Sociologia da infância: algumas questões Psicologia do desenvolvimento I 2009.2 Sociologia da infância Década de 90: primeiras discussões A constituição do campo: definição de um conjunto de objetos sociológicos específicos: infância - criança como ator social um conjunto de referenciais teóricos um conjunto de investigadores implicados no desenvolvimento empírico e teórico do conhecimento Sociologia da infância Resgate da infância: Perspectivas biológicas Perspectivas psicológicas Construção social da infância e representações e imagens historicamente construídas sobre e para as crianças Sociologia da infância Sociologia da infância Sociologia da infância Sociologia da infância Sociologia da infância Sociologia da infância Sociologia da infância Sociologia da infância: negatividade da infância Infância: idade do não-falante A criança separada e excluída do mundo social Aluno: sem-luz; quem está em processo de criação, de dependência, de trânsito Inimputáveis; juridicamente incompetentes Interdições sociais: não votar, não eleger nem ser eleito, não se casar nem constituir família, não trabalhar nem exercer uma atividade econômica, não conduzir, não consumir bebidas alcoólicas etc. Sociologia da infância: negatividade da infância Representação sócio jurídica da infância por fatores de exclusão A idéia de menoridade não pode nem sabe defender-se não pensa adequadamente não tem valores morais Sociologia da infância: negatividade da infância Medidas de proteção inefetivas Vulnerabilidade estrutural das crianças cenários de guerra calamidades como a fome ou doenças exploração sexual escravatura trabalho infantil Sociologia da infância: negatividade da infância Interdição simbólica: pensar as crianças a partir da positividade das suas idéias, representações, práticas e ações sociais Olhar sobre práticas culturais e sociais de outras formações sociais Permitir encontrar representações da infância que não se caracterizam pela exclusão das crianças da vida coletiva Inclusão das crianças em práticas sociais comumente consideradas como adultas Sociologia da infância: negatividade da infância Morte da infância (Postman, 1983) As “encruzilhadas” da infância contemporânea realçam a sua diferença como categoria geracional distinta, nos planos estrutural e simbólico (Sarmento, 2004) Considerar a diversidade das condições de existência das crianças e seus efeitos e conseqüências sociais Sociologia da infância: geração Fenômeno de natureza essencialmente cultural “Grupo de pessoas nascidas na mesma época, que viveu os mesmos acontecimentos sociais durante a sua formação e crescimento e que partilha a mesma experiência histórica sendo esta significativa para todo o grupo, originando uma consciência comum, que permanece ao longo do respectivo curso de vida” Sociologia da infância: geração A geração na análise dos processos de estratificação social e na construção das relações sociais Classe, gênero e raça: efeito dessas variáveis a partir da ótica geracional Sociologia da infância: geração Tensões potenciadoras de mudança social: a ação de cada geração em interação com as imediatamente precedentes Relações inter e intrageracionais Crianças interagindo com crianças Crianças interagindo com adultos Sociologia da infância: geração Infância e Crianças crianças são atores sociais concretos que em cada momento integram a categoria geracional definida como infância A infância atualiza-se na prática social Variações demográficas, relações econômicas, políticas públicas, as práticas cotidianas e os estilos de vida de crianças e de adultos Sociologia da infância: diversidade Condições sociais como principal fator de diversidade dentro do grupo geracional As especificidades biopsicológicas percorrem diversos subgrupos etários e variam a sua capacidade de locomoção, de expressão, de autonomia de movimento, de ação etc. Como seres sociais distribuem-se pelos diversos modos de estratificação social classes sociais, grupos étnicos, gêneros, religiões, espaço Sociologia da infância: alteridade Crianças como atores sociais: interações A psicologia do desenvolvimento: promotora de uma representação social da infância sustentada na incompletude, na incompetência e na imperfeição das formas de pensamento Mudança de paradigma: ação das crianças e as culturas da infância Sociologia da infância: alteridade Culturas da infância: espaço e tempo relações sociais globais relações inter e intrageracionais A “competência” das crianças são capazes de formularem interpretações da sociedade, dos outros e de si próprios, da natureza, dos pensamentos e dos sentimentos Sociologia da infância: alteridade As crianças e a alteração da lógica formal dos objetos Deslocam os princípios lógicos estruturantes das gramáticas culturais adultas navegam entre o real e o imaginário Jogos e brincadeiras: o objeto não perde a sua identidade própria e é, ao mesmo tempo, transmutado pelo imaginário Sociologia da infância: imaginário e culturas infantis Experiência de situações através dos jogos e de construções imaginárias dos contextos de vida Possibilidade de criar um outro mundo, mesmo em condições adversas Sociologia da infância: imaginário e culturas infantis O imaginário infantil e as correntes teóricas da psicologia Freud: expressão do princípio do desejo sobre o princípio da realidade; jogos simbólicos como expressões do inconsciente, não há formação da censura. Piaget: expressão do pensamento autístico da criança, eliminado no processo de desenvolvimento e construção do pensamento racional. Sociologia da infância: imaginário e culturas infantis O imaginário infantil concebido como expressão de déficit As crianças imaginam o mundo porque falta um pensamento objetivo ou por não-formação dos seus laços racionais com a realidade Déficit: negatividade na definição da criança Sociologia da infância: imaginário e culturas infantis Os jogos de criança e adulto não se diferenciam por “maturidade”, mas por uma transposição imaginária do real comum a todas as gerações Ordem da diferença x Ordem do déficit Sociologia da infância: imaginário e culturas infantis Formas culturais produzidas para as crianças cultura escolar; indústria cultural: literatura infantil, jogos, brinquedos, cinema, bandas, festas etc.; produção e recepção: conformidade com o imaginário infantil, as crianças não são receptoras passivas. Sociologia da infância: imaginário e culturas infantis Formas culturais produzidas pelas crianças jogos/brincadeiras infantis: patrimônio preservado e transmitido pelas crianças; modos de significação e usos da linguagem: desenvolvem-se nas relações de pares. Sociologia da infância: imaginário e culturas infantis A construção das culturas da infância reflexo de uma cultura da infância sobre a outra; relações intergeracionais; produções culturais dos adultos para as crianças; produções culturais das crianças na interação com os seus pares. Sociologia da infância: para uma gramática das culturas da infância Todas as crianças são socialmente submetidas à freqüência escolar A escola como uma instituição orientada para um único grupo geracional Incapacidade de sobreviverem sozinhas: cuidado dos adultos Modos diferenciados de interpretação do mundo e de simbolização do real Sociologia da infância: para uma gramática das culturas da infância Analisar as culturas infantis na semântica: processo de referenciação e significação das crianças na sintaxe: nas regras de articulação dos elementos simbólicos na morfologia: as formas que assumem os elementos constitutivos da infância na pragmática: relações de comunicação que se estabelecem entre pares Sociologia da infância: para uma gramática das culturas da infância A interatividade: as culturas infantis são culturas de pares a convivência com o outro permite à criança exorcizar medos, construir fantasias, representar cenas cotidianas, estabelecer fronteiras de exclusão/inclusão etc. Sociologia da infância: para uma gramática das culturas da infância A ludicidade: o jogo é constitutivo do processo de formação cultural (Winnicott) brincar não exclusividade da infância as crianças brincam devotadamente, enquanto os adultos oscilam entre brincadeiras e “atividades sérias” brincar como condição de aprendizagem de sociabilidade Sociologia da infância: para uma gramática das culturas da infância Brincar, jogar e brinquedo estruturar e reestruturar as rotinas de ação estabelecer protocolos de comunicação reforçar as regras/rituais dos jogos adquirir competência de interação: trocar pequenos segredos, decodificar sinais cotidianos no grupo, estabelecer pactos de relação de pares Sociologia da infância: para uma gramática das culturas da infância O jogo simbólico e a construção de sentidos pela criança O “faz-de-conta” é processual: permite às crianças continuar o jogo da vida de forma aceitável A transposição de objetos e de sentimentos: intervenção na realidade social Sociologia da infância: redescobrir traços da infância