Gestão Educacional e Currículo Gladys Mary Ghizoni Teive FAED/UDESC Este workshop é organizado a partir do entendimento de currículo como um conjunto de práticas em que significados são construídos, disputados, rejeitados, compartilhados, ou seja, como um campo de luta em torno da significação e da identidade. Nessa perspectiva, currículo é recorte, seleção cultural. Desde as políticas curriculares até o micro texto curricular posto em ação nas salas de aula, currículo é sempre seleção da cultura, compreendida como um conjunto de práticas sociais por meio das quais significados são produzidos e compartilhados em um grupo, ou seja, como um conjunto de práticas significantes. Assim, o currículo, tal como a cultura, constitui-se numa zona de produtividade, haja vista que ambos são espaços de produção de significados, tal como propõe Tomaz Tadeu da Silva. Isso posto, propomos discutir neste espaço, algumas questões de base no que tange a gestão educacional e currículo, tal como: Que significados tem sido selecionados das práticas sociais para fazer parte de nossos currículos? O que os significados legitimados pelos currículos desejam produzir nas crianças e jovens? Quais os significados considerados válidos pela proposta curricular do município de Florianópolis? O que ela quer produzir/reproduzir como prática cultural? O que quer o currículo da rede municipal de Florianópolis? Como este querer é metamorfoseado nos projetos políticos pedagógicos das escolas da Rede Escolar? Quais as subjetivações desejadas? Será que continuam apostando nas práticas de subjetivação modernas? Será que as crianças e jovens da Rede Escolar se reconhecem nelas? Estas e outras questões serão discutidas a partir das teorizações de Thomaz Popkewitz e Tomaz Tadeu da Silva e, muito particularmente, a partir dos estudos de Bill Green e Chris Begun sobre a emergência em nossas práticas culturais de uma nova subjetividade infanto-juvenil, estruturada a partir da cultura da mídia, cuja constituição é totalmente diferente daquela desenhada pelos currículos; das pesquisas de Sandra Corazza sobre os novos modos de subjetivação do infantil, metaforizados nas figuras dos fenômenos climáticos “ El Niño” e “La Niña”, emblemas da “fratura da infantilidade moderna” e, ainda, a partir das provocações de Mariano Narodowski acerca das dificuldades da escola moderna – lugar da palavra, da demora e da espera – em reacomodar-se à cultura do tempo real, da mídia, do zapping, haja vista que reconverter-se a esta lógica implicaria em perder para sempre a sua identidade. Discutir-seá, portanto, a necessidade imperiosa das escolas adequarem os currículos e seus avatares, tal como o PPP, à nova subjetividade infanto-juvenil, que vem sendo forjada nas atuais práticas culturais, sob pena da escola - locus privilegiado da produção do sujeito moderno tornar-se absolutamente desnecessária em tempos ditos pós-modernos.