CENTRO DE DEBATES E IDÉIAS MERCADO DE CAPITAIS Maio de 2007 Benefícios da abertura de capital Daniel Castro Domingos da Silva Sócio-analista da DLM Invista Administração de Recursos [email protected] Minas Gerais sempre foi um berço de empresas com excelência em áreas que vão desde setores tradicionais, como o bancário e o têxtil, até outros menos maduros, como o de tecnologia. Independentemente da área de atuação, o empresariado mineiro sabe da necessidade de se adaptar às mudanças e tendências em seus mercados. Em se tratando das oportunidades trazidas pelo mercado de capitais, porém, o desempenho das empresas mineiras ainda tem muito o que crescer. Das quase 400 instituições de capital aberto no Brasil, somente 19 são mineiras. É muito pouco para o estado que é hoje a segunda economia do Brasil. Convidamos os empresários a refletirem sobre alguns números apresentados pelo mercado de capitais no Brasil em 2006: o valor de mercado de nossas empresas listadas atingiu R$ 1,5 trilhão; o volume de captação das empresas que abriram capital foi de R$ 15,2 bilhões e o número de empresas com níveis diferenciados de governança corporativa saltou de 65, em 2005, para 94, ao final do ano passado. Setores não tradicionais em bolsa, como o imobiliário e o de tecnologia, já fazem parte do Ibovespa, índice mais importante da Bolsa de Valores de São Paulo − BOVESPA. E, pelo andar da carruagem, o ano de 2007 será de novos recordes. Muitos são os fatores que levam uma empresa a abrir seu capital: procura por funding para novos projetos; busca de liquidez para seus ativos; readequação de sua estrutura de capital; o interesse por profissionalizar a gestão, por meio da adoção de boas práticas de governança corporativa. A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais – FIEMG −, juntamente com a Bolsa de Valores de São Paulo - BOVESPA - e com o apoio do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores – IBRI - e da Associação dos Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais Apimec-MG -, mapeou 100 empresas com potencial para a abertura de seu capital na BOVESPA por meio do projeto Minas Gerais e o Mercado de Capitais. São empresas que poderiam se beneficiar do bom momento apresentado pelo País e pela liquidez de recursos estrangeiros para investimentos em países em desenvolvimento, para identificar quais seriam as vantagens de uma abertura de capital. Grande parte das empresas identificadas pela FIEMG fatura mais de R$ 50 milhões anuais e outras, um pouco menores, estão em setores extremamente promissores. O estudo ainda mostrou que não é só o número de empresas mineiras de capital aberto que está pequeno em relação à importância do nosso estado: a participação em emissões de debêntures ou Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios − FIDCs − também deixa a desejar. Do total de debêntures emitidas, apenas 0,84% pertencem a empresas de Minas Gerais e, do montante em FIDCs, 9,13%. É fato que uma empresa hoje não desperta interesse de investidores se não estiver adaptada às boas práticas de governança corporativa. Balanços seguindo normas internacionais, projeção de resultados por período, criação de um conselho fiscal e administrativo com membros independentes e adesão à Câmara de Arbitragem são apenas algumas das exigências apresentadas pelo mercado. Dessa forma, como conseqüência do processo de profissionalização, melhoram suas 2 CENTRO DE DEBATES E IDÉIAS MERCADO FINANCEIRO Maio de 2006 condições técnicas e operacionais, levando a balanços com resultados mais consistentes. A cultura da empresa se modifica devido ao grau de fiscalização imposto pelo mercado. Entretanto, o processo de abertura de capital não acontece da noite para o dia. Uma empresa, ao tomar a decisão de ir ao mercado, deve se preparar com antecedência e perceber que a abertura de seu capital, além de mudar processos e demandar ajustes em seus balanços, modificará suas relações com o mercado. A partir deste ano, uma empresa poderá participar do BOVESPA Mais, poderá se constituir em porta de entrada gradual para o mercado de capitais. Ao aderir ao segmento, a empresa compromete-se a adotar todas as práticas do Novo Mercado de governança corporativa, e a BOVESPA subsidia e auxilia a empresa para uma abertura de mercado que pode acontecer em até sete anos. Dessa forma, o processo acontece de maneira gradual, além de permitir que empresas em estágios ainda inferiores ao requerido para o Novo Mercado possam usufruir dos benefícios da BOVESPA. Voltando a Minas, muitos de nossos empresários estão ainda tímidos na análise dessa importante fonte de crescimento que é o mercado de capitais. Um grande número deles continua alheio ao interesse de grandes investidores por empresas sólidas e que precisam de recursos para poder alavancar o crescimento. Sendo um pouco mais pessimista, se não acordarmos agora, parte das empresas mineiras será engolida por outras extremamente capitalizadas, à procura por boas oportunidades de investimento. Não queremos dizer que o mercado seja a única saída para nossas empresas, mas o desconhecimento de seus benefícios é, sim, o pior caminho. O presente artigo é cedido por seu(s) autor(es), sem ônus, à Apimec-MG, exclusivamente para publicação no portal www.apimecmg.com.br. sob responsabilidade da entidade. O texto apresentado constitui a versão final. Todos os direitos sobre esta propriedade intelectual pertencem exclusivamente ao(s) seus autor(es), único(s) responsável(eis) pelo conteúdo.