CLÉBER SÉRGIO DA SILVA ESTUDO IMUNOHISTOQUÍMICO DAS SUBPOPULAÇÕES DE LINFÓCITOS, MACRÓFAGOS E ÓXIDO NÍTRICO SINTASE INDUZIDA EM COLO UTERINO DE MULHERES COM NEOPLASIA INTRA-EPITELIAL CERVICAL GRAU III E CARCINOMA EPIDERMÓIDE INVASIVO Tese apresentada ao curso de pós-graduação em Patologia, área de concentração: Patologia Ginecológica e Obstétrica, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, como requisito parcial para obtenção do Título de Doutor em Ciências. ORIENTADOR: Professor Eddie Fernando Candido Murta CO-ORIENTADOR: Professora Márcia Antoniazi Michelin UBERABA – MG Novembro, 2006 2 Apoio Financeiro: • Universidade Federal do Triângulo Mineiro • Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) Local de desenvolvimento do trabalho: • Laboratório de Patologia Geral da UFTM • Laboratório de Patologia Cirúrgica da UFTM • Disciplina de Ginecologia e Obstetrícia da UFTM 3 Dedico esse trabalho especialmente a Cris e à Júlia, por me encherem de amor a todo tempo. 4 AGRADECIMENTOS A realização de um trabalho científico envolve a participação de um grande número de pessoas que direta ou indiretamente oferecem a sua contribuição. A confecção desta Tese não foi diferente. Diversos indivíduos estiveram envolvidos, emprestando o seu trabalho e apoio, aos quais presto o meu agradecimento: Agradeço à Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), pela estrutura que me proporcionou à realização deste trabalho; À Disciplina de Ginecologia e Obstetrícia da UFTM. Aos professores Eddie Fernando Candido Murta e Márcia Antoniazzi Michelin, pela orientação na realização desse trabalho; Às Dras. Renata Margarida Etchebere, Adilha Misson Rua e Sheila Jorge Adad, pelo entusiasmo no auxílio sempre de imediato quando solicitado; A todos os médicos residentes do curso de Patologia da UFTM matriculados nos últimos quatro anos. Em algum momento, todos, sem exceção, contribuíram com uma orientação, uma leitura de lâmina ou auxílio na confecção das figuras. À Dra. Dayse Chesca, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, pelo auxílio na padronização da metodologia da imunohistoquímica. Ao Sr. Hênio da Silva Oliveira pelo auxílio na padronização das diluições dos anticorpos utilizados na imunohistoquímica. Ao Sr. Richard Átila de Sousa, Srta. Eliângela de Castro Cobo e à Sra. Luzia Helena Gonçalves dos Santos pela dedicação e apoio técnico na realização dos testes de imunohistoquímica; Ao Prof. Paulo José Maluf, pela solidariedade e auxílio na fase final de conclusão desse trabalho. 5 Às funcionárias do Laboratório de Patologia Geral, Sra. Jucélia Ribeiro Torres e Sra. Vandair Gonçalves e pelo auxílio no corte de blocos e montagem das lâminas. A todos os funcionários do Laboratório de Patologia Cirúrgica da UFTM pelo auxílio sempre de imediato, inclusive à noite e finais de semana. Às secretárias Nilva Aparecida da Silva Aveiro, Dóris Lima Dayrell de Carvalho, Heloísa Helena Vieira e Zelma Rocha Camargos Pereira, pelo auxílio fornecido no levantamento e confecção do Banco de Dados. Ao Prof. Dr. Vicente Antunes Teixiera, pelo fornecimento e liberação do Laboratório de Patologia Geral e de funcionários para corte dos blocos de parafina dos casos estudados nesse trabalho. Aos professores do curso de pós-graduação em Patologia, pelos ensinamentos. 6 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS E TABELAS ABREVIATURAS E SÍMBOLOS RESUMO ABSTRACT 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................18 1.1. Colo Uterino................................................................................................19 1.2. O câncer do colo uterino..............................................................................20 1.3. O Papilomavírus humano (HPV).................................................................21 1.4. O Sistema Imune..........................................................................................24 1.4.1. O sistema imune na mucosa cervico-vaginal frente ao HPV e lesões associadas.........................................................................25 1.5.Óxido nítrico (NO).......................................................................................27 2. OBJETIVOS...........................................................................................................30 3. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................32 3.1. Material........................................................................................................33 3.2. Métodos.......................................................................................................34 3.2.1. Caracterização da amostra..................................................................34 3.2.2. Método Histoquímico.........................................................................37 7 3.2.3. Método Imunohistoquímico................................................................38 3.2.3.1. Critério de análise................................................................41 3.2.4. Método estatístico e construção de gráficos.......................................41 4. DISCUSSÃO...........................................................................................................56 5. CONCLUSÃO........................................................................................................72 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................74 ANEXOS 8 LISTA DE FIGURAS Prancha 1. Cortes histológicos de mulheres pertencentes ao grupo controle. A. Corte histológico corado segundo a técnica de HE mostrando epitélio escamoso estratificado não queratinizado, epitélio colunar simples e a JEC com moderado infiltrado inflamatório no estroma subjacente (aumento de 200 vezes). B. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD3+ coradas em marrom (aumento de 200 vezes). C. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD8+ coradas em marrom (aumento de 200 vezes). D. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD20+ coradas em marrom (aumento de 200 vezes). E. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação para iNOS coradas em marrom (aumento de 200 vezes). F. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD68+ coradas em marron (aumento de 200 vezes) Prancha 2. Cortes histológicos de mulheres pertencentes ao grupo de portadoras de NIC III. A. Corte histológico corado segundo a técnica de HE mostrando epitélio com NIC III e infiltrado inflamatório no estroma subjacente (aumento de 200 vezes). B. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD3+ coradas em marron (aumento de 200 vezes). C. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD8+ coradas em marron (aumento de 200 vezes). D. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD20+ coradas em marron (aumento de 200 vezes). E. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação para iNOS coradas em marron (aumento de 200 vezes). F. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD68+ coradas em marron (aumento de 200 vezes). Prancha 3. Cortes histológicos de mulheres pertencentes ao grupo de portadoras de carcinoma invasivo de colo uterino estadiamento I. A. Corte histológico corado segundo a técnica de HE mostrando carcinoma invasivo caracterizado pela invasão de clones de células epidermóides invadindo o estroma e infiltrado inflamatório peritumoral (aumento de 200 vezes). B. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD3+ coradas em marron (aumento de 200 vezes). C. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD8+ coradas em marron (aumento de 200 vezes). D. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD20+ coradas em marron (aumento de 200 vezes). E. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação para iNOS coradas em marron (aumento de 200 vezes). F. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD68+ coradas em marron (aumento de 200 vezes). 9 Prancha 4. A, B, C e D. Cortes histológicos de tecido corados através da técnica de imunohistoquímica, mostrando células positivas coradas em marrom (B, C e D), ilustrando o escore de Georgiannos (GEORGIANNOS et al, 2003) 0, 1, 2 e 3, respectivamente (aumento de 200 vezes). Figura 1. Caso 50. Corte histológico de tecido corado através da técnica de imunohistoquímica, mostrando intenso infiltrado peritumoral (seta) e leve intratumoral (asterisco). (CD8+, 400 vezes). 10 LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS Gráfico 1. Média e desvio padrão em relação à idade e ao diagnóstico histológico..........34 Gráfico 2. Média e desvio padrão em relação à idade da sexarca e ao diagnóstico histológico.......................................................................................................35 Gráfico 3. Média e desvio padrão em relação ao número de gravidezes e ao diagnóstico histológico.........................................................................................................36 Gráfico 4. Distribuição proporcional (Intensa : Fraca) de Linfócitos T CD3+ segundo diagnóstico histológico.....................................................................................44 Gráfico 5. Distribuição proporcional (Intensa : Fraca) de Linfócitos T CD8+ segundo diagnóstico histológico.....................................................................................46 Gráfico 6. Distribuição proporcional (Intensa : Fraca) de Linfócitos B CD20+ segundo diagnóstico histológico.....................................................................................48 Gráfico 7. Distribuição proporcional (Intensa : Fraca) de Macrófagos CD68+ segundo diagnóstico histológico.....................................................................................50 Gráfico 8. Distribuição proporcional (Intensa : Fraca) de células com iNOS segundo diagnóstico histológico.....................................................................................52 Gráfico 9. Distribuição proporcional (Intensa : Fraca) nos espaços peri e intratumoral de linfócitos T (CD3+ e CD8+), linfócitos B (CD20+), macrófagos (CD68+) e iNOS em neoplasias invasivas do colo uterino.................................................54 Gráfico 10. Distribuição da proporção (Intensa : Fraca) de linfócitos T (CD3+ e CD8+), linfócitos B (CD20+), macrófagos (CD68+) e células que expressam iNOS em pacientes do grupo controle, portadoras de NIC III e carcinoma invasivo de colo uterino nos espaços peri e intratumoral....................................................55 11 Tabela 1. Distribuição das pacientes segundo a quantificação intensa e fraca de células T CD3+ em relação ao diagnóstico histológico.....................................................43 Tabela 2. Distribuição das pacientes segundo a quantificação intensa e fraca de céluas T CD8+ em relação ao diagnóstico histológico.....................................................45 Tabela 3. Distribuição das pacientes segundo a quantificação intensa e fraca de céluas B CD20+ em relação ao diagnóstico histológico...................................................47 Tabela 4. Distribuição das pacientes segundo a quantificação intensa e fraca de macrófagos CD68+ em relação ao diagnóstico histológico....................................................49 Tabela 5. Distribuição das pacientes segundo a quantificação intensa e fraca de células que expressam iNOS em relação ao diagnóstico histológico....................................51 Tabela 6. Distribuição das pacientes com carcinoma invasivo segundo a quantificação intensa e fraca nos espaços peritumoral e intratumoral de linfócitos T (CD3+ e CD8+), linfócitos B (CD20+), macrófagos (CD68+) e de células que expressam iNOS................................................................................................53 12 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ATP – Trifosfato de adenosina BSA – Soroalbumina bovina CD – Cluster Diferenciated CHP – Complexo de Histocompatibilidade Principal DAB – Diaminobenzidine-tetrahidrocloridro DNA – Ácido desoxirribonucléico DST – Doença sexualmente transmissível E – Early FIGO – Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia g – grama HE – Hematoxilina-eosina HIV – Vírus da imunodeficiência humana HPV – Papilomavirus humano IFN-γ - Interferon gama IL – Interleucina iNOS – Óxido nítrico sintase induzida JEC – Junção escamo-colunar L – Late LPS – Lipopolissacáride bacteriano LTC – Linfócito T citotóxico M – molar ml – mililitro NIC – Neoplasia intra-epitelial NK – Célula natural killer 13 nm – nanômetro NO – Óxido nítrico NOS – Óxido nítrico sintase OE – Orifício externo PBS – Solução salina tamponada com fosfato pH – Potencial hidrogeniônico RNA – Ácido ribonucléico Th – Linfócito T helper TNF - Fator de necrose tumoral °C – grau Celsius µm – micrômetro 14 RESUMO 15 RESUMO A resposta imune mediada é importante no controle da infecção pelo HPV e das neoplasias associadas a esse vírus. Evidências sugerem que o NO atua como mediador da resposta de linfócitos T. Realizamos estudo transversal cujo objetivo foi identificar e quantificar subpopulações de linfócitos, macrófagos e da enzima óxido nítrico sintase induzida em colo uterino de mulheres com NIC III e carcinoma invasivo. Foram analisados cortes histológicos de 60 mulheres (20 controles , 20 NIC III e 20 carcinoma epidermóide) marcados por imunohistoquímica com os anticorpos: CD3+, CD8+, CD20+, CD68+ e iNOS. As lâminas foram avaliadas por 2 observadores e a concordância entre eles foi calculada através do coeficiente de Kappa. Os casos discordantes foram re-analisados pelos dois em conjunto. As proporções foram comparadas por meio do teste exato de Fisher. O Kappa para os 5 marcadores foi de 0.86. Infiltrado inflamatório com linfócitos T, B, macrófagos e iNOS foi identificado em todos os casos de NIC III e carcinoma invasor, sendo sempre maior nos últimos. No grupo invasivo, para todos os anticorpos testados a distribuição das células marcadas foi sempre maior no infiltrado peritomural que intratumoral. Em resumo, demonstramos a existência de infiltrado inflamatório em mulheres com NIC III e carcinoma invasivo, nada podendo ser afirmado em relação à capacidade citotóxica desses linfócitos. A expressão crescente de iNOS sugere a produção de grandes quantidades de NO durante a carcinogênese, fazendo-nos concluir que este mediador possa desenvolver papel importante nesse processo. Palavras-chave: neoplasia de colo uterino; óxido nítrico; NIC III; infiltrado inflamatório. 16 ABSTRACT 17 ABSTRACT The immune response is important in the control of the infection for HPV and of the neoplasm associated to that virus. Evidences suggest that the NO acts as mediator of the answer of T lymphocytes. We made a traverse study whose objective was to identify and to quantify lymphocytes, macrophages and inducible NO synthase (iNOS) in uterine cervix of women with CIN III and invasive cervix neoplasm. Cervix tissue specimens were obtained of 60 women (20 controls, 20 CIN III and 20 invasive carcinoma). It was made immunohistochemical study with the antibodies: CD3+, CD8+, CD20+, CD68+ and iNOS. Immunohistochemical staining was analysed independently by two observers and the agreement among them it was calculated through the Kappa coefficient. In case of disagreement staining results were re-analyzed by the observers together. The proportions were compared through the exact test of Fisher. The Kappa coefficient for the 5 markers was of 0.86. Infiltrated inflammatory with lymphocytes T, B, macrophages and iNOS was identified in all the cases of CIN III and invasive carcinoma, being always larger in the last ones. In the group of invasive neoplasm, for all the tested antibodies the distribution of the marked cells was always larger in the peritumoral infiltrated than that intratumoral. In summary, we demonstrated the existence of inflammatory infiltrated in women with CIN III and invasive carcinoma, nothing could be affirmed in relation to the cytotoxicity of tumor-infiltrating lymphocytes. The growing expression of iNOS suggests the production of great amounts of NO during the tumorigenic transformation, making to us conclude that NO can develop important paper in that process. Keywords: cervical câncer; nitric oxide; CIN III, Lymphocyte infiltratade. 18 1 – INTRODUÇÃO 19 1. INTRODUÇÃO 1.1 – O Colo Uterino O colo uterino é a porção mais baixa do útero e protrus na porção superior da vagina. Possui duas áreas anatomicamente distintas: a ectocérvice e a endocérvice. Esta última compreende a região entre o corpo uterino e o orifício externo (OE) do colo. A endocérvice normalmente não fica exposta e está revestida por epitélio colunar, secretor de muco, que se aprofunda no estroma subjacente, produzindo criptas que às vezes são designadas de glândulas endocervicais (COTRAN, KUMAR & ROBBINS, 1991). A ectocérvice representa a região visível ao olho no exame especular vaginal. Está coberta por um epitélio escamoso estratificado não queratinizado, que se reflete a partir dos fórnices vaginais para o colo e se estende aproximadamente até ao OE. Abaixo desses epitélios encontra-se o estroma, que é formado por tecido conjuntivo, rico em uma rede capilar para suprimento de oxigênio e nutrientes às células epiteliais. O limite entre as células pavimentosas e cilíndricas é denominada junção escamo colunar (JEC) e ocorre de maneira brusca em qualquer local da ecto-endocérvice, entretanto, em condições de normalidade, coincide com o OE (STEFANON & MONANARI, 1996). Através de ação hormonal, a JEC move-se em direção à ectocérvice. O epitélio colunar, exposto a condição adversa de pH, sofre um processo de transformação denominado metaplasia escamosa, no qual as células colunares são substituídas por células escamosas. Esta área é denominada de zona de transformação (COTRAN, KUMAR & ROBBINS, 1991). Essa região representa uma área de intensa renovação celular que pode ser mais susceptível à transformação neoplásica por fatores inflamatórios e infecções que num epitélio maduro (CHEN et al., 1999). 20 1.2 – O Câncer do Colo Uterino O câncer do colo uterino é a segunda neoplasia maligna em freqüência na mulher em todo mundo, sendo responsável, anualmente, por cerca de 471 mil novos casos e pelo óbito de, aproximadamente, 230 mil mulheres (BRASIL, 2005). Ao contrário do que ocorre nos países mais desenvolvidos, as taxas de mortalidade por câncer do colo do útero continuam elevadas no Brasil e, do ponto de vista temporal, vêm aumentando: em 1979, a taxa era de 3,44/100.000, enquanto em 1999 era de 4,67/100.000, correspondendo a uma variação percentual relativa de 36%. O número de casos novos esperados para o ano 2006 em todo o país é de 19.260, o que corresponde a taxa bruta de incidência de 20,31/100.000 (BRASIL, 2005). O Câncer cervical é precedido por lesões bem definidas no epitélio conhecidas como neoplasia intraepitelial cervical (NIC). Essas lesões estão associadas com infecção genital pelo papilomavírus humano (HPV). A maioria das infecções genitais pelo HPV são clinicamente indetectáveis e não resultam em NIC ou câncer (KOBAYASHI et al., 2004). O termo NIC foi proposto por RICHART & BARRON (1969) devido à concepção da natureza progressiva das lesões que levariam à neoplasia cervical invasiva. Na proposição inicial destes autores, as NICs seriam classificadas em I, II, III e carcinoma in situ. Posteriormente, a NIC III e o carcinoma in situ foram agrupados como NIC III (ELUF NETO, 1998). NIC I reflete atividade de replicação do HPV e raramente evolui para câncer, tendo resolução espontânea. Em contraste, NIC II e III representam potenciais lesões precursoras de câncer. Aproximadamente 12% dos casos de NIC III progredirão para câncer se não tratadas (KOBAYASHI et al., 2004). O câncer do colo uterino é uma doença multifatorial. Muitos estudos têm examinado fatores epidemiológicos para o desenvolvimento desse tumor. Evidências existem de um aumento do risco em mulheres que iniciaram precocemente atividade 21 sexual, multiplicidade de parceiros sexuais, companheiro promíscuo e multiparidade (WALSH, KAY & LEADER, 1995). Entretanto, na etiologia do câncer do colo do útero e de suas lesões precursoras, a infecção pelo HPV desenvolve o principal papel (BESKOW et al., 2001). Evidências epidemiológicas e moleculares têm permitido concluir que virtualmente todos os casos de câncer cervical e suas lesões precursoras estão relacionadas com infecção pelo HPV (STANLEY, 2006). 1.3 – O Papilomavírus Humano Os vírus indutores de papiloma foram inicialmente isolados de coelhos em 1933. Em 1935 descobriu-se que os papilomas induzidos por esses vírus tinham o potencial de transformação maligna. Na mulher, lesões de células escamosas originadas a partir da infecção pelo HPV foram observadas em 1956. Antes da invenção de técnicas de clonagem na década de 1970, a investigação do HPV era difícil em função desse vírus não se desenvolver em meios de cultura (JASTREBOFF, 2002). Os HPVs formam uma família com aproximadamente 120 tipos diferentes de vírus (TINDLE, 2002). Pertencem à família Papovaviridae. As partículas virais são icosaédricas, não envelopadas, com um diâmetro aproximado de 55 nm. São vírus DNA de dupla hélice com aproximadamente 8.000 pares de nucleotídeos (ZUR HAUSEN, 1994). Estes nucleotídeos se dividem aproximadamente em 10 genes que codificam todas as funções do vírus, sendo 8 genes (localizados numa região do genoma denominada precoce – “Early”) envolvidos na replicação e 2 genes (localizados numa região do genoma denominada tardia – “Late”) responsáveis pela produção das proteínas do cápside viral (VILLA et al., 1998). Os tipos de HPV são classificados com base na seqüência de nucleotídeos do DNA viral, sendo atualmente o principal critério de agrupamento dos diferentes tipos que infectam os seres humanos (DE VILLIERS, 1994). 22 O HPV é um patógeno humano exclusivo, causador de câncer cervical e outros tumores malignos ano-genitais, assim como verrugas genitais e papilomatose respiratória recorrente. A infecção pelo HPV é mais comum entre jovens sexualmente ativos, embora as estimativas de contaminação em indivíduos sexualmente ativos ao longo de suas vidas são de aproximadamente 75% a 80% (WEAVER, 2006). Os vírions do HPV infectam as células da camada basal do epitélio escamoso estratificado do colo uterino. Limitada replicação viral é acompanhada pela expressão das proteínas “early” E1 e E2 na camada basal. Nas camadas mais distantes, E6 e E7 são expressas. Essas proteínas promovem a proliferação celular e atrasam a diferenciação. Quando as células infectadas diferenciam em células escamosas, a proteína E4 e as “late” proteínas L1 e L2 (as quais formam o cápside), são expressas. Os cápsides virais são espalhados no trato genital dentro de células epiteliais descamadas (TINDLE, 2002). A infecção pelo HPV tem uma característica transitória, onde cerca de 70% a 90% dos indivíduos eliminam o vírus 12 a 24 meses após diagnóstico inicial. A persistência de HPV em 10% a 30% dos casos é mais comum nos casos de alto risco, estando fortemente associado com o desenvolvimento de NIC II e III (GONÇALVES & DONADI, 2004). A progressão de uma infecção clinicamente detectável até o carcinoma invasivo ocorre em menos de 1% das mulheres. A infecção pelo HPV lembra outros vírus oncogênicos, tais como o Epstein-Bar vírus e o vírus da hepatite B, para os quais a infecção na comunidade é largamente disseminada. Apenas uma pequena proporção daqueles infectados é que desenvolverão doenças malignas associadas aos vírus. Isto indica que outros fatores estão envolvidos na progressão de uma célula infectada com potencial invasivo (TINDLE, 2002). Várias linhas de pesquisa têm implicado a resposta imune do hospedeiro como um fator crítico no controle dessas condições. Evidências sugerem que a resposta imune 23 mediada por células é importante no controle tanto da infecção pelo HPV, quanto das neoplasias associadas a esse vírus. Esse fato pode ser suspeitado pela incidência aumentada de câncer genital em pacientes imunossuprimidos, uma vez que, apenas uma minoria de infecções genitais por HPV resulta no desenvolvimento desses tumores em indivíduos imunocompetentes (PENN, 1988). Várias vias da resposta imune podem estar afetadas e a soma dessas contribui para a incidência de tumores associados ao HPV e a sua resistência ao controle imune (TINDLE, 2002). Trabalho prévio de pesquisadores de nosso grupo (FERNANDES JÚNIOR, 2006) demonstrou que neutrófilos periféricos de pacientes com carcinoma invasivo de colo uterino apresentam diminuição da capacidade quimiotática e fagocítica quando comparadas a pacientes com NIC III. A relação neutrófilo/linfócito (NLR) tem sido sugerida como um índice da resposta inflamatória sistêmica em pacientes com doenças críticas (ZAHOREC, 2001). Essa relação é considerada alterada quando maior ou igual a cinco (WALSH et al., 2005). Em outro trabalho desenvolvido em nosso grupo, GARCIA (2006), demonstraram NLR maior ou igual a cinco na grande maioria das pacientes com neoplasia de colo uterino em estadiamento mais avançado, em oposto ao observado em pacientes com NIC III e neoplasia invasiva inicial. Estes estudos sugerem participação imunológica sistêmica no processo de carcinogênese. Em outro trabalho, RESENDE, 2005, demonstraram aumento da produção de IL-8, IL-10 e NO na secreção cervico-vaginal de mulheres com NIC III e discutem o papel das citocinas na imunidade local. Mecanismos intrínsecos no desenvolvimento do carcinoma invasivo podem envolver mudanças na produção local de citocinas ou perda da responsividade das mesmas (NICOL et al., 2005). 24 1.4 – O sistema imune Os leucócitos, incluindo linfócitos, são componentes chaves do sistema imune, o qual é caracterizado por dois braços principais inter-relacionados: a imunidade inata e adquirida. O sistema imune, através da coordenação do funcionamento de várias células e proteínas, fornece proteção contra uma grande variedade de patógenos e desenvolve o papel de resposta do organismo contra células neoplásicas (KOBAYASHI, 2000). As células do sistema imune podem ser de maneira simples, divididas em linfócitos que especificamente reconhecem antígenos e células efetoras que atacam microorganismos estranhos ou células infectadas por vírus depois de estimuladas por linfócitos ou seus produtos. Os linfócitos podem ser divididos em células B, diferenciadas pela presença da molécula CD20+ em sua superfície, cujo papel é a secreção de anticorpos, e células T diferenciadas pela presença da molécula CD3+ em sua superfície (TERR & STITES, 1992). A resposta imune específica às infecções é regulada pelos linfócitos T. Duas subclasses de linfócitos T auxiliares (CD4+), células Th1 e Th2, determinam se na vigência de um processo infeccioso predominará a imunidade mediada por células ou por anticorpos (ROMAGNANI, 1992; SEDER, 1994). A ativação de celulas Th1 estimula a liberação de (interferon gama) IFN-γ. Essa citocina estimula os macrófagos a iniciar o processo de fagocitose e a liberação de outra citocina, IL-1. Essa citocina estimula células Th1 a produzir IL-2. Essas por sua vez, estimulam tanto a replicação das células Th1 que reconheceram os micróbios infectantes, quanto a ação de células T citotóxicas (CD8+) antígenos específicas e as células NK. Dessa forma, a defesa do hospedeiro contra a infecção é feita por uma combinação de atividades de células citotóxicas e fagocitose. Além disso, o IFN-γ também inibe a ativação de células Th2 (WITKIN, 2000). A IL-12, produzida por células apresentadoras de antígenos, representa outra chave regulatória da resposta imune Th1 (MANETTI, 1993). A habilidade dos linfócitos T em se 25 desenvolver em células Th1 é dependente de sua capacidade de ativar o gene que codifica a cadeia β do receptor de IL-12. A inativação desse gene favorece o desenvolvimento de células T através da via Th2, embora a ativação do mesmo por IFN-γ, favorece a indução da via Th1. Portanto, a habilidade de transcrever o receptor de interleucina 12 também regula o desenvolvimento de classes de células T CD4+ (SZABO, 1997). Em contraste, a ativação das células Th2 pela IL-4 produzida por células T, mastócitos e basófilos (SEDER, 1994), estimula a liberação de IL-4, 5 e 10. A IL-10 inibe especificamente a ativação de células Th1 por inibirem a produção de interleucina 12 e IFN-γ e todas as 3 citocinas estimulam a produção de anticorpos pelos linfócitos B. A resposta imune à infecção ocorre, portanto, através da produção de moléculas de anticorpos e não por células (SEDER, 1994; TRINCHIERI, 1995). Pouco é conhecido sobre a variabilidade de resposta imunológica do hospedeiro em relação às infecções. A exposição ao mesmo micróbio pode ter conseqüências que são vastamente diferentes entre indivíduos, ou no mesmo paciente em diferentes ocasiões (WITKIN, 2000). Respostas imunológicas humoral e citotóxica são vistas durante a resolução da infecção ao HPV (KOBAYASHI, 2000). 1.4.1 – O Sistema Imune na Mucosa Cérvico-vaginal frente ao HPV e lesões associadas Linhagens de células epiteliais das superfícies mucosas do corpo humano representam o primeiro sistema de defesa e também são capazes de participar tanto de funções imunes inatas, quanto adquiridas. Citocinas derivadas de células epiteliais e fatores de crescimento, dentre outros, parecem ter um importante papel no recrutamento de células do sistema imunológico, imunorregulação e mecanismos de reparo tecidual (ECKMANN, 1995). 26 Estudos têm demonstrado a existência de pequenos acúmulos de células linfóides na cérvice ao nível da zona de transformação. Linfócitos CD4+ e CD8+ têm sido observados tanto como células isoladas quanto em pequenos acúmulos no estroma da mucosa vaginal e cervical (WHITE et al., 1997). Pequenos números de células B têm sido encontradas na mucosa da cérvice e da vagina (BELL et al, 1995). Muitos fatores determinam se haverá predomínio de IL-12 ou IL-4 e portanto, se ocorrerá uma resposta imunológica tipo Th1 ou Th2 no trato genital feminino a qualquer tempo em resposta a um agente infeccioso específico (WITIKIN, 2000). Várias evidências sugerem que a resposta imune mediada por células é importante no controle tanto da infecção pelo HPV, quanto das neoplasias associadas a esse vírus. Esse fato pode ser suspeitado pela incidência aumentada de câncer genital em pacientes imunossuprimidos, uma vez que, apenas uma minoria de infecções genitais por HPV resultam no desenvolvimento desses tumores em indivíduos imunocompetentes (PEN, 1988). Outro fator que justifica essas evidências é o encontro de infiltrado de células T CD4+ e CD8+ em verrugas genitais associadas ao HPV em fase de regressão. Estudos com animais têm demonstrado que a imunização de camundongos C3H/HeN por células de uma linhagem de fibroblastos transfectadas com o gene E7 do HPV-16 confere proteção contra células de um tumor singeneico positivo para a proteína E7 do HPV-16 (SANTIN, 1999). O infiltrado de linfócitos no sítio da neoplasia pode determinar o prognóstico clínico da infecção (persistência, regressão, progressão). Estudos prévios da população linfocitária infiltrando a cérvix displásica tem usado imunohistoquímica e tem demostrado significantes infiltrados de linfócitos T citotóxicos e auxiliares e linfócitos B no estroma abaixo da lesão (BELL et al., 1995). Os macrófagos expressam de forma específica em sua superfície a proteína CD68+, a qual permite a sua detecção através de imunohistoquímica pela utilização de um 27 anticorpo monoclonal (HELLER, 2003). Segundo revisão de GONÇALVES & DONADI (2004) populações de macrófagos têm sido encontradas na mucosa cérvico-vaginal na ausência de infecção ou inflamação. Em NIC II/III, um aumento no número de macrófagos tem sido observado. A presença dessas células pode ser um indicador de regressão da lesão. Alguns carcinomas de células escamosas mostram uma proeminente concentração de macrófagos no infiltrado inflamatório associado ao tumor. Os macrófagos parecem desenvolver vários papéis na biologia tumoral, tanto positivos quanto negativos no hospedeiro. Atualmente o papel dos macrófagos na imunologia tumoral continua sendo um assunto cheio de lacunas a ser preenchidas por estudos científicos e representa um foco para futuras terapias (HELLER, 2003). 1.5 – Óxido Nítrico (NO) O NO é um gás que está envolvido em muitos processos biológicos. É sintetizado pela oxido nítrico sintase (NOS) (GARCIA & STEIN, 2006). Há três isoformas da NOS. Duas são descritas como constitutivas, as quais estão presentes, respectivamente, nas células vasculares endoteliais (eNOS), e no sistema nervoso central e periférico (nNOS). O termo constitutivo se dá em função da sua ativação não depender da síntese de novas proteínas. Uma terceira forma, denominada induzida (iNOS), também é descrita (RODRIGO et al., 1995). A síntese de NO através do endotélio vascular é responsável por vasodilatação. NO produzida pelo sistema nervoso central é um neurotransmissor envolvido na formação da memória; perifericamente, alguns nervos operam por mecanismos dependentes do NO para mediar vasodilatação neurogênica dentro dos sistemas respiratório, gastrointestinal e genitourinário. NO também contribui para controle da agregação plaquetária e regulação da contratilidade cardíaca (GARCIA & STEIN, 2006). A iNOS é produzida em uma variedade de tipos celulares, incluindo macrófagos, 28 hepatócitos, neutrófilos, músculo e endotélio, através de uma variedade de estímulos imunológicos tais como o IFN-γ, TNF e LPS (RODRIGO, MARTINEZ-MURILLO & BEESLEY, 1995). O NO é produzido em grandes quantidades durante a resposta imune. Em função de suas propriedades citotóxicas e em função de ser também produzido por macrófagos ativados, acredita-se que tenha um papel na imunidade não específica (GARCIA & STEIN, 2006). O NO é um mediador crítico em uma variedade de funções biológicas, incluindo atividade microbicida e tumoricida e a participação em uma variedade de imunopatologias. Surge agora como um provável e potente mediador da resposta de linfócitos T. Há evidências de que o NO pode tanto estimular quanto suprimir a função das células T e que algumas sub-classes desses linfócitos podem ser ativados a produzir NO (LIEW, 1995). Segundo revisão de AKAIKE & MAEDA (2000), em algumas doenças virais, as replicações desses ou de seus componentes induzem diretamente a expressão da NOS sem a mediação por citocinas pró-inflamatórias, como o que ocorre na encefalite pelo HIV-1. Portanto, a produção de NO por NOS pode contribuir diretamente para a patogênese da demência associada ao HIV-1. Efeitos antivirais do NO são também conhecidos para alguns tipos de vírus, principalmente DNA vírus, tais como o Epstein-Bar vírus e o Herpes vírus. Alguns RNA vírus também sofrem efeito antiviral por parte do NO como o Coxsackie vírus. Portanto, NO tem um papel complexo na resposta imunológica do hospedeiro contra vírus. O crescimento e a metastatização de tumores sólidos requer uma complexa seqüência de eventos incluindo a proliferação celular, a formação de novos vasos sanguíneos e a permeação através da membrana basal do sítio primário; o mesmo processo ocorre novamente no sítio de uma metástase. O NO tem sido implicado tanto como agente citotóxico quanto como promotor de crescimento tumoral, sendo, portanto, esses os dois 29 principais debates sobre o papel do óxido nítrico no desenvolvimento de tumores. Os efeitos citotóxicos podem ocorrer através de dano direto sobre DNA, inibição de enzimas envolvidas na síntese de ácidos nucléicos. Por outro lado o NO pode favorecer a disseminação tumoral através da promoção da angiogênse. (BRENNAN et al, 1999) ROSBE et al. (1995), investigando atividade do NO em carcinoma escamoso oral concluíram que a NOS estava aumentada nesse tipo de neoplasia. A mesma conclusão foi obtida por KLOTZ et al. (1999) trabalhando com carcinoma de próstata. LEJEUNE et al. (1994), com base em trabalho experimental em modelo animal de carcinoma de colon, demonstraram a ocorrência de diminuição de células mononucleares concomitante ao aumento da produção de NO por macrófagos esplênicos. Com base nisso têm sugerido que a produção de NO em sítios tumorais pode ser responsável pela imunossupressão induzida por tumores que freqüentemente é observada. Até o momento, pelos nossos conhecimentos, o papel do NO em relação à infecção pelo HPV e à carcinogênese do colo uterino não tem sido relatada. 30 2 - OBJETIVOS 31 2. OBJETIVOS 2.1. Identificação e quantificação estromal de linfócitos T com marcação CD3+ e CD8+; linfócitos B com marcação CD20+; macrófagos com marcação CD68+ e células que expressam iNOS em mulheres sem lesões neoplásicas do colo uterino e com NIC III e carcinoma invasivo estadiamento I. 2.2. Identificação e quantificação peri e intratumoral de linfócitos T com marcação CD3+ e CD8+; linfócitos B com marcação CD20+; macrófagos com marcação CD68+ e células que expressam iNOS em mulheres com carcinoma invasivo estadiamento I. 2.3. Comparar as proporções das diferentes populações linfocitárias, macrófagos e células que expressam iNOS entre os três grupos acima. 2.3. Comparar as proporções peri e intratumoral das diferentes populações linfocitárias, macrófagos e células que expressam iNOS em mulheres com carcinoma invasivo estadiamento I. 32 3 - MATERIAL E MÉTODOS 33 3.1. MATERIAL Foram analisados, retrospectivamente, cortes histológicos de colo uterino de 60 mulheres atendidas no ambulatório de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e que foram submetidas a procedimento cirúrgico de conização, alça diatérmica, histerectomia ou cirurgia de Whertein-Meigs. Esses cortes foram divididos em três conjuntos distintos, sendo um grupo controle formado por 20 mulheres sem evidência histológica de neoplasia intraepitelial cervical (NIC) ou carcinoma invasivo que se submeteram a histerectomia abdominal total doença uterina benigna e sem anornalidades cervicais; outro grupo com 20 mulheres com diagnóstico histológico de NIC III e um grupo com 20 mulheres com diagnóstico histológico de carcinoma invasivo estadiamento I, de acordo com a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO). As peças cirúrgicas foram obtidas nos arquivos da disciplina de Patologia Cirúrgica da mesma instituição e os dados de caracterização das amostras foram acessados pela revisão de prontuários. Para manutenção do sigilo da fonte das informações, cada mulher foi identificada com um número, sendo que os números de 1 a 20 equivalem às pacientes do grupo controle; 21 a 40, mulheres com NIC III e 41 a 60, mulheres com carcinoma invasivo. Critérios de inclusão nos grupos: 1 – Mulheres sem o diagnóstico de gravidez no momento da biópsia; 2 – Ausência de descrição no prontuário médico de sorologia positiva para o HIV ou qualquer condição orgânica relacionada com imunossupressão; 3 – Mulheres sem história prévia de radioterapia para tratamento de neoplasia ginecológica. 34 3.2. MÉTODOS Todas as mulheres foram caracterizadas pela idade, o número de gravidezes e a idade da primeira relação sexual. As amostras foram submetidas a método histoquímico e imuno-histoquímico. O trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. 3.2.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA A distribuição das mulheres segundo a idade e ao diagnóstico histológico é mostrada nos Anexos I, II e III, sendo a média e desvio padrão dessa variável apresentadas no Gráfico 1. Idade 75 Controle NIC III Invasivo 50 25 0 Controle NIC III Invasivo Diagnóstico Gráfico 1. Média e desvio padrão em relação à idade e ao diagnóstico histológico. No grupo de pacientes controle, a idade variou entre 35 e 52 anos, com média e desvio padrão de 43,9 ± 4,3 (Intervalo de Confiança de 95% variando entre 41,8 e 45,9) e 35 mediana de 43 anos; no grupo de mulheres com NIC III, a idade variou entre 22 e 63 anos, com média de 35,5 ± 9,5 de desvio padrão (Intervalo de Confiança de 95% variando entre 31 e 39,9) e mediana de 32,5 anos; no grupo de mulheres com carcinoma invasivo, a idade variou entre 26 e 73 anos, com média de 50 ± 11,2 de desvio padrão (Intervalo de Confiança de 95% variando entre 44,7 e 55,2) e mediana de 50 anos. Nos Anexos I, II, III estão dispostas as idades em que ocorreram a sexarca de cada paciente nos 3 grupos. O Gráfico 2 mostra a média e desvio padrão dessa variável em relação ao diagnóstico histológico. Idade Sexarca 30 Controle NIC III Invasivo 20 10 0 Controle NIC III Invasivo Diagnóstico Gráfico 2. Média e desvio padrão em relação à idade da sexarca e ao diagnóstico histológico. No grupo de paciente controle, a análise foi feita em 19 pacientes em relação à idade da primeira relação sexual porque constava no prontuário de uma paciente o fato da mesma ser virgem no momento da cirurgia. Nesse grupo, a idade da sexarca variou entre 12 e 30 anos, com média e desvio padrão de 18,9 ± 4,3 (Intervalo de Confiança de 95% 36 variando entre 16,8 e 21) e mediana de 18 anos; no grupo de mulheres com NIC III, a idade da sexarca variou entre 13 e 24 anos, com média de 17,6 ± 3,3 de desvio padrão (Intervalo de Confiança de 95% variando entre 16 e 19,2) e mediana de 17 anos; no grupo de mulheres com carcinoma invasivo, a idade da sexarca variou entre 12 e 23 anos, com média de 16,4 ± 3,2 de desvio padrão (Intervalo de Confiança de 95% variando entre 14,9 e 17,9) e mediana de 16,5 anos. Os Anexos I, II e III, correspondem à distribuição das pacientes segundo ao número de gravidezes e ao diagnóstico histológico. A média e desvio padrão do número de gestações são mostradas no Gráfico 3. Nº de Gravidezes 15 Controle NIC III Invasivo 10 5 0 Controle NIC III Invasivo Diagnóstico Gráfico 3. Média e desvio padrão em relação ao número de gravidezes e ao diagnóstico histológico. No grupo de mulheres do grupo controle, houve uma variação entre 0 e 8 gravidezes, com média e desvio padrão de 2,75 ± 2 (Intervalo de Confiança de 95% variando entre 1,8 e 3,7) e mediana de 3 filhos; no grupo de pacientes com NIC III, o número de gestações variou entre 1 e 17, com média e desvio padrão de 4,35 ± 3,8 37 (Intervalo de Confiança de 95% variando entre 2,6 e 6) e mediana de 3,5 gestações; no grupo de pacientes com carcinoma invasivo, o número de gestações variou entre 1 e 13, com média e desvio padrão de 6,25 ± 3,9 (Intervalo de Confiança de 95% variando entre 4,4 e 8,1) e mediana de 4 gestações. 3.2.2 – MÉTODO HISTOQUÍMICO Os casos foram selecionados com base no laudo emitido por médicos patologistas na época da cirurgia. As amostras de tecidos encontravam-se emblocadas em parafina. Esses blocos foram separados, desparafinados em estufa e novamente incluídos em parafina para estudo histológico atual, em conjunto com patologista. Em cada caso realizou-se um corte de 5 µm e coloração pela HE: a) Hematoxilina: 0,5 ml de hematoxilina + 5,0 ml de álcool absoluto + 10 g de alúmem de potássio + 0,25 g de óxido velho de mercúrio + 100 ml de água destilada; b) Eosina: Eosina amarela hidrossolúvel 0,5 g + água destilada 100 ml + 90 ml de álcool a 95°C + 1 gota de ácido acético; c) Diferenciador: 100 ml de álcool a 95°C + 5 gotas de ácido clorídrico. O método histoquímico foi realizado para a caracterização diagnóstica de ausência de neoplasia, NIC III e carcinoma invasivo. Os critérios diagnósticos utilizados são descritos abaixo: a) Caracterizou-se ausência de neoplasia o corte histológico que apresentava epitélio escamoso estratificado não queratinizado e epitélio cilíndrico sem a presença de NIC ou carcinoma invasivo. 38 b) Caracterizou-se como NIC III o corte histológico que apresentava maturação ausente ou confinada ao terço superficial do epitélio. Marcantes anormalidades nucleares através de toda a espessura do epitélio. Figuras mitóticas numerosas e encontradas em todos os níveis do epitélio. Frequentes anormalidades mitóticas. c) Caracterizou-se como carcinoma invasivo o corte histológico que apresentava uma considerável heterogeneidade com cordões de epitélio neoplásico infiltrando o estroma fibroso da cervix. Presença de células individuais geralmente poligonais com citoplasma eosinofílico e proeminente membrana celular. 3.2.3 – MÉTODO IMUNOHISTOQUÍMICO Os casos que preencheram os critérios, após estudo histoquímico, foram separados, sendo realizado em cada bloco, 15 cortes com lâmina em micrótomo de 5 µm de espessura. Os cortes foram montados em lâminas preparadas com Poli-L-Lisina. O protocolo e as soluções utilizadas seguiram descrição de BACHI et al. (1999) e BOENISCH (2001) para a identificação de linfócitos T com marcação CD3+ e CD8+; linfócitos B com marcação CD20+, macrófagos com marcação CD68+ e da iNOS2. Os anticorpos primários e diluições são descritos abaixo: 39 ANTICORPO MARCA MARCAÇÃO DILUIÇÃO CD3+ Novocastra Linfócito T 1/100 CD8+ Novocastra Linfócito T 1/200 Citotóxico CD20+ Novocastra Linfócito B 1/400 CD68+ Novocastra Macrófago 1/500 iNOS Santa Cruz iNOS 1/250 Biotecnology Protocolo de Imunohistoquímica: 1. As lâminas foram desparafinadas em xilol e hidratadas em álcoois decrescentes até água destilada; 2. Colocação das lâminas no suporte e submersas em Tampão Citrato (volume 200ml para 20 lâminas); 3. - Realizada recuperação antigênica em panela a vapor: Tampão Citrato pH 6,0 por 40 minutos em recipiente plástico. 4. Esfriamento em temperatura ambiente por 30 a 40 minutos; 5. Realizada a separação dos anticorpos, mantindos em geladeira a 4oC; 6. Realizado o secamento das lâminas ao redor dos cortes, formando "janelas"; 7. Realizada lavagem em PBS (0,1M pH7.4)por 3 vezes, aspirando a cada lavagem; 8. Pingou-se peróxido de hidrogênio a 3% por 20 minutos; 40 9. Lavagem em PBS por 3 vezes, aspirando a cada lavagem; 10. Colocação das lâminas na bandeja e incubação no anticorpo primário correspondente a cada corte. Realizada a colocação de água para formar uma câmara úmida, fechamento e cobertura com compressa, protegendo da luz. Incubação over night em geladeira. Obs: os anticorpos foram previamente diluídos em BSA e conservados em geladeira a 4oC; 11. Lavagem em PBS por 3 vezes, aspirando a cada lavagem; 12. Incubação no anticorpo secundário biotinilado por aproximadamente 1 hora; 13. Lavagem em PBS por 3 vezes, aspirando a cada lavagem; 14. As amostras foran incubadas com o complexo Streptoavidina-Biotina-Peroxidase da marca Dako (LSAB 2 – Kit peroxidase código K0675) por aproximadamente 1 hora; 15. Lavagem em PBS por 3 vezes, aspirando a cada lavagem; 16. As lâminas foram deixadas em PBS; 17. A preparação do DAB ocorreu no momento do uso; 18. Aspiraração das lâminas e colocação do DAB, que foi deixado por aproximadamente 5 minutos; 19. Lavagem em água corrente; 20. Realizada a contracoloração com Hematoxilina de Harris sem ácido por aproximadamente 30 segundos e após, lavagem em água corrente; 21. Realizado azulamento das lâminas em água amoniacal, posteriormente lavagem, desidratação em álcoois e diafanização em xilol. 41 22. Realizada montagem das lâminas em entellan. 3.2.3.1 – Critério de Análise Para a quantificação das células marcadas, utilizamos o critério de pontuações adotado por GEORGIANNOS et al. (2003). As lâminas foram avaliadas por 2 observadores independentes e a categoria foi dada de acordo com a proporção de células coradas: 0 = nenhuma; 1 = raras células; 2 = número moderado de células coradas; 3 = número abundante de células coradas. Inicialmente as células foram observadas em pequeno aumento (10 vezes) para obter uma impressão geral da distribuição das células, em particular a contagem máxima, e em seguida examinada em detalhes (aumento de 400 vezes) para obtermos a pontuação final. As células coradas consideradas para análise deveriam estar no estroma subjacente à junção escamo-colunar no grupo controle, no estroma subjacente à NIC III e no tecido peri e intratumoral nos casos invasivos. 3.2.4 – MÉTODO ESTATÍSTICO E CONSTRUÇÃO DOS GRÁFICOS Calculamos a concordância entre os 2 observadores utilizando o coeficiente de Kappa (ARANGO, 2001). Para fins estatísticos, consideramos como intenso no Kappa as pontuações 2 e 3, e fraco as pontuações 0 e 1. O coeficiente de Kappa para os 5 marcadores foi de 0.86. Por fim, o resultado final foi obtido após avaliação conjunta dos casos discordantes. As proporções foram comparadas por meio do teste exato de Fisher. Os resultados foram considerados significativos quando a probabilidade de rejeição da hipótese de nulidade foi menor que 5% (p < 0,05). Os gráficos foram construídos através da utilização do Programa GRAPHPAD PRISM versão 3.0. 42 4 – RESULTADOS 43 4. RESULTADOS Nos 60 casos estudados, nenhum foi excluído por divergência entre o diagnóstico histológico emitido pelos médicos patologistas na época do procedimento e a revisão atual das lâminas. No Anexo IV estão descritos, individualmente, a quantificação dos linfócitos T CD3+ e CD8+, linfócitos B CD20+, macrófagos CD68+ e das células que expressam a iNOS das pacientes segundo o diagnóstico histológico. Também está descrita para as pacientes com carcinoma invasivo, a quantificação peri e intratumoral. A Tabela 1 mostra a distribuição da quantificação intensa e fraca dos linfócitos T CD3+ em relação ao diagnóstico histológico. Tabela 1. Distribuição das pacientes segundo a quantificação intensa e fraca de células T CD3+ em relação ao diagnóstico histológico. Controle NIC III Invasivo n (%) n (%) N (%) CD3+ Intenso 06 (31,6)*;** 16 (84,2)*;*** 19 (100)**;*** CD3+ Fraco 13 (68,4) 03 (15,8) 0 (0) TOTAL 19 (100) 19 (100) 19 (100) Fisher: *P=0.025 (NIC III em relação ao controle) **P<0,0001 (Invasivo em relação ao controle) ***P=0,2297 (Invasivo em relação a NIC III) 44 Observa-se nesta tabela maior quantificação intensa de linfócitos T CD3+, com diferença estatisticamente significante, no grupo NIC III e invasivo em relação ao grupo controle. Não se observa diferença entre o grupo invasivo e NIC III. O Gráfico 4 mostra a distribuição proporcional (Intensa : Fraca) de linfócitos T CD3+ marcados pela imunohistoquímica de acordo com protocolo de GEORGIANNOS et al. (2003), segundo diagnóstico histológico. **,*** (+) Proporção (Intensa : Fraca) de linfócitos T CD3+ 20 10 *,*** 0 *,** CONTROLE NIC III INVASIVO Fisher: *P=0.025 (NIC III em relação ao controle) **P<0,0001 (Invasivo em relação ao controle) ***P=0,2297 (Invasivo em relação a NIC III) Gráfico 4. Distribuição proporcional (Intensa : Fraca) de Linfócitos T CD3+ segundo diagnóstico histológico. (+) Não houve casos de infiltrado fraco para CD3 A Tabela 2 mostra a distribuição da quantificação intensa e fraca dos linfócitos T CD8+ em relação ao diagnóstico histológico. 45 Tabela 2. Distribuição das pacientes segundo a distribuição intensa e fraca de células T CD8+ em relação ao diagnóstico histológico. CD8+ Intenso Controle NIC III Invasivo n (%) n (%) n (%) 04 (20,0)*;** 08 (42,1)*;*** 16 (88,8)**;*** CD8+ Fraco 16 (80,0) 11 (57,9) 02 (11,2) TOTAL 20 (100) 19 (100) 18 (100) Fisher: *P=0,4951 (NIC III em relação a controle) **P<0,0001 (Invasivo em relação a controle) ***P=0,013 (Invasivo em relação a NIC III) Observa-se nesta tabela maior concentração intensa de linfócitos T CD8+, com diferença estatisticamente significante, no grupo invasivo em relação ao grupo NIC III e controle. Não se observa diferença entre o grupo NIC III e controle. O Gráfico 5 mostra a distribuição proporcional (Intensa : Fraca) de linfócitos T CD8+ marcados pela imunohistoquímica de acordo com protocolo de GEORGIANNOS et al. (2003), segundo diagnóstico histológico. Proporção (Intensa : Fraca) de Linfócitos T CD8+ 46 10.0 **,*** 7.5 5.0 2.5 *,** *,*** 0.0 CONTROLE NIC III INVASIVO Fisher: *P=0,4951 (NIC III em relação a controle) **P<0,0001 (Invasivo em relação a controle) ***P=0,013 (Invasivo em relação a NIC III) Gráfico 5. Distribuição proporcional (Intensa : Fraca) de Linfócitos T CD8+ segundo diagnóstico histológico A Tabela 3 mostra a distribuição de quantificação intensa e fraca dos linfócitos B CD20+ em relação ao diagnóstico histológico. 47 Tabela 3. Distribuição das mulheres segundo a quantificação intensa e fraca de células B CD20+ em relação ao diagnóstico histológico. CD20+ Intenso Controle NIC III Invasivo n (%) n (%) n (%) 03 (15,7)*;** 05 (26,3)*;*** 18 (100)**;*** CD20+ Fraco 16 (84,3) 14 (73,7) 0 (0) TOTAL 19 (100) 19 (100) 18 (100) Fisher: * P=1.3072 (NIC III em relação a controle) **P<0,0001 (Invasivo em relação a controle) ***P<0,0001 (Invasivo em relação a NIC III) Observa-se nesta tabela maior concentração intensa de linfócitos B CD20+, com diferença estatisticamente significante, no grupo invasivo em relação ao grupo NIC III e controle. Não se observa diferença entre o grupo NIC III e controle. O Gráfico 6 mostra a distribuição proporcional (Intensa : Fraca) de linfócitos B CD20+ marcados pela imunohistoquímica de acordo com protocolo de GEORGIANNOS et al. (2003), segundo diagnóstico histológico. 48 **,*** (+) Proporção (Intensa : Fraca) de linfócitos B CD20+ 20 10 *,*** *,** 0 CONTROLE NIC III INVASIVO Fisher: *P=1.3072 (NIC III em relação a controle) **P<0,0001 (Invasivo em relação a controle) ***P<0,0001 (Invasivo em relação a NIC III) Gráfico 6. Distribuição proporcional (Intensa : Fraca) de Linfócitos B CD20+ segundo diagnóstico histológico. (+) Não houve casos de infiltrado fraco para CD20 A Tabela 4 mostra a distribuição de quantificação intensa e fraca de macrófagos com marcação CD68+ em relação ao diagnóstico histológico. 49 Tabela 4. Distribuição das mulheres segundo a quantificação intensa e fraca de macrófagos CD68+ em relação ao diagnóstico histológico. CD68+ Intenso Controle NIC III Invasivo n (%) n (%) n (%) 01 (6,6)*;** 01 (6,6)*;*** 08 (53,3)**;*** CD68+ Fraco 14 (93,4) 14 (93,4) 07 (46,7) TOTAL 15 (100) 15 (100) 15 (100) Fisher: *P=1,5172 (NIC III em relação a controle) **P=0,0142 (Invasivo em relação a controle) ***P=0,0142 (Invasivo em relação a NIC III) Observa-se nesta tabela maior concentração intensa de macrófagos CD68+, com diferença estatisticamente significante, no grupo invasivo em relação ao grupo NIC III e controle. Não se observa diferença entre o grupo NIC III relação ao grupo controle. O Gráfico 7 mostra a distribuição proporcional (Intensa : Fraca) de macrófagos CD68+ marcados pela imunohistoquímica de acordo com protocolo de GEORGIANNOS et al. (2003), segundo diagnóstico histológico. Proporção (Intensa : Fraca) de macrófagos CD68+ 50 1.5 **,*** 1.0 0.5 *,** *,*** 0.0 CONTROLE NIC III INVASIVO Fisher: *P=1,5172 (NIC III em relação a controle) **P=0,0142 (Invasivo em relação a controle) ***P=0,0142 (Invasivo em relação a NIC III) Gráfico 7. Distribuição proporcional (Intensa : Fraca) de Macrófagos CD68+ segundo diagnóstico histológico A Tabela 5 mostra a distribuição de quantificação (Intensa : Fraca) de células que expressam iNOS em relação ao diagnóstico histológico. 51 Tabela 5. Distribuição das mulheres segundo a quantificação intensa e fraca de células que expressam iNOS em relação ao diagnóstico histológico. iNOS Intenso Controle NIC III Invasivo n (%) n (%) n (%) 06 (30,0)*;** 07 (43,7)*;*** 15 (75,0)**;*** iNOS Fraco 14 (70,0) 09 (56,3) 05 (25,0) TOTAL 20 (100) 16 (100) 20 (100) Fisher: *P=0,500 (NIC III em relação a controle) **P=0,0484 (Invasivo em relação a controle) ***P=0,0060 (Invasivo em relação a NIC III) Observa-se nessa tabela maior concentração intensa de células que expressas iNOS, com diferença estatisticamente significante, no grupo invasivo em relação ao grupo NIC III e controle. Não se observa diferença entre o grupo NIC III e controle. O Gráfico 8 mostra a distribuição proporcional (Intensa : Fraca) de células que expressam iNOS marcadas pela imunohistoquímica de acordo com protocolo de GEORGIANNOS et al. (2003), segundo diagnóstico histológico 52 **,*** Proporção (Intensa : Fraca) de células que expressão iNOS 3 2 1 * ,*** * ,** 0 CONTROLE NIC III INVASIVO Fisher: *P=0,500 (NIC III em relação a controle) **P=0,0484 (Invasivo em relação a controle) ***P=0,0060 (Invasivo em relação a NIC III) Gráfico 8. Distribuição proporcional (Intensa : Fraca) de células com iNOS segundo diagnóstico histológico A Tabela 6 mostra a distribuição da quantificação intensa e fraca nos espaços peritumoral e intratumoral de linfócitos T (CD3+ e CD8+), linfócitos B (CD20+), macrófagos (CD68+) e de células que expressam iNOS de mulheres com carcinoma invasivo de colo uterino. 53 Tabela 6. Distribuição das pacientes com carcinoma invasivo segundo a quantificação intensa e fraca nos espaços peritumoral e intratumoral de linfócitos T (CD3+ e CD8+), linfócitos B (CD20+), macrófagos (CD68+) e de células que expressam iNOS. Peritumoral Intratumoral Intenso Fraco Intenso Fraco n (%) n (%) n (%) n (%) CD3+ 19 (100)* 0 (0) 1 (5,5)* 18 (94,5) CD8+ 16 (88,9)+ 2 (11,1) 3 (16,7)+ 15 (83,3) CD20+ 18 (100)° 0 (0) 0 (0)° 18 (100) CD68+ 8 (53,3)• 7 (46,7) 1 (6,7) • 14 (93,3) iNOS 16 (80)∆ 4 (20) 5 (25) ∆ 15 (75) Fisher: *P<0,0001 (CD3+ peritumoral em relação ao intratumoral) + P<0,0001 (CD8+ peritumoral em relação ao intratumoral) ° P<0,0001 (CD20+ peritumoral em relação ao intratumoral) • P<0,0142 (CD68+ peritumoral em relação ao intratumoral) P<0,0012 (iNOS peritumoral em relação ao intratumoral) ∆ Observa-se nesta tabela maior quantificação intensa de linfócitos T (CD3+ e CD8+), linfócitos B (CD20+), macrófagos (CD68+) e de células que expressam iNOS no espaço peritumoral em relação ao intratumoral. O Gráfico 9 mostra a distribuição proporcional (Intensa : Fraca) nos espaços peri e intratumoral de linfócitos T (CD3+ e CD8+), linfócitos B (CD20+), macrófagos (CD68+) e 54 de células que expressam iNOS marcados pela imunohistoquímica de acordo com protocolo de GEORGIANNOS et al. (2003), segundo diagnóstico histológico. Proporção (Intensa : Fraca) de linfócitos T e B, macrófagos e células que expressam iNOS peritumoral e intratumoral em mulheres com carcinoma invasivo de colo uterino Peritumoral 20.0 Intratumoral * ° 17.5 15.0 12.5 10.0 + 7.5 5.0 ∆ 2.5 • 0.0 + * CD3+ CD8+ ° • CD20+ CD68+ ∆ iNOS Fisher: *P<0,0001 (CD3+ peritumoral em relação ao intratumoral) + P<0,0001 (CD8+ peritumoral em relação ao intratumoral) °P<0,0001 (CD20+ peritumoral em relação ao intratumoral) • P<0,0142 (CD68+ peritumoral em relação ao intratumoral) P<0,0012 (iNOS peritumoral em relação ao intratumoral) ∆ Gráfico 9. Distribuição proporcional (Intensa : Fraca) nos espaços peri e intratumoral de linfócitos T (CD3+ e CD8+), linfócitos B (CD20+), macrófagos (CD68+) e iNOS em neoplasias invasivas do colo uterino. 55 O Gráfico 10 mostra a distribuição proporcional (Intensa : Fraca) de linfócitos T (CD3+ e CD8+), linfócitos B (CD20+), macrófagos (CD68+) e células que expressam iNOS marcadas pela imunohistoquímica de acordo com protocolo de GEORGIANNOS et Proporção Intenso : Fraco de células marcadas por Imunohistoquímica al. (2003), segundo diagnóstico histológico. 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 CD3+ CD8+ CD20+ CD68+ iNOS Controle NIC III Invasivo Invasivo Peritumoral Intratumoral Diagnóstico Histológico Gráfico 10. Distribuição da proporção (Intensa : Fraca) de linfócitos T (CD3+ e CD8+), linfócitos B (CD20+), macrófagos (CD68+) e células que expressam iNOS em pacientes do grupo controle, portadoras de NIC III e carcinoma invasivo de colo uterino nos espaços peri e intratumoral. 56 5 - DISCUSSÃO 57 5. DISCUSSÃO Em todo o mundo, o câncer do colo uterino é a segunda causa de morte por neoplasia maligna em mulheres. Estima-se que a cada ano sejam diagnosticados 500.000 novos casos. Entre as populações há grandes diferenças nas taxas de incidência dessa neoplasia (SCHOELL et al., 1999). A história natural do carcinoma do colo uterino foi alterada pela introdução de programas de rastreamento que favoreceram a detecção precoce e redução das taxas de mortalidade (WALSH et al., 1995). Em estudo epidemiológico realizado no Brasil, CAVALCANTI et al., 2000, encontraram média de idade de 36,7 anos para mulheres com diagnóstico de NIC II/III e de 47,3 anos para pacientes com carcinoma invasivo. Esta média é muito semelhante à encontrada por nós neste estudo. Na amostra estudada, as pacientes com NIC III apresentaram média de idade em torno de 35 anos, enquanto que as mulheres com carcinoma invasivo, média de 50 anos. Também, segundo MOUGIN et al. (2001), as NIC II e III ocorrem preferencialmente em mulheres com idade entre 35 e 40 anos de idade. O início da atividade sexual precoce tem sido identificado em vários estudos como o mais importante fator de risco epidemiológico para o desenvolvimento de neoplasia intra-epitelial cervical porque durante a adolescência, a cérvice, especificamente a zona de transformação é particularmente susceptível à indução de carcinogênese por agentes oncogênicos de transmissão sexual (ECONOMOS et al., 1994). Segundo HARRIS et al. (1980), essa susceptibilidade ocorre em função da metaplasia resultante da ectopia que surge durante a adolescência. EDEBIRI (1990) em um estudo do tipo caso-controle envolvendo mulheres com NIC atendidas numa clínica de colposcopia encontrou diferença estatisticamente significante, com risco relativo de 3,64, quando a idade da primeira relação sexual era abaixo de 18 anos de idade. Esse achado não é corroborado por 58 HARAHAP (1986), que não encontrou influência significante da idade da primeira relação sexual e o desenvolvimento de NIC. Em nosso estudo observamos uma menor média de idade de início da atividade sexual nas pacientes com carcinoma invasivo, seguido das pacientes com NIC III e por fim no grupo controle, sendo que nas duas primeiras, a média de idade da sexarca foi abaixo dos 18 anos. Outro fator epidemiológico descrito de maior associação com o carcinoma de colo uterino é a multiparidade. EDEBIRI (1990) não encontrou diferença estatística entre pacientes nulíparas e multíparas em relação à incidência de NIC. Encontramos maior média de gravidezes em mulheres com carcinoma invasivo, seguidas das mulheres com NIC III e menor média nas mulheres do grupo controle. Nossos resultados estão de acordo com os encontrados por MUNOZ et al. (2002) que compilaram dados de oito estudos desenvolvido em 4 continentes sobre carcinoma invasivo cervical e dois estudos sobre carcinoma in situ, tendo encontrado uma associação direta entre o número de gestações a termo e o risco de carcinoma cervical, sendo de 3,8 o risco relativo quando comparadas pacientes com sete ou mais gestações com nulíparas e de 2,3 vezes com mulheres que tiveram uma ou duas gestações a termo. Os mecanismos exatos que justifiquem maior associação entre o maior número de gestações e o desenvolvimento de carcinoma invasivo são ainda desconhecidos (HILDESHEIM et al., 2001). Possíveis explicações incluem a influência de hormônios endógenos, nutrição e modulação da resposta imune ao HPV pela gravidez (HILDESHEIM et al., 2001; BARTHOLOMEUW et al., 1998; FIFE et al., 1999). A associação entre a infecção pelo HPV e a neoplasia cervical parece ser mais forte do que a existente entre o tabagismo e o carcinoma de pulmão. Pelo menos 20 tipos oncogênicos de HPV têm sido identificados em mais de 95% das lesões pré-invasivas e invasivas, sendo o HPV do tipo 16 o mais comum. A detecção desse vírus é importante para identificar aquelas pacientes que podem ser de alto risco para o desenvolvimento de neoplasia cervical 59 (EINSTEIN & GOLDBERG, 2002). O principal fator que permite a progressão para NIC II e III é o persistente achado da infecção pelo HPV (RIETHMULLER et al., 2002). O HPV infecta a camada basal do epitélio na região de metaplasia e da zona de transformação da cérvice uterina, onde as células se apresentam mais vulnerávies (MANDIC & VUJKOV, 2004). A infecção genital pelo HPV representa uma DST muito freqüente, talvez a mais comum. Por um lado, esta infecção é geralmente passageira e assintomática, induzindo uma efetiva resposta imune que permite a cura da infecção; por outro lado, ela pode ser responsável por uma lesão intra-epitelial que pode progredir para o carcinoma invasivo (RIETHMULLER et al., 2002). As células pré-malignas e malignas se originam como resultado da integração do DNA do HPV ao genoma celular do hospedeiro que induz a expressão dos oncogenes virais E6 e E7. As células adquirem uma vantagem proliferativa de escapar do controle de crescimento exercido pela produto dos genes p53 e Rb. Ambas proteínas celulares são inativadas respectivamente pelas proteínas E6 e E7 (MOUGIN et al., 2001). Pouco é conhecido sobre a duração das lesões cervicais pré-cancerosas em relação à infecção pelo HPV. Lesões precursoras da cérvix persistem mais tempo e progridem mais rapidamente em mulheres com infecção por HPV oncogênicos do que em portadoras de infecção por HPV não oncogênico ou sem HPV. Testes de lesões cervicais para HPV oncogênicos podem ajudar a identificar aquelas pacientes que são mais prováveis de progredir rapidamente (SCHLECHT et al., 2003). Segundo WALSH (1995), o intervalo de tempo para o desenvolvimento do câncer invasivo a partir do carcinoma in situ é variável, podendo oscilar entre curtos intervalos até 13 anos. Em nosso estudo, a média de tempo em idade entre as pacientes com NICIII e carcinoma invasivo foi de aproximadamente 13 anos, com diferença estatisticamente significante. Esse achado reforça a idéia de que o carcinoma de colo uterino possui história natural longa. Nos carcinomas, o DNA viral está 60 integrado ao genoma do hospedeiro e nenhuma produção viral é detectada (SCHOELL et al., 1999). O carcinoma de colo uterino representa um sistema ideal de estudo de carcinogênese em função de possuir um estágio pré-canceroso bem definido (BELL et al., 1995). A presença do HPV por si só não é suficiente para a evolução da doença (PARKIN et al., 2005). Os estágios pré-invasivos bem definidos, assim como os fatores virais envolvidos ao nível molecular, tornam o carcinoma do colo uterino um bom modelo para investigação de alternativas terapêuticas imunológicas (SCHOELL et al., 1999). O processo de carcinogênese é atualmente visto como uma série de passos que envolvem a inativação de genes supressores de tumor e ativação de oncogenes. Ambos os tipos de mudança genética envolvem dano sobre o DNA em forma tanto de mutações quanto deleções (TAMIR & TANNENBAUM, 1996). A homeostase em tecidos normais é mantida através da regulação da proliferação e morte celular. Sinais externos e internos podem tanto iniciar quanto inibir a proliferação celular e apoptose. Durante a carcinogênese, lesões genéticas acumuladas em células displásicas e neoplásicas, geram um desequilíbrio entre as vias regulatórias do crescimento e morte celular (AMBS et al., 1997). Informações sobre a distribuição histológica de leucócitos no trato genital são escassas, embora a imunidade local seja importante (JOHANSSON et al., 1999). O sistema imune ao nível genital é principalmente programado para desencadear uma resposta humoral. Entretanto, IgA secretora, que é particularmente eficiente para imunidade antiinfecciosa ao nível das mucosas, está presente em quantidades muito pequenas em secreções vaginais fisiológicas (RIETHMULLER & SEILLES, 2000). A presença de células imunocompetentes tem frequentemente estado associada com melhora no prognóstico. Muitos tumores e suas metástases são circundados por infiltrados 61 de leucócitos incluindo linfócitos T e B, células NK e macrófagos, sugerindo uma resposta do hospedeiro ao tumor (BETHWAITE et al., 1996). A carcinogênese cervical inclui a infecção pelo HPV, a persistência, progressão às lesões pré-cancerosas e a invasão. A persistência e progressão envolvem uma complexa interação entre o vírus e fatores do hospedeiro como a carga viral, susceptibilidade genética, resposta imune contra o HPV e eventos moleculares associados com a progressão. A resposta imune é essencial para conter tanto a infecção pelo HPV quando as lesões neoplásicas associadas a esse vírus (DANERI-NAVARRO et al., 2005). A diferença entre a resposta inflamatória benéfica e a prejudicial é um processo complexo. É proposto que nos tumores isto seja uma transformação gradual, que depende não só do tipo tumoral como também dos mediadores que são produzidos no microambiente tumoral e que dão suporte para a natureza nociva da inflamação (BEN-BARUCH, 2006). Demonstramos nesse estudo a existência de linfócitos T CD3+ e CD8+, linfócitos B CD20+ e macrófagos no córion cervical de mulheres sem lesão neoplásica, com predomínio dos primeiros. Essa demonstração foi importante para a realização das comparações com pacientes do grupo NIC III e carcinoma invasivo. Um questionamento que poderia ser feito neste estudo seria o da capacidade funcional e numérica dos linfócitos não ser tão eficaz em mulheres mais velhas, uma vez que houve diferença estatística da média de idade entre os grupos controle e NIC III e entre os grupos NIC III e carcinoma. Entretanto, WHITE et al.(1997), demonstraram manutenção da capacidade citotóxica e, portanto a imuno-competência cervical de linfócitos T CD3+ e CD8+ em pacientes sem lesões neoplásicas, independentemente da idade. HACHISUGA et al. (2001), em estudo da resposta imune local de pacientes com carcinoma de colo uterino com idade variando entre 26 e 74 anos (média de 53), não encontraram diferença significativa na concentração de linfócitos T em 62 relação à idade. Dessa forma pode-se inferir que tanto em relação ao número, quanto em relação à citotoxicidade, a idade não altera a função de linfócitos T ao nível local. Os nossos achados mostraram que houve um aumento estatisticamente significante da população de linfócitos T CD3+ no córion de pacientes com NIC III em relação ao grupo controle. O infiltrado de linfócitos no sítio da neoplasia pode determinar o prognóstico clínico da infecção (persistência, regressão, progressão). Estudos prévios da população linfocitária infiltrando a cérvix displásica tem usado imunohistoquímica e tem demonstrado significantes infiltrados T citotóxicos (CD8+), auxiliares (CD4+) e linfócitos B (CD20+) no estroma abaixo da lesão (BELL et al., 1995). É conhecido que a maioria dos tumores humanos alberga infiltrado inflamatório crônico, incluindo linfócitos (OKADA et al., 1989), provavelmente com reatividade específica a tumores autólogos (HILDERS, 1994; VOSE & MOORE, 1985). Evidenciamos um aumento estatisticamente significante da população tanto de linfócitos T CD3+ e CD8+ e linfócitos B CD20+ no córion de pacientes com carcinoma invasivo em relação ao grupo controle. Embora seja conhecido que o sistema imune pode reconhecer tumores como não próprios e destruí-los, há vários caminhos pelos quais os tumores podem escapar da destruição, incluindo falência de células efetoras, perda das moléculas do complexo de histocompatibilidade principal (CHP) nas células tumorais, expressão de genes anti-apoptóticos, produção de fatores supressores, disfunção e supressão de linfócitos T por células imuno-reguladoras (DANERI-NAVARRO, 2005). Apesar dessas observações, até o momento, apenas poucas publicações têm surgido que demonstram a geração de linfócitos T citotóxicos específicos contra as oncoproteínas em pacientes com câncer cervical, sugerindo que os precursores desses linfócitos podem estar presentes em concentrações muito baixas (SANTIN, 1999). 63 Mostramos neste estudo que em pacientes com NIC III houve maior proporção de infiltrado celular intenso de linfócitos T CD3+ do que de linfócitos B CD20+. Conforme demonstrado por outros autores, as lesões neoplásicas do colo uterino se associam fortemente à infecção pelo HPV. Há claras evidências de que a resposta imune celular desenvolve o principal papel no controle e curso da infecção pelo HPV. Esta resposta varia de acordo com o grau da lesão e o potencial oncogênico do HPV (RIETHMULL ER & SEILLES, 2000). DIETL et al. (1990) em estudo imunohistoquímico para determinar o infiltrado linforreticular em carcinoma invasivo do colo uterino encontraram que os linfócitos T predominavam dentro do estroma tumoral, enquanto os linfócitos B foram encontrados em menores números. Achado semelhante já foi descrito em outros tipos de tumores como melanoma, câncer de mama e metástases em linfonodos axilares (KORSTEN et al., 1983; HORNY & HORST, 1986; HORST & HORNY, 1987 OKADA et al. (1989) em estudo que avaliou infiltrado linfocitário extraído de tumores ginecológicos em cultura e posteriormente submetidos a citometria de fluxo, encontraram maior quantidade de linfócitos T CD3+, com predomínio de T CD8+. Nesse estudo em treze de quatorze pacientes com estadiamento inicial (I e II) houve predomínio de CD8+, independentemente do tipo histológico, sendo que em quatro os linfócitos CD8+ expressavam citotoxicidade específica contra apenas células tumorais autólogas, sugerindo a existência de antígenos tumorais específicos em tumores humanos. Vários estudos imunológicos em carcinoma cervical têm demonstrado altos níveis de infiltrados de células mononucleares, consistindo predominantemente de linfócitos T CD8+ (HILDERS, 1994; FERGUSON et al., 1985). Acredita-se que esses linfócitos presentes in situ no carcinoma cervical representem mais uma interação específica direcionada ao tumor do que uma resposta inflamatória por causa da sua presença em associação com a expressão da CHP classe I das células tumorais (HILDERS, 1994; HILDERS et al.., 1993). Em nosso 64 trabalho, nas mulheres com carcinoma invasivo, encontramos grande infiltrado inflamatório peritumoral linfócitos T (CD3+ e CD8+), B (CD20+), macrófagos (CD68+) e de células que expressam iNOS, sem correspondência intratumoral. Tal achado permitenos especular a hipótese de que esse infiltrado possa não estar relacionado a uma resposta específica ao tumor ou de que existam fatores produzidos pelo tumor que impedem a entrada e a atividade desses linfócitos. Ao contrário do que ocorre em pacientes sem lesão neoplásica do colo uterino, o potencial citolítico de linfócitos isolados de carcinoma cervical geralmente é baixo ou não expresso. Esta característica é desencadeada provavelmente pelo microambiente do tumor, o qual afeta profundamente a capacidade citotóxica das células imunes (HILDERS, 1994). Tem sido mostrado em estudos funcionais que o microambiente tumoral é propenso a suprimir ou mesmo paralisar as células linforreticulares infiltrantes (DIETL et al, 1990). OKADA et al. (1989), estudando pacientes com tumores avançados demonstraram que a proliferação e resposta citolítica específica de linfócitos T CD8+ foram inibidas por um fator supressivo, presumivelmente derivado do tumor. A redução ou perda das moléculas CHP classe I e também um defeito na apresentação de antígenos aos linfócitos citotóxicos (CD8+) pode em parte explicar a citotoxicidade deficiente (RIETHMULLER & SEILLES, 2000). Conforme revisto na introdução, as lesões neoplásicas do colo uterino se associam fortemente com a infecção pelo HPV e, de acordo com RIETHMULLER & SEILLES (2000), uma deficiência na indução do mecanismo de citotoxicidade celular parece estar envolvido na persistência à infecção pelo HPV e também na carcinogênese do colo uterino. Os macrófagos são as principais células fagocitárias do sistema imune e podem internalizar partículas mais rápida e eficientemente que outras. Após a fagocitose de partículas externas, o macrófago é capaz de realizar a degradação intracelular e a 65 apresentação de fragmentos de peptídeos na sua superfície celular, associado ao CHP II, atuando como célula apresentadora de antígenos (WU et al, 2004). Os macrófagos podem atuar como células fagocitárias inespecíficas ou induzir a morte de células neoplásicas, através da produção de mediadores, que estimulam o sistema imune, ou por mecanismos como citotoxicidade e apoptose, inibindo ou reduzindo o crescimento tumoral (ALSARIREH & EREMIN, 2000). Encontramos nesse trabalho uma maior concentração de macrófagos em mulheres com carcinoma invasivo quando comparadas ao grupo controle. Achado semelhante foi verificado por DAVIDSON et al, 1997. Como a contagem dessas células não teve aumento significativo nas mulheres portadoras de NIC III, é possível que o aumento observado no grupo invasivo possa refletir mais uma reação estimulada pela invasão estromal do tumor. Apesar de milhares de publicações sobre o papel do NO na saúde e na doença, esta minúscula molécula ainda esconde muitos mistérios. Encontramos nesse estudo expressão da enzina iNOS no córion de pacientes sem lesão neoplásica, com NIC III e carcinoma invasivo. Ocorreu aumento significativo da expressão dessa enzima quando comparado pacientes com carcinoma invasivo em relação às dos grupo controle e NIC III. Pelo nosso conhecimento esta é a primeira vez que essa comparação é feita em colo uterino. Estudos recentes têm examinado a expressão e atividade das três isoformas da NOS em cânceres humanos. Um aumento dos níveis de atividade e/ou expressão de NOS foi observada em tumores ginecológicos, mama e sistema nervoso central. No caso dos cânceres ginecológicos e de mama, este aumento da expressão foi inversamente proporcional ao grau de diferenciação do tumor (AMBS et al., 1997; THOMSEN et al., 1994; THOMSEN et al., 1995; COBBS et al., 1995). ROSBE et al. (1995), investigando atividade do NO em carcinoma escamoso oral concluíram que a NOS estava aumentada 66 nesse tipo de neoplasia. A mesma conclusão foi obtida por KLOTZ et al. (1999), trabalhando com carcinoma de bexiga. Os efeitos do NO sobre as células são dependentes da dose. É provável que o NO em concentrações fisiológicas seja necessário para a proliferação das células T, podendo inclusive proteger alguns tipos celulares de dano e apoptose. Em altas concentrações, entretanto, exerce efeito inibitório na proliferação celular, podendo ter ações citostáticas e citotóxicas (LIEW, 1995). A produção persistente de NO pela iNOS pode ser capaz de levar à exaustão os mecanismos de defesa celular normalmente muito bem desenvolvido (AMBS et al., 1997). Os principais alvos do NO são enzimas com grupamentos de ferro e enxofre. A citotoxicidade do NO pode causar necrose celular (HO et al., 1996; AMBS et al., 1997). Tem sido mostrado que o NO modula vários mecanismos imunes, desenvolvendo um papel na indução de imunidade tanto específica quanto inespecífica e uma resposta anti-microbiana a uma variedade de parasitas extracelulares e algumas células tumorais. NO derivado da iNOS pode regular a proliferação de células T, produção de citocinas e apoptose (BLESSON et al., 2002). Esse fato poderia justificar o aumento da população linfocitária em relação ao controle nas pacientes com carcinoma invasivo peritumoral encontradas nesse estudo, uma vez que tanto linfócitos T (CD3+ e CD8+) quanto B (CD20+) se correlacionaram com a expressão da enzima NOS. Entretanto, existem evidências que indicam que NO derivado de macrófagos pode inibir a resposta linfocitária (MEDOT-PIRENNE et al., 1999). Tem sido notado que o NO produzido por células tumorais humanas pode por sua vez favorecer o crescimento tumoral através de um mecanismo de paralisar a função de células T imunes (BLESSON et al., 2002; MEDOTPIRENNE et al., 1999). LEJEUNE et al. (1994), têm sugerido que a produção de NO pelos tumores pode ser responsável pela imunossupressão freqüentemente observada nos 67 mesmos. Segundo BLESSON et al. (2002) o NO não influencia na sobrevivência de células T. Entretanto, interfere com a ativação das mesmas através da inibição seletiva da geração linfócito T citotóxico (CD8+) por regular negativamente o receptor de IL2 de células em repouso. Isto sugere que NO pode desenvolver um papel durante o processo de diferenciação ou na fase de resposta indutiva de linfócito T CD8+, afetando a diferenciação dos precursores desses linfócitos em efetores maduros. O mecanismo preciso pelo qual a defesa do hospedeiro a tumores malignos é mediada in vivo é desconhecido até o momento. As células cancerosas podem servir de gatilho para uma resposta imune, a qual por sua vez pode limitar o desenvolvimento do tumor (FARIAS-EISNER et al., 1994). Estudos in vitro indicam que certas citocinas são capazes de ativar macrófagos e induzir a síntese de NO, exercendo, portanto, efeito citostático e/ou citolítico (PACE et al., 1983; LORSBACH et al., 1993; FARIAS-EISNER et al., 1994). MACLEAN et al. (1998), descreveram que em ratos deficientes em iNOS ocorre estimulo da resposta Th1 seguindo a infecções ou estimulação antigênica. A inibição da proliferação de células Th1 pelo NO pode ser revertida pela adição de IL-2 exógena, mais não por IFN-γ. Esses resultados sugerem que NO inibe a expansão das células Th1 por bloquear a secreção de IL-2, a qual é um mediador autócrino da função das células T (LIEW, 1995). Outro modo que o NO pode influenciar a função das células T é através da modulação da apresentação de antígenos pela regulação negativa da expressão das moléculas de classe II do CHP nas células apresentadoras de antígeno (LIEW, 1995; SICHER et al., 1994). Além das supostas ações do NO atuando na citotoxicidade de linfócitos T, outras ações dessa molécula poderiam contribuir para o processo de carcinogênese cervical. A 68 maioria dos relatos implica que o próprio NO ajuda no crescimento tumoral, facilita a disseminação e ativamente promove angiogênese (ORUCEVIC et al., 1996; BREENAN, 2000). A citotoxicidade pode ocorrer através de numerosos mecanismos, incluindo dano direto sobre o DNA, inibição de enzimas envolvidas na síntese de DNA e RNA, assim como naquelas envolvidas na geração de ATP na cadeia transportadora de elétrons (MILLS, 1991; BREENAN, 2000). TAMIR & TANNENBAUM (1996), demonstraram que a produção elevada de NO pode favorecer a citotoxicidade, que por sua vez, quando crônica, poderia estimular a replicação celular a qual é um fator de risco para a maioria dos cânceres (AMES & GOLD, 1990). Através de uma variedade de mecanismos, as células expostas ao NO sofrem dano no DNA. O tipo de lesão que ocorre inclui modificação das bases e quebra tanto na fita simples quanto na dupla. O sucesso no reparo desse dano favorecerá a recuperação, entretanto, reparo insuficiente resultará em uma combinação de mutagênese e morte celular. A contínua exposição ao NO ao longo do tempo favorecerá o acúmulo de populações celulares, com ativação de oncogenes ou inativação de genes supressores de tumor. Está claro que o crescimento de tumores sólidos é regulado por interações entre células endoteliais da vasculatura do tumor, células imunes infiltrantes da neoplasia e as células tumorais entre si. A maioria desses componentes celulares tem sido mostrada gerararem NO que funciona como um mensageiro intra e intercelular, sugerindo que este mediador é um componente essencial do microambiente tumoral (BLESSON et al., 2002; CHOUAIB et al., 1997; JENKINS et al., 1994; LAMAS et al., 1992; RADOMSKI et al., 1991). A função primária das células produtoras de NO em um sítio inflamatório é realizar a inibição ou destruição de organismos estranhos e reparação tissular. Entretanto, em 69 situações onde infecções ou inflamações continuam ao longo de meses ou anos, ocorrerá o efeito colateral não desejado danoso sobre as células vizinhas. Experimento em ratos com diferentes estímulos inflamatórios tem mostrado inequivocamente que a inibição da NOS interrompe os sintomas da doença inflamatória. Esta é a lógica que associa o NO a um risco aumentado de câncer (TAMIR & TANNENBAUM, 1996). O crescimento e metastatização de tumores sólidos requerem uma complexa seqüência de eventos incluindo a proliferação celular, a formação de nossos vasos sanguíneos e a permeação através da membrana basal no sítio primário; o mesmo processo ocorre novamente no sítio das metástases (BRENNAN, 2000). Como resultado do aumento da produção do NO pode ocorrer hiper-permeabilidade via interação com fatores de crescimento endotelial. Esse fato poderia favorecer o escape de células tumorais na circulação e representaria o primeiro passo na metástase (WU et al., 1992; BREENAN, 2000). A expressão e atividade da NOS tem sido encontrado ser maior na grande parte dos tumores, comparado ao tecido normal adjacente, exceto no carcioma de células renais e colorretal, onde ele aparece em concentrações mais baixas (BREENAN, 2000; JANSSON et al., 1998; MOOCHHALA et al., 1996). Conforme vastamente descrito na literatura, o processo de carcinogênese cervical é um processo lento, podendo levar anos. Embora nosso trabalho não tivesse cunho de avaliação funcional, alguns aspectos do mesmo chamam atenção e merecem ser destacados. É intrigante o fato de que as pacientes com NIC III, apesar de não constituir neoplasia invasiva, apresentarem um infiltrado de linfócitos T CD3+ no estroma subjacente estatisticamente significante em relação às pacientes do grupo controle. O mesmo não ocorreu em relação aos linfócitos T CD8+. Embora não tivesse sido objetivo desse estudo analisar o infiltrado de linfócitos T CD4+, os achados descritos permitem-nos especular que provavelmente são esses os linfócitos T que se elevam no NIC III. Outro achado 70 interessante foi a elevação, de modo significante em relação ao controle, tanto de linfócitos T (CD3+ e CD8+), linfócitos B CD20+, macrófagos CD68+ e de células que expressam iNOS. Outro aspecto mais interessante foi o comportamento semelhante, em termos de proporção, das curvas de macrófagos CD68+, iNOS e linfócitos T CD8+. Destacamos também a grande elevação de linfócitos B CD20+ na região peritumoral, sendo inferior apenas à elevação de linfócitos T CD3+. Finalmente chamamos atenção para o fato de que apesar desse grande infiltrado inflamatório peritumoral de todas as células testadas, poucas ou nenhuma foram encontradas no interior do tumor. Com base em dados da literatura já descritos e nos achados supramencionados, podemos construir um modelo hipotético para justificar nossos resultados. O NIC III representaria uma doença sistêmica produtora de citocinas capazes de estimular a migração de linfócitos T CD3+, provavelmente com predomínio de linfócitos T CD4+. Uma dessas citocinas, IL-10 já foi encontrada em pacientes com NIC III significativamente aumentada em relação a controles por RESENDE (2005). Conforme descrito a IL-10 exerce efeito inibidor sobre a produção de IL-12 e IFN-γ, chaves da resposta tipo Th1. Essa inibição da produção de IFN-γ em pacientes com NIC III talvez justifique o achado de não significância em relação às pacientes controle de macrófagos CD68+ e iNOS, uma vez que macrófagos ativados são os principais indutores da expressão dessa sintase e da produção de NO. Podemos especular, portanto, que em pacientes com NIC III possa haver predomínio da resposta Th2. Dessa forma, resposta imune à NIC III ocorreria através da produção de moléculas de anticorpos e não por células. Partindo-se do princípio que a doença invasiva pode ser vista como uma evolução da NIC III e associado ao fato de termos estudado câncer de colo uterino inicial, é possível que o grande influxo peritumoral de linfócitos B CD20+ que ocorra nessas pacientes seja o resultado do predomínio Th2 na fase antecessora. O comportamento de linfócitos T CD8+, macrófagos CD68+ e células que expressam iNOS é semelhante desde 71 o controle até a doença invasiva, sendo que a elevação de linfócitos T CD8+ é proporcionalmente menor à elevação de linfócitos T CD3+. Provavelmente, a partir do momento que ocorre a invasão, ocorra migração de macrófagos para o sítio tumoral que após ativados induzem a expressão da iNOS com a conseqüente produção de NO. Esse gás talvez exerça efeito inibitório sobre a proliferação de linfócitos T CD8+. Embora haja elevação de linfócitos T e B, macrófagos e iNOS no espaço peritumoral, essas células têm pouca penetração no leito intratumoral, sugerindo que ocorra a produção de fatores no microambiente tumoral que o mesmo escape do mecanismo de resposta imune. Tais hipóteses necessitam ser testadas. Dessa forma, entender o repertório de citocinas durante a ativação de linfócitos T, B e macrófagos, assim como suas interrelações com o NO pode ser um passo decisivo no entendimento da carcinogênese cervical. 72 6 – CONCLUSÃO 73 6. CONCLUSÃO A análise desse trabalho nos permite concluir que: 6.1. Mulheres sem lesão neoplásica do colo uterino e com NIC III expressam infiltrado inflamatório estromal constituído por linfócitos T com marcação CD3+ e CD8+, linfócitos B com marcação CD20+, macrófagos e a enzima iNOS. 6.2. Mulheres com carcinoma invasivo de colo uterino estadiamento I (FIGO) expressam infiltrado inflamatório peritumoral e intratumoral constituído por linfócitos T com marcação CD3+ e CD8+, linfócitos B com marcação CD20+, macrófagos e a enzima iNOS. 6.3. O infiltrado inflamatório das diferentes populações linfocitárias, macrófagos e células que expressam iNOS foi sempre maior no grupo com carcinoma invasivo, seguido do grupo com NIC III e controle. 6.4. Nas mulheres com neoplasia invasiva observou-se maiores concentrações peritumorais em relação à concentração intratumoral de linfócitos T CD3+ e CD8+, linfócitos B, macrófagos e células que expressam iNOS. Esses dados permitem-nos concluir que há variação no perfil imunológico local durante o processo de carcinogênese do colo uterino. O NO pode ter papel nesse processo. 74 7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 75 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AKAIKE, T. & MAEDA, H. Nitric oxide and virus infection. Immunology, v. 101, n. 3, p. 300-308, Nov. 2000. AL-SARIREH, B. & EREMIN, O. Tumor-associated macrophages (TAMs): disordered function, immune supression and progressive tumor growth. Journal of the Royal College of Surgeons of Edinburg, v. 45, n. 1, p. 1-16, Feb. 2000. AMBS, S., HUSSAIN, S.P., HARRIS, C.C. Interactive effects of nitric oxide and the p53 tumor suppressor gene in carcinogenesis and tumor progression. FASEB J, v. 11, n. 6, p. 443-448, May 1997. AMES, B.N. & GOLD L.S. 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CASO IDADE SEXARCA Nº GRAVIDEZES 21 41 23 2 22 48 15 8 23 25 14 3 24 35 17 5 25 46 24 4 26 30 19 2 27 31 22 4 28 45 18 1 29 22 16 3 30 29 21 1 31 37 23 2 32 31 15 3 33 38 15 4 34 32 17 2 35 63 16 17 36 31 14 4 37 33 15 8 38 32 18 1 39 25 17 4 40 35 13 9 87 Anexo III - Distribuição das mulheres do grupo invasivo segundo a idade, sexarca e ao número de gravidezes. CASO IDADE SEXARCA Nº GRAVIDEZES 41 58 20 13 42 32 16 04 43 55 19 11 44 65 16 07 45 73 12 03 46 49 12 07 47 56 18 04 48 42 15 03 49 47 18 09 50 35 19 03 51 53 14 04 52 59 12 06 53 26 23 01 54 51 13 13 55 62 17 12 56 52 13 03 57 44 15 03 58 44 18 04 59 48 17 11 60 48 21 04 88 Anexo IV – Distribuição das mulheres segundo a contagem de células • PACIENTES CD3+ CD8+ CD20+ CD68+ i NOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 1 1 2 1 2 1 1 2 1 1 2 2 1 3 1 1 1 1 1 2 1 3 2 2 2 3 1 2 2 1 2 2 2 2 3 2 2 2 3/1 3/1 3/1 3/1 3/1 3/1 3/1 3/1 3/2 3/1 3/1 3/1 3/1 3/1 3/0 3/1 3/1 3/1 2/0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 2 0 1 2 2 1 2 1 2 1 1 1 2 1 2 1 1 2 1 2 0 2 3 2 1/0 3/1 3/1 3/1 3/0 3/3 2/1 3/1 3/1 2/0 3/1 1/0 2/1 2/1 2/1 3/1 3/3 2/2 1 1 2 0 0 1 0 1 0 1 2 1 1 3 0 1 1 1 1 2 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 0 2 1 2 3 0 1 0 2/0 2/0 3/1 2/1 3/0 2/1 3/1 3/1 3/0 2/0 3/1 2/1 2/0 2/1 2/1 3/1 3/1 2/0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 2 0 1 0 1 0 1/0 3/1 0/0 1/1 2/0 3/1 1/1 2/1 2/1 0/0 1/0 3/1 3/1 3/2 0/0 0 0 1 0 1 1 2 1 2 1 3 2 0 0 2 1 0 1 1 2 3 3 0 0 1 2 0 0 0 0 2 0 3 0 2 0 1/0 1/0 3/1 3/1 2/0 0/0 3/2 3/1 3/0 3/1 2/1 3/3 2/0 2/1 2/0 3/3 2/0 3/3 3/3 0/0 Nos casos 41 a 60, equivalentes às pacientes com carcinoma invasivo, há dois números separados por “ / ”. Do lado esquerdo está descrivo a quantificação peritumoral e do lado direito a intratumoral. Nos casos onde não constam números e sim hífen, equivalem a casos onde a qualidade ruim da lâmina não permitiu a inclusão no estudo, sendo portanto excluídos. 89 LEGENDAS DAS PRANCHAS E FIGURAS PRANCHA 1. Cortes histológicos de mulheres pertencentes ao grupo controle. A. Corte histológico corado segundo a técnica de HE mostrando epitélio escamoso estratificado não queratinizado, epitélio colunar simples e a JEC com moderado infiltrado inflamatório no estroma subjacente (aumento de 200 vezes). B. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD3+ coradas em marrom (aumento de 200 vezes). C. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD8+ coradas em marrom (aumento de 200 vezes). D. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD20+ coradas em marrom (aumento de 200 vezes). E. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação para iNOS coradas em marrom (aumento de 200 vezes). F. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD68+ coradas em marron (aumento de 200 vezes). PRANCHA 2. Cortes histológicos de mulheres pertencentes ao grupo de portadoras de NIC III. A. Corte histológico corado segundo a técnica de HE mostrando epitélio com NIC III e infiltrado inflamatório no estroma subjacente (aumento de 200 vezes). B. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD3+ coradas em marron (aumento de 200 vezes). C. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD8+ coradas em marron (aumento de 200 vezes). D. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD20+ coradas em marron (aumento de 200 vezes). E. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação para iNOS coradas em marron (aumento de 200 vezes). F. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD68+ coradas em marron (aumento de 200 vezes). PRANCHA 3. Cortes histológicos de mulheres pertencentes ao grupo de portadoras de carcinoma invasivo de colo uterino estadiamento I. A. Corte histológico corado segundo a técnica de HE mostrando carcinoma invasivo caracterizado pela invasão de clones de células epidermóides invadindo o estroma e infiltrado inflamatório peritumoral (aumento de 200 vezes). B. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD3+ coradas em marron (aumento de 200 vezes). C. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD8+ coradas em marron (aumento de 200 vezes). D. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD20+ coradas em marron (aumento de 200 vezes). E. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação para iNOS coradas em marron (aumento de 200 vezes). F. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD68+ coradas em marron (aumento de 200 vezes). 90 A B C D E F 91 A B C D E F 92 A B C D E F 93 A B C D Prancha 4. A, B, C e D. Cortes histológicos de tecido corados através da técnica de imunohistoquímica, mostrando células positivas coradas em marrom (B, C e D), ilustrando o escore de Georgiannos (GEORGIANNOS et al, 2003) 0, 1, 2 e 3, respectivamente (aumento de 200 vezes). 94 * Figura 1. Caso 50. Corte histológico de tecido corado através da técnica de imunohistoquímica, mostrando intenso infiltrado peritumoral (seta) e leve intratumoral (asterisco). (CD8, 400 vezes).