Vingança além
do túmulo
Assis Azevedo
Espírito João Maria
Vingança além
do túmulo
3ª edição
20.001 a 25.000 exemplares
Fevereiro/2012
Capa: Rogério Mota
Planejamento gráfico: Equipe “O Clarim”
Casa Editora O Clarim
(Propriedade do Centro Espírita O Clarim).
Fone: (0xx16) 3382-1066 – Fax: (0xx16) 3382-1647
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Vingança além do túmulo
Dados para catalogação na editora
133.91
Assis Azevedo (médium psicógrafo)
João Maria (espírito)
Vingança além do túmulo
1ª edição: Fevereiro/2007 – 10.000 exemplares
Matão/SP: Casa Editora “O Clarim”
264 páginas – 14 x 21 cm
ISBN – 85-7357-079-3
CDD – 133.9
Índice para catálogo sistemático:
133.9
133.901
133.91
133.92
133.93
Espiritismo
Filosofia e Teoria
Mediunidade
Fenômenos Físicos
Fenômenos Psíquicos
Impresso no Brasil
Presita en Brazilo
Agradecimentos
Agradecemos pela valiosa colaboração que nos permitiu a
edição desta obra:
Revisão: Hiêda Rodrigues da Silva
Eneas Rodrigues Marques
E aos nossos funcionários.
Casa Editora O Clarim
– Fevereiro de 2007 –
Índice
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
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Às vésperas do casamento.............................. 11
Suicídio da noiva............................................. 18
Exílio de Hugo................................................ 27
Carla no mundo espiritual............................... 35
Vingança......................................................... 43
A mãe de Carla é internada............................. 51
Albert à beira da loucura................................ 59
Hugo tenta esquecer a tragédia....................... 68
Comentário sobre o suicídio........................... 75
Desespero no além.......................................... 83
De volta ao passado........................................ 91
Hugo sonha com Carla.................................... 99
Hugo e Viviane............................................. 107
O Espiritismo................................................ 114
Perturbação de Carla..................................... 121
Pai descobre porque a filha se suicidou........ 129
Eu não morri!................................................ 137
Carla no cemitério........................................ 145
Hugo estuda o Espiritismo........................... 153
Hugo retorna à casa dos pais......................... 161
O psiquiatra................................................... 168
Trama dos espíritos maléficos....................... 176
Influência dos espíritos maus........................ 183
O enviado do Senhor..................................... 191
Recuperação de Albert.................................. 198
Porque aconteceu.......................................... 204
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
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Viviane........................................................ 210
Albert resolve buscar recursos.................... 215
O sofrimento de Carla................................. 223
O verdadeiro amor...................................... 230
Albert desencarna........................................ 237
Carla nas zonas umbralinas......................... 246
Casa dos aflitos Jesus de Nazaré................. 253
Capítulo I
Às vésperas do casamento
O carro parou defronte a um portão blindado. Lentamente, este
se abria acionado por um pequeno controle, que apareceu de repente na mão do motorista. Após o portão deslizar sobre o trilho, o
motorista dirigiu o carro sobre um passadiço de concreto, ladeado
por um formoso jardim, e o estacionou na entrada de uma belíssima
mansão. Enquanto isso, se ouvia o tradicional barulho de ferro sobre ferro do portão rodando novamente sobre o trilho, fechando-se
para o mundo e isolando a monumental residência erguida sob a
orientação de um perfeito artista da construção moderna.
Um rapaz abriu a porta do automóvel último modelo e saiu correndo, passando pelo restante do jardim e por uma passarela que
se ligava a vários corredores. Ele continuou correndo sem parar.
Subiu uma escada de mármore de dois em dois degraus, parando
ofegante em frente de uma porta que se encontrava fechada. Bateu
de leve e ouviu alguém falar em voz alta:
– Entre!
Hugo abriu a porta e encontrou um senhor com aproximadamente sessenta e cinco anos de idade, branco, cabelos lisos e brancos
como algodão. Atrás de uma escrivaninha e com óculos no rosto,
o homem folheava desinteressadamente um livro. O cômodo era
o luxuoso escritório privativo do dono daquela mansão.
– Papai! – gritou o rapaz, tentando controlar o desespero que lhe
ia na alma naquele momento. – Por que o senhor fez isso comigo?
O genitor tirou os óculos e calmamente os colocou sobre a escrivaninha. Ergueu a cabeça e, enquanto fechava o livro, fuzilou o
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rapaz com seus olhos azuis, mostrando no fundo deles um brilho
cruel. Afastou um pouco a cadeira da mesa e encarou diretamente
os olhos do rapaz com um sorriso irônico nos lábios finos, que demonstravam uma vontade férrea misturada a uma frieza cadavérica.
O empresário, presidente de uma fábrica de carros de luxo com
filiais espalhadas pelo mundo inteiro, como se nada tivesse acontecido para justificar o desespero do rapaz, perguntou-lhe:
– O que aconteceu, meu filho?
O filho era alto, louro e tinha olhos azuis, talvez, herdados dos
pais que descendiam de europeus. A idade variava entre os trinta
e trinta e cinco anos. Era médico e diretor de um dos maiores hospitais particulares da cidade, graças a seus pais, principalmente à
sua mãe, que lutou muito para que o filho seguisse a sua vocação,
mesmo contra a vontade do marido, que desejava que o único
herdeiro assumisse os negócios da família.
Albert, pai de Hugo, homem de família tradicional e rica, disse
calmamente:
– Juro, meu filho, que não estou lhe entendendo.
O rapaz tirou um lenço do bolso do paletó e o levou ao rosto,
enxugando as lágrimas, que desciam sem sua permissão.
Albert nada falou. Manteve-se calmo, enquanto brincava com seus
óculos e observava o filho, que continuava tentando enxugar as lágrimas.
– O senhor gosta de me ver chorando, não é, pai? – perguntou
o rapaz entre soluços. – Sempre fui um fraco, obedecendo cegamente todas as suas ordens, ou melhor, seus caprichos de homem
orgulhoso e acostumado a mandar. Não é isso, senhor Albert?
Silêncio.
– Responda-me, pai!
Neste exato momento, uma mulher muito bela e elegante, com
biótipo de uma legítima italiana, entrou no escritório. Era branca,
tinha cabelos castanhos e curtos, olhos amendoados e altura mediana. Sua beleza era tão radiante que não era possível definir sua
idade. Ao ver o médico chorando correu para abraçá-lo.
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– O que houve, meu filho?
– Pergunte ao seu marido!
A mulher encarou o marido, que se matinha impassível, e
perguntou-lhe:
– O que houve, Albert? Posso saber?
– Papai, por favor. Conte para a mamãe a canalhice que o senhor fez.
Albert levantou-se, fuzilando o filho com o olhar de uma pessoa
que perdera por completo o controle dos nervos, aproximou-se e
deu-lhe um tapa com as costas da mão direita, deixando um pequeno corte feito pelo seu anel no rosto de Hugo.
– Respeite-me, seu fedelho! – disse ele, com ódio.
Iolanda correu e ficou entre os dois homens, ordenando em
voz alta.
– Pare com isso, Albert!
– Então, controle a língua do seu filho!
O rapaz parou de chorar, levou a mão ao rosto e calou-se, apertando os maxilares com tanta força, que qualquer pessoa que se
encontrasse no escritório poderia ouvir o ranger de seus dentes.
– Maldito! – gritou o rapaz, demonstrando todo o desprezo que
sentia por aquele homem que lhe dera a vida. – Carla se suicidou
e levou consigo o nosso filho por sua culpa!
– Que história é essa, meu filho? – perguntou Iolanda assustada. – Ontem à tarde ela esteve aqui, e passou um bom tempo
conversando com o seu pai. Até se despediu de mim com um beijo
quando foi embora. Não estou entendendo...
O rapaz voltou a chorar e tentou explicar tudo à sua mãe:
– Ela tomou uma forte dose de veneno letal, vindo a falecer
hoje, pela manhã.
O rapaz respirou profundamente e disse, olhando para o pai:
– Num último sopro de sua vida, ela ainda me disse: “Hugo, jamais
deixarei de amá-lo. Entretanto, odiarei o seu pai por toda a eternidade”.
Iolanda olhou para o marido, interrogando-o em silêncio.
Já sentado, Albert respondeu ao olhar interrogativo da esposa:
– Não tenho nada a ver com a morte dessa moça.
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O marido levantou-se e encaminhou-se para a porta de saída,
porém, antes de deixar o escritório, disse com ar de enfado:
– Somente os covardes se suicidam. Isso prova que aquela
desclassificada não servia para ser nossa nora.
O homem passou a mão no terno, dando por encerrada a conversa,
e saiu batendo a porta.
Mãe e filho abraçaram-se e choraram.
– Onde está o corpo, meu filho?
– No IML.
– Tenha fé em Deus. Logo, você esquecerá essa moça.
– Mãe, eu não quero esquecer a Carla, entendeu? Jamais esquecerei a única mulher que amei nesta maldita vida, principalmente
sabendo que ela levou consigo nosso filho.
Iolanda entendeu que seu filho sofria muito e não sabia o que
fazer para ajudá-lo.
Há momentos na vida em que ficamos totalmente impotentes
ante alguma adversidade que nos acontece, ou melhor, não sabemos
o que fazer para resolver o que não tem solução.
– Como está a família dela?
– Inconsolável.
– Não entendo por que uma moça tão linda e cheia de vida
tomaria uma atitude dessas.
– Seu marido, o famoso Dr. Albert, sabe a resposta, dona Iolanda
– disse o filho, ironicamente, enquanto enxugava as lágrimas, com
o olhar perdido numa janela que se abria para o belíssimo jardim.
– Meu filho, seu pai não tem nada a ver com isso.
– Então, por que ontem ela passou a tarde conversando com o
papai e antes de morrer disse-me que jamais o perdoaria?
Iolanda ficou em silêncio, sem saber o que responder, pois
pressentia que alguma coisa muito séria havia acontecido entre o
marido e a namorada do filho.
Carla era a filha caçula de uma família também rica, mas
considerada uma plebéia pelo pai de Hugo, pois não tinha berço
e seus pais eram “novos ricos” – como se diz por aí.
Assis Azevedo, pelo Espírito João Maria
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Uma hora depois, o casal estava sentado na sala privativa da
família quando Hugo apareceu com uma mochila nas costas.
Iolanda levantou-se surpresa e receosa abraçou o filho,
perguntando-lhe:
– Você vai viajar, Hugo?
Albert manteve o olhar num jornal que fingia ler e nada falou.
Com os olhos vermelhos de tanto chorar, Hugo permaneceu
imóvel, também em silêncio.
– Posso ajudá-lo, filho? – perguntou Iolanda.
Hugo não respondeu.
– Sua mãe lhe fez uma pergunta Hugo. Responda-lhe! – ordenou
o pai, aborrecido.
Hugo respirou profundamente e falou, tentando encontrar uma
calma que estava longe de sentir:
– Vou embora para sempre desta casa e da vida de vocês.
– Se sair por aquela porta sem minha autorização, esqueça que
é meu filho.
– Meu filho, durma um pouco e depois conversaremos. Não
tome uma decisão neste estado em que se encontra – disse-lhe a
mãe, fazendo um afago em sua cabeça loura.
Hugo nada falou, apenas girou os calcanhares e encaminhou-se
para a saída da mansão.
Iolanda correu e perguntou:
– Filho, você não vai levar seu carro?
Hugo respondeu sem se virar:
– Não possuo mais nada nesta vida. Adeus, mamãe.
– Pelo menos nos diga para onde vai.
Não recebeu resposta.
A mulher voltou furiosa para junto do marido e, num acesso de
raiva, tirou-lhe o jornal da mão e disse energicamente:
– Albert, escute-me, por favor!
O homem fitou a mulher com os seus olhos frios em silêncio.
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Iolanda sentou-se e começou a chorar, sentindo uma dor indescritível no coração, por ver seu filho sair de casa sabe Deus para
onde. Entre lágrimas e soluços, ela perguntou:
– O que você disse para a Carla ontem, à tarde?
O todo poderoso, dono de mais da metade das ações da fábrica
de carros, levantou-se calmamente e respondeu em voz baixa:
– Além de umas verdades, disse que ela não reunia atributos
para se casar com o nosso filho e ser nossa nora.
– Você sabia que ela estava grávida?
– Foi por isso mesmo que me adiantei e mandei chamá-la para
uma conversa, antes que fosse tarde demais.
– Você é um monstro!
– Não penso assim. Prometi a ela que a criança passaria a morar
nesta casa com todos os direitos, inclusive, levaria nosso nome,
contudo, não a aceitaríamos como nora, porque não foi isso que
sonhei para o Hugo.
Iolanda colocou as duas mãos no rosto e sem olhar para seu
marido, perguntou-lhe:
– Você sabe a extensão do mal que causamos ao nosso único
filho, humilhando a moça que ele amava? – perguntou a mulher.
Albert sentou-se, cruzou as pernas e respondeu-lhe, de braços
cruzados:
– Isso não me interessa. Essa gentinha estava de olho na fortuna e
no nome que ia herdar quando o Hugo se casasse com aquela moça.
– Você é um monstro!
Albert levantou-se novamente e começou a encaminhar-se para
a saída, fingindo não ouvir o que a esposa falava.
Iolanda também se levantou e acompanhou o marido.
– Vamos visitar o corpo da moça?
– Iolanda, deixe de pieguice! Quem se suicida é um pobre coitado, fraco de caráter, e um inútil incapaz de viver neste mundo.
Entendeu, mulher? Vá sozinha e me deixe em paz!
– Ela estava esperando nosso neto – insistiu a mulher.
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– Eu não tenho neto!
O homem foi se distanciando, enquanto Iolanda chamava o
motorista, aflita.
– Madame, a senhora me chamou?
– Sim. Vamos para a residência da namorada de Hugo. Você
sabe onde ela mora?
– O Dr. Hugo pediu-me para levá-la em casa algumas vezes.
– Pedro, você sabe me dizer qual o transporte que o Dr. Hugo
tomou?
– Um táxi.
– Obrigada. Vou retocar a maquiagem e dentro de alguns minutos estarei pronta para irmos na casa de Carla.
– O que aconteceu com a Dra.Carla?
Iolanda baixou a cabeça, pensou e depois respondeu:
– Ela morreu, Pedro.
– Não é possível, patroa! A Dra. Carla não parecia doente. Era
muito alegre e cheia de vida.
– Pois morreu, meu caro Pedro.
– De que?
– Suicidou-se. Agora, deixe-me subir, senão vamos nos atrasar.
O motorista ficou parado, em silêncio, talvez fazendo uma
oração simples como ele.
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