ASSISTÊNCIA HUMANIZADA NO PERÍODO PRÉ, TRANS, E PÓS
PARTO NO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA – PR. Fairuz Katbeh
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;Gislaine Fátima Ramos Gomes 2; Helena Ângela de Camargo Ramos 3
Introdução: A gestação e o parto são experiências emocionantes no ciclo da
vida, e sua assistência ampliou seu foco dos aspectos puramente físicos para
uma visão que incluem os aspectos psico-sociais. É importante que os
profissionais reconheçam que condições socioeconômicas, educação, crenças
religiosas e culturais influem nos cuidados durante a gestação e o parto, e
considerar fatores que interferem nos cuidados tais como a idade, estado civil,
escolaridade, e apoio familiar. A Política Nacional de Humanização - MS
apresenta "Boas Práticas de Humanização na Atenção e na Gestão do Sistema
Único de Saúde" dentro desta proposta inclui-se a humanização ao parto.
Humanizar o parto é dar liberdade às escolhas da mulher, prestar um
atendimento focado em suas necessidades, direcionar a atenção às
necessidades da mulher e incentivar o controle da situação na hora do
nascimento, mostrando as opções de escolha baseados na ciência e
tecnologia, respeitando os direitos e a dignidade humana.Objetivo: Verificar
como está se concretizando o atendimento humanizado ao parto avaliando a
qualidade do atendimento no período pré, trans e pós-parto nas instituições
públicas de saúde do município de Guarapuava que prestam assistência ao
parto, e comparar a evolução da assistência ao parto humanizado após seis
anos de sua implantação. Material e Método: Estudo epidemiológico,
observacional avaliativo, realizado no município de Guarapuava, PR.
A
amostra foi composta por 70 puérperas, selecionadas aleatoriamente entre as
assistidas pela rede pública de atendimento que tiveram parto normal em
hospitais da zona urbana, no ano de 2008. Foram realizadas visitas nos
respectivos hospitais, onde foram abordadas as puérperas na unidade de
internação, e solicitado a participação na pesquisa, após esclarecimento sobre
a mesma quanto aos objetivos propostos e métodos utilizados. O instrumento
de registro foi um questionário semi-estruturado, aplicado às puérperas no
ambiente hospitalar, no período de março a maio do ano de 2008. Foram
selecionadas as mulheres cujo parto foi normal, sem intercorrências, e
excluídas as mulheres cujo parto foi cesáreo e/ou com intercorrências
patológicas. A pesquisa foi retrospectiva quanto à investigação dos aspectos,
relacionados à humanização da assistência ao parto. Quanto aos aspectos
éticos, considerou-se a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. O
projeto foi submetido ao Comitê de Ética da Universidade Estadual do CentroOeste. Resultados e Discussão: Foi realizada a caracterização sócia
demográfica cujas variáveis foram: Idade, escolaridade, profissão, estado civil.
Quanto à idade, 24% são menores de 20 anos, 71% têm de 20 a 35 anos, e
4% têm mais que 35 anos. Quanto ao grau de escolaridade, 37% das mulheres
possuem o ensino fundamental incompleto, 27% possuem o ensino
fundamental completo, 11% possuem o ensino médio incompleto, 21%
possuem o ensino médio completo e apenas 3% possuem o ensino superior.
Quanto à ocupação, 79% são donas de casa, 10% possuem vínculo
empregatício e 8% são estudantes. Com relação ao estado civil, 36% delas são
casadas, 50% são solteiras, e 14% têm união consensual. O programa de
humanização é um importante instrumento para a organização e estruturação
de redes de referência para o atendimento nos municípios, na lógica da
regionalização e hierarquização do sistema de saúde. Sua estratégia é
assegurar a melhoria de acesso, da cobertura e da qualidade do
acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério às gestantes e
ao recém-nascido, na perspectiva dos direitos de cidadania. Algumas ações
deste programa foram alvo de avaliação e objeto do presente estudo. Presença
do companheiro ou alguém da família para acompanhar o parto, dando
segurança e apoio, 99% das mulheres não tiveram acompanhantes, e 1% teve
acompanhante. Na unidade de internação, no período pós parto, 100% das
mulheres não tiveram acompanhante. Quanto à orientação sobre o direito de
ter acompanhante, 1% das entrevistadas foram orientadas, e 99% não
receberam nenhuma orientação. Para o bom acompanhamento da evolução da
gestação, é importante a realização do pré-natal, sendo recomendado, no
mínimo seis consultas durante a gestação, 99% das puérperas realizaram
consultas, e 1% não realizou, sendo que 36% realizaram de 1 a 5 consultas, e
64% realizaram 06 ou mais consultas. Praticamente todas as mulheres
realizaram o pré-natal, e a grande maioria realizou no mínimo seis consultas.
Porém, 59% das mulheres sentiram-se despreparadas para o parto, e 41%
sentiram-se preparadas para o parto. Em relação ao atendimento, 33%
relataram que foi um pré-natal bom, 40% avaliaram como regular, e 27%
declararam um pré-natal ruim. Em relação ao alojamento conjunto, 39% das
mulheres não receberam nenhuma orientação sobre este aspecto, Liberdade
de movimentos durante o trabalho de parto. A mulher pode caminhar sem
restrições, 7% das entrevistadas foram incentivadas a caminhar, e 93% não
foram incentivadas a deambular, isto contribui para um parto com maiores
chances de complicações. Relaxamento para aliviar a dor. Pode ser
massagem, banho morno ou qualquer forma de relaxamento. Constatou-se que
44% das entrevistadas foram beneficiadas com pelo menos uma das medidas
para o alívio da dor, sendo que 66% não receberam nenhum dos cuidados.
Não basta somente a presença física do profissional, deve-se também oferecer
atividades de apoio emocional e conforto físico, objetivando o alívio da dor.
Parto seguro, sem muitos procedimentos que podem até atrapalhar em vez de
ajudar. É importante verificar sempre as contrações e escutar o coração do
bebê. Com relação a essas condutas, 89% das mulheres realizaram a aferição
da pressão arterial, 96% tiveram a freqüência cardíaca fetal auscultada, e 67%
tiveram a dinâmica uterina monitorada. Isso mostra que as intervenções não
invasivas estão sendo realizadas, porém de forma não satisfatória, uma vez
que estes procedimentos deveriam ser realizados em todas as mulheres. Em
relação aos toques vaginais, 94% foram submetidas a tal procedimento.
Alojamento conjunto, para que o bebê fique o tempo todo perto da mãe. Sendo
o recém-nascido saudável, é importante manter logo após o seu nascimento o
vínculo com mãe, 97% das mães permaneceram com os bebês nos quartos.
Apenas 3% (por necessidades fisiológicas específicas e cuidados com o bebê)
não tiveram a mesma oportunidade, mostrando que apenas em casos
especiais este direito não é concedido Respeito. A mulher deve ser chamada
pelo nome, ter privacidade, ser atendida em suas necessidades, informá-la
sobre os diversos procedimentos a que será submetida, esclarecer suas
dúvidas e amenizar sua ansiedade. A qualidade do serviço prestado às
mulheres, não foi satisfatório, já que 43% avaliaram o atendimento como bom,
41% como regular, e 16% como ruim. O estudo demonstrou que 67% das
mulheres voltariam a mesma instituição em que estavam, e 33% não voltariam.
Esses resultados mostram que a confiança que a mulher deve ter na instituição
e, conseqüentemente, na equipe de saúde que a acompanha está baixa, já que
um número significativo das entrevistadas julgou o atendimento como
insatisfatório. Conclusão: Verificou-se que somente o item relacionado ao
alojamento conjunto está sendo aplicado corretamente dentro da proposta de
humanização. O não cumprimento dos itens preconizados após cinco anos de
sua implantação, mostra que as instituições de atenção ao parto ainda estão
longe de se adequar ao proposto, seja por conta do desconhecimento da
equipe acerca das diretrizes, seja por não estarem ainda sensibilizados para a
importância das práticas humanizadoras na promoção da saúde. Há falhas
quanto à adequação da estrutura física das instituições, interferindo na
qualidade do atendimento humanizado,no que se refere à acomodação e
adequação de espaço físico, tanto na sala de pré-parto, parto, como na
unidade de internação para acomodação e permanência de acompanhantes.
Existem outros impedimentos para o correto desenvolvimento de um
atendimento humanizado, como as barreiras técnicas. Técnicas consideradas
como constrangedoras e desnecessárias, como o toque vaginal repetitivo e
sem critérios e ou necessidade, bem como a alta incidência de partos
cesáreos, poderiam ser eliminadas se os profissionais considerassem e
utilizassem corretamente os instrumentos de avaliação e acompanhamento do
parto como o partograma. Tanto as mulheres, como a equipe de saúde
necessitam de conhecimento e compreensão acerca das práticas
humanizadoras, pois a assistência integral, equânime e de qualidade é um
direito da mulher garantido na constituição e referendado pelas diretrizes do
sistema único de saúde vigente em nosso país.Concluímos que os
profissionais de enfermagem devem mudar as atitudese repensar os valores e
práticas vivenciados, reconhecendo sua importância como membro da equipe
de saúde na assistência à mulher e ao neonato.A falta de meios efetivos de
comunicação é um grande entrave para avanços esperados, pois foi
identificado alto grau de insatisfação das usuárias por falhas de comunicação e
informações adequadas, o que se ocorresse de forma efetiva traria maior
transparência e eficácia nas relações interpessoais. Os fatores pessoais são
uma das principais fontes de avanços nos processos de saúde e na
implantação de programas e projetos de melhoria da qualidade de assistência.
O termo humanização do parto se refere a uma multiplicidade de ações que
configuram um conjunto amplo de propostas de mudanças nas práticas,
trazendo ao cotidiano dos serviços conceitos novos e desafiadores. Assistir as
mulheres no momento do parto e nascimento com segurança e dignidade é o
compromisso que todo profissional da área de saúde deve assumir.
Palavras chave: humanização, puérperas, assistência ao parto
Bibliografia:
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde – Área Técnica
de Saúde da mulher. Parto, Aborto e Puerpério: assistência humanizada à
mulher. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.
BRASIL, Ministério da Saúde. Programa Nacional de Humanização da
Atenção e Gestão no Sistema Único de Saúde - Humaniza SUS. Brasília:
Ministério da Saúde; 2000.
BURROUGHS, A. Uma introdução à enfermagem moderna. 6ª edição. Artes
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CARVALHO, G. M. Enfermagem obstétrica. São Paulo: Pedagógica e
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PITTA, A.M.F. Avaliação como processo de melhoria da qualidade de
serviços públicos de saúde. Revista de Administração Pública, v. 22, n. 2, p.
44-61, 1992.
Helena Ângela de Camargo Ramos – Enfermeira, Mestre em Ciências da Saúde,
Docente do Depto. de Enfermagem da Universidade Estadual do Centro Oeste UNICENTRO
[email protected]
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a ação da equipe saúde da família promovendo a diminuição da mo