1144 IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação PUCRS Avaliação do Índice Apoptótico, Proliferação Celular e Hsp70 em Carcinoma de Mama Autores: Lettícia Rodrigues de Almeida Maurique, João Guilherme Schutz Maurique, Tiago Giulianni Lopes, Vinícius Duval da Silva. Lettícia Rodrigues de Almeida Maurique (aluno), Vinícius Duval da Silva (orientador). Programa de Pós-Graduação de Medicina e Ciências da Saúde, Faculdade de Medicina, PUCRS, Introdução No Brasil, dentre as principais causas de mortalidade por causa específica, as neoplasias ocupam lugar de destaque, ficando atrás apenas das doenças cardiovasculares e causas externas. O número de casos novos de câncer de mama esperados para o Brasil em 2008 foi de 49.400, com um risco estimado de 51 casos a cada 100 mil mulheres (INCA; 2008). Em função dessa alta incidência no Brasil e do acometimento de mulheres cada vez mais jovens, torna-se fundamental que sejam disponibilizados cada vez mais informações e conhecimento sobre a etiopatogenia da doença, para que novas opções de tratamento e maior índice de sobrevida. A apoptose é a via de morte celular que é induzida por um programa intracelular altamente regulado, no qual as células destinadas a morrer ativam enzimas que degradam seu DNA nuclear e as proteínas citoplasmáticas. Ela é induzida por uma cascata de eventos moleculares que podem ser iniciados de modos distintos, culminando na ativação das caspases (Stransser, A. et al; 2006). Essas enzimas ativam as endonucleases e proteases citoplasmáticas latentes, que degradam as proteínas nucleares e do citoesqueleto (Ricci, JE. et al; 2003). Isso resulta em uma cascata de degradação intracelular, cujo resultado final é a formação de corpos apoptóticos. As caspases vêm sendo foco de estudos relacionados aos mecanismos da apoptose, tornando-se peças chave no entendimento dos mecanismos de morte celular. A proteína de choque térmico induzível 70 (Hsp70) é uma proteína de estresse, cuja expressão é ativada quando a célula ou organismo é colocado sob condições IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009 1145 de dano. É a principal proteína produzida como resposta celular a diferentes fatores estressores, como choque térmico, neoplasias e transformações oxidativas. A Hsp70 é essencial para a recuperação celular, sobrevivência e funções normais da célula (Gushova, I. et al; 2006). Essa proteína está super-expressa em tumores humanos e animais de várias espécies (Clark, P. et al; 2001). Devido ao fato de que a Hsp70 confere proteção celular contra diferentes danos, foi levantada a hipótese que essa proteína desenvolve um papel protetor no crescimento tumoral in vivo (Barnes, J. et al; 2001). Uma das principais ameaças enfrentadas pelo tumor in vivo é a ameaça do sistema imune, e a íntima relação entre a Hsp70 e a resposta imune tem sido alvo crescente de estudos (Dunn, G. et al; 2004). O antígeno Ki-67 está associado com a proliferação celular, este antígeno está presente em todas as fases ativas do ciclo celular, por isso é um excelente marcador de replicação tumoral, sendo extremamente útil para determinar a fração em crescimento de uma dada população celular (Isolan, GR. et al; 2005). O gene p53 vem sendo proposto inicialmente como um oncogene, pois foi visto que algumas células tumorais apresentavam uma contagem maior de p53 ao serem comparadas a células normais (Benchimol, S. et al; 1982). Posteriormente, verificou-se que a atividade oncogênica deste gene dependia de mutações no código de leitura, e que o gene não mutado produzia uma proteína com função de “guardiã do genoma”, e reconhecer danos no DNA para controlar o crescimento e morte celular. Deste modo esta proteína controla a proliferação celular, exercendo um papel fundamental na supressão do desenvolvimento tumoral (Von Minckwitz, G. et al; 2008). Metodologia Será selecionado, do Laboratório de Patologia do Hospital São Lucas da PUCRS, material de biópsia em blocos de parafina de pacientes com diagnóstico anatomopatológico de carcinoma de mama primário e metastático. Como controle negativo, serão utilizados materiais de biópsia de neoplasias benignas do tipo alterações fibrocísticas da mama. A análise será feita por imunohistoquimica utilizando o kit de polímero HRP de 3ª geração (Picture Max). Onde será avaliada a expressão das seguintes proteínas: p53, Ki-67, caspases 3, caspase 8 e Hsp70. IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009 1146 Discussão A identificação de fatores prognósticos e preditivos é de fundamental importância na evolução dos protocolos terapêuticos. Uma terapia baseada em uma avaliação preditiva e prognóstica possibilita a aplicação das diferentes modalidades terapêuticas utilizadas no tratamento do câncer com a intensidade e a efetividade adequadas e individualizadas para aquele paciente específico. Através da imunohistoquímica podemos saber quais os pacientes serão prováveis beneficiários de uma determinada terapêutica específica. A mensuração da relação entre taxa de apoptose e expressão de Hsp70 eventualmente pode oferecer potencial, como marcador prognóstico do comportamento tumoral. Referências Clark P, Ménoret A. The inducible Hsp70 as a marker of tumor immunogenicity. Cell Stress Chaperones. 2001 Apr;6(2):121-5. Barnes J, Dix D, Collins B, Luft C, Allen J. Expression of inducible Hsp70 enhances the proliferation of MCF-7 breast cancer cells and protects against the cytotoxic effects of hyperthermia. Cell Stress Chaperones. 2001 Oct;6(4):316-25. Benchimol S, Pim D, Crawford L. Radioimunoassay of the cellular protein p53 in mouse and woman cell lines. The EMBO Journal. 1982;1(9):1055-62. Dunn G, Old L, Schreiber R. The immunobiology of cancer immunosurveillance and immunoediting. Immunity. 2004 Aug;21(2):137-48. Guzhova I, Margulis B. Hsp70 chaperone as a survival factor in cell pathology. Int Rev Cytol. 2006;254:101-49. Isolan GR, Filho JMR, Isolan PM, et al. Neoplasias astrocitárias e correlação com as proteínas p53 mutada e KI-67. Arquivos de Neuropsiquiatria. 2005;63(4):997-1004. Instituto Nacional do Câncer. INCA - www.inca.gov.br . Estimativa 2008. Ricci JE, Gottlieb RA, Green DR. Caspase-mediated loss of mitochondrial function and degeneration of reactive oxygen species during apoptosis. Journal Cellular Biology. 2003;160:65-75. Stransser A, O’Connor L, Dixit VM: Apoptosis signaling. Annual Review of Biochemistry 2000; 69:217. Von Minckwitz G, Sinn HP, Kaufmann M, et al. Clinical response after two cycles compared to HER2, KI-67, p53, and bcl-2 in independently predicting a pathologic complete response after preoperative chemotherapy in patients with operable carcinoma of the breast. Breast Cancer Research. 2008; 10:R30. IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009