ESPECIALIZAÇÃO
Magda Camargo Lange Ramos
ESPECIALIZAÇÃO
Educação Profissional Integrada à
Educação Básica na Modalidade de
Educação de Jovens e Adultos - PROEJA
SEMINÁRIO DE
PESQUISA E
INTERVENÇÃO
II
2014
R175
Ramos, Magda Camargo Lange
Seminário de pesquisa e intervenção II / Magda Camargo Lange
Ramos. -- Florianópolis : IFSC, 2014.
78 p. : il. ; 28 cm
Inclui Bibliografia.
ISBN: 978-85-64426-98-6
1. Pesquisa científica. 2. Trabalhos científicos - redação. I. Título.
CDD: 370.11
Catalogado por: Laura da Rosa Bourscheid CRB14/983
Copyright © 2014, Instituto Federal de Santa Catarina - IFSC.
Todos os direitos reservados.
Edição adaptada ao novo projeto gráfico e instrucional do
Departamento de Educação a Distância - EaD - IFSC.
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desta obra foi licenciado temporária e gratuitamente para utilização no âmbito do Sistema
Universidade Aberta do Brasil, através do IFSC. O leitor compromete-se a utilizar o conteúdo
desta obra para aprendizado pessoal. A reprodução e distribuição ficarão limitadas ao âmbito
interno dos cursos. O conteúdo desta obra poderá ser citado em trabalhos acadêmicos e/
ou profissionais, desde que com a correta identificação da fonte. A cópia total ou parcial
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contra a propriedade intelectual, com sanções previstas no Código Penal, artigo 184,
Parágrafos 1o ao 3o, sem prejuízo das sanções cabíveis à espécie.
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
PRÓ-REITORIA DE ENSINO
CENTRO DE REFERÊNCIA EM FORMAÇÃO E EAD
Ficha Técnica e Institucional
Créditos do Livro
[ Reitoria ]
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EDIÇÃO 2014
[ Pró-Reitoria de Ensino ]
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[ Conteúdo ]
Magda Camargo Lange Ramos
[ Diretoria do Centro de Referência em Formação e EaD ]
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[ Conselho Editorial ]
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Eliana Zanchetta Ribeiro Waltrick De Oliveira
[ Chefia do Departamento de Educação a Distância - EaD/IFSC ]
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[ Design Instrucional ]
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[ Coordenação do PROEJA ]
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[ Design Gráfico ]
Felipe Augusto Franke
Rafael Martins Alves
[ Coordenação do Curso de Especialização em PROEJA ]
Paula Alves de Aguiar
[ Coordenação Adjunta do Curso de Especialização em PROEJA ]
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[ Coordenação de Tutoria ]
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[ Coordenação - Produção de Materiais Didáticos - EaD/IFSC ]
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[ Projeto Gráfico e Instrucional - Livros didáticos - EaD/IFSC ]
Aline Pimentel
Carla Peres Souza
Daniela Viviani
Elisa Conceição da Silva Rosa
Sabrina Bleicher
[ Revisão Gramatical ]
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[ Ilustrações e Fotos ]
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Rafael Martins Alves
[ Gráficos e Tratamento de Imagens ]
Felipe Augusto Franke
Rafael Martins Alves
[ Imagens ]
Stock.XCHNG
<http://www.sxc.hu/>
Wikipedia
<http://www.wikipedia.org>
Prezado estudante,
Seja bem-vindo!
O Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), preocupado em
transpor distâncias físicas e geográficas, percebe e trata a
Educação a Distância como uma possibilidade de inclusão. No
IFSC são oferecidos diferentes cursos na modalidade a distância,
ampliando o acesso de estudantes catarinenses, como de
outros estados brasileiros, à educação em todos os seus níveis,
possibilitando a disseminação do conhecimento por meio de seus
câmpus e polos de apoio presencial conveniados.
Os materiais didáticos desenvolvidos para a EaD foram pensados
para que você, caro aluno, consiga acompanhar seu curso
contando com recursos de apoio a seus estudos, tais como
videoaulas, ambiente virtual de ensino aprendizagem e livro
didático. A intenção dos projetos gráfico e instrucional é manter
uma identidade única, inovadora, em consonância com os avanços
tecnológicos atuais, integrando os vários meios disponibilizados e
revelando a intencionalidade da instituição.
Bom estudo e sucesso!
Equipe de Produção dos Projetos Gráfico e Instrucional
Departamento EaD/IFSC
Seminário de Pesquisa e
Intervenção II
Sumário
07
2. Tipos de Pesquisa 23
3. Técnicas e Instrumentos de Pesquisa 27
4. Análise dos Dados 39
5. Cuidados na Redação Científica 49
6. Citações 57
7. Referências 65
Considerações Finais 75
Sobre a Autora 76
Referências 77
1. A Pesquisa Científica
A unidade curricular de
Seminário de Pesquisa e
Intervenção II
O objetivo geral da Unidade Curricular (UC) Seminário de Pesquisa
e Intervenção II é apresentar métodos e técnicas de pesquisa que
possam auxiliar, você estudante, na organização, coleta de dados,
análise e apresentação de resultados em relatórios e trabalhos
acadêmicos de uma forma metodologicamente científica. Além
disso, o desenvolvimento dessas competências e habilidades
possibilita a aplicação do método científico nas atividades
profissionais do dia a dia.
A unidade curricular tem ainda por objetivo específico, aplicar os
fundamentos teórico-metodológicos no estudo do (PROEJA) por
meio da implementação do projeto de pesquisa e/ou intervenção
elaborado na UC Seminário de Pesquisa e Intervenção I.
Abordaremos os sentidos atribuídos à pesquisa, sua importância
com relação à construção do conhecimento e os diversos formatos
de pesquisa utilizados. Discutiremos a importância do método
científico e indicaremos alguns modelos de pesquisa, bem como
falaremos sobre a evolução histórica de cada um deles. Esses
conhecimentos são essenciais para a construção do seu Trabalho
de Curso (TC).
No decorrer dos estudos, indicaremos livros e textos
complementares, que contribuirão para o aprofundamento dos
conceitos, definições e procedimentos aqui apresentados.
Imbuídos no desejo de instigar a crítica metódica, o interesse
e o mérito da ciência para a sociedade, as possibilidades dos
métodos e técnicas de pesquisa, além da importância desses
procedimentos para o desempenho de sua profissão, convidamos
você a embarcar nesta aventura do saber. Afinal, a ciência não
deixa de ser uma das maiores aventuras da humanidade.
Lembre-se de que estaremos juntos em toda a caminhada. Basta
dar o primeiro passo. Como diria o grande imperador Júlio Cesar,
“alea jacta est”.
Bons estudos.
Magda Camargo Lange Ramos
ALEA JACTA EST
[ GLOSSÁRIO ]
Expressão latina que significa “os dados
estão lançados”, mas usualmente traduzida
como “a sorte está lançada”.
SEMINÁRIO DE PESQUISA E INTERVENÇÃO II
UNIDADE 1
Magda Camargo Lange Ramos
A Pesquisa
Científica
A pesquisa científica deve fazer uso de métodos que são inerentes à
sua natureza e ao problema que se deseja solucionar. Os métodos – e
consequentemente as técnicas – empregados pela ciência permitem a
escolha da abordagem mais adequada para a solução de determinado
problema. Para tornar isso possível, é imprescindível que o pesquisador
conheça, escolha e saiba integrar os métodos disponíveis nas mais
diversas áreas do conhecimento humano. Contudo, as reflexões,
debates e métodos propostos pela disciplina ajudarão a compreender,
de maneira clara, a complexidade do trabalho – o que resulta na
melhoria do próprio desempenho profissional – e da vida em sociedade.
Para isso, a disciplina Seminário de Pesquisa e Intervenção II o convida
a conhecer sobre a pesquisa cientifica.
Pesquisa
Uma nova questão, contudo, se levanta: tem algum
sentido o trabalho realizado pela ciência aos olhos de
quem permanece indiferente aos fatos, como tais, e só
dá importância a uma tomada e decisão prática? Creio
que, mesmo em tal caso, a ciência não está despida de
significação
(WEBER, 2005, p. 41).
PESQUISA PURA VERSUS
PESQUISA APLICADA
[ SAIBA MAIS ]
A pesquisa é um processo sistemático fundamental para a construção
do conhecimento humano. Ela gera novos conhecimentos e auxilia
a desenvolver, corroborar, reproduzir, refutar, ampliar, detalhar e
atualizar outros conhecimentos pré-existentes. A pesquisa serve,
dessa forma, tanto para o indivíduo quanto para a sociedade na
qual ela se desenvolve. Enquanto uma atividade regular, a pesquisa
também pode ser definida como o conjunto de atividades orientadas
e planejadas para a busca de um conhecimento.
Denominamos pesquisa aplicada ou
prática as investigações que tenham como
propósito a sua utilização no dia a dia.
Exemplo: a busca de uma vacina contra
a AIDS; a implantação de ferramentas
de qualidade total em uma empresa; a
invenção do telefone, do computador etc.
Já a pesquisa é pura quando não temos
por finalidade a utilização prática, mas a de Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e
contribuir para o avanço do conhecimento sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos
da teoria estudada. Exemplo: estudar a problemas propostos. Segundo Gil (1999, p. 25), a pesquisa é
origem do universo.
necessária quando não se dispõe de informação suficiente para
Significado de pesquisa
A Pesquisa Científica
responder ao problema ou então quando a informação disponível
se encontra em tal estado de desordem que não possa ser
adequadamente relacionada ao problema.
A pesquisa é desenvolvida a partir dos conhecimentos disponíveis
e da utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros
procedimentos científicos. Na realidade, a pesquisa desenvolve-se
ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a
adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação
dos resultados. Como já trabalhamos alguns dos conceitos de
pesquisa na unidade curricular Seminário I, vale ressaltar que, ao
organizar um projeto, temos de selecionar o tipo de pesquisa que
servirá de método para a realização dos objetivos propostos na
busca de novos conhecimentos.
Para fazer um bolo, por exemplo, primeiro precisamos escolher
qual deles estamos com vontade de comer, em seguida, é preciso
analisar a receita e ver se possuímos todos os ingredientes. Feito
isso, é necessário buscarmos o modo de preparo. Depois vem a
execução da receita e após o tempo de cozimento e resfriamento,
finalmente a degustação do bolo.
Vale lembrar que pesquisa é um processo intelectual para adquirir
conhecimentos e isso se dá pela investigação de uma realidade
e busca de novas verdades sobre um fato (objeto, problema).
Com base em métodos adequados e técnicas apropriadas, o
pesquisador deve buscar conhecimentos específicos, respostas ou
soluções para o problema estudado. Não se deve atribuir verdade
absoluta ao resultado de uma investigação, pois as descobertas são
sempre renovadas e toda análise sobre um fato (objeto, problema)
apresenta várias implicações de ordem apreciativa.
Por que se faz pesquisa?
Como vimos, há muitas razões que determinam a realização de
uma pesquisa. Elas podem, no entanto, ser classificadas em dois
grandes grupos: razões de ordem intelectual e de ordem prática. As
primeiras decorrem da própria satisfação de conhecer e as últimas
decorrem do desejo de conhecer para aprender a fazer algo de
maneira mais eficiente ou eficaz.
Tem sido comum designar as pesquisas decorrentes desses dois
grupos como “puras” e “aplicadas” e discuti-las como se fossem
mutuamente exclusivas. Essa postura é inadequada, pois a ciência
PESQUISAR
[ GLOSSÁRIO ]
Pesquisar significa perquiere do latim. É o
mesmo que caminhar em torno de algo,
buscando perscrutá-lo e aprofundá-lo a partir
de outras perspectivas, ou seja, é buscar com
investigação. É trilhar, com passos firmes,
o caminho da interrogação e da busca de
novos conceitos.
9
busca tanto o conhecimento em si mesmo quanto às contribuições
práticas decorrentes dele. Uma pesquisa sobre problemas práticos
pode conduzir à descoberta de princípios científicos. Da mesma
forma, uma pesquisa pura pode fornecer conhecimentos passíveis
de aplicação prática imediata.
Ressalta-se que a pesquisa surge de uma pergunta ou de um de
problema, ou seja, o objetivo principal da pesquisa é desvendar
respostas para perguntas através da abordagem de processos
científicos e, como toda atividade racional e sistemática, exigese que as ações desenvolvidas ao longo de seu processo sejam
efetivamente planejadas.
Portanto, através deste nosso estudo, procura-se apresentar
estratégias e táticas de pesquisas adequadas aos objetivos tanto
das pesquisas “puras” quanto das “aplicadas”. Por conta disso,
será dedicada atenção tanto aos requisitos básicos das pesquisas
acadêmicas quanto às pesquisas elaboradas para a solução de
problemas práticos.
Êxito de uma pesquisa
Como vimos anteriormente, a pesquisa foca no estudo e na descoberta
de novos conhecimentos e assuntos que são importantes para o
avanço da humanidade. Entretanto, a temática que será estudada
deve ser também importante para você, pesquisador, ou seja, é
importante que você tenha afinidade e interesse no desenvolvimento
da pesquisa e que, dessa forma, sinta-se motivado a ler, analisar,
testar, relatar e publicar seus estudos.
Nesse contexto, é preciso entender a pesquisa como investigação,
estudo, curiosidade, motivação e um desejo de descobrir alguma
coisa que nos confunde, questiona e nos faz sentir a necessidade
de tentar respondê-la.
O desafio das universidades, atualmente, é o de desenvolver, nos
alunos, a capacidade de buscar conhecimentos e de saber utilizálos. O que é muito diferente do que acontecia antes, quando o
importante era dominar o conhecimento. Hoje acredita-se que o
essencial é “dominar o desconhecimento”, ou seja, estando diante
de um problema para o qual não se tem a resposta pronta, o
pesquisador deve saber buscar o conhecimento conexo ao objeto
e, quando não disponível, saber encontrar, ele próprio, as respostas
por meio da pesquisa.
A Pesquisa Científica
De acordo com Gil (1999, p 32), destaca-se: “Conhecimento do
assunto a ser pesquisado; Curiosidade; Criatividade; Integridade
intelectual; Atitude autocorretiva; Sensibilidade social; Imaginação
e disciplina; Perseverança e paciência; Confiança e experiência.”
Portanto, caro aluno, a curiosidade é a “mola propulsora” da pesquisa,
porque ela nos leva a estudar e aprofundar determinados assuntos
que desconhecemos, oferecendo oportunidades de conviver e
construir novos conhecimentos a partir do que já existe publicado.
Exemplificação das etapas do
método científico
Observações
Perguntas
Descobertas
Registros
Seguir
aprendendo
Novas
perguntas
Hipóteses
Conclusões
Experimentação
Fonte dos dados: Adaptado de Energia Eólica (2014).
11
Durante sua vida acadêmica na pós-graduação, você verá que a
produção de artigos é uma etapa fundamental para o aprendizado.
Portanto, pesquisador, não a encare como uma obrigação, para que
a escrita não se transforme em um fardo. É fundamental lembrar
que a escolha do tema deve fazer com que você se sinta realizado
ao escrever. Portanto,
Pesquisar é um trabalho que envolve um planejamento
análogo ao de um cozinheiro. Ao preparar um prato, o
cozinheiro precisa saber o que ele quer fazer, obter os
ingredientes, assegurar-se de que possui os utensílios
necessários e cumprir as etapas requeridas no processo.
Um prato só será saboroso na medida do envolvimento do
cozinheiro com o ato de cozinhar e de suas habilidades
técnicas na cozinha. O sucesso de uma pesquisa também
dependerá do procedimento seguido, do seu envolvimento
com a pesquisa e de sua habilidade em escolher o caminho
para atingir os objetivos da pesquisa (SILVA; MENEZES,
2005, p. 32).
Saber lidar com o novo não é fácil, porque exige que o pesquisador
tenha organização, dedicação, disciplina, comprometimento,
tempo e muito estudo. Portanto, encare este momento como uma
oportunidade de estudar e aprender mais sobre um tema que é
relevante para você e/ou para a sociedade. Tome-o como um
desafio.
Lembre-se sempre de que o êxito da pesquisa depende de vários
fatores, dentre eles:
• Indagação minuciosa do assunto;
• Seleção do material bibliográfico e documental;
• Transcrição correta das informações;
• Anotações claras e objetivas;
• Desenvolvimento ordenado e lógico dos fatos;
• Apresentação ordenada e clara das conclusões ou dos
resultados alcançados;
• Desenvolvimento do processo de pesquisa em harmonia
com os objetivos propostos.
A Pesquisa Científica
Dica !
Ao pesquisar um tema que seja atual e que vá ao encontro de suas
necessidades e expectativas, ou seja, que vá ao encontro de seu
interesse tanto pessoal quanto profissional, você terá grandes
possibilidades de realizar uma pesquisa com êxito.
Resumindo...
• Pesquisar significa, de forma bem simples, procurar
respostas para indagações propostas.
• O sucesso na elaboração de uma pesquisa dependerá do
procedimento que você vai seguir, do seu envolvimento
com a pesquisa e de sua habilidade na escolha do caminho
para que os objetivos sejam atingidos. Esse caminho,
muitas vezes, precisa ser reinventado, pois a pesquisa não
é previsível necessitando além das regras, de imaginação
e muita criatividade por parte do pesquisador.
• O pesquisador pode ser comparado a um detetive e
precisa ter muito cuidado para não tirar conclusões
equivocadas.
• Segundo Gil (2002, p.21), faz-se uma pesquisa quando
não se dispõem de informação suficiente para responder
ao problema. “[...] na realidade a pesquisa desenvolvese no decorrer de um processo que envolve várias fases,
que vão desde a formulação adequada do problema até a
apresentação dos resultados.”
Agora que discutimos sobre o significado do termo pesquisa e seus
diferentes tipos, que tal passarmos para o próximo passo que é a
identificação, localização e seleção das fontes de informação?
13
Fontes de informação
Entenda como fonte de informação os formatos pelos quais a
informação é difundida, ou seja, pode ser um livro, um periódico
(contendo vários artigos), trabalhos publicados na internet que
apresentem diferentes pesquisas publicadas sobre um mesmo
assunto.
O trabalho técnico ou científico exige uma ampla pesquisa
bibliográfica em fontes de informação (livros, periódicos,
dissertações, teses, internet etc.) para basear e sustentar as
ideias que você pretende colocar em prática. Ao elaborar seu
artigo científico, você vai precisar apoiar suas ideias em fontes
de informação que sejam reconhecidas e aceitas, pois serão elas
que darão suporte às suas hipóteses. Elas ainda o auxiliarão na
elaboração da pesquisa, bem como na reflexão de fatos e dados,
estimulando-o a analisar e julgar de forma ética e profissional.
Existe um ditado que diz que o estudioso lê e só depois começa
a fazer sua redação e há quem afirme que um escritor de obras
científicas, técnicas e didáticas lê e escreve ao mesmo tempo. Nas
duas situações, o ato de escrever requer uma reflexão exaustiva
sobre o assunto.
Como vou localizar a informação?
Visite bibliotecas centros de documentação e arquivos, que já
possuem em seu acervo fontes organizadas e selecionadas. Faça
a consulta dos acervos pelos sites das instituições antes de ir até o
local, o que pode otimizar sua busca.
As bibliotecas universitárias possuem o sistema de comutação
bibliográfica, que é um serviço de solicitação de fotocópias e/
ou empréstimo de documentos em bibliotecas nacionais e/ou
no exterior, catálogos, base de dados nacionais e internacionais,
proporcionando a você informações disponibilizadas em qualquer
parte do mundo. Portanto, pesquisador, as bibliotecas fazem parte
do seu roteiro diário.
As bibliotecas são, sem sombra de dúvidas, um abrigo para
você que necessita fundamentar sua pesquisa. Você precisa se
familiarizar com o acervo que elas oferecem, com a forma como
elas classificam os títulos e disponibilizam as informações. Só
A Pesquisa Científica
assim, você conseguirá desenvolver habilidades para trabalhar
com livros, revistas, jornais, enfim, com todo o acervo que uma
biblioteca possui. Vale destacar que muitos desses recursos já
estão disponibilizados on-line. Há, inclusive, muitos periódicos,
que são jornais que tratam de assuntos de uma área específica,
que têm versões on-line. Assim como um jornal, esses periódicos
tratam de áreas específicas, por isso, usam um linguajar próprio.
Acervo de uma biblioteca
- Entende-se como acervo um conjunto de obras que formam o
patrimônio de uma biblioteca, ou seja, um conjunto de documentos
(livros, revistas, jornais, catálogos, dissertações, teses, CDs, DVDs
etc.) que a biblioteca organiza e abriga.
- Existem dois tipos de bibliotecas: as especializadas, que
guardam obras de um ramo de conhecimento específico. Exemplo:
biblioteca de Administração, biblioteca de Medicina etc. Há
também as bibliotecas gerais, que têm obras de diversas áreas
do conhecimento. Existem também as bibliotecas públicas, que se
destinam ao atendimento do público em geral, cujo objetivo é a
educação extraescolar. Neste sentido, destacamos o Moodle, onde
podemos encontrar as páginas de disciplinas, grupos de trabalho e
comunidades de aprendizagem.
Pesquisa na internet
É comum ouvir estudantes afirmando que tudo o que é preciso
saber encontra-se na internet. Esse tipo de afirmação exige
reflexão. Não há dúvidas de que a internet é uma das maiores
fontes de informação e pesquisa em todo o mundo. Também é
inegável a contribuição que a rede mundial de computadores (e
outros dispositivos de comunicação) trouxe para a circulação de
dados e informações.
Entretanto, algumas ressalvas devem ser apresentadas. Mattar
(2008) lembra que são poucos os livros publicados por completo
na internet. Temos ainda, apesar do franco crescimento, apenas
uma pequena fração de artigos científicos, jornais acadêmicos,
15
revistas especializadas, relatórios de pesquisa, entre outros
materiais científicos divulgados na rede mundial. Além de tudo
isso, a simples disponibilidade na internet não significa qualidade
da informação. Ciente dessas questões, o estudante deve utilizar a
web com consciência e seletividade.
Tipos de publicação
As bibliotecas possuem uma divisão de seu acervo, considerando
os tipos de publicação, de informação e uso, como você verá a
seguir:
• Coleção de livros: livros científicos, literários e didáticos.
• Livros de referência: enciclopédias, dicionários, índices,
atlas e bibliografias.
• Periódicos: são as publicações que apresentam artigos
atuais e também jornais e revistas antigas.
É nessa etapa de pesquisa que você vai estabelecer sua estratégia
de investigação, ou seja, fazer a busca do material em bibliotecas e
materiais on-line disponíveis para familiarizar-se com as fontes de
informação sobre o tema que você escolheu. Após a identificação e
a localização dessas fontes, você fará uma triagem, quer dizer uma
seleção das fontes levando em consideração se elas serão úteis
para a sua pesquisa e se são de qualidade.
• Selecione sempre as fontes mais recentes.
• Não utilize material que não esteja referenciado corretamente.
• Muita atenção quando utilizar material da internet: verifique
sua procedência; priorize sempre revistas científicas que
contenham valor científico e confiável; evite sites como a
Wikipédia que não possui conteúdo controlado e filtrado.
De acordo com Marconi e Lakatos (2010), as fontes de informação
são agrupadas conforme seus conteúdos:
Fontes tradicionais de
A Pesquisa Científica
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informação
Coleção de livros
Livros científicos, literários e didáticos.
Periódicos
São as publicações que apresentam artigos
atuais e também jornais e revistas antigas.
Fontes de informação para negócios
Relatórios anuais de companhias, relatórios
de pesquisas de mercado, revistas técnicas,
manuais, revistas de negócios, catálogos,
jornais, dentre outros.
Livros de referências
Enciclopédias, dicionários, índices, atlas e
bibliografias.
Fontes de informação técnica
Normas técnicas, documentos de patentes,
legislação e publicações referentes à área.
Fontes de informação científica
Monografias, periódicos de revistas, artigos
científicos, anais de conferências, congressos,
eventos científicos.
Fonte dos dados: Adaptado de Marconi e Lakatos (2010).
Fontes de informações confiáveis
para consulta via internet
Google Acadêmico
Biblioteca da UFSC
http://scholar.google.com.br/
http://portalbu.ufsc.br/
Disponibiliza trabalhos acadêmicos nas mais
mais variadas áreas do conhecimento.
Dissertações e teses defendidas na UFSC.
Portal Prossiga
Scielo Brasil
http://prossiga.ibict.br
http://www.scielo.br/
Portal de periódicos e base de dados nacionais
e internacionais.
Acervo de bibliotecas virtuais, possui artigos
científicos de várias áreas do conhecimento.
Portal Domínio Público
Portal da CAPES
http://www.dominiopublico.gov.br
http://www.periodicos.capes.gov.br/
Obras contendo textos completos dentre elas,
dissertações e teses defendidas no Brasil.
Acesso livre aos principais periódicos científicos
e a uma base de dados internacional.
Fonte dos dados: Adaptado de Dutra (2009).
A Pesquisa Científica
Atenção para os seguintes critérios
a serem considerados na seleção
das fontes de informação:
Além de facilitar o acesso e a localização das fontes de informação,
os critérios de avaliação têm como objetivo principal: identificar,
analisar, selecionar e organizar as fontes procuradas. Um critério
importante a ser considerado é que algumas fontes de referência
não se apresentam em texto completo. Nesse caso, será necessário
mandar buscar em uma biblioteca mais próxima que possua a
assinatura e pagar pelo serviço solicitado.
Outro critério que você deve ficar atento quando for manusear uma
fonte de informação é identificar se há os seguintes dados: autor,
título, cidade, ano e editora. Segundo Thiollent (2004, p.19), “[...]
importância de avaliar-se a informação disponível na internet
é bastante significativa para quem a utiliza com a finalidade [de]
pesquisa, e é de extrema relevância para enfatizar a inconstância da
qualidade das informações encontradas.” Os critérios de autoridade,
atualidade, precisão, clareza na apresentação e organização da
informação, segundo os autores citados, são de suma importância
na seleção das fontes a serem utilizadas. Portanto, são critérios que
você deve considerar na seleção das fontes de informação para
atingir os resultados almejados na pesquisa.
Leitura e interpretação
Faça sempre a leitura do material que você selecionou. Leia e
releia, sinalize e resuma os pontos mais importantes para ajudar
na compreensão do assunto. Mas, se você tiver dificuldade em
respondê-las, saiba mais pesquisando em:
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos
de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de
fichamentos, resumos, resenhas. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
19
Critérios de
seleção
Autor
Data de publicação da fonte
Quais são as credenciais do autor? Ele é afiliado
a alguma instituição? Escreve sobre o assunto
que você deseja? Esse autor é referenciado em
bibliografias e foi indicado pelo seu professor?
Quando foi publicado? A data geralmente está
localizada abaixo do nome do autor. Se por um
acaso você não conseguir localizar, procure na
última página pelo Copyright e a data estará lá.
Não esqueça de verificar se o assunto
procurado é atual, pois tanto a área tecnológica
quanto a médica passam, constantemente, por
mudanças e sua pesquisa corre o sério risco de
ficar desatualizada.
Edição ou revisão
Título do periódico ou do jornal
A publicação é primeira edição? Fique atento se
não existem novas edições com adaptações
atuais e revisadas.
Público-alvo
Qual é o perfil do público a que se destina?
Avaliar se é uma publicação especializada,
técnica, destinada a leitores avançados e
se está adequada às necessidades de sua
pesquisa.
Verificar se a publicação é acadêmica,
especializada ou direcionada a um público
definido. Essa constatação é de suma
importância, porque indica diferentes níveis
de complexidades na ordenação das ideias.
Informação
A respectiva informação está baseada em fatos,
opiniões ou propaganda? É muito importante
separar fatos de opinião, pois os fatos podem
ser usualmente verificados, já as opiniões
podem estar baseadas em informações factuais,
o que envolve interpretações dos fatos.
Fonte dos dados: Adaptado de Thiollent (2004).
A Pesquisa Científica
A pesquisa científica caracteriza-se pela busca de fontes
de informação. Todo esse processo deve ser feito de forma
sistemática e racional, de acordo com as regras que foram citadas,
considerando que a leitura e a interpretação são fundamentais em
todo o processo de pesquisa.
Que tal agora colocarmos em prática esses conhecimentos? Vamos
lá, já que estamos falando sobre conhecimento, pesquisa e formas
de descobrir as coisas, que tal começarmos analisando a citação
de Nietzsche que registra, o que não deixa de ser um “alerta”,
em sábias palavras, a caminhada a ser trilhada dentro da unidade
curricular Seminário de Pesquisa e Intervenção II?
Nietzsche (2004) diz que:
Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás
passar, para atravessar o rio da vida - ninguém, exceto tu,
só tu. Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e
semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas
isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te
perderias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu
podes passar. Onde leva? Não perguntes, segue-o!
Caro aluno, lembre-se de que pesquisar é o mesmo que caminhar
em torno de algo, a partir de outras perspectivas, buscando, de
modo sistemático e rigoroso, compreender o objetivo da pergunta...
Pesquisar é fazer ciência, é construir conhecimento novo.
Nesta unidade estudamos que pesquisar significa, de forma bem
simples, procurar respostas para indagações propostas, ou seja, é
a realização concreta de uma investigação planejada, desenvolvida
e redigida baseada no raciocínio lógico, que tem por objetivo
encontrar soluções para os problemas propostos mediante o
emprego de métodos científicos.
21
SEMINÁRIO DE PESQUISA E INTERVENÇÃO II
UNIDADE 2
Magda Camargo Lange Ramos
Tipos de
Pesquisa
Pesquisar é buscar ou procurar resposta para alguma coisa. Em
se tratando de Ciência (produção de conhecimento), a pesquisa
é a busca de solução a um problema que alguém queira saber a
resposta. Pesquisa é, portanto o caminho para se chegar à ciência, ao
conhecimento.
É na pesquisa que utiliza-se diferentes instrumentos para se chegar
a uma resposta mais precisa. O instrumento ideal deverá ser
estipulado pelo pesquisador para se atingir os resultados ideais. Por
isso a importância de se definir o tipo de pesquisa e da escolha do
instrumental ideal a ser utilizado.
Tipos de Pesquisa
Vamos supor que você esteja interessado em montar um curso na
modalidade EaD e está pensando em como atingir seu público-alvo,
nesse caso, os professores da rede municipal de Florianópolis. Para
tanto, você decide realizar uma pesquisa para identificar o perfil desses
professores e para saber qual é a área/disciplina de maior interesse.
Como você planejaria essa pesquisa? Qual seria o delineamento
(estrutura da pesquisa, coleta, análise e interpretação dos dados) a
ser utilizado? A metodologia científica pode ajudá-lo nesse processo,
porque ela oferece condições para efetivação desse tipo de pesquisa.
É importante destacar que a utilização de métodos científicos não
garante por si só o êxito da pesquisa. Todavia, a omissão das
técnicas e métodos da ciência fatalmente conduz a investigação ao
fracasso ou, no mínimo, a resultados pouco significativos. Para se
utilizar a metodologia científica é necessário compreender primeiro
os elementos que a constitui:
• classificação das pesquisas;
• técnicas de coleta de dados;
• formas de interpretação e análise dos dados.
Classificação da pesquisa
Há inúmeras formas de classificar as pesquisas científicas e não
existe uma taxonomia única e absoluta. Utilizamos aqui uma
classificação fundamentada principalmente nos trabalhos de
Appolinário (2011) e Gil (2002):
Tipos de Pesquisa
Quadro 1: Classificação da pesquisa
Classificação da pesquisa
CLASSIFICAÇÃO
DESCRIÇÃO
Básica
Procura ampliar o volume de conhecimentos novos com o
intuito de contribuir para o avanço e progresso da ciência.
NATUREZA
DA PESQUISA
FORMA DE
ABORDAGEM
DO PROBLEMA
FINALIDADE
DA PESQUISA
Aplicada
Busca produzir conhecimentos para aplicações práticas em
realidades locais.
Quantitativa
Considera que tudo pode ser quantificável, o que significa
traduzir em números as opiniões e informações para
classificá-las e analisá-las.
Qualitativa
Procura interpretar e atribuir significados aos fenômenos.
Exploratória
Almeja aumentar a intimidade do pesquisador com o
problema de pesquisa no intuito de torná-lo mais claro ou
auxiliar na construção das hipóteses.
Descritiva
Descreve as características de determinada população ou
fenômeno e também busca as relações entre as variáveis.
Explicativa:
Bibliográfica
DELINEAMENTO
DA PESQUISA
LOCAL DE COLETA
Procura identificar os fatores que determinam ou que
contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Nesse caso, o
interesse é o de explicar a razão, o porquê das coisas.
Material já elaborado (livros e artigos).
Documental
Materiais que não receberam tratamento analítico (exemplo:
manual de normas e procedimentos da empresa, atas de
reunião etc.).
Experimental
Realização de experimentos (controle de variáveis).
Ex-post facto
Experimento após o fato. O pesquisador não tem controle
sobre as variáveis (elas ocorrem espontaneamente).
Estudo de corte
É realizado a partir de um grupo de pessoas com
características comuns; o intuito é o de observar e analisar as
alterações ocorridas com os participantes durante o tempo
especificado.
Levantamento
São feitas entrevistas com as pessoas cujo comportamento
se deseja conhecer.
Estudo de caso
Estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos.
Pesquisa-ação
Interação entre o pesquisador e sujeitos envolvidos (ação
para solução do problema da pesquisa).
Participante
Também envolve a interação entre pesquisador e sujeitos,
mas não está presa à solução do problema.
Pesquisa de campo
Coleta de dados realizada em situação real, sem o controle
do pesquisador.
Fonte: A autora (2014).
25
Apresentamos aqui apenas as considerações gerais acerca da
classificação das pesquisas. É essencial que você aprofunde seus
conhecimentos nos livros e materiais indicados no ambiente virtual
de ensino e aprendizagem. Procure identificar outras propostas de
classificação sugeridas nas obras de metodologia.
Após a definição dos fatos e fenômenos a serem investigados e
do planejamento e classificação da pesquisa, devemos direcionar
nossa atenção às técnicas de coleta de dados. É importante que
você conheça e saiba utilizar os instrumentos de pesquisa.
Considerando o que já foi estudado até aqui, reforça-se a
concepção de que a Ciência é um processo sistemático cujo
objetivo é conhecer, interpretar e intervir na realidade, tendo como
pressupostos problemas formulados que sustentam regras e ações
adequadas à constituição do conhecimento.
SEMINÁRIO DE PESQUISA E INTERVENÇÃO II
UNIDADE 3
Magda Camargo Lange Ramos
TÉCNICAS E
INSTRUMENTOS
DE PESQUISA
A pesquisa científica orienta-se por um conjunto de procedimentos e
etapas que organizam um conhecimento sobre os fenômenos. Métodos,
técnicas e instrumentos são procedimentos adotados pelo pesquisador no
desejo de fazer ciência, pois toda e qualquer atividade a ser desenvolvida,
seja teórica ou prática, requer procedimentos. O método significa o
caminho para se chegar a um fim e a técnica é o meio de fazer, de forma
mais segura e adequada, determinadas atividades que se encaminham
para um fim específico. Já os instrumentos são os recursos utilizados para
coleta de dados junto as fontes de pesquisa.
Ou seja, os métodos e as técnicas são indispensáveis numa investigação
científica, pois contribuirá para a ampliação do conhecimento já
acumulado, bem como para a construção, reformulação e transformação
de teorias científicas.
Técnicas e Instrumentos
de Pesquisa
No decorrer do processo de pesquisa, após a definição dos
fatos ou fenômenos a serem investigados e da identificação dos
participantes do estudo, torna-se necessário determinar como os
dados e as informações serão obtidos com o intuito de resolver
o problema de pesquisa. A coleta de informações sobre os fatos,
fenômenos ou mesmo sobre os participantes da investigação
implica a utilização de instrumentos ou técnicas de coleta de
dados, que podem acontecer através de: questionário, entrevista,
observação ou através de um grupo focal.
Técnicas e Instrumentos de Pesquisa
Observe que:...
dado e informação não possuem o mesmo significado.
1.Dados: De maneira geral, é o conteúdo quantificável e que
por si só não transmite nenhuma mensagem que possibilite
o entendimento sobre determinada situação. Os dados
podem ser considerados a unidade básica da informação.
Sem dados, não temos informações, pois essas são
criadas a partir daqueles.
Exemplo: No relatório de vendas de uma empresa, foi obtido o dado
de que ela realizou um total de vendas no período de R$ 500.000,00
(quinhentos mil reais). O que isso significa? Nada! Isso é só um
dado, ele não diz que a empresa obteve lucro com esse montante
de vendas ou não, não diz se o objetivo foi atingido ou não etc.
2.Informação: É o resultado do processamento dos dados.
Ou seja, os dados foram analisados e interpretados sob
determinada ótica e a partir dessa análise, foi possível
qualificar esses dados. Em algumas profissões, os
processos podem ser descritos como os que foram feitos
abaixo:
Entrada (dados) >> Processamento (análise dos dados) >> Saída
(informação).
Exemplo: Usando a situação do exemplo anterior, vamos
transformar os dados sobre as vendas da empresa em informação.
Imaginemos que e meta de vendas da empresa fosse de R$
800.000,00 (oitocentos mil reais) e com esse total de vendas ela
poderia pagar suas contas, os funcionários etc.
Fazendo o processamento dos dados, obtemos a informação
de que a empresa não obteve o volume de vendas necessário à
manutenção de suas atividades.
Resumindo: Dado é a base para a informação. Ele não é capaz de
descrever uma situação por completo. Ele pode ser quantificado,
mas não qualificado. Já a informação tem conteúdo entendível,
capaz de expressar uma situação.
29
[ Lembre-se de que o simples fato de
utilizar técnicas científicas de coleta
ou de análise dos dados não garante
a qualidade final do trabalho. Outros
fatores devem ser considerados, entre
eles, aqueles ligados ao aspecto ético. ]
Inúmeros são os procedimentos e instrumentos para a realização
de coleta de dados que variam em decorrência das circunstâncias
e/ou do tipo de investigação proposto. Um instrumento de pesquisa
pode ser um telescópio (se o objetivo for estudar os planetas, por
exemplo), um termômetro (se a intenção for realizar a medição da
temperatura dos corpos em geral), um acelerador de partículas (se
o interesse for identificar características de partículas subatômicas)
etc. Quando se realiza pesquisas em Ciências Sociais, os
instrumentos usualmente utilizados são questionários, entrevistas,
observações, formulários, entre outros.
É importante lembrar, comenta Appolinário (2011), que o pesquisador
deve esclarecer a forma como os instrumentos serão utilizados.
Em outras palavras, quais os procedimentos relacionados à coleta
de dados e as variáveis envolvidas (por exemplo: quem preenche
os questionários, etapas de uma entrevista, tempo limite para
coleta de dados, responsáveis pela transcrição das entrevistas
etc). Lakatos e Marconi (2010) recordam que a coleta de dados é,
diversas vezes, uma tarefa extenuante que toma mais tempo do
que o previsto inicialmente. Isso exige do pesquisador paciência
e perseverança, além do cuidadoso registro dos dados e preparo
antecipado. De modo geral, as técnicas de coleta de dados mais
utilizadas são: coleta documental e bibliográfica, entrevista,
questionário, observação e formulário.
Portanto, a pesquisa é a construção de um conhecimento original
de acordo com certas exigências científicas. Para que seu estudo
tenha comprovação científica, ele deverá obedecer aos critérios de
coerência, consistência, originalidade e objetividade. É desejável
que uma pesquisa científica preencha os seguintes requisitos:
“ [...] a) e existência de uma pergunta que se deseja responder;
b) a elaboração de um conjunto de passos que permitam chegar
à resposta; c) a indicação do grau de confiabilidade na resposta
obtida.” (GOLDEMBERG, 1999, p.106).
Técnicas e Instrumentos de Pesquisa
Questionário
Os questionários são ferramentas de coleta de dados às quais as
pessoas respondem a um conjunto de questões em uma ordem
preestabelecida. O questionário é constituído por uma série de
perguntas ordenadas, respondidas por escrito e sem a presença
do entrevistador (LAKATOS; MARCONI, 2012). É uma das técnicas
mais utilizadas na coleta de dados primários em pesquisas sociais.
Os questionários costumam ser mais vantajosos por conta de
(GRAY, 2012, p. 275): baixo custo em termos de tempo e dinheiro;
fluxo rápido de dados de várias pessoas; conveniência para que
o entrevistado complete o questionário em local que lhe convir;
as perguntas podem ser codificadas rapidamente (particularmente
as questões fechadas); possibilidade de garantia do anonimato do
entrevistado; certa objetividade na pesquisa em comparação com
outros métodos.
Algumas desvantagens dos questionários (LAKATOS; MARCONI;
2010, p. 185): baixo retorno; grande quantidade de questões
sem respostas; não pode ser utilizado com pessoas analfabetas;
impossibilidade de auxiliar o entrevistado em caso de dúvidas;
inúmeras vezes não é a pessoa escolhida quem responde ao
questionário; desconhecimento das circunstâncias em que as
questões foram respondidas.
Lakatos e Marconi (2010, p. 186) oferecem algumas sugestões para
a elaboração do questionário:
• identificar a entidade ou a organização patrocinadora: o
entrevistado precisa saber qual é a empresa ou instituição
representada pelo pesquisador;
• limitar a extensão e finalidade: se o questionário for muito
longo, pode causar desinteresse e fadiga; se for muito
curto, pode não oferecer informações suficientes;
• codificar as questões: a intenção é facilitar a tabulação dos
dados posteriormente;
• apresentar instruções e notas explicativas: o entrevistado
deve compreender a finalidade e a importância de suas
respostas;
31
• observar a estrutura e forma do questionário: tamanho,
facilidade de manipulação, espaço para respostas,
disposição dos itens etc;
• realizar pré-teste: o questionário deve ser testado antes de
sua efetiva aplicação.
Os questionários podem apresentar dois tipos de perguntas: abertas
e fechadas. As perguntas abertas, também chamadas de livre e não
limitadas, são aquelas em que o entrevistado tem total liberdade
para emitir opiniões e expressar juízos utilizando linguagem própria.
A vantagem das perguntas abertas, comenta Gray (2012, p. 282),
“[...] é o potencial para a riqueza de respostas, algumas das quais
podem ser previstas pelos pesquisadores.” Por outro lado, esse
tipo de questionário demanda mais tempo para que se faça uma
análise detalhada dos dados. Exemplo de pergunta aberta: O que
você mais gosta na cidade?
[ Inúmeros exemplos de perguntas
fechadas e abertas estão disponíveis
nas obras de metodologia científica.
Procure a biblioteca de uma instituição
educacional, pesquise na internet ou
pergunte ao tutor do curso. ]
As perguntas fechadas, também chamadas de limitadas ou de
alternativas fixas, são aquelas em que o entrevistado escolhe uma
resposta entre as alternativas disponíveis. Esse tipo de pergunta
facilita a análise dos dados. Em contrapartida, elas restringem a
riqueza de respostas. Exemplos de pergunta fechada: Você gosta
de comida italiana? ( ) sim ( ) não.
Com o advento da internet, muitos questionários em papel foram
substituídos por versões digitais, as quais são respondidas
diretamente em sites ou por correio eletrônico. A facilidade
conferida pela internet e pelos programas de tabulação de dados
coletados trouxe, em contrapartida, a exigência de maior habilidade
na formulação desses questionários.
Vergara (2009a) lembra que o questionário é mais indicado para
pesquisas em que é necessário entrevistar um grande número
de pessoas, nesses casos, costuma-se utilizar pesquisas do tipo
survey. Nesse caso, o pesquisador precisa ter clareza do que quer
perguntar. Outro limitador desse método é que não há interação
entre pesquisador e pesquisado.
Vejamos um exemplo:
Técnicas e Instrumentos de Pesquisa
Questionário
1) Faculdade de origem
( ) pública ( ) privada
2) Sexo
( ) masculino ( ) feminino Idade: ____ anos
3) Qual sua formação acadêmica?
( ) graduação ( ) especialização ( ) mestrado ( ) doutorado
4) Há quanto tempo atua na área de Educação Física Escolar
( ) menos de 1 ano ( ) entre 1 e 5 anos ( ) entre 5 e 10 anos ( ) mais de 10 anos
5) Possui conhecimentos sobre Educação Especial e/ou Educação Física Adaptada?
( ) sim ( ) não
6) Caso possua, onde obteve essas informações?
( ) curso de graduação ( ) curso de extensão ( ) palestras
( ) curso de especialização ( ) mestrado ( ) doutorado
( ) leituras independentes ( ) outros
7) O que você entende por inclusão de pessoas portadoras de deficiência no
ensino regular?
8) Há algum aluno com deficiência em sua escola?
( ) sim ( ) não
9) Em caso afirmativo que tipo de deficiência?
( ) física ( ) mental ( ) auditiva ( ) visual ( ) outras
10) Você acredita ter conhecimentos suficientes para incluir um aluno deficiente
em suas aulas?
( ) sim ( ) não
11) Em caso afirmativo, o que você prioriza em suas aulas para incluir este
aluno?
12) Em sua opinião, quais são os requisitos necessários para um professor de
Educação Física poder incluir um aluno com deficiência em suas aulas?
13) Na sua opinião, a participação do aluno com deficiência em aulas de
Educação Física auxilia a inclusão do aluno na comunidade escolar?
( ) sim ( ) não
14) Em caso afirmativo, por que e de que forma?
Fonte dos dados: Adaptado de Vergara (2005).
33
Entrevista
Esse é um procedimento de coleta de dados que envolve o encontro
entre pessoas, na qual uma delas cumpre o papel de pesquisador
(entrevistador). Frequentemente, o entrevistador utilizará uma série
de perguntas escritas e organizadas de maneira metodológica para
auxiliar o processo de entrevista. Em outras ocasiões, as perguntas
servirão apenas como uma referência aos principais pontos tratados
durante o colóquio.
Importa recordar o conselho de Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 51)
de que a entrevista deve ser orientada a um propósito definido: “[...],
por meio de interrogatório do informante, dados para a pesquisa.”
Neste sentido, a entrevista é uma técnica de coleta indicada quando
a investigação necessita, por exemplo, examinar sentimentos e
atitudes dos entrevistados (GRAY, 2012). Ela é útil também para
os casos em que as pessoas preferem falar (conversar) ao invés de
escrever (responder um questionário, por exemplo); outra vantagem
da entrevista é o esclarecimento imediato, pelo entrevistador, de
questões não compreendidas pelo entrevistado. Diante do exposto,
Gray (2012) argumenta que as entrevistas são mais indicadas
que os questionários quando as perguntas são abertas ou muito
complexas para serem respondidas por escrito (GRAY, 2012).
Vergara (2009a) afirma que a característica essencial de uma entrevista
é a interação verbal entre pesquisador e o grupo pesquisado.
Há diversos tipos de entrevistas e a escolha da técnica empregada
depende particularmente dos objetivos impostos à pesquisa. A
classificação apresentada a seguir baseia-se na divisão proposta
por Gray (2012, p. 300-302):
• Entrevistas estruturadas: normalmente utilizadas para coleta
de dados quantitativos, as perguntas são preparadas
antecipadamente e estruturadas (mesmas perguntas para
todos os entrevistados) e usualmente as respostas são
registradas em planilhas.
• Entrevistas semiestruturadas: não são padronizadas e, muitas
vezes, são usadas em análise qualitativa. O entrevistador possui
uma lista de perguntas orientadoras que servem de referência
para a entrevista, mas outras questões podem ser abordadas.
Nesse caso, as respostas são gravadas ou documentadas
por anotações e isso permite aprofundamentos das visões e
opiniões da cada entrevistado.
Técnicas e Instrumentos de Pesquisa
• Entrevistas não diretivas: também chamadas de não estruturadas.
Nesse caso, são coletados dados principalmente para as
pesquisas qualitativas e eles são utilizados para explorar tópicos
em profundidade. As perguntas costumam não ser planejadas
antecipadamente e os entrevistados podem falar livremente
em torno do tema selecionado.
• Entrevistas direcionadas: fundamentam-se em respostas subjetivas
do entrevistado a partir de uma situação conhecida ou vivenciada
por ele. O entrevistador deve conhecer previamente a situação
para orientar a atenção do entrevistado.
• Entrevistas com conversas informais: utiliza a geração espontânea
de perguntas no transcorrer da entrevista. É a forma mais
aberta de técnica de entrevista e oferece flexibilidade em
termos dos rumos que a entrevista pode tomar.
Vergara (2009a) aponta que a entrevista permite ao entrevistador
explicar o significado de seus questionamentos. Por outro lado,
segundo a autora, ela tem limitações, porque requer tempo e
dedicação do entrevistador e do entrevistado. Nesse caso, ainda é
comum que o entrevistado se deixe influenciar pelo entrevistador.
Dicas para elaboração da entrevista:
• A data da entrevista deverá ser marcada com antecedência
e a situação em que se realiza deve ser discreta.
• Registrar os dados imediatamente (anotando-os ou
utilizando gravador).
• Certificar-se de possuir permissão do entrevistado para
registrar os dados e utilizá-los na pesquisa.
• Obter e manter a confiança do entrevistado.
• Deixar o entrevistado à vontade.
• Dispor-se mais a ouvir do que falar.
• Mantenha o controle da entrevista (temas).
• Iniciar pelas perguntas que tenham menos possibilidades
de provocar recusa.
• Não emitir opinião.
35
Observação
A observação é uma técnica de coleta que utiliza os sentidos para
explorar e obter determinados dados do objeto investigado. Nessas
condições, o pesquisador entra em contato direto com o fenômeno
estudado com o intuito de explorar algumas de suas condições
particulares.
A observação é um dos componentes básicos da investigação
científica, lembram Lakatos e Marconi (2010, p.174), sendo utilizada
particularmente nas pesquisas de campo. Essa técnica auxilia o
pesquisador na obtenção de provas “a respeito dos objetivos sobre
os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam o
comportamento.”.
Há diversas maneiras de classificar a técnica de observação.
Lakatos e Marconi (2010, p. 175) utilizam a taxonomia:
• segundo os meios utilizados: observação não estruturada
(assistemática), observação estruturada (sistemática);
• segundo a participação do observador: observação não
participante, observação participante;
• segundo o número de observações: observação individual,
observação em equipe;
• segundo o lugar onde se realiza: observação efetuada na
vida real (trabalho de campo), observação efetuada em
laboratório.
Grupo focal
O grupo focal vem sendo empregado há muito tempo, sendo
primeiramente mencionada como técnica de pesquisa em marketing
nos anos 1920 e usada por Robert Merton na década de 1950 para
estudar as reações das pessoas à propaganda de guerra.
Os grupos focais ou entrevistas de grupo focal têm sido
empregados em pesquisas mercadológicas desde os anos 1950
e, a partir dos anos 1980, começaram a despertar o interesse
dos pesquisadores em outras áreas do conhecimento, como as
Ciências Sociais, a Ergonomia, as Ciências Médicas, a Ciência da
Técnicas e Instrumentos de Pesquisa
Informação, entre outras. Pela crescente aplicação dessa técnica,
inclusive em pesquisas acadêmicas, e por ter sido ainda pouco
explorada na literatura científica, seria oportuno analisá-la como
alternativa às técnicas de coleta de dados mais tradicionais, tais
como questionários e entrevistas individuais.
É uma técnica de pesquisa ou de avaliação qualitativa, não diretiva,
que coleta dados por meio das interações grupais ao discutir um
tópico sugerido pelo pesquisador. Ocupa, como técnica, uma posição
intermediária entre a observação participante e a entrevista de
profundidade. Pode ser caracterizada também como um recurso para
compreender o processo de constituição das percepções, atitudes
e representações sociais de grupos humanos. Nessa técnica o mais
importante é a interação que se estabelece entre os participantes. O
facilitador da discussão deve estabelecer e facilitar a discussão e não
realizar uma entrevista em grupo – sua ênfase está nos processos
psicossociais que emergem, ou seja, no jogo de interinfluências da
formação de opiniões sobre um determinado tema.
Resumidamente, a científica torna-se um modo de conhecer que
se utiliza de métodos, técnicas e instrumentos de coleta de dados
no seu planejamento e execução. Ela é uma atividade desenvolvida
por pesquisadores que buscam apreender o real por meio de um
exercício reflexivo e crítico. Lembrando que a iniciação científica
dá-se por meio de estímulos à problematização do cotidiano, dos
exercícios fundamentais para a iniciação científica.
37
SEMINÁRIO DE PESQUISA E INTERVENÇÃO II
UNIDADE 4
Magda Camargo Lange Ramos
Análise dos
Dados
Na análise de dados o pesquisador deverá planejar e explicar quais as
principais operações que o mesmo usará para ponderar os dados que
obteve, a fim de atingir os objetivos da pesquisa ou a fim de verificar cada
hipótese da mesma, ou seja, a análise de dados possui diferentes facetas
e abordagens, incorporando técnicas diversas. Tem grande importância em
áreas como: ciências, estudos sociais e negócios, por conta da diversidade
de modelos possíveis.
Análise dos Dados
Após a coleta e manipulação dos dados, o estudo se encaminha
para a análise e a interpretação dos mesmos. Ambos os
procedimentos devem ser entendidos como atividades distintas,
porém intimamente interligadas. Lakatos e Marconi (2010, p. 151)
destacam que “a importância dos dados está não em si mesmos,
mas em proporcionarem respostas às investigações.”. Neste
sentido, a análise e interpretação representam o núcleo fundamental
de qualquer pesquisa.
[ No processo de análise, o investigador procura detalhar os dados
a fim de encontrar respostas às
indagações propostas pela pesquisa, buscando ainda, estabelecer
relações entre os dados coletados e
as hipóteses levantadas. ]
De modo geral, a análise pode ser entendida como uma “tentativa
de evidenciar as relações existentes entre o fenômeno estudado e
outros fatores.” (LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 151).
A interpretação é, segundo Lakatos e Marconi (2010, p. 152), “a
atividade intelectual que procura dar um significado mais amplo
às respostas, vinculando-as a outros conhecimentos.”. Em tese, a
Análise dos Dados
interpretação busca expor o significado mais íntimo dos resultados
apresentados em relação aos objetivos da pesquisa. Destacam-se
dois aspectos importantes na interpretação dos dados (Lakatos;
Marconi, 2010):
• construção de tipos, modelos, esquemas: relacionados
usualmente a procedimentos estatísticos – o que não
impede a sua utilização nas pesquisas qualitativas –, esse
método busca determinar a relação entre variáveis a partir
das hipóteses ou o problema de pesquisa com o intuito de
obter os resultados esperados;
• ligação com a teoria: perspectiva de que a interpretação
deve estar presente desde o início da pesquisa; é necessário
relacionar a opção teórica escolhida à interpretação da
realidade social.
Se a abordagem utilizada na investigação for de cunho quantitativo,
o pesquisador deve realizar a tabulação dos dados coletados. Em
outras palavras, os dados devem ser organizados em planilhas,
tabelas e gráficos para posterior análise e interpretação. Por outro
lado, se o pesquisador optou pela abordagem qualitativa, há
outras formas e procedimentos técnicos indicados como: análise
de conteúdo, análise do discurso, grupos focais, etnografia, entre
outros.
A seguir são apresentadas, de modo introdutório e breve,
as principais características da análise de dados a partir das
perspectivas quantitativa e qualitativa.
Análise quantitativa de dados
A abordagem da pesquisa quantitativa pressupõe a utilização da
estatística como ferramenta essencial para análise dos dados
coletados. Não cabe, nas dimensões propostas a esse item,
apresentar todos os detalhes dos procedimentos estatísticos para a
análise de dados. Importa, contudo, indicar ao pesquisador iniciante
as principais possibilidades e exigências do método estatístico.
Em termos de pesquisa quantitativa, lembra Appolinário (2011, p.
145), há duas dimensões importantes que devem ser observadas
no método científico: “o objetivo que se deseja alcançar com a
estatística e o tipo de técnica a ser utilizada.”. Nessas condições,
prossegue Appolinário (2011), a estatística pode ser utilizada de
duas maneiras fundamentais: para descrever dados e para testar
41
hipóteses. Quando a finalidade é apenas descrever dados, fazemos
uso da estatística descritiva. Quando o interesse for testar hipóteses,
utilizamos particularmente a estatística inferencial.
A estatística descritiva representa um conjunto de técnicas que
tem a finalidade de resumir dados e informações investigadas,
apresentando-os de maneira simples, rápida e prática. Um exemplo
de estatística descritiva pode ser visto nas pesquisas eleitorais onde
os resultados são demonstrados na forma de tabelas e gráficos,
o que facilita a interpretação dos dados. “Nessas condições,
toda pesquisa de caráter predominantemente quantitativo – seja
descritiva ou experimental – deve utilizar técnicas estatísticas.
Fazem parte desta abordagem” (Appolinário , 2011, p.36):
• distribuição de frequência: procedimento que permite
organizar os dados de acordo com a ocorrência de diferentes
resultados observados, podendo ser construído na forma de
tabela ou gráfico;
• medidas de tendência central: são valores representativos
em uma distribuição de dados, sendo que as medidas de
tendência central mais utilizadas são a média, a moda e a
mediana;
[ Consulte as obras de estatística
para conhecer os diferentes
coeficientes de correlação e a
adequada utilização desses em
relação aos tipos de variáveis
estudadas. ]
• medidas de dispersão: essas medidas informam se um
conjunto de dados é homogêneo (pouca variabilidade) ou
heterogêneo (muita variabilidade) em relação a uma média,
sendo que as duas principais medidas de dispersão são a
variância e o desvio padrão;
• regressões e correlações: a análise de regressão fornece
uma função (equação) matemática que descreve a relação
entre duas ou mais variáveis e a correlação estabelece um
número que representa o grau de relação entre elas.
A estatística inferencial estuda os dados da amostra (parte) com
o intuito de compreender o comportamento do universo (todo). Ela
fornece meios para testar se uma hipótese é verdadeira ou falsa.
Nesses termos, comenta Appolinário (2011), a estatística inferencial
consiste em técnicas que objetivam verificar se as hipóteses devem
ser aceitas ou rejeitadas. Há inúmeras técnicas estatísticas que
podem ser utilizadas – em decorrência dos parâmetros selecionados,
níveis de mensuração das variáveis, número de variáveis estudadas,
entre outros. Alguns tipos de testes estatísticos: qui-quadrado,
teste de mediana, teste t, análise de variância, entre outros.
Análise dos Dados
Análise qualitativa de dados
A análise de dados nas pesquisas qualitativas tem por objetivo
central “compreender um fenômeno em seu sentido mais intenso,
em vez de produzir inferências que possam levar à constituição
de leis gerais ou a extrapolações que permitam fazer previsões
válidas sobre a realidade futura.” (APPOLINÁRIO, 2011, p. 159). Em
outras palavras, a pesquisa qualitativa não busca a generalização
dos resultados, mas sim um entendimento profundo da natureza do
fenômeno estudado. Independentemente da técnica de coleta de
dados utilizada (entrevista, observação, formulário etc), a pesquisa
qualitativa gera uma grande quantidade de informações que devem
ser organizadas.
O procedimento usual na análise qualitativa, lembra Appolinário
(2011, p. 160), é determinar “categorias, padrões e relações entre
os dados coletados, de forma a desvendar seu significado por
meio da interpretação e da comparação dos resultados com outras
43
pesquisas e referenciais teóricos.” Os estudos de Tesch (1990)
identificaram, de acordo com os esclarecimentos de Appolinário
(2011, p. 160), alguns princípios úteis que devem ser considerados
ao se realizar uma análise qualitativa de dados:
• a análise pode ocorrer desde o momento da coleta de
dados; ainda em campo, o pesquisador reflete sobre suas
observações e impressões, o que pode influenciar inclusive
etapas posteriores da coleta de dados;
• o processo de análise é sistemático e compreensivo, mas
não é rígido: diferentemente da análise quantitativa, não há
testes de significância estatística que possam determinar que
a análise chegou ao fim. Em pesquisas qualitativas, a análise
chega ao fim com o surgimento de padrões e regularidades
que possam ser objeto de atribuição de significados pelo
pesquisador;
• o processo de análise inicia-se com a leitura de todos os
dados coletados de uma vez só; depois, procede-se à
categorização dos dados em unidades menores, mais
significativas;
• o principal processo analítico utilizado é o da comparação,
ou seja, o pesquisador utiliza a comparação para construir e
refinar as categorias e descobrir padrões;
MÉTODOS DE ANÁLISE
[ LEITURA COMPLEMENTAR ]
Para aprofundar os estudos sobre os
métodos de análise indicados consulte:
Chizzotti, A. (2006). Pesquisa em
Ciências Humanas e Sociais. 8.ed. São
Paulo: Cortez.
• ao final, geralmente, o pesquisador examina as categorias
e padrões descobertos em face de teorias e resultados de
pesquisas anteriores.
Inúmeras são as formas de análise dos dados nas pesquisas
qualitativas. O procedimento analítico adotado dependerá das
escolhas teórico-metodológicas realizadas pelo investigador ainda
na etapa de elaboração do projeto de pesquisa.
Problemas éticos, metodológicos e
políticos no uso das abordagens
Nesse contexto, ética diz respeito aos princípios morais que
orientam a pesquisa. Isto significa, segundo Gray (2012, p. 60),
desenvolver investigações que vão além da simples adoção da
“metodologia mais apropriada e realizá-la de forma responsável e
moralmente defensável.”
Análise dos Dados
De um modo geral, as instituições educacionais têm desenvolvidos
códigos éticos de práticas de pesquisa com o intuito de promover
uma abordagem mais profissional à pesquisa e ao comportamento
moralmente adequado dos pesquisadores.
O compromisso de um cientista com a finalidade de sua
profissão submete-o a deveres profissionais de duas
espécies. Há, em primeiro lugar, os deveres do cientista
concernentes à qualidade científica dos resultados de seu
trabalho de pesquisa, seus deveres em relação ao avanço da
ciência. Dado que o trabalho individual de um pesquisador
apenas se efetiva como parte da construção coletiva da
ciência e apenas contribui para que a ciência se constitua
como patrimônio coletivo na medida em que é coletivizado,
isto é, comunicado, todo pesquisador tem o dever de respeitar
alguns pressupostos que acompanham toda comunicação
científica (SANTOS, 2011, p.1).
Ao planejar uma pesquisa, é importante que o investigador, iniciante
ou experiente, siga princípios éticos que poderão, de maneira
positiva, auxiliá-lo na execução e realização da investigação.
45
Qualquer pesquisa, pelo menos de maneira potencial, que envolva
a coleta de dados ou contato com populações humanas (ou
animais) deve ser pensada sob a perspectiva ética. Os princípios
éticos básicos podem, conforme a sugestão de Gray (2012, p. 64),
ser enquadrados em quatro áreas principais, a saber: evitar danos
aos participantes, garantir seu consentimento informado, respeitar
sua privacidade, evitar que o entrevistador seja enganado
De modo sintético, os quatro princípios éticos podem ser
apresentados da seguinte forma (Gray, 2012, p. 64-69):
• Evitar danos aos participantes: uma pesquisa pode
ser considerada danosa se levar o participante ao
constrangimento, à ridicularização, depreciação ou
submetê-lo a desconfortos; evite situações embaraçosas
e mantenha, sempre que possível, o anonimato do
entrevistado. A pesquisa deve ser desenhada de uma
maneira que não cause prejuízo a qualquer grupo social
específico, a menos que isso interfira nos princípios
universais de justiça, liberdade e ética. Os resultados dos
estudos devem ser relevantes para além dos interesses
pessoais do investigador.
• Garantir o consentimento informado: isto significa
que os participantes do estudo devem ser informados
suficientemente sobre o projeto de pesquisa que estão
participando. As informações prestadas aos participantes
do estudo devem ser precisas e claras e o pesquisador
sempre deve proteger os participantes do estudo de
qualquer dano potencial.
• Respeitar a privacidade dos participantes: o direito
à privacidade é um dos preceitos básicos da vida
em sociedade. As formas de coleta de dados e
armazenamento das informações devem ser pensadas
para que se mantenham o anonimato e a confidencialidade
dos participantes da pesquisa. O pesquisador deve
ainda atentar sobre as leis, normas e procedimentos que
regem o ambiente onde os dados serão coletados. Há
requisitos específicos estabelecidos na legislação para
o tratamento de dados referentes a questões raciais e
étnicas, saúde e problemas físicos e/ou mentais e vida
sexual. Cabe ao investigador conhecer essas diretrizes e
leis para evitar qualquer situação equivocada.
Análise dos Dados
• Evitar que o entrevistado seja enganado: isto ocorre
quando o pesquisador apresenta sua pesquisa como
algo que não é. O investigador precisa ser absolutamente
franco e transparente com os participantes da pesquisa
e se posicionar contra a enganação do entrevistado.
Isso envolve não só questões referentes aos direitos
humanos, mas também evita a construção de uma
reputação negativa que pode, a longo prazo, resultar na
falta de cooperação dos participantes da investigação.
Por fim, outra questão relevante à conduta ética do pesquisador
iniciante refere-se à maneira adequada de manipulação das fontes
de dados e materiais bibliográficos e o respeito aos direitos autorais.
Há uma legislação específica no Brasil que trata desses direitos e
da propriedade intelectual de obra produzida por terceiros. Como
estudante de uma instituição de educação superior, procure
conhecer e respeitar o Código de Ética e as normativas institucionais
que regem os procedimentos de pesquisa e a conduta acadêmica.
[ Pesquise na internet acerca da
lei brasileira do direito autoral (Lei
federal nº 9610/98). Busque ainda
artigos e textos que discutam o
“plágio acadêmico”. ]
47
Lembre-se de que o plágio vem do latim plagiu, plágios, oblíquo,
indireto, astucioso, cópia criminosa do trabalho de outra pessoa,
caracterizando a ideia como sendo de sua autoria. Plagiar é
assinar a obra de autoria de uma outra pessoa como sendo sua. O
Dicionário Aurélio refere-se ao plágio enquanto cópia, fiel ou não,
de uma obra que foi escrita por outra pessoa. É considerado roubo
e deve existir punição severa, mas não é o que acontece no Brasil
Resumindo...
• É o processo pelo qual se dá ordem, estrutura e
significado aos dados.
• Consiste na transformação dos dados coletados em
conclusões e/ou lições, úteis e credíveis.
• A partir dos tópicos estabelecidos processam-se os
dados, procurando tendências, diferenças e variações
na informação obtida.
• Os processos, técnicas e ferramentas usadas são
baseadas em certos pressupostos e como tal tem
limitações.
• Trata-se de uma violação dos direitos autorais de
outrem. Isso tem implicações cíveis e penais. E o
“desconhecimento da lei” não serve de desculpa, pois a
lei É pública e explícita.
SEMINÁRIO DE PESQUISA E INTERVENÇÃO II
UNIDADE 5
Magda Camargo Lange Ramos
Cuidados
na Redação
Científica
Os princípios indispensáveis à redação científica podem ser resumidos
em quatro pontos fundamentais: clareza, precisão, comunicabilidade
e consistência. Um texto é claro quando não deixa margem a
interpretações diferentes da que o autor quer comunicar. Uma
linguagem muito rebuscada que utiliza termos desnecessários desvia a
atenção de quem lê e pode confundir.
Cuidados na Redação
Científica
Os princípios indispensáveis à redação científica podem ser
resumidos em quatro pontos fundamentais: clareza, precisão,
comunicabilidade e consistência. Um texto é claro quando não
deixa margem a interpretações diferentes da que o autor quer
comunicar. Uma linguagem muito rebuscada, que utiliza termos
desnecessários, desvia a atenção de quem lê e pode confundir.
Cuidados na Redação Científica
Um texto é claro quando utiliza uma linguagem precisa. Isto é, cada
palavra empregada traduz exatamente o pensamento que se deseja
transmitir. É mais fácil ser preciso na linguagem científica do que na
literária, na qual a escolha de termos é bem mais ampla. De qualquer
forma, a seleção dos termos e a cautela no uso de expressões
coloquiais devem estar sempre presentes na redação acadêmica.
Já a comunicabilidade é essencial na linguagem científica, em
que os temas devem ser abordados de maneira direta e simples,
com lógica e continuidade no desenvolvimento das ideias. É muito
desagradável uma leitura em que frases substituem simples palavras
ou quando a sequência das ideias apresentadas é interrompida
atrapalhando o entendimento.
Finalmente, o princípio da consistência é um importante elemento
do estilo e pode ser considerado sob três dimensões: expressão
gramatical (por exemplo, um erro comum que ocorre na enumeração
de itens: o primeiro é substantivo, o segundo uma frase e o terceiro
um período completo); categoria (as seções de um capítulo devem
manter um equilíbrio, ou seja, conteúdos semelhantes); sequência
(a sequência adotada para a apresentação do conteúdo deve refletir
uma organização lógica).
• É preciso evitar lugares-comuns: “assunto em tela”, “à guisa de”,
“trazer à baila”, entre outros que destoam da redação científica
moderna.
• Admite-se o emprego de termos em outra língua só quando não
existir semelhante em português ou quando o estudo exigir.
• Não usar: “parte integrante”, “planos futuros”, “reunir junto”, “cada
indivíduo isoladamente”, “o teste foi precisamente correto”, “foi
significativo observar”, “está completamente comprovado”, “tendo
em vista a importância” e outras expressões banais.
• É preciso procurar a palavra certa para expressar as ideias. Fazer
menção é mencionar. Fazer relação é relacionar. Fazer citação é citar.
• Cuidado com o emprego de et cetera (etc). Se usado depois de
enumerar poucos itens, pode demonstrar que a informação não está
completa. Todavia, muitas vezes, não há como se desviar. Preferese, então, o uso dele em referência a coisas, não a pessoas.
• Antes de abreviatura é necessário escrever por extenso o que a sigla
representa e só depois apresentá-la. Exemplo: Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
51
• Retiram-se do texto os sinais de parênteses para indicar outras
possibilidades de leitura. Exemplo: pela(s); pessoa(s); entidade(s). É
mais sensato optar pela construção no singular ou no plural.
• Elimina-se o uso de barras para indicar “e/ou”. Exemplo: teórica/
prática. Pode-se escrever “teórica e prática” ou “teórica ou prática”.
• É preciso seguir as unidades de medida padrão: litro (l), metro (m),
quilograma (kg) e, para se referir à temperatura, usa-se graus Celsius
(ºC).
• Evite utilizar adjetivos que não indicam com precisão a proporção
de objetos nem esclarecem com exatidão modo, lugar e tempo
(pequeno, médio, grande, aproximadamente e recentemente). O
pesquisador também deve fugir de adjetivos como: “fantástico”,
“imenso”, “fabuloso”, “incrível”, “maravilhoso”.
• Evite sempre que possível utilizar: “grande maioria”, “maioria”, “quase
todos”, “muitos deles”, “maior parte” e outras expressões que
rompem com a precisão. Indique a quantidade, peso, medida e
outras informações de modo exato.
As palavras
É relativamente comum, principalmente em textos de iniciantes em
pesquisas, o uso de palavras inadequadas, seja por não estarem
perfeitamente inseridas no contexto técnico-científico abordado,
seja por constituírem “palavras da moda” utilizadas, muitas vezes,
como uma espécie de “escape”, quando não se tem à mão (ou
melhor, em mente) a palavra ou expressão apropriada.
Na verdade, existe sempre uma palavra ou conjunto de palavras
mais adequadas para expressar o que se quer dizer. Além disso,
não se deve usar palavras desnecessárias, pois apenas tornam
a frase mais longa e dificultam, muitas vezes, o entendimento da
ideia expressa. Portanto, o texto deve ser composto por palavras
adequadas e em número suficiente para transmitir as ideias de
forma encadeada e objetiva.
Cuidados na Redação Científica
As frases
Frases negativas podem dificultar a compreensão do texto. Por
isso, sempre que possível, opte por frases afirmativas. Os textos
técnico-científicos tampouco admitem sentenças muito longas e
redação “ornamentada”. As sentenças devem:
• Ser relativamente curtas, porém não “telegráficas”.
• Apresentar o conteúdo em sequência lógica.
• Escrever de acordo com as normas ortográficas e de concordância.
Frases longas, em geral, podem ser “desmembradas ” em duas ou
mais, desde que não haja alteração de sentido. Uma sentença não
deve ter mais que três ou quatro linhas.
Os parágrafos
Cada parágrafo deve tratar de um assunto específico e bem
definido. É preciso agrupar sentenças e ideias que tenham relação
e componham um conjunto, com início, meio e fim. Dessa forma,
deve-se evitar parágrafos com apenas uma frase, porque isso
fragmenta a leitura, separa sentenças que deveriam estar juntas e
pode fazer com que as frases fiquem muito longas.
Os parágrafos devem seguir uma sequência lógica de apresentação
no texto, encadeando os assuntos de forma a conduzir o leitor em
cada uma das seções/itens do texto.
Assim, o início de cada parágrafo pode servir de elo para o assunto
do parágrafo anterior. Em seguida, o assunto desse novo parágrafo
deve ser abordado; porém, pode ser interessante introduzir o novo
assunto já no início da sentença.
Recomendações gerais
A seguir estão algumas recomendações para produzir um bom
texto acadêmico. É importante lembrar que há uma série de regras
que devem ser levadas em consideração. A academia é muito
conservadora e irá preferir soluções, que seguem os padrões
instituídos.
53
Escreva simples. Use frases simples e diretas. Um texto
científico não é literatura. Evite termos imprecisos, coloquiais
ou estrangeirismos. Exemplos: martelando, embute, remetendo
ao passado, customização, performance, varrendo para longe,
stakeholderes etc.
Evite termos imprecisos como: aproximadamente, completamente,
muito mais, mais forte, maior, melhor, menor, mais rápido etc. Um
leitor mais crítico, certamente, questionará o uso desses termos.
“Quanto é mais forte?
Quanto mais rápido? Quão melhor?”
Uma avaliação qualitativa deve ser sempre precedida por
considerações e ressalvas. Termos como, por exemplo, sistema,
software, programa, metodologia e processo devem possuir
um significado próprio no trabalho e não podem ser usados
aleatoriamente.
Seja afirmativo. O texto pode mostrar quão seguro o autor está
sobre a sua proposta, pelos termos que ele usa. Termos como
“provavelmente”, “deve levar a”, “deve ser superior” devem ser
substituídos por “leva a”, “é superior”.
Use o tempo presente. Escreva como se o texto estivesse pronto
e concluído, assim todas as informações estarão presentes no
trabalho. O futuro indica algo que ainda vai acontecer. Não abuse
dos advérbios como o assim. Ex.: Assim, portanto, chega-se
finalmente à conclusão. Inicialmente, é preciso identificar em
primeiro lugar as prioridades.
Os advérbios, assim como os adjetivos, ajudam a dar um colorido
à frase, mas podem deixar o texto pesado e tirar a fluidez da leitura.
Use-os com prudência. Se uma palavra não acrescenta significado
ao texto ela deve ser retirada. Faça uma análise detalhada de cada
palavra que usar.
Cuidados na Redação Científica
Palavras que não acrescentam conteúdo ao texto devem ser
retiradas. Frases vazias devem ser eliminadas. Vícios de linguagem
devem ser abolidos. Termos como “tipo assim”, “a nível de”, “veja
só”, nem pense em usar. Não use apenas exemplos ou analogias
como meio de definição.
Esse é um vício comum e demonstra ao leitor que o autor não teve
a capacidade de definir ou descrever o que pretende e, por isso,
usa de exemplos e analogias. A analogia ou exemplo serve bem à
descrição oral, mas não pode ser o único meio de definição do texto.
Evite o estilo pergunta, resposta. É comum encontrar textos que
comecem com uma pergunta. Como definir os requisitos? Os
requisitos devem ser definidos como... Observe que na maioria
do casos a pergunta pode ser retirada do texto sem prejudicar a
compreensão do texto. Se for o caso, retire a pergunta. Vá direto
ao assunto. Seja capaz de comprovar todas as suas afirmações.
Mesmo em frases simples pode haver uma afirmação perigosa. Evite
afirmações pessoais ou de caráter crítico sem uma comprovação
com base em uma referência sólida.
Use a língua culta e seja rigoroso em seguir os padrões ortográficos
e gramaticais. Não se pode aceitar erros de ortografia e gramática
em um texto científico. O uso do corretor ortográfico não garante um
texto com qualidade. Se for o caso, contrate um revisor profissional
ou peça ajuda a um amigo na fase final do trabalho. Seu orientador
pode não ser uma especialista nesse assunto.
A melhor forma de organizar o texto é dividir em uma estrutura
lógica e linear. Nem sempre essa organização é possível, mas ela é
a mais familiar ao leitor e a sua harmonia e balanceamento facilitam
o entendimento e a construção do trabalho e fortalecem a conclusão.
O planejamento da estrutura lógica se inicia com o título, que deve
traduzir o objetivo do trabalho com concisão, precisão e clareza. Evite
siglas herméticas, frases dúbias e exageradamente gerais. O título
pode e deve ser revisto a qualquer momento para traduzir com precisão
o trabalho. O objetivo do título deve ser detalhado em um objetivo
geral da pesquisa. Nele deve haver algo de novo e de motivador que
justifique o trabalho da pesquisa e da leitura. Para que o objetivo geral
seja alcançado é preciso que se alcance os objetivos específicos.
Essa proposta, depois de detalhada, deve ser então comprovada,
por exemplo, com a elaboração de um experimento prático ou
coma construção de um protótipo.
55
SEMINÁRIO DE PESQUISA E INTERVENÇÃO II
UNIDADE 6
Magda Camargo Lange Ramos
Citações
Da redação científica espera-se organização geral predizível, lógica,
elegância, simplicidade, concisão, propriedade sintática e clareza
semântica. Não se escreve da noite para o dia, e não se escreve sem
leituras e estudos anteriores. Para que um texto científico venha a reunir
todas estas características, seu autor deve conhecer modelos literários
apropriados e ter passado por uma experiência de redação científica
sistemática.
“
Citações
[ A elaboração de trabalhos
acadêmicos exige a utilização de
algumas Normas Brasileiras (NBR),
dentre as quais se destacam: a NBR
6023:2002 que trata da elaboração
de referências; a NBR 10520:2002
que trata da apresentação de
citações em documentos; a
NBR 14724:2011 que trata
da apresentação de trabalhos
acadêmicos. ]
São inúmeras as organizações internacionais que estabelecem
normas técnicas para a padronização e uniformização de
procedimentos, produtos e serviços. Em caráter mundial, uma das
mais importantes é a International Organization for Standardization
(ISO).
No Brasil, a normalização de trabalhos acadêmicos obedece
usualmente às recomendações prescritas pela Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT). A entidade é responsável, em âmbito
nacional, pela normalização técnica e representa oficialmente a ISO
no país. A ABNT desenvolve, por meio dos Comitês Brasileiros,
as Normas Brasileiras (NBR). As NBR são documentos normativos
de caráter voluntário e estabelecidos por consenso que, após a
aprovação da ABNT, são liberadas para uso comum.
Citações
A NBR 10520:2002 define citação como a “menção de uma
informação extraída de outra fonte.” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS, 2002a, p.1). É importante destacar que
a indicação das fontes das citações utilizadas no texto é condição
fundamental de qualquer trabalho acadêmico.
As citações podem ser classificadas, conforme a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (2002a) em:
• citação direta: é uma transcrição literal (palavra por palavra)
de parte do texto do autor consultado;
• citação indireta: texto elaborado a partir das ideias expostas
na obra consultada;
• citação de citação: citação direta ou indireta de um texto
ao qual não se teve acesso ao original.
A NBR 10520:2002 apresenta inúmeros detalhes quanto à
formatação de citações. Elas podem estar localizadas no próprio
texto ou em notas de rodapé. Porém, para efeito dessa disciplina,
indicaremos as regras mais gerais.
[ É importante conhecer a NBR
10520:2002 na íntegra. Acesse o
site da ABNT e aprofunde os seus
estudos. Outra sugestão é a obra de
Medeiros (2009): vide na lista de
referências. ]
Citação direta
É obrigatória, nas citações diretas, a indicação do número de
página. Citações diretas curtas (até três linhas) são apresentadas
diretamente no texto e devem estar contidas entre aspas duplas.
Por fim, apresentaremos a finalidade da informação: “[...] exercer algum impacto sobre o
julgamento do destinatário. Ela deve informar, por isto pode ser considerada como sendo o
dado que faz diferença.” (SEVERINO, 2007, p. 28).
Nas citações diretas longas (acima de três linhas), a transcrição
deverá ser destacada em parágrafo independente, com recuo de
quatro centímetros da margem esquerda, em fonte tamanho 10 e
espacejamento simples entre linhas (NBR 10520:2002). Exemplo:
59
Quando aluno, também fazia esses questionamentos.
Atitudes negativas culturalmente divididas com relação aos professores são nutridas por
experiências pessoais. Como criança rebelde eu via os professores como o “inimigo”.
Então, com o tempo, estes sentimentos fundiram-se com uma posição teórica que teve
a consequência ilógica de “demonizar” ainda mais os professores, identificando-os com
os papéis aos quais a Escola os forçou. Eu antipatizava com os métodos coercivos da
Escola, e eram os professores que aplicavam a coerção (PAPERT, 1993, p. 56).
Também me incomodou o fato de ser um aluno de computação e ver que meus professores
não encontravam na própria área mecanismos ou instrumentos que pudessem auxiliá-los em
suas práticas pedagógicas.
Citação indireta
Nas citações indiretas, a indicação do número da página consultada
é opcional. Somente são obrigatórios o autor e o ano da publicação.
Exemplo:
No texto:
Silva (2002) apresenta algumas características da pós-modernidade, comparadas à
modernidade.
Nas referências:
SILVA, Marco. Sala de aula interativa. 3. ed. Rio de Janeiro: Quartet, 2002.
Citação de citação
Deve-se evitar a citação de citação. O ideal é buscar o texto original
onde se encontra a informação desejada. Contudo, quando isso não
for possível, emprega-se esse tipo de recurso. Para declarar uma
citação de citação utilize a expressão citado por ou termo latino
apud (possui o mesmo significado da expressão em português).
Exemplo:
Citações
No texto:
Freire (1997), citado por ou apud Cortella (2002, p.111), afirma que não há busca de saber
sem finalidade, portanto o saber pressupõe intencionalidade.
Nas referências bibliograficas:
CORTELLA, Mário Sérgio. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e
políticos. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
Considerações gerais acerca das
citações
Nas citações diretas, quando houver a necessidade de suprimir
alguma palavra ou trecho do texto citado, utilize os três pontos entre
colchetes [...] para indicar a supressão. Interpolações, comentários
ou acréscimos ao texto devem figurar entre colchetes [ ]. Ênfases
ou destaques que se queira dar ao fragmento textual citado devem
ser indicados com negrito ou itálico e pela expressão “grifo nosso”
entre parênteses.
Não faça uso de citações de autores aos quais você não tem certeza
(não compreendeu) a linha de raciocínio ou a base teórica utilizada.
Da mesma forma, é importante lembrar uma advertência de Vergara
(2009b, p. 32): “não cite uma fonte de segunda mão, fazendo de conta
que leu o original.” Isto é uma grave falha de conduta acadêmica.
O autor/redator deve ter bom senso ao empregar as citações e saber
distribuí-las ao longo do texto produzido. Cervo, Bervian e Silva
(2007) advertem que o excesso de citações deixa a impressão de
que o trabalho é o resultado de uma colagem de diversos fragmentos
textuais – algo que descaracteriza a produção intelectual do aluno.
No outro extremo, a supressão excessiva de citações indica uma
suposta pretensão de autossuficiência intelectual do estudante ou,
mais provavelmente, o desconhecimento dos fundamentos teóricos
e das pesquisas realizadas na área de estudo. Neste sentido,
o melhor recurso é encontrar o equilíbrio entre a quantidade de
citações realizadas e a produção pessoal do texto.
61
1 - Considerando o texto abaixo, escrito por MARCONI, M. de A.;
LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed.
São Paulo: Atlas, 2007. Responda (V) para verdadeiro e (F) para
falso, sobre as citações diretas curtas em um trabalho acadêmico.
A cultura norte-americana, variante da cultura ocidental europeia,
por exemplo, dá ênfase à mobilidade e à competição, assim como
à felicidade individual, ao passo que a cultura zuñi acentua os
valores grupais, preocupando-se menos com a felicidade individual
e procurando evitar a competição e, até certo ponto, a realização
individual.
Esses enfoques, dados pela cultura geral, podem levar o cientista,
principalmente na área das Ciências Sociais, a se preocupar mais
com determinado aspecto da sociedade, originando hipóteses
sobre temas específicos.
a. (
) “A cultura norte-americana, variante da cultura
ocidental europeia, por exemplo, dá ênfase à mobilidade e à
competição, assim como à felicidade individual.” (MARCONI;
LAKATOS, 2007, p. 136).
b. ( ) Segundo Marconi e Lakatos (2007, p. 136), “A cultura
norte-americana, variante da cultura ocidental europeia, por
exemplo, dá ênfase à mobilidade e à competição, assim como
à felicidade individual […]” “[…] Esses, enfoques, dados pela
cultura geral, podem levar o cientista, principalmente na área
de Ciências Sociais […]”
c. ( ) “[…] ao passo que a cultura zuñi acentua os valores
grupais, preocupando-se menos com a felicidade individual
e procurando evitar a competição e, até certo ponto, a
realização individual […]” (MARCONI; LAKATOS, 2007, p.
136).
d. ( ) Segundo Marconi e Lakatos “A cultura norte-americana
[…] dá ênfase à mobilidade e à competição […]” (Citação de
autores no início da frase é sempre em minúsculo)
e. ( ) “[…] Ao passo que a cultura zuñi acentua os valores
grupais […]” (MARCONI; LAKATOS, 2007, p. 136).
f. (
) ”A cultura norte-americana, variante da cultura
ocidental europeia, por exemplo, dá ênfase à mobilidade
e à competição, assim como à felicidade individual […]”
(MARCONI e LAKATOS, 2007, p. 136).
Citações
Caro aluno, lembre-se de que ao escrever o autor deve observar
sempre as características do leitor. Quanto mais especializado ele
é, mais técnico deve ser o texto. Todavia, independente do público
ao qual se destina, o texto deve respeitar as regras gramaticais
da língua e da normalização de documentos (citações, referências,
etc).
Os princípios e recomendações aqui apresentados não devem
ser, entretanto, tão rigidamente observados a ponto de inibirem o
estilo pessoal. Não têm, também, a pretensão de garantir uma boa
qualidade da redação, da mesma forma que o conhecimento de
regras gramaticais não garante a boa qualidade da comunicação.
63
SEMINÁRIO DE PESQUISA E INTERVENÇÃO II
UNIDADE 7
Magda Camargo Lange Ramos
Referências
É um conjunto de elementos de uma obra escrita (como título, autor,
editora, local de publicação e outras) que permite a sua identificação.
“Constitui uma lista ordenada dos documentos efetivamente citados no
texto. Não devem ser referenciados documentos que não citados no texto.
Caso haja conveniência de referenciar material bibliográfico não citado,
deve-se fazer uma lista própria após a lista de referências sob o título:
Bibliografia recomendada.” (NBR 10719, 1989, p. 13).
Referências
A NBR 6023:2002 fixa a ordem dos elementos a serem incluídos
nas referências e “estabelece convenções para transcrição e
apresentação da informação originada do documento e/ou outras
fontes de informação.”
Uma referência bibliográfica é composta segundo a (NBR
6023:2002):
• elementos essenciais: são informações imprescindíveis
para a identificação do documento;
• elementos
complementares:
são
informações
acrescentadas aos elementos essenciais que contribuem
para uma melhor caracterização do documento.
As referências podem figurar em notas de rodapé, no final do texto
ou do capítulo, em listas de referências e antecedendo resumos,
resenhas e recensões. Com o intuito de padronizar a elaboração
de trabalhos acadêmicos, indica-se que as referências sejam
apresentadas ao final do texto.
Referências
A lista de referências deve ser constituída de acordo com as
seguintes características:
• apresentadas em ordem alfabética por autor;
• alinhadas somente à esquerda;
• espaço simples entre linhas e separadas entre si por um
espaço em branco.
A seguir apresentam-se os principais modelos – os mais frequentes
– de referências preconizados pela NBR 6023:2002.
Livros
Os elementos essenciais na referência de livros são: autor(es),
título e subtítulo (se houver), edição, local, editora e ano da
publicação. O título exige destaque (negrito, itálico ou sublinhado).
A primeira edição da obra não precisa ser identificada. Quando
o livro possuir mais de três autores, indica-se apenas o primeiro
[ Há outros modelos de referências
que não são tratados aqui. Verifique
a NBR 6023:2002 e as obras de
metodologia científica. Em caso de
dúvidas, solicite orientação de seu
tutor. ]
67
seguido da expressão latina et al (e outros). No caso de obras
organizadas por um autor (ou autores), a entrada deve ser realizada
pelo nome do responsável (ou responsáveis), seguida pelo tipo de
responsabilidade: organizador (Org.), coordenador (Coord.), diretor
(Dir.). Exemplos:
Um autor:
APPOLINÁRIO, Fabio. Metodologia da ciência: filosofia e prática da pesquisa. São Paulo:
Cengage Learning, 2011.
Dois ou três autores:
CEVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6.
ed. São Paulo: Prentice Hall, 2007.
Caso um autor citado tenha duas publicações no mesmo ano, use
letras minúsculas para diferenciar uma obra de outra. Exemplo:
“Souza (2003a) afirma que....”. Em outra parte do texto “Para Souza
(2003b), existe...”. Neste caso, a primeira referência é de uma obra e
a segunda de outra. O indicativo 2003a e o indicativo 2003b devem
aparecer nas referências.
Capítulos de livros
Quando a referência trata-se de capítulo de livro, a ordem de
apresentação dos elementos é a seguinte: autor do capítulo, título,
seguido da obra, sendo essa separada dos elementos anteriores
pela expressão In: (que significa em). Exemplo:
Um autor:
MARINHO, Simão Pedro. Tecnologia, educação contemporânea e desafios ao professor. In:
JOLY, Maria Cristina Rodrigues Azevedo (Org.). A Tecnologia no Ensino: implicações para a
aprendizagem. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. Cap. 2.
Referências
Ou:
Capítulo de livro:
MARINHO, Simão Pedro. Tecnologia, educação contemporânea e desafios ao professor. In:
JOLY, Maria Cristina Rodrigues Azevedo (Org.). A Tecnologia no Ensino: implicações para a
aprendizagem. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. p.41-62.
Em obras nas quais não há numeração de capítulo, a segunda
opção é a única possível.
Teses, dissertações e outros trabalhos
acadêmicos
É necessário indicar, nas teses, dissertações ou em outros trabalhos
acadêmicos, o tipo de documento (tese, dissertação, trabalho de
conclusão de curso, entre outros), o grau, a vinculação acadêmica,
o local e a data da defesa, mencionada na folha de aprovação
(se houver). Quando se tratar de documentos disponíveis on-line,
acrescenta-se ao final da referência o endereço eletrônico e a data
do acesso. Exemplos:
Teses, dissertações e trabalhos acadêmicos:
OLIVEIRA. Sandro de. Cursos superiores de tecnologia: concepções de tecnologia e perfis
profissionais de conclusão. 2011. 158 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa
de Pós-Graduação em Educação, Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis,
2011.
ROCHA, Marisa Brandão. Metamorfose dos cursos superiores de tecnologia no Brasil:
políticas de acesso ao ensino superior em um estado burguês. 2009. 248 f. Tese (Doutorado
em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ,
2009. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp110175.pdf>.
Acesso em: 10 abr. 2012.
Matérias de revistas e artigos científicos
Os elementos essenciais para referenciar matérias de revista e
artigos científicos são: autor(es), título da parte, artigo ou matéria,
título da publicação, local de publicação, numeração correspondente
69
ao volume e/ou ano, fascículo ou número, paginação inicial e
final, quando se tratar de artigo ou matéria, data ou intervalo de
publicação e particularidades que identificam a parte (se houver).
Deve-se ficar atento ao destaque (negrito, itálico ou sublinhado) nos
artigos de periódicos que é aplicado no título da publicação. Para
artigos em meios eletrônicos, acrescenta-se ao final da referência o
endereço eletrônico e a data do acesso. Exemplos:
Matérias de revistas e artigos:
DÓRIA, Pedro. Privacidade em público. Super Interessante, Rio de Janeiro, n. 228, p. 5257, jul. 2006.
OLIVEIRA, Sara. Texto visual, estereótipos de gênero e o livro didático de língua estrangeira.
Trab. linguist. apl., Campinas, v. 47, n. 1, jun. 2008. <Disponível em: http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid= S0103.>
Trabalhos apresentados em eventos
Os elementos essenciais são: autor(es), título do trabalho
apresentado, seguido da expressão In:, nome do evento, numeração
do evento (se houver), ano e local (cidade) de realização, título do
documento (anais, atas, tópico temático etc), local, editora, data
de publicação e página inicial e final da parte referenciada. É
importante observar que o destaque (negrito, itálico ou sublinhado)
para trabalhos apresentados em eventos, deve ser aplicado no tipo
de documento (anais, atas, tópico temático etc). Exemplos:
Trabalhos apresentados em eventos:
SILVA, Eli Lopes da. Desafios do uso de objetos de aprendizagem: uma pesquisa-ação
que aposta na tecnologia e nas interações. In: Seminário Pedagogia em debate, 8., 2008,
Curitiba. Anais do VIII Seminário Pedagogia em Debate e III Colóquio Nacional de Formação
de Professores. Curitiba: UTP, 2008. p. 91-91.
Documentos exclusivos de meios
eletrônicos
Para documentos disponíveis apenas na internet, deve-se utilizar a
seguinte recomendação: autor, título, endereço eletrônico, data de
acesso. Exemplo:
Referências
Documentos exclusivos de meios eletrônicos:
DEMO, Pedro. Dissecando a aula. 2009. Disponível em:
<http://pedrodemo.sites.uol.com.br/textos/dissecando.html>. Acesso em: 10 mar. 2010.
Agora é com você, de acordo com os elementos dados, organize
as respectivas referências bibliográficas a seguir, conforme a
NBR 6023/2000 da ABNT, em lista bibliográfica alfabeticamente
organizada.
1
Título do artigo: A paradisíaca Arraial D’Ajuda
Título do periódico: Viaje Bem
Subtítulo da revista: Revista de bordo da Vasp
Autor do artigo: Consuelo Badra
Local: Brasília
Ano: 28
Páginas consultadas: 44 a 45
Data: julho de 2000
2
Autores do livro: Universidade Federal Fluminense
Título do livro: Manual de normalização de trabalhos técnicos,
científicos e culturais
Local: Niterói
Editora: Universidade Federal Fluminense
Ano: 1989
Número da edição: 1a edição
Total de páginas: 84
71
3
Autor: Wander Melo Miranda
Título da dissertação: Contra a corrente
Subtítulo: A questão autobiográfica em Graciliano Ramos e
Silviano Santiago
Local: São Paulo
Ano: 1997
Total de páginas: 288
Categoria: Dissertação
Grau: Mestrado
Área de concentração: Letras - Literatura Brasileira
Instituição: Faculdade de
Universidade de São Paulo
Filosofia,
Ciências
4
Autor da parte: Cleone Maria Barbosa Fernandes
Títuloda parte: Formação do professor universitário
Subtítulo da parte: Tarefa de quem?
Organizador do livro: Marcos Macetto
Título do Livro: Docência na universidade
Número da edição: 1a edição
Local: São Paulo
Editora: Papirus
Ano: 1998
Capítulo: 7
Páginas consultadas: 95 a 111
e
Letras,
Referências
73
Chegamos ao final de nossa caminhada, agora você já conhece
todos os passos de uma pesquisa, portanto agora é com você, mas
antes lembre-se que todo grande projeto nasce de um sonho. É
algo que vem da alma. Ele nasce lá dentro de nós e possivelmente
está ligado à nossa missão de vida. Quando o sonho se torna
mais vivo e a alma não consegue mais guardar segredo sobre
ele, o coração e a mente são acionados para transformá-lo num
objetivo. Na execução de qualquer projeto muitos conhecimentos
e experiências são obtidos e temos a obrigação de disseminá-los
para que os que quiserem trilhar o mesmo caminho não gastem
recursos desnecessariamente.
Considerações
Finais
O objetivo da unidade curricular foi apresentar os principais
elementos metodológicos e normativos que contribuem para
o desenvolvimento de trabalhos e estudos acadêmicos. É
natural, em um primeiro momento, que o estudante considere
a metodologia científica um tema separado de suas atividades
cotidianas. Contudo, uma reflexão mais cuidadosa mostra que
os procedimentos metodológicos colaboram sobremaneira para
a melhoria do desempenho profissional ao fornecer uma visão
mais aprofundada, precisa e coerente das ações realizadas no
dia a dia.
Saiba que durante toda a sua trajetória nesse curso, você
contará com o apoio dos tutores, da coordenação do curso e
toda a infraestrutura institucional para tornar a sua caminhada
mais agradável e segura. Entretanto, nada disso será suficiente
sem o seu comprometimento e iniciativa.
Finalizamos esse texto com um aforismo do escritor mexicano
Cieri (2014, p.1), “Umas das surpresas mais agradáveis que
podemos encontrar ao nos comprometer totalmente com algum
projeto específico é que surgem forças e oportunidades que
não houvéramos imaginado até então.” Que essas palavras
sirvam de estímulo para sua jornada acadêmica.
Bons estudos!
Sobre a Autora
[ Magda Camargo Lange Ramos ]
Magda Camargo Lange Ramos é doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal
de Santa Catarina- UFSC (2012).Tem mestrado em Engenharia de Produção pela mesma instituição (2003).
È especialista em Gestão Universitária pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003) e graduada em
Biblioteconomia e Documentação pela Universidade Federal de Santa Catarina (1980).
Atualmente, desempenha atividade profissional como bibliotecária na Biblioteca Universitária da Universidade
Federal de Santa Catarina e é professora substituta do departamento de Ciências da Informação na Universidade
Federal de Santa Catarina.
Referências 77
Referências
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______. NBR 6022: Informação e documentação – Artigo em publicação periódica científica impressa
– Apresentação. Rio de Janeiro, 2003a.
______. NBR 6027: Informação e documentação – Sumário – Apresentação. Rio de Janeiro, 2003b.
______. NBR 6028: Informação e documentação – Resumo – Apresentação. Rio de Janeiro, 2003c.
______. NBR 12225: Informação e documentação – Lombada – Apresentação. Rio de Janeiro, 2004a.
______. NBR 6034: Informação e documentação – Índice – Apresentação. Rio de Janeiro, 2004b.
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Janeiro, 2011.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6. ed.
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DUTRA, Luiz Henrique de Araújo. Introdução à teoria da ciência. 3. ed. Florianópolis: Ed. da UFSC,
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______. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar. Rio de Janeiro: Record, 1999.
GRAY, David E. Pesquisa no mundo real. 2. ed. Porto Alegre: Penso, 2012.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 7.
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MATTAR, João. Metodologia científica na era da informática. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11. ed.
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NIETZSCHE, F. O livro do filósofo. Tradução de Rubens Eduardo Frias. 6. ed. São Paulo: Centauro,
2004.
SANTOS, Luiz Henrique Lopes dos. Sobre a integridade ética da pesquisa. FAPESP, abril de
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SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estera Muszkat. Metodologia da pesquisa e elaboração de
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THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2004.
VERGARA, Sylvia Constant. Métodos de coleta de dados no campo. São Paulo: Atlas, 2009a.
______. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2009b.
WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações. 13. ed. São Paulo: Cultrix, c2005.
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Seminário de pesquisa e intervenção II