Seminário de Iniciação Científica da UNIFAL-MG – Edição 2012
A história de Malinalli revisitada na obra Malinche, de Laura Esquivel
*Fabiane Cristiane Carlos Freitas(IC), Fernanda Aparecida Ribeiro(PQ), [email protected]
Grupo de Pesquisas em Estudos Hispânicos.
Palavras-chave: Malinche, Laura Esquivel, romance histórico.
Introdução
Malinalli, Malinche e Doña Marina são nomes
atribuídos a indígena maia que revolucionou a
história da Conquista do México pelo colonizador
espanhol Hernán Cortés. Malinche se tornou a
intérprete e amante de Cortés sendo considerada
traidora pelo seu povo. Seu nome empregado como
sinônimo de maldições demarcou histórica e
mitologicamente esta personagem no âmbito da
cultura mexicana.
Laura Esquivel, escritora mexicana, publicou em
2005 o romance Malinche, conferindo outra visão
sobre a história da indígena. Na obra de Esquivel
temos uma perspectiva distinta daquela apresentada
pela historiografia oficial: Malinche é uma mulher
que luta com suas armas, ou seja, com, suas
palavras para lograr sua satisfação.
A escrita feminina assume traços próprios
distinguindo-se da escrita baseada no paradigma
masculino, reafirmando o papel artístico literário da
mulher e seu talento individual na literatura.
Estes aspectos concernem maior compreensão e se
relacionam com as características do novo romance
histórico que segundo Rodríguez (1991) se
diferencia do modelo pioneiro elaborado por Walter
Scott por apresentar os fatos históricos não como
telão de fundo, mas reinterpretando-os sob novos
olhares daqueles obtidos pelos historiadores oficiais.
Resultados e discussão
Percebe-se no romance, os conflitos interiores que
regiam a vida de Malinche, seu descontentamento
com a religião e os sacrifícios humanos e seu
objetivo de se tornar livre e poder e constituir família.
Esquivel descreve Malinche como uma indígena
guerreira, inteligente, que valorizava a natureza e
atribuía significado aos bens naturais, possuía uma
visão romântica sobre a vida e procurava “encontrar
a si própria”, como elucida Santos (2010), diferente
da personagem histórica que nos chega a parecer
perversa diante das acusações atribuídas a ela. Sob
estes pontos de vista, torna-se possível notar na
escrita de Esquivel, que a autora não apenas
reescreve a história da conquista como também
reivindica a voz feminina, traça a realidade, o
pensamento e o embate emocional que sempre
esteve presente nas mulheres. A autora não aponta
a índia como traidora, mas faz refletir na sua obra de
ficção alguns aspectos que se referem à história da
mulher, à condição da mulher, um problema interior
que sempre se manteve oculto na sociedade.
Conclusões
Observou-se através da escrita da escritora
mexicana, Laura Esquivel, o fazer artístico da
mulher, assim como a sua interpretação da história
que por muitos, inclusive para os mexicanos havia
sido inquestionada: Malinche era a traidora do seu
povo. Em sua obra, Malinche, Esquivel nos dá
situações e expõe a cultura indígena, fazendo-nos
repensar sobre a história de Malinche e o papel da
mulher (indígena ou não indígena) na sociedade.
O gênero romance histórico também desencadeia
uma nova perspectiva do fazer literário que aliada
ao trabalho sobre a mulher na sociedade e “ser
pensante” contribui para a formação intelectual e
crítica literária, atribuindo-nos novos valores e
conhecimento sobre a linguagem literária. Ao
regastar o passado, questionando a história, a
escrita feminina adquire melhor nível crítico e se
valoriza atribuindo as suas produções melhorias na
evolução artística e na sua liberdade de expressão.
Agradecimentos
À pessoa que tornou possível a realização deste
trabalho, minha orientadora Prof. Dr. Fernanda
Aparecida Ribeiro e à FAPEMIG pela bolsa
concedida.
CUNHA, Gloria da. La narrativa histórica de escritoras
latinoamericanas. Buenos Aires: Corregidor, 2004.
ESQUIVEL, Laura. Malinche. Buenos Aires: Suma, 2005.
MÁRQUEZ RODRÍGUEZ, Alexis. Historia y ficción en la novela
venezolana. Caracas: Monte Ávila, 1991.
PERKOWSKA, Magdalena. Histórias Híbridas. La nueva novela
histórica latinoamericana (1985-2000) ante las teorias posmodernas
de la historia. Madrid: Iberoamericana, 2008.
SHOWALTER, Elaine. A literature of their own. In: EAGLETON, M.
(Ed.). Feminist literary theory: a reader. Cambridge, Mass.: Blackwell.
1986. p. 11-15.
SANTOS, Salete Pezzi dos. A história de Malinche revisitada.
In:ZINANI, Cecil Jeanine Albert; SANTOS, Salete Pezzi dos (Orgs).
Mulher e literatura: história, gênero, sexualidade. 1. ed.Caxias do Sul:
Educs, 2010.
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