PROJETO BRASIL DAS ÁGUAS
Sete Rios
Brasília – DF
2007
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PROJETO BRASIL DAS ÁGUAS
Sete Rios
Sumário
1. O PROJETO SETE RIOS
1.1. Apresentação.....................................................................................................
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1.2. Objetivos..........................................................................................................
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1.3. Área de Abrangência.................................................................................... 6
1.4. Metodologia................................................................................................ 7
1.5. Equipes........................................................................................................ 8
2. EXPEDIÇÃO AO RIO IBICUÍ
2.1. Apresentação da Expedição........................................................................ 11
2.2. Caracterização do Rio Ibicuí....................................................................... 12
2.3. Estratégia..................................................................................................... 15
2.4. Locais Visitados pelo Projeto............................................................................
16
2.5. Diário de Campo.......................................................................................... 27
2.6. Questionários............................................................................................... 31
2.7. Análises das Amostras de Água................................................................... 32
2.8. Conclusões e Recomendações..................................................................... 39
2.9. Links Relacionados ao Tema Recursos Hídricos........................................ 53
2.10. Contatos........................................................................................................54
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1.1. Apresentação
Entre os anos de 2003 e 2005, o piloto Gérard Moss e a fotógrafa e escritora Margi
Moss executaram a primeira fase do Projeto Brasil das Águas percorrendo todo o
território brasileiro a bordo de um avião anfíbio, equipado com um moderno laboratório
para pesquisas de água.
Foram selecionados e pesquisados cerca de 350 rios brasileiros com 1.161 pontos de coleta
de água, que apresentaram um panorama da qualidade da água doce brasileira e com
resultados que dão suporte à elaboração de um programa de preservação e de
conscientização da situação dos principais rios brasileiros. Trata-se de um projeto de
importância estratégica para o conhecimento dos recursos hídricos no Brasil, e os dados
levantados são utilizados por pesquisadores e entidades como ANA, FEEMA, COPPE e os
Comitês de Bacia, entre outros.
O Projeto Brasil das Águas, em sua segunda fase denominada “Sete Rios”, pretende
aprofundar os trabalhos em sete rios especialmente escolhidos, e usufruindo do interesse
despertado durante a primeira fase, conscientizar as populações ribeirinhas sobre as
condições da água desses rios, mostrando os riscos e discutindo a melhor forma de
preservação desta riqueza para o bem de todos. Iniciada em março de 2006, esta etapa
tem a sua conclusão prevista para agosto de 2007, já tendo completado as expedições
por cada um dos rios selecionados no final de junho de 2007.
Canoas na margem do rio Ibicuí.
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1.2. Objetivos
O projeto Sete Rios é orientado para envolver as comunidades locais na conservação
de seus rios, sugerindo algumas mudanças de hábito ou ações enérgicas que resultarão
na melhora da qualidade de vida e ajudarão na preservação dos ecossistemas que
fornecem a água. O objetivo é estimular a participação de todos – governos local,
estadual e federal, usuários e cidadãos brasileiros de um modo geral no gerenciamento
hídrico dos seus rios.
Cavaleiro tradicional dos pampas.
Através das apresentações abertas ao público nas cidades ribeirinhas, com a projeção
de imagens do rio em questão, o projeto abre o debate sobre uma variedade de
assuntos ligados ao rio: ações de desmatamento que afetam os mananciais e as matas
ciliares, instalação de aterros sanitários e estações de tratamento de esgoto, controle
das atividades de pesca, deslizamentos de encostas, assoreamentos, outorga para
irrigação e impactos do turismo, entre outros.
Promovendo um canal de comunicação
entre os participantes do projeto e os
usuários do rio nas cidades visitadas,
buscam-se a troca de experiências
através das discussões e a divulgação
de informações das iniciativas, dos
problemas e das soluções encontradas
para apoiar a elaboração de políticas de
meio ambiente nas diversas localidades
trabalhadas.
Conversando com ribeirinhos.
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1.3. Área de Abrangência
No Projeto Brasil das Águas - Sete Rios, os rios foram selecionados em um workshop
realizado em Brasília com a participação das mais diversas autoridades, cientistas e
pesquisadores vinculados ao tema água. Os rios selecionados foram o Guaporé (MT e
RO), o rio Verde (MT), o rio Araguaia (GO, MT, TO e PA), o rio Grande (BA), o rio
Miranda (MS), o rio Ribeira (PR e SP) e o rio Ibicuí (RS), podendo ser identificados
na ilustração abaixo.
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1.4. Metodologia
Inicialmente realiza-se um sobrevôo em toda a extensão de cada rio para captar imagens
e constatar a condição da mata ciliar e os impactos sofridos na região. Também são
feitos contatos iniciais com as prefeituras das maiores cidades.
Em seguida, na época determinada ideal para cada rio, membros da equipe percorrem de
barco toda a extensão navegável, acompanhados por uma equipe de apoio a bordo de
um veículo Land Rover, que reboca o barco pertencente ao projeto. Os integrantes
observam e registram os impactos visíveis tanto na navegação, onde são feitas as coletas
de amostras de água para posterior análise em laboratório, quanto no percurso terrestre.
Nas palestras realizadas nas cidades ribeirinhas, sempre que possível em praça pública,
são projetadas num grande telão as imagens aéreas de toda a extensão do rio. A platéia
muitas vezes se emociona ao ver a nascente ou a foz do seu rio, lugares desconhecidos
por muitos. Logo, com o intuito de ressaltar a importância da participação da
comunidade na preservação de seu rio, também são projetadas imagens de outros rios,
como o Tietê, que tiveram algum dia suas águas limpas. Os debates que seguem à
projeção das imagens oferecem uma oportunidade às pessoas para exporem suas
preocupações e fazerem sugestões. As prefeituras locais, e especialmente as secretarias
do Meio Ambiente, se tornam parceiros na mobilização para esses eventos, muitas vezes
apoiados pela imprensa local.
A pedido dos professores de escola nas cidades ribeirinhas, as palestras estão
disponibilizadas em PowerPoint no site do projeto, para uso em sala de aula.
A equipe também aplica um questionário aos ribeirinhos, com o objetivo de entender
melhor sua relação para com o rio, e as necessidades sócio-ambientais de cada região.
Um relatório final com as informações coletadas sobre cada rio, contendo os resultados
dos questionários e das análises das amostras, é encaminhado às prefeituras visitadas e
órgãos e pessoas interessadas no intuito de compartilhar com as instituições a
necessidade de cuidar do rio e tomar as medidas necessárias para minimizar os danos
causados pela ação do homem em sua fonte de água.
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1.5. Equipes
Idealizador do Projeto Brasil das Águas, Gérard Moss é engenheiro mecânico,
empresário, piloto privado e Mestre Arrais. Líder das expedições, pilota o avião anfíbio
e conduz o barco*, também orientando as apresentações e debates. Como fotógrafa da
expedição, Margi Moss é a responsável pela atualização do website e do diário de bordo
além da coleta e processamento das amostras de água, participando junto a Gérard das
apresentações à população.
Pedro Meohas e Tiago Iatesta fizeram parte da equipe de expedicionistas que
acompanharam Gérard e Margi no rio Ibicuí. Luiz Ernesto Elesbão, gaúcho da região,
participou de toda a navegação, e Mariza Beck acompanhou parte dos trabalhos.
Na composição da equipe de pesquisadores, o Professor José Galizia Tundisi e o Doutor
Donato Seiji Abe, do Instituto Internacional de Ecologia (IIE) de São Carlos - SP, são os
responsáveis pela análise das concentrações de fósforo total, nitrogênio total, nitrogênio
amoniacal e íons na água, classificando as amostras em um Índice de Estado Trófico (IET).
Analisam a biodiversidade do fitoplâncton a Doutora Maria do Socorro Rodrigues, do
Departamento de Ecologia do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília, Iná de
Souza Nogueira, Doutora em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo e
Elizabeth Cristina Arantes de Oliveira, Mestre em Ecologia pela Universidade de Brasília.
A abundância celular do bacterioplâncton é analisada pelo Doutor Rodolfo Paranhos, do
Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Retirando o barco da água na rampa
da balsa de Mariano Pinto.
Equipe do Brasil das Águas com um
aluno do CEFET de São Vicente do Sul.
*
O barco de alumínio da expedição, o modelo Marfim de 5 metros da Levefort, foi adaptado para obter uma
autonomia de até 600 km em regime de navegação econômica. O projeto escolheu o motor de popa mais ecológico do
mundo, o Evinrude E-TECH, de 50 hp. Além de usar até 75% menos óleo que os motores 2 tempos, o E-TEC emite
um volume de monóxido de carbono de 30 a 50% menor que qualquer motor 4 tempos. O motor ganhou o Prêmio
Clean Air Excellence, promovido pela Agência Norte-Americana de Proteção Ambiental (EPA).
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RIO IBICUÍ (RS)
O “rio de areias finas”, em tupi-guarani.
Expedição Exploratória
Abril de 2007
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SUMÁRIO EXECUTIVO
Rio Ibicuí – Rio Grande do Sul
Nascente: Encontro do rio Toropi com o rio Ibicuí-Mirim, no limite dos municípios
de Cacequi, São Pedro do Sul e São Vicente do Sul, nas coordenadas S29°44,5 /
W054°29,5. Altitude: 91 metros.
Foz: Rio Uruguai, limite dos municípios de Uruguaiana e Itaqui, nas coordenadas
S29°25,3 / W056°46,6. Altitude: 47 metros.
Extensão: 385 km.
Região Hidrográfica: Uruguai.
Bacia do Ibicuí: 35.436,25 km² (excluindo a sub-bacia do rio Santa Maria).
Bioma: Campos Sulinos (Pampas).
População Total da Bacia: Estimada em 414.320 habitantes.
População dos municípios contíguos ao rio: 336.132 habitantes (IBGE 2006).
Municípios contíguos ao rio Ibicuí (9): São Pedro do Sul, São Vicente do Sul,
Cacequi, São Francisco de Assis, Jaguari, Manoel Viana, Alegrete, Itaqui e Uruguaiana.
Oportunidades: Turismo cultural e rural, bem como a exploração dos balneários em
alta temporada.
Ameaças: Assoreamento, pesca predatória, bombeamento para a irrigação do arroz,
efluentes provenientes da rizicultura e o despejo de esgotos não tratados.
Principais preocupações da população: Pesca predatória, desmatamento que provoca
assoreamento e a utilização de agrotóxicos.
Resultados das análises das amostras: A qualidade da água analisada do rio Ibicuí
está preocupante. Alguns pontos críticos foram identificados, mesmo com a ocorrência
de apenas uma cidade, de pequeno porte, às margens do rio.
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2.1. Apresentação da Expedição ao Rio Ibicuí
Apesar do Ibicuí ser pouco conhecido fora do ambiente do Rio Grande do Sul, é o rio de
grande porte mais sulino do país que não deságua no Atlântico. Pelo significado de seu
nome, “rio de areias finas”, não é de surpreender que o Ibicuí, apesar de bem menor,
lembra outro rio brasileiro famoso por suas areias brancas, o Araguaia. É de impressionar a
paisagem dos trechos em que se formam as grandes praias e dunas. A beleza natural
combina com as cores do Brasil: margens verdes, areias amareladas e céu azul.
A equipe da expedição esteve no Ibicuí entre 16 e 20 de abril de 2007, navegando desde o
local onde é considerada a sua “nascente”, nos encontros dos rios Toropi e Ibicuí-Mirim.
As atividades começaram neste ponto e envolveram cinco municípios ao longo do rio.
O Alto Ibicuí, desde sua formação até o encontro com o rio Santa Maria, apresentou
certa dificuldade de navegação pelo grande número de troncos de árvores no leito
do rio. Depois dessa confluência, o leito e o volume de águas aumentaram
consideravelmente, e começaram a aparecer mais praias.
Outro fator surpreendente para um rio desse porte é a existência de apenas uma
cidade (Manoel Viana) e um distrito (Passo do Umbu) em suas margens. As terras
em seu entorno pertencem a grandes fazendas e ninguém mora na beira do rio.
Na época da navegação, em abril, as águas estavam profundas e tranqüilas até a foz
no rio Uruguai. No obstante, durante a estiagem, que coincide com o período em que
as águas são bombeadas para a irrigação dos arrozais, o rio apresenta um quadro
bem diferente.
Durante a visita ao Ibicuí, o projeto Sete Rios estabeleceu um valioso debate entre os
diversos usuários do rio. Na esperança de abrir portas para mudanças e ações vindas
tanto da parte das autoridades municipais como dos próprios moradores, o projeto
apresenta um parecer geral de todo o trajeto percorrido com algumas sugestões que
podem reduzir os impactos negativos e promover a utilização sustentável das águas,
beneficiando o homem e a generosa natureza que o envolve.
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2.2. Caracterização do Rio Ibicuí
O rio Ibicuí é o maior afluente do rio Uruguai dentro do território brasileiro e o
segundo tributário mais importante desse rio, perdendo apenas para o Negro, rio que
também nasce no Rio Grande do Sul, mas percorre principalmente terras uruguaias.
Destacam-se características como a dimensão de sua bacia hidrográfica e a sua
pequena declividade, variando apenas 44 metros desde a formação até a foz. As suas
águas têm uma grande importância em toda a região que cruza.
Sua formação é representada pelo encontro do rio Toropi com o rio Ibicuí-Mirim,
localizado num ponto que forma o limite tríplice dos municípios de Cacequi, São
Pedro do Sul e São Vicente do Sul, a 91 metros de altitude. Já a foz está situada no
rio Uruguai, no limite dos municípios de Itaqui e Uruguaiana, medido a 47 metros de
altitude com as águas ainda altas, na passagem da equipe do projeto.
O rio está localizado na região da Campanha do Rio Grande do Sul, e diferente da
maioria dos afluentes do rio Uruguai, o Ibicuí é um rio de planície, portanto lento e
com substrato bastante arenoso. Drena águas de parte do planalto do Rio Grande
do Sul, da borda noroeste do Escudo Sul-rio-grandense, da região oeste da
Depressão Central, colhendo águas enquanto segue vagarosamente o rumo oeste ao
longo da Campanha do Sudoeste.
Em relação à caracterização das margens e leito, no trecho superior, o Ibicuí segue
uma calha bem definida. Após a confluência com o Santa Maria até o município de
Manoel Viana, o rio apresenta um leito menor com margens baixas. Após Manoel
Viana, o leito menor apresenta margens mais elevadas e barrancos, e no seu trecho
final, volta a apresentar margens baixas.
O Rio Grande do Sul é dividido em três regiões hidrográficas, Litoral, Guaíba e
Uruguai. Estas por sua vez, contêm no total 24 bacias hidrográficas, sendo a do Ibicuí a
maior de todas. A área da bacia corresponde a 25% da superfície total do Estado, de
acordo com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, e a vazão média anual da Região
Hidrográfica do Uruguai, que engloba a bacia do rio Ibicuí, corresponde a 2,6% da
disponibilidade hídrica do país.
A bacia do Ibicuí está localizada a oeste do Estado e abrange 30 municípios, sendo que
alguns estão localizados totalmente na bacia, e outros apenas parcialmente. Uma bacia
hidrográfica, por definição, inclui toda a área de drenagem do curso de um determinado
rio e seus afluentes. Por motivos presumivelmente relacionados a interesses locais, foi
criada uma bacia distinta para o Santa Maria, com área de drenagem de 15.720 km²,
apesar de esse rio ser o maior afluente do Ibicuí e pertencer tecnicamente à sua bacia. O
Ibicuí, sem o Santa Maria, drena uma área de 35.436 km², e abriga uma população de
aproximadamente 414.320 habitantes (IBGE, 2006).
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Além do Santa Maria, seus afluentes de maior importância são os rios Jaguari,
Ibirapuitã e Itu. Dentre os arroios da bacia do Ibicuí, 55 ao total, destacam-se o
Inhancundá, o Caverá, o Inhanduí e o Ibiroçaí.
O rio Ibicuí corre na direção leste/oeste. Quase toda a sua extensão é acompanhada
por uma densa mata de galeria, tornando o solo do entorno muito fértil.
A base econômica da população é a agricultura, destacando-se o cultivo de arroz
irrigado, que constitui o principal uso da água (99% do uso das águas superficiais).
O consumo doméstico e industrial de água é insignificante, mas a qualidade da água
acaba por ser afetada principalmente pela falta de tratamento de esgotos domésticos
e industriais, como possíveis casos em frigoríficos, e pelas atividades das lavouras.
Como atividades econômicas complementares, praticam-se a pecuária e a extração
de areia. Dentre os problemas ambientais detectados na região, a aceleração do
processo de arenização que ocorre na bacia, em decorrência do uso inadequado do
solo, preocupa. O uso recreativo das águas é a atividade turística de maior relevância
nesta região, existindo diversos balneários públicos espalhados ao longo da bacia.
No que se refere à navegação, deve-se ter em conta que os valores do tirante de água
mínimo estabelecidos no Ibicuí, observados em períodos de estiagem, variam entre
0,70m e 1,35m. O grande desenvolvimento de bancos de areia no leito do rio nesta
época indica a ocorrência de raios mais reduzidos, resultando na largura bastante
limitada em muitos locais. A alta mobilidade do fundo arenoso deste rio contribui
negativamente para a navegação em corrente livre.
Apenas quatro pontes cruzam o rio Ibicuí, estas localizadas em Umbu, Cacequi, Manoel
Viana e na foz. Além delas, em dois locais do Baixo Ibicuí há serviços de balsa:
Mariano Pinto e Passo do Silvestre.
Ponte da BR-472 entre Uruguaiana e
Itaqui em dezembro (estiagem).
O mesmo local visto na foto ao lado,
porém com o rio cheio (abril).
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LOCALIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO IBICUÍ
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2.3. Estratégia
O percurso da expedição correspondeu a toda a extensão do rio Ibicuí, desde a sua
formação no encontro dos rios Toropi e Ibicuí-Mirim, até a desembocadura no
volumoso rio Uruguai, sendo o único dos sete rios do projeto onde foi possível navegar
do início ao fim.
A interação com o rio foi efetivada percorrendo primeiro por avião toda a sua
extensão durante o mês de dezembro de 2006, captando as imagens e observando a
condição da mata ciliar e os impactos causados pelo homem às margens e à água. Em
abril de 2007, a equipe retornou à região, desta vez com um barco e um jipe, para
navegar ao longo do rio e coletar amostras de água para posterior análise em
laboratório, bem como buscar um contato direto com a população.
Entrevista ao canal de televisão RBS,
afiliada da Rede Globo.
Preparando o barco para a navegação
em Passo do Umbu.
A equipe teve a oportunidade de realizar apresentações para as comunidades nas
cidades de São Vicente do Sul, São Francisco de Assis, Manoel Viana, Alegrete e
Uruguaiana. Nos debates após as palestras, foi constatado que as principais
preocupações dos moradores estão relacionadas ao assoreamento e à rizicultura,
especificamente com o bombeamento excessivo de água e o possível despejo nos
rios de agrotóxicos proveniente dos arrozais. Não parecem estar preocupados com
o despejo de esgotos.
Durante a expedição, a equipe aplicou 34 questionários aos moradores. O resultado
das pesquisas encontra-se apresentado na página 31.
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2.4. Locais visitados pelo projeto
“NASCENTE”
Cacequi, São Pedro do Sul
e São Vicente do Sul - RS
O início do rio Ibicuí está localizado na confluência do minúsculo rio Ibicuí-Mirim e do
rio Toropi, um pouco maior, no ponto de encontro dos municípios de Cacequi, São
Pedro do Sul e São Vicente do Sul.
A navegação por esse trecho foi lenta devido à grande quantidade de troncos de árvores
caídas no rio, derrubadas pela correnteza das cheias, como uma poucos dias antes da
chegada do projeto. Desde o leito do rio, a mata ciliar aparenta estar preservada, pois
somente em poucas locais foram identificadas propriedades desmatadas até a margem.
É natural que a correnteza da água de um rio provoque erosão nas margens, podendo
este processo ser amenizado com a conservação da mata ciliar, que serve como redutora
de velocidade da água. A quantidade de árvores encontradas no leito pode indicar que as
chuvas não são mais tão bem absorvidas pelas terras em volta, sem cobertura vegetal, e
as águas chegam ao rio com uma força cada vez maior.
Para surpresa da equipe, as análises das amostras coletadas no local de formação do
Ibicuí apresentaram resultados preocupantes quanto à qualidade da água. Fatores
como o despejo de esgotos domésticos nos municípios de Mata, Toropí e Tupaciretã,
impactam o rio Toropi. Por outro lado, o lixão de Santa Maria, localizado junto às
margens do pequeno Ibicuí-Mirim, parece ser o que mais contribui para tornar as
suas águas eutróficas.
Um rio é formado pela contribuição de inúmeros nascentes e córregos. A quantidade
e a qualidade de suas águas dependem de todos esses mananciais. A recuperação do
Ibicuí exigirá dedicação ao longo da bacia, envolvendo todos os proprietários rurais.
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SÃO VICENTE DO SUL
População do Município:
8.898 habitantes (IBGE, 2006).
Localização
O acesso principal a São Vicente do Sul, cidade localizada na Região Central do Estado,
pode se dar via BR-287, percorrendo 87 km desde Santa Maria. Fica distante 383 km da
capital Porto Alegre.
Economia local
A economia tem como bases a rizicultura, a pecuária e o comércio. As fazendas de arroz
são grandes, como ao longo do vale do Ibicuí, pertencendo a um pequeno grupo de
produtores. A criação de bovinos totaliza mais de 95 mil cabeças de gado.
Saneamento e Lixo
De acordo com a Prefeitura Municipal, o abastecimento de água potável é feito por
captação em poços artesianos e no rio Jaguari. A água é tratada na estação municipal,
e distribuída a 87 % da comunidade.
A cidade conta com apenas 20% das edificações ligadas à rede coletora de esgotos,
que, por sua vez, despeja os efluentes sem tratamento algum no arroio Cuxá. A
prefeitura já apresentou projetos junto ao Ministério das Cidades para a ampliação da
rede coletora e para a construção de uma estação de tratamento. O restante das
residências, ou seja 80%, utiliza fossas.
O lixo coletado diariamente na zona urbana e na rural é levado a um lixão a 10 km do centro da
cidade. Em lugares mais distantes, os moradores ainda costumam realizar a queima do lixo.
Cultura e Turismo
Localizado às margens do rio Ibicuí, a aproximadamente 20 km da sede do município, o
balneário Passo do Umbu apresenta boa infra-estrutura de lazer com chalés e residências
para aluguel, área de camping e salva-vidas durante a alta temporada. É muito freqüentado
pelos banhistas e pela população local no verão e quando há a realização de eventos.
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Meio Ambiente
De acordo com a prefeitura, há na cidade um novo projeto visando a conscientização
popular quanto à preservação dos rios próximos ao município. Sob coordenação de
técnicos da Secretaria de Meio Ambiente, são divulgadas orientações básicas dos
métodos adequados para a conservação das matas ciliares e da água, com o objetivo de
garantir um meio ambiente saudável para a população.
O Presidente da Associação de Moradores do Passo do Umbu falou da preocupação
relacionada ao acúmulo de madeira nas margens do Ibicuí, principalmente próximo à
ponte que liga o distrito à Vila do Umbu, que pertence ao município de Cacequi. Trata-se
de troncos de madeira trazidos pela correnteza que põem em risco a estabilidade da ponte.
Logo após o início da navegação, foi possível para a equipe observar a ocorrência de
focos de desmatamento das margens, resultado do avanço das lavouras de arroz.
Alguns pontos onde proprietários permitem o acesso do gado à margem do rio
contribuem com os impactos à mata ciliar.
Pesca
O distrito de Passo do Umbu também é uma vila de pescadores. Segundo os moradores,
as palometas, peixes naturais da região oeste do Rio Grande do Sul, são bastante comuns
nesse trecho do rio. Semelhantes às piranhas, são predadores de outras espécies. Apesar
de serem pouco consumidas pelos ribeirinhos, segundo pesquisas da Faculdade de
Zootecnia, Veterinária e Agronomia de Uruguaiana, a espécie possui alto valor protéico.
Os ribeirinhos afirmam que antigamente espécies como o dourado e o lambarí eram
comuns, mas hoje não passam de recordações justamente por um possível
desequilíbrio que pode estar havendo na ictiofauna do Ibicuí, não descartando a
possibilidade da sobrepesca dessas espécies.
Areias brancas nas praias do Ibicuí.
Milharal dentro da APP no Alto Ibicuí.
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SÃO FRANCISCO DE ASSIS
População do Município:
20.573 habitantes (IBGE, 2006).
Localização
A cidade de São Francisco de Assis está localizada a 434 km da capital Porto Alegre.
Pode ser acessada pelas rodovias RS-421 (119 km de Santa Maria) e RS-377.
Economia local
A economia está baseada na agropecuária, com lavouras de soja, arroz e milho, bem
como a exploração da pecuária de corte, hoje com aproximadamente 180 mil cabeças de
gado. Porém, a produção primária vem experimentando queda na renda e no emprego
nos últimos anos segundo a prefeitura, e o município enfrenta a inexistência da
produção de materiais de consumo. A situação ocorre igualmente em grande parte dos
municípios da Fronteira Oeste e Região Central do Rio Grande do Sul.
A multinacional Stora Enso já adquiriu 10 mil hectares de terras na região, e busca
legalizá-las para iniciar o plantio de eucalipto para a indústria de celulose. De acordo
com a prefeitura, a monocultura dessa espécie é uma alternativa viável para o
incremento da arrecadação de impostos, e mudar a matriz produtiva seria um caminho,
através da produção da celulose e do beneficiamento da madeira.
Saneamento e Lixo
O abastecimento de água da área urbana atende a 65% das residências de São Francisco,
e a água, captada em poços artesianos da CORSAN, é tratada em uma estação municipal
e distribuída pela rede. A captação de água em poços artesianos particulares ainda
representa 30% do total das residências.
A cidade não possui rede coletora e estação de tratamento de esgotos. A grande maioria
das residências, tanto na zona urbana quanto na zona rural, possui fossas rudimentares.
O lixo é recolhido nos domicílios diariamente na cidade e na zona rural, sendo levado a
um lixão municipal localizado a três quilômetros da cidade.
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Cultura e Turismo
A praia de Jacaquá está situada à margem direita do rio Ibicuí, a 18 km da cidade.
Possui infra-estrutura básica com uma grande área para camping e jogos como voleibol
de areia, futebol e bocha. A abundância das áreas verdes oferece opções para
caminhadas ecológicas nos diferentes ambientes existentes. O balneário recebe
visitantes de todas as regiões, com destaque para as excursões em transporte coletivo. A
alta temporada corresponde aos meses de dezembro, janeiro e fevereiro.
São Francisco de Assis está localizada na zona missioneira. No atual território do
município floresceu a 3º Redução Jesuítica em solo riograndense.
Lá também está localizado o Museu Cônego Hugo, que conta com aproximadamente
3.000 peças em fase de tombamento divididas em quatro seções: Arqueologia, História,
Ciências e Artes. O nome do museu é uma homenagem a um antigo pároco da cidade.
Meio Ambiente
Moradores reclamam da retirada de areia do leito e da margem do rio Ibicuí nas
proximidades do balneário do Jacaquá, causando enormes buracos na praia, alterando o
curso natural do rio e carregando barro ao local onde permanecem os banhistas na alta
temporada. O proprietário da área possui licença de operação, porém já foi advertido
quanto à não extrapolação dos limites estabelecidos em sua licença. A atividade segue
normalmente e as máquinas continuam os trabalhos de retirada e transporte da areia.
Pesca
Segundo informações de cidadãos, nesse trecho do rio é freqüente a ocorrência de pesca
predatória. Alguns moradores pescam para o lazer ou subsistência, mas são constantes
os casos de utilização de redes, tarrafas e espinhel em grande quantidade.
As espécies capturadas mais frequentemente são o patí, o pintado e a palometa, este
último, conforme relatos anteriores, predador voraz de diversas outras espécies.
Cerro da Carpintaria, perto de Jacaquá.
Tirando o barco da água em Jacaquá.
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MANOEL VIANA
População do Município:
7.904 habitantes (IBGE, 2006).
Localização
Manoel Viana pode ser acessada pela RS-377, a 48 km de Alegrete, e está a 468 km de
distância de Porto Alegre pela BR-287. Fica a 170 km de Santa Maria, e é a única
cidade localizada às margens do rio Ibicuí.
Economia local
A economia municipal é baseada na agricultura do arroz e da soja em grande escala, e na
pecuária bovina, com a criação de mais de 100 mil cabeças de gado.
Saneamento e Lixo
A água é captada no rio Ibicuí logo a montante da ponte General Osório, nas proximidades
do centro da cidade, tratada e distribuída a quase 100% da população urbana.
A cidade conta com rede de esgotos, porém direcionada diretamente ao rio sem
tratamento algum. Efluentes são despejados nas proximidades da ponte de acesso à
cidade. Algumas casas têm o ligamento do esgoto diretamente à rede de águas pluviais,
causando mal-cheiro e a proliferação de insetos. O município possui um projeto de
saneamento que se encontra em análise no Ministério das Cidades, mas segundo a
prefeitura, o mesmo ainda contém erros que impedem a sua viabilização imediata.
O lixo, recolhido diariamente, é direcionado a um aterro sanitário no entorno da cidade,
porém apresenta problemas em seu funcionamento. Foi introduzido no município um
programa de formação de catadores, que constituíram entre eles uma associação.
Cultura e Turismo
Manoel Viana nasceu como um local de parada de cavaleiros e carreteiros que se
deslocavam entre a fronteira e a região das Missões, no século XVIII. Com a inauguração
da ponte General Osório em 1950, o povoado começou a crescer, graças aos solos férteis
banhados pelo rio Ibicuí e seus afluentes.
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Às suas margens existem recantos tranqüilos como a Praia do Silêncio, de onde se vêem
espetáculos como o nascer do sol sobre os arcos da ponte General Osório e o anoitecer
sobre a cidade. A Praia e Camping Rainha do Sol é considerada uma das mais belas
praias de água doce do Rio Grande do Sul. No complexo turístico existe uma infraestrutura completa para atendimento ao turista, contemplando uma área para camping,
quadras de jogos, palco para shows, churrasqueiras, atendimento administrativo
24 horas, pracinha de brinquedos e operação salva-vidas. Nos finais de semana, ocorre a
apresentação gratuita de shows musicais e culturais, torneios esportivos, eventos
ecológicos, ginástica na praia e outros eventos culturais. A época de maior freqüência
dos banhistas é de dezembro a março.
Como outra opção, a região oferece o turismo rural com hospedagem em diversas
fazendas coloniais, algumas espalhadas às margens do Ibicuí.
Meio Ambiente
Segundo os moradores de Manoel Viana, existe uma falta de cuidados com a água por
parte dos moradores de cidades a montante, porém o próprio município onde vivem
ainda possui baixas taxas de saneamento, e é o único onde os impactos urbanos estão
localizados justamente às margens do rio Ibicuí.
Outra preocupação está expressa no declínio do cultivo da soja. Atualmente o município
possui mais de 35 mil hectares de soja plantados, com uma previsão de que esse número se
reduza a 15 mil hectares. Caso se concretize, serão 20 mil hectares de solo exposto e sem
cobertura, agravando ainda mais os processos erosivos que causam a sedimentação do rio.
Pesca
Entre Jacaquá e Manoel Viana, a equipe cruzou com um espinhel permanente de
mais de 300 metros de comprimento. Ao chegar à cidade, encontrou redes e tarrafas
em barcos localizados na rampa de acesso. A utilização desses materiais é proibida
em todo o território nacional. Segundo moradores, já há escassez de peixes para
abastecimento da própria cidade de Manoel Viana, devido à pesca predatória e à
reduzida fiscalização das atividades praticadas de maneira irregular.
Ponte General Osório, inaugurada em 1950.
Os Ibicueiros, após a navegação.
22
ALEGRETE
População do Município:
88.513 habitantes (IBGE, 2006).
Localização
Alegrete situa-se na Fronteira Gaúcha Oeste do Rio Grande do Sul. Fica a 506 km de
Porto Alegre e a 40 km de Uruguaiana pela rodovia BR-290.
Economia local
Sua economia é baseada principalmente na agricultura, com o plantio de
aproximadamente 45.000 ha de arroz e de 6.000 ha de soja, além de milho, sorgo e
trigo. A pecuária bovina, com mais de 500.000 cabeças (o maior rebanho do Estado)
também é uma atividade significativa para a economia de Alegrete.
Na rodovia estadual RS-566, km 7, está uma unidade do Frigorífico Mercosul, atualmente
com capacidade de abate de 4.000 bovinos ao dia em suas 9 plantas espalhadas pelo sul do
Brasil, duas delas localizadas na bacia do Ibicuí, em Alegrete e Tupanciretã. Também há
diversas indústrias beneficiadoras de arroz, como a CAAL e Pilecco.
O rio Ibirapuitã divide o município em duas partes do ponto de vista econômico: a leste,
estendem-se as terras mais propícias à agricultura e, a oeste, as terras melhores para a
pecuária. À margem direita do rio Ibirapuitã, na zona urbana de Alegrete, está instalada
a usina termelétrica Oswaldo Aranha. Pertencente à Tractebel Energia S.A., empresa do
grupo francês SUEZ, possui capacidade de geração de 66 mW e é movida a gás natural
proveniente da Argentina.
Saneamento e Lixo
A água para o abastecimento da cidade é captada no rio Ibirapuitã e em poços artesianos,
tratada por uma estação municipal e distribuída a 100% dos moradores da zona urbana.
Atualmente apenas 40% das residências contam com rede coletora de esgotos,
direcionada a uma estação de tratamento. Todo o restante utiliza fossa e, segundo a
prefeitura, menos de 1% despeja o esgoto diretamente no rio Ibirapuitã.
23
O lixo é coletado e levado a um lixão localizado a 7 km da cidade. Alegrete possui um
projeto de cooperativa de catadores que trabalham em parceria com a prefeitura municipal.
Cultura e Turismo
A Ilha dos Milanos é uma reserva ecológica de aproximadamente 100 hectares localizada
nas redondezas do município. Essa área de proteção especial tem grande importância no
equilíbrio ecológico da região, pois abriga diversas espécies de flora e fauna, sendo reduto
do bugio preto e de uma diversidade de pássaros.
A Ponte de Pedra é um complexo de rocha com formato de uma ponte muito procurado
por turistas para trekking e escalada, embora esteja em um local de difícil acesso.
Já o Balneário Caverá, situado às margens do arroio Caverá e de fácil acesso, é um local
procurado para veraneio e acampamento que oferece infra-estrutura e dista 7 km da cidade.
Meio Ambiente
Sendo os campos sulinos uma área de delicado ecossistema, a superexploração agrícola
e a pecuária extensiva criaram o já chamado "deserto dos pampas ou do São João", uma
área de mais de 200 alqueires na região completamente saturada e considerada
imprópria para o replantio de novas culturas devido ao esgotamento do solo. A
arenização e salinização das terras foram provocadas pelo plantio intensivo de soja.
Alegrete vive problemas quanto à poluição dos rios e arroios de seu entorno, fato
comprovado pelo resultado insatisfatório da amostra de água coletada do rio Ibirapuitã
na sua foz, já bem distante da cidade. Se apenas 1% do esgoto doméstico é jogado no
rio, há forte probabilidade de que esgotos industriais estejam alcançando essas águas.
Pesca
A pesca no rio Ibicuí não faz parte do cotidiano dos moradores de Alegrete, em parte
devido à distância da cidade até o rio, 65 km por estrada de terra até o ponto de
acesso mais próximo.
Estrada rural em Alegrete.
O Ibirapuitã em sua foz no Ibicuí.
24
URUGUAIANA
População do Município:
136.364 habitantes (IBGE, 2006).
Localização
Está localizada no extremo oeste do Estado, na fronteira com a Argentina. A cidade
pode ser acessada pelas estradas BR-290 de Porto Alegre (649 km), e BR-472 do norte
do Estado, além de uma importante ferrovia, todas elas com ligação à ponte
internacional rodo-ferroviária sobre o rio Uruguai. Também possui um aeroporto
internacional. O rio Uruguai é outra via de acesso, pois é navegável por navios de
baixo calado.
Economia local
Na economia uruguaianense destacam-se o cultivo de arroz e o comércio exterior, este
último devido à proximidade da Argentina e do Uruguai, fortalecido com a presença do
maior porto seco da América Latina, próximo à saída da cidade, sentido Uruguaiana Alegrete. Passam pela cidade, em média, cerca de 10 mil caminhões por mês.
Saneamento e Lixo
A água que abastece a cidade é captada no rio Uruguai. Ela é tratada e distribuída a
90% da população.
A rede coletora e o tratamento de esgoto atendem a 25% da população, e o restante
utiliza fossas para despejo dos efluentes.
O lixo é coletado em 100% das zonas urbana e rural, e despejado em um aterro
próximo à cidade. O Centro de Educação Ambiental Nova Esperança - CEANE é
primeira cooperativa de catadores de lixo da Fronteira Oeste. A entidade coleta cerca de
20 toneladas mensais de produtos recicláveis para revender a empresas de Porto Alegre.
Atualmente, a entidade é formada por 81 catadores associados, sendo que 57 deles
atuam no aterro sanitário, coletando resíduos domiciliares. Em média, cada catador
recebe um salário mínimo como renda mensal, coletando 1,2 mil quilos de material
reciclado. Em Uruguaiana, há aproximadamente sete mil pessoas sobrevivendo da
reciclagem de lixo, e uma das metas do CEANE é aumentar o seu quadro de associados.
25
Cultura e Turismo
Por ser uma cidade de fronteira, Uruguaiana oferece aos visitantes atrações variadas,
mesclando as culturas dos países vizinhos. Assim como outras cidades gaúchas de
fronteira, Uruguaiana tem o seu passado ligado a acontecimentos históricos como a
guerra com o Paraguai, quando foi semi-destruída.
O turismo rural tem-se destacado nos últimos anos, quando várias estâncias têm aberto
suas porteiras para receber visitantes que querem desfrutar da vida tranqüila e simples
do gaúcho dos pampas.
A Barragem Sanchuri, distante 30 km de Uruguaiana pela BR-472, é fonte para
irrigação de grandes lavouras arrozeiras. Nas águas e margens da barragem
desenvolvem-se vários esportes de verão, e o local conta com infra-estrutura para
repouso e acampamento.
Já a Praia Formosa, situada no distrito de São Marcos às margens do rio Uruguai a cerca
de 50 km de Uruguaiana, é o melhor balneário fluvial com que conta a população, com
areias claras, águas limpas e toda a infra-estrutura necessária.
O Sinuelo do Pago, centro de tradições gaúchas (CTG) de Uruguaiana, está localizado
na Coxilha da Tríplice Aliança. No passado, as tropas de Dom Pedro II permaneceram
acampadas durante a guerra do Paraguai nesse local, onde também foi assinado o
tratado no qual o Brasil e a Grã-Bretanha, no término das hostilidades, reataram os laços
de amizade.
Meio Ambiente
A Prefeitura de Uruguaiana vem desenvolvendo atividades junto às escolas municipais,
conscientizando as crianças da importância de se cuidar do meio ambiente e dos
recursos hídricos. São distribuídos folhetos informativos criados por técnicos da
prefeitura, com o objetivo de passar algumas recomendações que visem os cuidados a
serem tomados pelos cidadãos com o meio ambiente.
Pesca
A pesca esportiva conta com adeptos na região, que aproveitam os vários mananciais do
município. O Festival Canto e Pesca é realizado na barragem Sanchuri. Os participantes
são premiados de acordo com a quantidade de palometas capturadas. As outras espécies
acidentalmente pescadas são devolvidas às águas. Numa iniciativa solidária, o dinheiro
arrecadado com o pagamento das taxas de inscrição é aplicado em uma festa de final de
ano para as crianças carentes da barragem e arredores.
26
2.5. Diário de Campo – Margi Moss
Rio Ibicuí – O pouco conhecido “Araguaia do Sul”.
São Vicente do Sul. O sol da véspera tinha sumido. Em seu lugar, uma espessa neblina matinal
envolvia o dia. Na estrada em frente ao hotel, ouvíamos o barulho dos carros e caminhões muito antes
de algum veículo se concretizar momentaneamente em nossa frente, antes de sumir de novo no mundo
branco. Tomamos nosso café quente, hipnotizados pelo fenômeno com toque misterioso.
Luis Ernesto Elesbão, professor universitário e membro do Comitê da Bacia do Ibicuí, chegou ao
hotel, chimarrão em mãos, trazido por dois amigos. Dono de um hotel-fazenda perto de Manoel
Viana, ele topou nos acompanhar navegando toda a extensão do rio. Seguimos logo para o Balneário
Passo do Umbu, a 18 km de São Vicente, onde colocamos nossa lancha e a canoa do Elesbão no rio,
perto de uma precária ponte de madeira. A força do sol já derretia a frágil neblina, colorindo a
paisagem em volta ao rio - as matas verdes e as areias brancas. As casinhas do balneário, a maioria de
madeira, também pareciam acordar com o carinho do sol e seus moradores permanentes, aposentados,
surgiram para tocar o dia.
Pelo GPS, o encontro dos rios Toropi e Ibicuí-Mirim, que formam o Ibicuí, estava a uns 17 km rio
acima em linha reta, sem contar as curvas do rio. Conseguimos avançar muito devagar, porque em
todas as partes havia congestionamentos de troncos de árvores e árvores inteiras arrastadas pela
correnteza. Felizmente para nós, havia chovido forte na semana anterior, aumentando o nível da
água e facilitando nossa passagem por tantos obstáculos. Porém, como a água estava mais barrenta,
escondia os troncos submersos. Batemos freqüentemente com a hélice em galhos invisíveis.
No Alto Ibicuí, a maior parte da mata ciliar vista desde o leito do rio parecia preservada, apenas em
alguns trechos pequenos víamos lavouras até a margem do rio. É natural que a força da água de um rio
provoque erosão das margens, arrancando árvores, mas a quantidade de troncos no leito do rio foi
assustadora. Será que as águas da chuva, não mais absorvidas pelas terras em volta, como antigamente,
chegam ao rio com violência descomunal, derrubando mais árvores que antes? Os brejos e as várzeas,
importantíssimos recursos de proteção das águas que ajudam a evitar inundações e têm um papel
importante na percolação da chuva para os lençóis freáticos, foram drenados para o plantio das lavouras.
O rio é extremamente sinuoso e navegamos 33 km até chegar no ponto da formação do Ibicuí. O
pequeno Ibicuí-Mirim mais parece um córrego surgindo da mata fechada (impossível navegar nele) do
que um rio. O Toropi é bem maior. No encontro dos dois, havia uma bela praia, enfeitada com pisadas
de capivara, onde paramos para esticar as pernas e coletar as amostras antes de retornar a Umbu.
À noite, fizemos nossa apresentação para um auditório lotado no CEFET, escola técnica de ciências
agrárias em São Vicente. Tanto os alunos como os professores e o público em geral expressaram sua
vontade de lutar para a preservação do rio. Ficamos motivados pelo entusiasmo deles.
No dia seguinte, a neblina novamente cobria a cidade. A nossa equipe ganhou mais uma pessoa: além de
Gerard, Tiago, Pedro, Elesbão e eu, agora chegou Mariza Beck, do Comitê da Bacia do Ibicuí, baseada
em Alegrete. É animador ver o interesse do comitê, entusiasmado e presente na realidade do rio.
27
De volta ao balneário Passo do Umbu, onde deixáramos nosso barco e a canoa do Elesbão na véspera,
tivemos uma longa conversa com o Sr. Alvrinho, presidente da associação dos 200 moradores do local.
Ele estava preocupadíssimo com a precariedade da ponte de madeira, que liga a comunidade a Cacequi
e Dilermando de Aguiar, onde imensas carcaças de árvores estavam encalhadas.
Enfim, bem agasalhados, começamos a navegação. O sol ainda estava escondido. Seriam 70 km até o
destino, Jacaquá, mas avançamos a uma velocidade reduzida para evitar bater nos troncos submersos.
Em vão! Acabamos arrebentando uma pá da hélice.
Lá pelas 11 horas, estávamos em pleno sol deslizando sobre o espelho do rio mais amplo, belíssimo.
Novamente, com poucas exceções, a mata ciliar estava preservada. Em todo o percurso do rio,
passamos constantemente por estações de bombeamento de água para a irrigação dos arrozais. Como
não era o período da irrigação (novembro a fevereiro), as bombas não estavam em operação: algumas
pareciam abandonadas, outras estavam desativadas. Em muitas fazendas, as bombas, e até os
imensos transformadores nos postes de energia, são removidos quando não estão em uso devido a uma
onda de roubos dos mesmos.
No encontro como o amplo Rio Santa Maria, vindo do sul do estado e passando por Rosário do Sul, o
Ibicuí se torna um rio poderoso. Debaixo do domo azul do céu sem nuvens, cercada pelas matas
verdes em cada margem, com os bancos de areia surgindo nas curvas e quase nenhum sinal de vida
humana, poderíamos estar navegando num trecho remoto do Araguaia!
Na palestra no CEFET na véspera, o fazendeiro Genmar Campara nos convidara a almoçar ao
passarmos em frente à sua fazenda na margem direita do rio, uns 30 km após a confluência com o
Santa Maria. Custou achar a pequena casa de madeira escondida debaixo das árvores, mas o cheiro de
churrasco nos ajudou a identificar o local. Genmar depois nos mostrou os trabalhos na fazenda, um
bom exemplo dos esforços cada vez mais realizados por produtores da região, que procuram melhorar a
relação lavoura/meio ambiente. Em vez de queimar madeira, por exemplo, Genmar utiliza gás na
secagem do arroz.
O ‘desvio’ para o almoço nos fez demorar para chegar a Jacaquá, o balneário da cidade de São
Francisco de Assis. O lugar estava deserto. Apenas o Tiago nos aguardava com o Landrover. Após
uma complicada operação para tirar a lancha da água, chegamos na cidade depois do pôr-do-sol. Mal
deu tempo para entrar no hotel antes de sair para a palestra na praça em frente.
Na quarta-feira, recomeçando a navegação em
Jacaquá, a distância a ser percorrida seria a
menor dos cinco dias de viagem programados.
Tínhamos muita sorte com o tempo – quando a
neblina matinal evaporava, um céu azul nos
acompanhava até anoitecer. Nesse dia,
começamos com uma frota de três barcos: nosso,
o do Elesbão e agora também a escolta de três
amigos dele em outra canoa.
Encontro com os Ibicueiros.
28
Descemos o rio, cada um no ritmo de seu motor. Certa hora, tínhamos parado numa imensa voçoroca para
tirar fotos quando, de repente, chegaram mais dois barcos, amigos do Elesbão vindo de Manoel Viana.
Rio abaixo mais um pouco, encontramos mais dois barcos! O rio estava bem amplo e tranqüilo, o sol
gostoso. Era hora de almoço e juntamos todos os barcos, formando uma ‘balsa’ à deriva na
correnteza, para compartilhar um pernil de cordeiro que alguém trouxera. Havia até um cão labrador
que pulava de barco em barco, feliz da vida. Esse grupo de amigos se autodenomina os Ibiqueiros. São
pessoas que amam o Ibicuí e zelam para sua limpeza. Anualmente, fazem uma excursão-mutirão
coletando lixo nas margens do rio ou dentro da água. Encontramos o rio bastante limpo, em termos de
lixo, sendo que os lugares onde sempre havia mais bagunça eram os ranchos pesqueiros.
Chegamos todos juntos a Manoel Viana, a única cidade localizada nas margens do Ibicuí em toda sua
extensão. Paramos para uma foto na rampa da cidade, e agradecemos a escolta pelo rio, única vez em
todo o Brasil que tínhamos navegado como uma frota. Seguimos então para o hotel-fazenda Recanto
do Ibicuí, do Elesbão, onde participamos de um churrasco completo, à gaúcha. No final do dia,
Elesbão nos levou de volta ao rio para apreciar as belíssimas dunas nos raios dourados do pôr-do-sol.
Na palestra na Escola Estadual Manoel Viana, com presença de alunos, professores e moradores
interessados, percebemos que entre as maiores preocupações dos ribeirinhos com respeito ao rio –
assoreamento e lixo – surgiu o novo assunto da monocultura de eucalipto, destinado para celulose,
que está chegando a todo vapor nessa região.
Os Campos Sulinos, bioma dos pampas já bastante devastado, foram transformados inicialmente em
lavouras de soja. Há aproximadamente 40 anos, o arroz predomina como a cultura ideal para a
região. O eucalipto promete ser a nova onda que vai transformar de vez as paisagens do sul.
Estávamos de volta ao rio cedo pela manhã. Mariza retornou a Alegrete, onde estaríamos chegando à
noite, Elesbão deixou sua canoa em casa e migrou para nosso barco. Pela primeira vez, não havia
neblina – saíramos da área de influência das serras gaúchas. O trecho da navegação do dia seria
uns cem km até Mariano Pinto, local da balsa da estrada de terra que une Alegrete a Maçambará.
Tiago, sempre pontual, nos esperava com o carro no local marcado. As rampas de balsa foram nossa
salvação durante o projeto. Pena que estão sumindo em todo o Brasil, com a aposentadoria desses
charmosos meios de transporte. Tiramos o barco no reboque e seguimos 65 km pela estrada de terra
esburacada até Alegrete para o evento da noite. É tão mais agradável navegar no rio, sem pancadas e
sem poeira! O calor em Alegrete estava sufocante: parecia Cuiabá! Indicativo de uma frente chegando.
Pela manhã, tivemos que voltar pela mesma estrada poeirenta, quase duas horas de viagem antes
mesmo de embarcar no rio. Seria a navegação do último trecho, até a foz. Na maioria dos lugares onde
procuramos informações sobre o Ibicuí antes de fazer a expedição, constava que a extensão do rio era
de 290 km. Mesmo antes de começar o último dia de navegação, já alcançáramos 288 km!
O rio era um espelho imenso, largo. O nível do Baixo Ibicuí estava bem alto, porque ainda escoavam
as águas das chuvas da semana anterior. As praias estavam todas submersas. Entre a balsa e a foz,
passamos por apenas uma canoa de pescadores. Além do velho seu Jesusinho, pescador que
encontráramos ao sair de Manoel Viana, em toda a extensão do rio foram os únicos pescadores que
vimos - um fato surpreendente.
29
Apesar de ser um rio de grande porte que corta a metade do estado, com uma beleza que se compara ao
Araguaia, relativamente poucas pessoas – mesmo nos municípios por onde ele passa – o usam para o lazer.
Nos últimos 20 km, o leito do rio é vasto, uns 400 metros de largura. Enfim, surgiu a ponte de ferro da
aposentada ferrovia, por onde agora passa a rodovia BR-472 com uma só mão de cada vez. Estávamos
chegando ao fim. O rio mais parecia um lago. Batia um vento forte. Chegando à foz no barrento rio
Uruguai, o GPS confirmou que a extensão do Ibicuí é 385 km, 100 km a mais do que tínhamos lido.
Coletamos amostras em ambos os rios e demos meia-volta. Tiago e Pedro nos esperavam perto da
ponte, onde acharam uma rampa. Seguimos até Uruguaiana, onde uma faixa no portão do Iate Clube
Tamandaré nos deu as boas vindas e fomos recebidos para um almoço por Roberto Basso, presidente
do Comitê da Bacia, Mariza e outros colegas.
Seguiram discussões com respeito às repercussões da atividade arrozeira na quantidade e na qualidade
da água do rio. Ao longo do Ibicuí, em especial, há esforços articulados para diminuir os impactos da
lavoura no rio, visando uma trégua com a sociedade e o bom senso do gerenciamento dos recursos
hídricos. Em geral, a condição da mata ciliar vai muito bem. Algumas fazendas terão que desistir de
lavouras dentro das APPs nas margens do rio. Pelo sobrevôo que fizemos da região, a situação está
bem mais crítica nas margens dos afluentes como os rios Santa Maria e Cacequi.
De todos os rios percorridos até agora, ficamos animados com o reconhecimento dos moradores e
usuários da importância de um Ibicuí limpo. O Comitê dessa bacia deve ser o mais empolgado e
atuante de todo o país! O desafio agora é emplacar o tratamento de esgoto nas cidades espalhadas
pela bacia. As análises das amostras coletadas indicam a necessidade de adotar medidas urgentes,
principalmente nos afluentes como Ibicuí-Mirim, Toropi, Santa Maria e Ibirapuitã.
Depois do último evento em Uruguaiana, parte da equipe – Tiago, Elesbão e eu – seguiu de carro até
a cidade argentina de Concepción del Uruguay, para dar uma palestra sobre o projeto a convite da
Universidade. Ficamos satisfeitos em constatar que no Brasil, pelo menos, estamos contornando
problemas em relação aos recursos hídricos que não foram nem abordados nos países vizinhos.
O acúmulo de madeira no Alto Ibicuí.
Bem-vindos a Uruguaiana!
30
2.6. Questionários
Como estratégia de pesquisa, complementando as conversas e as observações in loco, a
equipe do projeto valeu-se de um questionário para colher e registrar os anseios,
experiências e lições dos ribeirinhos e moradores, bem como aferir o nível de
consciência ambiental, seus hábitos e atitudes com relação ao uso e à preservação da
água, além dos impactos causados no rio pela atividade humana. Na pesquisa durante a
expedição ao rio Ibicuí, foram realizadas 34 entrevistas.
sabe de campanhas pela preservação
do meio ambiente
não conhece algum órgão responsável
pela preservação da água
afirma que a água já foi mais limpa
63,2%
61,2%
57,5%
acredita que a água do rio está suja
46,3%
30,8%
afirma que a pesca tem diminuído
consideravelmente
tem conhecimento de pesca predatória
49,8%
51,4%
98,2%
0%
50%
usa o rio para a pesca
se preocupa com o meio ambiente
100%
Origem
de de
Origem da
da poluição
poluição do
dorio
rio Ibicuí,
Miranda,
acordo
acordo com
com aa opinião
opiniãodos
dos ribeirinhos.
ribeirinhos.
24,2%
0%
esgoto
Desmatamento
40,3%
0%
35,5%
0%
31
agrotóxicos
Lixo
e Agrotóxicos
desmatamento
Esgoto
2.7. Análises das Amostras de Água
Composição Química da Água - Resultados de fósforo total, nitrogênio total,
nitrogênio amoniacal e íons na água.
- Dr. Donato Seiji Abe, Instituto Internacional de Ecologia, São Carlos, SP.
Dentro da pesquisa de composição química da água, são analisadas as
concentrações de fósforo total, nitrogênio total, nitrogênio amoniacal e íons
presentes nas amostras, incluindo o nitrato e o nitrito. A partir da concentração de
fósforo total, as amostras são classificadas como oligotrófica, mesotrófica,
eutrófica ou hipereutrófica.
Águas oligotróficas e mesotróficas ainda podem ser consideradas naturais, com
teores baixos ou moderados de impacto, em níveis aceitáveis na maioria dos casos.
Águas eutróficas indicam corpos de água com alta produtividade em relação às
condições naturais, em geral afetados por atividades antrópicas, em que ocorrem
alterações indesejáveis na qualidade. Águas hipereutróficas foram afetadas
significativamente pelas elevadas concentrações de matéria orgânica e nutrientes,
comprometendo seu uso e podendo resultar na mortandade dos animais aquáticos.
O nitrogênio é um dos elementos mais importantes no metabolismo de
ecossistemas aquáticos, pela sua participação na formação de proteínas. Dentre as
diferentes formas presentes nos ambientes aquáticos, o nitrato e o nitrogênio
amoniacal assumem grande importância. As principais fontes de nitrato no sistema
aquático são os esgotos e a agricultura. O nitrogênio amoniacal entra no sistema
aquático principalmente por meio de despejos de esgotos domésticos.
Concentrações de nitrogênio amoniacal superiores a 250 mg/L são tóxicas para
peixes e invertebrados em águas com pH superior a 9.
Baseada na concentração de fósforo total, a maior parte dos pontos amostrados no rio
Ibicuí e em alguns de seus tributários foi classificada como mesotrófica (Figura 1).
Porém, cinco pontos foram classificados como eutróficos, tais como o IB-01,
localizado no rio Ibicuí-Mirim, um de seus formadores, bem como alguns dos seus
tributários, como o IB-07, localizado no rio Santa Maria, que recebe esgotos
domésticos e industriais do município de Rosário do Sul, cuja população é de 41
mil habitantes, e o IB-15, localizado no rio Ibirapuitã, afluente que vem da cidade
de Alegrete. O ponto IB-08, a jusante da confluência do rio Santa Maria, também
foi classificado como eutrófico devido à influência do aporte fósforo total por
aquele tributário.
32
O ponto IB-15 (rio Ibirapuitã) apresentou, também, elevada concentração de
nitrogênio total (Figura 2), principalmente na forma de nitrogênio amoniacal e
nitrato (Figura 3), um indicativo do aporte de esgotos domésticos do município de
Alegrete no rio Ibirapuitã, cuja população é de 88 mil habitantes. Já o ponto IB-20,
localizado no rio Uruguai junto à foz do rio Ibicuí, apresentou concentração
máxima de nitrogênio total, representado quase que exclusivamente pelo nitrato.
A elevada concentração de nitrato no rio Uruguai já é bem conhecida, e foi verificada no
Projeto Brasil das Águas em uma amostragem realizada com o avião anfíbio Talha-mar
em janeiro de 2004. As elevadas concentrações de nitrato nesse rio foram atribuídas à
intensa atividade agrícola e à suinocultura na bacia.
Por outro lado, dois pontos foram classificados como oligotróficos: o ponto IB-10,
localizado no arroio Inhacundá, e o ponto IB-14, localizado no rio Ibicuí, logo a jusante
do encontro com o rio Itu. Nesses mesmos pontos foram observados os menores valores
de nitrogênio total, o que demonstra que as bacias do arroio Inhacundá e do rio Itu
encontram-se, ainda, em bom estado de conservação.
Índice de estado trófico - Rio Ibicuí
IET (P)
70
60
50
40
30
IET(P)
20
Limite oligotrófico-mesotrófico
Limite mesotrófico-eutrófico
10
0
IB01
IB02
IB03
IB04
IB05
IB06
IB07
IB08
IB09
IB10
IB11
IB12
IB13
IB14
IB15
IB16
IB17
IB18
IB19
IB20
Pontos
Figura 1 – Índice de estado trófico ao longo do rio Ibicuí e em alguns de seus
tributários (abril de 2007).
33
N total - Rio Ibicuí
N total (µg-N/L)
1200
1000
800
600
400
200
0
IB01
IB02
IB03
IB04
IB05
IB06
IB07
IB08
IB09
IB10
Pontos
IB11
IB12
IB13
IB14
IB15
IB16
IB17
IB18
IB19
IB20
Figura 2 – Nitrogênio total ao longo do rio Ibicuí e em alguns de seus tributários
(abril de 2007).
(µg-N/L)
1200
N amoniacal, Nitrato e Nitrito - Rio Ibicuí
1000
N amoniacal
Nitrato
Nitrito
800
600
400
200
0
IB01
IB02
IB03
IB04
IB05
IB06
IB07
IB08
IB09
IB10
IB11
IB12
IB13
IB14
IB15
IB16
IB17
IB18
IB19
IB20
Pontos
Figura 3 – Concentração de nitrogênio amoniacal, nitrato e nitrito ao longo do rio
Ibicuí e em alguns de seus tributários (abril de 2007).
34
Resultados das pesquisas de Fitoplâncton
– Dra. Maria do Socorro Rodrigues, Universidade de Brasília, Dra. Iná de Souza
Nogueira e Elizabeth Cristina Arantes de Oliveira.
A comunidade de algas é também conhecida como fitoplâncton. Esses organismos são
microscópicos e possuem capacidade fotossintética, encontrando-se na base da cadeia
alimentar dos ecossistemas aquáticos. Além disso, acredita-se que o fitoplâncton é
responsável pela produção de 98% do oxigênio da atmosfera terrestre.
O fitoplâncton também pode ser responsável por alguns problemas ecológicos quando se
desenvolve demasiadamente: numa situação de excesso de nutrientes e de temperatura
favorável, podem multiplicar-se rapidamente formando o que se costuma chamar
"florescimento" ou bloom (palavra inglesa que é mais usada). Nesta situação, a água fica
esverdeada, mas rapidamente, de um a dois dias, dependendo da temperatura, se torna
acastanhada, quando o plâncton esgota os nutrientes e começa a morrer. A decomposição
mais ou menos rápida dos organismos mortos pode levar ao esgotamento do oxigênio na
água e, como conseqüência, à morte em massa de peixes e outros organismos.
Esta situação pode ser natural, mas pode também ser devido à poluição causada pela
descarga em excesso de nutrientes. Neste caso, diz-se que aquela massa de água se
encontra eutrofizada. Em água doce, quando esta situação se torna crônica, a água pode
ficar coberta por algas azuis que flutuam na sub-superfície da coluna d'água.
Adotou-se o método de Uthermöhl (1958) mediante o uso de microscópio invertido
Zeiss modelo Telaval 31, com aumento de 400x, para contagem das amostras. A câmara
de sedimentação utilizada variou em função da densidade de organismos presentes,
podendo ser de 5 mL e 10 mL.
Os campos foram contados até que o número de indivíduos da espécie dominante
atingisse um total de no mínimo 100 indivíduos ou que pelo menos estabilizassem vinte
campos contados sem a ocorrência de espécie nova. Os campos de contagem foram
distribuídos em transectos verticais e horizontais paralelos cobrindo praticamente toda a
área da câmara. Considerou-se como indivíduo: organismos unicelulares, filamentos,
tricomas, colônias e cenóbios.
Para a determinação da densidade do fitoplâncton por unidade de volume, foi utilizada a
seguinte fórmula, sendo considerada como unidade fundamental de contagem o campo
do microscópio:
D = (N)
Vcont
Onde: D = densidade de algas (ind./L) / N = número de indivíduos na amostra
Vcontado = número de campos na amostra multiplicado pelo volume de cada campo na
câmara de sedimentação para aumento de 400x, que foi de 1,6 x 10-6 mL e 3,2 x 10-6
mL para as câmaras de 5 mL e 10 mL, respectivamente.
35
As algas analisadas no Rio Ibicuí em seus diferentes trechos foram distribuídas em 8
classes: Chlorophyceae, Bacillariophyceae, Dinophyceae, Zygnemaphyceae,
Cyanophyceae, Xanthophyceae, Euglenophycea e Cryptophyceae.
O total de 63 táxons foram encontrados nos vinte pontos investigados. A classe mais
representativa foi a das diatomáceas com 26 táxons. A algas verdes contribuíram com
24 táxons. As demais classes Zygnemaphyceae, Euglenophyceae e Cryptophyceae não
excederam mais do que três espécies de algas em cada uma delas. As Dinophyceae e
Zygnemaphyceae foram representadas com apenas um táxon. As Cryptophyta são em
sua maioria formadas por organismos unicelulares e flagelados e são especialmente
abundantes em águas oligotróficas.
Em termos de riqueza (Figura 1), o ponto Rio Santa Maria, a montante da foz do Ibicuí,
foi o mais rico em algas (23 espécies). Os pontos Rio Ibicuí-Mirim, a montante do
encontro com o Arroio Inhacundá e a jusante de Manoel Viana apresentaram riqueza de
onze espécies de algas. Os trechos com baixa riqueza (5 táxons) foram Rio Toropi, alto
Ibicuí e na foz (Rio Uruguai).
Quanto à densidade de organismos fitoplanctônicos (Figura 2) o Rio Santa Maria e
montante do encontro com o Arroio Inhacundá foram os que apresentaram maiores
densidades com 543.981 indivíduos/mL e 312.500 indivíduos/mL, respectivamente
A ocorrência das cianofíceas se deu apenas nos pontos alto Ibicuí (12.500
indivíduos/mL), na altura da Agropecuária Glória (11.574 indivíduos/mL) e a jusante de
Manoel Viana (10.776 indivíduos/mL) com densidades em torno do máximo permitido
pela legislação que regulamenta a densidade dessas algas para consumo humano
(portaria 518/04).
A diversidade das algas variou entre 0,7 bits/indivíduo (ponto Mariano Pinto) a 2,7
bits/indivíduo no ponto “Buraco do Louco”. Diversidade acima de 2,5, numa escala de 0
a 5 bits/indivíduo são indicadoras de sistemas aquáticos saudáveis.
Observação: Dentre os vinte pontos analisados o ponto IB 7 (Rio Santa Maria) foi o
que apresentou maior riqueza de algas e densidade em função do aporte de esgotos do
município de Rosário do Sul. Dos três pontos que apresentaram a ocorrência de
cianofíceas, dois deles foram classificados como mesotróficos (alto Ibicuí e jusante
Manoel Viana) e apenas um como eutrófico (na altura da Agropecuária Glória).
Recomenda-se o monitoramento ao longo de diferentes épocas do ano dos trechos com
cianofíceas para verificar a variação da densidade dessas algas.
36
Riqueza (n de espécies)
25
20
15
10
5
0
7
IB 1
9
6
IB 1
IB 2
5
8
4
IB 1
IB 1
3
IB 1
IB 1
2
IB 1
1
IB 1
IB 1
0
IB 1
IB 9
IB 8
IB 7
IB 6
IB 5
IB 4
IB 3
IB 2
IB 1
0
Chlorophyceae
Bacillariophyceae
Dinophyceae
Zygnemaphyceae
Cyanophyceae
Xanthophyceae
Euglenophyceae
Cryptophyceae
600000
500000
400000
300000
200000
100000
19
18
17
20
IB
IB
IB
IB
IB
16
15
14
IB
IB
13
IB
12
IB
11
IB
9
8
7
6
10
IB
IB
IB
IB
IB
5
IB
4
IB
3
IB
2
IB
1
0
IB
Densidade fitoplanctônica (ind/mL)
Figura 1. Riqueza dos organismos fitoplanctônicos (número de táxons) amostrados
nas estações IB 1 a IB 20 no Rio Ibicuí (16 a 23 de abril de 2007).
Chlorophyceae
Bacillariophyceae
Dinophyceae
Zygnemaphyceae
Cyanophyceae
Xanthophyceae
Euglenophyceae
Cryptophyceae
Figura 2. Densidade dos organismos fitoplanctônicos (número de indivíduos/mL)
amostrados nas estações IB 1 a IB 20 no Rio Ibicuí (16 a 23 de abril de 2007).
Referência Bibliográfica: Utermöhl, H. (1958) Zur Vervollkommung der quantitativen
phytoplancton-methodik. Mitt. Int. Verein. Limnol., 9,1-38.
37
Resultados das pesquisas de Bacterioplâncton
– Dr. Rodolfo Paranhos, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
As bactérias são formas muito antigas de vida, e têm um papel importante para o equilíbrio do
planeta, em especial nos ciclos de carbono, nitrogênio e enxofre. Uma gota de água pode
conter mais que um milhão de células de bactérias ou “bacterioplâncton”, que são as bactérias
que vivem flutuando na água. Ajudam na transformação e decomposição da matéria orgânica,
pois são a base da cadeia alimentar para organismos maiores. Esta pesquisa visa determinar a
quantidade de células do bacterioplâncton em amostras de 2 mL, e examinar sua correlação
com o estado trófico da água.
Durante a expedição de coletas no Rio Ibicuí, os valores do bacterioplâncton variaram entre
um mínimo de 338 mil e um máximo de 3.210.000 células de bactérias por mililitro de água,
uma variação de 10 vezes. Logo no primeiro local de coleta foi registrado um dos maiores
valores (2.87 milhões de bactérias por mL no rio Ibicuí-Mirim). Neste e nos outros locais
apontados como eutróficos pelas análises químicas, foram observadas abundâncias de
bactérias na faixa de 2 a 3 milhões de células por mililitro (pontos 7, 8 e 11 por exemplo). Os
totais de bactérias na maior parte das amostras foi na faixa em torno dos 2 milhões ou perto
disto, valores altos e justificados pelos níveis de nutrientes (fósforo e nitrogênio), estes
inseridos pela agricultura na região.
Na maior parte das amostras observamos um predomínio das bactérias maiores e mais ativas,
com percentuais entre 54 e 82%. Este é mais um indicador da eutrofização causada pelos
fertilizantes, pois as bactérias das águas encontram fartura de recursos tróficos para seu
desenvolvimento. Porém, em algumas poucas regiões obtivemos valores menores que 1
milhão de bactérias por mililitro, no trecho de rio entre as estações 13 a 16.
Estes fatores abióticos e bióticos são indicadores da degradação deste rio, que provavelmente
dependeria de melhorias no saneamento básico dos municípios da bacia e da redução das
emissões da lavoura de arroz para diminuir sua eutrofização.
Amostra Bactérias
Local
Amostra Bactérias
Local
#1
2870000 Rio Ibicuí-Mirm
# 11
3210000 Montante junção com Arr. Inhacundá
#2
1920000 Rio Toropi (Altitude 91 metros)
# 12
2050000 Jusante Manoel Viana
#3
2180000 Alto Ibicuí
# 13
584000 "Buraco do Louco"
#4
2760000 Barra do Umbu
# 14
523000 Jusante encontro com o rio Itu
#5
2180000 Ponte da RS-640 (próx.Cacequi)
# 15
846000 Rio Ibirapuitã
#6
2950000 Jusante encontro com o Santa Maria
# 16
#7
1860000 Rio Santa Maria - montante foz no Ibicuí # 17
#8
2210000 Agropecuária Glória
# 18
2200000 Montante de uma grande ilha
#9
2710000 Rio Jaguari
# 19
1940000 Montante foz no rio Uruguai
# 10
1280000 Arroio Inhacundá
# 20
1680000 Rio Uruguai (Altitude 47 metros)
467000 Mariano Pinto
2330000 Estancia Itapororó
Resultados das análises de Bacterioplâncton.
38
2.8. Conclusões e Recomendações
Com a exceção do Uruguai, rio de fronteira, o Ibicuí é o rio mais importante da metade
ocidental do Rio Grande do Sul. Visto do ar, se apresenta como um poderoso curso de
água que está sujeito a grandes variações entre as cheias, quando desaparecem as praias,
e a estiagem, quando quase somem as águas.
É o único dos sete rios percorridos pelo projeto onde foi possível navegar em toda sua
extensão, desde a sua formação estreita até a sua imensidão na foz. Mesmo no Ribeira e
no Miranda, formados também pelo encontro de dois rios menores, não foi possível
navegar por completo devido às corredeiras e formações rochosas. O Ibicuí, sendo um
rio de planície, tem um caimento total de apenas 44 metros do início ao fim.
Após o término da expedição, foi possível esclarecer a real extensão do rio Ibicuí.
Segundo as medições do GPS, foram navegados 385 km, bastante superior aos 290 km
informados como sendo a extensão total do rio em vários sites e publicações.
Os trechos do rio onde a mata ciliar foi derrubada já foram identificados e serão
recuperados nos próximos anos. A mata ciliar intacta ajudará a conter o assoreamento,
mesmo que continuem existindo certos pontos onde o rio corta os pampas sem matas.
As análises das amostras de água coletadas apresentaram resultados preocupantes em
alguns pontos, indicando contaminação de origem pecuária, de esgotos e/ou de agrotóxicos.
O projeto espera que tanto o poder público quanto os produtores da região busquem
diminuir ou eliminar esses impactos.
Um fato positivo foi o interesse e a dedicação ao rio Ibicuí por parte dos integrantes do
Comitê de Bacia, que acompanharam em barcos próprios trechos da expedição, fato
inédito nos sete rios percorridos. O Comitê, que deve estar entre os mais ativos de todo o
país, tem uma difícil tarefa pela frente: incentivar a instalação de estações de tratamento
de esgoto nas cidades da bacia.
A seguir estão detalhados os principais problemas identificados e algumas recomendações ou
soluções possíveis que, em alguns casos, são sugestões da equipe do projeto Brasil das Águas,
ou exemplos apontados por pessoas das próprias comunidades ao longo do rio Ibicuí.
39
•
Quanto ao Lixo e ao Saneamento
Durante o percurso da expedição, não foram
identificados visualmente sintomas de despejo
excessivo de esgotos, bem como o
derramamento de lixo. A distância entre o rio e
as zonas urbanas é um fator que contribui para
esse quadro. Porém, as análises das amostras
demonstram a situação insatisfatória dos índices
de saneamento dos municípios da bacia.
Abordando a questão do lixo, é preocupante o caso do pequeno Ibicuí-Mirim, contaminado
pelo chorume do lixão municipal de Santa Maria, localizado próximo de seu curso.
Atualmente um dos maiores problemas enfrentados pelo Ibicuí está relacionado às
questões de saneamento, já que o rio apresenta sinais característicos de despejo de
esgotos. Apenas a cidade de Manoel Viana os joga diretamente no rio. O impacto maior
chega através dos afluentes. O rio Toropi, de pequeno porte, que passa próximo às cidades
de Tupanciretã, Toropi e Mata, recebe esgotos domésticos e industriais. Afluentes maiores,
como os rios Santa Maria e o Ibirapuitã, que passam pelas cidades de Rosário do Sul e
Alegrete, respectivamente, apresentam uma pesada descarga de matéria orgânica.
Além das obras de saneamento que se tornam urgentes, está na hora das indústrias da bacia
fazerem sua parte, cumprindo rigorosamente as leis sobre os efluentes que geram.
Recomendações
Apesar da dificuldade para a obtenção de verbas, há recursos disponíveis nas esferas
municipais, estaduais e federais para obras de saneamento básico e tratamento de lixo. É
importante a determinação de cada prefeitura em buscar os meios para realizar as
melhorias necessárias, sendo que a formação de consórcios para a construção de um
aterro sanitário em comum com outros municípios, por exemplo, diminui os custos.
1 – Lixo
A coleta seletiva é uma alternativa ecologicamente correta, que não consiste
somente na instalação de lixeiras diferenciadas, e sim em um esforço de separação
dos materiais recicláveis do lixo orgânico, que diminuirá a quantidade de resíduos
sólidos levada aos aterros sanitários ou lixões. Com isso, a vida útil dos aterros é
prolongada e os impactos ao meio ambiente são minimizados com o
reaproveitamento desses materiais. Informações em www.lixo.com.br/coleta.htm.
Vale destacar a iniciativa de ribeirinhos e pescadores em outros rios do país, que
coletam e vendem o lixo reciclável encontrado ao longo do rio. O material recolhido
é repassado a pequenas empresas que necessitam destes compostos como fonte de
matéria prima, assim aumentando, mesmo de forma pequena, a renda dessas pessoas.
40
Aproveitamos para citar um exemplo matogrossense que está ajudando a limpar os rios
e ruas dos municípios daquele Estado: o projeto Vale Luz é uma excelente iniciativa
que troca latas de alumínio e garrafas PET, por bônus descontados na fatura de energia
elétrica. Em escala maior, em São Paulo, o Compromisso Empresarial para
Reciclagem - CEMPRE é uma parceria entre grandes empresas comprometidas com a
reciclagem (www.cempre.org.br). Ambas são iniciativas que podem ser adaptadas de
acordo com as necessidades do rio Ibicuí.
Para a construção de aterro sanitário, coleta e reciclagem de lixo para municípios
que possuam de 30 a 250 mil habitantes, a prefeitura pode apresentar um projeto,
conforme edital publicado no Diário Oficial e disponível apenas no site do
Ministério do Meio Ambiente. As informações de como conseguir recursos são
facilmente localizadas no link Fundo Nacional de Meio Ambiente - FNMA. O
FNMA só consegue repassar o recurso para prefeituras que estão em situação regular
junto ao Governo Federal. É recomendável que pelo menos parte dos profissionais
que executarão o projeto seja funcionário público do quadro da prefeitura.
FNMA - Fundo Nacional de Meio Ambiente
Tel: (61) 4009-9090 - www.mma.gov.br
2 – Tratamento de efluentes domésticos
O custo da instalação de redes coletoras e ETEs é fator significante na demora dos
municípios em realizar essas obras. Existem alternativas mais simples e econômicas
para pequenas cidades. Um trabalho científico desenvolvido pelo Professor Enéas
Salatti, do CENA/ESALQ/USP em 1981, utiliza tecnologias diferentes em um
sistema de wetlands construídas. São ecossistemas artificiais que usam os mesmos
princípios básicos de purificação da qualidade da água que as wetlands naturais.
Essa modalidade de tratamento de água pode ser utilizada principalmente para
polimentos de efluentes das ETEs e para o tratamento terciário na remoção de
nutrientes. Informações sobre o estudo através do e-mail [email protected].
Para investimentos em saneamento com recursos oriundos do governo estadual, os
municípios devem buscar orientações junto a Companhia Riograndense de
Saneamento – CORSAN, que é a instituição responsável pelo recebimento de
projetos, solicitações e execução das obras.
CORSAN – Companhia Riograndense de Saneamento
Tel: (51) 3215-5600 / 3318-7798 – www.corsan.com.br
Para municípios com menos de 30 mil habitantes que visam à construção de estação de
tratamento de esgotos e estação de tratamento de água, é possível encontrar as
informações necessárias através do site da Fundação Nacional de Saúde (no link
saneamento). Existem arquivos para download, dentre eles o Projeto de Saneamento
Ambiental em Regiões Metropolitanas, que é fruto da parceria entre o Ministério das
Cidades e o Ministério da Saúde.
FUNASA - Fundação Nacional de Saúde - Tel: (61) 3314-6362 - www.funasa.gov.br
Ministério das Cidades - Tel: (61) 2108-1000 - www.cidades.gov.br
41
•
Quanto ao Desmatamento e
ao Assoreamento
No passado, a região do rio Ibicuí apresentava,
em termos de vegetação, os Campos Sulinos
de gramíneas e pequenos arbustos com focos
de florestas de araucária e de Mata Atlântica.
Nos dias de hoje, encontra-se intensamente
transformada, e apenas áreas restritas
conservam as características originais.
As principais alterações são conseqüências da expansão agrícola, inicialmente para o
plantio da soja, mas atualmente para as lavouras de arroz irrigado. Um exemplo a ser
citado é que, nas proximidades de Alegrete, 100 km² de pampa gaúcho já não servem
mais para a agricultura. Embora não estejam englobadas no conceito de desertificação
adotado pela Organização das Nações Unidas, as imensas dunas de areia da região são
consideradas áreas de atenção especial pelos técnicos responsáveis pelo Plano Nacional
de Combate à Desertificação – PNCD, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.
Outro impacto identificado ao longo da expedição refere-se à eliminação da mata ciliar
em alguns trechos, onde as lavouras de arroz ultrapassavam os limites permitidos.
Algumas conseqüências podem ser observadas hoje, como o desmoronamento das
margens, as voçorocas, o carregamento de sedimentos para o leito do rio e a exposição
de um solo frágil às chuvas e a outros fatores. Esse problema por si só agrava o processo
natural de sedimentação do Ibicuí, cuja calha se torna cada vez mais rasa.
As leis sobre as Áreas de Proteção Permanente, as faixas de mata ciliar e reservas que
devem ser preservadas são muito claras. Porém, em nível nacional e não só no Ibicuí,
muitas vezes não são respeitadas.
Do ar, o projeto identificou várias áreas com sérios problemas de erosão (conforme foto
acima) devido à eliminação da vegetação na beira dos arroios e ao plantio sem a
formação de curvas de nível.
Recomendações
Há inúmeros benefícios advindos da proteção das matas ciliares e do manejo adequado do
solo. Exemplos óbvios são os retornos ao controlar a erosão evitando a perda de solo, e
promovendo a maior infiltração das águas da chuva, abastecendo o lençol freático e
reduzindo inundações. A restauração das matas ciliares ao longo do Ibicuí é essencial
para a proteção do rio, podendo ajudar a diminuir a força das enxurradas, proteger
melhor os barrancos expostos e reduzir a quantidade de troncos levados ao curso do rio.
42
As árvores são importantes veículos no escoamento das águas das chuvas para o solo.
Cria-se assim refúgios para a fauna que, com a massiva expansão agropecuária, ficou
sem lar. Para dar início às ações imediatas, um órgão poderá ser designado para ajudar
os proprietários, talvez o próprio Comitê, demarcando os limites da faixa obrigatória de
mata ciliar. Ao se plantarem mudas, devem ser escolhidas espécies adaptadas ao local.
O replantio da mata ciliar, para adequar à lei, não exige grandes investimentos, nem a
ajuda da municipalidade. Basta demarcar com simples piquetes a distância legal da
margem do rio e deixar de plantar nesta área, além de excluir o acesso do gado. A
própria natureza faz o trabalho de regeneração e reflorestamento. O plantio de mudas
obviamente, acelera o processo de recomposição natural, mais lento na região sul.
De acordo o IRGA, no reflorestamento da mata ciliar se deve utilizar espécies como
sarandí, unha de gato e taquareira de caniço, observando o cumprimento da lei de acordo
com a largura do rio. É necessário atentar-se para a não utilização de espécies exóticas,
como o eucalipto, no reflorestamento. A orientação de um técnico pode auxiliar o processo.
Outras espécies consideradas nativas são a cerejeira, a pitangueira, o ingá e o canelo.
LARGURA MÍNIMA DA FAIXA DE MATA CILIAR
Nascentes
Rios com menos de 10 m de largura
Rios com 10 a 50 m de largura
Rios com 50 a 200 m de largura
Rios com 200 a 600 m de largura
Rios com largura superior a 600 m
Represas e hidrelétricas
Raio de 50 m
30 m em cada margem
50 m em cada margem
100 m em cada margem
200 m em cada margem
500 m em cada margem
100 m ao redor do espelho d’água
Limites mínimos de mata ciliar estabelecidos por lei.
Em uma medida de tentar amenizar os impactos causados pela atividade arrozeira no rio
Ibicuí, o Ministério Público apresentou Termos de Ajuste de Conduta através do
Programa de Regularização de Áreas Irrigadas – PRAI, aos produtores da região que
plantam dentro das APPs. Iniciado em 2005, num prazo de quatro anos, teriam que
retirar 100% de suas lavouras (avançando 25% por ano) destas áreas.
Para entender melhor como funciona, vejamos o exemplo do rio Formoso, MS. O
Ministério Público de Bonito elaborou o diagnóstico ambiental, criando o Projeto Formoso
Vivo, estruturado em três fases: a análise dos problemas ambientais, a elaboração de um
plano de recuperação das áreas degradadas e a assinatura dos Termos de Ajuste de Conduta
com os proprietários contraventores (a maioria não protesta, preferindo se adequar à lei). O
projeto teve boa repercussão e será multiplicado em outros rios do Estado.
As medidas de recuperação ambiental sugeridas pelo Ministério Público de Bonito são:
Recuperação das áreas degradadas
• Recuperação da mata ciliar, onde a mesma não exista ou esteja em tamanho menor do
que determina a lei (50 m);
• Isolamento da área para que o gado não penetre, permitindo a regeneração natural;
43
• Plantio de mudas nos locais em que se perceba ser impossível a regeneração natural;
• Retirada de construções feitas dentro da área de preservação permanente (cinqüenta
metros), salvo obras irreversíveis, mas será exigida a compensação ambiental;
• Eliminação de eventuais bebedouros de gados porventura ainda existentes – dando-se
prazo para que o proprietário busque alternativas para seu rebanho;
• Valoração de danos ambientais pretéritos, nos casos de significativa degradação ambiental;
Providências quanto às Reservas Legais:
• Constatação de existência de 20% na propriedade de vegetação, destinada à reserva
legal, sendo que neste percentual não entram as áreas de preservação permanente (matas
ciliares, matas em torno das nascentes e olhos d´água, topos de morros etc.);
• Realização de ato declaratório constando de forma georeferenciada o local da reserva
legal dentro da propriedade, para que o mesmo seja averbado na matrícula do imóvel,
objetivando facilitar a fiscalização;
• Alocação da reserva legal a ser recuperada – em locais a serem definidos pelo
Engenheiro Florestal – de forma a interligar dentro do imóvel, e com imóveis lindeiros,
as áreas de matas, visando melhorar a integração do ecossistema;
Outras medidas adotadas:
• Incentivo à criação de RPPN’S (Reserva Particular do Patrimônio Natural), nos locais
em que haja abundância de mata e interesse ecológico;
• Exigência de regularização do Licenciamento Ambiental;
• Conscientização dos proprietários e funcionários da importância da recuperação da
mata ciliar e das reservas legais para o meio ambiente;
• Retirada de atividades dentro da faixa dos cinqüenta aos cento e cinqüenta metros do
rio, que não estejam de acordo com a legislação estadual.
Fonte: http://www.mp.ms.gov.br/formosovivo
Na bacia do Ibicuí, a expansão agrícola já ocupou todas as terras desejadas. O
desmatamento já ocorreu, mas mesmo assim, a eficiência dos órgãos ambientais
depende da cooperação da sociedade em denunciar as contravenções para que possam
agir previamente a derrubadas ou queimadas ao redor de nascentes, por exemplo.
Informações e denúncias podem ser feitas junto ao IBAMA.
Telefone: (61) 3321-7713 - www.ibama.gov.br
Incluir a educação ambiental na sala da aula e
em reuniões com a comunidade, ajuda a
mostrar os benefícios da preservação.
Discutir os temas como o uso do solo, o
problema das erosões, o manejo da água e a
formação de cacimbas com os futuros
produtores nas escolas, como também para
assentados e fazendeiros através da televisão,
de sindicatos, folhetos e palestras, é um
grande investimento para o futuro da região.
44
Barranco na saída de água de arrozal.
•
Quanto ao Turismo
A diversidade geográfica e cultural
privilegia o turismo na região e a natureza,
com cachoeiras, grutas e trilhas ecológicas,
sítios paleontológicos e a saga missioneira,
favorece a criação de novos roteiros
turísticos. O Ibicuí, abençoado pelas praias
de areias brancas e pelos balneários
espalhados ao longo do rio, é um belo cartão
postal para atrair cada vez mais visitantes.
Nas proximidades do Ibicuí, pequenos municípios do interior do Rio Grande do Sul se
integraram, formando a Rota Caminho das Origens. São cidades que preservam a
história e os costumes dos colonizadores de descendência italiana, alemã, portuguesa e
polonesa. As influências e a herança cultural destes povos são visíveis na arquitetura, na
culinária, no folclore, nas festas e nas manifestações religiosas. Os municípios da bacia
que fazem parte são: Jaguari, Mata, Nova Esperança do Sul, São Francisco de Assis,
São Pedro do Sul, São Vicente do Sul e Toropi. Informações sobre a Rota das Origens:
Tel: (55) 3251-9629 - www.caminhodasorigens.tur.br
A FEPAM, através do Projeto Balneabilidade, monitora anualmente diversos balneários.
A definição das condições de balneabilidade tem como base legal a Resolução 274, de
29 de novembro de 2000, do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. As
águas são consideradas impróprias para banho quando, em pelo menos duas amostras de
cinco realizadas, forem detectados valores acima de mil coliformes fecais ou 800 E. coli
por 100 mililitros de água, ou se o valor da última amostragem for superior a 2.500
coliformes ou 2.000 E. coli por 100 ml de água.
O projeto Brasil das Águas levanta uma questão preocupante, já que no último boletim
emitido pela FEPAM em 9 de março de 2007 quanto à qualidade da água dos balneários,
três dos cinco locais de lazer da população no rio Ibicuí tiveram águas identificadas como
impróprias, devido aos altos índices de coliformes fecais. Isso pode ser um reflexo da
falta de tratamento de esgoto na região ou proveniente da pecuária, resultando
eventualmente em prejuízos para os municípios que têm balneários. Informações do
Projeto Balneabilidade em: Tel: (51) 3210-4100 - www.fepam.rs.gov.br
Recomendações
Levando em conta a beleza das praias e dunas que compõe a paisagem do Ibicuí, a
região possui um potencial com muito a se desenvolver, visando atrair não só o turista
que reside nas proximidades, mas sim os que residem em cidades mais distantes. Estes
trarão não só o incremento da arrecadação municipal, mas também o desenvolvimento
de todo um setor de turismo ainda pouco explorado.
45
O PRODETUR SUL é um programa desenvolvido pelos estados de Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. Visa contribuir para o desenvolvimento
sustentável da Região Sul, ampliando as oportunidades de trabalho, geração de renda e
divisas, incrementando a renda turística regional pela consolidação, ampliação e
melhoria da qualidade dos produtos e serviços ofertados. Para isso, são desenvolvidas
ações de infra-estrutura básica, promoção do investimento privado e melhoria da
capacidade dos municípios para gerir o turismo.
Linhas de Financiamento Disponíveis
As informações abaixo destinam-se aos empreendedores do setor turístico que
pretendem constituir novos empreendimentos, ampliar ou restaurar os meios de
hospedagem, a modernização de equipamentos e a qualificação de mão-de-obra,
buscando desta forma a excelência dos serviços, com o objetivo de incentivar e apoiar a
implantação e modernização de empreendimentos turísticos.
•
BNDES Automático Turismo
Tem por objetivo financiar empreendimentos do setor de turismo nas localidades que
apresentem potencial para esta atividade, contribuindo para o desenvolvimento e
competitividade do setor no país.
•
BNDES Finame
Financiamento de longo prazo especifico para aquisição de equipamentos, ônibus,
microônibus e vans de fabricação nacional.
•
PROGER Turismo
Apoio financeiro para investimento, com capital de giro associado, a projetos turísticos
que proporcionem a geração ou manutenção de emprego e renda.
•
PROGER Producard
Crédito disponibilizado em Cartão Magnético da Caixa Econômica Federal, para
atender necessidades de investimento e de aquisição de material para produção.
•
PRONAF Agroindústria
Apoiar investimentos em bens e serviços que resultem em aumento da renda da
propriedade, mediante melhoria da qualidade dos produtos vinculados ao turismo rural.
•
FAT / Revitalização
Financiamento para revitalização de unidades habitacionais ou comerciais em Centros
Urbanos Degradados e Sítios Históricos Urbanos (áreas inseridas na malha urbana,
tombadas por meio de legislação federal, estadual ou municipal).
Procedimentos para a solicitação de financiamento e contatos (Fonte das informações)
Divisão Bolsa de Negócios e Ações Cooperadas
Programa Estadual de Financiamento e Promoção de Investimentos no Turismo
Secretaria Estadual do Turismo Esporte e Lazer - SETUR
Fone: (51) 3288-5419 - www.turismo.rs.gov.br
[email protected]
46
Em diversas partes do Brasil, municípios estão se unindo para a criação de consórcios para
investir especialmente no turismo, visto que o turista vai naturalmente visitar mais do que
uma única cidade. O consórcio Caminho das Origens já é uma boa iniciativa que engloba o
turismo histórico na região. Seria uma boa alternativa para a região do rio Ibicuí a
elaboração de um consórcio para os municípios com praias, pois juntas essas cidades
trabalhariam para atrair mais investimentos e visitantes ao local.
A Associação Brasileira das Empresas do Turismo de Aventura – ABETA auxilia e
promove o profissionalismo e as melhores práticas de segurança e qualidade,
contribuindo para o desenvolvimento do turismo responsável no Brasil, em parceria
estreita com os diferentes atores da sociedade.
Maiores informações no site www.abeta.com.br
Já implantada em outras regiões, a prática do Mínimo Impacto seria de grande valia na
interação com o Ibicuí, pois os turistas minimizariam os rastros de sua visita nas praias e
na vegetação. No site www.pegaleve.org.br, são encontradas informações importantes
para a prática do turismo sem deixar vestígios ou conseqüências ao meio ambiente.
Através do Instituto de Hospitalidade, em parceria com o Conselho Brasileiro de
Turismo Sustentável - CBTS, o Programa de Certificação em Turismo Sustentável –
PCTS visa apoiar os empreendedores do turismo a responder aos novos desafios do
setor de turismo, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do país. Maiores
detalhes no site: www.pcts.org.br
O Programa de Financiamento ao Turismo Sustentável tem com objetivo incentivar
todos os bens e serviços necessários à implantação, ampliação e modernização de
empreendimentos turísticos. As atividades financiadas são o ecoturismo (turismo
especializado) e turismo convencional, compreendendo eventos, aventura, pesca
amadora e outros de caráter esportivo, profissional, bem estar, estudo, místico, cultural,
rural, e de pesquisa. Informações: http://www.basa.com.br/prodetur.htm
Belo pôr-do-sol às margens do Ibicuí.
Dunas e pampas que cercam o rio.
47
•
Quanto à Pesca
Em toda a navegação, o projeto cruzou com
apenas duas canoas de pescadores, além de
pequenos grupos de homens pescando em
ranchos improvisados nas margens do rio.
Não existe legislação estadual específica de
pesca no Rio Grande do Sul, e são adotadas
as regras nacionais através de portarias do
Ibama e da Secretaria Nacional de
Aqüicultura e Pesca - SEAP.
Um grave problema relatado pelas comunidades ribeirinhas do Ibicuí é a freqüente
vinda de pescadores da região serrana para a prática da pesca predatória. Permanecem
por pouco tempo, o suficiente para encherem seus veículos de peixes, que serão
comercializados nas cidades da serra. Deixam para trás todo um impacto à ictiofauna do
rio, prejudicam os pescadores artesanais locais que dependem da atividade para a
subsistência de suas famílias e largam seu lixo nas margens do rio.
Segundo a Associação de Pescadores de Uruguaiana, a situação atual dos rios da região
rio é difícil, não só para a classe pesqueira, mas principalmente para a natureza, visto
que as espécies não estão tendo tempo suficiente para a reprodução. Apesar do rigor da
lei, muitos pescadores ainda não compreenderam a necessidade de respeitar o período
do defeso e, mesmo durante a proibição, continuam a pescar, podendo ocasionar a
crescente diminuição dos peixes a cada novo ano.
Um fato amplamente noticiado refere-se ao grande número de pescadores lotados em
Uruguaiana para se beneficiarem do seguro defeso, porém não são realmente pescadores
e estão lá somente para receberem o repasse da verba. Do total de pescadores que
encaminharam documentação para receber seguro no período de proibição de pesca, em
torno de 2 mil em todo o Estado, 450 pescadores estão registrados em Uruguaiana.
Sabe-se que tanto o Ministério Público Federal quanto a Polícia Federal vêm
investigando os casos.
Na bacia do Uruguai, que inclui o rio Ibicuí, as espécies dourado, surubim e a piracanjuva
estão proibidas de serem pescadas devido ao quadro de extinção, e o pescador que for
flagrado estará sujeito a multas altas.
Recomendações
A elaboração de leis estaduais de pesca para o Rio Grande do Sul é urgente, pois cada
região e sua respectiva ictiofauna possuem características específicas quanto a espécies,
pescadores, colônias e maneiras de exploração da pesca. Com isso, fica mais claro o que
é permitido ou não aos pescadores da região e a fiscalização torna-se mais eficiente.
48
Como arma de combate à pesca predatória, o estabelecimento de uma lei que proíba a
transferência de peixes do município onde foi pescado teria um importante valor
intimidador e repressor da atividade, evitando também a participação de intermediários
na comercialização do pescado. Assim, não seria mais possível o transporte irregular da
pesca desde o Ibicuí até as cidades serranas.
Uma experiência trazida de outros lugares é a criação de áreas específicas de pesca
proibida. Esses locais, que poderiam ser um afluente, arroio ou um trecho demarcado do
próprio Ibicuí, se transformariam em verdadeiros viveiros de peixes, garantindo a
existência dos mesmos no rio. Aproveitando a existência desses locais, é de grande
valor a elaboração de estudos detalhados quanto à ictiofauna da região, visando a
obtenção de dados mais técnicos da vida de cada espécie no Ibicuí e afluentes.
A colônia de pesca Z9, baseada em Uruguaiana, é responsável por 1041 pescadores
espalhados em toda a bacia, e pode servir de instrumento para a obtenção de
informações quanto às normas de pesca a serem obedecidas ao longo do Ibicuí.
Vale lembrar que todo pescador deve estar munido de licenças de pesca estadual e federal,
não somente para a atividade em si, mas para o transporte dos peixes em rodovias.
A Licença Nacional para Pesca Amadora é obrigatória para todo pescador esportivo. É a
forma que os governos dispõem para controlar a pesca e arrecadar recursos para a
implementação de planos de gerenciamento e fiscalização, garantindo a manutenção dos
estoques pesqueiros. Informações para a obtenção da licença com o IBAMA –
Programa Nacional de Desenvolvimento da Pesca Amadora.
Tel: (61) 3316-1234 - http://www.ibama.gov.br/pescaamadora/licenca/
Maiores informações quanto às regras de pesca adotadas no Rio Grande do Sul,
principalmente na bacia do rio Uruguai e do rio Ibicuí, poderão ser obtidas nas
seguintes instituições:
Escritório Regional do IBAMA em Uruguaiana
Tel: (55) 3412-3557 – [email protected]
Área de Proteção Ambiental do Ibirapuitã – IBAMA/RS
Responsável: Senhora Eridiane
Tel: (55) 3426-3903 – apa_ibirapuitã@yahoo.com.br
Referindo-se à pesca amadora ou profissional, a consciência ecológica e o bom senso devem
prevalecer como forma de preservar os recursos naturais, para que estoques pesqueiros não se
alterem, de forma a gerar um possível desequilíbrio ambiental.
49
•
Quanto à Rizicultura
O cultivo do arroz por inundação
consome, segundo a SEMA, 99% do total
da água na bacia do Ibicuí, sendo que essa
elevada demanda se concentra em um
período de apenas três meses do ano –
precisamente no verão, os meses da
estiagem. O consumo para abastecimento
urbano, industrial e dessedentação de
animais é insignificante dentro da relação
demanda/disponibilidade da região.
Os impactos são sentidos tanto na quantidade como possivelmente na qualidade da
água, se a água de drenagem das lavouras for devolvida ao rio carregada de agrotóxicos.
Moradores da bacia se preocupam sobre os produtos químicos utilizados, que possam
estar infiltrando pelas águas superficiais ou subterrâneas.
Ao contrário de outras culturas como a soja, o arroz desponta em diversos pontos da
bacia, tendo como limite a abundância de água de superfície para a irrigação. Em certas
localidades, há um avanço rápido seguido de retração, pois as lavouras situadas em
torno de arroios e córregos podem ficar comprometidas em anos com a escassez de
chuva. Durante a navegação, o projeto contou 51 unidades de bombeamento para a
irrigação, aparentemente em condições de operação, instaladas às margens do Ibicuí.
Apesar do aproveitamento das águas do Ibicuí para irrigar o arroz diminuir as vazões do
rio no verão, a quantidade de água utilizada foi reduzida consideravelmente no decorrer
dos anos, segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz – IRGA. Especializado no
assunto, o IRGA estima que atualmente são necessários em média entre 2.000 e 3.000 litros
de água para produzir um quilo de arroz, bons números se comparados aos assustadores
4.500 litros utilizados antigamente.
Vale destacar o empenho dos arrozeiros do Ibicuí nos esforços de amenizar os impactos
ambientais. Como exemplos, podemos citar a formação de barragens para irrigação, a
prática da reciclagem das águas, a substituição dos sistemas de bombeamento movidos a
óleo pelos movidos à eletricidade e a utilização do gás para a queima nos silos de arroz,
substituindo a madeira retirada das matas da região e que gera fumaça.
O IRGA dedica-se à pesquisa, à transferência de tecnologia, à extensão rural e à política
setorial. A instituição realiza trabalhos em prol dos produtores gaúchos, oferecendo
conselhos com respeito a projetos de barragens, planejamento de lavouras, nivelamento
de canais e drenos, análise de solos e águas e a geração de novas cultivares, além de
buscar recursos junto a diversas instâncias para garantir a comercialização das safras. O
IRGA acompanha todo o processo arrozeiro, determinando desde estudos referentes ao
custo de produção até projetos para incentivar o consumo.
50
A rizicultura ainda está em pleno crescimento no Estado, de acordo com a tabela abaixo.
Para conservar os recursos hídricos da região, é imprescindível que essa expansão seja
acompanhada por cuidados ambientais visando reduzir os impactos ao mínimo absoluto.
SAFRA ÁREA PLANTADA (ha) PRODUÇÃO (t) RENDIMENTO MÉDIO (sc/ha)
1925/26
102.480
204.000
40
1935/36
104.220
228.450
44
1945/46
221.001
626.833
57
1955/56
290.054
799.280
55
1965/66
352.285
952.745
54
1975/76
548.311
1.975.623
72
1985/86
719.971
3.527.860
98
1995/96
803.413
4.122.103
103
2005/06
1.031.000
6.886.091
133,58
Resumo por década da rizicultura no Rio Grande do Sul. Fonte: IRGA.
A preservação da mata ciliar é de suma
importância. Onde há negligência,
ocorrem erosões e voçorocas devido à
fragilidade do solo arenoso. O projeto
constatou a presença de uma usina de
beneficiamento de arroz às margens do
Alto Ibicuí. A mata ciliar foi eliminada
e já ocorre o desbarrancamento. Há
cascas do arroz empilhadas próximas à
margem.
Beneficiamento de arroz na margem
do Alto Ibicuí.
Recomendações
A produção de arroz irrigado é intrinsecamente ligada ao alto consumo de água. Peritos do
IRGA recomendam investir em técnicas de irrigação que aproveitem o armazenamento
da água da chuva, reduzindo a captação dos mananciais.
Justamente, numa propriedade visitada durante a navegação pelo Ibicuí, a formação de
pequenos açudes nas culturas são medidas de grande valor, pois viabilizam o reuso da
água e garantem a disponibilidade durante a estiagem, sem a necessidade de bombear do
rio. Neste caso, o projeto foi recebido pelo proprietário da Agropecuária Glória, em São
Vicente do Sul, que possui 238 hectares plantados de arroz, com uma média de
produção de 860 sacas por hectare. Sua atividade causa menos impactos que as usuais,
pois bombeia a água de uma lagoa perene e, após circular na lavoura, a água retorna ao
mesmo local, viabilizando o reuso.
51
Além de monitorar a quantidade de água retirada do rio, vale redobrar os cuidados sobre
alterações na qualidade. Recomenda-se a realização de coletas e análises especializadas
de amostras do Ibicuí ao longo do ano, comparando a qualidade na época da atividade
arrozeira com a dos outros meses, lembrando do impacto constante dos esgotos
domésticos e industriais. Para melhorar a imagem da atividade perante os moradores da
região, vale mostrar claramente os avanços, esclarecendo sobre os produtos aplicados
nos arrozais e pressionando produtores que, eventualmente, usem defensivos não
permitidos ou fora dos limites. Estudos sobre possíveis impactos na ictiofauna também
são importantes para redimir ao cultivo do arroz.
Curvas de nível em arrozais da bacia
Colheitadeiras em operação
Ultimamente, surgiram métodos mais eficientes para a pulverização de defensivos em
grandes áreas. Além do custo operacional mais baixo que a pulverização por aviões, os
novos equipamentos, semelhantes a uma colheitadeira convencional, evitam a aplicação
de defensivos de forma demasiada na natureza. Vale lembrar que, segundo os que já
utilizam esse método, obtém-se uma economia na aquisição de menos defensivos, além
de reduzir a contaminação do meio ambiente em geral.
A técnica de Plantio Direto, que perturba o mínimo possível a estrutura física e a vida
biológica do solo, é utilizada por apenas 8% dos produtores no entorno do Ibicuí (estimativa
de 2007) e registra um pequeno aumento a cada ano. Esses números são ainda tímidos perto
dos 17% contabilizados de cultivo convencional, que trabalha previamente o solo. A técnica
mais utilizada (61%) é de cultivo mínimo, que sofre nivelação antes do plantio. A vantagem
do Plantio Direto é manter praticamente intacta a cobertura morta de resíduos de colheitas
anteriores, protegendo contra o impacto da chuva. Esse método é de grande valor para
evitar o processo erosivo e a sedimentação dos rios.
FEBRAPDP – Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha
Tel: (42) 3223-9107 - www.febrapdp.org.br.
A Fazenda São Francisco, localizado em Mato Grosso do Sul, realizou um estudo
exemplar visando uma maior produção com a utilização de menos espaço físico,
adotando medidas para reduzir impactos, como a planagem da terra, para minimizar as
perdas. Entre os “quadrados” plantados, a propriedade conserva faixas de vegetação que
servem de viveiros para a fauna e, em parceria com a Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul, realiza um levantamento dos répteis e anfíbios na área da lavoura,
estudando seu ciclo de vida em comunhão com o dia-a-dia da plantação.
52
2.9. Links relacionados ao tema Recursos Hídricos
•
O Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Ibicuí foi criado
pelo Decreto Estadual nº 40.226 em 07/08/2000, e sua área de atuação abrange o
território correspondente à Bacia Hidrográfica referida envolvendo 30 municípios,
integrantes da Região Hidrográfica do Rio Uruguai.
Tel: (55) 3426-2085 / 34214303 - [email protected]
•
A Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA é o órgão central do
Sistema Estadual de Proteção Ambiental (SISEPRA), responsável pela política
ambiental do Rio Grande do Sul. Sua atuação se dá, principalmente, por meio dos
seguintes programas: Biodiversidade e Conservação; Nossas Águas, Qualidade
Ambiental e Educação Ambiental para um Rio Grande Melhor e Política de Gestão
Ambiental. A execução dos programas é feita pelos órgãos diretos da SEMA Departamento de Florestas e Áreas Protegidas (DEFAP) e Departamento de Recursos
Hídricos (DRH), e por suas vinculadas - Fundação Estadual de Proteção Ambiental
(Fepam) e Fundação Zoobotânica do RS (FZB-RS). A sociedade participa da gestão
ambiental por meio do Conselho Estadual do Meio Ambiente - CONSEMA e do
Conselho de Recursos Hídricos - CRH; da Conferência Estadual do Meio Ambiente CONFEMA e dos Comitês de Gerenciamento de Bacias Hidrográficas.
Tel: (51) 3288-8100 - www.sema.rs.gov.br
•
A Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler FEPAM é a instituição responsável pelo licenciamento ambiental no Rio Grande do Sul.
Desde 1999, a FEPAM é vinculada à Secretaria Estadual do Meio Ambiente - SEMA.
Tel: (51) 3225-1588 - www.fepam.rs.gov.br
•
O Programa de Gestão de Recursos Hídricos, coordenado pela Agência
Nacional de Águas, é um programa do Governo Federal que integra projetos e
atividades objetivando a recuperação e preservação da qualidade e quantidade dos
recursos hídricos das bacias hidrográficas.
Agência Nacional de Águas – ANA - Tel: (61) 2109-5400 - www.ana.gov.br
•
DRS - Desenvolvimento Regional Sustentável, lançado pelo Banco do Brasil
em 2003, busca incentivar a inclusão social, por meio da geração de trabalho e renda,
democratizar o acesso ao crédito, impulsionar o associativismo e o cooperativismo,
contribuir para a melhora dos indicadores de qualidade de vida e solidificar os negócios
com micro e pequenos empreendedores rurais e urbanos, formais ou informais.
Informações disponíveis no site: www.bb.com.br/appbb/portal/bb/drs/index.jsp
Nota: Algumas informações específicas contidas nesse relatório são de autoria do
Ministério dos Transportes e da SEMA-RS.
53
2.10. Contatos
Relaciona-se a seguir as pessoas chave que, direta ou indiretamente, ajudaram e apoiaram
o Projeto Brasil das Águas “Sete Rios”, na expedição ao rio Ibicuí.
Região
Nome
Contato
Jorge Valdir Martins
Prefeito Municipal
Tel: (55) 3257-1313
Alvrinho Falcão Carpes
Assoc. de Moradores do Passo do Umbu
Tel: (55) 9963-2694
Jomar João Donadel
Diretor do CEFET
Tel: (55) 3257-1114 / Ramal 235
[email protected]
Genmar Zucco Campara
Agropecuária Glória
Tel: (55) 3257-1484 / 9971-7201
[email protected]
São Vicente do Sul
Gladis Frescura
Primeira-dama
Tel: (55) 3252-1818 / 9613-1925
[email protected]
José Elias
Secretário Municipal de Obras
Tel: (55) 3252-1414
Ciro Corsini
Secretário de Meio Ambiente
Tel: (55) 3252-1344
[email protected]
Éden Caldas
Vereador
Tel: (55) 3256-1298 / 9614-0899
[email protected]
Luis Ernesto Grillo Elesbão
Universidade de Santa Maria
Tel: (55) 3220-8444 / 9974-2185
[email protected]
Vera Mussai Macedo
Técnica do IRGA
Tel: (51) 3737-4274
[email protected]
São Francisco de Assis
Manoel Vianna
Cleni Paz da Silva
Diretora Geral de Meio Ambiente
Tel: (55) 3422-6003 / 9997-7034
[email protected]
Ivo Mello
Diretor Dep. Recursos Hídricos da SEMA-RS
Tel: (51) 3288-8141
[email protected]
Mariza Beck
Secretária-Executiva do Comitê do Ibicuí
Tel: (55) 3426-2085 / 9998-5059
[email protected]
Henrique Osório Dornelles
Parceria Agrícola Passo do Angico
Tel: (55) 3426-4794 / 9925-0669
[email protected]
Roberto João Basso
Pres. Comitê da Bacia do Rio Ibicuí
Tel: (55) 3412-3031 / 9976-3258
[email protected]@via-rs.net
Ramiro Alvarez de Toledo
Engenheiro Agrônomo
Tel: (55) 3412-5051 / 9973-8788
[email protected]@via-rs.net
Alegrete
Uruguaiana
Agradecimentos
Além de agradecer a colaboração de todos os citados acima, o projeto gostaria de mencionar
o apoio de Luis Paulo Jardim de Porto Alegre e do Iate Clube Tamandaré em Uruguaiana,
que hospedou o barco por uma semana. Roberto Basso, Ivo Mello e Mariza Beck, do
Comitê da Bacia, foram muito atenciosos. Somos especialmente gratos a Luiz Ernesto
Elesbão pela participação na expedição.
As fotos da página 47 foram cedidas por Mariza Beck. Todas as outras fotos nesse relatório
foram tiradas pela equipe do projeto Brasil das Águas.
54
Anexo 1. Tabela máster com os dados obtidos das amostras coletadas.
55
Anexo 2. Tabela 2 – Espécies de fitoplâncton encontradas.
IB
1
Espécies
IB
2
IB
3
IB
4
IB
5
IB
6
IB
7
IB
8
IB
9
IB
10
IB
11
IB
12
IB
13
IB
14
IB
15
IB
16
IB
17
IB
18
IB
19
IB
20
Chlorophyceae
Coelastrum pulchurum
x
Coelastrum reticulatum
x
Scenedesmus cf circumfusus
x
Sphaerocystis cf schroeteri
x
x
x
Ankistrodesmus cf spiralis
Scenedesmus cf arcuatus
x
x
x
x
x
Scenedesmus sp3
Scenedesmus cf spinosus
x
x
Crucigeniella cf apiculata
x
Tetraedron minimum
x
Scenedesmus quadricauda
x
Pediastrum tetras
x
x
x
x
x
Pediastrum duplex
x
Scenedesmus protuberans
x
Monoraphidium pusillum
x
Monoraphidium contortum
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
Actinastrum hantzchii
x
Monoraphidium irregulare
x
Selenastrum sp
Scenedesmus cf bijugus
x
x
x
x
Crucigenia tetrapedia
x
x
x
x
x
x
x
x
x
Ankistrodesmus gracile
x
Monoraphidium setiforme
x
x
x
Elakatothrix sp
x
Bacillariophyceae
Pinnularia sp1
x
x
Aulacoseira sp3
x
x
x
Cavinula sp
x
Rhizosolenia sp
x
x
Gomphonema sp1
Pinnularia sp2
x
x
x
x
x
x
x
x
x
Pinnularia cf viridis
x
Gomphonema truncatum
x
Cymatopleura sp
x
Amphora sp
x
Gyrosigma sp
x
x
x
x
Nitzschia sp1
x
Eunotia cf praerupta
x
Aulacoseira distans
x
Surirella sp
x
Gomphonema cf parvulum
Synedra cf acus
x
x
Encyonema sp
x
Frustulia rhomboides
Synedra ulna
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
Surirella cf linearis
x
Stauroneis cf anceps
Aulacoseira granulata var
angustissima
Cyclotella stelligera
x
x
x
x
x
x
x
Cymbella sp
x
x
x
x
x
x
x
x
x
Navicula sp2
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
Dinophyceae
Peridinium sp
Zygnemaphyceae
Closterium kuetzingii
x
Closterium cf incurvum
x
x
Cosmarium cf majae
x
Cyanophyceae
Oscillatoria limnetica
x
x
x
Xanthophyceae
Isthmochloron gracile
x
Euglenophyceae
Phacus longicauda
x
Euglena sp
x
Phacus curvicauda
x
x
x
x
x
Strombomonas cf jaculata
x
x
x
x
Cryptophyceae
Rhodomonas lacustris
x
Cryptomonas platyuris
x
x
x
Chilomonas paramaecium
x
x
x
56
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
Anexo 3. Estudo das séries históricas da vazão do rio Ibicuí.
Cód. da Estação Fluviométrica
76500000
76560000
76800000
Nome da Estação
JACAQUA
MANOEL VIANA
PASSO MARIANO PINTO
Área de drenagem (km2)
27771
29321
42498
Dados referentes às plataformas de coleta de dados da Agência Nacional de Águas
instaladas ao longo do rio Ibicuí.
Fonte: Software HIDRO - Agência Nacional de Águas
Estação fluviométrica 76500000 instalada em Jacaquá.
•
Vazão Estação Jacaquá
6200,0
6000,0
76500000
5800,0
5600,0
5400,0
5200,0
5000,0
4800,0
4600,0
4400,0
4200,0
4000,0
3800,0
Vazão (m3/s)
3600,0
3400,0
3200,0
3000,0
2800,0
2600,0
2400,0
2200,0
2000,0
1800,0
1600,0
1400,0
1200,0
1000,0
800,0
600,0
400,0
200,0
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
80
81
82
83
84
85
86
57
87
88
89
90
91
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93
94
95
96
97
98
99
00
01
02
03
04
Estação fluviométrica 76560000 instalada em Manoel Viana.
•
Vazão Estação Manoel Viana
7400,0
7200,0
76560000
7000,0
6800,0
6600,0
6400,0
6200,0
6000,0
5800,0
5600,0
5400,0
5200,0
5000,0
4800,0
4600,0
4400,0
Vazão (m3/s)
4200,0
4000,0
3800,0
3600,0
3400,0
3200,0
3000,0
2800,0
2600,0
2400,0
2200,0
2000,0
1800,0
1600,0
1400,0
1200,0
1000,0
800,0
600,0
400,0
200,0
67 68 68 69 69 70 70 71 71 72 72 73 73 74 74 75 75 76 76 77 77 78 78 79 79 80 80 81 81 82 82 83 83 84 84 85 85 86 86 87 87 88 88 89 89 90 90 91 91 92 92 93 93 94 94 95 95 96 96 97 97 98 98 99 99 00 00 01 01 02 02 03 03 04 04 05 05
Estação fluviométrica 76800000 instalada em Mariano Pinto.
•
Vazão (m3/s)
Vazão Estação Mariano Pinto
10000,0
9800,0
9600,0
9400,0
9200,0
9000,0
8800,0
8600,0
8400,0
8200,0
8000,0
7800,0
7600,0
7400,0
7200,0
7000,0
6800,0
6600,0
6400,0
6200,0
6000,0
5800,0
5600,0
5400,0
5200,0
5000,0
4800,0
4600,0
4400,0
4200,0
4000,0
3800,0
3600,0
3400,0
3200,0
3000,0
2800,0
2600,0
2400,0
2200,0
2000,0
1800,0
1600,0
1400,0
1200,0
1000,0
800,0
600,0
400,0
200,0
76800000
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PATROCÍNIO MASTER
PARCEIROS
APÓIO TÉCNICO E INSTITUCIONAL
PROJETO BRASIL DAS ÁGUAS – SETE RIOS
Rua Marechal Cantuária, 149, 501 Rio de Janeiro – RJ CEP 22291-060 Tel: (21) 2530-2644
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Relatório final do sobre o Rio Ibicuí (PDF – 6 MB)