INFLUÊNCIA CLIMÁTICA NA ATIVIDADE POLINIZADORA DA ABELHA AFRICANIZADA (Ápis mellífera scutellata) NAS FLORES DA GOIABEIRA (Psidium guajava L.) Olívio Bahia do Sacramento Neto (1); José Gomes Chaves; Maria do Socorro da Silva Rocha; Sílvia de Nazaré Monteiro dos Santos; Márcia Cristina Pinho Palheta (1) Meteorologista da UFPa e-mail: [email protected] ABSTRACT In present work we have like goal to evoluate the influence of wind, humidity relative of air end air temperature at activity pollination of the africanized bee (Apis mellifera scutellata) in the guava (Psidium guajava L.) flowers. The results have showed that the number of visitors of bee at teste guava flowers has frequancy more accentuated at 0700 LST, when the meteorological parameters, above mencioned, have registered, the sequent values: 0.1 m/s, 96% and 23.2ºC. In the face of the observed situation we have concluded that calm conditions of the wind, high relative humidity conditions and air temperature below of july mean diary conditions, at experiment region, they are favorable to pollination activity of the africanized bee. At above conditions, 18% of 50 fruits total have reached the maturation, in this experiment. This maturation situation have occured by influence of africanized bee. 1- Introdução A cultura da goiabeira tem função importante na economia, na área social e, principalmente, no aspecto nutricional da população, pois seu fruto possui alto teor de vitamina C (ácido ascórbico), por isso, países como EUA, Alemanha, Japão, Dinamarca, Canadá mostram-se, cada vez mais, interessados por esse produto, que pode ser consumido tanto “in natura” como nas formas de geléia, compota, doces, suco, goibada, etc. A goiabeira é uma espécie autógama-alógama com a taxa de autofecundação mais expressiva que a taxa de fecundação cruzada, que varia em torno de 25,7 a 41,3% (soubihe sobrinho e gurg al, 1962). A abelha africanizada (Ápis mellífera scutellata) é o principal agente polinizador externo das flores da goiabeira. Ela contribui de forma significativa para o aumento da produção desta cultura, além de fornecer produtos como o mel, geléia real, própolis, cera, produtos estes que possuem altos valores nutritivos e terapêuticos, e que aumenta o interesse das grandes indústrias do ramo por esse produto. Então, conhecer os fatores climáticos que atuam de forma contributiva para a interação deste processo é essencial para as atividades apícolas, e com este propósito busca-se como objetivo, na atual pesquisa, analisar a influência dos elementos meteorológicos: temperatura do ar, umidade relativa do ar e velocidade do vento na atividade polinizadora das abelhas africanizadas nas flores da goiabeira. 2- Materiais e Métodos O presente trabalho desenvolveu-se em um goiabal, pertencente ao Centro Mariápolis Glória, com cerca de 3.750m2 localizado no município de Benevides, Nordeste do Pará, distante cerca de 30Km, em linha reta, da capital Belém, possuindo as seguintes coordenadas 01º 27’S e 048º 14’WGr, ficando cerca de 25m acima do nível do mar. Além da cultura da goiabeira, com 190 arbustos, todos em fase de produção, foram utilizados, também, um apiário com 18 colméias, distante cerca de 40m do goiabal experimental, 4 psicrômetros, 1 pluviômetro tipo ville de Paris e para a estimativa da velocidade do vento foi utilizada a escala de Beaufort. Ficou estabelecido, para este trabalho, que seriam coletados dados referentes à temperatura do ar, umidade relativa do ar, precipitação pluviométrica, velocidade e direção do vento, seria verificada também o comportamento das abelhas, no apiário e no goiabal, o número de visitas das abelhas às flores do goiabal que seriam observadas (50 flores durante todo o período, escolhidas aleatoriamente). As informações obtidas neste experimento, foram coletadas diariamente, durante cinco dias, em intervalo de 1 hora, no período de 06:00 às 18:00 horas. Algumas horas antes do início das observações os 10 botões florais experimentais, que iriam ser observados a cada dia, eram cobertos com uma pequena rede de tecido em malha fina, evitando, com isso, que polinizadores visitassem as flores antes do horário previsto para o começo das observações (06:00 h), pois verificou-se que nesse período a antese das flores da goiabeira se dava entre 05:20 e 06:00 h (SACRAMENTO NETO, 1997). As flores voltavam a ser cobertas novamente após às 18:00 h, evitando também polinizadores noturnos. Todos os arbustos foram devidamente identificados com placas que indicavam a linha e a coluna que se localizava a goiabeira, sendo (1,1) para o primeiro arbusto e (19,10) para o último. 3- Resultados e Discussão Os valores constantes no Quadro 1, são resultantes das observações feitas durante os cinco dias do experimento e nos mostra os valores médios, desse período, da temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade do vento e número de visita das abelhas nas flores da goiabeira. Percebe-se duas fases de trabalho das abelhas , a primeira de 06:00 às 11:50 h, quando as mesmas visitam as flores do goiabal e a segunda fase a partir das 12:00 h, quando não é notado a presença das abelhas na referida cultura, porém as atividades nas colmeias em busca de alimento é normal. Nota-se também que o maior número de visitas às flores, num montante de 239,2, ocorreu quando registrou-se baixa temperatura do ar (23,2ºC), umidade relativa do ar de 96% e vento calmo (0,0 m/s), condições verificadas no horário das 07:00 h. Nota-se no mesmo Quadro, que com o aumento da temperatura, velocidade do vento e a diminuição da umidade relativa houve uma diminuição do número de visitas das abelhas africanizadas (Ápis mellífera scutellata) às flores da goiabeira (Psidium guajava L.). É válido salientar que a floração das goiabeiras, nesse período, foi pequena, motivo que pode ter causado a ausência das abelhas na cultura a partir das 12:00 h. O Quadro 2 mostra os valores resultantes da produção do goiabal referentes aos botões observados nos cinco dias de experimento. Houve o acompanhamento desses botões durante 10, 30, 60, 90 e 120 dias (colheita). Nota-se que em todo o período experimental foram observados 50 botões. Após 10 dias somente 34 frutos experimentais mantinham-se nas goiabeiras. Após 30 dias 19 frutos depois 60 dias 12 frutos. Após 90 dias 11 frutos e aos 120 dias foram colhidos apenas 09 frutos o que representa em termos percentuais, respectivamente 68%, 38%, 24%, 22% e 18%. Sendo assim, deduz-se que em relação aos elementos meteorológicos aqueles que provavelmente favoreceram o maior número de visitas às flores da goiabeira foram a baixa temperatura do ar, vento calmo e umidade relativa do ar bastante elevada. 4- Conclusão Diante dos resultados obtidos através das análises do Quadro 1, pôde-se concluir que: – Os elementos meteorológicos com maior influência nas visitas das abelhas às flores da goiabeira foram a temperatura do ar e a velocidade do vento. – A alta taxa da umidade relativa do ar, o baixo valor da temperatura do ar e da velocidade do vento influenciaram de forma positiva na atividade polinizadora das abelhas africanizadas (Ápis mellífera scutellata) nas flores da goiabeira (Psidium guajava L.). 5- Referências Bibliográficas BARROS, M. de. Anais do 2º Congresso Brasileiro de Apicultura, 1972. CANDOLE, A. de. Origin of cultivared plants. New Work, Hafner, 1959.468p. CAVALCANTE, P. B. Frutos comestíveis da Amazônia. 6ª Ed. Belém – PA, CNPq/ Museu Paraense Emílio Goeldi. GUNGATTI NETO, A. et al. Goiaba para exportação: procedimento de colheita e pós-colheita. Publicações Técnicas. Frupex, 20. 1996. 35p. NUNEZ RAMOS, G. La guayaba: fruta para consumo y exportación. Revista Nacional de Agricultura: Bogotá, Colômbia, v.62, n.753, p.8-11, 1968. SACRAMENTO NETO, º B. Influência Climática na atividade polinizadora da abelha africanizada (Ápis mellífera scutellata) noas flores da goiabeira (Psidium guajava L.). Trabalho de Conclusão de Curso. Belém – PA. Dezembro, 1997. 53p. SOUBIHE SOBRINHO, J.; GURGEL, J. T. A. Taxa de Panmixia na goiabeira (Psidium guajava L.). Bragantia, v.21, n.2, p.15-20, 1962. QUADRO 1- Temperatura (ºC), Umidade relativa do ar (%), vento (m/s) e número de visitas médios do período. HORA (h) 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 MÉDIA TMP 22.3 23.2 25.4 27.7 29.2 30.2 31.7 32.3 31.9 31.9 31.4 28.3 25.8 28.6 URMP 97 96 91 84 78 73 65 63 65 63 65 78 89 77.5 VVMP 0.0 0.0 1.4 2.4 1.6 2.6 1.0 2.2 1.6 1.8 0.8 2.4 0.4 1.4 VMP 75.6 239.2 148.0 100.8 42.8 1.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 46.8 QUADRO 02- Valores da produção do período observado. Data 23/06 24/06 25/06 26/06 27/06 Total média arbustos nº botões (4,2) (8,7) (5,4) (9,5) (5,6) - 10 10 10 10 10 50 - 10 dias/ % 30 dias/ % 60 dias/ % 90 dias/ % 120 dias % prod. prod. prod prod colheita 8 7 6 6 7 34 - 80 70 60 60 70 68 6 3 1 4 5 19 - 60 30 10 40 50 38 4 1 1 3 3 12 - 40 10 10 30 30 24 4 1 1 3 2 11 - 40 10 10 30 20 22 3 1 1 3 1 9 - 30 10 10 30 10 18