D.3.2 - Epidemiologia. Citologia Anal: estudo retroativo da distribuição de frequência entre 2011-2014 no serviço de Anatomia Patológica do DASA RJ 1 William Pereira Santos , Vanessa Silva de Souza 2 1 Acadêmico de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade *[email protected] 2 Farmacêutica do Laboratório de Anatomia Patológica, UFF, Niterói/RJ Federal do Rio de Janeiro - UFRJ; Palavras Chave: citologia anal, lesões precursoras, câncer anal. Introdução Os tumores do canal anal podem se desenvolver nos epitélios escamoso ou glandular. O carcinoma de células escamosas é mais frequente e representa cerca de 80% dos casos. Frente ao aumento das taxas dessa neoplasia nas últimas décadas, e considerando a semelhança histológica com o colo do útero e com a etiologia do desenvolvimento de lesões precursoras que evoluem para o câncer, a citologia esfoliativa do ânus também tem sido aplicada de forma a detectar lesões anais em vários estágios de evolução histopatológica e clínica. O papilomavírus humano (HPV) não é causa exclusiva para o desenvolvimento dessas lesões intraepiteliais de baixo e alto grau e, consequentemente, do câncer anal, mas é o principal fator de risco, estando a infecção, portanto, relacionada ao comportamento sexual. O objetivo da pesquisa foi realizar o levantamento da distribuição de frequência simples e percentuais do exame de Citologia Anal segundo sexo e diagnóstico positivo para neoplasia e lesões pré-neoplásicas. O estudo é quantitativo, de consulta em base de domínio privado do Laboratório de Anatomia Patológica Diagnósticos da América (DASA). Os dados coletados no Rio de Janeiro foram referentes ao período de janeiro/2011 a dezembro/2014. Resultados e Discussão Foram analisados 544 resultados do teste de citologia anal, sendo 385 (71%) homens e 159 (29%) mulheres. No período analisado, a procura pelo exame foi sempre maior pelo público masculino. As comparações que evidenciam essa diferença entre homens e mulheres são, respectivamente: 2011 (7,9%; 5,3%), 2012 (16,4%; 7%), 2013 (23,5%; 8,%), 2014 (23%; 9%). Quanto ao diagnóstico, o quantitativo foi distribuído levando-se em consideração o volume total de exames: Insatisfatório devido a inadequação do material celular em função de escassez ou ausência de componentes celulares (3,3%), sem alterações (69,3%) e com alterações (27,4%). Esse diagnóstico teve aumento gradativo no qual os registros iniciaram com 2% em 2011, 4,4% em 2012, 6,1% em 2013 e 14,9% em 2014. Essas alterações subdividem-se em Atipias de Significado Indeterminado (ASCUS e ASC H), Lesões Intraepiteliais Escamosas de Baixo (LSIL) e Alto Grau (HSIL). A distribuição do percentual desses diagnósticos para homens e mulheres são, respectivamente: ASCUS (77,8%; 22,2%), LSIL (90%; 10%) e HSIL (87,4%; 12,6%). Houve predomínio dessas lesões em indivíduos do gênero masculino. À exceção, ASC H foi registrado apenas em mulheres. Não foram diagnosticados casos de neoplasias invasoras. Tabela 1. Distribuições de frequências simples e percentuais do número de exames de Citologia Anal positivo para neoplasia por sexo, no período de 2011 a 2014. DiagSexo nóstico F ASC M US Total F ASC H M Total F LSIL M Total F HSIL M Total 2011 2012 2013 2014 1(1,2%) 6(7,4%) 7(8,6%) ----------------------------3(6,0%) 3(6,0%) 1(6,3%) -------1(6,3%) 2(2,5%) 7(8,6%) 9(11,1%) 1 --------1 1(2,0%) 11(22,0%) 12(24,0%) --------2(12,5%) 2(12,5%) 1(1,2%) 15(18,6%) 16(19,8%) --------------------------------11(22,0%) 11(22,0%) 1(6,3%) 5(31,2%) 6(37,5%) 14(17,3%) 35(43,2%) 49(60,5%) 1 --------1 4(8,0%) 20(40,0%) 24(48,0%) ---------7(43,7%) 7(43,7%) Conclusões De acordo com os dados estudados, a prevalência de exames alterados registrou 27,4% do volume total de exames. Apesar de não haver registro de tumor de caráter francamente invasivo, os registros de lesões precursoras aumentaram ao longo dos anos. Isso justifica a implantação de programa de rastreio dessas alterações, sobretudo, em indivíduos de risco. Agradecimentos À Vânia Maria F. Teixeira e Luciene Carvalho pelo apoio e incentivo a confecção desta pesquisa. ____________________ CHAVES, E. B. M., CAPP, E., CORLETA, H. V. E., FOLGIERINI, H. A citologia na prevenção do câncer anal. FEMINA, v. 39, n. 39, p. 532-537, 2011. DURÃES, L. C.; SOUSA, J. B. Câncer anal e doenças sexualmente transmissíveis: qual a correlação? Rev. Col. Bras. Cir., v. 37, n. 4, 2010. GIMENEZ, F. S.; SILVA, I. T. C.; GUIMARÃES, A. G. D. P.; FERREIRA, L. C. L.; ARAÚJO, J. R.; ROCHA, R. P.; ATALA, L, S.; AVI, S. V.; TALHARI, S. Prevalência de lesões precursoras do câncer anal em indivíduos hiv positivos, atendidos na fundação de medicina tropical do Amazonas, experiência inicial em Manaus. Rev. Bras. 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