CATARATA, TRAUMATOLOGIA, RETINA CIRÚRGICA
08:50 | 11:00 - Sala Vega
Mesa: Adriano Aguilar, Angelina Meireles, Filipe Henriques
VD29- 09:20/09:30
LENTE INTRA-OCULAR FÁQUICA RÍGIDA DE FIXAÇÃO À IRIS – NOVA ABORDAGEM NA CIRURGIA DE
CATARATA
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Marta Guerra , Marco Rego , Paula Bompastor-Ramos , João Pedro Marques , Inês Laíns , João Póvoa ,
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Conceição Lobo , Joaquim Neto Murta
(1-Departamento de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, 2-Departamento de Oftalmologia
do Centro Hospitalar Espírito-Santo, Évora)
Introdução:
O número de indivíduos com lentes intraoculares fáquicas (LIOf) tem vindo a aumentar nos últimos anos. Estudos
com seguimento prolongado referem perfil de segurança no implante LIOf relativamente ao aparecimento pósoperatório de catarata e diminuição da contagem de células endoteliais. Contudo o desenvolvimento tardio de
catarata após implante de LIOf pode ocorrer. A cirurgia combinada de catarata e extração de LIOf neste grupo de
doentes é cada vez mais frequente e desafiante, tornando-se necessário definir novas abordagens cirúrgicas.
Com este vídeo pretende-se apresentar uma técnica cirúrgica inovadora de cirurgia de catarata e posterior explante
de lente LIOf rígida de fixação à íris.
Material e métodos:
Análise retrospetiva dos exames biométrico, paquimétrico, tomografia de coerência ótica, densidade de células
endoteliais e topografia corneana realizada no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, com registo fotográfico
e audiovisual. Realizou-se uma nova abordagem cirúrgica de catarata numa doente com LIOf. Após incisão
corneana de 2.75mm e injeção de viscoelástico dispersivo para proteção endotelial, o háptico temporal da LIOf
rígida implantada na íris foi libertado e enclavado às 7h. Epinefrina intracamerular foi injetada para proceder à
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facoemulsificação - ultrasonic OZIL tip - INFINITI , Alcon, USA - sob boa midríase. Realizou-se facoemulsificação e
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inserção LIO de câmara posterior - LIO Acrysoft - no saco capsular, sem intercorrências. Posteriormente, a incisão
corneana foi alargada (5.5mm) para permitir remoção de LIOf.
Resultados:
Mulher de 37 anos submetida a implante de LIOf do olho direito (OD) há 4 anos por alta miopia - 23 dioptrias (D) no
OD e 20D no olho esquerdo (OE) - que à primeira observação no nosso centro hospitalar apresenta diminuição da
acuidade visual no OD. No primeiro ano após implante, a AV não corrigida (AVNC) registada foi 20/20
bilateralmente. Na última avaliação oftalmológica, 4 anos após implante de LIOf, a melhor AV corrigida (MAVC)
diminuiu para 20/63 à direita por catarata nuclear e subcapsular presente ao exame biomicroscópico. A contagem
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de células endoteliais pré-operatória foi de 2785 células/mm . Não se registaram intercorrências ou complicações
durante a cirurgia ou no período pós-operatório. Um mês após cirurgia verificou-se melhoria anatómica e funcional:
AVNC de 20/25 do OD e sem de perda significativa de células endoteliais.
Conclusão:
A nova técnica cirúrgica apresentada constitui um procedimento seguro e eficaz para a cirurgia de catarata em
doentes com LIOf rígidas. Além de garantir estabilidade da câmara anterior, apresenta um menor risco de
astigmatismo elevado pós-operatório – a sutura só é realizada no fim da cirurgia. Apesar de representar um desafio
cirúrgico, esta nova abordagem foi segura e eficaz, com melhoria substancial da AV da doente e sem perda
significativa de células endoteliais.
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