IV Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade ISSN 1982-3657
TECNOLOGIAS E INTERDISCIPLINARIDADE: A PRETENSÃO DE
INSTRUMENTALISAR O COTIDIANO DOS PROFESSORES
Genivaldo Santos Lima ¹
Universidade Tiradentes. [email protected]
RESUMO
Este trabalho analisa as possibilidades do uso das tecnologias educacionais, especialmente sua
ferramenta de computador, incluindo o uso da interdisciplinaridade, em busca de uma
aprendizagem significativa. No trabalho de campo, foi investigado o uso das tecnologias junto
à interdisciplinaridade como processo de ensino-aprendizagem, tendo por propósito conhecer
se os professores de educação física estavam utilizando esses instrumentos, nas possibilidades
de poderem oferecer mudança da estrutura cognitiva dos estudantes. A motivação pelo tema
surge a partir da disciplina Novas Tecnologias, que abordou a importância das mídias e
enfocou projetos realizados em instituições escolares. Para isso desenvolveu-se uma pesquisa
com dezoito professores, distribuídos nos seguimentos de ensino: de 1ª a 4ª séries; de 5ª a 8ª
séries e o Ensino Médio, durante o período de um semestre (fevereiro a junho de 2007), em
escolas da rede pública de ensino do município de Aracaju – Sergipe/BR.
Palavras–chave: Tecnologias; Interdisciplinaridade; Educação Física.
ABSTRACT
This paper examines the possibilities of the use of educational technologies, especially its
computer tool, including the use of interdisciplinary, looking for significant learning.
During the fieldwork, was investigated with the use of technologies such as interdisciplinary
teaching-learning, with the purpose to know whether the physical education teachers were
using these instruments, the possibilities they can offer change of students' cognitive structure.
The motivation for the subject of discipline came from New Technologies, which addressed
the importance of the media and focused on projects carried out in schools. For this research
developed an eighteen teachers were randomly divided into segments of instruction: from 1st
to 4th grades, 5th and 8th graders and high school during the period of one semester
(February-June 2007), in schools in public schools in the city of Aracaju - Sergipe / BR.
Keywords: Technologies; Interdisciplinary; Physical education.
____________________________
¹ Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior, FSLF; membro-pesquisador do Grupo de
Estudos e Pesquisas "História, Sociedade e Educação no estado de Sergipe" (NPSE/UFS); Licenciado em
Educação Física, UNIT.
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INTRODUÇÃO
A virada do século XXI coincide com a revolução das tecnologias da informação e
comunicação que alteraram os antigos paradigmas de compreensão do mundo, da ciência, da
cultura. A Tecnologia não causa mudanças apenas no que fazemos, mas também em nosso
comportamento, na forma como elaboramos conhecimentos e no nosso relacionamento com o
mundo. Vivemos num mundo tecnológico, estruturamos nossa ação através da tecnologia,
como relata Kerckhove (1997), na Pele da Cultura “os meios eletrônicos são extensões do
sistema nervoso, do corpo e também da psicologia humana”.
De acordo com Fróes (2006), os recursos atuais da tecnologia, os novos meios digitais:
a multimídia, a Internet, a telemática traz novas formas de ler, de escrever e, portanto, de
pensar e agir. O simples uso de um editor de textos mostra como alguém pode registrar seu
pensamento de forma distinta daquela do texto.
A educação nesse sentido vem buscando se inserir na tecnologia de informação e
comunicação (TIC) seja de maneira a utilizá-la como ferramenta de facilitação da
aprendizagem, seja pela necessidade de entender esse novo mundo moderno.
O ensino de Educação Física, nas últimas décadas tem se voltado para uma abordagem
diferente em que esses componentes consoantes não podem ser ignorados, ressaltando a
importância dessa fusão para alfabetizar cientificamente seus alunos.
Galatti (2002) afirma que, a Educação Física se insere no cenário escolar com funções
higienista e procedimentos e conteúdos herdados do militarismo, cujas atividades visavam à
melhoria da condição física, até para formar futuros trabalhadores mais aptos para o trabalho
nas fábricas, dentro de um paradigma relacionado a desempenho.
No âmbito escolar, a partir do Decreto nº. 69450 de 1971, a Educação Física passou a
ser considerada como a atividade que por seus meios, processos e técnicas desenvolvem e
aprimoram forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando (PCN, 1998).
Esse decreto deu ênfase à aptidão física, tanto na organização das atividades como no
seu controle de avaliação e, a iniciação esportiva se tornou um dos eixos fundamentais de
ensino.
Quando falamos, especificamente, da prática pedagógica dos professores que
ministram aulas de Educação Física acrescentam-se outras problemáticas: a atividade
desenvolvida pela Educação Física vem sofrendo algumas modificações, apresentando
diferentes focos durante a história, como a higiene, a disciplina, o desempenho esportivo e
mais atualmente a saúde. “O fato é que nenhuma dessas tendências voltou-se para o objetivo
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primordial da Educação Física na escola que deve ser tratada enquanto uma ação pedagógica”
(BRACHT, 1986). Essa e outras questões fazem com que a disciplina de certa forma, ainda
não tenha conseguido firmar seu lugar e importância na escola. Porém, a Educação Física
escolar, certamente, pode perder esse estigma e tornar-se uma ação pedagógica fundamental
na formação do ser humano como um ser corporal.
E segundo Libâneo (1997), para que isso aconteça os professores precisam dominar e
atualizarem-se nos conceitos e noções, procedimentos ligados à área de ensino e ter
capacidade operatória que é o saber: definir objetivos de aprendizagem; selecionar
atividades adequadas às características dos alunos; escutar e diagnosticar as
dificuldades. Desse modo, tornasse a aula de Educação Física, um ambiente favorável para o
desenvolvimento de cada aluno correlacionando com outras disciplinas, a partir de um
planejamento com embasamento teórico, considerando seu atual estágio de desenvolvimento.
Como também, destaca-se a importância para os professores terem acesso contínuo ao
conhecimento e às pesquisas acadêmicas.
Galatti (2002), também argumenta os desafios que percorrem as aulas de Educação
Física escolar, dentre as que já foram destacadas está, a busca da plenitude atlética em
crianças ainda em formação, a exacerbação da competição em detrimento de valores
educacionais, a pressão psicológica exercida pelos professores e colegas em alunos
considerados menos habilidosos, a especialização esportiva precoce e a singularidade das
aulas limitando um aprendizado que deveria ser o mais amplo possível.
Bracht (1999) relata que, dentre os desafios a serem enfrentados está à conquista da
legitimidade no campo pedagógico. Os argumentos que legitimavam a Educação Física na
escola sob o prisma da aptidão física e esportiva não se sustentam numa perspectiva de
educação. Parece que a visão de educação, que enfatiza a preparação do cidadão para o
mercado de trabalho, dada às mudanças tecnológicas do processo produtivo, pode prescindir
atualmente da Educação Física e não lhe reserva nenhum papel relevante o suficiente para
justificar o investimento público.
A revitalização do discurso da promoção da saúde é uma tentativa de setores de
legitimar a Educação Física na escola, mas tem pouca probabilidade de encontrar eco, haja
vista a crescente privatização e individualização da saúde promovida pelo Estado. Além disso,
o crescimento da oferta e do consumo dos serviços ligados às práticas corporais fora do
âmbito da escola e do sistema tradicional do esporte, como as escolas de natação, academias,
escolinhas de futebol, judô, voleibol etc., permitem o acesso à iniciação esportiva, às
atividades físicas, sem depender da Educação Física escolar.
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Uma questão que incomoda os professores de Educação Física é como trabalhar todo o
conteúdo anteriormente exposto levando em conta uma educação física engajada com
formação integral de seu aluno, considerado como um ser único e, ao mesmo tempo, um ser
social possuidor de conhecimentos historicamente produzidos, enfim, um ser capaz de
entender as relações sócio culturais no contexto em que vive os diferentes papéis e relações
assumidos pelo homem numa sociedade e, além de tudo, considerado um ser autônomo em
seus movimentos e exercícios corporais (GRESPAN, 2002).
A discussão é que não basta selecionar os conteúdos e os meios de ensino. A
metodologia deve se ocupar em determinar o âmbito das tomadas de decisões e das medidas
necessárias, conforme as concepções de ensino, aluno, educação física, esportes, educação de
cada professor. Assim, o método de ensino passa a ser um meio, uma concepção ou um
caminho para conduzir um processo de ensino de acordo com uma determinada visão de
homem, sociedade e educação, para os quais o professor, o conteúdo e o aluno estabelecem as
condições indispensáveis de concretização (KUNZ, 1994).
Atualmente, a Educação Física escolar apresenta um amplo leque de possibilidades,
fomentada por inúmeras correntes pedagógicas e procedimentos metodológicos.
A dimensão que a cultura corporal ou de movimento assume na vida do
cidadão é tão significativa que a escola é chamada não a reproduzi-la
simplesmente, mas a permitir que o indivíduo se aproprie dela criticamente,
para poder efetivamente exercer sua cidadania. Introduzir os indivíduos no
universo da cultura corporal ou de movimento de forma crítica é tarefa da
escola e especificamente da Educação Física (BRACHT, 1999).
De acordo com os PCNs (1998), entende-se a Educação Física escolar como uma
disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, formando o
cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir
dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas em benefício do exercício critico da cidadania e
da melhoria da qualidade de vida.
Na aprendizagem e no ensino da cultura corporal de movimento, trata-se basicamente
de acompanhar a experiência prática e reflexiva dos conteúdos na aplicação dentro de
contextos significativos, ou seja, nem os alunos, nem os conteúdos e tampouco os processos
de ensino e aprendizagem são virtuais ou ideais, mas sim reais vinculados ao que é possível
em cada situação e em cada momento.
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Ensinar e aprender a cultura corporal de movimentos envolve a discussão
permanente dos direitos e deveres do cidadão em relação às possibilidades
de exercício do lazer, da interação social e da promoção da saúde. Envolve,
portanto, também o ensino de formas de organização para a reivindicação
junto aos poderes públicos de equipamentos, espaços e infra-estrutura para a
prática de atividades. (PCN, 1998).
Segundo Bracht (1986), a Educação Física enquanto área curricular estabelece um
quadro de relações com as que com ela partilham os contributivos fundamentais para a
formação dos alunos ao longo da escolaridade. O essencial do valor pedagógico dessas
relações reside nos aspectos particulares da Educação Física, materializado no conjunto de
contributivos e de riquezas patrimoniais específicas, que não podem ser promovidas por
qualquer outra área ou disciplina do currículo escolar.
As competências em Educação Física, adquirem-se pela prática de atividade física
qualitativa e quantitativamente adequada as possibilidades e necessidades de cada aluno, em
situações que promovam o seu desenvolvimento, isto é, situações em que o esforço físico, a
aprendizagem, a descoberta e o desafio pessoal e coletivo sejam uma constante.
Galatti (2002) relata que, quando se adentra a Educação Física escolar, observar-se que
parte bastante significativa das mais recentes teorias a busca de diversificação das práticas e
ampliação das experiências motoras dos alunos. Ora, uma vez que a diversificação está entre
os principais pilares de sustentação dos referenciais teóricos em Educação Física escolar, nos
parecem ser incoerentes a busca de um único método que permita ao professor oferecer o
máximo de possibilidades de experimentação e ampliação das vivências dos alunos em
relação ao esporte.
Assim, acredita-se que os métodos devam ser estudados e dominados pelo professor,
para que ele possa utilizar-se dos mesmos de acordo com as necessidades de seus alunos,
construindo assim um método particular de trabalho.
As novas metodologias procuram criar estratégias e encaminhamentos
diversificados, no sentido de “olhar” a Educação Física como uma
“disciplina” cujo enfoque seja a formação integral dos sujeitos no
processo escolar, e dotada de um corpo de conhecimentos historicamente
produzidos e úteis a todos, sendo “autonomia” a palavra-chave na
formação do indivíduo e na atuação (GRESPAN, 2002).
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Quando tratamos dos propósitos da Educação Física escolar, que devem estar
relacionados aos pressupostos pedagógicos da escola, tendo em vista a formação do cidadão e
do ser integral, ver-se como mais interessante uma prática pedagógica rica em problemas
motores e não em tarefas motoras, o que nos levaria a adoção de métodos mais ligados ao
principio global funcional, o qual propõe ênfase na imprevisibilidade, oferecendo problemas a
serem resolvidos pelos praticantes do esporte.
Ao propor uma nova prática ao aluno, é importante que o professor estabeleça com a
turma um canal de comunicação em uma linguagem compreensível à criança, para que
consiga mobilizá-los e intervir positivamente, favorecendo mudanças no campo esportivo e
também social.
Segundo Bracht (1986), os professores de Educação Física devem na sua ação
entender que precisam superar a visão positiva de que o movimento é predominantemente um
comportamento motor; superar a visão de infância que enfatiza o processo de
desenvolvimento da criança como natural, e não social. Desse modo, sobrelevar também a
idéia de que nas aulas de Educação Física não se deve discutir com os alunos
construtivamente o que está fazendo, sob o argumento de que a aula deve ser somente prática.
É tarefa da Educação Física escolar, garantir o acesso dos alunos às práticas da cultura
corporal, contribuir para a construção de um estilo pessoal de praticá-las, e oferecer
instrumentos para que sejam capazes de apreciá-las criticamente.
Sendo assim, o professor de Educação Física além de buscar meios para garantir a
vivência prática da experiência corporal, inclui o aluno na elaboração das propostas de ensino
e aprendizagem, considerando sua realidade social e pessoal, sua percepção de si e do outro,
suas dúvidas e necessidades de compreensão dessa mesma realidade.
Dentro desse contexto, os PCNs (1998) propõem que, o professor de EF inclua a mídia
em suas práticas escolares, fazendo referências a imagens e eventos esportivos transmitidos
pela TV, utilizando programas, vídeos produzidos para finalidades educacionais, matérias
sobre a cultura corporal de movimento publicados em jornais e revistas.
Utilizando a mídia como fonte, é possível apreciar criticamente e ter acesso a
informações das modalidades esportivas que, a maioria das escolas, tem poucas possibilidades
de vivência no plano prático, mas que permitem, por outro lado, trabalhar no plano dos
conceitos e atitudes, pois são conteúdos importantes da cultura esportiva contemporânea.
Os professores podem encontrar dificuldades iniciais no trabalho com a mídia. Não
apenas por fatores materiais, mas porque os aparelhos audiovisuais ainda não são para eles
extensões em suas mãos, olhos e ouvidos, assim como o são o giz, a lousa ou as bolas e outros
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materiais esportivos. A comunidade escolar deve considerar que tais equipamentos podem ter
um uso coletivo, não se restringindo sua utilização somente às aulas, mas também em
atividades extracurriculares e nos programas de educação continuada de professores e
funcionários (PCNs, 1998).
Na contemporaneidade vê-se que a sociedade massificada pelo capitalismo neoliberal,
volta-se para o individualismo e a competitividade exarcebados. A filosofia do sujeito prioriza
o sujeito pensante em sua complexidade e individualidade. Assim, a filosofia do sujeito prima
pela autonomia das idéias, atribuindo suficiência absoluta ao sujeito pensante. É nesse ínterim
que a interdisciplinaridade assume seu papel para além da filosofia do sujeito, ao tentar fazer
com que esses sujeitos sejam menos individualistas e valorizem o respeito às opiniões dos
colegas, desenvolvendo projetos, artigos, em coletivo (JANTSCH; BIANCHETTIL, 1993).
Nesse sentido, Jantsch; Bianchettil (1993) corroboram para a assertiva acima quando
afirmam que a interdisciplinaridade pode ser fecunda no trabalho de equipe, onde se forma
uma espécie de sujeitos coletivos, todavia respeitando a subjetividade de cada sujeito.
O processo do conhecimento nas ciências sociais vem sendo marcado pelos interesses,
concepções e condições de classe do investigador. Dessa forma, o conhecimento nas ciências
sociais não pode ser produzido de forma neutra, pelo fato do pesquisador ter suas concepções
arraigadas na sua historicidade, no meio que o influencia e no seu padrão cultural. Nesse
âmbito a interdisciplinaridade atua, na produção do conhecimento, não somente como uma
necessidade, mas também como um problema inserido no materialismo e individualismo das
relações capitalistas atuais.
É relevante, portanto, apreender a interdisciplinaridade como uma necessidade, ou seja,
como algo que se impõe historicamente como imperativo, mas também apreendê-la como
problema no sentido de a interdisciplinaridade apresentar-se como um desafio a ser decifrado
e alcançado efetivamente, conforme assinalam JANTSCH; BIANCHETTIL (1993).
Segundo Frigotto apud Jantsch; Bianchettil (1991), a interdisciplinaridade se apresenta
como problema pelos limites do sujeito que busca construir o conhecimento de uma
determinada realidade e, de outro lado, pela complexidade desta realidade e seu caráter
histórico.
A acepção anterior implica em dizer que o sujeito, ao mesmo tempo, tanto busca
conhecer determinado aspecto das múltiplas práticas e relações sociais - estabelecidas pelos
homens num determinado tempo, quanto está inserido e implicado nesta realidade que ele
busca interpretar. Desse modo, retoma-se a afirmação que o conhecimento não é produzido de
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forma neutra, parcial e, na atualidade é intensamente influenciado pelo individualismo
competitivo do capitalismo, contrapondo-se assim aos objetivos da interdisciplinaridade.
Outro problema da interdisciplinaridade é a superação da fragmentação das disciplinas,
ou seja, das especialidades. Contudo, a superação da fragmentação não significa destruição
das especialidades – disciplinas, nem significa abrir mão de um profundo conhecimento
disciplinar, consoante elucidam Jantsch; Bianchettil (1993). Significa, sim, o intercâmbio
crítico intersubjetivo dos sujeitos que investigam uma determinada problemática, porém
buscando uma objetividade. Expressa ainda a superação da fragmentação através da
socialização e correlação dos conhecimentos no campo da educação.
As ciências sociais apresentam deveras outras necessidades e alguns problemas, que
podem ser supridos e superados, respectivamente, com o auxílio da interdisciplinaridade: a
partir do momento em que o sujeito começa trabalhar suas necessidades e seus problemas
juntamente com a interdisciplinaridade, seu conhecimento se torna mais enriquecido e
correlato, ao criar novas parcerias que irão aumentar seu vocabulário nos processos
educativos, de ensino (JANTSCH; BIANCHETTIL 1993).
Frequentemente, deparamo-nos na prática profissional do ensino com algumas ciências
que são vistas de modo pejorativo pelos alunos, nesse contexto, a interdisciplinaridade pode
ser utilizada a fim de estimular o aluno a gostar de determinadas disciplinas, ao tentar
demonstrar o caráter associativo e funcional das diversas ciências.
“A interdisciplinaridade é o princípio da máxima exploração das potencialidades de
cada ciência, da compreensão dos seus limites, mas, acima de tudo, é o princípio da
diversidade e da criatividade” (Etges apud JANTSCH; BIANCHETTIL, 1995, p. 14). Tal
concepção fundamenta a aplicabilidade da interdisciplinaridade como mediadora entre as
diversas ciências, através do estabelecimento de analogias entre as mesmas, não como
elemento de redução a um denominador comum, mas como elemento da diferença,
criatividade e correlação entre elas.
Do ponto de vista da epistemologia, Jantsch; Bianchettil (1993) assinalam que a
interdisciplinaridade consiste no método de pesquisa e de ensino voltado para a interação em
uma disciplina, duas ou mais disciplinas, num processo que pode ir da simples comunicação
de idéias até a integração recíproca de finalidades, objetivos, conceitos, conteúdos,
terminologia, metodologia, procedimentos, dados e formas de organizá-los e sistematizá-los
no processo de elaboração do conhecimento.
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Nos últimos anos, tem-se discutido muito sobre a ligação da interdisciplinaridade com
as ciências na educação, pois muitos são os trabalhos apresentados, com sucesso, abordando a
busca de uma melhor forma de lidar com esse conceito, com essa ligação.
A interdisciplinaridade na escola não pode consistir na criação de uma mistura de
conteúdos ou métodos de diferentes disciplinas. Este procedimento não só destrói o saber
posto, mas acaba com qualquer aprendizagem. Assim, a interdisciplinaridade conjuntamente
aliada às ciências, inclusive à educação, servirá para uma melhor compreensão dos vários
tipos de ciências por partes dos educandos.
Só depois de aprendido e dominado o construto, o educando deve ser encorajado a
transcodificá-lo para sua vida cotidiana. Isso inclui seu relacionamento familiar, seus círculos
de amizade, grupos de trabalho na escola e demais interações sociais que também podem ser
educativas, entrelaçadas, inserindo-se nesse contexto os meios de comunicação tecnológicos
como a TV, o computador, a Internet entre outros (JANTSCH; BIANCHETTIL 1993).
Nesse ponto percebe-se a inter-relação da interdisciplinaridade com a educação e as
novas tecnologias, no sentido da inclusão dessa revolução na educação, principalmente na
inclusão social e digital, implantando-se aí a escola pública, com vistas a mudar paradigmas
convencionais de ensino. Reafirma-se, desse modo, que se deve sim mexer no essencial para
que seja atingida a eficácia do processo educativo. Não é uma tarefa fácil porque tudo que
significa inovação encontra resistências a priori e denota superação de posturas
conservadoras, solidificadas dos profissionais. Todavia, como a própria interdisciplinaridade
propõe, tornar-se-á possível por meio da criatividade e correlação entre as ciências e, a
educação física, sendo uma ciência, pode utilizar-se eficazmente da interdisciplinaridade
tecnológica.
METODOLOGIA DA PESQUISA
Neste contexto o uso do computador e da interdisciplinaridade nas aulas de Educação
Física contribuiu para ampliar os horizontes dos professores envolvidos no processo de
ensino. O presente estudo envolveu dezoito professores distribuídos nos seguimentos de
Ensino Fundamental e Médio, em escolas da rede pública de ensino do município de Aracaju
– Sergipe/BR, durante os meses de fevereiro a junho de 2007.
Teve-se como objetivo neste trabalho qualitativo, analisar se os professores de
Educação Física estavam utilizando estes instrumentos para construção do processo de
ensino-aprendizagem e de que forma utilizavam-nas. Para isso, num primeiro momento foi
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necessário conhecer as concepções prévias dos professores, a fim de se identificar os
“conhecimentos-âncora” com os quais podem se relacionar os novos conhecimentos.
Com esse objetivo foi aplicado um questionário semi-estruturado contendo questões
abertas e fechadas, para se conhecer seus conhecimentos sobre o computador e a
interdisciplinaridade. Para o complemento foi utilizado o diário de campo com o intuito de
registrar as observações constantes no Projeto Político Pedagógico.
ANÁLISES E DISCUSSÕES
Num segundo momento as análises foram efetuadas através de tabelas, que indicaram
as respostas dissertadas pela população amostra que se compreende dos professores de
Educação Física das escolas estaduais e municipais que possuem como instrumento do
processo de ensino aprendizagem a utilização da interdisciplinaridade. Após os dados
descritos pelos primeiros entrevistados, foram analisadas as abordagens que cada nível de
ensino apresentou diante dos questionamentos sob quais os profissionais foram submetidos.
No primeiro nível estudado, que corresponde às turmas de 1ª a 4ª série, obteve-se como
resultados um percentual estipulado em 66,6% das respostas voltadas para a regularidade da
aplicação de meios que perpetuem nas aulas a interdisciplinaridade e 33,3% relacionando-se a
uma pouca aplicação de fatores que se assemelham ao propósito interdisciplinar.
De 5ª a 8ª série ficou claro a equidade de retratações sobre a execução de aulas de
educação física com abordagens interdisciplinares, pois a amostragem se mostrou com 50%
dos entrevistados dissertando a pouca aplicação dessa vertente e os outros 50% representado
por profissionais que referenciaram a regularidade de aplicações em suas aulas.
O ensino médio, entretanto, ficou demonstrado nos seguintes percentuais: 66,6% da
amostra afirmam que usam regularmente a interdisciplinaridade, 16,6% representa o
indivíduo que utiliza muito pouco esse caminho e 16,6% descreveu a não aplicação da
interdisciplinaridade.
Então, se observa nos primeiros entrevistados a prevalência da regularidade na
aplicação da interdisciplinaridade nas aulas de educação física, ministradas nos locais de
ensino pesquisados.
Contudo, os professores participantes da pesquisa exemplificaram essas atitudes
interdisciplinares através das seguintes metodologias: aplicação dos temas transversais,
utilização de palestras, apresentação de filmes, através de eventos esportivos, com o trabalho
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de textos e jogos matemáticos e ainda existiram afirmações do trabalho de aulas de Biologia e
Ciências.
Por fim, uma nova entrevista teve-se o intuito de demonstrar a opinião dos
profissionais perante o auxílio das novas tecnologias de informação na construção do aluno
crítico e participativo. Observamos no primeiro nível de ensino os percentuais equivalentes a
50% para a caracterização da pergunta como sendo muito importantes, 33,3% da amostra
considerando importante a eventualidade do uso da tecnologia no processo educacional e,
apenas 16,6% dos entrevistados afirmando que essa utilização tem uma pouca importância na
aprendizagem de seus alunos.
Na interpretação dos dados referentes à segunda nivelação de ensino estabelecida na
pesquisa, constatou-se uma porcentagem de 66,6% das respostas considerando como muito
importante à contribuição oferecida pelo sistema tecnológico de informação. Enquanto as
demais partes dessa amostra ficaram distribuídas em 16,6% sobre a questão de caracterização
da tecnologia como importante e 16,6% relacionando essa utilização como pouco importante.
O terceiro nível pesquisado apresentou um percentual não diferente dos níveis
anteriores, tendo 66,6% de seus entrevistados considerando a presença tecnológica como
muito importante e 33% estabelecendo a descrição de importante o auxílio das tecnologias de
informação.
Constatamos então, na análise dos três níveis perante o questionamento que houve
prevalência nas repostas dos professores para o item de muito importante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o que foi explícito, pode-se acrescentar que, diante de tantas mudanças
e desafios, o educador precisa ampliar sua visão frente à educação contemporânea e aos seus
conhecimentos, não só nos conteúdos curriculares, como também na sua metodologia de
ensino. Isso não significa dizer que o educador precisa deixar de lado tudo o que aprendeu e
aplicou na sua trajetória profissional, mas sim que ele precisa acrescentar algo mais na sua
profissão.
Observa-se, neste período contemporâneo, uma explosão de uso de rede mundial de
computadores para os mais variados/diversificados propósitos educacionais, desde
professores que, individualmente, apresentam trabalhos a serem feitos pelos alunos até
universidades virtuais que oferecem cursos e graduações através da Internet.
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O desafio moderno, a ser enfrentado pelos professores, consiste em entender que a
tecnologia, com todas as suas possibilidades técnicas, fortalecem o sistema educacional e
aponta para uma nova sociedade. Mas, é importante também que haja uma reflexão nas
relações entre tecnologia e educação, na sociedade em que vivemos no sentido da procura de
caminhos para o fortalecimento da cidadania. Entretanto, antes, é necessário clarear a noção
do tipo de tecnologia a ser utilizada na educação. Para tanto se faz necessário que os
professores sintam-se instigados a utilizarem o computador e a interdisciplinaridade, a fim de
que criem situações que provoquem o interesse dos alunos pelo conhecimento tendo como
ferramentas do seus cotidianos.
Visto que é sábio dizer que a Internet abre novos horizontes para o processo educativo
e põe em cheque todo o processo formal de ensino que vigora até então. Esse aspecto faz com
que o papel do professor comece a ser repensado ao mesmo tempo em que aponte para um
futuro no qual só há uma certeza, a mudança constante.
Diante desse contexto, é importante acrescentar que com a inserção desses novos
desafios nas escolas, o educador além de perceber que a perspectiva de Educação está
mudando, note que a metodologia de ensino também precisa mudar, principalmente no que se
refere a conhecimento. Visto que, com o uso de novas ferramentas é possível trabalhar no
incentivo à leitura na sala de aula, e que esta, proporcione o retorno pedagógico do qual tanto
o professor quanto o aluno poderão usufruir.
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REFERÊNCIAS
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