A-2 A TRIBUNA www.atribuna.com.br Quinta-feira 4 junho de 2015 MARCOS CLEMENTE SANTINI RENATA SANTINI CYPRIANO ARMINDA AUGUSTO ROBERTO CLEMENTE SANTINI FLAVIA CLEMENTE SANTINI MÁRCIO DELFIM LEITE SOARES PAULO NAEF MARCO ANTONIO DA COSTA Diretor-Presidente ASSOCIAÇÃO NACIONALDEJORNAIS INSTITUTOVERIFICADOR DECOMUNICAÇÃO SISTEMAATRIBUNA DECOMUNICAÇÃO 121ANOS FUNDADA EM 26 DE MARÇO DE 1894 Diretor-Vice-Presidente M. Nascimento Jr. (1909-1959) Giusfredo Santini (1959-1990) Roberto Mário Santini (1990-2007) Diretora de Marketing Diretora de Circulação Diretor-Superintendente Editora-Chefe Gerente Comercial e Marketing Gerente Industrial Opinião Expansão do Porto avança no debate As previsões são que, em dez anos, o Porto de Santos dobre a sua movimentação de cargas, atingindo 230 milhões de toneladas. Esse é, porém, o limite das atuais instalações, o que exige estudos e planejamento voltados à sua expansão. Para que não haja sérios problemas que afetem o comércio exterior brasileiro, é necessário buscar saídas, que vão do aprofundamento do canal de navegação, para permitir o acesso de embarcações de maior porte, até a construção de um novo complexo em mar aberto. Esses temas foram discutidos em recente simpósio promovido pelo curso de Engenharia Portuária da Universidade Católica de Santos (UniSantos) em parceria com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), como preparação à IX Pianc/Copedec, Conferência Internacional de Engenharia Portuária e Costeira em Países em Desenvolvimento, que acontecerá no Rio de Janeiro em outubro de 2016. Além de debater o tema da dragagem portuária, que envolve vários aspectos importantes, como a destinação dos resíduos (que traz problemas ambientais), as alterações nos níveis da maré e a necessidade de se realizar reforço nas estruturas do cais, o simpósio analisou a viabilidade do projeto de construção de um complexo portuário fora do Canal do Estuário, na costa do Guarujá. Trata-se de proposta ousada, que exige detalhados estudos, cujo custo será certamente muito alto. Mas não é algo inédito: vários portos no mundo já adotaram tal solução, como é o caso de Rotterdam, na Holanda, que implantou o projeto Maasvlakte, área de expansão do porto construída na costa, ao lado da foz do Rio Maas. Realizada pela autoridade portuária holandesa, tem instalações capazes de recebernaviosde grandes dimensões. Este é o grande diferencial positivo de portos implantados no alto mar: livres do problema da profundidade dos canais de acesso, junto à costa, têmapossibilidade dereceberasgrandesembarcaçõesmodernas,principalmente aquelas que transportam contêineres. É exatamente o caso de Santos, onde a dragagem é uma dificuldade crônica, que sempre existirá. Mesmo que se consiga atingir a profundidade de 17 metros até 2017, exigindo investimentos de monta, ela logo será insuficiente para a demanda da navegaçãocomercial quejá existe. O Santosvlakte, nome dado a um possível empreendimento do tipo na região, à semelhança do existente em Rotterdam, deve ser levado adiante. Um acordo entre a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), autoridade portuária local, e o Instituto Oceanográfico da USP, firmado em 2014, é o primeiro passo nessa direção, permitindo a pesquisa dos fenômenos estuarianos, oceânicos e meteorológicos da região. É cedo para avaliar a plena viabilidade do projeto, mas ele constitui a grande saída para o futuro, que deve ser buscada desde já. Educação básica Uma das questões mais discutidas na administração pública é o papel dos dirigentes. Há duas visões que se opõem: de um lado estão os que defendem a importância da reflexão e do conhecimento; de outro ficam os defensores da eficiência e dos resultados práticos. Tal contradição é, porém, apenas aparente e revela-se falsa ao final. A boa gestão depende tanto de diagnósticos, estudos e formulação de projetos claros e objetivos, que nascem das considerações teóricas sobre os problemas, quanto da capacidade de torná-los realidade, com rapidez e determinação. A educação é a área na qual cabe esse exercício. Esperam-se resultados efetivos – avanços na qualidade do ensino, melhores condições de trabalho e remuneração para os professores, mais escolas e universidades – mas nada disso acontece apenas com eficiência técnica, ou simplesmente com mais verbas. O desafio é muito mais profundo: exige a reflexão sobre a realidade e o desenho de novas alternativas, capazes de trazer as mudanças desejadas. Recente entrevista do titular do Ministério da Educação (MEC), Renato Janine Ribeiro, ao jornal Valor Econômico, traz importantes contribuições ao tema. Entre vários pontos destacados, chama a atenção um dado: o Brasil gasta hoje 6,6% do PIB em educação, e conforme o Plano Nacional de Educação (PNE), transformado em lei em junho de 2014, deve chegar a 10% do PIB em 2024, enquanto que, no recente Fórum Mundial de Educação, realizado na Coreia do Sul, a meta para o mundo é aplicar no setor 4% a 6% do PIB. A conclusão é que o Brasil aplica quantidade alta de recursos públicos na educação, sem que os resultados sejam percebidos. Não basta gastar muito: é preciso racionalizar os investimentos, tornando-os produtivos, e principalmente garantir, no grande esforço de melhoria da educação brasileira, a participação ativa da sociedade e das famílias. Quanto à prioridade da educação no País, o ministro é claro: sem deixar de lado o Ensino Superior (que precisa ser assistido, dado o baixo número de jovens que têm acesso às universidades) e também a pós-graduação, que atingiu no Brasil um padrão importante de qualidade, fruto da ação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério (Capes), é preciso valorizar e destacar a educação básica. Sem ela, é impossível desenvolver qualquer projeto de futuro do País, e não haverá ganhos de produtividade e competitividade. Apesar de o Ensino Fundamental ter ganho espaço (há dez anos o MEC gastava com o aluno de Ensino Superior 11 vezes o aplicado na educação básica, relação que caiu agora para quatro vezes), ainda há muito a fazer. E um dos pontos mais importantes é treinar e formar professores e diretores das escolas para que possam, de fato, permitir um salto de qualidade na área. Do leitor As cartas enviadas à Tribuna do Leitor devem conter nome, endereço, telefone e RG. O tamanho dos textos não pode ultrapassar 900 toques, incluindo os espaços. As cartas que não obedecerem esta orientação serão desconsideradas, bem como e-mails anexados. E-MAIL [email protected] ATENDIMENTO AO LEITOR Telefone: 0800-727 7710 Cemitério Em resposta à carta da sra. Maria Regina Freire Martins, a administração do Cemitério do Saboó informa que durante o horário de funcionamento, das 8 às 18 horas, e também durante a noite, um guarda municipal fica de plantão, realizando rondas pelo local. Em dias de grandes eventos como, Finados, Dia das Mães e Dia dos Pais, esse patrulhamento é reforçado. Uma câmera de monitoramento funciona no cemitério, passando imagens instantâneas para uma central que, se necessário, aciona a Polícia Militar. A Secretaria de Serviços Públicos está comprando material para instalar em todo muro do Cemitério da Filosofia cerca de arame (concertina), o que vai melhorar a segurança no local. ASSESSORIA DE IMPRENSA - PREF. DE SANTOS Impostos demais O Brasil é o país que volta menos retorno dos seus impostos, além de ser um dos que mais cobram de sua população. O triste é que o dinheiro, que poderia estar na saúde, educação, segurança etc, acaba nas mãos de pessoas que não pensam no bem-estar público. PEDRO AMAZONAS FILETTI - SANTOS Falta de civismo Há mais de dois meses que não se veem as bandeiras na Praça das Bandeiras. Isto demonstra a falta de civismo que o poder público tem para com a nacionalidade, e também que o amor à Pátria não é o principal sentimento que, nós, brasileiros, devemos ter. Para tan- Tribuna Livre REDAÇÃO Rua João Pessoa 129,3o andar, Centro Santos, São Paulo. CEP 11013-900 Problemas estruturais e de falta de funcionários influenciam diretamente nessa questão e a solução de tais problemas é anseio geral, seja por parte dos advogados, dos magistrados ou dos funcionários. ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MAGISTRADOS to, solicito urgentes providências, para que o nosso orgulho pela nacionalidade seja restabelecido. MURILO PINHEIRO L. CYPRIANO - SANTOS Em defesa dos juízes Diante da entrevista com o presidente da OAB, subseção de Santos, Rodrigo Julião, no dia (1º/6), a Associação Paulista de Magistrados (Apamagis) esclarece que a produtividade dos magistrados pode ser acompanhada por qualquer pessoa, tanto pela página do TJSP, como pela página do CNJ, na seção Justiça Aberta. A magistratura paulista cumpre metas específicas definidas pelo CNJ, visando sempre o respeito ao princípio da duração razoável do processo. Os juízes, sobrecarregados de trabalho, produzem – e muito. No Estado de São Paulo, são 25 milhões de processos tramitando. Só em Santos, há uma média de um processo para cada quatro habitantes da Cidade. E tanto a Corregedoria do Tribunal de Justiça como a do CNJ acompanham mensalmente a produtividade de cada juiz. <Em notícia publicada em 1º/6, em A Tribuna, o digníssimo presidente da 2ª Subseção da OAB Santos, Rodrigo de Farias Julião, referiu-se à magistratura paulista como improdutiva, tanto que a citação deu título à reportagem. Também argumentou que a Justiça tem muitos processos em andamento. A segunda afirmação está correta: há realmente número excessivo de ações. Até por isso, o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador José Renato Nalini, diariamente, conclama a classe dos advogados a voltar os olhos para a conciliação, conforme prevê o Código de Ética e Disciplina da OAB (art. 2º: incisos VI – estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios; e VII – aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial). No entanto, o entrevistado está completamente equivocado quanto à publicidade: no Portal do TJSP, no ícone “Transparência” (em lugar de destaque) há a produtividade mensal de todos os desembargadores e juízes. Não condiz a afirmação de que a sociedade não tem essa informação: os cidadãos podem acompanhar o trabalho realizado no Judiciário de São Paulo com alguns cliques. ROSANGELA SANCHES - DIRETORA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL TJSP JOSÉ EDUARDO LOPES. Secretário Municipal de Assuntos Portuários Incêndio na Ultracargo: lições para prevenção Há cerca de dois meses, a tranquilidade que se observava no dia 2 de abril foi subitamente quebrada com a notícia de que havia um incêndio de grandes proporções na Alemoa, que congrega inúmeras instalações portuárias. Com o passar das horas, os santistas puderam notar que aquela não seria umaocorrência comum. Ao contrário, entraria para a história, como o segundo maior incêndio do gênero a ocorrer no mundo. O incêndio e seus impactos atingiram indistintamente, em maior ou menor escala, todos os setores da Cidade e do Porto, mas a atuação do Gabinete de Solução de Crise, criado ecomandadopeloprefeitoPauloAlexandre,foideterminanteparaasuperaçãoeminimizaçãodeseusefeitos. Também contribuíram para essa bem sucedida gestão as experiências já vivenciadas e que estão agora concentradas na Base de Emergências Municipais (BEM), órgão criado pela Prefeitura de Santos após a queda do avião do ex-governador Eduardo Campos. Tão logo terminado o incêndio que, felizmente, não deixou vítimas, nossaatençãosevoltouparaainvestigação de suas causas; avaliação das experiências vividas; assimilação das lições aprendidas e, acima de tudo, definição do que precisa e terá que ser feito para que um incidentedessamontajamaisserepita. Nesse sentido, os terminais por- tuários que operam com gases ou granéis líquidos perigosos foram notificados para apresentar laudos de conformidade, emitidos por empresas independentes. Os laudos passarão por avaliação de técnicos da Prefeitura, constituindo-se assim numa rigorosa auditoria, suplementar ao que já é regularmente exigido desses terminais. Em conjunto com o CREA-SP, Comando do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo e Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos, a Prefeitura realizou, no último dia 20, um concorrido fórum que debateu oqueocorreu eo queprecisa mudarapósoincêndiodaAlemoa.Cerca de600pessoasestiverampresentese outras15milassistiramaoeventopela internet, tanto no Brasil como em outrosoitopaísesdas AméricaseEuropa, deixando a convicção de que essesinistroservirádegrandelaboratório para a melhoria das condições de centenas de instalações similares espalhadasaoredordomundo. Além de questões de extrema relevância debatidas pelas entidades presentes ao fórum, mereceu grandedestaqueoanúnciofeitopeloInstituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) sobre a parceria feita com a Prefeitura de Santos. O IPT fará um diagnóstico dos riscos potencializados pelas nossas instalações portuárias,dentroeforadoPortoorganizado, propondo ações concretas a serem implementadas, inclusive alteraçõesdalegislação,normaseprocedimentos aplicáveis, em todas as esferas, visando melhorias nos níveis deprevençãodeacidentesedesegurança nas operações desse segmento,paraevitarnovasocorrências. Várias outras ações estão sendo promovidas pela Prefeitura, que abrangem o levantamento dos múltiplosprejuízosedanosdecorrentes, elementos que servirão de base para uma ação indenizatória contra a Ultracargo; e a organização de um seminário internacional, a ser realizado em Santos, no segundo semestre doano,reunindoespecialistasinternacionaisparaintercâmbiodeexperiências, procedimentos, pesquisas ediscussãodo“casoAlemoa”. Ninguém está imune a infortúnios! Mas, em face deles, além de enfrentá-los com presteza e determinação, de modo a reduzir seus impactos, é indispensável manter uma atitude positiva e proativa para assegurar que não se repitam.