ANO 8 Nº 14
Agosto 2015
PUBLICAÇÃO ANUAL
CaPa
A nuvem no serviço público
EntrEvista
>
Julio Semeghini:
São Paulo quer
porta de entrada única
3
> Portal de Apps
nos governos
3
editor ial
Foto Robson Regato
É hora de ir
para a nuvem
Aos poucos, a resistência de gestores públicos à utilização da tecnologia
de cloud computing pelo governo vai sendo quebrada, mas ainda há muito
o que fazer. Se o Serpro já oferece mais de 200 serviços em nuvem, só ele,
ao lado da Dataprev, estão investindo pesadamente na tecnologia em
âmbito federal, como mostra a reportagem de capa (ver p. 8).
expeDiente
Diretora eDitorial
Lia Ribeiro Dias
Diretora SucurSal
Miriam Aquino
De BraSília
colaBoraDoreS
Harumi Ishihara,
Marina Pita, Rafael
Bucco e Wanise Ferreira
(textos), Robson Regato
(fotos), José Américo
Gobbo (ilustrações)
eDitora De arte
Camila Sipahi
capa
Camila Sipahi
Diretora De puBliciDaDe
Meire Alessandra
conSultora De negócioS
Silvia Meurer
gerente
gerente De eventoS
impreSSão
DiStriBuição
Camila Carvalho
Edna Fonseca
Laser Press Gráfica e Editora
Correios Entrega Direta
Wireless mundi
é uma publicação
da momento editorial
São paulo
rua da Consolação 222 cj. 2110
01302-000 são Paulo sP
t. +55 11 3124-7444
[email protected]
Jornalista responsável
Lia ribeiro Dias (mt 10.187)
Comentários e sugestões
4
Mas São Paulo é, entre os estados, quase uma exceção. Nos demais, o
processo está mais atrasado. Tanto o Rio Grande do Sul, por meio da
Procergs, como o Rio de Janeiro, pelo Proderj, estão ainda em fase de
avaliação da tecnologia, só para citar dois exemplos.
Nas prefeituras, a adoção da tecnologia está mais avançada em São Paulo
que, além de nuvem própria, também definiu política de contratação de
nuvem de terceiros. Nos dois casos, a orquestra será dirigida diretamente
pela Prodam. Belo Horizonte, por sua vez, já desenvolve várias atividades
para a adoção da tecnologia e vai fazer uma licitação em breve. Mas o
caminho seguido pela Prodabel é diferente. A tendência é transferir a
operação da nuvem para terceiros.
Adriana Rodrigues
aDminiStrativo-Financeira
aSSiStente
Nos estados, a situação começa a sair do marco zero. São Paulo trabalha
para criar sua própria nuvem por meio de sua empresa de tecnologia
da informação e comunicações, Prodesp. Em outro movimento, a
Subsecretaria de Tecnologia e Atendimento ao Cidadão define os
requisitos técnicos que os órgãos da administração estadual terão que
adotar para contratar serviço de nuvem no mercado, quando se tratar
de atividades que não sejam estratégicas. O que for estratégico ficará na
nuvem da Prodesp, como explica Julio Semeghini, em entrevista à p. 28.
o conteúdo desta revista pode ser
reproduzido livremente, mediante
autorização prévia.
[email protected]
Não importa o modelo, o que parece é que os gestores públicos estão
passando a encarar a adoção da nuvem como inevitável, apesar do
processo ainda estar engatinhando. “A nuvem é a melhor opção, pelo
menos até que surja uma nova tecnologia que venha mudar isso”, diz
Marcelo Pimenta, diretor de Infraestrutura e Tecnologia da Prodam.
Ele conta que o objetivo “é oferecer capacidade de provisionamento
de infraestrutura de forma muito mais rápida e simples”.
Além da agilidade, a tecnologia de nuvem também permite uma
alocação muito mais racional da infraestrutura e evita ociosidades
nos casos de aplicações sazonais. Um exemplo desse tipo de aplicação
mencionada por João Henrique Poiani, diretor de operações da Prodesp,
é o IPVA, que concentra o maior volume de dados no início do ano.
Depois, a capacidade alocada, no modelo atual, fica ociosa.
Enfim, a administração pública está despertando para a nuvem,
tecnologia que já se consolidou no mercado privado.
Lia Ribeiro Dias
Diretora Editorial
5
ÍNdiCe
8
CaPa
A nuvem chegou às empresas públicas de
TI em 2013 e só agora os serviços em cloud
começam a se expandir. As resistências já
são menores e estados como São Paulo já
investem em nuvem própria e na definição
de regras para contratação de terceiros.
20
SerViÇoS
Aos poucos, as soluções móveis
entram no cardápio do governo
federal e de estados e municípios.
Já existem portais que reúnem
todas os apps oferecidas
aos cidadãos.
24
iNfraeStrutura
Telebras e RNP investem na expansão
de suas redes em área metropolitanas
para aumentar a capilaridade e/ou
a velocidade de conexão.
28
eNtreViSta
São Paulo prepara sua infraestrutura
de banco de dados para oferecer
ao cidadão uma só porta de entrada
para os serviços de governo. Vai
reunir todos os serviços e apps.
6
7
c apa
> Por Wanise Ferreira
ilustrações CaMiLa siPaHi
Caem as resistências.
a nuvem avança no governo.
as grandes empresas públicas oferecem soluções em nuvem
e programam novas ofertas. Estados como São paulo definem
política de compra de cloud no mercado.
Por muito tempo, a computação em nuvem esteve no centro de debates no mercado corporativo.
Mas foi nos últimos dois anos que essas discussões e alguns pilotos começaram a se tornar realidade, elevando a curva de adoção da tecnologia no país que, apesar de ainda não ter obtido a
maturidade nesse segmento, está atualmente entre os líderes de cloud na América Latina. A área
pública parece finalmente começar a seguir o
mesmo caminho com iniciativas importantes de
8
alguns órgãos que, em função de suas características, poderão influenciar a disseminação da plataforma em várias esferas governamentais.
Com maior oferta e exemplos práticos, a atratividade tende a aumentar e cloud poderá se tornar
estratégico para o processo de transformação
digital da sociedade ao refletir uma melhoria na
qualidade de serviços à população, combinada
com mais elasticidade e redução de custos. Mas,
ainda, há muito caminho a ser percorrido para
que sejam alcançados níveis médios de adoção
na área governamental.
Mesmo o projeto de desenvolver uma nuvem privada para atender empresas e órgãos do governo
federal, que seria um importante disseminador
da tecnologia, anunciado em 2011, entrou em
processo de banho maria sem ter ainda definições importantes sobre o tema. A iniciativa, que
era parte do Programa Nacional de Software,
batizado de TI Maior, previa investimentos de
R$ 50 milhões até 2014 para sua execução.
Sem uma articulação mais efetiva, as iniciativas
de cloud na área federal hoje são mais individuais.
Mas não deixam de ter importância para o contexto que se prevê na adoção dessa plataforma.
Entender como o mercado brasileiro está se movimentando para as nuvens ajuda também a prever alguns passos que estão sendo, ou serão dados no setor público. Uma pesquisa, divulgada
no ano passado pela Frost & Sullivan, mostrava
a perspectiva de que esse mercado atinja receita
de US$ 1,11 bilhão em 2017, o que representaria
uma expansão anual de 38,7%. O levantamento considerava que cerca de 41% das empresas
estão investindo em algum modelo de cloud
e 42% tinham a intenção de fazer o mesmo até o
final de 2015.
Os aspectos que influenciam esse cenário são a
busca por corte nos custos, transformar Capex
(investimentos) em Opex (despesas operacionais), ambiente mais flexível que permite aumentar ou diminuir a infraestrutura de acordo com as
necessidades, e permitir o acesso às informações
de qualquer lugar a qualquer momento. Contra,
a pesquisa identificou que ainda pesavam os receios sobre a segurança e um conceito que ainda
não estava totalmente difundido.
A oferta das empresas públicas
O processo de estruturação da nuvem no Serpro
vem de longa data. Em 2002, ao ser convidado
9
O Serpro já oferece mais de
200 serviços na nuvem
pelo governo federal a realizar um planejamento
estratégico para os 20 anos seguintes, o Serpro
já tinha a nuvem como um eixo importante a ser
perseguido, ao lado de mobilidade e aperfeiçoamento dos sistemas analíticos. “Começamos os
estudos naquela época, com a decisão de termos
nossa própria nuvem e que ela fosse baseada em
software livre”, comenta Marcos Mazoni, presidente do órgão. E assim foi feito, com a escolha
do Open Stack como o grande orquestrador da
nuvem, o que permite a alocação de servidores,
plataformas e aplicações pelo próprio cliente.
Em 2009, o projeto entrou na fase de provas de
conceito da tecnologia e, oficialmente, a nuvem
começou a operar em 2013, tendo como primeiro cliente o Ministério das Comunicações para
seu projeto de Cidades Digitais. E não foi apenas
a primeira nuvem lançada na área federal, mas
também a primeira nuvem de um órgão governamental baseada em software livre.
De lá para cá, o serviço tem expandido significativamente. “Hoje temos mais de 200 serviços em
nuvem”, reforça o executivo. A empresa trabalha
com dois ambientes em nuvem, uma privada,
para rodar os serviços prestados pelo próprio órgão, e outra pública, que garante oferta a outros
órgãos governamentais.
Segundo Lourival Fidelis Júnior, gerente do Departamento de Tecnologia do Centro de Dados
do Serpro, a empresa estabeleceu como meta a
oferta de três tipos de serviços em nuvem: IaaS
(Infraestrutura como Serviço), SaaS (Software
como Serviço) e PaaS (Plataforma como Serviço).
Atualmente, a primeira está consolidada, permitindo que o cliente opere o serviço na nuvem. O
próximo passo será estruturar a oferta da SaaS,
provavelmente até o final do ano. E, ainda sem
data prevista, a oferta do PaaS.
Dos três data centers do Serpro, o do Rio de Janeiro já opera no ambiente de nuvem. O de Brasília
está em fase de configuração e, na sequência, será
a vez do localizado em São Paulo. Ao mesmo tempo, o Serpro tem investido na automação de processos para oferecer serviços de nuvem com mais
opções, permitindo inclusive que o cliente faça o
próprio gerenciamento.
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O ambiente em nuvem no Serpro começou a ser
consolidado em paralelo a um outro projeto que
prepara as redes para uma nova fase, a de definição por software (SDN). Segundo Mazoni, isso vai
proporcionar ao órgão mais agilidade, economia
operacional e que possa trabalhar com multiplataformas. A evolução da rede vem sendo desenhada
também há alguns anos, igualmente com software
livre, e será um importante processo de apoio para
a transformação digital pela qual passa a empresa.
Na Dataprev, a nuvem é parte do PDTI (Plano Diretor de Tecnologia da Informação), que define
a estratégia de TI da empresa para um período
de três anos. O atual PDTI, que cobre de 2013 a
2015, está estruturado em três temas e aborda negócios, processos e ciclos produtivos; gestão da
informação; e infraestrutura técnica. Para cobrir
esses pontos, a Dataprev cobre questões como segurança, gestão de inovação, inteligência de negócios e dados abertos, e tecnologicamente investe nos ambientes dos data centers, em mobilidade
e na própria computação em nuvem.
A empresa passou por um ritmo intenso do programa de modernização de infraestrutura e
tecnologia. Desde 2011, investiu R$ 220 milhões
na expansão e atualização dos data centers, concluindo o processo no centro de dados de Brasília
em 2012, o de São Paulo em 2013 e, no ano passado, foi a vez do último, no Rio de Janeiro. Ainda
aplicou no mesmo período mais R$ 342 milhões
em atualizações de software e hardware.
Com essa tarefa concluída, a empresa prepara o
lançamento do serviço de nuvem, ainda este ano.
Por enquanto, o ambiente cloud está tecnicamente estruturado. Desde 2013, tem sido utilizado internamente para a área de desenvolvimento e, no
ano passado, passou a atender parte da estrutura
interna da companhia. Também já tem utilização
na prestação de alguns serviços, como EAD (Ensino à Distância) e hospedagem de blogs e portais
para a Previdência e Palácio do Planalto. Mas a
empresa quer avançar nesse mercado e, para começar, vai se concentrar no formato IaaS. O parceiro de soluções nessa investida é a VMware.
Segundo Daniel Darlen, diretor de Tecnologia e
Operações, para a nuvem entrar em fase operacional ainda falta aprimorar o modelo de negócios
que será aplicado. “Como a nuvem envolve um
ambiente mais simples, o serviço deverá ganhar
outra forma de bilhetagem, também mais simples”, observou.
Na sua avaliação, o caminho da nuvem é inevitável, principalmente quando se trata das camadas
de aplicações e internet. Da mesma forma, a área
de negócios impulsiona cada vez mais a adoção
da tecnologia. Alguns sistemas transacionais que
envolvem uma grande base de dados e muito legados, por sua vez, terão uma transição mais longa e vão exigir esforços adicionais.
A segurança foi uma das preocupações da empresa ao criar seu ambiente de nuvem, investindo
em cloud em uma rede segregada e isolando-a das
operações transacionais. Mas, para Darlen, a preocupação com segurança na nuvem é a mesma
que envolve os sistemas tradicionais. “Essa é uma
preocupação constante em qualquer plataforma
e exige sempre investimentos na contratação de
sistemas de proteção. É a eterna briga do gato e
rato”, observa o executivo.
Política de contratação
A Prodesp (Companhia de Processamento de
Dados do Estado de São Paulo) mantém sua estratégia de dar início à nuvem privada do estado,
com investimentos na expansão da capacidade e
ferramentas de gestão em cloud. No ano passado,
parte dos projetos de modernização que foram
executados ajudou a preparar o ambiente para a
adoção de novas tecnologias, tanto lógicas quanto físicas. A empresa investiu R$ 19,4 milhões no
seu data center e, entre as ações implementadas,
elevou a capacidade de storage, passando de 12
TB para 30 TB.
Agora, chegou a vez da nuvem. De acordo com
o diretor de Operações, João Henrique Poiani,
o projeto piloto terá início no final de outubro
ou início de novembro. A licitação para estruturar essa nuvem já foi realizada e a parceira da
Prodesp também será a VMware. “Nós estudamos
as melhores opções para aproveitarmos os recursos já existentes na empresa e, em cima deles, estruturarmos a cloud privada do estado”, informa.
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A nuvem permite adequar o
serviço ao período em que é mais
exigido,eliminando ociosidade
Após o piloto, a expansão do projeto da nuvem
para o Estado de São Paulo vai depender do nível
de adoção pelos atuais e novos clientes da companhia. Na avaliação de Poiani, as resistências à nuvem na área pública já diminuíram. E as vantagens
podem ser bem atraentes para os órgãos estaduais.
“Nós temos vários serviços que têm pico sazonal
de demanda. Um exemplo disso é o IPVA, que
concentra o maior volume de dados no início do
ano. Nesses meses, temos de manter uma estrutura muito grande, inclusive no restante do ano.
A nuvem dará a facilidade de adequar o serviço ao
período em que é exigido mais”, ressalta.
A capital mineira também se prepara para ganhar
a sua própria nuvem. A Prodabel (Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte) está finalizando os termos de referências
para a licitação que vai permitir, no curto prazo,
que a empresa migre seus bancos de dados para
uma nuvem e ofereça serviços aos órgãos municipais em cima dessa estrutura.
Para o presidente da companhia, José Lauro
Nogueira Terror, essa é uma questão estratégica que, entre outros benefícios, vai propiciar à
Prodabel a possibilidade de se concentrar em
novas soluções e serviços, deixando de se preocupar com atualizações tecnológicas da infraestrutura computacional. “Esse movimento resulta
em melhor atendimento aos nossos usuários e ao
cidadão”, informa.
IPVA
$
12
Na avaliação de Terror, à medida que se multiplica a oferta de nuvem a tendência de cloud
computing se consolida também na área pública. Ele pondera que há vários fatores que influenciam a expansão da tecnologia. No caso da
Prodabel, seu objetivo no médio prazo é
obter melhor performance e ainda ganhar com
economia de custos. Mas, no longo prazo, acredita que a empresa estará com mais vantagens
competitivas sobre outros provedores, uma vez
que terá a possibilidade de focar em inovação e
novos serviços.
Inicialmente, está prevista que a capacidade na nuvem da Prodabel será de 50 TB, mas a expectativa é
que futuramente esse número cresça significativamente e alcance 250 TB. Nem todos os sistemas da
Prefeitura de Belo Horizonte que rodam na empresa irão, nessa primeira, fase para o novo ambiente.
Como há muitos sistemas legados que não estão
preparados para a plataforma, Terror imagina que
serão necessários, no mínimo, 24 meses após o
início da operação em cloud para concluir todo o
processo. “Mas desde já todos os nossos sistemas
estão sendo revistos e preparados para essa transição. Mas isso leva algum tempo”, afirmou.
Licitações
O presidente da Prodabel calcula que o edital de
licitação para a escolha do fornecedor da nuvem
será lançado em até 90 dias. O documento deverá prever uma solução híbrida, de acordo com o
executivo. Após a consolidação da nuvem, os próximos passos da empresa estarão voltados para a
implementação de sistemas de Voz sobre IP nos
serviços municipais e a atualização do protocolo
IPV6. A companhia possui uma forte estrutura de
comunicação de dados e redes locais e é apoiada
por dois data centers.
A nuvem também entrou no mapa da cidade de
São Paulo. A Prodam (Companhia de Processamento de Dados do Município de São Paulo) prepara a Nuvem São Paulo, como foi batizada, que
englobará a cloud híbrida para a prestação de serviços e ainda a gestão técnica de qualquer serviço
em nuvem contratado por órgãos da administração pública municipal. Ou seja, na prática, a empresa irá atuar como orquestradora (broker) dos
serviços de nuvem para a Prefeitura de São Paulo,
como define Marcelo Pimenta, diretor de Infraestrutura e Tecnologia da companhia.
A estratégia prevê que dentro da nuvem híbrida, o
que é privado será administrado pela infraestrutura da Prodam e a parte pública será terceirizada
pela empresa. “Além disso, se algum órgão público optar por contratar diretamente serviços em
nuvem, a Prodam, como orquestradora, definirá
os critérios para contratação de forma a garantir,
em todos os casos, segurança, qualidade (SLA),
integridade e integração com os demais serviços”, completa o executivo.
A Prodam também pretende trabalhar com as
modalidades PaaS, IaaS e SaaS. “Nosso objetivo
é que os novos sistemas já sejam desenvolvidos
para o ambiente nuvem e o legado migrará para o
novo ambiente caso seja necessário, se representar alguma vantagem”, observa Pimenta.
Para o executivo, esse movimento deverá ter reflexos em ganho de produtividade e redução dos
custos. Mas considera que o mais importante é a
possibilidade de oferecer para as equipes de desenvolvimento, e mesmo para os clientes, um ambiente de infraestrutura ágil e flexível.
“Queremos oferecer capacidade de provisionamento de infraestrutura de uma forma muito
mais rápida e simples, de acordo a necessidade,
seja para ambientes de desenvolvimento, homologação ou mesmo produção”, ressalta. O diretor
da Prodam acredita que, no atual cenário, a adoção de cloud é um caminho irreversível. “A nuvem
é a melhor opção, pelo menos até que surja uma
nova tecnologia que venha mudar isso.”
Os pilotos com a plataforma de nuvem vêm sendo realizados pela Prodam, com sucesso, desde
o ano passado. Pimenta informou que a empresa
deverá fazer duas licitações ainda este ano, tanto para a estruturação da nuvem privada quanto
para a contratação da nuvem pública.
“A Procergs é hoje a nuvem privada do governo
do Rio Grande do Sul”, garante Antonio Ramos
Gomes, presidente da Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul. Ele se refere a alguns serviços já estruturados em nuvem,
como a autenticação da nota fiscal eletrônica que a
empresa realiza para 13 estados, e conta que a nuvem permite, conceitualmente, que as secretarias
e autarquias e mais alguns órgãos de outras jurisdições concentrem seus serviços na companhia.
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O Rio Grande do Sul ainda
avalia a oferta de nuvem
Já a estrutura de um ambiente de computação
em nuvem pública, privada ou híbrida que possa
oferecer serviços de cloud para seus clientes ainda é um tema em estudo na Procergs. Ramos sabe
que, com isso, a companhia poderá ganhar com a
oferta de mais escalabilidade e flexibilidade aos
usuários. Da mesma forma, estão na mesa de discussões vários temas, como, por exemplo, a forma
como a empresa poderá se beneficiar do acelerado crescimento da Internet das Coisas ou mesmo
ampliar suas capacidades analíticas, como o Big
Data, para desenvolver novos serviços ao cruzar
informações públicas em suas bases de dados.
A nuvem poderá ser uma boa companheira para
um dos grandes desafios que está nas mãos da
Procergs, a integração das bases de dados para o
projeto do Cadastro Único de Indivíduos do Rio
Grande do Sul, trabalhando como parceira do
Instituto Geral de Perícias (IGP) que, inclusive,
adotou uma solução biométrica para emissão de
documentos e identificação. O governo também
já está em fase beta do Projeto Login Cidadão, comandado pela companhia, que prevê um único
cadastro para que ele possa acessar qualquer serviço de informações do estado.
Cloud first. First?
A adoção de cloud na área pública, mesmo em nações mais desenvolvidas, tem apresentado desafios maiores do que o esperado. O exemplo mais
clássico é do governo norte americano cujo CIO,
Vivek Kundra, publicou uma recomendação aos
órgãos e agências em 2010 sobre a adoção de uma
política “cloud first”. Seu diagnóstico era de que o
ambiente de TI na área governamental era caracterizado por baixa utilização de ativos, demanda
fragmentada de recursos, sistemas duplicados,
difícil gerenciamento e convivência com contratos de longos prazos.
Na avaliação de Kundra, esse cenário tinha um
impacto negativo na capacidade do governo federal de atender ao público americano. Ele reconhecia que a computação em nuvem tem o potencial
para exercer um papel importante para superar
essas ineficiências e melhorar a qualidade na
prestação de serviços.
Cinco anos depois, um relatório da US Government Accountability Office mostrou que uma
média de 2% dos gastos de TI nas agências governamentais foi para cloud computing no ano passado.
E as sete maiores agências sequer consideraram a
computação em nuvem para 67% dos projetos.
Mesmo com essa resistência, há apostas de que
o uso de cloud computing no governo nos Estados Unidos está em curva ascendente. E essas
previsões levam em conta o movimento feito
por expressivos órgãos governamentais, como o
Departamento de Defesa, na direção das nuvens.
Esses exemplos, acreditam analistas, podem influenciar os demais órgãos que ainda estão hesitantes a se decidirem pela plataforma. O IDC
estima que os gastos do governo federal norte-americano, no ano passado, com nuvem pública
foi de US$ 1,7 bilhão e em cloud pública atingiu
US$ 118,3 milhões. E prevê que esses números
irão dobrar até o final deste ano.
A situação pode não ser muito diferente no Brasil
e a adoção pelos órgãos federais, estaduais e municipais é que irá ditar o ritmo com que os provedores de serviços públicos vão investir mais, ou
menos, na tecnologia. As resistências parecem,
enfim, estarem diminuindo.
14
15
aS ofErtaS daS opEradoraS
telefônica Vivo, embratel e oi investem na vertical governo,
uma das modalidades é a de nuvem comunitária que pode ser
compartilhada por vários órgãos. No exterior,
a nuvem comunitária já se consolidou.
À medida em que aumenta o interesse do
setor público nas eficiências que podem ser
proporcionadas com a adoção de cloud computing,
crescem também as chances para as operadoras de
telecomunicações ganharem maior participação
nesse mercado. segundo a consultoria Frost &
sullivan, elas podem se tornar peças importantes
na expansão da tecnologia em cima de fatores
que lhes dão vantagem competitiva, como billing,
suporte ao cliente, capilaridade de suas redes e
conectividade. Há ainda chances de aproveitarem
a demanda por modalidade que tem maior
expansão nessa tecnologia, a de saas (software
como serviço), que deverá movimentar no país
cerca de us$ 584 milhões até 2017, conforme a
consultoria. somados todos os pontos, o momento
parece ser o de aperfeiçoar as estratégias para
garantir contratos na área pública.
Cloud tem um forte apelo dentro da vertical
governo na Vivo telefônica, segundo samir Mazzer
Chuffi, gerente de serviços itCloud B2B.
a empresa trabalha com modalidades diferentes
na oferta do serviço e com infraestrutura que prevê
nuvens pública, privadas e híbridas. Mas, para a
área governamental, tem reforçado uma indicação
especial, o uso de clouds comunitárias. "trata-se de
modalidade que ainda não é tão comum, mas para
governos ela oferece muitas vantagens", observa
o executivo.
No exterior
"apesar de ainda nova no Brasil, a cloud
comunitária tem sido muito utilizada por governos
em outros países", ressalta Chuffi. um desses
exemplos vem do Canadá. ao anunciar em 2013
o plano para criar um departamento único de ti
que responderia por "serviços Compartilhados",
o governo federal canadense esperava obter
16
uma economia de us$ 100 milhões a us$ 200
milhões por ano por meio da consolidação de
eficiências. isso envolveria redução de custos com
a padronização de sistemas individuais em funções
como email, e ainda a redução do número de data
centers de 300 para menos de 20. Nessa estratégia,
considerava que a computação em nuvem, mais
especificamente a cloud comunitária, seria a chave
para alcançar esses objetivos.
em 2013, o mercado de cloud comunitária,
incluindo empresas e governos, movimentou
cerca de us$ 566 milhões de acordo com a
MarketsandMarkets, empresa global de pesquisa
e consultoria. Mas a projeção da empresa para
2018 é de que atinja aproximadamente us$ 2,49
bilhões. o maior mercado para essa tecnologia,
prevê, será os estados unidos, mas para a europa
também era esperada maior velocidade na adoção
desse ambiente de nuvem.
Com clouds comunitárias ou não, Chuffi acredita
que o movimento da área pública para as nuvens
será um processo inevitável. "a jornada para cloud
pode ser longa, mas ela está em andamento. tratase de uma necessidade cada vez mais crescente,
não há como fugir disso", argumenta o executivo.
ele acredita que, a exemplo da área corporativa,
a administração pública também terá de dar
respostas ao processo de transformação digital
da sociedade, no qual a entrega de aplicações
termina por modelar negócios e serviços.
Para disputar esse mercado, a Vivo telefônica
se apóia na infraestrutura de seu data center ,
inaugurado em 2012 em santana do Parnaíba (sP),
e que recebeu investimentos de us$ 400 milhões.
a companhia conta ainda com o apoio de mais
quatro data centers próprios na américa
latina -- argentina, Chile, Colômbia e Peru.
a embratel também reforçou seu data center
ao decidir disputar o mercado de serviços
de ti para empresas e governos. ela investiu
r$ 100 milhões no centro de dados em são Paulo
e se dedicou a construir uma estrutura semelhante
na área portuária do rio de Janeiro, o Porto
Maravilha, que deve ser inaugurado este ano.
além de atender à demanda de serviços, como
nuvem, também terá importante papel nas
olímpiadas 2016, evento do qual a operadora é a
fornecedora oficial de telecomunicações.
segundo a empresa, ela está preparada para
atender todas as soluções de cloud pública,
privada e híbrida para todos os seus clientes,
incluindo todos os órgãos de governos. “as
soluções da embratel são auditáveis e garantem
disponibilidade, integridade, confidencialidade
e autenticidade das informações”, informa
a companhia.
Braço “NuVeM”
Para atender a demanda por serviços de cloud
computing, a oi está ampliando a capacidade de
infraestrutura disponível em seu data center em
são Paulo, um dos cinco que mantém no país.
o projeto, que começou em junho e será concluído
em setembro deste ano, vai possibilitar à oi novas
vendas da oferta de iaas para clientes de grandes
corporações e pequenas e médias empresas.
a oi já investiu mais de r$ 52 milhões no oi
smartCloud, plataforma de cloud da companhia,
desde seu lançamento, em 2012. a companhia
vem registrando um forte crescimento na área
de dados, ti e cloud, com um aumento de 20%
da receita no último ano (1º trimestre de 2015 x
1º trimestre de 2014).
Para explicar o investimento – até então os
serviços em nuvem eram oferecidos só no data
center de Brasília –, Maurício Vergani, diretor
de negócios B2B da oi, diz que a companhia vem
crescendo, no segmento de ti para empresas,
a uma taxa superior a duas vezes a do mercado,
tendo a nuvem como carro-chefe do negócio.
“temos percebido o interesse crescente dos
clientes por infraestrutura como serviço,
o que justifica esse movimento de ampliação
do data center da oi em são Paulo”, comenta.
Com a instalação de máquinas virtuais padrão
(VMs) adicionais, o projeto quase dobrará a
capacidade da infraestrutura atual do data center
de são Paulo. Com a ampliação, será criado um
“braço” da nuvem da oi no data center de sP,
que hoje oferece somente serviços de hosting
e collocation a clientes corporativos.
17
a barrEira da SEgurança
Apesar dos investimentos feitos por fornecedores dos serviços em nuvem,
ainda há resistência entre as empresas.
até hoje, quando se questiona quais os principais obstáculos que os executivos de tecnologia consideram
na hora de planejar uma migração para a nuvem, a segurança dos dados aparece na lista, uma vez que as
informações ficam on-line o tempo todo. e mesmo quando a relação de confiança começou a aumentar
– em função de altos investimentos de fornecedores, data centers e prestadores de serviços nessa
área – surgem fatos que colocam o tema de volta ao centro dos debates. um exemplo disso são as denúncias
feitas por edward snowden de como a Nsa, órgão de segurança do governo norte-americano, invadiu
secretamente os principais enlaces de comunicação dos centros de processamentos de dados do Yahoo
e Google ao redor do mundo, acessando informações das nuvens dos dois provedores.
Não é por acaso que a movimentação em torno da segurança dos dados disponíveis em cloud computing
cresce em velocidade acelerada. De acordo com a consultoria transparency Market research, depois de ter
alcançado cerca de us$ 4,5 bilhões no ano passado, o mercado de segurança global em cloud deve atingir
uma receita próxima a us$ 12 bilhões em 2022, o que representa uma taxa de expansão anual
da ordem de 12,8%.
os grandes influenciadores desse resultado são o aumento da demanda por computação em nuvem,
principalmente entre pequenas e médias empresas, e a proliferação da modalidade BYoD (traga seu próprio
dispositivo, em tradução livre). entretanto, a própria transparency Market research reconhece que o
crescimento não é maior em função do ceticismo das empresas sobre os serviços de cloud computing
e seus dispositivos de segurança.
ProVa De FoGo
a confiança nos dados em nuvem terá uma grande prova no Brasil no próximo ano que, ao mesmo tempo,
poderá se tornar um benchmark internacional. a promessa é de que o sistema de segurança dos dados das
olímpíadas 2016, que será realizada no rio de Janeiro, esteja concentrado na nuvem. equipes da atos vêm
testando em laboratório todos os tipos de ameaças e como evitá-las. isso permitirá reduzir o número de
servidores de 700, usados nas olimpíadas de londres, para 250.
"os problemas técnicos da computação em nuvem são os mesmo dos sistemas tradicionais. os dados em
nuvem devem ser protegidos como o são os dados que trafegam dentro das próprias empresas”, observa
Marcos Nehme, diretor da divisão técnica da rsa - divisão de segurança da eMC. ele acredita que um sistema
de cloud, em contrapartida, exige mais controles de risco, pois ele é muito mais abrangente e com um
número maior de acessos.
Na sua avaliação, a resposta das organizações a esse novo ambiente deve envolver controles de acessos mais
eficazes. "É preciso ter uma gestão de riscos que integre todos os sistemas, não permitindo que sejam criadas
vulnerabilidados", afirma o executivo. Para ele, a nuvem melhora inclusive a visibilidade para essa gestão,
pois no mundo físico o que fica mais visível são pontos isolados de controle. ele defende, ainda, a adoção
pelas empresas de uma política clara de contratação de serviços em nuvem para toda a companhia, o que,
segundo ele, nem sempre ocorre.
as movimentações entre as empresas da área de segurança vão de lançamentos de novas soluções até
a compra de startups ou outras empresas desse mercado. a Blue Coat, por exemplo, trabalha com centros
de dados – inclusive no Brasil – que oferecem sistemas de segurança como serviço. a rCa anunciou
recentemente soluções de gestão de identidade inteligente, que vão dos dispositivos até a nuvem.
a Microsoft admitiu seus planos de comprar a empresa israelense addalom, especializada em cibersegurança
em cloud, por us$ 320 milhões. No ano passado foi a vez da iBM, que comprou a lighthouse security,
também voltada para esse mercado, em um negócio cujo valor não foi revelado. (WF)
18
ANUNCIO
19
serviços
> Por Harumi isHiHara e marina Pita
Ilustração José américo Gobbo
Dados móveis:
a vez dos portais
nos governos.
Cresce a oferta de aplicativos
para os cidadãos em todos os níveis
de governo: federal,estadual
e municipal. Muitos ainda não são
bem conhecidos, mas já existem
os campeões de audiência.
Neste ano o governo federal recebeu 27,895 milhões de declarações de IR pessoa física. Dessas,
50 mil foram feita por aplicativos móveis. Poucas,
é verdade. Mas quase sete vezes mais do que em
2013, quando se deu a estreia do aplicativo. Em
2013, foram 7.361. Lentamente, o relacionamento
do cidadão com o governo, por meio dos disposirivos móveis, começa a avançar. E a curva de adoção do celular para acessar as aplicações deverá
ser exponencial, seguindo o exemplo de países
desenvolvidos. Por isso, nada mais natural que o
crescimento de aplicações de e-gov para as plataformas móveis.
Estados e municípios, além do governo federal,
têm conseguido dar respostas tecnológicas para
algumas das necessidades dos cidadãos, especialmente no que diz respeito a informações sobre a
estrutura pública e infraestrutura, aproveitando-se da popularização dos smartphones. Mas ainda
falta investir na divulgação das apps, muitas ainda desconhecidas do grande público.
Este ano, o governo federal criou um catálogo de
apps, que é gerenciado pela Secretária de Comunicação Social (Secom) e já dispõe de 63 aplicativos, sendo que 12 deles foram desenvolvidos pelo
Serpro. Esses aplicativos contemplam todas as
áreas do serviço público, alguns com grande número de downloads, e outros, mais antigos, ilustrados apenas com informações, sem acesso aos
serviços da área (veja quadro à p. 21).
20
Segundo José Maria Leocádio, coordenador de
tecnologia do Serpro, a empresa investe no desenvolvimento de apps para atender a seus clientes (governo federal e órgãos públicos). “Estamos
trabalhando intensamente para facilitar as formas de acesso aos dados abertos do governo. As
soluções móveis beneficiam uma grande parte da
população. Damos prioridade à experiência do
usuário, mais do que a tecnologia usada.”
Também os estados caminham na mesma direção. São Paulo e Rio Grande do Sul são os mais
avançados em serviços para dispositivos móveis.
Desde 2013, o governo de São Paulo, junto com a
Prodesp, vem desenvolvendo o portal SP Serviços,
lançado no ano passado, onde o usuário encontra
num só local os 24 aplicativos oferecidos. O leque
oferecido contempla serviços de moradia, cidadania, meio ambiente, agropecuária, saúde, segurança, transporte, veículos, turismo, educação,
finanças e diversos agendamentos de serviços no
Poupa Tempo. Os aplicativos são encontrados nas
lojas Apple e Google Play.
Assim como o governo federal, São Paulo também
lançou o site http://www.spservicos.sp.gov.br/ que
reúne os 24 aplicativos de serviços. Gustavo Guedes Alberto, da gerência de Produtos e Inovação
da Prodesp, diz que pretendem atingir a meta de
30 aplicativos até o final de 2015, incluindo um canal de reclamações. Uma das novidades é a versão
em aplicativo do Guia de Serviços, que já existe no
Portal do Poupatempo. Os aplicativos mais acessados e baixados são os do de agendamento do
Poupatempo, atestado de antecedentes e o simulador de prova do Detran.
Existem outros aplicativos que oferecem serviços
públicos no Estado de São Paulo, que não constam do SP Serviços. Fazem parte de iniciativas dos
próprios órgãos para facilitar a vida do cidadão.
A Universidade de São Paulo é um dos exemplos.
O professor Jun Okamoto Jr, superintendente de
área de Tecnologia da Informação, é responsável
pela criação de alguns aplicativos que atendem a
comunidade universitária. O aplicativo Bibliotecas
da USP é útil a toda população e nele pode-se pesquisar no Sistema Integrado de Bibliotecas (SIB),
encontrando a localização das publicações. O aplicativo encontra-se na loja da Apple.
Apps do governo federAl
o governo federal lançou, em 2015, um
catálogo de todos os aplicativos que
o cidadão pode acessar e consultar no site
www.aplicativos.gov.br.
outros apps que constam no catálogo
da secom e são acessados com o nome
do próprio aplicativo.
apps desevolvidas pelo serpro e que são
encontrados nas lojas apple e Google Play,
digitando o nome da instituição.
E-rECursos (INss) – aplicativo
que permite consultar, diretamente
nas bases da Previdência social,
informações, em tempo real, sobre o
andamento dos processos de recursos
administrativos de benefícios, no âmbito
da Previdência social.
sINEsP Cidadão – módulo do
sistema Nacional de Informações
de segurança Pública que permite
ao cidadão brasileiro acesso direto
a serviços da secretaria Nacional
de segurança Pública do Ministério da Justiça.
Nele, pode-se consultar informações de veículos
registrados no Departamento Nacional de trânsito
e verificar se o veículo foi roubado ou clonado.
Quase 2 milhões de pessoas já baixaram o app.
IrPF – aplicativo da receita
Federal, destinado aos declarantes
de Imposto de renda de Pessoa
Física.
CNPJ – é um aplicativo que permite
consultar diretamente nas bases
da receita Federal, informações
cadastrais da pessoa Jurídica.
VIaJaNtEs – aplicativo da
receita Federal do Brasil, destinado
aos viajantes internacionais,
onde o usuário pode fazer
a declaração de bens, com
preenchimento on-line.
INFraEro Voos oNlINE –
consultas de horários de partidas
e chegadas de voos de 50 aeroportos
brasileiros
ProtEJa BrasIl – aplicativo que
orienta denúncias de violações de
direitos de crianças e adolescentes.
CalCulaDora Do CIDaDão –
aplicativo desenvolvido para o
Banco Central do Brasil, que simula
situações, efetuando cálculos de
serviços financeiros, correções
monetárias, financiamento com prestações fixas,
correção de valores e cartão de crédito.
BrasIl BaNDa larGa
(aNatEl) – aplicativo que testa a
qualidade da banda larga móvel
do cidadão
21
O Rio Grande do Sul através do RS Móvel já tem
44 aplicativos disponíveis para a população, cumprindo assim a orientação de prioridade ao desenvolvimento de soluções móveis. O cardápio de
aplicativos agrega os principais serviços do Estado para o cidadão.
Já o Rio de Janeiro ainda não tem seu portal de
apps. Desenvolvido pelo Proderj, lançou o aplicativo, Meu Procon RJ, que permite ao consumidor
fazer reclamações sobre produtos e serviços, enviar documentação necessária, acompanhar as
reclamações, fazer denúncias, obter informações
sobre postos, esclarecer dúvidas sobre o Código
do Consumidor e acessar o ranking das empresas
mais reclamadas.
Nas cidades
Os municípios estão investindo em apps para estimular a participação dos cidadãos na gestão municipal. Este é o caso do município de Barueri, na
Grande São Paulo. O app lançado em meados de
março de 2014 é gratuito e conta com versões para
sistema operacional Android, iOS e web. Nele, o
usuário pode apontar problemas, enviando fotos,
e fazer solicitações relacionadas à educação, à
saúde, à segurança, à habitação, ao transporte, à
mobilidade urbana, ao meio ambiente, ao esporte
e à cultura. Para isso, o sistema exige o cadastro
com nome, CPF, e-mail e telefones.
No caso da educação, é possível verificar ou reclamar da acessibilidade (ou falta dela) na escola,
problemas na merenda e no transporte escolar.
Na Saúde, é possível comunicar problemas no
atendimento, na distribuição de medicamentos e
solicitar visitas de agentes de saúde a locais com
possíveis focos de dengue, entre outros itens. No
transporte, pode-se comunicar buracos nas ruas,
calçadas irregulares, falta de acessibilidade, etc.
Na segurança, o usuário pode solicitar reforço na
vigilância da Guarda Municipal em determinadas áreas. As solicitações, enviadas via aplicativo,
ficam protocoladas no sistema e o andamento
pode ser acompanhado. O processo é encerrado
quando a secretaria responsável der um retorno
ao reclamante.
O desenvolvimento de tais soluções tem sido potencializado pela disponibilidade de plataformas
na web, que podem ser utilizadas tanto por grupos de cidadãos como pelos poderes executivos
22
estaduais e municipais. Este é o caso do Colab.re,
desenvolvido por uma empresa de Recife, recentemente adotado pelo município de Campinas (SP).
Os aplicativos móveis também têm sido largamente utilizados para informar os cidadãos dos
itinerários, posição e trajetos de ônibus. Fortaleza, capital cearense, é uma das cidades que lançou
mão deste recurso para melhorar a qualidade do
transporte público garantindo certa previsibilidade. O aplicativo Meu Ônibus faz parte do Programa de Informação ao usuário do transporte
público. As ações preveem a oferta do aplicativo
de previsão de chegada dos ônibus, bem como a
instalação de painéis de informação instalados
nos pontos de parada com o itinerário/mapa das
linhas que passam pelo referido ponto. A formulação do aplicativo foi capitaneada pela Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SCSP), em
parceria com a Empresa de Transporte Urbano
(Etufor) e o Sindicato das Empresas de Transporte
de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus).
23
I N F RA E S T R UT URA
> Por Rafael BRavo Bucco
As redes ópticas públicas
expandem nos
grandes centros
A Telebras vai investir nos próximos anos para aperfeiçoar
o backbone óptico que corta o Brasil, enquanto a RNP expande
sua rede acadêmica para uso também dos governos locais.
As redes metropolitanas de alta velocidade vão se
multiplicar nos próximos anos, no Brasil. Duas
grandes iniciativas, uma da Telebras e outra da
Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), estão interligando os grandes centros, ampliando
a área da cobertura em fibra óptica nas regiões
de grande adensamento populacional, inserindo
a periferia e prefeituras das cidades do entorno de capitais na rota da expansão da malha
que deve cobrir todos os estados nos próximos
cinco anos.
12 cidades que receberam as partidas de futebol
do mundial. Com a ocupação da capacidade, a
companhia ampliou o projeto.
A Telebras, companhia controlada pelo governo
federal, vai investir R$ 240 milhões na construção de redes metropolitanas em 21 capitais brasileiras e também na ampliação do seu backbone.
Atualmente, a rede da empresa tem 25 mil quilômetros interligando todas as regiões brasileiras.
A expansão foi anunciada por Jorge Bittar, presidente da estatal, durante cerimônia no começo de
julho, em Brasília. Segundo ele, a ampliação tem o
objetivo de atender as chamadas redes de governo
e também os provedores regionais.
Acordos nas capitais
O ponto de partida para a criação de malha de tamanho continental foi a Copa do Mundo. A empresa começou, em 2012, a construir redes nas
24
Para viabilizar a construção das redes metropolitanas, a Telebras vai fazer parcerias com as prefeituras municipais de várias capitais, seguindo o
modelo fechado em São Paulo e Porto Alegre. Os
prefeitos dessas capitais permitiram a passagem
de fibras ópticas pelos dutos subterrâneos já existentes e utilizados por empresas municipais.
Na capital paulista, o termo de cooperação técnica
com a prefeitura prevê passagem de 200 quilômetros de fibra óptica pelos dutos subterrâneos controlados pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que controla o uso do solo nas ruas. Isso
deve custar R$ 20 milhões. O projeto prevê a instalação total de mil quilômetros de fibra, a maior
parte cobrindo a periferia. A rede será interligada
à rede de telecomunicações da prefeitura para
ampliar o atendimento ao Programa Nacional de
Banda Larga (PNBL) e às redes de governo.
Essa rede será utilizada também para prover serviços públicos de banda larga, como o WiFi Livre,
A REdE dA RNP
Fonte: RnP
que fornece acesso livre e gratuito em 120 praças e
locais de grande circulação de pessoas na capital,
além dos vários telecentros da cidade.
Bittar e o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, assinaram, também, um acordo semelhante
durante o 16º Fórum Internacional de Software
Livre, que aconteceu na capital gaúcha em julho. Nesse caso, o termo de cooperação prevê a
passagem de 8 quilômetros de fibra óptica nos
dutos administrados pela Companhia de Proces-
samento de Dados do Município de Porto Alegre
(Procempa), complementado o anel montado na
Copa do Mundo. Os objetivos serão os mesmos
dos de São Paulo.
E assim será, ainda, em outras 17 cidades que
estão no mapa de capilaridade da rede óptica da
estatal. Nestas cidades, as obras devem começar
em 2016. Além de levar o link a provedores regionais e permitir a oferta de serviços públicos de conexão, a rede também deve criar uma infraestru-
25
As parcerias
com prefeituras
e outros órgãos
públicos são o
caminho para
a expansão das
redes nas grandes
cidades e mesmo
na construção
do backbone
nacional.
BittaR, da teleBRas, e GRizendi, da
RnP: investimentos PaRa daR maioR
caPilaRidade às Redes metRoPolitanas
e elevaR as velocidades oFeRecidas.
tura capaz de entregar conectividade segura entre
os órgãos do governo federal que funcionam nestes locais. A empresa não especifica, porém, quais
outras cidades serão beneficiadas na sequência
da realização destes projetos.
Para pesquisa e serviços
Na RNP, a perspectiva também é de ampliação do
backbone que corta o país. A rede, que foi originalmente criada para interligar instituições federais de ensino, ganhou corpo e está cada vez mais
compartilhada com os poderes públicos.
A meta continua a ser entregar mais conectividade a universidades e institutos federais. Mas os
responsáveis reconhecem que boa parte da capacidade ficaria ociosa, e encontram na cessão de
uso por prefeituras, governos estaduais e pequenos provedores uma alternativa tanto para financiar a manutenção, como para contribuir com a
melhoria da entrega de serviços digitais nos rincões do país ou nas áreas das metrópoles onde as
operadoras resistem em chegar.
Eduardo Grizendi, diretor de engenharia e operações da RNP, organização ligada ao Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Educação, conta que o backbone já alcançou capacidade de 20 Gbps nas capitais de São Paulo e Rio de
Janeiro. No resto do Brasil, está sendo ampliada
para 10 Gbps.
Todas as capitais e algumas regiões metropolitanas, como Campinas (SP) ou Niterói (RJ), já têm
infraestrutura de rede óptica da RNP. São 40 re-
26
giões metropolitanas atendidas. A única capital
brasileira descoberta é Porto Velho, que, segundo
executivo, será iluminada até o final deste ano.
Nem toda a infraestrutura é implementada pela
própria rede de pesquisa. Há contratos para uso
de redes das operadoras em São Paulo e Belo Horizonte, por exemplo. A RNP faz um cálculo para
ver onde vale a penas contratar, e onde sai mais
barato construir. “Quando há uma quantidade
grande de instituições, compensa fazer. Para uma
só instituição, a gente prefere simplesmente contratar capacidade”, diz Grizendi.
São José dos Campos (SP), Santa Maria e Pelotas
(RS), Mossoró (CE) e Juiz de Fora (MG) são cidades
que vão ganhar uma rede própria em 2016. Cada
uma dessas redes seguirá o modelo de gestão comum da RNP, em que se cria um comitê gestor
local, responsável por determinar como será o
compartilhamento de infraestrutura e uso pelas
instituições atendidas. Formam o comitê representantes de cada instituição, além de stakeholders
(cidadãos, representantes das empresas de energia
etc) e autoridades locais.
Ao todo, a RNP controla 2,4 mil quilômetros de
fibra no país. Investimento que consumiu R$ 60
milhões nos últimos dez anos. Grizendi conta que
o uso da capacidade já se aproxima do máximo.
“Em redes ainda de 1 Gbps, a capacidade usada
é de 600 a 700 Mbps”, diz. Mas ele espera que em
breve esses locais evoluam. A meta é, em cinco
anos, multiplicar a capacidade para que atinja os
100 Gbps no backbone, em média.
Apesar desses investimentos, o maior orçamento
da RNP ainda é para a contratação de circuitos,
e não para a construção. Cerca de 25% das instituições ficam no interior do país, onde a implementação de infraestrutura sai mais cara do que a
contratação junto aos pequenos provedores
locais. “Estamos falando do interior de Pará, Mato
Grosso, Piauí, onde a gente encontra bons provedores regionais que têm nos ajudado a atender as
instituições. Cerca 60 provedores regionais trabalham conosco. Crescemos em torno de 20% ao ano
em número de provedores. O papel das operadoras tem se reduzido na medida em que aumenta o
papel dos provedores regionais”, conta Grizendi.
Entre as grandes operadoras, a RNP tem contratos
com Embratel, Oi e Telebras.
Segundo Grizendi, a meta, porém, é trocar tudo
por redes próprias no curto prazo, e integrar
este enorme backbone nacional à Rede Bella,
uma iniciativa entre a América do Sul e a Europa, que prevê a construção de um anel óptico
interligando todos os países do continente sul-americano. Do Brasil sairá um cabo submarino
para Lisboa - previsto para ser construído por uma
joint-venture entre a Telebras e a empresa espanhola Islalink, em 2016.
A Rede Bella vai ser responsável pela ocupação
de 40% desse cabo submarino. Vai consumir investimentos de 40 milhões de euros, financiados
pelo conjunto dos países. No Brasil, a RNP se comprometeu a ligar Fortaleza a Porto Alegre em uma
obra que custará de R$ 40 milhões a R$ 60 milhões
e deve ser finalizada no terceiro trimestre de 2017.
Até 2020, a RNP espera fazer um trecho de backbone ligando Macapá a Fortaleza. “Depois, outra rota que pega Norte, Centro-Oeste e Sul”, diz
Grizendi. Ele calcula que a RNP irá investir entre
R$ 120 milhões e R$ 160 milhões para finalizar
este projeto nacional. A capacidade de transmissão será de 100 Gbps.
Finalizado, os dados trafegados pela academia
dos países participantes não vão mais passar pelos Estados Unidos, hoje escala obrigatória antes
de serem roteados para a Europa. E assim, o intercâmbio de conhecimento entre o sul das Américas e os países da União Europeia acontecerá na
velocidade da luz.
PEqUENA gRANdE INovAção
Para ampliar seu backbone, a rNP acredita em
uma tecnologia que já existe em outros países,
mas está sendo aperfeiçoada na Brasil pelo
CPqD e a Prysmian, fabricante de cabos.
A novidade é a microvala, um corte reduzido
no solo para acomodação de microcabos.
o método consiste na canalização de cabos
ópticos em dutos menores que os habituais,
sob o asfalto ou cimento. Apesar de menores
em diâmetro reduzido, esses cabos ópticos têm
a mesma capacidade das fibras tradicionais,
mas dispensam grandes obras e reduzem
os custos de implantação.
os microcabos ainda carecem de regulamentação. A normalização pela Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) e homologação pela
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
deve acontecer até o final do ano.
A rede Nacional de Ensino e Pesquisa (rNP),
fomentadora do uso dessa técnica no Brasil,
tem se mobilizado junto a entidades de classe,
laboratórios de certificação, fabricantes
de materiais, fornecedores, concessionárias
de telecomunicações, pequenos provedores
de banda larga e prestadores de serviços para
regularizar a sua adoção. A técnica já vem sendo
adotada no projeto Cidades Digitais, conduzido
pelo Ministério das Comunicações que se
encontra em sua segunda etapa, na qual toda
a infraestrutura está sendo enterrada.
“Do ponto de vista técnico, o método de
microvalas é um avanço. resolve não apenas
problemas relacionados ao uso de postes,
que atualmente abrigam diferentes tipos
de transmissões, como sinal luminoso, cabos
de televisões a cabo e internet, mas contribui
diretamente para a utilização mais racional
e responsável dos recursos. Há três anos,
a rNP enxergou o potencial do uso dessa
técnica e tem investido na divulgação das
vantagens já constatadas por outros países”,
conclui Grizendi.
27
E N T R E V I S TA
> Por Lia RibeiRo Dias
Fotos Robson Regato
28
JUL IO S E ME GHINI
Porta de entrada única
Pioneiro no atendimento ao cidadão ao criar, há quase
duas décadas, o Poupatempo, que serviu de exemplo para
outras iniciativas em vários estados brasileiros, o governo
do Estado de São Paulo se prepara para dar um novo salto.
A primeira iniciativa do governo do Estado de
São Paulo para abrir uma nova fase no atendimento ao cidadão é transferir boa parte do atendimento presencial para o atendimento virtual
via portais ou celular. Algumas iniciativas já foram realizadas, como a criação, pela Prodesp, do
portal do cidadão, o SP Serviços. A expectativa,
conta Julio Semeghini, subsecretário de Tecnologia e Atendimento ao Cidadão, é de que 40%
dos atendimentos hoje realizados na rede Poupatempo sejam transferidos, até o final de 2015,
para a esfera virtual (primeira e segunda vias de
carteira de identidade, CNH etc.) e que todos os
agendamentos de serviços (marcação de consultas, matrículas, boletim de ocorrência) sejam realizados via virtual, por acesso à internet a partir
de qualquer dispositivo, inclusive do celular.
Para registrar esse salto no atendimento ao cidadão, o governo vai investir, este ano, R$ 3 bilhões,
R$ 550 milhões dos quais diretamente no atendimento aos que vivem no estado. O trabalho de
integração das infraestruturas, de data centers e
portais, passa pelo desenvolvimento de um banco de dados único com imagens do cidadão (fotos e impressões digitais) tanto para a área civil
quanto criminal. O cidadão não vai precisar tirar
suas impressões digitais e fotos para fazer ou renovar a carteira de motorista e, depois, seguir o
mesmo caminho para renovar a identidade, por
exemplo. Tudo vai estar no mesmo banco e, ao
se identificar, fotos e digitais do cidadão já vão
aparecer na tela. Economia de tempo para o cidadão, mais agilidade na oferta de serviço, e menos custo para o estado. “A liberação de tempo
nos Poupatempo vai permitir que a equipe se
dedique a outros atendimentos na área social”,
comenta Semeghini, que nesta entrevista
Wireless Mundi conta quais são os desafios que
tem pela frente.
Wireless Mundi – Apesar dos avanços do governo
eletrônico nas duas últimas décadas é inegável
que o modelo atual, de múltiplas portas de acesso, encarece os custos, implica retrabalho e toma
tempo inutilmente do cidadão. O que precisa mudar? Como se constroi uma porta única na relação
Estado-cidadão?
Julio Semeghini: O governo eletrônico em São
Paulo avançou bastante em cada secretaria.Várias secretarias acharam uma forma de ouvidoria,
uma forma de call center para poder atender a pedidos, várias montaram seu portal para atender
os pedidos que vêm da população. Isso é um grande avanço. Tem aproximado o cidadão do governo. Mas o que avançou muito, nos últimos anos,
foi a experiência da população no uso de tecnologia em seu dia a dia. Isso permite que a gente
dê saltos significativos, agora, no atendimento.
Uma forma de trabalhar bastante, antes de integrar o governo, é permitir que os serviços deixem
de ser presenciais e passem a ser virtuais, como os
serviços bancários fizeram. Mas esse é apenas o
primeiro passo para levar o serviço até o cidadão.
WM – Hoje sua subsecretaria é encarregada justamente dos serviços ao cidadão. Quais são os
planos que estão na mesa e quais os passos a serem seguidos?
Semeghini: O primeiro plano é pegar a estrutura
e a experiência que nós temos para atender presencialmente para fazer o atendimento on-line e
móvel. O governo hoje tem uma estrutura grande,
são 67, 70 postos de atendimento do Poupatempo em todo o estado, de maneira regional, para
atender, para conversar com o cidadão. Além disso, as próprias secretarias também avançaram
no atendimento. O que tem de ser feito agora é
fazer com que o cidadão possa conversar com o
governo de maneira interativa e através de serviços móveis, porque a plataforma móvel é onde
29
“Estamos desenvolvendo uma
plataforma que integra todos os
portais e apps, para se ter uma
porta de entrada única”
o cidadão está o dia inteiro, na sua vida. Hoje o
cidadão não se desconecta de seu celular. Então, é
muito importante que o governo mude essa estrutura e passe toda esta tecnologia de atendimento
que tem para o virtual, para a plataforma móvel.
O governo de São Paulo criou o SP Serviços, que
está reunindo todos os aplicativos que ele tem,
aplicativos para plataforma móvel. Já temos
mais de 20 aplicativos, permitindo que o cidadão possa fazer o agendamento dos serviços. Por
enquanto, ele entra no agendamento do Detran
e faz o agendamento do Detran, entra no agendamento do Poupatempo. Mas já escolhe um
horário de conveniência dele, inclusive aos sábados, para ir até o serviço. Isso já está na plataforma móvel e isso permite que esse tipo de
serviço seja atendido pessoalmente. No futuro,
ele poderá entrar num só portal e fazer qualquer
agendamento. Para isso, o governo está criando
um cadastro único para que o cidadão possa se
identificar rapidamente e pedir seu serviço sem
precisar estar presente. A primeira etapa, feita no
ano passado e que neste ano já dá frutos, foi padronizar a forma de captar a imagem biométrica.
Até o final de 2015, teremos mais de 10 milhões
de pessoas com toda a imagem no padrão Brain
Waive Biometrics, que serve tanto para o banco
criminal quanto para o banco civil. Isso vai permitir que uma pessoa, a partir de qualquer ponto
do estado, mesmo onde não tem um Poupatempo, um terminal de autoatendimento, se identifique, em um ambiente seguro, e peça a segunda
via de uma carteira de identidade. São mais de
3 milhões de segundas vias da carteira de identidade que a gente expede por ano, todas elas ainda presencialmente. Nós vamos poder, com isso,
dar um salto grande.
Estamos desenvolvendo agora, também, com
o Banco do Brasil e com a Febraban, uma solução para que todos os bancos se conectem, de tal
maneira que o cidadão também possa pagar as
taxas por meio de um totem ou por um portal,
30
se identificando por meio da sua digital, e possa receber os documentos, pelo correio, em casa.
Já estamos preparados para implantar isso em
três etapas a partir de agosto deste ano. Primeiro, o sistema de pagamento por meio dos portais
ou através de um pin pad nos totens. Estamos,
já, com o cadastro único das imagens, que não
são apenas as impressões digitais mais as fotos
digitalizadas e a assinatura, o que evita que as
pessoas precisem ficar tirando fotos para várias
demandas do estado. E estamos criando um cadastro único, porque se a pessoa chega em qualquer instituição da área da saúde, da segurança,
da educação para se identificar, com uma única
identificação, que seria seu RG, todos os dados
de sua vida já aparecem na tela.
Estamos desenvolvendo outro projeto grande,
uma plataforma que integra todos os portais e
aplicativos para que as pessoas possam, através
de uma única porta de entrada do governo de São
Paulo, pedir qualquer desses serviços que vão estar disponibilizados na rede. Aí vamos dar o segundo passo. Teremos levado para a plataforma
móvel, vamos ter levado para o atendimento virtual, e vamos centralizar em um único canal de
conversa com o governo.
Outra coisa muito significativa, que ainda estamos estudando e alguns países do mundo já
têm, é o atendimento a um grupo determinado
de cidadãos com características comuns. Estamos analisando a experiência do Canadá e
aprendendo com ela. Há avanços significativos
na capacidade de atender bem grupos de cidadãos que têm algo muito forte em comum. Por
exemplo, deficientes. Se nós tivermos um portal
onde ele entra, mostra que é portador de qualquer deficiência, e tem um cadastro, ele imediatamente pode ter direito de comprar seu carro
com benefício do ICMS, não precisa tirar todo
o seu documento de novo, pode ter o direito de
fazer suas matrículas, seu atendimento especial, nas escolas. Então você já cria um canal de
comunicação de um governo únicopara um cidadão único. Esse também é um trabalho que
nosso laboratório de inovação está preparando.
31
“Na saúde, temos projeto
em mais de 20 hospitais para
criar o prontuário do paciente”
WM – Há toda uma preocupação de renovação, de
o Poupatempo sair da esfera física para a esfera virtual, dar um passo à frente. Agora, o que está sendo feito nas áreas de educação e saúde? Me parece
que o governo do estado tem muita preocupação
com a parte de documentação, com direitos do cidadão, mas que nessas duas áreas o atendimento
ainda é muito descentralizado, não é?
Semeghini: Vou dar só um exemplo para você
ver como, quando o serviço público é bem feito
e bem estruturado, ele dá um salto grande para
a estrutura pública. O governo de São Paulo, há
algum tempo, colocou o boletim de ocorrência
na internet. Muita gente tinha medo de ir às delegacias e sequer fazia os boletins de ocorrência.
Hoje, como se pode fazer por meio da internet, e
agora na plataforma móvel, em 2014 foram feitos
1,650 milhão de boletins de ocorrência pela rede.
Imagine quanto se aliviou as delegacias, que não
precisaram atender a mais de 1,5 milhão de pessoas. Então isso é muito importante. O governo
não está pensando só no cidadão. Nós estamos
fazendo outras coisas muito importantes. Na saúde, temos um projeto em mais de 20 hospitais
em que se começa a criar o prontuário médico
da pessoa, de tal forma que se ele for atendido
em qualquer local da rede pública ou da privada,
se for conveniada com o SUS, ele poderá ter sua
história, seus últimos exames. Quando há um
prontuário único isso evita que se repita exames,
aumenta a eficiência e a eficácia de um médico
que vai atender um paciente que leva todo o seu
histórico consigo.
WM – Isso está em que fase? E é só nos hospitais
ou também nas unidades de saúde?
Semeghini: Está funcionando praticamente em
20 hospitais. Além disso, vamos ampliar primeiro o trabalho de controle dentro dos hospitais.
Temos o controle da distribuição de remédio,
para não ter desperdício e ver se as pessoas estão
tomando o remédio adequado. O segundo passo
agora, em discussão com o secretário da Saúde, é
todo o sistema logístico de distribuição de remédios, os que você entrega para as pessoas tomarem em casa quando têm sua receita. E o outro
projeto é como integrar os postos de saúde. Hoje
eles já fazem o agendamento, mas é importante
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que eles possam fazer desde o primeiro agendamento todo o acompanhamento médico. O agendamento de vários hospitais é feito via internet.
O que nós estamos discutindo agora com a Saúde
é um agendamento integrado. O de pessoas com
acidentes de trânsito e UTI já é integrado. O que
queremos é que todo o agendamento de consulta
também possa se dar dessa forma. E isso será tanto nos hospitais quanto nas unidades de saúde.
O governo tem feito bastante investimento na área
de saúde e de segurança. Na educação há muito
trabalho em andamento, em paralelo, que o secretário tem feito. É muito importante, na educação,
uma integração com a rede de professores responsável pela área pedagógica, para que você não tenha só infraestrutura. O estado de São Paulo, hoje,
tem todas as suas escolas estaduais conectadas,
com links de pelo menos 8 Mbps, que é uma coisa que dá uma boa infraestrutura para qualquer
parte. Toda a área de planejamento, de classe, de
aula, de acompanhamento de aluno é totalmente
integrada. Agora, está se discutindo, e tem várias
experiências distribuídas pelo estado, como se
aplica a tecnologia da informação no dia a dia do
mundo pedagógico, no ensino para o aluno.
WM – É possível saber quanto do atendimento da
demanda do cidadão já é feito através da internet?
Semeghini: Temos vários portais em que a gente
consegue ver. Não temos a demanda toda porque
está se começando a investir agora. Eu falei dos
boletins de ocorrência, que são o maior sucesso.
Mais de 60% dos boletins de ocorrência são feitos
pela internet. Você tem documentos, por exemplo, de renovação de carteira de habilitação, a sua
carteira de habilitação definitiva. Temos quase
40% dos pedidos feitos pela internet e o recebimento em casa, inclusive. As pessoas nem vão
mais aos postos. No CNH, cerca de 60% dos agendamentos para o Poupatempo e para o Detran
também são pela internet. Estamos agora tentando levar isso para 80%. Não faz sentido as pessoas
irem até um posto para agendar e depois voltar
para ser atendidas. E temos serviços novos, que
estão sendo lançados agora, que a gente espera
que mais da metade deles a gente possa atender
pela internet. De maneira rápida, esperamos que
até o final deste ano mais de 40% de todos os atendimentos presenciais do Poupatempo se transformem em virtuais ainda em 2015. Essa redução de
40% de atendimento nos postos vai permitir que
se dê um salto naquilo que você colocou no início,
de levar novos serviços de saúde, de segurança, de
outras áreas para dentro do atendimento do Poupatempo. Ao reduzir esta coisa de documentos e
colocar isso de maneira virtual pela rede de computadores, esses espaços de atendimento aos cidadãos podem se dedicar mais a área social, área
de emprego, educação e saúde.
WM – Você disse que uma das áreas que o governo está olhando bastante, além da saúde, é
a segurança.
Semeghini: É verdade. A Polícia Militar tem feito investimentos enormes na área da sua infraestrutura de comunicação interna, entre suas
viaturas, sua central. Temos hoje o sistema de
informação da Polícia Militar, uma área muito
grande de integração de sistema. Todas as chamadas ao 190 ou ao Corpo de Bombeiros são integradas. À medida que uma viatura se desloca,
você tem o acompanhamento desde o início até o
final da ocorrência.
“Dentro do Detecta,
é feita a busca em todos
os bancos de dados
ali incluídos”
Agora, o que o governo de São Paulo está fazendo,
e é implantar um sistema chamado Detecta que
permite o tratamento de imagens e inteligência.
Pode monitorar uma grande quantidade de câmeras ao mesmo tempo, armazenando a imagem e,
mais do que isso, permite que a câmera mesmo
tenha inteligência por padrão, se está havendo
um roubo, se houve batida, acidente, se o trânsito
parou ou se passou um carro cuja chapa é de um
carro roubado que está sendo procurado, ou de
um carro sob suspeita de um sequestro relâmpago... Todas essas coisas chamam a atenção e vêm
para a tela de técnicos no comando da polícia para
tomar as providências necessárias. Mas o que tem
de importante é que quando você tem câmeras
distribuídas por São Paulo, sem essa inteligência
na câmera, o sistema transfere uma inteligência
e toda imagem que vem daquela câmera ele trata
como se a câmera tivesse uma inteligência muito
forte lá na ponta, controlando todos os padrões
que estiverem sob monitoramento. Por exemplo,
se você tem um evento grande ocorrendo, de uma
briga ou de um assalto, em determinado bairro,
você puxa todas as câmeras que você tem para as
inteligências do sistema e começa a monitorar
tudo o que ocorre.
Dentro do sistema Detecta, é feita a busca de
todos os bancos de dados incluídos ali. O banco de dados criminais, boletins de ocorrência,
carros roubados, pessoas procuradas, uma série
de coisas críticas. Ele pega a chapa de um carro,
imediatamente busca o proprietário desse veículo, ou se ele está dentro de algum boletim de
ocorrência como roubado, checa características
da pessoa, já busca se a pessoa está no banco de
dados criminal, busca os outros que costumam
roubar com ela, levanta o que eles chamam de
ambiente de situação crítica e permite que as
pessoas se articulem para poder usar rapidamente todas as informações que têm, de maneira integrada, para o combate desse evento crítico.
O Detecta está em fase de implantação na polícia. Já traduzimos mais de dez mil padrões. O
governo do estado, através do secretário de Segurança, identificou dois trabalhos muito importantes. O de identificação de veículos roubados
e de pessoas perigosas e outro no trabalho de
inteligência no combate ao roubo de carga.
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“O governo do estado tem um
orçamento de R$ 3 bilhões para
a área de TI. Parte das compras
é feita pelas secretarias diretamente”
WM – Qual é o orçamento da Subsecretaria de
Tecnologia e Atendimento ao Cidadão?
Semeghini: A subsecretaria não tem orçamento. Quem tem orçamento, por lei, é a Secretaria
de Governo. Ela tem, para essa área de tecnologia e de atendimento ao cidadão, mais ou menos
R$ 1,3 bilhão. Disso, R$ 550 milhões serão, este
ano, para os serviços de atendimento e o resto é
o orçamento da própria Prodesp, que passa de
R$ 1 bilhão, nas prestações de serviço. O governo do estado de São Paulo tem um orçamento
de cerca de R$ 3 bilhões na área da tecnologia
da informação e comunicação. Muitas coisas as
secretarias compram diretamente, a Prodesp só
suporta, orienta. Então, o investimento de 2015 é
da ordem de quase R$ 3 bilhões.
WM – E em termos da infraestrutura de redes, de
Prodesp, vocês estão fazendo algum trabalho relevante?
Semeghini: O estado de São Paulo tem um trabalho muito bem feito pela Prodesp com o CPqD,
em que se padronizou uma série de serviços, de
padrões de tecnologia, de nível dessas redes, inteligência para cada uma delas, permissão para
que se possa usar voz sobre IP. A VoIP está sendo
introduzida em várias secretarias para reduzir o
custo de telefonia. Isso é feito e gerenciado através de uma licitação única que a Prodesp prepara. Hoje, nosso fornecedor é a Vivo e temos mais
de 8 mil, quase 10 mil links que são gerenciados
por este sistema em um preço bastante competitivo e com parte, ainda, de inteligência de rede
sendo implantadas nas principais secretarias,
como Fazenda, Educação e Segurança.
WM – Como vocês estão atendendo a área rural?
Semeghini: Temos um trabalho muito bom em
nosso projeto de inclusão. Temos 80 unidades do
Acessa Rural e nossa meta é chegar a mais de 120
este ano. São as comunidades onde tem economia
rural, as pessoas precisam de informação, colocar
pedido de guia para transportar animais, vegetais. A gente monta o Acessa Rural, seja em um
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assentamento ou em um bairro rural nas cidades
do interior de São Paulo, coloca uma banda larga
e ensina aquela população desde o acesso digital
nas coisas mais simples até gerar e administrar
seus próprios negócios. Nesses Acessa, tem um
coordenador preparado para os serviços da Secretaria da Agricultura, da Fazenda, da Saúde que a
comunidade normalmente usa. Estamos, agora,
negociando com as operadoras que venceram a
última licitação da Anatel para uso de banda de
frequência, para que levem a banda larga à área
rural. O que negociamos com todas as operadoras
de São Paulo é que até o final deste ano todos os
nossos distritos com mais de 300 habitantes, e
grande parte deles são rurais, são afastados das cidades, tenham já a banda larga oferecida com um
ano de antecedência em relação ao que é previsto
pela Anatel no Plano de Universalização. Em todas as escolas de São Paulo temos de 2 a 10 Mega
para que possa ter tanto a informatização da área
escolar quanto aplicações na área pedagógica. Por
enquanto, essa banda não nos coloca limitações,
ela permite que a gente troque imagens, se conecte, que a escola possa ser cliente de um serviço de
computação em nuvem. Nós já temos hoje uma
infraestrutura que cobre o plano de informatização das escolas. A Educação já tem um projeto de
cloud computing, para colocar uma série de aplicações que fazem sentido trabalhar no conceito
de nuvem.
WM – E em termos de adoção de novas tecnologias?
Semeghini: A Prodesp tem uma série de desafios
em termos tecnologia, de rever seu site, e está
fazendo um plano de oferecer a sua própria
nuvem com determinados cuidados. Nós, na
subsecretaria, temos uma área de tecnologia que
está definindo padrões para serem contratados
diretamente por outras secretarias, sem ter que
passar pela Prodesp (ver p. 11). A Prodesp será
um grande provedor dessa solução, dependendo
do nível e do tamanho e dos graus de segurança, onde determinadas informações podem ou
não estar hospedadas, e outras, de padrão mais
comum, serão liberadas para que cada secretaria, empresa ou autarquia contrate diretamente
no mercado.
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conex@o gov
Amazônia conectada: primeira infovia vai ligar coari
a Tefé, pelo rio Solimões.
A primeira infovia do Amazônia Conectada, projeto
que pretende levar banda larga a toda a região usando
as calhas dos rios para o lançamento de cabos ópticos subfluviais, começou a ser construída em julho. O
projeto envolve os ministérios da Defesa, da Ciência e
Tecnologia (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa – RNP)
e das Comunicações (Telebras) e o governo do Estado
do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, da Empresa de Processamentos de
Dados do Amazonas (Prodam), do Instituto de Proteção
Ambiental do Amazonas (Ipaam), e da Universidade do
Estado do Amazonas (UEA).
Serão criadas cinco infovias alcançando municípios das
calhas dos rios Negro, Solimões, Purus, Juruá e Madeira.
Ao longo deste ano está previsto o lançamento de mais
220 quilômetros de cabos subfluviais, interligando as cidades de Coari e Tefé pelo leito do rio Solimões. A conexão entre o cabo óptico subfluvial e os pontos públicos
será feita pela Telebras e por provedores regionais de
acesso à internet, que também oferecerão banda larga
às residências.
Para implantar o projeto, duas empresas brasileiras,
com tecnologia nacional, foram escolhidas: Padtec e
Prismyan. No piloto do rio Negro, a Padtec foi o braço
de operações, responsável por todas as etapas, desde o
estudo do leito do rio até o próprio lançamento e teste
do cabo óptico. O programa Amazônia Conectada tem
um custo total estimado em R$ 1 bilhão de reais, com
execução dividida em várias fases e previsão de conclusão em 2017.
Foto Divulgação
O primeiro passo para o lançamento oficial do projeto foi a realização de um piloto, para testar a tecnologia frente ao regime das águas dos rios do Amazonas.
O piloto, inaugurado em abril deste ano, interliga o 4°
Centro de Telemática de Área (4° CTA) à 4ª Divisão de
Levantamento (4ª DL) do Exército Brasileiro através de
um trecho de aproximadamente 7 quilômetros de cabo
óptico no rio Negro. A rede na bacia do Negro prevê a
expansão da internet banda larga para o Oeste do estado
do Amazonas, chegando aos municípios amazonenses
de Novo Airão, Barcelos, Santa Izabel do Rio Negro e São
Gabriel da Cachoeira.
O projeto, que faz parte do PNBL (Programa Nacional de
Banda Larga), e que vai implantar cabos subfluviais nos
rios da Amazônia, tem, entre seus objetivos, o da defesa
nacional, o apoio à inovação tecnológica e oferecer eficiência e segurança à conectividade da região.
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cidades querem mais
velocidade nas escolas ...
Smart grid, em vitória
Por conta da resolução da Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) de que iluminação pública é de responsabilidade dos municípios, algumas prefeituras estão
partindo para Parceria Publico Privadas (PPP) para a
prestação do serviço. Esta é também uma oportunidade
para implementar soluções de smart city, segundo os especialistas.
Para muitas cidades, a velocidade de conexão das
escolas oferecida pelas concessionárias de telefonia
fixa, como contrapartida às metas de universalização, é pequena para atender à demanda administrativa e pedagógica. Hoje, a maioria das escolas está
conectada a 2Mbps, mas há unidades onde a conexão
chega a 10 Mbps.
O Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Municipais
de Ciência, Tecnologia e Inovação anunciou, em julho,
suas diretrizes para o que classificam como cidades inteligentes e humanas. Entre elas, a sugestão do uso de PPPs
de iluminação pública para construção de infraestrutura
de suporte a soluções de cidade inteligente que deve se
basear em tecnologia aberta.
Por isso, municípios com mais recursos fazem as suas
próprias licitações para prover conexão nas escolas.
Uberlândia (MG), por exemplo, realizou, em março, uma licitação, vencida pela Algar Telecom, para
conectar 70 unidades escolares municipais, com
conexão de 100 Mbps. De acordo com Luís Sergio
Carvalho, diretor do departamento de tecnologia da
informação da Secretaria de Educação do município
mineiro, o investimento será de R$ 900 mil para implantação. Mais R$ 400 mil anuais serão usados para
pagar a conexão.
O presidente do fórum, André Gomyde, secretário de
Ciência, Tecnologia e Inovação de Vitória (ES), está, ele
mesmo, anunciando uma PPP para implantação de smart
grid na capital capixaba. Além da iluminação pública, a
vencedora da concorrência deverá instalar um sensor nos
postes de iluminação públicas que gerarão informações
para a prefeitura. Com uma plataforma aberta, qualquer pessoa poderá desenvolver aplicações utilizando
os dados obtidos nos sensores ou para conectar e enviar
informações.
Segundo Carvalho, o investimento pretende amplificar o uso de 13 mil netbooks educacionais do ProUCA distribuídos entre os alunos – sendo 12,5 mil
adquiridos com investimento da prefeitura e 500 por
meio de projeto piloto do Ministério da Educação e
Cultura (MEC), a implantação de laboratórios de
informática e mesas pedagógicas, além de sistema
operacional e implantação de servidor com conteúdo
educacional, os últimos em parceria com a empresa
Metasys Tecnologia.
“Precisamos de plataformas de co-criação, em que as
pessoas possam entrar e colaborar na construção de
softwares, criados em qualquer computador e compartilhados com todos”, defende Gomyde.
Já a prefeitura de Itabuna (BA) vai garantir a conexão
entre 10Mbps e 20 Mbps em 22 escolas por meio do
acordo de cooperação técnica firmado com o governo
do Estado da Bahia. Conforme acordo firmado com
as secretarias estaduais de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) e da Educação (SEC) e da Companhia
de Processamento de Dados do Estado da Bahia (Prodeb), o município vai interligar as unidades escolares
à sua rede de fibras ópticas, construídas no projeto
Cidades Digitais. Pelo acordo, a previsão é que a implantação da rede de fibra óptica já esteja instalada
nas escolas estaduais a partir do início do ano letivo
de 2016. Atualmente, o projeto Cidades Digitais funciona em Itabuna com 14 pontos de acesso do governo (PAG) e três de acesso à população (PAP) e conta
com 15,8 quilômetros de fibras ópticas implantados.
Foto Freepik
... e buscam soluções
alternativas.
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Teles atrasam entrega do gesac
As 7 mil antenas contratadas pelo programa Gesac consórcio formado por Embratel, Oi e Vivo, que venceu a
licitação realizada , ao custo de R$ 150 milhões em quatro anos, deveriam estar instaladas até maio de 2015.
Mas cerca de 700 delas ainda não foram entregues,
de acordo com Américo Bernardes, do Departamento
de Cidades Digitais do Ministério das Comunicações.
Mas o atraso maior é na entrega da documentação
para que as antenas sejam validadas pelo Minicom.
O consórcio Brasil Conecta 2, no entanto, diz que está
dentro do prazo contratual de entrega dos serviços.
Montagem com vetores Freepik
O contrato prevê a possibilidade de aditivo para mil antenas, com velocidade de 1 Mbps. Do total de pontos
contratados, 3.200 são escolas. Entre os demais, postos
de fronteira, aldeias indígenas, quilombos, localizados
em áreas de difícil acesso.
Na licitação realizada pelo Minicom pegou carona o
Ministério da Saúde. Pelas mesmas condições, o ministério contratou mais 11.380 antenas que estão sendo instaladas em unidades de saúde. Do total, mais de
5 mil pontos já foram instalados.
Projeto cidades Digitais terá R$ 39 milhões este ano
O município de Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul,
inaugurou em maio sua rede de fibra óptica financiada
por meio do projeto Cidades Digitais, do governo federal. Não-Me-Toque recebeu um anel de fibra óptica de
14 quilômetros, que interliga 18 pontos. Os locais conectados pela rede incluem escolas, postos de saúde,
telecentros e praças públicas.
Não-Me-Toque é uma das 49 cidades da primeira fase
do programa, que contemplou 77 cidades escolhidas
dentro de uma cesta de critérios como baixo Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), baixa penetração de
banda larga e população com até 50 mil habitantes. As
demais 28 cidades estão em processo de implantação
da rede de fibra óptica, que interliga pontos públicos.
O atraso na implantação – a licitação foi realizada no final de 2012 – foi provocado principalmente pela dificultada na contratação de postes, já que toda a rede dessa
fase é aérea. “Este foi o maior obstáculo que enfrentamos”, conta Américo Bernardes, diretor do Departamento de Cidades Digitais do Ministério das Comunicações.
Na segunda fase do projeto, que selecionou, em 2013,
162 municípios de 1.901 que se inscreveram, o aluguel
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de postes não será um entrave, pois 95% da rede será
subterrânea. Se para a primeira fase do projeto foram
alocados R$ 44 milhões, para a segunda fase serão R$
201 milhões. Frente ao aperto fiscal, o ritmo de implantação da segunda fase será mais lento.
Para este ano, estavam previstos, inicialmente, R$ 50
milhões, mas deverão ser executados R$ 39 milhões. Se
o ritmo de desembolso for mantido, esta fase do programa só deverá ser concluída em 2018.
A segunda fase do Cidades Digitais está sendo desenvolvida dentro do PAC. A licitação foi concluída em outubro de 2014 e os 16 lotes foram vencidos por cinco
empresas – a rede, depois de pronta, é doada ao município responsável por sua manutenção e operação, em
parceria com entidades públicas ou privadas.
A maior parte das cidades selecionadas nessa fase
está com seus projetos executivos em avaliação (160).
Em outras, as obras de implantação estão em andamento e três delas já estão com a rede em operação,
como é o caso de Barra do Chapéu, uma cidade de cerca de 5 mil habitantes, no extremo sul de São Paulo,
emancipada nos anos 1990.
Bahia amplia
monitoramento ...
... e Rio põe
visualização no mapa
Mas como não só de conexão vivem os governos,
em época de barulho em torno do Big Data e Internet das Coisas, o setor público tem avançado
em coleta de informações para melhorar a tomada de decisão, eficiência operacional e de uso
dos recursos.
Obter dados sólidos e confiáveis e compartilhá-lo entre diferentes áreas para se extrair inteligência de “negócio” não é
algo simples no poder público. Exige muito diálogo, cuidado
e planejamento. Esta é a opinião de Lana Jacques, gerente de
informações estratégicas da diretoria de Projetos Estratégicos
do Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do
Estado do Rio de Janeiro (Proderj). Lana é uma das responsáveis pelo desenvolvimento do Portal Intragov, uma plataforma
de Business Inteligence (BI) que atende diversas secretarias
para garantir planejamento e investimento adequado.
A Secretaria da Administração do Governo da
Bahia, per exemplo, anunciou a ampliação de
25% do monitoramento da frota de veículos oficiais do Estado. Do total de 8,7 mil veículos administrativos, 2,6 mil passam a ter acompanhamento por meio de um dispositivo instalado no
automóvel. Ele permite acompanhar, em tempo
real, o consumo do combustível, manutenção
da frota, uso adequado do patrimônio público
e coordenação das atividades operacionais de
maneira mais efetiva. A comunicação é feita por
rede móvel e os relatórios podem ser consultados em plataforma web.
A telemetria é uma tecnologia que nos permite
ter acesso a situações em tempo real. Todos os
dados são analisados diariamente, permitindo
que situações confusas sejam simplificadas por
meio do cruzamento das informações. Inicialmente, a tecnologia contemplará apenas Salvador e região metropolitana, mas em breve deve
se estender ao resto do estado, afirma o coordenador de Gestão de Frota da Saeb, Laerte Souza.
“A maior dificuldade para construir uma plataforma de BI
é em relação aos dados. A gente enfrenta alguma dificuldade para obter informações consistentes e há barreiras para
que possamos trabalhar diretamente com elas, na fonte”,
explica Lana.
Essas dificuldades devem ser enfrentadas com bastante conversa para que se entenda o negócio. “A definição é a parte
fácil. Em geral, os gestores sabem o que querem, mas ainda
encontramos ambientes falhos em qualidade de obtenção dos
dados”, avalia. Ou seja, muitas vezes, os desafios estão bem
antes de entrar em campo softwares, bits e bytes.
O Portal Intragov, considerado uma referência em BI de governo, atende a Secretaria de Educação, Secretaria de Segurança,
Secretaria de Estado, Assistência Social e Direitos Humanos
e Secretaria de Transportes. Cada área tem seu próprio espaço no portal onde são visualizados os indicadores relevantes
para cada uma das secretarias. Por exemplo, na educação estão os dados de desempenho, importantes para a avaliação
das escolas, dos alunos e mesmo das regionais da Secretaria
de Educação. No caso da Segurança, estão representados os
indicadores de criminalidade e as metas estabelecidas para
cada região, atualizadas de seis em seis meses.
No caso da secretaria de transportes, a plataforma exibe a utilização do bilhete único, estabelecido pelo governo do estado,
com uma tarifa social. A área da assistência social, por sua vez,
pode ver o desempenho de cada um dos municípios nos critérios e quesitos que compõem os requisitos do programa.
Para melhorar o uso da plataforma, o Proderj acrescentou a
visualização das informações em forma de mapa, atualizados periodicamente. Ainda, está em desenvolvimento a versão móvel, que deve ser agora apresentada aos gestores para
aprovação. A área de projetos especiais também vislumbra,
no futuro breve, criar uma camada de compartilhamento de
informações com o cidadão.
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Os brasileiros, com a popularização dos smartphones,
se habituaram com algumas das facilidades que o
acesso a recursos digitais e conteúdos web proporcionam. Assim, nada mais natural que passem a exigir
tais facilidades na relação cidadão/Estado. Foi este
processo que levou Alagoas a buscar uma nova parceria
para a ampliação em capilaridade e qualidade de sua
Infovia Digital.
“Existe a necessidade crescente de conectividade. O
estado tem interesse em oferecer serviços de melhor
qualidade e eles passam pela digitalização dos processos. Os cidadãos pedem celeridade e, para isso, precisamos deixar de trabalhar tanto com o papel, o que exige
conexão boa. Mas ainda precisávamos vencer os desafios de conectividade no interior do estado”, explica
Pablo Viana, secretario de Ciência Tecnologia e Inovação
do Alagoas.
A Nova Infovia Digital Alagoas foi contratada por meio
de licitação pública. O consórcio vencedor é composto
pelo Grupo Binário, especializado nas áreas de integração, serviços profissionais e mobilidade; e a Aloo
Telecom, operadora de telecomunicações, além da
Oolah Consultoria.
A Aloo Telecom lidera o consórcio e é a empresa responsável pelo projeto da Nova Infovia. Em seu escopo
está a implantação de novos links, a migração para tecnologias mais velozes de acesso à internet, e a administração de todos os links. O Grupo Binário será responsável pela implementação de serviços e construção do
Network Operation Center (NOC), assim como o seu gerenciamento. E a Oolah será a responsável pelo desenvolvimento de soluções e produtos que materializem os
benefícios esperados pela Nova Infovia Alagoas.
O NOC é um centro de operações que pode monitorar
todo o ambiente de TI, bem como toda infraestrutura
de tecnologia e telecomunicações (links, circuitos, roteadores, servidores etc.) do cliente, a fim de assegurar
que o serviço oferecido, em todos os níveis, corresponda ao necessário para a atividade da organização. Ele
engloba toda a infraestrutura de TI da Nova Infovia:
desde os computadores, roteadores, gateways, servidores, rede, links de dados e computação em nuvem,
e poderá ser aplicado em serviços de operação de data
centers, backups e batch jobs.
A menor velocidade na nova rede é de 4 Mbps, 16 vezes
maior que a antiga, cuja menor velocidade era de apenas 256 Kbps (0,25 Mbps). O preço pelos serviços de dados e internet chegam a ter um valor até 13 vezes menor
na nova rede e possibilidade de acesso com velocidades
até 100 vezes maiores.
Cobertura de todos os municípios
“Vamos permitir que os programas de governo aconteçam em todos os 102 municípios do Estado. A tendência é que a demanda aumente. Hoje, temos 530 links
instalados e pelo menos entre 200 a 300 links que não
vinham sendo atendidos por falta de capilaridade da
Oi, que encabeçava o consórcio anterior”, explica Jorge
Almeida, diretor-presidente do Instituto de Tecnologia em Informática e Informação do Estado de Alagoas
(Itec), responsável pelo contrato.
A primeira parte do projeto inclui o Ponto de Acesso
Principal (PAP), onde chegarão as conexões de alta velocidade dos pontos dos clientes e da internet, e onde
serão implantados os demais equipamentos e serviços
da solução.
Em cima da nova Infovia, o Itec já planeja a instalação
de sistema de Voz sobre IP (VoIP) para interligar as diversas secretarias do estado, projeto que vai permitir
reduzir os custos com telefonia. Outro projeto importante para o Alagoas é a digitalização dos processos
administrativos, já em fase de análise de tecnologia
e fornecedores. “O projeto pretende não apenas garantir a redução do uso de papel como permitir que os gestores possam despachar de onde estiverem, com auxílio dos certificados digitais”, explica Almeida, do Itec.
(Marina Pita)
Ilustração Camila Sipahi
Alagoas investe em conexão
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A nuvem no serviço público