Aula Teórica nº 8 LEM-2006/2007 Trabalho realizado pelo campo electrostático e energia electrostática Considere-se uma carga q1 no ponto P11 e suponha-se que se trás uma carga q2 do ∞ até ao ponto P2. Fig. Se as cargas forem do mesmo sinal, a força que se exerce entre elas é repulsiva e portanto não é o campo electrostático que realiza trabalho. Para trazermos a carga q 2 do ∞ até P2 temos de lhe aplicar uma força exterior F = − F2e , com F2e = q 2 E1e , sendo E1e o campo electrostático criado pela carga q1. O trabalho realizado pela força externa é dado por Se definirmos a energia electrostática de um sistema de cargas pontuais, como uma energia de interacção, com o carácter de uma energia potencial, igual ao trabalho que um agente exterior precisa realizar para formar uma distribuição, supondo que as cargas são trazidas do ∞ até às posições finais, uma a uma, tem-se Repare que a energia electrostática de um sistema de 1 carga é nula pois uma carga não está em interacção com nenhuma outra e que não se está a contabilizar a energia intrínseca de cada carga pois nesse caso ela seria infinita por se tratar de uma carga pontual. A energia electrostática de um sistema de 2 cargas será igual à soma da energia de um sistema de uma carga ( we (1) = 0 ), com o trabalho que um agente exterior precisa de realizar para trazer a 2ª carga do ∞ até à posição final. Repare que se esse trabalho for positivo a energia electrostática de um sistema de 2 cargas também é positiva: 1 Consideremos agora a operação inversa: Uma vez formado o sistema de 2 cargas, transportamos agora q1 de P1 até ao ∞ sob a acção do campo da carga q2 (vd. Fig. ) Neste caso, se as duas cargas forem do mesmo sinal, é o campo electrostático que realiza o trabalho, através da força F1e = q1 E 2e A energia electrostática final é agora Assim conclui-se que o trabalho realizado pelo campo E 2e para levar a carga q1 de P1 até ao ∞ é igual ao trabalho que se tinha realizado para trazer q2 do ∞ até P2. Verificamos assim que no final da operação assim como no início a energia electrostática do sistema é nula. Esta é uma característica de um campo conservativo. Existe aqui uma analogia com um campo gravítico ressalvando a diferença que no caso das massas elas são sempre positivas enquanto que as cargas eléctricas podem ser positivas ou negativas. Em particular, se as cargas forem de sinal contrário, tem-se 2 Em qualquer dos casos tem-se 1 q1 q 2 we (2) = , 4π ε 0 r12 pois se q1 q 2 < 0 ⇒ we ( 2) < 0 . Sistema de 3 cargas pontuais Considere-se agora uma terceira carga trazida do ∞ até ao ponto P3, na presença das outras 2. Fig. Se ar cargas tiverem todas o mesmo sinal, a carga q3 é trazida devido ao trabalho de uma força exterior F ' = − F3e , com F3e = q3 ( E1e + E 2e ) . O trabalho realizado por esta força é dado por Seguindo o mesmo raciocínio aplicado ao sistema de 2 cargas, a energia electrostática de um sistema de 3 cargas será dado por: 3 Sistema de n cargas Os resultados anteriores podem generalizar-se com facilidade para sendo O potencial eléctrico no ponto i (devido a todas as outras cargas excepto i). Energia electrostática de distribuições de carga em volume e em superfície Substituindo qi por dq = ρ dv e dq = σ dS a epressão anterior 1 1 we = ∫ ∫ ∫ ρ Vdv + ∫ ∫ σ VdS 2 V 2 S Onde V é o potencial em cada elemento de volume dv ou elemento de superfície dS, variável portanto quando da integração. Note-se que como dv/r é um infinitésimo de 2ª ordem e dS/r é um infinitésimo de 1ª ordem,a expressão anterior pode conter agora a energia intrínseca em cada elemento de volume ou de superfície, o que não acontecia com as cargas pontuais, onde a energia de cada carga tinha de ficar de fora senão o resultado seria ∞. Fluxo de campo electrostático • e Fluxo de campo electrostático E criado por uma carga pontual através de uma superfície esférica centrada na carga. 4 • i) e Considere-se agora o fluxo do campo E criado por uma carga pontual, através de uma superfície com uma forma qualquer. A carga está no interior da superfície Considere-se em particular o fluxo elementar dφe através do elemento de superfície dS dS’ é o elemento de superfície recortado sobre uma superfície esférica de raio r que passe pelo ponto P π Note-se que dS '→ 0 quando o ângulo ( grad P • n ) → . 2 Tem-se assim Se integrarmos agora sobre a superfície esférica de raio r, tem-se 5 Se integrarmos agora sobre a superfície esférica de raio r, tem-se O resultado a que se chega é o mesmo, independentemente da forma da superfície. ii) A carga está no exterior da superfície. Se fizermos passar agora uma superfície de raio r1 por P1 e uma superfície de raio r2 por P2 (vd. Fig. ), a integração sobre a superfície de raio r2 é igual a q/ε0, enquanto que a integração sobre a superfície de raio r1 é igual a – q/ε0 (pois que agora a normal n1 é dirigida para dentro).Note-se que a normal a uma superfície fechada é sempre dirigida para o exterior. Temos então como resultado final para este caso φ e = 0. Teorema de Gauss (da Electrostática) Examplo: 6 Exemplo: Fluxo através da face de um cubo com uma carga no centro Contudo, se a carga não estiver no centro, embora o fluxo através da superfície total do cubo seja q/ε0, não podemos concluir nada sobre o fluxo através de cada face. Exemplo: 7