EAP XI Encontro de Educação em Química da Bahia (EDUQUI) Introduzindo o conceito de velocidade de reação no ensino médio Analouise A. do Patrocínio (ID)*1, Janaína D. Santana (ID) 1, Juliel C. da Silva (ID)* 1, José J. A. Filho (FM)2, José Luis P. B. Silva (PQ) 1 [email protected]; [email protected] 1 Instituto de Química da Ufba - Campus de Ondina - 40.170-115 - Salvador - BA; Novaes - Av. Araujo Pinho, 30 - Canela - 40.110-150 - Salvador - BA 2 Colégio Estadual Dep. Manoel Palavras Chave: velocidade, velocidade de reação, teoria histórico-cultural da formação de conceitos. Introdução A velocidade é uma grandeza muito utilizada em ciências naturais, principalmente em química e física, sendo o entendimento dessa de grande importância para a compreensão de muitos fenômenos. Na química, o seu estudo é muito utilizado para o ensino-aprendizagem das reações químicas e equilíbrio químico. Esse conhecimento é muito útil nas atividades industriais, tal como, no desenvolvimento de catalisadores que tem vasta aplicação. A noção dessa medida também é utilizada no dia a dia, por exemplo, na conservação de alimentos. A finalidade do trabalho é discutir o ensino introdutório do conceito de velocidade. Para isso, analisamos como esse é abordado nos livros didáticos aprovados no PNLD 20121-5, pois é um material de grande difusão nas escolas públicas. Partindo da premissa de que os conhecimentos que os estudantes dominam são importantes para o desenvolvimento de novos conceitos6, foram coletadas respostas de 27 alunos de uma turma de 2º ano do ensino médio da cidade de Salvador, a três questões: 1) O que é velocidade? 2) O que é velocidade na física? 3) O que é velocidade de reação química? Resultados e Discussão Todos os livros analisados definem velocidade de reação química como a relação entre a variação da concentração de um produto da reação e a variação de tempo correspondente à sua produção. Quatro obras2,3,4,5 abordam a velocidade ou rapidez de uma reação química como duração — tempo de um evento leva para acontecer — não deixando clara a relação desse tempo com a velocidade. Quatro dos livros didáticos1,2,3,5 se referem ao conceito de velocidade empregado em mecânica (“velocidade da física”, como dizem) como distinto do conceito de velocidade de reação, porém, sem esclarecer o que ambos possuem em comum de modo que são denominados como velocidades. Quanto ao termo velocidade, 55% dos estudantes associaram-no a um movimento ou deslocamento; 15%, a um deslocamento em certo tempo, algo próximo do conceito de velocidade mecânica; outros 15% tomaram velocidade por rapidez, concordando com alguns dos livros didáticos1,4,5 que preferem este termo. Os demais disseram não saber responder. A velocidade na física foi relacionada com duração (22%) e com deslocamento (48%). E quanto à velocidade de reação química, a maioria (78%) não soube responder, indicando o desconhecimento desse conceito na química; poucos (18%) associaram a expressão com transformação, algo mais próximo da ideia de reação, que da noção de velocidade. Conclusões Verificamos que os estudantes não possuem um conceito claro do termo velocidade e de sua aplicação na mecânica e na química. Os livros didáticos de química podem reforçar o conceito de duração e não irão esclarecer o conceito mecânico e sua distinção do conceito químico. Portanto, propomos que o ensino do conceito de velocidade de reação química seja iniciado por um conceito geral de velocidade como a relação entre a variação de uma grandeza e a correspondente variação do tempo. A definição da grandeza do numerador conduzirá á velocidade específica: se for a variação da posição de um corpo no espaço, teremos a velocidade mecânica; se for a variação da concentração de um produto de reação química, teremos a velocidade da reação química. A duração do evento — seja mudança de posição, seja mudança de concentração — se refere ao denominador da relação. Agradecimentos À CAPES, pelas bolsas de iniciação à docência, ao Colégio Estadual Deputado Manoel Novaes, pelo local de realização da experiência de ensino. ____________________ 1 Santos, W.; Mól, G. (Coord.). Química cidadã. São Paulo: Nova Geração, 2010. v. 2. 2 Mortimer, E. F.; Machado, A. H. Química. São Paulo: Scipione, 2012. v. 2. 3 Peruzzo, F. M.; Canto, E. L. Química na abordagem do cotidiano. 4 4d. São Paulo: Moderna, 2006. v. 2. 4 Lisboa, J. C. F. (Org.). Química. São Paulo: SM, 2010. v. 1. 5 Fonseca, M. R. M. Química: meio ambiente, cidadania, tecnologia. São Paulo: FTD, 2010. v. 1. 6 Vigotski, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009.