Prof. Rogério César
Economia de Recursos Naturais – Cap. 1
Capítulo 1
Introdução à Economia de Recursos Naturais
1. Conceito de Economia
•
Economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade decidem como empregar
os recursos produtivos escassos para produzir bens e serviços e distribuí-los entre
as várias pessoas e grupos.
•
A ciência da alocação dos recursos escassos entre usos competitivos.
•
Palavras-chaves: escassez, recursos, alocação, agentes competitivos.
2. Suposições Básicas da Economia Neoclássica
i. Os consumidores procuram maximizar sua satisfação (utilidade) e produtores
procuram maximizar seu lucro (receita – custos).
ii. Desejos e quereres ilimitados (insaciáveis) de forma que mais é preferível a
menos e nós sempre queremos mais.
iii. As pessoas se comportam de forma consistente e previsível. Em outras palavras, o
comportamento humano é racional.
iv. Os gostos das pessoas são fixos, porém as preferências das pessoas podem mudar,
como de fato mudam.
3. Visão Detalhada das Palavras-chaves
3.1. Escassez
•
Os recursos e bens não existem em quantidade suficiente para atender o
desejo de todas as pessoas (consumidores).
•
Não se pode ter tudo o que se quer quando se deseja.
•
É a restrição da insaciedade.
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Escassez simplesmente significa que os recursos são limitados e a economia
provém uma estrutura para a alocação destes recursos eficientemente.
•
3.2. Recursos
•
Em termos econômicos gerais, recursos são a terra, trabalho, capital e
tempo.
•
Os recursos são vistos como um insumo para a produção de bens, os quais
geram utilidade.
•
Na economia o ambiente é visto como um capital composto que provêm
uma variedade de serviços: sistemas de suporte à vida; beleza estética;
ambientes naturais para esporte; matéria-prima (madeira, minerais, solo);
energia; ar que respiramos; nutrição (alimentação); abrigo (moradia);
roupas; amenidades (tranqüilidade).
•
Na economia dos recursos naturais e ambientais damos atenção a terra e
tempo quando a terra representa todas as coisas naturais (i.e., florestas e
outras vegetações que têm a terra como suporte, a água que flui acima e
abaixo dela, os minerais que são extraídos dela, a vida animal e insetos que
vivem dela, o ar que repousa acima dela, e a beleza cênica que ela provém).
A terra é também expandida para considerar os recursos marinhos.
•
Os sistemas econômicos são sistemas para a distribuição desses recursos
escassos para os indivíduos que os valoram.
•
Em geral, à medida que os recursos naturais ficam mais escassos,
valoramos as unidades remanescentes mais pesadamente. Por
exemplo, se a quantidade de óleo remanescente ficar escasso, o preço
do óleo (ou o valor das unidades remanescentes) é provável de ficar
mais elevado.
Exemplos de recursos escassos:
1. Recursos renováveis:
•
Crescem no tempo de acordo com o processo biológico, tais como
os recursos vivos, peixes e madeira (florestas).
•
Embora as florestas e a pesca sejam renováveis por si mesmos, eles
não são ilimitados. Podem ser extremamente caros, mas os
humanos podem explorá-los até a extinção. Em alguns exemplos,
os custos têm sido baixos o bastante para nos permitir extinguir
algumas espécies.
2. Recursos não-renováveis:
•
São aqueles para os quais não há reposição - uma vez usados, eles
desaparecem - tais como as reservas de petróleo e os depósitos
minerais não-energéticos.
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Óleo ou gás natural são claramente limitados. Eles existem em
reservas em torno do mundo, mas eles se regeneram tão lentamente
que são considerados não-renováveis, pelo menos dentro do nosso
tempo de vida.
3. Recurso Ambiental:
•
Alagados ou ecossistemas naturais provém um bom exemplo de
recursos ambiental escasso. Se os humanos não existissem na terra,
os alagados existiriam em todo o globo, mas eles não existiriam em
todos os lugares. Eles são, portanto limitados. Como as atividades
humanas têm convertido alagados naturais para outros usos, tais
como casas e fazendas, os alagados têm ficado mais escassos.
3.3. Alocação
•
É a forma como os bens são distribuídos entre os agentes competitivos.
•
A alocação pode ser eqüitativa (todos obtém uma parte igual) ou não de
forma desigual.
•
Se uma alocação de bens é eqüitativa é uma questão que deve ser abordada
pela Economia do Bem-estar e a Política.
•
Agentes competitivos: você e eu.
Qual é o ponto central desta questão?
Com os desejos insaciáveis, mas com recursos escassos, a pessoa
A tenta obter o quanto for possível antes da pessoa B. Isto
maximiza a satisfação de A. Além do mais, A tem bens que B
quer, e B tem coisas que A quer. Isto dar origem à competição
econômica e a necessidade de um mercado onde os bens podem
ser trocados. Assim, nasce um mercado. Esta é a essência da
economia.
4. Sub-divisão da Economia
4.1. Economia ambiental
•
Estuda o fluxo de resíduos e seus impactos resultantes na natureza.
•
Estuda as razões porque os problemas ambientais existem e como eles
poderiam ser corrigidos.
•
Está preocupada principalmente com as falhas de mercado e com aquelas
falhas que afetam a alocação (ou mal alocação) dos recursos ambientais.
•
Os recursos ambientais são aqueles que são avaliados em medidas de
qualidade ao invés de medidas de quantidade.
Por exemplo:
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Os problemas ambientais surgem da falha do mercado e, dependendo da
natureza desta falha, diferentes políticas podem ser aplicadas que melhorem
ou corrijam o problema.
4.2. Economia dos recursos
•
Estuda a natureza e seu papel como fornecedor de matéria prima.
•
Investiga as tentativas humanas de balancear a preservação e o uso do
ambiente ao longo do tempo.
•
A economia dos recursos é o estudo da alocação dos recursos escassos para
usos alternativos (ou agentes) através do tempo.
•
Procura determinar “o caminho ótimo da extração dos recursos” que atenda
as necessidades de consumo dos consumidores (gerações) presentes e
futuros.
•
A economia dos recursos naturais está preocupada em como os mercados
utilizam os recursos naturais eficientemente. O uso eficiente dos recursos
naturais considera apenas os componentes de mercado sem uma discussão
das falhas de mercado.
Por exemplo:
As florestas colocam-se em ambas as categorias de recursos naturais e
ambientais. Como recurso natural, eles podem ser alocados para os usuários
através da corte da madeira. Como recursos ambientais, podem ser
valorados com ecossistemas completos sem corte da madeira.
4.3. Economia Positiva
•
A Economia Positiva tenta descrever “o que é”, “o que foi”, ou “o que será”;
contradições neste tipo de análise podem ser esclarecidas através de fatos.
•
Consiste em explicar como os sistemas econômicos funcionam e provêm
informações sobre benefícios e custos das políticas.
Por exemplo: uma economia positiva estabelece que a nova política resultará
numa taxa de desemprego de 10%.
4.4. Economia Normativa
•
A Economia Normativa trata de “como deveria ser”; contradições neste tipo
de análise podem ser eliminadas através de julgamento de valor; o objetivo
desta abordagem é maximizar o valor do capital.
•
Consiste em sugerir como as políticas devem ser feitas. Ao invés de
simplesmente explicar os conflitos, a Economia Normativa envolve os
julgamentos de valores sobre o que seja o melhor curso de ação.
Por exemplo: uma economia normativa estabelece que a taxa de desemprego
deve ser abaixo de 2%.
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5. O Que é um Problema Econômico?
•
O problema básico que embasa todas as questões econômicas é a existência
combinada de recursos escassos (ou bens), desejos ilimitados, e rivalidade
em consumo.
•
Um bem é rival em consumo se o consumo de um bem pelo indivíduo A
implica que o indivíduo B não pode consumir aquele mesmo bem.
•
Um bem é um bem econômico se for desejável para consumo; escasso; e
rival em consumo.
•
O problema econômico básico é aquele da escassez, não saciedade, e
rivalidade que força a decisão entre usos alternativos (tomada-de-decisão).
•
Economia é também o estudo de como as pessoas tomam decisões e, se
escolhas erradas estão sendo feitas, que incentivos pode ser usado para mudar
o comportamento de forma a melhorar as escolhas feitas.
•
Na economia, as decisões são feitas baseadas nos custos de oportunidade.
•
O custo de oportunidade são as oportunidades de
renda/produção/consumo abandonadas para manter uma atividade
corrente.
•
O custo de oportunidade é o valor em reais que se deixa de ganhar ao
se abandonar uma alternativa.
6. Uma Discussão sobre Valor
•
O conceito econômico do valor é determinado pelo homen (i.e. é
antropocêntrico). Isto significa que os bens, sejam aqueles usados pelo
mercado ou não, não têm valor, a menos que os homens coloquem valor para
eles. Isto nos permite mensurar os valores de mercado e não-mercado usando
os instrumentos monetários, tais como reais.
•
Os filósofos, ambientalistas, e recentemente os economistas têm sugerido que
isto é um modo impróprio de valorar os recursos ambientais. O argumento é
que os recursos ambientais têm valor independente se os humanos colocam
valores para eles. Isto sempre é considerado com valor intrínseco.
•
As características de um bem econômico – desejável, escasso, rival – dão
origem ao valor que somente pode ser capturado se possuirmos o bem
(propriedade exclusiva).
•
Com propriedade eu posso escolher trocar o bem econômico por outro bem
econômico. Esta troca dá origem ao que é chamado um mercado.
•
Mas o mercado funciona bem (é o que nós chamamos eficiente) somente com
bens econômicos para o qual existe direito de propriedade bem definido e
não-revogável.
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O que é valor?
VET = VU + VO + VE + VH
Valor Econômico Total (VET): é o valor de todos os benefícios
(mercado e não-mercado) derivado de um bem, recurso ou amenidade
ambiental.
Valor de Uso (VU): é o valor derivado num mercado a partir do uso atual
do bem, recurso ou amenidade ambiental.
Por exemplo: tipos de uso de uma floresta.
Usos consuntivo: colheita de árvores, pesca e caça.
Usos de não-consuntivo: caminhada, acampamento, e observação de
animais silvestres.
Usos de recreação: pesca, caça, acampamento, e observação de animais
silvestres.
Valor de Opção (VO): é o valor ou a disposição-a-pagar (DAP) para
preservar a opção de ter um recurso insubstituível disponível para uso
futuro. O bem ser insubstituível, irreversível, incerto e único são os
elementos chave na determinação deste valor.
Valor de Existência (VE): é também chamado Valor Intrínseco (VI) ou
valor de não-uso. É o valor ou a DAP da pessoa baseado no conhecimento
que o recurso existe e é preservado num estado particular. O VE é
completamente independente do valor de uso ou opção.
Por exemplo: Arara-azul
Valor de Herança (VH): é o valor ou satisfação que uma pessoa deriva
por saber que um recurso estará disponível para as futuras gerações. Um
bem ser insubstituível, irreversível, incerto e único são elementos chave na
determinação deste valor.
•
O valor que colocamos em algo (ou o benefício que derivamos de alguma
coisa, nosso DAP) é complexo e uma função de quatro importantes
características.
i. Ser Único: quanto menos substitutos para um bem, recurso ou amenidade
ambiental, maior será o VET.
ii. Insubstituível: se um bem, recurso ou amenidade ambiental é
suficientemente único que é insubstituível quando perdido (i.e., extinção),
maior será o VET.
iii. Irreversibilidade: se um bem, recurso ou amenidade ambiental é sujeito à
ações que resultará em prejuízo que nunca pode ser reparado (i.e.,
extinção), maior será o VET.
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iv. Incerteza: se não estamos certos dos danos que ocorrerá a um bem,
recurso ou amenidade ambiental como resultado de alguma ação, mas
irreversibilidade é uma possibilidade, maior será o VET.
•
Economistas descrevem conflitos para diferentes bens e serviços em
termos de unidades monetária, i.e. U.S. dólar ou Reais do Brasil.
Por exemplo: Se você tivesse R$ 10,00 você compraria um BigMac ou
almoçaria no peso.
•
O economista ambiental usa as unidades monetárias para descrever os
conflitos entre o mercado e os bens de não-mercado.
•
Os bens de não-mercado são coisas que valoramos, mas essas coisas não são
transacionadas formalmente no mercado.
Por exemplo:
i. Deveríamos continuar a cortar árvores em terras de florestas públicas?
Esta questão revolve em torno do valor de mercado das árvores como uma
mercadoria e o valor de não-mercado do ecossistema como um recurso
ambiental. Os valores de não-mercado podem incluir os usos recreativos,
ciclos de nutrientes, e seqüestro de carbono.
ii. Se o ar puro é uma meta, com devemos regular as indústrias que poluem o
ar? O governo tem à sua disposição uma gama de mecanismos para forçar
as firmas a reduzirem a poluição do ar. Pode simplesmente estabelecer
padrões para cada firma, pode estabelecer taxas de descarga de poluentes,
ou pode prover os mecanismos de mercado para permitir as firmas a
estabelecerem seus níveis de poluição por si mesmas tão logo a poluição
do ar seja melhor do que os padrões.
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