PREFEITO MUNICIPAL VOLECIANO COELHO Nasceu em Rosário (hoje Rosário do Sul) em 4 de setembro de 1883. Era casado com Dona Irene Coelho. Dessa união possui os filhos: Maria Clara, Marieta, Mário Tupinambá, Morena, Milton Caramurú, Moreno Índio do Brasil e Marina. O coronel Voleciano Coelho era um homem leal de procedimento exemplar, decidido, com muita coragem, iniciativa, desprendimento e grande envergadura moral. Participou com destaque, em numerosos e violentos combates, defendendo a legalidade no período revolucionário, compreendido entre 1923 a 1930, demonstrando sempre excepcional bravura e determinação, sendo sua aptidão e senso de responsabilidade reconhecida e comprovada no comando de Corpos Auxiliares da Brigada Militar. Ainda bem jovem, Voleciano Coelho foi incluído, como tenente, no legendário 2° Corpo Provisório, aquartelado no Catí, sob o comando do Coronel João Francisco de Souza. Após 14 anos de atividades, primeiramente em campanha, durante o período da Revolução Federalista e, a seguir, como Guarda de Fronteira no combate ao contrabando, abigeato e, principalmente, no policiamento da campanha, o Dr. Carlos Barbosa, presidente do Estado, resolveu dispensar os serviços dessa Unidade, fazendo sua dissolução, conforme Ordem do dia n° 748 de 4 de janeiro de 1909. Os oficiais, de acordo com o artigo 2° do referido decreto, "se quisessem, poderiam ficar adidos aos corpos da Brigada Militar, para serem aproveitados nas vagas que se forem dando na mesma milícia". O tenente Voleciano optou pelo Corpo de Guardas, do Serviço de Repressão ao Contrabando. Voleciano Coelho iniciou sua participação política em 1910, filiando-se ao Partido Republicano Rio-grandense, prestando, no decorrer dos anos, uma série inestimável de serviços ao Estado. Em 1913 assumiu a subintendência do 2° distrito da cidade de Rosário, até 1915, acumulando com as funções de subdelegado de polícia do distrito. Em 1915 foi nomeado escrivão distrital de São Martinho, então 6° distrito de Santa Maria, hoje São Martinho de Cima da Serra. De 1916 a 1920 exerceu, com eficiência, o cargo de subintendente e subdelegado de Polícia de São Pedro, então 3° distrito de Santa Maria, hoje São Pedro do Sul. De 1921 a 1923 exerceu as mesmas funções na cidade de Jaguarí. Em 1923 foi incorporado às forças auxiliares da Brigada Militar, participando de vários combates, em defesa das leis e da ordem constitucional. Pesquisando à sua atuação nas forças legalistas, verificamos que, no dia 22 de abril de 1923, foi criada a 2a Brigada Provisória do Oeste, sob o comando do Cel. Claudino Nunes Pereira. A 2a Brigada dispunha, na ocasião, apenas do 1° Regimento de Cavalaria, sob o comando do capitão Cândido Alves de Mesquita, o 3° Corpo Provisório, sob o comando do Ten.Cel. Lídio Nunes Pereira e um Esquadrão Provisório, criado em 7 de abril de 1923, adido ao 1° Regimento, sob o comando do capitão Modesto Lara, tendo como subalterno o tenente Voleciano Coelho, perfazendo um efetivo aproximado de 600 homens. O objetivo da 2a Brigada era perseguir e combater os sediciosos de Honório Lemes e outros revolucionários que agiam na região da fronteira. Depois de alguns dias de marcha em perseguição ao inimigo, no dia 28 de abril, às 16h30 min, a 2a Brigada acampou nas pontas do Saican. Em diligência, um piquete, constituído de praças do 1° Regimento de Cavalaria e do 3° Corpo Provisório, sob o comando do tenente Voleciano Coelho, pertencente ao esquadrão adido ao Regimento, ataca e destroça completamente um grupo de sediciosos, tomandolhe uma carabina Comblein e 41 cavalos No dia 29 de abril, às 12 h 19 min, logo que a Brigada do Oeste acampou na Estância da Serra, de propriedade da família Vasconcellos, estabelecimento situado no 2° distrito de Rosário, os revoltosos, chefiados pelo deputado estadual Dr. Gaspar Saldanha, Honório Lemes, Anibal Padão, Hortêncio Rodrigues, Antônio Azevedo e outros revolucionários, atacaram de surpresa as tropas legalistas. Depois de mais de 24 horas de combate, o inimigo, em face da feroz resistência da 2a Brigada do Oeste, retirou-se às 17h32 min do dia seguinte, com elevado número de baixas. No dia 19 de maio, em virtude de enfermidade do Cel. Claudino, que seguiu para Bagé, assumiu o comando o Dr. Flores da Cunha, nomeado pelo Governador do Estado. Voleciano Coelho foi nomeado, em 19 de maio de 1923, para servir no estado-maior da Segunda Brigada do Oeste, no posto de capitão-assistente do material. Mais tarde foi nomeado comandante do 2° Corpo Auxiliar. Em 19 de janeiro de 1924, o governo do Estado baixou o Decreto n° 3.246, mantendo "em caráter provisório e policial," vários Corpos Provisórios de 1923 entre eles o de Alegrete, comandado pelo Ten.Cel. Voleciano Coelho. No período revolucionário, iniciado em outubro de 1924, Voleciano Coelho, estava comandando o 2° Corpo Auxiliar, aquartelado na cidade de Alegrete- RS. Os revoltosos tomaram a cidade de Uruguaiana, na noite de 28 para 29 de outubro de 1924 e, na noite de 30 do mesmo mês, tentaram invadir a cidade de Alegrete sob o comando de Juarez Távora e outros oficiais revolucionários. O Cel. Voleciano Coelho, comandante do 2° Corpo Provisório deu o primeiro combate aos invasores que estavam tentando tomar posse da cidade. A cidade de Alegrete foi defendida pelo 2° Corpo Auxiliar, comandado pelo Cel. Voleciano Coelho e um pequeno efetivo das tropas federais com alguns civis pertencentes ao Partido Republicano. O comando revolucionário com seus oficiais, Orestes de Castro, João Alberto Lins de Barros, Valério Lacerda e Renato Cunha, sentiu a impetuosidade da resistência do 2° Corpo Provisório e a disparidade de experiência dos digladiantes, pois a tropa, comandada pôr Voleciano Coelho, vinha da árdua campanha de 1923, estando muito bem organizada e preparada, contando com a experiência adquirida nos duros combates em que participou na revolução do ano anterior. Os revolucionários, com exceção de Juarez Távora, estavam se submetendo ao batismo de fogo. Vendo escassear a munição e sentindo a forte resistência dos defensores da cidade, o comando revolucionário deu ordens para a ala esquerda recuar. A ordem foi mal interpretada e o recuo foi geral. Atropelados pelas cargas de cavalaria do Cel. Voleciano Coelho, os revolucionários fugiram, em debandada, totalmente atordoados com gritos e correrias para todos os lados. O comando revolucionário, depois de muitos esforços, conseguiu aglutinar o seu efetivo em Inhanduy e, no dia seguinte, atacou novamente a cidade de Alegrete. O general Firmino Borba, comandante da 2ª Divisão de Cavalaria, já tinha organizado melhor a resistência da cidade com os efetivos que ficaram leais ao regime enfrentou bravamente os atacantes que foram fragorosamente derrotados, deixando no campo da luta, armas automáticas, muito materiais e o canhão com que João Alberto tinha bombardeado a cidade. Neste combate os revoltosos deixaram 8 mortos e muitos feridos. O 2° Corpo Provisório teve 3 mortos e diversos feridos, entre esses o próprio comandante Voleciano Coelho. Para perseguir o inimigo, o general Firmino Borba criou uma Brigada Estadual, sob o comando do Cel. Claudino Nunes Pereira, constituída com o efetivo do 1° Regimento de Cavalaria e o 2° Corpo Auxiliar, comandado pelo coronel Voleciano Coelho. No dia 4 de junho de 1926, conforme ofício do comandante da 3a Região Militar, ao Governador do Estado, foram dispensados os serviços do 2° Corpo Auxiliar, a partir de l° de junho de 1926. O comandante da 3a Região Militar assim se expressou: "Esta unidade prestou relevantes serviços na defesa da ordem legal e se não fosse necessária a redução dos efetivos, um sintoma promissor do restabelecimento da ordem, o comando da Região não dispensaria o 2° Corpo Auxiliar sob o comando do Ten. Cel. Voleciano Coelho. Ao ser dissolvido o 2° Corpo Auxiliar, o comandante da 3a Região Militar agradeceu efusivamente ao valoroso e bravo Ten.Cel. Voleciano Coelho, os abnegados e inestimáveis serviços que à frente de sua unidade, prestou ao Estado e à República, querem nos dias de paz, quer nos dias tormentosos das revoluções de 1923 e 1924, em que teve ocasião de pôr à prova toda à sua energia e o seu admirável espírito de sacrifício. A revolução que eclodiu no dia 3 de outubro de 1930 veio encontrar Voleciano Coelho como Delegado de Polícia de Santa Maria, participando ativamente da conspiração, juntamente com o prefeito municipal Manoel Ribas e o Ten.Cel. Anibal Garcia Barão, comandante do l° R.C. da Brigada Militar. Por ordem do Ten.Cel. Barão, coordenador do movimento revolucionário, o Cel. Voleciano Coelho, juntamente com o major Jorge Pelegrino Castiglione e o tenente Bernardino Gonçalves da Silva, participou da prisão do general Fernando Medeiros, comandante da 5ª. Brigada de Infantaria, com sede em Santa Maria, evitando dessa forma, um confronto do Regimento da Brigada Militar com tropas da Guarnição Federal leais ao governo federal, com possível derramamento inútil de sangue e a perda de vidas preciosas. Em 9 de julho de 1932, quando irrompeu a revolta em São Paulo Voleciano Coelho exercia as funções de Prefeito interino de Santa Maria, em substituição ao prefeito Manoel Ribas, que havia sido nomeado Interventor Federal do Estado do Paraná. Em 10 de agosto desse ano, por ter se manifestado solidário com os antigos amigos e correligionários do Partido Republicano, foi conduzido preso para a capital do Estado. Assumiu interinamente a Prefeitura Municipal, o capitão da Brigada Militar, Adalardo Soares de Freitas. Voleciano Coelho foi anistiado em 1934, tendo sido nomeado, nessa ocasião, Prefeito de Santa Rosa e assumido a presidência do P. R.I, daquela cidade. Durante o período de intervenção federal desempenhou ainda funções de Prefeito Municipal em São Francisco de Paula e, mais tarde, de Taquara. No ano de 1934 o Cel. Voleciano Coelho passou a fazer parte da Assessoria Especial do Interventor do Estado Dr. Flores da Cunha e, em 1936, estava organizando um contingente militar, por determinação de Flores da Cunha, em Filipson, localidade próxima à cidade de Santa Maria, onde estava acantonado o Batalhão de Sapadores em formação oficialmente constituído como "Turmas Rodoviárias" para reparação de estradas, mas que, na verdade, eram Corpos Provisórios, bem armados e treinados para uma tentativa de rebelião que estava sendo preparada por Flores da Cunha contra o Governo Federal. As denominadas Turmas Rodoviárias estavam sediadas em Santa Maria, Livramento, Passo Fundo e Santa Bárbara. No dia 28 de novembro de 1936, o Cel. Voleciano Coelho, acometido de mal súbito, em plena atividade conspiratória, foi internado no Hospital de Caridade "Dr. Astrogildo de Azevedo", em Santa Maria, onde faleceu às 13 horas do dia 30 de mesmo mês e ano. O falecimento do Cel. Voleciano teve grande repercussão no Estado. Os jornais da época noticiaram a morte do Cel. Voleciano, tendo sido prestadas várias homenagens póstumas. Entre essas, merece destaque especial, a da Assembléia Legislativa do Estado. A Prefeitura Municipal de Santa Maria doou um terreno no Cemitério Municipal para seu sepultamento. O jornal santa-mariense "A RAZÃO" publicou, no dia 1° de dezembro de 1936: "VOLECIANO COELHO - Após rápida enfermidade faleceu, ontem, o Coronel Voleciano Coelho, cidadão vastamente relacionado em Santa Maria, corno em todo o Estado. Logo que a notícia foi divulgada, a casa da família enlutada encheuse de pessoas amigas que foram apresentar suas condolências. O Cel. Voleciano Coelho iniciou sua carreira, como tenente do 2° Corpo Provisório aquartelada no Catí, sob o comando do coronel João Francisco de Souza. Voleciano Coelho serviu vários anos, no Serviço de Repressão ao Contrabando. Exerceu as funções de escrivão do São Martinho, sendo mais tarde nomeado subintendente e subdelegado de Jaguarí. Quando no exercício desse cargo irrompeu a revolução de 1923, tendo sido Voleciano Coelho, incluído no 2° Corpo Auxiliar, no posto de Capitão. Ao findar a revolução estava com as insígnias de Tenente-Coronel, nessa mesma corporação. Durante o período da Intervenção Federal no Estado foi Prefeito Municipal em São Francisco de Paula, Taquara, São Pedro, Santa Maria e Santa Rosa. Em Santa Maria exerceu, por dois anos, as funções de Delegado de Polícia e Subintendente do Município. Em 1932, quando o prefeito municipal Manoel Ribas foi nomeado Interventor no Paraná, Voleciano Coelho assumiu interinamente, a Prefeitura Municipal de Santa Maria. Atualmente comandava o Batalhão de Sapadores da Brigada Militar, sediado em Filipson. Nessa localidade, em pleno exercício de suas funções, foi acometido de rápida enfermidade que o vitimou. As cerimônias fúnebres de sepultamento foram realizadas no dia l° de dezembro de 1936, saindo o féretro da Casa Mortuária, sito à rua Dr. Bozano n° 732, às 16 horas, com grande acompanhamento, para o Cemitério Municipal onde foi sepultado. “Os seus restos mortais foram trasladados, mais tarde, pela famí1ia, para o Cemitério São Miguel e Almas em Porto Alegre.” Encontrei-me, recentemente, em Porto Alegre, com o Cel. RE Mário Tupinambá Coelho, pertencente ao Exército Nacional e, exChefe de Polícia Federal, no Governo do Mal. Castelo Branco. Mário Tupinambá, filho do Cel. Voleciano Coelho nasceu em São Pedro, então 3° distrito de Santa Maria, em 22 de outubro de 1917. Em palestra informal, recordamos o período revolucionário de 1930 em Santa Maria, quando Mário Tupinambá Coelho, em início de outubro de 1930, com 13 anos incompletos, foi incluído como soldado no efetivo do Corpo Provisório, adido ao 1° R.C. B.M. Esta Unidade era comandada pelo Cel. Voleciano Coelho. Citamos esse fato para demonstrar o idealismo dos políticos de um passado distante. Quer nos parecer que, naquele momento histórico riograndense, orgulhoso do espírito militar e guerreiro de seu pai, Mário Tupinambá tomou gosto e inspiração para seguir a carreira militar. Mário Tupinambá Coelho, em 21 de dezembro de 1934, foi considerado reservista de 2a categoria, de acordo com o Aviso n° 572 de 14 de agosto de 1934, do Ministro da Guerra, contando como tempo de serviço o período de 9 de outubro a 11 de dezembro de 1930, que serviu, como soldado, no 1 ° Regimento de Cavalaria da Brigada Militar.