ESPECIALIZAÇÃO Magda Camargo Lange Ramos ESPECIALIZAÇÃO Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA SEMINÁRIO DE PESQUISA E INTERVENÇÃO II 2014 R175 Ramos, Magda Camargo Lange Seminário de pesquisa e intervenção II / Magda Camargo Lange Ramos. -- Florianópolis : IFSC, 2014. 78 p. : il. ; 28 cm Inclui Bibliografia. ISBN: 978-85-64426-98-6 1. Pesquisa científica. 2. Trabalhos científicos - redação. I. Título. CDD: 370.11 Catalogado por: Laura da Rosa Bourscheid CRB14/983 Copyright © 2014, Instituto Federal de Santa Catarina - IFSC. Todos os direitos reservados. Edição adaptada ao novo projeto gráfico e instrucional do Departamento de Educação a Distância - EaD - IFSC. A responsabilidade pelo conteúdo desta obra é do(s) respectivo(s) autor(es). O conteúdo desta obra foi licenciado temporária e gratuitamente para utilização no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, através do IFSC. O leitor compromete-se a utilizar o conteúdo desta obra para aprendizado pessoal. A reprodução e distribuição ficarão limitadas ao âmbito interno dos cursos. O conteúdo desta obra poderá ser citado em trabalhos acadêmicos e/ ou profissionais, desde que com a correta identificação da fonte. A cópia total ou parcial desta obra sem autorização expressa do(s) autor(es) ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com sanções previstas no Código Penal, artigo 184, Parágrafos 1o ao 3o, sem prejuízo das sanções cabíveis à espécie. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA PRÓ-REITORIA DE ENSINO CENTRO DE REFERÊNCIA EM FORMAÇÃO E EAD Ficha Técnica e Institucional Créditos do Livro [ Reitoria ] Maria Clara Kaschny Schneider EDIÇÃO 2014 [ Pró-Reitoria de Ensino ] Daniela de Carvalho Carrelas [ Conteúdo ] Magda Camargo Lange Ramos [ Diretoria do Centro de Referência em Formação e EaD ] Gislene Miotto Catolino Raymundo [ Conselho Editorial ] Paula Alves de Aguiar Eliana Zanchetta Ribeiro Waltrick De Oliveira [ Chefia do Departamento de Educação a Distância - EaD/IFSC ] Carlos Alberto da Silva Mello [ Design Instrucional ] Luiziane da Silva Rosa [ Coordenação do PROEJA ] Elenita Eliete de Lima Ramos [ Design Gráfico ] Felipe Augusto Franke Rafael Martins Alves [ Coordenação do Curso de Especialização em PROEJA ] Paula Alves de Aguiar [ Coordenação Adjunta do Curso de Especialização em PROEJA ] Anderson Carlos Santos de Abreu [ Coordenação de Tutoria ] Gabriela Augusta da Silva [ Coordenação - Produção de Materiais Didáticos - EaD/IFSC ] Ana Karina Corrêa [ Projeto Gráfico e Instrucional - Livros didáticos - EaD/IFSC ] Aline Pimentel Carla Peres Souza Daniela Viviani Elisa Conceição da Silva Rosa Sabrina Bleicher [ Revisão Gramatical ] Beatrice Gonçalves [ Ilustrações e Fotos ] Felipe Augusto Franke Rafael Martins Alves [ Gráficos e Tratamento de Imagens ] Felipe Augusto Franke Rafael Martins Alves [ Imagens ] Stock.XCHNG <http://www.sxc.hu/> Wikipedia <http://www.wikipedia.org> Prezado estudante, Seja bem-vindo! O Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), preocupado em transpor distâncias físicas e geográficas, percebe e trata a Educação a Distância como uma possibilidade de inclusão. No IFSC são oferecidos diferentes cursos na modalidade a distância, ampliando o acesso de estudantes catarinenses, como de outros estados brasileiros, à educação em todos os seus níveis, possibilitando a disseminação do conhecimento por meio de seus câmpus e polos de apoio presencial conveniados. Os materiais didáticos desenvolvidos para a EaD foram pensados para que você, caro aluno, consiga acompanhar seu curso contando com recursos de apoio a seus estudos, tais como videoaulas, ambiente virtual de ensino aprendizagem e livro didático. A intenção dos projetos gráfico e instrucional é manter uma identidade única, inovadora, em consonância com os avanços tecnológicos atuais, integrando os vários meios disponibilizados e revelando a intencionalidade da instituição. Bom estudo e sucesso! Equipe de Produção dos Projetos Gráfico e Instrucional Departamento EaD/IFSC Seminário de Pesquisa e Intervenção II Sumário 07 2. Tipos de Pesquisa 23 3. Técnicas e Instrumentos de Pesquisa 27 4. Análise dos Dados 39 5. Cuidados na Redação Científica 49 6. Citações 57 7. Referências 65 Considerações Finais 75 Sobre a Autora 76 Referências 77 1. A Pesquisa Científica A unidade curricular de Seminário de Pesquisa e Intervenção II O objetivo geral da Unidade Curricular (UC) Seminário de Pesquisa e Intervenção II é apresentar métodos e técnicas de pesquisa que possam auxiliar, você estudante, na organização, coleta de dados, análise e apresentação de resultados em relatórios e trabalhos acadêmicos de uma forma metodologicamente científica. Além disso, o desenvolvimento dessas competências e habilidades possibilita a aplicação do método científico nas atividades profissionais do dia a dia. A unidade curricular tem ainda por objetivo específico, aplicar os fundamentos teórico-metodológicos no estudo do (PROEJA) por meio da implementação do projeto de pesquisa e/ou intervenção elaborado na UC Seminário de Pesquisa e Intervenção I. Abordaremos os sentidos atribuídos à pesquisa, sua importância com relação à construção do conhecimento e os diversos formatos de pesquisa utilizados. Discutiremos a importância do método científico e indicaremos alguns modelos de pesquisa, bem como falaremos sobre a evolução histórica de cada um deles. Esses conhecimentos são essenciais para a construção do seu Trabalho de Curso (TC). No decorrer dos estudos, indicaremos livros e textos complementares, que contribuirão para o aprofundamento dos conceitos, definições e procedimentos aqui apresentados. Imbuídos no desejo de instigar a crítica metódica, o interesse e o mérito da ciência para a sociedade, as possibilidades dos métodos e técnicas de pesquisa, além da importância desses procedimentos para o desempenho de sua profissão, convidamos você a embarcar nesta aventura do saber. Afinal, a ciência não deixa de ser uma das maiores aventuras da humanidade. Lembre-se de que estaremos juntos em toda a caminhada. Basta dar o primeiro passo. Como diria o grande imperador Júlio Cesar, “alea jacta est”. Bons estudos. Magda Camargo Lange Ramos ALEA JACTA EST [ GLOSSÁRIO ] Expressão latina que significa “os dados estão lançados”, mas usualmente traduzida como “a sorte está lançada”. SEMINÁRIO DE PESQUISA E INTERVENÇÃO II UNIDADE 1 Magda Camargo Lange Ramos A Pesquisa Científica A pesquisa científica deve fazer uso de métodos que são inerentes à sua natureza e ao problema que se deseja solucionar. Os métodos – e consequentemente as técnicas – empregados pela ciência permitem a escolha da abordagem mais adequada para a solução de determinado problema. Para tornar isso possível, é imprescindível que o pesquisador conheça, escolha e saiba integrar os métodos disponíveis nas mais diversas áreas do conhecimento humano. Contudo, as reflexões, debates e métodos propostos pela disciplina ajudarão a compreender, de maneira clara, a complexidade do trabalho – o que resulta na melhoria do próprio desempenho profissional – e da vida em sociedade. Para isso, a disciplina Seminário de Pesquisa e Intervenção II o convida a conhecer sobre a pesquisa cientifica. Pesquisa Uma nova questão, contudo, se levanta: tem algum sentido o trabalho realizado pela ciência aos olhos de quem permanece indiferente aos fatos, como tais, e só dá importância a uma tomada e decisão prática? Creio que, mesmo em tal caso, a ciência não está despida de significação (WEBER, 2005, p. 41). PESQUISA PURA VERSUS PESQUISA APLICADA [ SAIBA MAIS ] A pesquisa é um processo sistemático fundamental para a construção do conhecimento humano. Ela gera novos conhecimentos e auxilia a desenvolver, corroborar, reproduzir, refutar, ampliar, detalhar e atualizar outros conhecimentos pré-existentes. A pesquisa serve, dessa forma, tanto para o indivíduo quanto para a sociedade na qual ela se desenvolve. Enquanto uma atividade regular, a pesquisa também pode ser definida como o conjunto de atividades orientadas e planejadas para a busca de um conhecimento. Denominamos pesquisa aplicada ou prática as investigações que tenham como propósito a sua utilização no dia a dia. Exemplo: a busca de uma vacina contra a AIDS; a implantação de ferramentas de qualidade total em uma empresa; a invenção do telefone, do computador etc. Já a pesquisa é pura quando não temos por finalidade a utilização prática, mas a de Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e contribuir para o avanço do conhecimento sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos da teoria estudada. Exemplo: estudar a problemas propostos. Segundo Gil (1999, p. 25), a pesquisa é origem do universo. necessária quando não se dispõe de informação suficiente para Significado de pesquisa A Pesquisa Científica responder ao problema ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema. A pesquisa é desenvolvida a partir dos conhecimentos disponíveis e da utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. Na realidade, a pesquisa desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados. Como já trabalhamos alguns dos conceitos de pesquisa na unidade curricular Seminário I, vale ressaltar que, ao organizar um projeto, temos de selecionar o tipo de pesquisa que servirá de método para a realização dos objetivos propostos na busca de novos conhecimentos. Para fazer um bolo, por exemplo, primeiro precisamos escolher qual deles estamos com vontade de comer, em seguida, é preciso analisar a receita e ver se possuímos todos os ingredientes. Feito isso, é necessário buscarmos o modo de preparo. Depois vem a execução da receita e após o tempo de cozimento e resfriamento, finalmente a degustação do bolo. Vale lembrar que pesquisa é um processo intelectual para adquirir conhecimentos e isso se dá pela investigação de uma realidade e busca de novas verdades sobre um fato (objeto, problema). Com base em métodos adequados e técnicas apropriadas, o pesquisador deve buscar conhecimentos específicos, respostas ou soluções para o problema estudado. Não se deve atribuir verdade absoluta ao resultado de uma investigação, pois as descobertas são sempre renovadas e toda análise sobre um fato (objeto, problema) apresenta várias implicações de ordem apreciativa. Por que se faz pesquisa? Como vimos, há muitas razões que determinam a realização de uma pesquisa. Elas podem, no entanto, ser classificadas em dois grandes grupos: razões de ordem intelectual e de ordem prática. As primeiras decorrem da própria satisfação de conhecer e as últimas decorrem do desejo de conhecer para aprender a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficaz. Tem sido comum designar as pesquisas decorrentes desses dois grupos como “puras” e “aplicadas” e discuti-las como se fossem mutuamente exclusivas. Essa postura é inadequada, pois a ciência PESQUISAR [ GLOSSÁRIO ] Pesquisar significa perquiere do latim. É o mesmo que caminhar em torno de algo, buscando perscrutá-lo e aprofundá-lo a partir de outras perspectivas, ou seja, é buscar com investigação. É trilhar, com passos firmes, o caminho da interrogação e da busca de novos conceitos. 9 busca tanto o conhecimento em si mesmo quanto às contribuições práticas decorrentes dele. Uma pesquisa sobre problemas práticos pode conduzir à descoberta de princípios científicos. Da mesma forma, uma pesquisa pura pode fornecer conhecimentos passíveis de aplicação prática imediata. Ressalta-se que a pesquisa surge de uma pergunta ou de um de problema, ou seja, o objetivo principal da pesquisa é desvendar respostas para perguntas através da abordagem de processos científicos e, como toda atividade racional e sistemática, exigese que as ações desenvolvidas ao longo de seu processo sejam efetivamente planejadas. Portanto, através deste nosso estudo, procura-se apresentar estratégias e táticas de pesquisas adequadas aos objetivos tanto das pesquisas “puras” quanto das “aplicadas”. Por conta disso, será dedicada atenção tanto aos requisitos básicos das pesquisas acadêmicas quanto às pesquisas elaboradas para a solução de problemas práticos. Êxito de uma pesquisa Como vimos anteriormente, a pesquisa foca no estudo e na descoberta de novos conhecimentos e assuntos que são importantes para o avanço da humanidade. Entretanto, a temática que será estudada deve ser também importante para você, pesquisador, ou seja, é importante que você tenha afinidade e interesse no desenvolvimento da pesquisa e que, dessa forma, sinta-se motivado a ler, analisar, testar, relatar e publicar seus estudos. Nesse contexto, é preciso entender a pesquisa como investigação, estudo, curiosidade, motivação e um desejo de descobrir alguma coisa que nos confunde, questiona e nos faz sentir a necessidade de tentar respondê-la. O desafio das universidades, atualmente, é o de desenvolver, nos alunos, a capacidade de buscar conhecimentos e de saber utilizálos. O que é muito diferente do que acontecia antes, quando o importante era dominar o conhecimento. Hoje acredita-se que o essencial é “dominar o desconhecimento”, ou seja, estando diante de um problema para o qual não se tem a resposta pronta, o pesquisador deve saber buscar o conhecimento conexo ao objeto e, quando não disponível, saber encontrar, ele próprio, as respostas por meio da pesquisa. A Pesquisa Científica De acordo com Gil (1999, p 32), destaca-se: “Conhecimento do assunto a ser pesquisado; Curiosidade; Criatividade; Integridade intelectual; Atitude autocorretiva; Sensibilidade social; Imaginação e disciplina; Perseverança e paciência; Confiança e experiência.” Portanto, caro aluno, a curiosidade é a “mola propulsora” da pesquisa, porque ela nos leva a estudar e aprofundar determinados assuntos que desconhecemos, oferecendo oportunidades de conviver e construir novos conhecimentos a partir do que já existe publicado. Exemplificação das etapas do método científico Observações Perguntas Descobertas Registros Seguir aprendendo Novas perguntas Hipóteses Conclusões Experimentação Fonte dos dados: Adaptado de Energia Eólica (2014). 11 Durante sua vida acadêmica na pós-graduação, você verá que a produção de artigos é uma etapa fundamental para o aprendizado. Portanto, pesquisador, não a encare como uma obrigação, para que a escrita não se transforme em um fardo. É fundamental lembrar que a escolha do tema deve fazer com que você se sinta realizado ao escrever. Portanto, Pesquisar é um trabalho que envolve um planejamento análogo ao de um cozinheiro. Ao preparar um prato, o cozinheiro precisa saber o que ele quer fazer, obter os ingredientes, assegurar-se de que possui os utensílios necessários e cumprir as etapas requeridas no processo. Um prato só será saboroso na medida do envolvimento do cozinheiro com o ato de cozinhar e de suas habilidades técnicas na cozinha. O sucesso de uma pesquisa também dependerá do procedimento seguido, do seu envolvimento com a pesquisa e de sua habilidade em escolher o caminho para atingir os objetivos da pesquisa (SILVA; MENEZES, 2005, p. 32). Saber lidar com o novo não é fácil, porque exige que o pesquisador tenha organização, dedicação, disciplina, comprometimento, tempo e muito estudo. Portanto, encare este momento como uma oportunidade de estudar e aprender mais sobre um tema que é relevante para você e/ou para a sociedade. Tome-o como um desafio. Lembre-se sempre de que o êxito da pesquisa depende de vários fatores, dentre eles: • Indagação minuciosa do assunto; • Seleção do material bibliográfico e documental; • Transcrição correta das informações; • Anotações claras e objetivas; • Desenvolvimento ordenado e lógico dos fatos; • Apresentação ordenada e clara das conclusões ou dos resultados alcançados; • Desenvolvimento do processo de pesquisa em harmonia com os objetivos propostos. A Pesquisa Científica Dica ! Ao pesquisar um tema que seja atual e que vá ao encontro de suas necessidades e expectativas, ou seja, que vá ao encontro de seu interesse tanto pessoal quanto profissional, você terá grandes possibilidades de realizar uma pesquisa com êxito. Resumindo... • Pesquisar significa, de forma bem simples, procurar respostas para indagações propostas. • O sucesso na elaboração de uma pesquisa dependerá do procedimento que você vai seguir, do seu envolvimento com a pesquisa e de sua habilidade na escolha do caminho para que os objetivos sejam atingidos. Esse caminho, muitas vezes, precisa ser reinventado, pois a pesquisa não é previsível necessitando além das regras, de imaginação e muita criatividade por parte do pesquisador. • O pesquisador pode ser comparado a um detetive e precisa ter muito cuidado para não tirar conclusões equivocadas. • Segundo Gil (2002, p.21), faz-se uma pesquisa quando não se dispõem de informação suficiente para responder ao problema. “[...] na realidade a pesquisa desenvolvese no decorrer de um processo que envolve várias fases, que vão desde a formulação adequada do problema até a apresentação dos resultados.” Agora que discutimos sobre o significado do termo pesquisa e seus diferentes tipos, que tal passarmos para o próximo passo que é a identificação, localização e seleção das fontes de informação? 13 Fontes de informação Entenda como fonte de informação os formatos pelos quais a informação é difundida, ou seja, pode ser um livro, um periódico (contendo vários artigos), trabalhos publicados na internet que apresentem diferentes pesquisas publicadas sobre um mesmo assunto. O trabalho técnico ou científico exige uma ampla pesquisa bibliográfica em fontes de informação (livros, periódicos, dissertações, teses, internet etc.) para basear e sustentar as ideias que você pretende colocar em prática. Ao elaborar seu artigo científico, você vai precisar apoiar suas ideias em fontes de informação que sejam reconhecidas e aceitas, pois serão elas que darão suporte às suas hipóteses. Elas ainda o auxiliarão na elaboração da pesquisa, bem como na reflexão de fatos e dados, estimulando-o a analisar e julgar de forma ética e profissional. Existe um ditado que diz que o estudioso lê e só depois começa a fazer sua redação e há quem afirme que um escritor de obras científicas, técnicas e didáticas lê e escreve ao mesmo tempo. Nas duas situações, o ato de escrever requer uma reflexão exaustiva sobre o assunto. Como vou localizar a informação? Visite bibliotecas centros de documentação e arquivos, que já possuem em seu acervo fontes organizadas e selecionadas. Faça a consulta dos acervos pelos sites das instituições antes de ir até o local, o que pode otimizar sua busca. As bibliotecas universitárias possuem o sistema de comutação bibliográfica, que é um serviço de solicitação de fotocópias e/ ou empréstimo de documentos em bibliotecas nacionais e/ou no exterior, catálogos, base de dados nacionais e internacionais, proporcionando a você informações disponibilizadas em qualquer parte do mundo. Portanto, pesquisador, as bibliotecas fazem parte do seu roteiro diário. As bibliotecas são, sem sombra de dúvidas, um abrigo para você que necessita fundamentar sua pesquisa. Você precisa se familiarizar com o acervo que elas oferecem, com a forma como elas classificam os títulos e disponibilizam as informações. Só A Pesquisa Científica assim, você conseguirá desenvolver habilidades para trabalhar com livros, revistas, jornais, enfim, com todo o acervo que uma biblioteca possui. Vale destacar que muitos desses recursos já estão disponibilizados on-line. Há, inclusive, muitos periódicos, que são jornais que tratam de assuntos de uma área específica, que têm versões on-line. Assim como um jornal, esses periódicos tratam de áreas específicas, por isso, usam um linguajar próprio. Acervo de uma biblioteca - Entende-se como acervo um conjunto de obras que formam o patrimônio de uma biblioteca, ou seja, um conjunto de documentos (livros, revistas, jornais, catálogos, dissertações, teses, CDs, DVDs etc.) que a biblioteca organiza e abriga. - Existem dois tipos de bibliotecas: as especializadas, que guardam obras de um ramo de conhecimento específico. Exemplo: biblioteca de Administração, biblioteca de Medicina etc. Há também as bibliotecas gerais, que têm obras de diversas áreas do conhecimento. Existem também as bibliotecas públicas, que se destinam ao atendimento do público em geral, cujo objetivo é a educação extraescolar. Neste sentido, destacamos o Moodle, onde podemos encontrar as páginas de disciplinas, grupos de trabalho e comunidades de aprendizagem. Pesquisa na internet É comum ouvir estudantes afirmando que tudo o que é preciso saber encontra-se na internet. Esse tipo de afirmação exige reflexão. Não há dúvidas de que a internet é uma das maiores fontes de informação e pesquisa em todo o mundo. Também é inegável a contribuição que a rede mundial de computadores (e outros dispositivos de comunicação) trouxe para a circulação de dados e informações. Entretanto, algumas ressalvas devem ser apresentadas. Mattar (2008) lembra que são poucos os livros publicados por completo na internet. Temos ainda, apesar do franco crescimento, apenas uma pequena fração de artigos científicos, jornais acadêmicos, 15 revistas especializadas, relatórios de pesquisa, entre outros materiais científicos divulgados na rede mundial. Além de tudo isso, a simples disponibilidade na internet não significa qualidade da informação. Ciente dessas questões, o estudante deve utilizar a web com consciência e seletividade. Tipos de publicação As bibliotecas possuem uma divisão de seu acervo, considerando os tipos de publicação, de informação e uso, como você verá a seguir: • Coleção de livros: livros científicos, literários e didáticos. • Livros de referência: enciclopédias, dicionários, índices, atlas e bibliografias. • Periódicos: são as publicações que apresentam artigos atuais e também jornais e revistas antigas. É nessa etapa de pesquisa que você vai estabelecer sua estratégia de investigação, ou seja, fazer a busca do material em bibliotecas e materiais on-line disponíveis para familiarizar-se com as fontes de informação sobre o tema que você escolheu. Após a identificação e a localização dessas fontes, você fará uma triagem, quer dizer uma seleção das fontes levando em consideração se elas serão úteis para a sua pesquisa e se são de qualidade. • Selecione sempre as fontes mais recentes. • Não utilize material que não esteja referenciado corretamente. • Muita atenção quando utilizar material da internet: verifique sua procedência; priorize sempre revistas científicas que contenham valor científico e confiável; evite sites como a Wikipédia que não possui conteúdo controlado e filtrado. De acordo com Marconi e Lakatos (2010), as fontes de informação são agrupadas conforme seus conteúdos: Fontes tradicionais de A Pesquisa Científica 17 informação Coleção de livros Livros científicos, literários e didáticos. Periódicos São as publicações que apresentam artigos atuais e também jornais e revistas antigas. Fontes de informação para negócios Relatórios anuais de companhias, relatórios de pesquisas de mercado, revistas técnicas, manuais, revistas de negócios, catálogos, jornais, dentre outros. Livros de referências Enciclopédias, dicionários, índices, atlas e bibliografias. Fontes de informação técnica Normas técnicas, documentos de patentes, legislação e publicações referentes à área. Fontes de informação científica Monografias, periódicos de revistas, artigos científicos, anais de conferências, congressos, eventos científicos. Fonte dos dados: Adaptado de Marconi e Lakatos (2010). Fontes de informações confiáveis para consulta via internet Google Acadêmico Biblioteca da UFSC http://scholar.google.com.br/ http://portalbu.ufsc.br/ Disponibiliza trabalhos acadêmicos nas mais mais variadas áreas do conhecimento. Dissertações e teses defendidas na UFSC. Portal Prossiga Scielo Brasil http://prossiga.ibict.br http://www.scielo.br/ Portal de periódicos e base de dados nacionais e internacionais. Acervo de bibliotecas virtuais, possui artigos científicos de várias áreas do conhecimento. Portal Domínio Público Portal da CAPES http://www.dominiopublico.gov.br http://www.periodicos.capes.gov.br/ Obras contendo textos completos dentre elas, dissertações e teses defendidas no Brasil. Acesso livre aos principais periódicos científicos e a uma base de dados internacional. Fonte dos dados: Adaptado de Dutra (2009). A Pesquisa Científica Atenção para os seguintes critérios a serem considerados na seleção das fontes de informação: Além de facilitar o acesso e a localização das fontes de informação, os critérios de avaliação têm como objetivo principal: identificar, analisar, selecionar e organizar as fontes procuradas. Um critério importante a ser considerado é que algumas fontes de referência não se apresentam em texto completo. Nesse caso, será necessário mandar buscar em uma biblioteca mais próxima que possua a assinatura e pagar pelo serviço solicitado. Outro critério que você deve ficar atento quando for manusear uma fonte de informação é identificar se há os seguintes dados: autor, título, cidade, ano e editora. Segundo Thiollent (2004, p.19), “[...] importância de avaliar-se a informação disponível na internet é bastante significativa para quem a utiliza com a finalidade [de] pesquisa, e é de extrema relevância para enfatizar a inconstância da qualidade das informações encontradas.” Os critérios de autoridade, atualidade, precisão, clareza na apresentação e organização da informação, segundo os autores citados, são de suma importância na seleção das fontes a serem utilizadas. Portanto, são critérios que você deve considerar na seleção das fontes de informação para atingir os resultados almejados na pesquisa. Leitura e interpretação Faça sempre a leitura do material que você selecionou. Leia e releia, sinalize e resuma os pontos mais importantes para ajudar na compreensão do assunto. Mas, se você tiver dificuldade em respondê-las, saiba mais pesquisando em: LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 19 Critérios de seleção Autor Data de publicação da fonte Quais são as credenciais do autor? Ele é afiliado a alguma instituição? Escreve sobre o assunto que você deseja? Esse autor é referenciado em bibliografias e foi indicado pelo seu professor? Quando foi publicado? A data geralmente está localizada abaixo do nome do autor. Se por um acaso você não conseguir localizar, procure na última página pelo Copyright e a data estará lá. Não esqueça de verificar se o assunto procurado é atual, pois tanto a área tecnológica quanto a médica passam, constantemente, por mudanças e sua pesquisa corre o sério risco de ficar desatualizada. Edição ou revisão Título do periódico ou do jornal A publicação é primeira edição? Fique atento se não existem novas edições com adaptações atuais e revisadas. Público-alvo Qual é o perfil do público a que se destina? Avaliar se é uma publicação especializada, técnica, destinada a leitores avançados e se está adequada às necessidades de sua pesquisa. Verificar se a publicação é acadêmica, especializada ou direcionada a um público definido. Essa constatação é de suma importância, porque indica diferentes níveis de complexidades na ordenação das ideias. Informação A respectiva informação está baseada em fatos, opiniões ou propaganda? É muito importante separar fatos de opinião, pois os fatos podem ser usualmente verificados, já as opiniões podem estar baseadas em informações factuais, o que envolve interpretações dos fatos. Fonte dos dados: Adaptado de Thiollent (2004). A Pesquisa Científica A pesquisa científica caracteriza-se pela busca de fontes de informação. Todo esse processo deve ser feito de forma sistemática e racional, de acordo com as regras que foram citadas, considerando que a leitura e a interpretação são fundamentais em todo o processo de pesquisa. Que tal agora colocarmos em prática esses conhecimentos? Vamos lá, já que estamos falando sobre conhecimento, pesquisa e formas de descobrir as coisas, que tal começarmos analisando a citação de Nietzsche que registra, o que não deixa de ser um “alerta”, em sábias palavras, a caminhada a ser trilhada dentro da unidade curricular Seminário de Pesquisa e Intervenção II? Nietzsche (2004) diz que: Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar, para atravessar o rio da vida - ninguém, exceto tu, só tu. Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te perderias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Onde leva? Não perguntes, segue-o! Caro aluno, lembre-se de que pesquisar é o mesmo que caminhar em torno de algo, a partir de outras perspectivas, buscando, de modo sistemático e rigoroso, compreender o objetivo da pergunta... Pesquisar é fazer ciência, é construir conhecimento novo. Nesta unidade estudamos que pesquisar significa, de forma bem simples, procurar respostas para indagações propostas, ou seja, é a realização concreta de uma investigação planejada, desenvolvida e redigida baseada no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para os problemas propostos mediante o emprego de métodos científicos. 21 SEMINÁRIO DE PESQUISA E INTERVENÇÃO II UNIDADE 2 Magda Camargo Lange Ramos Tipos de Pesquisa Pesquisar é buscar ou procurar resposta para alguma coisa. Em se tratando de Ciência (produção de conhecimento), a pesquisa é a busca de solução a um problema que alguém queira saber a resposta. Pesquisa é, portanto o caminho para se chegar à ciência, ao conhecimento. É na pesquisa que utiliza-se diferentes instrumentos para se chegar a uma resposta mais precisa. O instrumento ideal deverá ser estipulado pelo pesquisador para se atingir os resultados ideais. Por isso a importância de se definir o tipo de pesquisa e da escolha do instrumental ideal a ser utilizado. Tipos de Pesquisa Vamos supor que você esteja interessado em montar um curso na modalidade EaD e está pensando em como atingir seu público-alvo, nesse caso, os professores da rede municipal de Florianópolis. Para tanto, você decide realizar uma pesquisa para identificar o perfil desses professores e para saber qual é a área/disciplina de maior interesse. Como você planejaria essa pesquisa? Qual seria o delineamento (estrutura da pesquisa, coleta, análise e interpretação dos dados) a ser utilizado? A metodologia científica pode ajudá-lo nesse processo, porque ela oferece condições para efetivação desse tipo de pesquisa. É importante destacar que a utilização de métodos científicos não garante por si só o êxito da pesquisa. Todavia, a omissão das técnicas e métodos da ciência fatalmente conduz a investigação ao fracasso ou, no mínimo, a resultados pouco significativos. Para se utilizar a metodologia científica é necessário compreender primeiro os elementos que a constitui: • classificação das pesquisas; • técnicas de coleta de dados; • formas de interpretação e análise dos dados. Classificação da pesquisa Há inúmeras formas de classificar as pesquisas científicas e não existe uma taxonomia única e absoluta. Utilizamos aqui uma classificação fundamentada principalmente nos trabalhos de Appolinário (2011) e Gil (2002): Tipos de Pesquisa Quadro 1: Classificação da pesquisa Classificação da pesquisa CLASSIFICAÇÃO DESCRIÇÃO Básica Procura ampliar o volume de conhecimentos novos com o intuito de contribuir para o avanço e progresso da ciência. NATUREZA DA PESQUISA FORMA DE ABORDAGEM DO PROBLEMA FINALIDADE DA PESQUISA Aplicada Busca produzir conhecimentos para aplicações práticas em realidades locais. Quantitativa Considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números as opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Qualitativa Procura interpretar e atribuir significados aos fenômenos. Exploratória Almeja aumentar a intimidade do pesquisador com o problema de pesquisa no intuito de torná-lo mais claro ou auxiliar na construção das hipóteses. Descritiva Descreve as características de determinada população ou fenômeno e também busca as relações entre as variáveis. Explicativa: Bibliográfica DELINEAMENTO DA PESQUISA LOCAL DE COLETA Procura identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Nesse caso, o interesse é o de explicar a razão, o porquê das coisas. Material já elaborado (livros e artigos). Documental Materiais que não receberam tratamento analítico (exemplo: manual de normas e procedimentos da empresa, atas de reunião etc.). Experimental Realização de experimentos (controle de variáveis). Ex-post facto Experimento após o fato. O pesquisador não tem controle sobre as variáveis (elas ocorrem espontaneamente). Estudo de corte É realizado a partir de um grupo de pessoas com características comuns; o intuito é o de observar e analisar as alterações ocorridas com os participantes durante o tempo especificado. Levantamento São feitas entrevistas com as pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Estudo de caso Estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos. Pesquisa-ação Interação entre o pesquisador e sujeitos envolvidos (ação para solução do problema da pesquisa). Participante Também envolve a interação entre pesquisador e sujeitos, mas não está presa à solução do problema. Pesquisa de campo Coleta de dados realizada em situação real, sem o controle do pesquisador. Fonte: A autora (2014). 25 Apresentamos aqui apenas as considerações gerais acerca da classificação das pesquisas. É essencial que você aprofunde seus conhecimentos nos livros e materiais indicados no ambiente virtual de ensino e aprendizagem. Procure identificar outras propostas de classificação sugeridas nas obras de metodologia. Após a definição dos fatos e fenômenos a serem investigados e do planejamento e classificação da pesquisa, devemos direcionar nossa atenção às técnicas de coleta de dados. É importante que você conheça e saiba utilizar os instrumentos de pesquisa. Considerando o que já foi estudado até aqui, reforça-se a concepção de que a Ciência é um processo sistemático cujo objetivo é conhecer, interpretar e intervir na realidade, tendo como pressupostos problemas formulados que sustentam regras e ações adequadas à constituição do conhecimento. SEMINÁRIO DE PESQUISA E INTERVENÇÃO II UNIDADE 3 Magda Camargo Lange Ramos TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE PESQUISA A pesquisa científica orienta-se por um conjunto de procedimentos e etapas que organizam um conhecimento sobre os fenômenos. Métodos, técnicas e instrumentos são procedimentos adotados pelo pesquisador no desejo de fazer ciência, pois toda e qualquer atividade a ser desenvolvida, seja teórica ou prática, requer procedimentos. O método significa o caminho para se chegar a um fim e a técnica é o meio de fazer, de forma mais segura e adequada, determinadas atividades que se encaminham para um fim específico. Já os instrumentos são os recursos utilizados para coleta de dados junto as fontes de pesquisa. Ou seja, os métodos e as técnicas são indispensáveis numa investigação científica, pois contribuirá para a ampliação do conhecimento já acumulado, bem como para a construção, reformulação e transformação de teorias científicas. Técnicas e Instrumentos de Pesquisa No decorrer do processo de pesquisa, após a definição dos fatos ou fenômenos a serem investigados e da identificação dos participantes do estudo, torna-se necessário determinar como os dados e as informações serão obtidos com o intuito de resolver o problema de pesquisa. A coleta de informações sobre os fatos, fenômenos ou mesmo sobre os participantes da investigação implica a utilização de instrumentos ou técnicas de coleta de dados, que podem acontecer através de: questionário, entrevista, observação ou através de um grupo focal. Técnicas e Instrumentos de Pesquisa Observe que:... dado e informação não possuem o mesmo significado. 1.Dados: De maneira geral, é o conteúdo quantificável e que por si só não transmite nenhuma mensagem que possibilite o entendimento sobre determinada situação. Os dados podem ser considerados a unidade básica da informação. Sem dados, não temos informações, pois essas são criadas a partir daqueles. Exemplo: No relatório de vendas de uma empresa, foi obtido o dado de que ela realizou um total de vendas no período de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). O que isso significa? Nada! Isso é só um dado, ele não diz que a empresa obteve lucro com esse montante de vendas ou não, não diz se o objetivo foi atingido ou não etc. 2.Informação: É o resultado do processamento dos dados. Ou seja, os dados foram analisados e interpretados sob determinada ótica e a partir dessa análise, foi possível qualificar esses dados. Em algumas profissões, os processos podem ser descritos como os que foram feitos abaixo: Entrada (dados) >> Processamento (análise dos dados) >> Saída (informação). Exemplo: Usando a situação do exemplo anterior, vamos transformar os dados sobre as vendas da empresa em informação. Imaginemos que e meta de vendas da empresa fosse de R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais) e com esse total de vendas ela poderia pagar suas contas, os funcionários etc. Fazendo o processamento dos dados, obtemos a informação de que a empresa não obteve o volume de vendas necessário à manutenção de suas atividades. Resumindo: Dado é a base para a informação. Ele não é capaz de descrever uma situação por completo. Ele pode ser quantificado, mas não qualificado. Já a informação tem conteúdo entendível, capaz de expressar uma situação. 29 [ Lembre-se de que o simples fato de utilizar técnicas científicas de coleta ou de análise dos dados não garante a qualidade final do trabalho. Outros fatores devem ser considerados, entre eles, aqueles ligados ao aspecto ético. ] Inúmeros são os procedimentos e instrumentos para a realização de coleta de dados que variam em decorrência das circunstâncias e/ou do tipo de investigação proposto. Um instrumento de pesquisa pode ser um telescópio (se o objetivo for estudar os planetas, por exemplo), um termômetro (se a intenção for realizar a medição da temperatura dos corpos em geral), um acelerador de partículas (se o interesse for identificar características de partículas subatômicas) etc. Quando se realiza pesquisas em Ciências Sociais, os instrumentos usualmente utilizados são questionários, entrevistas, observações, formulários, entre outros. É importante lembrar, comenta Appolinário (2011), que o pesquisador deve esclarecer a forma como os instrumentos serão utilizados. Em outras palavras, quais os procedimentos relacionados à coleta de dados e as variáveis envolvidas (por exemplo: quem preenche os questionários, etapas de uma entrevista, tempo limite para coleta de dados, responsáveis pela transcrição das entrevistas etc). Lakatos e Marconi (2010) recordam que a coleta de dados é, diversas vezes, uma tarefa extenuante que toma mais tempo do que o previsto inicialmente. Isso exige do pesquisador paciência e perseverança, além do cuidadoso registro dos dados e preparo antecipado. De modo geral, as técnicas de coleta de dados mais utilizadas são: coleta documental e bibliográfica, entrevista, questionário, observação e formulário. Portanto, a pesquisa é a construção de um conhecimento original de acordo com certas exigências científicas. Para que seu estudo tenha comprovação científica, ele deverá obedecer aos critérios de coerência, consistência, originalidade e objetividade. É desejável que uma pesquisa científica preencha os seguintes requisitos: “ [...] a) e existência de uma pergunta que se deseja responder; b) a elaboração de um conjunto de passos que permitam chegar à resposta; c) a indicação do grau de confiabilidade na resposta obtida.” (GOLDEMBERG, 1999, p.106). Técnicas e Instrumentos de Pesquisa Questionário Os questionários são ferramentas de coleta de dados às quais as pessoas respondem a um conjunto de questões em uma ordem preestabelecida. O questionário é constituído por uma série de perguntas ordenadas, respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador (LAKATOS; MARCONI, 2012). É uma das técnicas mais utilizadas na coleta de dados primários em pesquisas sociais. Os questionários costumam ser mais vantajosos por conta de (GRAY, 2012, p. 275): baixo custo em termos de tempo e dinheiro; fluxo rápido de dados de várias pessoas; conveniência para que o entrevistado complete o questionário em local que lhe convir; as perguntas podem ser codificadas rapidamente (particularmente as questões fechadas); possibilidade de garantia do anonimato do entrevistado; certa objetividade na pesquisa em comparação com outros métodos. Algumas desvantagens dos questionários (LAKATOS; MARCONI; 2010, p. 185): baixo retorno; grande quantidade de questões sem respostas; não pode ser utilizado com pessoas analfabetas; impossibilidade de auxiliar o entrevistado em caso de dúvidas; inúmeras vezes não é a pessoa escolhida quem responde ao questionário; desconhecimento das circunstâncias em que as questões foram respondidas. Lakatos e Marconi (2010, p. 186) oferecem algumas sugestões para a elaboração do questionário: • identificar a entidade ou a organização patrocinadora: o entrevistado precisa saber qual é a empresa ou instituição representada pelo pesquisador; • limitar a extensão e finalidade: se o questionário for muito longo, pode causar desinteresse e fadiga; se for muito curto, pode não oferecer informações suficientes; • codificar as questões: a intenção é facilitar a tabulação dos dados posteriormente; • apresentar instruções e notas explicativas: o entrevistado deve compreender a finalidade e a importância de suas respostas; 31 • observar a estrutura e forma do questionário: tamanho, facilidade de manipulação, espaço para respostas, disposição dos itens etc; • realizar pré-teste: o questionário deve ser testado antes de sua efetiva aplicação. Os questionários podem apresentar dois tipos de perguntas: abertas e fechadas. As perguntas abertas, também chamadas de livre e não limitadas, são aquelas em que o entrevistado tem total liberdade para emitir opiniões e expressar juízos utilizando linguagem própria. A vantagem das perguntas abertas, comenta Gray (2012, p. 282), “[...] é o potencial para a riqueza de respostas, algumas das quais podem ser previstas pelos pesquisadores.” Por outro lado, esse tipo de questionário demanda mais tempo para que se faça uma análise detalhada dos dados. Exemplo de pergunta aberta: O que você mais gosta na cidade? [ Inúmeros exemplos de perguntas fechadas e abertas estão disponíveis nas obras de metodologia científica. Procure a biblioteca de uma instituição educacional, pesquise na internet ou pergunte ao tutor do curso. ] As perguntas fechadas, também chamadas de limitadas ou de alternativas fixas, são aquelas em que o entrevistado escolhe uma resposta entre as alternativas disponíveis. Esse tipo de pergunta facilita a análise dos dados. Em contrapartida, elas restringem a riqueza de respostas. Exemplos de pergunta fechada: Você gosta de comida italiana? ( ) sim ( ) não. Com o advento da internet, muitos questionários em papel foram substituídos por versões digitais, as quais são respondidas diretamente em sites ou por correio eletrônico. A facilidade conferida pela internet e pelos programas de tabulação de dados coletados trouxe, em contrapartida, a exigência de maior habilidade na formulação desses questionários. Vergara (2009a) lembra que o questionário é mais indicado para pesquisas em que é necessário entrevistar um grande número de pessoas, nesses casos, costuma-se utilizar pesquisas do tipo survey. Nesse caso, o pesquisador precisa ter clareza do que quer perguntar. Outro limitador desse método é que não há interação entre pesquisador e pesquisado. Vejamos um exemplo: Técnicas e Instrumentos de Pesquisa Questionário 1) Faculdade de origem ( ) pública ( ) privada 2) Sexo ( ) masculino ( ) feminino Idade: ____ anos 3) Qual sua formação acadêmica? ( ) graduação ( ) especialização ( ) mestrado ( ) doutorado 4) Há quanto tempo atua na área de Educação Física Escolar ( ) menos de 1 ano ( ) entre 1 e 5 anos ( ) entre 5 e 10 anos ( ) mais de 10 anos 5) Possui conhecimentos sobre Educação Especial e/ou Educação Física Adaptada? ( ) sim ( ) não 6) Caso possua, onde obteve essas informações? ( ) curso de graduação ( ) curso de extensão ( ) palestras ( ) curso de especialização ( ) mestrado ( ) doutorado ( ) leituras independentes ( ) outros 7) O que você entende por inclusão de pessoas portadoras de deficiência no ensino regular? 8) Há algum aluno com deficiência em sua escola? ( ) sim ( ) não 9) Em caso afirmativo que tipo de deficiência? ( ) física ( ) mental ( ) auditiva ( ) visual ( ) outras 10) Você acredita ter conhecimentos suficientes para incluir um aluno deficiente em suas aulas? ( ) sim ( ) não 11) Em caso afirmativo, o que você prioriza em suas aulas para incluir este aluno? 12) Em sua opinião, quais são os requisitos necessários para um professor de Educação Física poder incluir um aluno com deficiência em suas aulas? 13) Na sua opinião, a participação do aluno com deficiência em aulas de Educação Física auxilia a inclusão do aluno na comunidade escolar? ( ) sim ( ) não 14) Em caso afirmativo, por que e de que forma? Fonte dos dados: Adaptado de Vergara (2005). 33 Entrevista Esse é um procedimento de coleta de dados que envolve o encontro entre pessoas, na qual uma delas cumpre o papel de pesquisador (entrevistador). Frequentemente, o entrevistador utilizará uma série de perguntas escritas e organizadas de maneira metodológica para auxiliar o processo de entrevista. Em outras ocasiões, as perguntas servirão apenas como uma referência aos principais pontos tratados durante o colóquio. Importa recordar o conselho de Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 51) de que a entrevista deve ser orientada a um propósito definido: “[...], por meio de interrogatório do informante, dados para a pesquisa.” Neste sentido, a entrevista é uma técnica de coleta indicada quando a investigação necessita, por exemplo, examinar sentimentos e atitudes dos entrevistados (GRAY, 2012). Ela é útil também para os casos em que as pessoas preferem falar (conversar) ao invés de escrever (responder um questionário, por exemplo); outra vantagem da entrevista é o esclarecimento imediato, pelo entrevistador, de questões não compreendidas pelo entrevistado. Diante do exposto, Gray (2012) argumenta que as entrevistas são mais indicadas que os questionários quando as perguntas são abertas ou muito complexas para serem respondidas por escrito (GRAY, 2012). Vergara (2009a) afirma que a característica essencial de uma entrevista é a interação verbal entre pesquisador e o grupo pesquisado. Há diversos tipos de entrevistas e a escolha da técnica empregada depende particularmente dos objetivos impostos à pesquisa. A classificação apresentada a seguir baseia-se na divisão proposta por Gray (2012, p. 300-302): • Entrevistas estruturadas: normalmente utilizadas para coleta de dados quantitativos, as perguntas são preparadas antecipadamente e estruturadas (mesmas perguntas para todos os entrevistados) e usualmente as respostas são registradas em planilhas. • Entrevistas semiestruturadas: não são padronizadas e, muitas vezes, são usadas em análise qualitativa. O entrevistador possui uma lista de perguntas orientadoras que servem de referência para a entrevista, mas outras questões podem ser abordadas. Nesse caso, as respostas são gravadas ou documentadas por anotações e isso permite aprofundamentos das visões e opiniões da cada entrevistado. Técnicas e Instrumentos de Pesquisa • Entrevistas não diretivas: também chamadas de não estruturadas. Nesse caso, são coletados dados principalmente para as pesquisas qualitativas e eles são utilizados para explorar tópicos em profundidade. As perguntas costumam não ser planejadas antecipadamente e os entrevistados podem falar livremente em torno do tema selecionado. • Entrevistas direcionadas: fundamentam-se em respostas subjetivas do entrevistado a partir de uma situação conhecida ou vivenciada por ele. O entrevistador deve conhecer previamente a situação para orientar a atenção do entrevistado. • Entrevistas com conversas informais: utiliza a geração espontânea de perguntas no transcorrer da entrevista. É a forma mais aberta de técnica de entrevista e oferece flexibilidade em termos dos rumos que a entrevista pode tomar. Vergara (2009a) aponta que a entrevista permite ao entrevistador explicar o significado de seus questionamentos. Por outro lado, segundo a autora, ela tem limitações, porque requer tempo e dedicação do entrevistador e do entrevistado. Nesse caso, ainda é comum que o entrevistado se deixe influenciar pelo entrevistador. Dicas para elaboração da entrevista: • A data da entrevista deverá ser marcada com antecedência e a situação em que se realiza deve ser discreta. • Registrar os dados imediatamente (anotando-os ou utilizando gravador). • Certificar-se de possuir permissão do entrevistado para registrar os dados e utilizá-los na pesquisa. • Obter e manter a confiança do entrevistado. • Deixar o entrevistado à vontade. • Dispor-se mais a ouvir do que falar. • Mantenha o controle da entrevista (temas). • Iniciar pelas perguntas que tenham menos possibilidades de provocar recusa. • Não emitir opinião. 35 Observação A observação é uma técnica de coleta que utiliza os sentidos para explorar e obter determinados dados do objeto investigado. Nessas condições, o pesquisador entra em contato direto com o fenômeno estudado com o intuito de explorar algumas de suas condições particulares. A observação é um dos componentes básicos da investigação científica, lembram Lakatos e Marconi (2010, p.174), sendo utilizada particularmente nas pesquisas de campo. Essa técnica auxilia o pesquisador na obtenção de provas “a respeito dos objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam o comportamento.”. Há diversas maneiras de classificar a técnica de observação. Lakatos e Marconi (2010, p. 175) utilizam a taxonomia: • segundo os meios utilizados: observação não estruturada (assistemática), observação estruturada (sistemática); • segundo a participação do observador: observação não participante, observação participante; • segundo o número de observações: observação individual, observação em equipe; • segundo o lugar onde se realiza: observação efetuada na vida real (trabalho de campo), observação efetuada em laboratório. Grupo focal O grupo focal vem sendo empregado há muito tempo, sendo primeiramente mencionada como técnica de pesquisa em marketing nos anos 1920 e usada por Robert Merton na década de 1950 para estudar as reações das pessoas à propaganda de guerra. Os grupos focais ou entrevistas de grupo focal têm sido empregados em pesquisas mercadológicas desde os anos 1950 e, a partir dos anos 1980, começaram a despertar o interesse dos pesquisadores em outras áreas do conhecimento, como as Ciências Sociais, a Ergonomia, as Ciências Médicas, a Ciência da Técnicas e Instrumentos de Pesquisa Informação, entre outras. Pela crescente aplicação dessa técnica, inclusive em pesquisas acadêmicas, e por ter sido ainda pouco explorada na literatura científica, seria oportuno analisá-la como alternativa às técnicas de coleta de dados mais tradicionais, tais como questionários e entrevistas individuais. É uma técnica de pesquisa ou de avaliação qualitativa, não diretiva, que coleta dados por meio das interações grupais ao discutir um tópico sugerido pelo pesquisador. Ocupa, como técnica, uma posição intermediária entre a observação participante e a entrevista de profundidade. Pode ser caracterizada também como um recurso para compreender o processo de constituição das percepções, atitudes e representações sociais de grupos humanos. Nessa técnica o mais importante é a interação que se estabelece entre os participantes. O facilitador da discussão deve estabelecer e facilitar a discussão e não realizar uma entrevista em grupo – sua ênfase está nos processos psicossociais que emergem, ou seja, no jogo de interinfluências da formação de opiniões sobre um determinado tema. Resumidamente, a científica torna-se um modo de conhecer que se utiliza de métodos, técnicas e instrumentos de coleta de dados no seu planejamento e execução. Ela é uma atividade desenvolvida por pesquisadores que buscam apreender o real por meio de um exercício reflexivo e crítico. Lembrando que a iniciação científica dá-se por meio de estímulos à problematização do cotidiano, dos exercícios fundamentais para a iniciação científica. 37 SEMINÁRIO DE PESQUISA E INTERVENÇÃO II UNIDADE 4 Magda Camargo Lange Ramos Análise dos Dados Na análise de dados o pesquisador deverá planejar e explicar quais as principais operações que o mesmo usará para ponderar os dados que obteve, a fim de atingir os objetivos da pesquisa ou a fim de verificar cada hipótese da mesma, ou seja, a análise de dados possui diferentes facetas e abordagens, incorporando técnicas diversas. Tem grande importância em áreas como: ciências, estudos sociais e negócios, por conta da diversidade de modelos possíveis. Análise dos Dados Após a coleta e manipulação dos dados, o estudo se encaminha para a análise e a interpretação dos mesmos. Ambos os procedimentos devem ser entendidos como atividades distintas, porém intimamente interligadas. Lakatos e Marconi (2010, p. 151) destacam que “a importância dos dados está não em si mesmos, mas em proporcionarem respostas às investigações.”. Neste sentido, a análise e interpretação representam o núcleo fundamental de qualquer pesquisa. [ No processo de análise, o investigador procura detalhar os dados a fim de encontrar respostas às indagações propostas pela pesquisa, buscando ainda, estabelecer relações entre os dados coletados e as hipóteses levantadas. ] De modo geral, a análise pode ser entendida como uma “tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores.” (LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 151). A interpretação é, segundo Lakatos e Marconi (2010, p. 152), “a atividade intelectual que procura dar um significado mais amplo às respostas, vinculando-as a outros conhecimentos.”. Em tese, a Análise dos Dados interpretação busca expor o significado mais íntimo dos resultados apresentados em relação aos objetivos da pesquisa. Destacam-se dois aspectos importantes na interpretação dos dados (Lakatos; Marconi, 2010): • construção de tipos, modelos, esquemas: relacionados usualmente a procedimentos estatísticos – o que não impede a sua utilização nas pesquisas qualitativas –, esse método busca determinar a relação entre variáveis a partir das hipóteses ou o problema de pesquisa com o intuito de obter os resultados esperados; • ligação com a teoria: perspectiva de que a interpretação deve estar presente desde o início da pesquisa; é necessário relacionar a opção teórica escolhida à interpretação da realidade social. Se a abordagem utilizada na investigação for de cunho quantitativo, o pesquisador deve realizar a tabulação dos dados coletados. Em outras palavras, os dados devem ser organizados em planilhas, tabelas e gráficos para posterior análise e interpretação. Por outro lado, se o pesquisador optou pela abordagem qualitativa, há outras formas e procedimentos técnicos indicados como: análise de conteúdo, análise do discurso, grupos focais, etnografia, entre outros. A seguir são apresentadas, de modo introdutório e breve, as principais características da análise de dados a partir das perspectivas quantitativa e qualitativa. Análise quantitativa de dados A abordagem da pesquisa quantitativa pressupõe a utilização da estatística como ferramenta essencial para análise dos dados coletados. Não cabe, nas dimensões propostas a esse item, apresentar todos os detalhes dos procedimentos estatísticos para a análise de dados. Importa, contudo, indicar ao pesquisador iniciante as principais possibilidades e exigências do método estatístico. Em termos de pesquisa quantitativa, lembra Appolinário (2011, p. 145), há duas dimensões importantes que devem ser observadas no método científico: “o objetivo que se deseja alcançar com a estatística e o tipo de técnica a ser utilizada.”. Nessas condições, prossegue Appolinário (2011), a estatística pode ser utilizada de duas maneiras fundamentais: para descrever dados e para testar 41 hipóteses. Quando a finalidade é apenas descrever dados, fazemos uso da estatística descritiva. Quando o interesse for testar hipóteses, utilizamos particularmente a estatística inferencial. A estatística descritiva representa um conjunto de técnicas que tem a finalidade de resumir dados e informações investigadas, apresentando-os de maneira simples, rápida e prática. Um exemplo de estatística descritiva pode ser visto nas pesquisas eleitorais onde os resultados são demonstrados na forma de tabelas e gráficos, o que facilita a interpretação dos dados. “Nessas condições, toda pesquisa de caráter predominantemente quantitativo – seja descritiva ou experimental – deve utilizar técnicas estatísticas. Fazem parte desta abordagem” (Appolinário , 2011, p.36): • distribuição de frequência: procedimento que permite organizar os dados de acordo com a ocorrência de diferentes resultados observados, podendo ser construído na forma de tabela ou gráfico; • medidas de tendência central: são valores representativos em uma distribuição de dados, sendo que as medidas de tendência central mais utilizadas são a média, a moda e a mediana; [ Consulte as obras de estatística para conhecer os diferentes coeficientes de correlação e a adequada utilização desses em relação aos tipos de variáveis estudadas. ] • medidas de dispersão: essas medidas informam se um conjunto de dados é homogêneo (pouca variabilidade) ou heterogêneo (muita variabilidade) em relação a uma média, sendo que as duas principais medidas de dispersão são a variância e o desvio padrão; • regressões e correlações: a análise de regressão fornece uma função (equação) matemática que descreve a relação entre duas ou mais variáveis e a correlação estabelece um número que representa o grau de relação entre elas. A estatística inferencial estuda os dados da amostra (parte) com o intuito de compreender o comportamento do universo (todo). Ela fornece meios para testar se uma hipótese é verdadeira ou falsa. Nesses termos, comenta Appolinário (2011), a estatística inferencial consiste em técnicas que objetivam verificar se as hipóteses devem ser aceitas ou rejeitadas. Há inúmeras técnicas estatísticas que podem ser utilizadas – em decorrência dos parâmetros selecionados, níveis de mensuração das variáveis, número de variáveis estudadas, entre outros. Alguns tipos de testes estatísticos: qui-quadrado, teste de mediana, teste t, análise de variância, entre outros. Análise dos Dados Análise qualitativa de dados A análise de dados nas pesquisas qualitativas tem por objetivo central “compreender um fenômeno em seu sentido mais intenso, em vez de produzir inferências que possam levar à constituição de leis gerais ou a extrapolações que permitam fazer previsões válidas sobre a realidade futura.” (APPOLINÁRIO, 2011, p. 159). Em outras palavras, a pesquisa qualitativa não busca a generalização dos resultados, mas sim um entendimento profundo da natureza do fenômeno estudado. Independentemente da técnica de coleta de dados utilizada (entrevista, observação, formulário etc), a pesquisa qualitativa gera uma grande quantidade de informações que devem ser organizadas. O procedimento usual na análise qualitativa, lembra Appolinário (2011, p. 160), é determinar “categorias, padrões e relações entre os dados coletados, de forma a desvendar seu significado por meio da interpretação e da comparação dos resultados com outras 43 pesquisas e referenciais teóricos.” Os estudos de Tesch (1990) identificaram, de acordo com os esclarecimentos de Appolinário (2011, p. 160), alguns princípios úteis que devem ser considerados ao se realizar uma análise qualitativa de dados: • a análise pode ocorrer desde o momento da coleta de dados; ainda em campo, o pesquisador reflete sobre suas observações e impressões, o que pode influenciar inclusive etapas posteriores da coleta de dados; • o processo de análise é sistemático e compreensivo, mas não é rígido: diferentemente da análise quantitativa, não há testes de significância estatística que possam determinar que a análise chegou ao fim. Em pesquisas qualitativas, a análise chega ao fim com o surgimento de padrões e regularidades que possam ser objeto de atribuição de significados pelo pesquisador; • o processo de análise inicia-se com a leitura de todos os dados coletados de uma vez só; depois, procede-se à categorização dos dados em unidades menores, mais significativas; • o principal processo analítico utilizado é o da comparação, ou seja, o pesquisador utiliza a comparação para construir e refinar as categorias e descobrir padrões; MÉTODOS DE ANÁLISE [ LEITURA COMPLEMENTAR ] Para aprofundar os estudos sobre os métodos de análise indicados consulte: Chizzotti, A. (2006). Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 8.ed. São Paulo: Cortez. • ao final, geralmente, o pesquisador examina as categorias e padrões descobertos em face de teorias e resultados de pesquisas anteriores. Inúmeras são as formas de análise dos dados nas pesquisas qualitativas. O procedimento analítico adotado dependerá das escolhas teórico-metodológicas realizadas pelo investigador ainda na etapa de elaboração do projeto de pesquisa. Problemas éticos, metodológicos e políticos no uso das abordagens Nesse contexto, ética diz respeito aos princípios morais que orientam a pesquisa. Isto significa, segundo Gray (2012, p. 60), desenvolver investigações que vão além da simples adoção da “metodologia mais apropriada e realizá-la de forma responsável e moralmente defensável.” Análise dos Dados De um modo geral, as instituições educacionais têm desenvolvidos códigos éticos de práticas de pesquisa com o intuito de promover uma abordagem mais profissional à pesquisa e ao comportamento moralmente adequado dos pesquisadores. O compromisso de um cientista com a finalidade de sua profissão submete-o a deveres profissionais de duas espécies. Há, em primeiro lugar, os deveres do cientista concernentes à qualidade científica dos resultados de seu trabalho de pesquisa, seus deveres em relação ao avanço da ciência. Dado que o trabalho individual de um pesquisador apenas se efetiva como parte da construção coletiva da ciência e apenas contribui para que a ciência se constitua como patrimônio coletivo na medida em que é coletivizado, isto é, comunicado, todo pesquisador tem o dever de respeitar alguns pressupostos que acompanham toda comunicação científica (SANTOS, 2011, p.1). Ao planejar uma pesquisa, é importante que o investigador, iniciante ou experiente, siga princípios éticos que poderão, de maneira positiva, auxiliá-lo na execução e realização da investigação. 45 Qualquer pesquisa, pelo menos de maneira potencial, que envolva a coleta de dados ou contato com populações humanas (ou animais) deve ser pensada sob a perspectiva ética. Os princípios éticos básicos podem, conforme a sugestão de Gray (2012, p. 64), ser enquadrados em quatro áreas principais, a saber: evitar danos aos participantes, garantir seu consentimento informado, respeitar sua privacidade, evitar que o entrevistador seja enganado De modo sintético, os quatro princípios éticos podem ser apresentados da seguinte forma (Gray, 2012, p. 64-69): • Evitar danos aos participantes: uma pesquisa pode ser considerada danosa se levar o participante ao constrangimento, à ridicularização, depreciação ou submetê-lo a desconfortos; evite situações embaraçosas e mantenha, sempre que possível, o anonimato do entrevistado. A pesquisa deve ser desenhada de uma maneira que não cause prejuízo a qualquer grupo social específico, a menos que isso interfira nos princípios universais de justiça, liberdade e ética. Os resultados dos estudos devem ser relevantes para além dos interesses pessoais do investigador. • Garantir o consentimento informado: isto significa que os participantes do estudo devem ser informados suficientemente sobre o projeto de pesquisa que estão participando. As informações prestadas aos participantes do estudo devem ser precisas e claras e o pesquisador sempre deve proteger os participantes do estudo de qualquer dano potencial. • Respeitar a privacidade dos participantes: o direito à privacidade é um dos preceitos básicos da vida em sociedade. As formas de coleta de dados e armazenamento das informações devem ser pensadas para que se mantenham o anonimato e a confidencialidade dos participantes da pesquisa. O pesquisador deve ainda atentar sobre as leis, normas e procedimentos que regem o ambiente onde os dados serão coletados. Há requisitos específicos estabelecidos na legislação para o tratamento de dados referentes a questões raciais e étnicas, saúde e problemas físicos e/ou mentais e vida sexual. Cabe ao investigador conhecer essas diretrizes e leis para evitar qualquer situação equivocada. Análise dos Dados • Evitar que o entrevistado seja enganado: isto ocorre quando o pesquisador apresenta sua pesquisa como algo que não é. O investigador precisa ser absolutamente franco e transparente com os participantes da pesquisa e se posicionar contra a enganação do entrevistado. Isso envolve não só questões referentes aos direitos humanos, mas também evita a construção de uma reputação negativa que pode, a longo prazo, resultar na falta de cooperação dos participantes da investigação. Por fim, outra questão relevante à conduta ética do pesquisador iniciante refere-se à maneira adequada de manipulação das fontes de dados e materiais bibliográficos e o respeito aos direitos autorais. Há uma legislação específica no Brasil que trata desses direitos e da propriedade intelectual de obra produzida por terceiros. Como estudante de uma instituição de educação superior, procure conhecer e respeitar o Código de Ética e as normativas institucionais que regem os procedimentos de pesquisa e a conduta acadêmica. [ Pesquise na internet acerca da lei brasileira do direito autoral (Lei federal nº 9610/98). Busque ainda artigos e textos que discutam o “plágio acadêmico”. ] 47 Lembre-se de que o plágio vem do latim plagiu, plágios, oblíquo, indireto, astucioso, cópia criminosa do trabalho de outra pessoa, caracterizando a ideia como sendo de sua autoria. Plagiar é assinar a obra de autoria de uma outra pessoa como sendo sua. O Dicionário Aurélio refere-se ao plágio enquanto cópia, fiel ou não, de uma obra que foi escrita por outra pessoa. É considerado roubo e deve existir punição severa, mas não é o que acontece no Brasil Resumindo... • É o processo pelo qual se dá ordem, estrutura e significado aos dados. • Consiste na transformação dos dados coletados em conclusões e/ou lições, úteis e credíveis. • A partir dos tópicos estabelecidos processam-se os dados, procurando tendências, diferenças e variações na informação obtida. • Os processos, técnicas e ferramentas usadas são baseadas em certos pressupostos e como tal tem limitações. • Trata-se de uma violação dos direitos autorais de outrem. Isso tem implicações cíveis e penais. E o “desconhecimento da lei” não serve de desculpa, pois a lei É pública e explícita. SEMINÁRIO DE PESQUISA E INTERVENÇÃO II UNIDADE 5 Magda Camargo Lange Ramos Cuidados na Redação Científica Os princípios indispensáveis à redação científica podem ser resumidos em quatro pontos fundamentais: clareza, precisão, comunicabilidade e consistência. Um texto é claro quando não deixa margem a interpretações diferentes da que o autor quer comunicar. Uma linguagem muito rebuscada que utiliza termos desnecessários desvia a atenção de quem lê e pode confundir. Cuidados na Redação Científica Os princípios indispensáveis à redação científica podem ser resumidos em quatro pontos fundamentais: clareza, precisão, comunicabilidade e consistência. Um texto é claro quando não deixa margem a interpretações diferentes da que o autor quer comunicar. Uma linguagem muito rebuscada, que utiliza termos desnecessários, desvia a atenção de quem lê e pode confundir. Cuidados na Redação Científica Um texto é claro quando utiliza uma linguagem precisa. Isto é, cada palavra empregada traduz exatamente o pensamento que se deseja transmitir. É mais fácil ser preciso na linguagem científica do que na literária, na qual a escolha de termos é bem mais ampla. De qualquer forma, a seleção dos termos e a cautela no uso de expressões coloquiais devem estar sempre presentes na redação acadêmica. Já a comunicabilidade é essencial na linguagem científica, em que os temas devem ser abordados de maneira direta e simples, com lógica e continuidade no desenvolvimento das ideias. É muito desagradável uma leitura em que frases substituem simples palavras ou quando a sequência das ideias apresentadas é interrompida atrapalhando o entendimento. Finalmente, o princípio da consistência é um importante elemento do estilo e pode ser considerado sob três dimensões: expressão gramatical (por exemplo, um erro comum que ocorre na enumeração de itens: o primeiro é substantivo, o segundo uma frase e o terceiro um período completo); categoria (as seções de um capítulo devem manter um equilíbrio, ou seja, conteúdos semelhantes); sequência (a sequência adotada para a apresentação do conteúdo deve refletir uma organização lógica). • É preciso evitar lugares-comuns: “assunto em tela”, “à guisa de”, “trazer à baila”, entre outros que destoam da redação científica moderna. • Admite-se o emprego de termos em outra língua só quando não existir semelhante em português ou quando o estudo exigir. • Não usar: “parte integrante”, “planos futuros”, “reunir junto”, “cada indivíduo isoladamente”, “o teste foi precisamente correto”, “foi significativo observar”, “está completamente comprovado”, “tendo em vista a importância” e outras expressões banais. • É preciso procurar a palavra certa para expressar as ideias. Fazer menção é mencionar. Fazer relação é relacionar. Fazer citação é citar. • Cuidado com o emprego de et cetera (etc). Se usado depois de enumerar poucos itens, pode demonstrar que a informação não está completa. Todavia, muitas vezes, não há como se desviar. Preferese, então, o uso dele em referência a coisas, não a pessoas. • Antes de abreviatura é necessário escrever por extenso o que a sigla representa e só depois apresentá-la. Exemplo: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 51 • Retiram-se do texto os sinais de parênteses para indicar outras possibilidades de leitura. Exemplo: pela(s); pessoa(s); entidade(s). É mais sensato optar pela construção no singular ou no plural. • Elimina-se o uso de barras para indicar “e/ou”. Exemplo: teórica/ prática. Pode-se escrever “teórica e prática” ou “teórica ou prática”. • É preciso seguir as unidades de medida padrão: litro (l), metro (m), quilograma (kg) e, para se referir à temperatura, usa-se graus Celsius (ºC). • Evite utilizar adjetivos que não indicam com precisão a proporção de objetos nem esclarecem com exatidão modo, lugar e tempo (pequeno, médio, grande, aproximadamente e recentemente). O pesquisador também deve fugir de adjetivos como: “fantástico”, “imenso”, “fabuloso”, “incrível”, “maravilhoso”. • Evite sempre que possível utilizar: “grande maioria”, “maioria”, “quase todos”, “muitos deles”, “maior parte” e outras expressões que rompem com a precisão. Indique a quantidade, peso, medida e outras informações de modo exato. As palavras É relativamente comum, principalmente em textos de iniciantes em pesquisas, o uso de palavras inadequadas, seja por não estarem perfeitamente inseridas no contexto técnico-científico abordado, seja por constituírem “palavras da moda” utilizadas, muitas vezes, como uma espécie de “escape”, quando não se tem à mão (ou melhor, em mente) a palavra ou expressão apropriada. Na verdade, existe sempre uma palavra ou conjunto de palavras mais adequadas para expressar o que se quer dizer. Além disso, não se deve usar palavras desnecessárias, pois apenas tornam a frase mais longa e dificultam, muitas vezes, o entendimento da ideia expressa. Portanto, o texto deve ser composto por palavras adequadas e em número suficiente para transmitir as ideias de forma encadeada e objetiva. Cuidados na Redação Científica As frases Frases negativas podem dificultar a compreensão do texto. Por isso, sempre que possível, opte por frases afirmativas. Os textos técnico-científicos tampouco admitem sentenças muito longas e redação “ornamentada”. As sentenças devem: • Ser relativamente curtas, porém não “telegráficas”. • Apresentar o conteúdo em sequência lógica. • Escrever de acordo com as normas ortográficas e de concordância. Frases longas, em geral, podem ser “desmembradas ” em duas ou mais, desde que não haja alteração de sentido. Uma sentença não deve ter mais que três ou quatro linhas. Os parágrafos Cada parágrafo deve tratar de um assunto específico e bem definido. É preciso agrupar sentenças e ideias que tenham relação e componham um conjunto, com início, meio e fim. Dessa forma, deve-se evitar parágrafos com apenas uma frase, porque isso fragmenta a leitura, separa sentenças que deveriam estar juntas e pode fazer com que as frases fiquem muito longas. Os parágrafos devem seguir uma sequência lógica de apresentação no texto, encadeando os assuntos de forma a conduzir o leitor em cada uma das seções/itens do texto. Assim, o início de cada parágrafo pode servir de elo para o assunto do parágrafo anterior. Em seguida, o assunto desse novo parágrafo deve ser abordado; porém, pode ser interessante introduzir o novo assunto já no início da sentença. Recomendações gerais A seguir estão algumas recomendações para produzir um bom texto acadêmico. É importante lembrar que há uma série de regras que devem ser levadas em consideração. A academia é muito conservadora e irá preferir soluções, que seguem os padrões instituídos. 53 Escreva simples. Use frases simples e diretas. Um texto científico não é literatura. Evite termos imprecisos, coloquiais ou estrangeirismos. Exemplos: martelando, embute, remetendo ao passado, customização, performance, varrendo para longe, stakeholderes etc. Evite termos imprecisos como: aproximadamente, completamente, muito mais, mais forte, maior, melhor, menor, mais rápido etc. Um leitor mais crítico, certamente, questionará o uso desses termos. “Quanto é mais forte? Quanto mais rápido? Quão melhor?” Uma avaliação qualitativa deve ser sempre precedida por considerações e ressalvas. Termos como, por exemplo, sistema, software, programa, metodologia e processo devem possuir um significado próprio no trabalho e não podem ser usados aleatoriamente. Seja afirmativo. O texto pode mostrar quão seguro o autor está sobre a sua proposta, pelos termos que ele usa. Termos como “provavelmente”, “deve levar a”, “deve ser superior” devem ser substituídos por “leva a”, “é superior”. Use o tempo presente. Escreva como se o texto estivesse pronto e concluído, assim todas as informações estarão presentes no trabalho. O futuro indica algo que ainda vai acontecer. Não abuse dos advérbios como o assim. Ex.: Assim, portanto, chega-se finalmente à conclusão. Inicialmente, é preciso identificar em primeiro lugar as prioridades. Os advérbios, assim como os adjetivos, ajudam a dar um colorido à frase, mas podem deixar o texto pesado e tirar a fluidez da leitura. Use-os com prudência. Se uma palavra não acrescenta significado ao texto ela deve ser retirada. Faça uma análise detalhada de cada palavra que usar. Cuidados na Redação Científica Palavras que não acrescentam conteúdo ao texto devem ser retiradas. Frases vazias devem ser eliminadas. Vícios de linguagem devem ser abolidos. Termos como “tipo assim”, “a nível de”, “veja só”, nem pense em usar. Não use apenas exemplos ou analogias como meio de definição. Esse é um vício comum e demonstra ao leitor que o autor não teve a capacidade de definir ou descrever o que pretende e, por isso, usa de exemplos e analogias. A analogia ou exemplo serve bem à descrição oral, mas não pode ser o único meio de definição do texto. Evite o estilo pergunta, resposta. É comum encontrar textos que comecem com uma pergunta. Como definir os requisitos? Os requisitos devem ser definidos como... Observe que na maioria do casos a pergunta pode ser retirada do texto sem prejudicar a compreensão do texto. Se for o caso, retire a pergunta. Vá direto ao assunto. Seja capaz de comprovar todas as suas afirmações. Mesmo em frases simples pode haver uma afirmação perigosa. Evite afirmações pessoais ou de caráter crítico sem uma comprovação com base em uma referência sólida. Use a língua culta e seja rigoroso em seguir os padrões ortográficos e gramaticais. Não se pode aceitar erros de ortografia e gramática em um texto científico. O uso do corretor ortográfico não garante um texto com qualidade. Se for o caso, contrate um revisor profissional ou peça ajuda a um amigo na fase final do trabalho. Seu orientador pode não ser uma especialista nesse assunto. A melhor forma de organizar o texto é dividir em uma estrutura lógica e linear. Nem sempre essa organização é possível, mas ela é a mais familiar ao leitor e a sua harmonia e balanceamento facilitam o entendimento e a construção do trabalho e fortalecem a conclusão. O planejamento da estrutura lógica se inicia com o título, que deve traduzir o objetivo do trabalho com concisão, precisão e clareza. Evite siglas herméticas, frases dúbias e exageradamente gerais. O título pode e deve ser revisto a qualquer momento para traduzir com precisão o trabalho. O objetivo do título deve ser detalhado em um objetivo geral da pesquisa. Nele deve haver algo de novo e de motivador que justifique o trabalho da pesquisa e da leitura. Para que o objetivo geral seja alcançado é preciso que se alcance os objetivos específicos. Essa proposta, depois de detalhada, deve ser então comprovada, por exemplo, com a elaboração de um experimento prático ou coma construção de um protótipo. 55 SEMINÁRIO DE PESQUISA E INTERVENÇÃO II UNIDADE 6 Magda Camargo Lange Ramos Citações Da redação científica espera-se organização geral predizível, lógica, elegância, simplicidade, concisão, propriedade sintática e clareza semântica. Não se escreve da noite para o dia, e não se escreve sem leituras e estudos anteriores. Para que um texto científico venha a reunir todas estas características, seu autor deve conhecer modelos literários apropriados e ter passado por uma experiência de redação científica sistemática. “ Citações [ A elaboração de trabalhos acadêmicos exige a utilização de algumas Normas Brasileiras (NBR), dentre as quais se destacam: a NBR 6023:2002 que trata da elaboração de referências; a NBR 10520:2002 que trata da apresentação de citações em documentos; a NBR 14724:2011 que trata da apresentação de trabalhos acadêmicos. ] São inúmeras as organizações internacionais que estabelecem normas técnicas para a padronização e uniformização de procedimentos, produtos e serviços. Em caráter mundial, uma das mais importantes é a International Organization for Standardization (ISO). No Brasil, a normalização de trabalhos acadêmicos obedece usualmente às recomendações prescritas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A entidade é responsável, em âmbito nacional, pela normalização técnica e representa oficialmente a ISO no país. A ABNT desenvolve, por meio dos Comitês Brasileiros, as Normas Brasileiras (NBR). As NBR são documentos normativos de caráter voluntário e estabelecidos por consenso que, após a aprovação da ABNT, são liberadas para uso comum. Citações A NBR 10520:2002 define citação como a “menção de uma informação extraída de outra fonte.” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002a, p.1). É importante destacar que a indicação das fontes das citações utilizadas no texto é condição fundamental de qualquer trabalho acadêmico. As citações podem ser classificadas, conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2002a) em: • citação direta: é uma transcrição literal (palavra por palavra) de parte do texto do autor consultado; • citação indireta: texto elaborado a partir das ideias expostas na obra consultada; • citação de citação: citação direta ou indireta de um texto ao qual não se teve acesso ao original. A NBR 10520:2002 apresenta inúmeros detalhes quanto à formatação de citações. Elas podem estar localizadas no próprio texto ou em notas de rodapé. Porém, para efeito dessa disciplina, indicaremos as regras mais gerais. [ É importante conhecer a NBR 10520:2002 na íntegra. Acesse o site da ABNT e aprofunde os seus estudos. Outra sugestão é a obra de Medeiros (2009): vide na lista de referências. ] Citação direta É obrigatória, nas citações diretas, a indicação do número de página. Citações diretas curtas (até três linhas) são apresentadas diretamente no texto e devem estar contidas entre aspas duplas. Por fim, apresentaremos a finalidade da informação: “[...] exercer algum impacto sobre o julgamento do destinatário. Ela deve informar, por isto pode ser considerada como sendo o dado que faz diferença.” (SEVERINO, 2007, p. 28). Nas citações diretas longas (acima de três linhas), a transcrição deverá ser destacada em parágrafo independente, com recuo de quatro centímetros da margem esquerda, em fonte tamanho 10 e espacejamento simples entre linhas (NBR 10520:2002). Exemplo: 59 Quando aluno, também fazia esses questionamentos. Atitudes negativas culturalmente divididas com relação aos professores são nutridas por experiências pessoais. Como criança rebelde eu via os professores como o “inimigo”. Então, com o tempo, estes sentimentos fundiram-se com uma posição teórica que teve a consequência ilógica de “demonizar” ainda mais os professores, identificando-os com os papéis aos quais a Escola os forçou. Eu antipatizava com os métodos coercivos da Escola, e eram os professores que aplicavam a coerção (PAPERT, 1993, p. 56). Também me incomodou o fato de ser um aluno de computação e ver que meus professores não encontravam na própria área mecanismos ou instrumentos que pudessem auxiliá-los em suas práticas pedagógicas. Citação indireta Nas citações indiretas, a indicação do número da página consultada é opcional. Somente são obrigatórios o autor e o ano da publicação. Exemplo: No texto: Silva (2002) apresenta algumas características da pós-modernidade, comparadas à modernidade. Nas referências: SILVA, Marco. Sala de aula interativa. 3. ed. Rio de Janeiro: Quartet, 2002. Citação de citação Deve-se evitar a citação de citação. O ideal é buscar o texto original onde se encontra a informação desejada. Contudo, quando isso não for possível, emprega-se esse tipo de recurso. Para declarar uma citação de citação utilize a expressão citado por ou termo latino apud (possui o mesmo significado da expressão em português). Exemplo: Citações No texto: Freire (1997), citado por ou apud Cortella (2002, p.111), afirma que não há busca de saber sem finalidade, portanto o saber pressupõe intencionalidade. Nas referências bibliograficas: CORTELLA, Mário Sérgio. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2002. Considerações gerais acerca das citações Nas citações diretas, quando houver a necessidade de suprimir alguma palavra ou trecho do texto citado, utilize os três pontos entre colchetes [...] para indicar a supressão. Interpolações, comentários ou acréscimos ao texto devem figurar entre colchetes [ ]. Ênfases ou destaques que se queira dar ao fragmento textual citado devem ser indicados com negrito ou itálico e pela expressão “grifo nosso” entre parênteses. Não faça uso de citações de autores aos quais você não tem certeza (não compreendeu) a linha de raciocínio ou a base teórica utilizada. Da mesma forma, é importante lembrar uma advertência de Vergara (2009b, p. 32): “não cite uma fonte de segunda mão, fazendo de conta que leu o original.” Isto é uma grave falha de conduta acadêmica. O autor/redator deve ter bom senso ao empregar as citações e saber distribuí-las ao longo do texto produzido. Cervo, Bervian e Silva (2007) advertem que o excesso de citações deixa a impressão de que o trabalho é o resultado de uma colagem de diversos fragmentos textuais – algo que descaracteriza a produção intelectual do aluno. No outro extremo, a supressão excessiva de citações indica uma suposta pretensão de autossuficiência intelectual do estudante ou, mais provavelmente, o desconhecimento dos fundamentos teóricos e das pesquisas realizadas na área de estudo. Neste sentido, o melhor recurso é encontrar o equilíbrio entre a quantidade de citações realizadas e a produção pessoal do texto. 61 1 - Considerando o texto abaixo, escrito por MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007. Responda (V) para verdadeiro e (F) para falso, sobre as citações diretas curtas em um trabalho acadêmico. A cultura norte-americana, variante da cultura ocidental europeia, por exemplo, dá ênfase à mobilidade e à competição, assim como à felicidade individual, ao passo que a cultura zuñi acentua os valores grupais, preocupando-se menos com a felicidade individual e procurando evitar a competição e, até certo ponto, a realização individual. Esses enfoques, dados pela cultura geral, podem levar o cientista, principalmente na área das Ciências Sociais, a se preocupar mais com determinado aspecto da sociedade, originando hipóteses sobre temas específicos. a. ( ) “A cultura norte-americana, variante da cultura ocidental europeia, por exemplo, dá ênfase à mobilidade e à competição, assim como à felicidade individual.” (MARCONI; LAKATOS, 2007, p. 136). b. ( ) Segundo Marconi e Lakatos (2007, p. 136), “A cultura norte-americana, variante da cultura ocidental europeia, por exemplo, dá ênfase à mobilidade e à competição, assim como à felicidade individual […]” “[…] Esses, enfoques, dados pela cultura geral, podem levar o cientista, principalmente na área de Ciências Sociais […]” c. ( ) “[…] ao passo que a cultura zuñi acentua os valores grupais, preocupando-se menos com a felicidade individual e procurando evitar a competição e, até certo ponto, a realização individual […]” (MARCONI; LAKATOS, 2007, p. 136). d. ( ) Segundo Marconi e Lakatos “A cultura norte-americana […] dá ênfase à mobilidade e à competição […]” (Citação de autores no início da frase é sempre em minúsculo) e. ( ) “[…] Ao passo que a cultura zuñi acentua os valores grupais […]” (MARCONI; LAKATOS, 2007, p. 136). f. ( ) ”A cultura norte-americana, variante da cultura ocidental europeia, por exemplo, dá ênfase à mobilidade e à competição, assim como à felicidade individual […]” (MARCONI e LAKATOS, 2007, p. 136). Citações Caro aluno, lembre-se de que ao escrever o autor deve observar sempre as características do leitor. Quanto mais especializado ele é, mais técnico deve ser o texto. Todavia, independente do público ao qual se destina, o texto deve respeitar as regras gramaticais da língua e da normalização de documentos (citações, referências, etc). Os princípios e recomendações aqui apresentados não devem ser, entretanto, tão rigidamente observados a ponto de inibirem o estilo pessoal. Não têm, também, a pretensão de garantir uma boa qualidade da redação, da mesma forma que o conhecimento de regras gramaticais não garante a boa qualidade da comunicação. 63 SEMINÁRIO DE PESQUISA E INTERVENÇÃO II UNIDADE 7 Magda Camargo Lange Ramos Referências É um conjunto de elementos de uma obra escrita (como título, autor, editora, local de publicação e outras) que permite a sua identificação. “Constitui uma lista ordenada dos documentos efetivamente citados no texto. Não devem ser referenciados documentos que não citados no texto. Caso haja conveniência de referenciar material bibliográfico não citado, deve-se fazer uma lista própria após a lista de referências sob o título: Bibliografia recomendada.” (NBR 10719, 1989, p. 13). Referências A NBR 6023:2002 fixa a ordem dos elementos a serem incluídos nas referências e “estabelece convenções para transcrição e apresentação da informação originada do documento e/ou outras fontes de informação.” Uma referência bibliográfica é composta segundo a (NBR 6023:2002): • elementos essenciais: são informações imprescindíveis para a identificação do documento; • elementos complementares: são informações acrescentadas aos elementos essenciais que contribuem para uma melhor caracterização do documento. As referências podem figurar em notas de rodapé, no final do texto ou do capítulo, em listas de referências e antecedendo resumos, resenhas e recensões. Com o intuito de padronizar a elaboração de trabalhos acadêmicos, indica-se que as referências sejam apresentadas ao final do texto. Referências A lista de referências deve ser constituída de acordo com as seguintes características: • apresentadas em ordem alfabética por autor; • alinhadas somente à esquerda; • espaço simples entre linhas e separadas entre si por um espaço em branco. A seguir apresentam-se os principais modelos – os mais frequentes – de referências preconizados pela NBR 6023:2002. Livros Os elementos essenciais na referência de livros são: autor(es), título e subtítulo (se houver), edição, local, editora e ano da publicação. O título exige destaque (negrito, itálico ou sublinhado). A primeira edição da obra não precisa ser identificada. Quando o livro possuir mais de três autores, indica-se apenas o primeiro [ Há outros modelos de referências que não são tratados aqui. Verifique a NBR 6023:2002 e as obras de metodologia científica. Em caso de dúvidas, solicite orientação de seu tutor. ] 67 seguido da expressão latina et al (e outros). No caso de obras organizadas por um autor (ou autores), a entrada deve ser realizada pelo nome do responsável (ou responsáveis), seguida pelo tipo de responsabilidade: organizador (Org.), coordenador (Coord.), diretor (Dir.). Exemplos: Um autor: APPOLINÁRIO, Fabio. Metodologia da ciência: filosofia e prática da pesquisa. São Paulo: Cengage Learning, 2011. Dois ou três autores: CEVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2007. Caso um autor citado tenha duas publicações no mesmo ano, use letras minúsculas para diferenciar uma obra de outra. Exemplo: “Souza (2003a) afirma que....”. Em outra parte do texto “Para Souza (2003b), existe...”. Neste caso, a primeira referência é de uma obra e a segunda de outra. O indicativo 2003a e o indicativo 2003b devem aparecer nas referências. Capítulos de livros Quando a referência trata-se de capítulo de livro, a ordem de apresentação dos elementos é a seguinte: autor do capítulo, título, seguido da obra, sendo essa separada dos elementos anteriores pela expressão In: (que significa em). Exemplo: Um autor: MARINHO, Simão Pedro. Tecnologia, educação contemporânea e desafios ao professor. In: JOLY, Maria Cristina Rodrigues Azevedo (Org.). A Tecnologia no Ensino: implicações para a aprendizagem. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. Cap. 2. Referências Ou: Capítulo de livro: MARINHO, Simão Pedro. Tecnologia, educação contemporânea e desafios ao professor. In: JOLY, Maria Cristina Rodrigues Azevedo (Org.). A Tecnologia no Ensino: implicações para a aprendizagem. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. p.41-62. Em obras nas quais não há numeração de capítulo, a segunda opção é a única possível. Teses, dissertações e outros trabalhos acadêmicos É necessário indicar, nas teses, dissertações ou em outros trabalhos acadêmicos, o tipo de documento (tese, dissertação, trabalho de conclusão de curso, entre outros), o grau, a vinculação acadêmica, o local e a data da defesa, mencionada na folha de aprovação (se houver). Quando se tratar de documentos disponíveis on-line, acrescenta-se ao final da referência o endereço eletrônico e a data do acesso. Exemplos: Teses, dissertações e trabalhos acadêmicos: OLIVEIRA. Sandro de. Cursos superiores de tecnologia: concepções de tecnologia e perfis profissionais de conclusão. 2011. 158 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, 2011. ROCHA, Marisa Brandão. Metamorfose dos cursos superiores de tecnologia no Brasil: políticas de acesso ao ensino superior em um estado burguês. 2009. 248 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, 2009. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp110175.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2012. Matérias de revistas e artigos científicos Os elementos essenciais para referenciar matérias de revista e artigos científicos são: autor(es), título da parte, artigo ou matéria, título da publicação, local de publicação, numeração correspondente 69 ao volume e/ou ano, fascículo ou número, paginação inicial e final, quando se tratar de artigo ou matéria, data ou intervalo de publicação e particularidades que identificam a parte (se houver). Deve-se ficar atento ao destaque (negrito, itálico ou sublinhado) nos artigos de periódicos que é aplicado no título da publicação. Para artigos em meios eletrônicos, acrescenta-se ao final da referência o endereço eletrônico e a data do acesso. Exemplos: Matérias de revistas e artigos: DÓRIA, Pedro. Privacidade em público. Super Interessante, Rio de Janeiro, n. 228, p. 5257, jul. 2006. OLIVEIRA, Sara. Texto visual, estereótipos de gênero e o livro didático de língua estrangeira. Trab. linguist. apl., Campinas, v. 47, n. 1, jun. 2008. <Disponível em: http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid= S0103.> Trabalhos apresentados em eventos Os elementos essenciais são: autor(es), título do trabalho apresentado, seguido da expressão In:, nome do evento, numeração do evento (se houver), ano e local (cidade) de realização, título do documento (anais, atas, tópico temático etc), local, editora, data de publicação e página inicial e final da parte referenciada. É importante observar que o destaque (negrito, itálico ou sublinhado) para trabalhos apresentados em eventos, deve ser aplicado no tipo de documento (anais, atas, tópico temático etc). Exemplos: Trabalhos apresentados em eventos: SILVA, Eli Lopes da. Desafios do uso de objetos de aprendizagem: uma pesquisa-ação que aposta na tecnologia e nas interações. In: Seminário Pedagogia em debate, 8., 2008, Curitiba. Anais do VIII Seminário Pedagogia em Debate e III Colóquio Nacional de Formação de Professores. Curitiba: UTP, 2008. p. 91-91. Documentos exclusivos de meios eletrônicos Para documentos disponíveis apenas na internet, deve-se utilizar a seguinte recomendação: autor, título, endereço eletrônico, data de acesso. Exemplo: Referências Documentos exclusivos de meios eletrônicos: DEMO, Pedro. Dissecando a aula. 2009. Disponível em: <http://pedrodemo.sites.uol.com.br/textos/dissecando.html>. Acesso em: 10 mar. 2010. Agora é com você, de acordo com os elementos dados, organize as respectivas referências bibliográficas a seguir, conforme a NBR 6023/2000 da ABNT, em lista bibliográfica alfabeticamente organizada. 1 Título do artigo: A paradisíaca Arraial D’Ajuda Título do periódico: Viaje Bem Subtítulo da revista: Revista de bordo da Vasp Autor do artigo: Consuelo Badra Local: Brasília Ano: 28 Páginas consultadas: 44 a 45 Data: julho de 2000 2 Autores do livro: Universidade Federal Fluminense Título do livro: Manual de normalização de trabalhos técnicos, científicos e culturais Local: Niterói Editora: Universidade Federal Fluminense Ano: 1989 Número da edição: 1a edição Total de páginas: 84 71 3 Autor: Wander Melo Miranda Título da dissertação: Contra a corrente Subtítulo: A questão autobiográfica em Graciliano Ramos e Silviano Santiago Local: São Paulo Ano: 1997 Total de páginas: 288 Categoria: Dissertação Grau: Mestrado Área de concentração: Letras - Literatura Brasileira Instituição: Faculdade de Universidade de São Paulo Filosofia, Ciências 4 Autor da parte: Cleone Maria Barbosa Fernandes Títuloda parte: Formação do professor universitário Subtítulo da parte: Tarefa de quem? Organizador do livro: Marcos Macetto Título do Livro: Docência na universidade Número da edição: 1a edição Local: São Paulo Editora: Papirus Ano: 1998 Capítulo: 7 Páginas consultadas: 95 a 111 e Letras, Referências 73 Chegamos ao final de nossa caminhada, agora você já conhece todos os passos de uma pesquisa, portanto agora é com você, mas antes lembre-se que todo grande projeto nasce de um sonho. É algo que vem da alma. Ele nasce lá dentro de nós e possivelmente está ligado à nossa missão de vida. Quando o sonho se torna mais vivo e a alma não consegue mais guardar segredo sobre ele, o coração e a mente são acionados para transformá-lo num objetivo. Na execução de qualquer projeto muitos conhecimentos e experiências são obtidos e temos a obrigação de disseminá-los para que os que quiserem trilhar o mesmo caminho não gastem recursos desnecessariamente. Considerações Finais O objetivo da unidade curricular foi apresentar os principais elementos metodológicos e normativos que contribuem para o desenvolvimento de trabalhos e estudos acadêmicos. É natural, em um primeiro momento, que o estudante considere a metodologia científica um tema separado de suas atividades cotidianas. Contudo, uma reflexão mais cuidadosa mostra que os procedimentos metodológicos colaboram sobremaneira para a melhoria do desempenho profissional ao fornecer uma visão mais aprofundada, precisa e coerente das ações realizadas no dia a dia. Saiba que durante toda a sua trajetória nesse curso, você contará com o apoio dos tutores, da coordenação do curso e toda a infraestrutura institucional para tornar a sua caminhada mais agradável e segura. Entretanto, nada disso será suficiente sem o seu comprometimento e iniciativa. Finalizamos esse texto com um aforismo do escritor mexicano Cieri (2014, p.1), “Umas das surpresas mais agradáveis que podemos encontrar ao nos comprometer totalmente com algum projeto específico é que surgem forças e oportunidades que não houvéramos imaginado até então.” Que essas palavras sirvam de estímulo para sua jornada acadêmica. Bons estudos! Sobre a Autora [ Magda Camargo Lange Ramos ] Magda Camargo Lange Ramos é doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC (2012).Tem mestrado em Engenharia de Produção pela mesma instituição (2003). È especialista em Gestão Universitária pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003) e graduada em Biblioteconomia e Documentação pela Universidade Federal de Santa Catarina (1980). Atualmente, desempenha atividade profissional como bibliotecária na Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina e é professora substituta do departamento de Ciências da Informação na Universidade Federal de Santa Catarina. Referências 77 Referências APPOLINÁRIO, Fábio. Metodologia da ciência: filosofia e prática da pesquisa. São Paulo: Cengage Learning, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: Informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação. Rio de Janeiro, 2002a. ______. NBR 6023: Informação e documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002b. ______. NBR 6022: Informação e documentação – Artigo em publicação periódica científica impressa – Apresentação. Rio de Janeiro, 2003a. ______. NBR 6027: Informação e documentação – Sumário – Apresentação. Rio de Janeiro, 2003b. ______. NBR 6028: Informação e documentação – Resumo – Apresentação. Rio de Janeiro, 2003c. ______. NBR 12225: Informação e documentação – Lombada – Apresentação. Rio de Janeiro, 2004a. ______. NBR 6034: Informação e documentação – Índice – Apresentação. Rio de Janeiro, 2004b. ______. NBR 14724: Informação e documentação – Trabalhos acadêmicos – Apresentação. Rio de Janeiro, 2011. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2007. DUTRA, Luiz Henrique de Araújo. Introdução à teoria da ciência. 3. ed. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2009. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. ______. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar. Rio de Janeiro: Record, 1999. GRAY, David E. Pesquisa no mundo real. 2. ed. Porto Alegre: Penso, 2012. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MATTAR, João. Metodologia científica na era da informática. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2009. NIETZSCHE, F. O livro do filósofo. Tradução de Rubens Eduardo Frias. 6. ed. São Paulo: Centauro, 2004. SANTOS, Luiz Henrique Lopes dos. Sobre a integridade ética da pesquisa. FAPESP, abril de 2011. Disponível em: <http://www.fapesp.br/6566> Acesso em: 20 maio 2014. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo: Cortez, 2007. SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estera Muszkat. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 4. ed. Florianópolis: UFSC, 2005. THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2004. VERGARA, Sylvia Constant. Métodos de coleta de dados no campo. São Paulo: Atlas, 2009a. ______. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2009b. WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações. 13. ed. São Paulo: Cultrix, c2005.