São Marcelino, São João XXIII e Papa Francisco: Três homens e uma inspiração, o Evangelho de Jesus Cristo. Hildete Emanuele Nogueira de Souza 1 É fazendo os outros felizes que encontramos a nossa própria felicidade. (São Marcelino). São Marcelino, São João XXIII e Papa Francisco: três homens e uma inspiração, o Evangelho de Jesus Cristo. Três homens e uma utopia, a construção do Reino de Deus. Três homens e uma postura, abertura de coração. Três homens e uma atitude, ousadia na busca da mudança. É o Evangelho de Jesus Cristo a grande inspiração para esses homens que decidiram seguir o Mestre e nos inspirar a pensar uma Igreja e uma Escola inseridas na vida do povo, lugares de compaixão e de fazer as pessoas felizes. A construção do REINO é a nossa grande utopia, todos nós caminhamos para esse horizonte. Não podemos permitir que nos falte a clareza de que caminhamos em busca da construção do Reino. O chão da nossa realidade e o caminho que trilhamos devem sempre apontar para essa utopia. O desejo de mudança, de inovação e de conversão. Esse é um desejo presente de maneira muito forte quando olhamos a vida do Padre Champagnat, o Concílio Vaticano 1 Hildete Emanuele Nogueira de Souza – Licenciada em Letras Vernáculas, Especialista em Juventude. II e o recente pontificado do Papa Francisco. É perceptível que esses homens sonharam com outra escola possível e com outra igreja possível. Havia e permanece até hoje, a necessidade de abrirmos as janelas dos nossos corações, das nossas casas, das nossas escolas e das nossas comunidades, para que entrem novos ares e esses ventos nos permitam transmitir a Boa Notícia do Evangelho de maneira criativa e inovadora. No texto “Críticos, criativos, cuidantes” Leonardo Boff define o “educar” como acender uma luz. Muitos dos nossos estudantes estão com a luz apagada. É preciso que o nosso jeito de educar e evangelizar possa acender as luzes das nossas crianças, dos nossos adolescentes e jovens. Precisamos educar e evangelizar para que as pessoas percebam que a vida tem sentido e que vale a pena amar, sonhar e ser feliz. Evangelizar e educar são as nossas tarefas e não podemos evangelizar se não conhecemos o EVANGELHO com profundidade. Preocupa-me estarmos fazendo uma leitura superficial e desenraizada da Bíblia Sagrada. Ter o Padre Champagnat como referência é uma alegria profunda, homem com os pés fincados na realidade do seu povo, homem de muita fé e confiante em Deus e Maria, homem da disciplina amorosa... Para Champagnat educação e violência não combinam, para ele a educação combina com CUIDADO. Precisamos alimentar sempre essa mística do cuidado para que os nossos espaços educativos transbordem COMPAIXÃO. Acompanhar pessoas e processos... Equipe de Pastoral é uma referência na EVANGELIZAÇÃO; a tarefa é nossa. Precisamos contagiar e encantar a todos e a todas, mas não podemos abrir mão da missão que é nossa. Champagnat viveu na prática o que chamamos de PROTAGONISMO JUVENIL, confiou a missão aos mais jovens e esteve ao lado de cada um, cuidando, acompanhando e educando; sendo presença firme e amorosa. Libânio foi muito feliz quando comparou o Concílio a uma sementeira. Muitas e diversas foram as sementes lançadas e o movimento de "sufocamento" das sementes é presente até hoje no seio da Igreja. Precisamos fazer florescer as sementes da liberdade e da renovação lançadas pelo Concílio. O Documento de Aparecida nos exorta a contemplar o rosto de Cristo nos rostos dos que sofrem e, nesse sentido, coloca a SOLIDARIEDADE como uma atitude. É preciso agir, é preciso ir ao encontro de todos e todas que sofrem com as diversas estruturas sociais, religiosas, culturais, familiares e políticas para que todos e todas tenham vida plena e digna. Os documentos do Concílio são bonitos e profundos, eles enchem o nosso coração de esperança. Precisamos conhecê-los bem e de maneira especial o documento que trata da educação cristã porque ali encontramos elementos interessantes para o nosso trabalho de evangelizadores no chão da escola. A Escola Marista em saída é uma escola aberta à diversidade, com uma forte capacidade de escuta... Duas palavras de ordem: OUSADIA E CRIATIVIDADE. Acredito, ainda, que na Igreja e na Escola precisamos de gente nos espaços estratégicos, com clareza da mensagem do Evangelho, gente banhada na espiritualidade libertadora e acima de tudo, GENTE APAIXONADA POR JESUS DE NAZARÉ e o seu projeto de construção do REINO. A Exortação Apostólica é um Documento é muito bonito e alimenta demais a nossa esperança. Alguns pontos merecem destaque: coragem de alcançar todas as periferias... Liberdade incontrolável da Palavra... A Igreja evangeliza e se evangeliza com a beleza da liturgia... Igreja acidentada, ferida e enlameada... Exigência diária de FAZER O BEM... Necessidade generosa e quase impaciente de renovação... Abertura a uma reforma permanente... Processo de discernimento, purificação e reforma... A mensagem do anúncio deve ter o perfume do Evangelho... IGREJA DE PORTAS ABERTAS. Precisamos aprofundar e vivenciar uma PASTORAL cada vez mais orgânica e aberta para a escuta de todos e todas, independente das diversidades. O Papa Francisco fala de "nômades sem raízes"; devemos cuidar para não nos fecharmos em gaiolas e guetos. É importante lembrar os traços marcantes da identidade do nosso fundador: Homens simples e sem formalidades, viviam com muita simplicidade e grande união. Seus dias eram dedicados a aprender a ler, escrever e ensinar, bem como ao trabalho manual, que os sustentava economicamente. Viviam no meio do povo, partilhando a realidade. (MARISTAS, 2007, p. 15). Mais importante, ainda, é assumirmos em nossa prática pastoral e principalmente em nosso testemunho as características do Padre Champagnat. A linda canção marista já nos convida: “Hoje serás Champagnat”. Sejamos Champagnat principalmente no nosso jeito de educar e evangelizar. Referências Bibliográficas: MARISTAS, Instituto dos Irmãos. Água da Rocha. Pizzale, 2007. BOFF, Leonardo. Críticos, Criativos e Cuidantes. Texto publicado em 2005.