MarIlia dos Santos Lima Universidade Federal do Rio Grande do SuI 1. Origem e proposito o quisa ponto de partida desta comunicacao (Lima, 1983) que apresentou va para 0 e uma pes uma abordagem discurs! ensino da leitura em ingles para alunos de po~ -graduacao. 0 modelo criado baseou-se Kintsch(1977), cujos pressupostos nao apenas a uma analise do discurso, teoria de leitura que enfatiza 0 em Van Dijk e teoricos sac aplicados mas tambem a uma universo do leitor. A enfase deste trabalho esta na busca de abordagens que facilitem a tarefa de compreensao como urnprocesso de interacao autor-leitor da leitura e sua contri- buicao para a producao de textos por parte do aluno lIngua materna ou estrangeira. em Para esse fim, vejoa apl! cabilidade dos postulados de Van Dijk e Kintsch(1977)com relacao a dois aspectos centrais: (1) a relevancia da ha bilidade de resumir informacao adequadamente pel da estruturacao discursiva e (2) 0 pa- como norteadora da campr~ Na observacao de nosso comportamento lingOlst! sac do leitor. 2. A habilidade de resumir co diario, constatamos a habilidade co de urndiscurso. de relatarmos 0 top! lsto e, podemos produzir diferentes discursos expressando aquilo que foi tratado num discurso anterior. ISBa ocorre, por exemplo, quando relatamos urn acidente, uma peca teatral ou reproduzimos as ideias Os alunos de leiturale redacao)precisam resu - principais de uma conversa. mir nao apenas no dia a dia, mas especialmente academica quando sac solicitados a tomar na vida notas, reprod~ zir 0 ponto de vista de um eseritor, deserever experime~ tos de fontes diferentes, eserever resenhas, etc. Resu- mir, p'ortanto, pode ser um meio valido para os alun08 professor constatarem e a ocorrencia ou nao da compreensao de um texto. A leitura e um processo no qual 0 leitor nece~ sita resumir a mensagem de forma significativa. eessidade relaciona-se Essa n! as limitacoes de nossa memoria que nao pode ser sobreearregada para que se compreenda 0 que estci sendo lido. Isso slgnlfica que necessitamos nar algumas palavras e frases que representem as principals dos textos que lemos. selecio ideias Conforme Van Dijk e Kintsch(1977), no processo da compreensao textual, trans ,- formamos as ideias de cada frase do texto (MI~) em algumas frases globalizantes que denominamos MACROESTRUTURA (5)• Microestruturas e maeroestruturas sac eonside- radas sob 0 ponto de vista do SIGNIFICADO detectavel num dlseurso(escrito ou oral). Supoe-se que essas estrutu- ras sejam a base de significados particulares urncontexto, ja que 0 dentro de conteudo discursivo varia de texto para texto. No primeiro caso, a semantica atribui seqfien eias de proposicoes a Essas microestruturas vel local. seqfiencia de frases do discurso. encerram, entao, significado em ni Por outro lado, as macroestruturas, representadas como proposicoes, nIvel global, definindo 0 tambem encerram significados em significado de partes maiores do discurso ou do discurso como um todo. A nocao de macroestrutura e particularmente i~ teressante pelo fate de the ser atribufda uma funCao co~ nitiva organizacional: a construcao de macroestruturas promove a reducao e organizacao, no processamento e na moria, de informacao semantica complexa. reducao possa ocorrer, e 1Ie- Para que essa proposta a existencia de MACRO- -REGRAS - apagamento, generalizacao, selecao e constru- cao(Van Dijk e Kintsch, 1977:68) - que tem a funcao de relacionar as microestruturas as macroestruturas. podem ser aplicadas de forma recursiva de macro-proposicoes de modo que podemos ter varios nI- veis de macroestrutura bal de representacao Elas sobre seq6encias ate chegarmos ao nivel mais glo- semantica que sera a macroestrutu- ra mais alta. 3. Estruturacao discursiva Um ponto de apoio para a producao e, conseq6entemente, de resumos verificacao da compreensao ra e recur so para a redacao, encontra-se da leit~ naquilo que co- nhecemos a respeito da estruturacao de diferentes discur 50S. Van Dijk(1981:5)utiliza 0 termo SUPERESTRUTU- RAS para estruturas do discurso identificaveis gorias esquematicas rentes discursos. como cate globais, que definem a FORMA de dife Nesse sentido, elas auxiliam na iden- tificacao de discursos como sendo, por exemplo, um roman ce ou um relato cientifico. As superestruturas sac con- vencionais e auxiliam na organizacao de macroestruturas, ja que servem como um esquema abstrato que sera semanticamente preenchido por macro-proposicoes, esquema cognitivo do leitor na aplicacao Quanto a esse fator superestrutural, referem-se a narrativa, orientando 0 das macro-regras. Van Dijk e Kintsch enquanto que esta comunicacao centraliza-se em outros tipos de discurso. 4. Aplicabilidade o cur so de leitura elaborado para alunos de p6~ -graduacao(Lima, 1983)foi fundamentado ses dois pressupostos: a necessidade de na exploracao 0 informacao para poder compreender urn discurso e da superestruturacaojcomo Con forme as necessiJades de~ lei tor resumir 0 papel facilitadora desse processo. dos sujeitos, foram focalizados o relato cientifico e 0 discurso argumentativo, os mouclo5 a' sequir: ospec 1ficados. conforme DISCURSO ARGUMENTATIVO 1- tea. Introducao 2. Problema premissa 3. Proposito 4. anterior 1 Metodos 5. Resultados argumentos conclusao 6. Discussao (ou nova tese) 7. Conclusao Adaptado Charolles de Sprenger(1980:77) o ponto de partida para a abordagem pedagogica do curso foi 0 conhecimento sobre tipologia discursiva. sobre a caracterizacao internalizado do aluno Apos uma discussao previa desses dois tipos de discurso, partiu-se para uma sistematizacao desse conhecimento, cmpregando os esquemas acima e estabelecendo-se uma ter minologia comum. Cada unidade do curso, centralizada no estudo de urnou mais textos, foi planejada tendo as superestruturas e sua identificacao como foco orienta dor. Alem disso, exploraram-se sem a habilidade de resumir 0 questoes que enfatizas- conteudo discursivo, como podemos ver pelos exemplos abaixo. (1) Disauta 0 paprZ dos 'abRtracts' em tcxtos aientifi- cos. (2) Leia 0 texto cient{j"ico. e divida-o em secoes aonforme 0 metodo (3) CQmplete 0 quadro abaixo, considerando conteudo do 0 t.flXtO: ExperimentQ 1- probhma: 1- problema: 2. proposito: 2. propo'sito: 3. metodo: 3. metodo: 4. resultados: 4. resultados: 5. 2 Exp8rimento 1 discussao: 5. discussao: 6. concZl.Isao: 6. concZusao: (4) Escreva um 'abstract' resumindo as principais se~oes do texto. (5) Resuma osargumentos dos estudioso8 mencionado8 o0 e dis cuta 8uas diferen~a8 e 8emeZhan~as. [PITTENDRIGH Atividades como essas formaram do curso e parecem ter contribuido para 0 0 esquema geral born desempenho dos sujeitos. Finalmente, sugiro a aplicabilidade desses pre~ supostos para outros tipos de discursos em portugues lingua estrangeira. Van Dijk e Kintsch(1977) a narrativa; alem disso, pode ser relacionado, 0 mencionam discurso jornalIstico tambem espccialJronte se considerarmos trabalho de Batista(1984). ou ° Os aspectos teoricos e pra- ticos aqui discutidos estao sendo utilizados, com resultados muito positivos, com alunos da qraduacao do Curso de Tradutor e Interprete da UFRGS, mostrando-se relevan- tes nao apenas para a compreensao da leitura, mas tambem para a producao de textos pelos alunos. BATISTA, G. L. 1984. 0 ensino-aprendizagem abordagem instrumentaL na area do ingLes de jornaLismo. com Dissert~ Cao de Mestrado. PUC/SP. DEYES, A. F. 1982. Discourse, Science, and Scientific Discourse. Working Papers n9 6. Projeto Nacional Ensi- no de Ingles Instrumental em Universidades Brasileiras. PUC/SP. van DIJK, T. 1981. Discourse Studies and Education. 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