramente fornecidas ao paciente e aos familiares, com respostas firmes em relação às dúvidas levantadas. Assim procedendo, o profissional estará cumprindo sua função principal, que é cuidar do ser humano, em todas as suas dimensões e em todos os momentos. Referências bibliográficas Barr DP. Hazards of modern diagnosis and therapy – the price we pay. JAMA 1956; 159:1452-56. Mozer RH. Disease of medical progress. N Engl J Med 1956; 255:606-14 Freitas GG, Pessoa AL. Iatrogenese em Reumatologia. Rev Bras Reumatol 1984;24:194-98. Marques Filho J. A iatrogenia em reumatologia. Rev Paul Med 1984;102:40. 19 Coluna Seda Referências a doenças nos poemas de Cecília Meireles Hilton Seda A Dedicado ao Professor Dr. Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro lepra também está presente em “Romanceiro da Inconfidência”, obra-prima de Cecília Meireles, publicada em 1953. Disse Darcy Damasceno: “Em suas linhas mestras, o Romanceiro da Inconfidência exibe uma bem lograda combinação de dados históricos e elementos inventivos, de relato, monologação e diálogo, de planos temporais e espaciais” (1). Em “Romance XXI ou Das Idéias” nessa obra, lê-se: Anjos e santos nascendo/em mãos de gangrena e lepra. Em “Romance XXVII ou do Animoso Alferes” são citadas as habilidades de Tiradentes: Não há planta obscura/que por ali medre/de que desconheça/virtude que encerre,/- ele, o curandeiro/de chagas e febres,/ o hábil Tiradentes,/o animoso Alferes. Mais adiante, em “Romance LX ou Do Caminho da Forca”: (...) os cirurgiões e algebristas,/leprosos e encarangados,/ e aqueles que foram doentes/e que ele havia curado. (...) Estes últimos versos ilustram bem um aspecto típico da medicina da época no Brasil. Havia aqui poucos médicos e a arte de curar era exercida, em grande parte, por curandeiros e “cirurgiões-barbeiros”. Os “cirurgiões-barbeiros” tratavam de fraturas, luxações, feridas e extraíam dentes (2). O termo “algebrista”, nesses versos, refere-se a um grupo que cuidava de luxações e fraturas. No “Romance XXI ou das Idéias”, já citado, há uma variedade enorme de doenças, como “histeria de donzelas” e: 20 Os rumores familiares/que a lenta vida atravessam: /elefantíases; partos;/ sarna; torceduras; quedas/sazões; picadas de cobras;/ sarampos e erisipelas.../ Candombeiros. Feiticeiros./ Unguentos. Emplastos. Ervas/ (...) Em “Romance XXIII ou das Exéquias do Príncipe” há referência às “bexigas”, isto é, à varíola: Já plangem todos os sinos,/ pelo Príncipe, que é morto,/ Como um filho da Rainha/ pode assim morrer tão moço?/ Dizem que foi de bexigas;/ de veneno- dizem outros – (...) No “Romance LXVI ou de Outros Maldizentes”, que trata do desterro de Tomás Antônio Gonzaga para Moçambique, nova referência às bexigas: Quem sabe se alcança a terra?/ Quem sabe se desembarca?/ Anda a peste das bexigas/ até na gente fidalga... (...) (Segura a rédea de espuma,/ Tomás Antônio Gonzaga./ Escapaste aqui da forca,/ da forca e das línguas bravas; vê se te livra das febres,/ que se levantam nas vagas./ e vão seguindo o navio/ com seus cintilantes miasmas...) No “Romance LXXIX ou da Morte de Maria Ifigênia” (filha de Inácio José de Alvarenga Peixoto e Bárbara Eliodora) há os versos “Do enterro de Bárbara Eliodora”: “Ela era a Estrela do Norte,/ela era Bárbara, a bela.../ (Secava-lhe a tosse o peito,/queimava-lhe a febre a testa.)/Agora, deitam-na, exausta,/ num simples colchão de terra.” Estes versos Parte III mostram bem de que morreu Bárbara Eliodora: de tuberculose, conforme consta de seu atestado de óbito. Em versos de Cecília “loucura” aparece várias vezes, sem um verdadeiro sentido de patologia, mas há no Romanceiro uma loucura real, a de D. Maria I: “(Sentada estava a Rainha,/ sentada em sua loucura,/ Que sombras iam passando,/ naquela memória escura?/ Vagas espumas incertas/ sobre afogada amargura...) Maria Francisca Isabel Josefa Antónia Gertrudes Rita Joana de Bragança (Maria I de Portugal) nasceu em Lisboa (17 de dezembro de 1734), filha de José I e D. Mariana Vitória. Foi rainha de Portugal de 1777 a 1816, sucedendo a seu pai El-Rei José I. Era dita “A Piedosa” ou “A BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 Pia”, pela sua extrema devoção à Igreja Católica. Por causa de sua doença foi substituída por D. João VI em 1792 (3). No episódio da Inconfidência Mineira... “A rainha D. Maria I, por um ato de clemência, comutou as penas de quase todos em extermínio para a África, só um, o Tiradentes, subiu ao patíbulo (21 de abril de 1792) com grande serenidade e nobreza de ânimo” (4). Os versos de “Romance LXXIV ou da Rainha Prisioneira”, referindo-se à loucura de D. Maria I assim terminam: “Ai, que a filha de Marianinha/ jaz em cárcere verdadeiro,/ sem grade por onde se aviste/ esperança, tempo, luzeiro.../ Prisão perpétua, exílio estranho,/ sem juiz, sentença ou carcereiro...” Em “Romance LXXXII ou Dos Passeios da Rainha Louca” Cecília escreveu: “Entre vassalos de joelhos,/ lá vai a Rainha louca,/ por uma cidade triste/ que já viu morrer na forca/ ai, um homem sem fortuna/ que falara em Liberdade...” Em “Romance LXXXIII ou Da Rainha Morta”: “Ah! Nem mais rogo nem promessa/ nem procissão nem ladainha:/somente a voz do sino grande/ que brada: “Está morta a Rainha”/ Ai, a neta de D. João Quinto!/ Ai, a filha da Marianinha!/ Tão gasta pela idade, apenas/a loucura a sustinha.” D. Maria I morreu no dia 20 de março de 1816, no Brasil, no Rio de Janeiro, para onde viera com a corte portuguesa em 1808, em virtude da invasão de Portugal por Napoleão. Referências Meireles C: Obra Poética, Editora Nova Aguilar S/A, Rio de Janeiro,1991. 2 Seda H: O Conhecimento das Doenças Reumáticas no Rio de Janeiro do Século XIX, Boletim da SRRJ, 39 (139): 5-10, 2011. 3 D. Maria I, Wikipedia, a Enciclopedia Livre. 4 Ribeiro J: História do Brasil, 14ª edição, Livraria São José, Rio de Janeiro, 1953. 1 BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 21 Além da Reumatologia Caricaturas e pinturas permeiam cotidiano intenso Reumatologista campineiro, autodidata, está cada vez mais entusiasmado com seu trabalho artístico, tanto que já pensa em fazer um curso técnico e montar um ateliê onde mora H á 38 anos, Plinio José do Amaral é reumatologista. Formou-se na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), cidade onde nasceu e vive até hoje. Seu cotidiano profissional ainda é intenso, pois vai a seu consultório de segunda a quinta toda manhã e toda tarde. Vale dizer aqui que ele faz questão de reservar as sextas-feiras para si mesmo, na hidroginástica, nas caminhadas ou qualquer outra atividade que lhe dê prazer. Mas esse dia a dia puxado não impede que ele se dedique a outra prática com muita paixão. Plínio é desenhista e pintor e dedica especial atenção às caricaturas, que adora criar. E tal dom pode ser creditado a uma influência marcante, segundo ele. “Meu pai era jornalista e exímio caricaturista e o admirável é que era autodidata. Tinha o dom natural e o gosto pela arte”, conta Plínio, algo que ele mesmo seguiu, pois jamais fez nenhum curso técnico de arte. Ele lembra que na escola uma das matérias de que mais gostava era Desenho e no ginásio começou a ter gosto pela caricatura. “Os professores e colegas estudantes eram minhas ‘vítimas’ preferidas”. Plinio, aliás, explica que só faz caricaturas de “marmanjos”. “A caricatura tem por característica o exagero dos detalhes faciais e tudo o que uma mulher não gosta é ver seus detalhes exacerbados”, diz ele. Plínio diz que desenha rostos com rapidez. “Baixa o 22 Plinio ao lado de uma de suas pinturas: planos de fazer curso técnico. santo e eu faço de imediato”, brinca. Mas as caricaturas não são o único meio de expressão. Ele também passou a gostar de trabalhar com aquarelas e com tinta a óleo, com as quais começou a lidar desde 1967. Nesse caso, cria rostos mais realistas, mas também retrata baianas, figuras folclóricas, palhaços, entre outras.. Exposição ao público No desenvolvimento de sua obra, Plinio resolveu que poderia mostrá-las ao público e a forma que encontrou para fazer isso foi através do chamado Centro Cultural, um espaço criado pela arquiteta e estilista Rucélia Ximenez. Desde 1994, o Centro Cultural é exposto nos Congressos Brasileiros de Reumatologia. E Plinio tem o mérito de ter sido o primeiro médico a expor seus trabalhos nesse espaço, ao lado das esposas de médicos. Com o tempo, outros reumatologistas e seus cônjuges também passaram a expor no centro. “Essa mostra, mesmo com poucos recursos, foi ficando cada vez maior e virou uma tradição. E Rucélia é nossa patronesse”, diz Plinio, referindo-se ao trabalho incansável de Rucélia, organizando o espaço cultural. Rucélia, aliás, lançou este ano, o livro A Arte de Fazer Arte na Moda Humanizada, que reúne o material de 40 anos de seu trabalho como estilista, que já produziu figurinos para diversas novelas da Rede Globo. Plínio está tão envolvido com a pintura e o desenho que agora pensa seriamente em fazer algum curso, pois já sente necessidade de absorver técnicas da arte que irão auxiliá-lo a criar. E tem mais planos. Deseja montar um ateliê em seu apartamento porque quando, como diz ele, “baixar o santo”, possa ir correndo a esse espaço e colocar a criação na tela. Mas há ainda outra via que o tem encantado. A fotografia. Ele conta que seu pai, “meu guru e meu ídolo”, deu-lhe de presente uma câmera quando ele tinha 9 anos. Mas agora está fascinado pelas novas tecnologias. “Estou muito entusiasmado com as fotos eletrônicas”, conta, o que o faz, desde o congresso de Maceió, a carregar consigo uma câmera para flagrar colegas na plateia ou nos corredores, criando imagens que divertem e encantam os fotografados. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • jul/ago/set/2014 www.reumatologia.com.br