Centro Universitário Filadélfia
Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica
Patricia Bossolani Charlo Sanches
Sandra Aparecida Batista
Influência da Cirurgia Bariátrica na Prematuridade: revisão
bibliográfica
Londrina
2012
Patricia Bossolani Charlo Sanches
Sandra Aparecida Batista
Influência da Cirurgia Bariátrica na Prematuridade: revisão
bibliográfica
Monografia apresentada ao curso de Especialização em
Enfermagem Obstétrica do Centro Universitário Filadélfia
- UniFil, como requisito para a obtenção do título de
Especialista.
Orientadora: Prof. Dra. Damares Tomasin Biazin
Londrina
2012
ii
Patricia Bossolani Charlo Sanches
Sandra Aparecida Batista
Influência da Cirurgia Bariátrica na Prematuridade: revisão
bibliográfica
Monografia apresentada ao Centro Universitário Filadélfia- UniFil, como requisito para a obtenção do
título de Especialista em Enfermagem Obstétrica,, com nota final igual a _______, conferida pela Banca
Examinadora formada pelos professores:
Profª. Dra Damares Tomasin Biazin
Orientadora
Prof. Ms.Evanira Luiza Janjacomo Chiquetti
Membro da Banca Examinadora
Londrina, _____de ___________de 2012.
iii
Dedico a Deus esse trabalho, por toda a força, coragem
e capacidade para superar todos os obstáculos,
permitindo a realização deste grande sonho.
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus pela força e coragem durante toda essa jornada.
Aos nossos pais por toda confiança depositada em nós, desde pequena nos incentivando a
crescer e amadurecer academicamente cada vez mais.
Aos nossos esposos pelos incansáveis momentos de incentivo e demonstração de amor com
paciência soube conter nossos momentos de ansiedade e desespero e alegrias.
Ao meu filho (Arthur) que amo incondicionalmente.
A nossa orientadora pela paciência e credibilidade depositada em nós.
Obrigada por tudo mesmo.
v
“A enfermagem é uma arte; e como arte requer
uma devoção tão exclusiva, um preparo tão
rigoroso, como uma obra de qualquer pintor ou
escultor. Mas o que é tratar da tela inerte ou do
frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo
– o templo de espírito de Deus? É uma das mais
belas artes, pode-se dizer a mais bela de todas”.
(Florence Nightingale)
vi
SANCHES, P. B. C.; BATISTA, S. A. Influência da Cirurgia Bariatrica na Prematuridade – revisão
bibliográfica. 2012. 21fs. Monografia (Especialização em Enfermagem Obstétrica). Centro
Universitário Filadélfia – UniFil, Londrina – Pr., 2012.
RESUMO
A obesidade é o aumento da gordura corporal e do peso, obtido através do peso em kg dividido pelo quadrado
da altura em metros. Estima-se que no Brasil, 1,5 milhão de pessoas são obesos. Na gestação, a obesidade
pode agravar ou desenvolver doenças pré-existentes, aumentando os riscos de morte materna e fetal, devido à
sobrecarga dos seus órgãos. Um tratamento para a obesidade mórbida são as cirurgias bariátricas que resulta
na perda de peso de até 60% a longo prazo. Entretanto, a gravidez após realização da gastroplastia precisa ser
estudada, pois é recomendado que se evite a gravidez dos 12 aos 18 meses, uma vez que as mudanças na
fisiologia digestiva podem acarretar uma deficiência na absorção de vitaminas, minerais e proteínas, causando
um déficit no crescimento fetal e na prematuridade. Assim, o objetivo deste estudo é realizar um levantamento
bibliográfico que comprove a influência da cirurgia bariátrica em relação à prematuridade. Foram utilizados
materiais nacionais e internacionais. Foram encontradas e estudadas 06 referências relacionadas ao assunto.
Assim por meio desses artigos, podemos inferir que são necessários mais estudos para indicar a influência da
cirurgia bariátrica na prematuridade.
Palavras-chave: Obesidade, prematuridade, cirurgia bariátrica.
ABSTRACT
The obesity is the increase of the body fat and weight which is obtained through of the weight in kilo divided by
square of the high in metres. It is estimated that 1,5 million of Brazilians are obeses. In gestation, the obesity can
aggravate and develop pre-existing diseases increasing the risks of maternal and foetal death due to overload of
their organs. A treatment for morbid obesity are the bariatric surgeries that provoke 60% of the weight loss in
long term. However, the pregnancy after achievement of the gastroplasty needs to be studied. So, it is
recommended that the pregnancy be avoided from 12 to 18 months, for changes in the digestive physiology
might provoke a deficiency in the vitamins, minerals and proteins absorption that is related to the lack of foetal
and prematurity growth. Thus, the aim of this study is to achieve a bibliographical survey that confirms the
influence of the bariatric surgery in relation to prematurity. Six national and international articles were read and
analysed. Through these articles, we might infer that it is necessary much more studies in order to indicate the
influence of the bariatric surgery in the prematurity.
Key-words: Obesity; prematurity; bariatric surgery.
vii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 08
2 MÉTODOLOGIA .............................................................................................................................. 10
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................................... 11
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................. 18
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 19
8
1 INTRODUÇÃO
Indubitavelmente a obesidade é considerada como um dos grandes problemas de saúde
pública atualmente, pois independente de sua abrangência atinge crianças, adolescentes ou adultos. É
considerada uma doença crônica multifatorial que correspondente ao acúmulo de tecido adiposo no
organismo (ADES; KERBAUY, 2002).
Entretanto, a obesidade é resultante de um fator genético, ou a interação com o meio
ambiente, pois famílias que apresentam em sua constituição um ou mais indivíduos obesos tem a
prevalência de 2 a 8 vezes maior de aparecerem novos integrantes. Contudo a genética desenvolve
papel indiscutível nessa proporção, alterada somente por fatores ambientais que aumentam ou pelo
menos limitam todo o ganho de peso individual (GARRIDO JR et al., 2006).
Um dos principais tratamentos atualmente para a obesidade são as cirurgias bariátricas,
procuradas por muitas pessoas com a esperança de resolutividade do ganho excessivo de peso e da
melhoria da qualidade de vida (BUCHWALD et al., 2004).
Observa - se grande aumento da obesidade em mulheres em idade fértil, fato este que vem
causando preocupações em especialistas da área, principalmente se essas mulheres iniciarem um
processo gestacional com a obesidade, podendo existir alguns fatores responsáveis pelas alterações
do processo gestacional, que para algumas mulheres não se resumem em simples e maravilhosos
momentos, como câncer de mama e útero, infertilidades, diabetes mellitus gestacional, apnéia
obstrutiva do sono, desordens reprodutivas e abortos (GARRIDO JR et al., 2006).
Segundo Rezende e Montenegro (2006) no puérperio essas mulheres que tiveram a gravidez
concomitantemente com a obesidade podem apresentar filhos com macrossômias, em um percentil
significativo de 1,2 a 1,8 vezes mais frequentes quando tem seu peso ideal na gestação. Entretanto, se
essa obesidade for relacionada com o período pré gestacional essa associação é mais comumente
utilizada, contudo se o ganho de peso durante toda a gestação for moderado, a macrossômia passa a
ser associada com os níveis de glicemia materna alterados, com um certo enfoque na presença de
diabetes gestacional.
O aumento do peso durante uma gravidez tem sido objeto de estudos por muitos autores,
pois, é descrito como um fator determinante para a retenção de peso após o parto (REZENDE e
9
MONTENEGRO, 2002). Acredita-se que quanto maior o número de filhos, maior será as chances de
uma mulher desenvolver obesidade (KAC; MÉLENDEZ; COELHO, 2001).
O estado nutricional pré gestacional incluindo o ganho de peso ponderal tem implicações
diretas na saúde materno-infantil, visto que a alimentação inadequada pode acarretar alterações
genéticas individuais e complicações perinatais e enfermidades na vida adulta (ASSUNÇÃO et al.,
2007).
A dificuldade de controlar o ganho excessivo de peso pode levar á obesidade mórbida, cujo
principal tratamento tem sido a cirurgia bariátrica, que leva á perda do peso excessivo. Segundo
Buchwald et al. (2004) essa perda pode chegar a 60% do peso total em longo prazo. A cirurgia
bariátrica é definida como é um conjunto de técnicas cirúrgicas destinadas à promoção da redução do
peso corporal e ao tratamento de comorbidades através da redução do estomago.
As autoras deste trabalho, tem observado em suas práticas profissionais como enfermeiras,
altos índices de gestantes em trabalho de parto prematuro, cujas mulheres foram submetidas a
cirurgias bariátricas antes de ficarem grávidas. Esta constatação levou o seguinte questionamento: a
cirurgia bariátrica tem relação com a prematuridade no nascimento destes bebês?
Assim, justifica-se o desenvolvimento deste estudo que é de extrema importância, pois,
espera-se levar a uma abrangência no conhecimento e aprofundamento do assunto, respondendo ao
questionamento e elucidando os motivos da ocorrência desse problema, podendo assim, disponibilizar
material ao profissional de saúde para melhorar sua assistência e orientação á mulher em todo o seu
planejamento familiar, principalmente quando esta foi submetida a algum tipo de cirurgia bariátrica.
Diante do exposto, é objetivo deste estudo realizar um levantamento bibliográfico que
comprove a influência da cirurgia bariátrica em relação à prematuridade.
10
2 METODOLOGIA
Este estudo foi conduzido por meio de uma Pesquisa Bibliográfica, que segundo Biazin e
Scalco (2008, p.76) é aquela que é desenvolvida a partir de material já elaborada, constituído
principalmente de livros e artigos científicos e se caracteriza como “uma análise aprofundada sobre o
tema”.
A pesquisa foi desenvolvida a partir do material previamente elaborado, realizando uma
busca ativa de informações em livros e periódicos nas bases de dados do Centro Latino Americano e
do Caribe, de informações em Ciências da Saúde (BIREME, LILACS), além da Biblioteca Virtual Scielo
nos últimos cinco anos (2007 a 2011), possibilitando a aplicação e ampliação de conhecimentos
teóricos científicos acerca do assunto.
Para melhor desempenho na busca foram utilizadas algumas palavras-chave como cirurgia
bariátrica, distúrbios metabólicos, obesidade gestacional e prematuridade, utilizados materiais
nacionais e internacionais.
Todo o material obtido foi cuidadosamente analisado e apresentado de forma descritiva
durante todo o decorrer do trabalho. Os resultados da pesquisa foram demonstrados através da
descrição e discussão dos mesmos junto à literatura.
Foram encontrados cerca de 1.460 artigos sobre cirurgia bariátrica, correlacionando com o
processo gestacional encontrou-se 267 artigos e a relação entre prematuridade apenas 25 referências
bibliográficas, todas proveniente do LILACS e SCIELO. De posse das referências, procedeu-se à
exclusão daquelas que não apresentavam resumo e uma correlação efetiva entre a cirurgia bariátrica e
a prematuridade, ficando estas amostras constituídas por 06 artigos sobre a temática. Após a leitura de
cada artigo, deu-se início à fase de análise dos mesmos.
11
3 REVISÃO DE BIBLIOGRÁFICA
O significado da palavra saúde visto de um âmbito familiar corresponde simplesmente à
ausência de doença e o bem estar físico e mental, estando intimamente relacionado com a capacidade
de trabalho de uma pessoa ou o fato de exercer atividade simples (CERESER, 2004).
Assim, atualmente pela população a saúde é caracterizada pela boa apresentação física e a
estética, fato este que vem causando preocupações a pessoas com excesso de peso ou com
obesidade, que se sentem discriminadas nessa sociedade cada vez mais seletiva.
Segundo Duvekot (2005) é possível definir a obesidade como um processo da saúde, na qual
a principal característica é o aumento excessivo da gordura corporal e do peso, relacionam-se a essa
características pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior a 30 kg/m2, que
corresponde ao seu peso em quilos dividido pela altura ao quadrado (NACIONAL INSTITUTE OF
HEALLH, 1992).
Na prática, o Índice de Massa Corpórea (IMC), é obtido através do peso em kg dividido pelo
quadrado da altura em metros, cálculo simples e rápido que representa a relação de tecido adiposo
corporal. Entretanto o IMC não difere de gordura periférica ou de central, ou seja, de massa gordurosa
com massa magra, assim pode infelizmente superestimar o grau de obesidade em indivíduos
musculosos (MANCINI, 2003).
Indubitavelmente a obesidade é um problema de saúde pública, pois atinge cerca de um
terço da população adulta acima de 20 anos, por volta de 1 bilhão de adultos têm sobrepeso e outros
300 milhões estão obesos (CEFALU, 2006), esses valores isolados podem não causar tanto impacto,
entretanto ao se observar que trinta e dois e seis por cento são equivalentes a indivíduos com
sobrepeso e obesidade mórbida respectivamente, perfazendo um total de aproximadamente setenta
por cento. Esses índices aumentam diariamente em ambos os sexos e segundo a Organização Mundial
de Saúde, em 2015, em torno de cinquenta e quatro por cento das mulheres serão obesas (SANTO;
RICCIOPPO; CECCONELLO, 2010).
Ao analisar o excesso de peso em mulheres, é inevitável constatar o aumento de cinquenta
por cento de 1974 a 1989, e que desde então até 2003 os índices mantiveram-se estáveis ou houve até
um declínio, com exceção somente da região Nordeste que continuou tendo esse acréscimo (IBGE,
2004).
12
Um exemplo bem característico é nos Estados Unidos, na qual cerca de 64% da população já
se encontra em sobrepeso, e o mais assustador é que houve um aumento da obesidade mórbida de
0,8% para 4,7% apenas nos últimos 40 anos (ROBERTS; KING; GREENWAY, 2004).
Entretanto, no Brasil a estimativa é que 15% da população, e 1 a 2% da população adulta
apresentam obesidade mórbida, ou seja, 1,5 milhão de pessoas, que gera aos serviços públicos um
déficit de aproximadamente de 10% de gastos com saúde pública (GELONEZE; PAREJA, 2008).
Um fator muito relevante é que a obesidade não escolhe gênero, mais os transtornos e as
consequências são mais agravantes, além de todas as implicações da saúde, á mulher, pois está
diretamente relacionada à estética, principalmente em uma sociedade em que o padrão de beleza é
caracterizado por mulheres magras (HADDAD et al., 2003).
O aumento de peso, conhecido como obesidade é um distúrbio metabólico, no qual os
valores estão acima da média para a altura e como consequência desse transtorno há um acúmulo de
tecido adiposo. A prevalência de mulheres obesas tem crescido exageradamente, principalmente nos
países em desenvolvimento, índice observado com maior enfoque durante a gestação (SANTOS;
FERREIRA; NAVARRO, 2007).
Dependendo da localização desse tecido adiposo ocorre um acréscimo nos fatores de riscos
a todos os indivíduos, a presença de gordura intra abdominal é um dos principais motivos pelos
distúrbios metabólicos, caracterizados pela relação entre circunferência da cintura e do quadril (LEMOS
et al., 2010).
A obesidade não é um processo simples, ou seja, não se pode pensar apenas em obesidade
como um aumento na ingestão de calorias, e sim em mecanismos fisiopatológicos específicos e muito
complexos (CEFALU, 2006), e diferente do que inúmeras pessoas desejam, o tratamento por meios
comportamentais e tradicionais como dietas, exercícios e até mesmo medicamentos são ineficazes
para manter esse peso perdido primariamente, com maiores dificuldades direcionadas a obesidade
mórbida (EISENBERG et al., 2006; LIMA et al., 2006; GELONEZE; PAREJA, 2008).
Atualmente observa-se que a psicologia e psiquiatria tem oferecido uma atenção específica a
obesidade e suas consequências, como principais os transtornos psicossociais que aparecem
precedendo toda a cadeia de alterações mentais, são classificados como tais a depressão e a
ansiedade (VASQUES; MARTINS; AZEVEDO, 2004).
13
Em relação a alguns fatores étnicos e sociais, pesquisas revelam que tem maior prevalência
a obesidade nas classes mais elevadas economicamente, entretanto em classes pobres tem obtido um
acréscimo considerável. Em alguns estudos realizados em indígenas é possível observar que o grande
ganho de peso é relacionado com o fator de deixar seus hábitos culturais e passar a adotar hábitos
civilizados. Assim, a vida sedentária diminui o gasto energético, proporcionando diretamente no
aumento do peso nos humanos e animais, estimativas revelam que a diminuição dos gastos
energéticos é mais importante no favorecimento da obesidade que a ingestão de calorias (MANCINI,
2003).
Recentemente as tecnologias estão se aprimorando e inúmeros são os avanços nos
tratamentos dessas cormodidades, principalmente farmacológicos (BUCHWALD, 2005), porém, mesmo
com o adequado consumo dessas medicações os resultados são insatisfatórios, o que reduz a
qualidade e até mesmo as expectativas de vida (VALEZI et al., 2004).
Um fato que deve ser ressaltado é a correlação entre obesidade e infertilidade, assim com a
perda súbita de peso ou a perda gradual pode aumentar significativamente a fecundidade nesse grupo
de mulheres (NELSON; FLEMING, 2007).
A obesidade é um fator predisponente para o desenvolvimento de doenças graves como a
hipertensão arterial, resistência insulínica, diabetes mellitus tipo II, dislipidemias, arteriosclerose e
síndrome metabólica em qualquer indivíduo, entretanto é associado à mulher em seu período fértil,
síndrome dos ovários policísticos, infertilidade, diabetes gestacional, hipertensão relacionada à
gestação, macrossomia fetal, trabalho de parto prematuro, abortos, malformação fetais e obesidade
juvenil (SANTO; RICCIOPPO; CECCONELLO, 2010).
Na gestação a obesidade pode agravar ou até mesmo desenvolver doenças pré-existentes
aumentando assim os riscos de morte materna e fetal, pois a mulher grávida experimenta uma
sobrecarga em todo o funcionamento de seus órgãos (REZENDE; MONTENEGRO, 2006). Acredita-se
que filhos de mulheres obesas tem maior probabilidade de apresentar obesidade durante a infância e
idade adulta (MANCINI, 2003).
Quando a mulher inicia uma gestação já obesa apresenta um maior risco para prematuridade
e morte fetal, principalmente se for primigesta. Contudo se a obesidade acontecer durante o processo
gestacional há risco de fetos natimortos e existe uma relação de aumento da pré-eclampsia com o
acréscimo dos números do IMC. O ganho de peso materno não é benéfico para o feto, pois muitas
vezes esses nutrientes não são transmitidos para o filho (MAHAN; STUMPS, 2005).
14
O pré-natal assume papel de suma importância com a gestante, avaliando o peso corporal
antes da gestação, relacionando com os hábitos alimentares da gestante, identificando assim possíveis
riscos nutricionais, dessa forma podendo encaminhar a mesma para o serviço de nutrição adequado,
com acompanhamento especializado visando melhorar as condições maternas para o parto e adequar
o peso do recém-nascido (SANTOS et al., 2006).
Todas as gestantes com excesso de peso tem um risco aumentado de duas a seis vezes de
apresentar diabetes e hipertensão gestacional. Isso porque o aumento de glicose pela mãe, estimula a
produção de insulina pelo feto, mais conhecido como lipogênese fetal, acarretando também em um
excesso de gordura, nascendo um recém-nascido obeso e que aparentemente já apresenta alguns
riscos para sua saúde (VITOLO, 2003).
Segundo Mahan e Stumps (2005) o ganho de peso para uma mulher normal, recomendado
pelo Instituto de Medicina, é de 12 a 16 kg para um perfeito resultado da gestação, contudo para
algumas mulheres que se encontram em sobrepeso esses valores são reduzidos para 6,8 a 11kg, o
que promove um adequado desenvolvimento fetal, sem que haja acúmulo de gordura materna.
Um dos importantes tratamentos para a obesidade mórbida em forte crescimento são as
cirurgias bariátricas que resulta na perda de peso excessivo de cerca de 60% em longo prazo, assim
consequentemente muitas comorbidades associadas são resolvidas melhorando assim a qualidade de
vida das mulheres submetidas a esses tratamentos (BUCHWALD, 2004).
Na década passada cerca de aproximadamente 84% de todas as paciente que foram
submetidos à gastroplastia, se encontravam em idade fértil, assim obtiveram um aumento na atividade
sexual melhorando assim sua fertilidade (MARCEAU et al, 2004).
Assim com a melhora dos transtornos endócrinos e um acréscimo na atividade sexual da
mulher após a realização da cirurgia, muitos médicos e até mesmo as próprias pacientes estão se
surpreendendo pelo aumento da capacidade de engravidar, principalmente no período de maior perda
de peso. Porém, todo o processo gestacional nessas condições precisam ser minuciosamente
trabalhado pois as vantagens, desvantagens e consequências ainda não estão bem estudados
(MAGGARD et al., 2008).
Basicamente existem alguns tratamentos cirúrgicos para a obesidade, divididas em três
categorias: as restritivas que restringe a ingesta de calorias e proteínas, as mistas que associa a
restrição de nutrientes com alguns processos de má absorção intestinal e as dissabsorvidas que não
15
tem nenhum efeito na restrição e sim na absorção alimentar no intestino delgado (SANTO;
RICCIOPPO; CECCONELLO, 2010).
Esses tratamentos cirúrgicos surgiram como uma opção terapêutica, sendo eficaz a curto e
longo prazo, não envolvendo diretamente a perda de peso ou a melhora da qualidade de vida e da auto
estima e sim a real resolução de cormobidades (LIMA et al., 2006).
Cirurgias bariátricas vem sendo utilizadas há mais de 50 anos, com o aperfeiçoamento de
técnicas, fazendo com que algumas idéias primárias fossem abandonadas juntamente com a
realização do procedimento cirúrgico, devido as inúmeras intercorrências indesejáveis ocorridas.
Assim, atualmente a mais utilizada é a Fobi e Capella, que associa efeitos restritivos e disabsortivos,
essa técnica também conhecida como padrão ouro para esse tipo de tratamento, pois tem altos índices
de eficiência e baixas mortalidades (GARRIDO JR et al., 2000).
Após a cirurgia a perda de peso varia de 50 a 60% previamente com redução significativa de
25 a 30% dos valores de IMC, com estabilidade total após dois anos do procedimento (BUCHWALD,
2005).
Entretanto toda gravidez após a realização de alguma cirurgia bariátrica precisa ser
minuciosamente estudada, pois no meio acadêmico ainda faltam argumentos positivos ou negativos,
pois, ainda restam muitas controvérsias dos autores e médicos sobre os resultados obstétricos e
perinatais (LIMA et al., 2006).
Algumas recomendações são indispensáveis para o sucesso do tratamento cirúrgico gástrico,
mais principalmente que se evitem a gravidez durante os 12 a 18 meses do pós operatório, devido os riscos
da súbita perda de peso (DEITEL, 1998). Riscos estes que podem ocasionar no feto um estado de
desnutrição fetal (MARCEAU et al., 2004).
Outros argumentos para o adiamento da gravidez no pós operatório é que todo o trabalho
realizado até o momento em fazer com que a mulher perca peso, pode ser atrapalhado pelo processo
gestacional, embora ainda não haja conclusões definitivas sobre a ingestão de anticoncepcionais orais, na
teoria não deveria ser indicado pelas altas concentrações de hormônios sintéticos existentes nessas
cápsulas (PEREIRA et al., 2010).
Quando se trata de gestação em mulheres com pós operatório de cirurgias bariátricas o que
são motivos de preocupação é que as mudanças na fisiologia digestiva podem acarretar em uma
deficiência na absorção de vitaminas, minerais e proteína, o que está relacionado ao déficit de
16
crescimento fetal. Por isso é recomendado à contracepção no período de no mínimo um ano após a
operação (SANTO; RICCIOPPO; CECCONELLO, 2010).
Explicando mais detalhadamente esses mecanismos é possível observar que há uma
deficiência na dieta, principalmente pelas restrições dietéticas, levando-se em conta que a maioria das
pacientes apresenta também intolerância a alguns tipos de alimentos, principalmente a carne vermelha,
rica em ferro. Com a redução do estomago ocorre a diminuição da produção de ácido gástrico, que é
fundamental para a absorção de nutrientes indispensáveis para o feto. Já nas mal absortivas que
basicamente ocorre à redução do intestino, local primordial para a absorção de cálcio, ferro e vitaminas
(LOVE; BILLETT, 2008).
As preocupações com as mulheres submetidas à cirurgia em idade fértil devem preceder ou
coincidir com a gestação, mesmo sem a devida confirmação ou com o planejamento da gravidez,
muitas vezes com o mínimo sequer de atraso menstrual, deve se começar a ingestão de acido fólico e
continuar os suplementos vitamínicos que já haviam sidos inicializados nos pós operatório. Rigoroso
também devem ser os exames laboratoriais, submetidos a cada dois meses para confirmação do
melhor desempenho da gestação. Entretanto, todo o processo gestacional deve ser acompanhado com
especial atenção por profissionais especializados devido às limitações alimentares maternas que
podem eventualmente comprometer o feto (MATIELLI et al., 2003).
Estudos apontam que deficiências nutricionais específicas não corrigidas levam a implicações
fetais sérias como prematuridade, retardo de crescimento intra-útero, malformações e até mesmo óbito
fetal (SANTO; RICCIOPPO; CECCONELLO, 2010).
Assim, é recomendado que seja incluído no pré-natal dessas pacientes cuidados específicos
como a monitorização da nutrição e ganho de peso materno rigorosamente, a implantação de cuidados
diferenciados é de total responsabilidade do obstetra, que precisa também conhecer detalhadamente
todo o processo cirúrgico com que a gestante foi submetida anteriormente, para isso recomenda-se
que a mulher seja acompanhada também pelo médico responsável pela gastroplastia (NOMURA et al.,
2010).
Ao se dividir e comparar em dois grupos de mulheres gestantes que se submeteram ao
processo cirúrgico e gestantes obesas que não realizaram nenhum tipo de cirurgia, foram observados
altos índices de redução das complicações nas gestantes após a gastroplastia, menos incidência de
macrossomia, hipertensão arterial e diabetes em relação à obesidade mórbida (SANTO; RICCIOPPO;
CECCONELLO, 2010).
17
Estudo realizado por Nomura et al. (2010) apontam que não houveram comprometimento do
bem estar fetal ou materno em gestação após a gastroplastia, sendo a principal complicação a anemia
materna, relacionada com a deficiência na absorção de ferro, sugerindo todo um seguimento clínico do
início da gestação até o término.
Em contradição com o estudo realizado acima, Pereira et al. (2010) apontam que uma das
complicações que se tornam cada dia mais frequentes pelo aumento excessivo da realização de tais
cirurgias, é a obstrução intestinal cuja indicação cirúrgica precisa ser criteriosa.
A análise de outros estudos apresentam uma segurança para o binômio materno-fetal, após a
cirurgia bariátrica, fato este visto que apesar da maioria das pacientes apresentarem desnutrição, a
gastroplastia não comprometeu o desenvolvimento fetal intra-uterino, nem após o primeiro ano de vida
da criança (LIMA et al., 2006).
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em virtude dos argumentos apresentados é possível concluir que houve um grande aumento
dos índices de obesidade, principalmente em mulheres em idade fértil, assim consequentemente
observou-se também o súbito acréscimo da procura e realização das cirurgias bariátricas com o intuito
de reduzir o peso mantendo as condições da saúde adequadas.
Entretanto no decorrer da pesquisa é evidente concluir que após a realização das gastroplastia
houve um grande número de mulheres que iniciaram o processo gestacional, visto que a perca de peso
aumenta significativamente a fertilidade em mulheres em idade fértil, contudo observou que a maioria
dos autores orienta que seja esperado um tempo mínimo de 12 a 18 meses após a realização da
cirurgia para a mulher engravidar. Analisou também que o acompanhamento com o pré natal é de suma
importância e indispensável para o sucesso do período gestacional, pois vai englobar uma equipe
multiprofissional com cuidados detalhados e específicos para esse grupo distinto de mulheres.
Porém, poucos foram os autores que confirmaram a relação entre a cirurgia bariátrica e a
prematuridade, isso porque esse assunto ainda é considerado recente e o tratamento ainda tem
consequências desconhecidas, assim sugiro que novas pesquisas sejam realizadas para confirmar a
influência ou não da cirurgia bariátrica na prematuridade.
19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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