HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 15 FOTOS: Miguel Serradas Duarte FOTOS: Miguel Serradas Duarte HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 14 Quinta de São Sebastião Tradição e modernidade às portas de Lisboa HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 16 HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 17 Casas nobres, jardins, lendas e tradições. No Lumiar, a riqueza do património histórico desperta a curiosidade de conhecer de perto lugares ainda hoje fiéis à sua origem. A Quinta de São Sebastião, com o seu palacete e envolvente paisagística, é um desses espaços privilegiados. Um sofisticado condomínio residencial está agora integrado nos jardins da Quinta, que também foram alvo de um projecto de recuperação. Manter o equilíbrio visual entre as novas estruturas edificadas, os espaços verdes e a traça antiga do palacete foi o maior objectivo. Contextualização histórica Com uma área total de 19 mil m², a Quinta de São Sebastião, construída no século XVII, deve o seu nome à proximidade com a Ermida de São Sebastião, situada no Largo com a mesma designação. Ao longo da história, a propriedade foi pertença de várias famílias, tendo-se desenvolvido significativas obras de reconstrução e valorização, tanto do palácio como das zonas verdes envolventes. O arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, um dos nomes mais conceituados no domínio da arquitectura paisagista em Portugal, foi o responsável pelo estudo das áreas ajardinadas da Quinta nos anos 70. Pérgula e pavilhão real Duas construções imponentes A Quinta reúne, no seu conjunto, um acervo artístico de grande riqueza e diversidade, sendo peremptório deixar um apontamento especial para a pérgula e para o pavilhão real, enquanto dois dos elementos arquitectónicos mais singulares. Ao longo de um caminho coberto, a pérgula conduz ao extenso relvado onde se encontram o lago (artificial) e o pavilhão real. O tecto de arco abatido ostenta pinturas com motivos vegetalistas, com destaque para a folha de videira enquanto elemento decorativo. Sensivelmente a meio da sua extensão está uma escadaria de balaústres em cantaria que conduz ao amplo relvado onde se situam o lago e o pavilhão real. O pavilhão real destaca-se pela magnificência das paredes e tecto totalmente decorados com magníficas pinturas a fresco realizadas pelo arquitecto A. Basalisa, em 1971. A composição central é enquadrada em trompe l’oeil (técnica artística com truques de perspectiva que cria uma ilusão óptica ao mostrar algo que não existe realmente) de colunas, balaustrada e escada- rias em primeiro plano. Para lá destes elementos arquitectónicos, ganha vida uma paisagem na qual podem ver-se retratados vários acontecimentos em simultâneo, tais como uma caçada ou personagens nobres que passeiam pelo jardim. (Fonte de informação: “Nova Monografia do Lumiar”, editado pela Junta de Freguesia do Lumiar em 2008) Empreendimento habitacional “Quinta de São Sebastião” Integrado nos jardins da Quinta de São Sebastião, nasceu um condomínio privado que valoriza a privacidade, o bem-estar e a segurança. O maior desafio do projecto, desenhado pelo arquitecto João Goes Ferreira, consistiu em garantir o equilíbrio entre as novas estruturas e os espaços verdes envolventes. Os 29 apartamentos de luxo, divididos em dois edifícios, convivem assim com o extenso jardim de uma forma harmoniosa, sem comprometer visualmente a traça antiga do palácio e a matriz arquitectónica da propriedade. Sofisticados, amplos e confortáveis, com uma vista rasgada sobre os jardins da Quinta, os apartamentos, de diferentes tipologias, apresentam um desenho contemporâneo, enriquecido pela qualidade e bom gosto dos acabamentos. Zonas sociais, como uma piscina ao ar livre e outra coberta e um health-club, complementam o cenário de luxo e funcionalidade de um empreendimento concebido para transformar a vivência em Lisboa numa experiência ainda mais agradável. HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 18 HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 19 Projecto de integração paisagística Da autoria da “Entreplanos”, Gabinete de Arquitectura, Urbanismo e Design, a proposta de integração paisagística da Quinta de São Sebastião consistiu na recuperação e valorização do quadro paisagístico do jardim, enquadrando-o nas novas estruturas edificadas. De referir que os trabalhos de modelação do terreno pressupostos no projecto foram definidos tendo em conta o menor movimento de terras possível para garantir uma integração equilibrada na topografia original do terreno. O primeiro passo consistiu em desenvolver um estudo das reais condições fitossanitárias da vegetação existente no local para assim serem definidas as intervenções a realizar na mancha arbórea. A operação de maior relevo diz respeito à envolvente imediata aos blocos habitacionais, que ocupam a área a norte da Quinta de São Sebastião. Criou-se um traçado simples, delimitando áreas de acesso e de estada para os residentes. Ao longo do alçado sul, os logradouros, localizados principalmente junto dos três portões de entrada da Quinta, são delimitados por muros desenhados em arco que ajudam a definir o terreno e reforçam a sua modelação. A proposta de integração paisagística consistiu na recuperação e valorização do jardim, enquadrando-o nas novas estruturas edificadas. Os trabalhos de modelação do terreno foram definidos de forma a garantir uma integração equilibrada na topografia original do terreno. Introduziram-se novas espécies que unificam a imagem da Quinta e funcionam como referência visual. HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 20 Foi mantida a maioria dos acessos pedonais e, tendo-se apostado na recuperação dos pavimentos já existentes, a opção manteve-se entre a utilização de calçado e de saibro, de acordo com a utilidade de cada acesso. Os espaços pavimentados associados aos edifícios de habitação estão perfeitamente enquadrados nas áreas verdes. Estas apresentam-se sob a forma de árvores e arbustos que oferecem cor e diversidade ao espaço envolvente e conduzem o olhar para os pontos de maior interesse. Sendo o Pavilhão do Parque (pavilhão real) uma das estruturas mais antigas e características da Quinta, o projecto contemplou a criação de uma zona de enquadramento que a preservasse do acesso aos apartamentos, quando feito HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 21 pela entrada a sul. Assim, relativamente ao caminho da alameda dos ciprestes, este apresenta-se ampliado na frente do Pavilhão. Rodeando o lago artificial e a área de relvado, facilita a circulação e potencia a estada. Optou-se também por estender a ligação deste caminho até ao acesso lateral da pérgula e área de bosquete. Introdução de novas espécies e elementos Uma das principais preocupações na concepção de qualquer projecto de arquitectura paisagista é a escolha de espécies que se adaptem às condições edafoclimáticas do local e convivam O maior desafio do projecto de arquitectura do condomínio residencial, desenhado pelo arquitecto João Goes Ferreira, consistiu em garantir o equilíbrio entre as novas estruturas e os espaços verdes envolventes. harmoniosamente com os exemplares já existentes. Foram então introduzidas outras espécies de interesse botânico que contribuem para unificar a imagem da Quinta e funcionam como referência visual. Procedeu-se igualmente à recuperação dos elementos de água e da pérgula, que, pela passagem do tempo e dadas as condições naturais a que esteve sujeita ao longo dos anos, apresentava um avançado estado de degradação. Os trabalhos de recupração desenvolvidos permitiram um novo usufruto deste que é um dos mais carismáticos elementos arquitectónicos da Quinta. HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 22 HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 23 Manutenção O projecto contemplou, desde o início, a definição das melhores soluções em termos de manutenção futura do espaço. A proposta consistiu na integração de um sistema de rega automática, com sensor de chuva, o que permite uma manutenção mais fácil, económica e sustentável. A Quinta reúne um acervo artístico de grande riqueza e diversidade. O pavilhão real destaca-se pela magnificência das paredes e tecto decorados com magníficas pinturas a fresco em trompe l’oeil, realizadas pelo arquitecto A. Basalisa, em 1971.