Mídia Ninja Tabuleiros unem gerações Os jogos de xadrez e dama ocupam o centro de BH há 40 anos, numa história de resistência, diversão e amizade. A prática favorece a memória e é patrimônio histórico do lazer Uma visão popular do Brasil e do mundo variedades | pág. 12 e 13 Dicas para um ano bom O que comer na ceia de ano novo, que cor usar? Selecionamos várias dicas que prometem deixar você com dinheiro no bolso, amor no coração e saúde em 2014 Edição cidades | pág. 3 Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro | ano 1 | edição 19 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg 2013 em balanço Rafael Stedile Na última edição do ano, o Brasil de Fato MG preparou uma retrospectiva internacional, nacional, estadual e municipal. Leia nas páginas 6 e 7 a avaliação da política energética, de educação, saúde e segurança em Minas Gerais. No balanço de Belo Horizonte, nas páginas 4 e 5, uma análise das principais ações que marcaram a tensionada relação entre a sociedade e a Prefeitura. Na retrospectiva internacional, na página 9, a morte e o legado de Hugo Chávez e Nelson Mandela, a atuação de José Mujica presidente do Uruguai, a crise da Europa, o poder de espionagem dos EUA e a guerra da Síria. Relembre também os dez fatos que marcaram a história do Brasil em 2013, nas páginas 10 e 11 02 | opinião Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013 editorial | Minas Gerais editorial | Brasil Que o próximo ano seja de conquistas 2013 se foi, o que fazer em 2014? Todos nós queremos que os próximos anos sejam melhores. Viver em sociedade nos envolve em um mesmo destino. Só avançamos coletivamente. A democracia exprime essa busca no campo da política. Não a democracia limitada e formal que vivemos. Uma democracia de fato, da maioria, quando a construirmos, atingirá também o plano econômico, político e social. Que em 2014 sigamos acumulando forças e ferramentas que sigam aprofundando a democracia em Minas, no Brasil de no mundo. Como escrevemos no editorial da última edição, perdemos batalhas em 2013. Mas do ponto de vista dos trabalhadores e do povo pobre, acumulamos em consciência política, organização e capacidade de lutas. Eis o que garante que avançaremos em 2014. Iniciaremos o ano Somente daqui a alguns anos poderemos saber o impacto das mobilizações de junho, e tudo o mais que ocorreu em 2013, para a história recente da vida do povo brasileiro e para a luta social. O ano foi contraditório, mas anunciou mudanças. Mais além do que obter conquistas imediatas, as mobilizações da juventude sempre são um termômetro. Elas prenunciam períodos de maior conscientização política e mobilização social de todo o povo. Portanto, são apenas o anúncio do que poderá vir com mais força se a classe trabalhadora conseguir unidade e for à rua com um programa de reformas estruturais. Em 2013, a melhoria das condições de vida da população não teve grandes avanços. A exceção foi o programa Mais Médicos, que levou profissionais aos rincões do país e às periferias das grandes cidades e a redução por parte do governo federal em 20% em média da tarifa de energia elétrica. Em termos de orçamento, no entanto, essa redução significa bem pouco, se comparada aos bilhões que o Banco Central repassou ao sistema financeiro, aumen- Acumulamos em consciência, organização e capacidade de lutas. Eis o que garante que avançaremos em 2014 com uma luta unitária construída em torno da bandeira do Plebiscito Popular por uma Assembleia Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político, com uma ampla participação de setores da sociedade, como há muito tempo não tínhamos. Avançar com a reforma política é parte dos nossos sonhos que realizaremos em 2014. E, com ele, avançaremos nas demais dimensões da vida em sociedade. Que nos apropriemos daquilo que já vem avançando muito, mas é apropriado por poucos. Que o avanço da ciência seja cada dia mais popularizado e orientado para o bem comum.. Que a educação se fortaleça orientada pela busca da felicidade e não por visão tecnicista e produtivista. Que os professores sigam dando exemplo à sociedade, demonstrando que quem luta, educa. Que o governador apareça com os R$ 8 bilhões que retirou da educação e aplique os 12% do orçamento em saúde. E o que falar sobre democracia e judiciário? Mesmo a democracia burguesa, formal e restrita, garante a eleição através do voto para os poderes legislativos (Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas estaduais e Congresso Nacional) e executivos (Federal, Estadual e Municipal). Já para o poder judiciário, não votamos. São frequentes os escândalos de favorecimento, enriquecimento e desvio de verbas na construção dos tribunais. Que consigamos barrar os atos de coronel de Joaquim Barbosa no STF. Esperamos também que a justiça condene Aécio Neves a devolver os R$ 3,5 bilhões, conforme ação que tramita na Justiça. Parafraseando a conhecida canção: queiramos a utopia, tudo e mais, a felicidade, a alegria, muita gente feliz. Queiramos que a justiça reine em nosso país. Queiramos a liberdade, o vinho e o pão, ser amizade, amor, prazer. Os meninos e o povo no poder, queiramos e façamos para que possamos ver. Falando Nilson tando a taxa de juros Selic para 10%. Faltam recursos para democratizar a educação infantil e superior, o transporte público, o acesso à moradia e à cultura. Os povos indígenas e os camponeses estão sendo massacrados pelo agronegócio e seus parlamentares ruralistas. Na luta entre capitalistas e trabalhadores, o Brasil segue sendo dos poucos países que ainda não conquistou uma jornada de 40 horas semanais. As mobilizações de junho barraram os aumentos das tarifas de transporte e colocaram na arena pública a necessidade de investimentos. Porém, as mudanças foram insuficientes Por outro lado, as forças populares de todo o país e de todos os setores voltaram a construir um impressionante processo de unidade em torno da necessidade de uma reforma política. As mobilizações da juventude são apenas o anúncio do que poderá vir com mais força se a classe trabalhadora conseguir unidade e for à rua com um programa de reformas estruturais A reforma política do sistema de poder nacional, que envolve judiciário, legislativo e executivo, é a porta de entrada necessária para as demais reformas estruturais, para obtermos melhorias nas condições de vida do povo. A ideia é recolher as sugestões em milhares de reuniões de base e depois, na semana da pátria - de 1 a 7 de setembro de 2014, recolher a vontade popular, para que a população vote se é necessário uma Constituinte soberana e exclusiva para a reforma política. Se 2013 foi um ano muito contraditório, mas anunciou mudanças, certamente 2014 será um ano ainda mais intenso de mobilizações e articulações das forças populares. O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado. conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, César Augusto Silva, Cida Falabella, Cristiano Carvalho, Cristina Bezerra, Daniel Moura, Dom Hugo, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Brigida Barbosa, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editor-chefe: Nilton Viana (Mtb 28.466). Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010. Contato: [email protected] Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013 Brincadeira cabeça Pergunta da semana JOGOS Há mais de 40 anos, Centro da cidade é ocupado por tabuleiros Mídia Ninja Raíssa Lopes De Belo Horizonte Há aproximadamente 40 anos, a Praça Sete de Setembro é cenário tradicional para encontros de praticantes de Jogos de Tabuleiro. Todos os dias da semana, entre 8 da manhã e 8 da noite, a cena é característica: mesas de dama e xadrez postas na calçada e seus jogadores - em maioria senhores com mais de 50 anos - que parecem projetados para a arquitetura antiga da região central. A atividade teve início em meados dos anos 70, quando amigos decidiram se reunir para se divertir e conversar entre uma partida e outra. Ao longo do tempo e com a chegada de novos participantes, mais mesas foram adicionadas e quatro grupos criados. Atualmente, somente dois permanecem. O que fica próximo à Rua Carijós e o localizado no quarteirão da Rio de Janeiro é organizado por Valdir Neves, de 65 anos. “Nós levamos e trazemos as mesas todos os dias aqui pra praça. Pagamos aluguel de R$ 200 para guardá-las, e por isso cobramos R$ 2 de participação, além do dinheiro cobrir a manutenção dos bancos que quebram e gastam”, comenta. “Não continuamos com as outras equipes porque os organizadores faleceram, e a prefeitura não deixou ninguém ocupar o lugar deles, nem por meio de licitação ou qualquer outro processo burocrático”, conta. Seu Valdir conta que, ao todo, 80 De 24 de janeiro a 1º de fevereiro de 2014 acontece a 17ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Com o tema “Processos Audiovisuais de Criação”, essa edição pretende discutir como são realizadas as obras audiovisuais, seus processos de andamento - produção, concepção e exibição -, transformações técnicas dos modos de feitura e suas possíveis consequências. O homenageado da vez será o ator paulistano Marat Descartes, famoso por interpretar papéis marcados pela angústia, fracasso e infelicidade. Para o evento, foram instalados na cidade histórica espaços de exibição que pretendem reunir, ao longo dos nove dias, um público de aproximadamente 35 mil pessoas. A programação deste ano enalte- 2013 está no fim. Muitos acontecimentos marcaram este ano: as pessoas foram às ruas exigir seus direitos; o futebol mineiro demonstrou estar muito bem preparado, com as vitórias do Galo e Cruzeiro; e muitas conquistas pessoais espalhadas por aí, até mesmo o lançamento do jornal Brasil de Fato MG, em agosto. Houve também casos difíceis e sofridos, como a morte de Nelson Mandela; a violência durante as manifestações; muitas privatizações pelo país. E um novo ano está começando, se inicia um novo ciclo, uma nova oportunidade de mudar, melhorar e crescer. O que você deseja para o ano de 2014? pessoas entre jovens, adultos e idosos participam diariamente do que define como “grande brincadeira”. Thiago Pereira tem 29 anos e sempre que pode, no horário vago entre o serviço de projetista e a faculdade de eletrotécnica, joga um pouco por ali. Sua preferência é o xadrez, que aprendeu aos 10 anos de idade por influência dos tios. “Jogar aqui na Praça Sete é muito bacana. Em Belo Horizonte não existem mais os antigos clubes de xadrez e quem gosta quase não encontra espaços. Além disso, as pessoas cada vez mais desistem da interação pessoal para jogarem pela internet. A Praça Sete é uma alternativa, um recurso – me divirto, troco experiência com o pessoal, converso com os mais velhos, e faço novas amizades”. Jogar também faz parte da rotina do aposentado de 77 anos Nonato Cardoso, que há 30 comparece à Praça Sete. “Eu ainda trabalho, faço meus biscates para ajudar nas contas. Mas sempre que estou parado venho. Quando estou aqui me sinto muito bem, a minha cabeça fica despreocupada, me sinto descansado... E também é um jogo bom pra nossa memória prejudicada, né?”, brinca. O poder público da capital chegou a ameaçar uma vez os jogadores de retirada. Em relação ao fato, seu Valdir é enfático: “Eles têm que nos deixar continuar porque, afinal, somos patrimônio histórico de lazer da capital”, defende. Tiradentes recebe 17ª mostra de cinema Da Redação cidades | 03 ce a produção cinematográfica independente, e apresentará mais de cem filmes entre pré-estreias nacionais e mundiais. Em pronunciamento no site oficial, a coordenadora geral da Mostra Raquel Hallak comentou o objetivo do evento, que visa valorizar o cinema nacional. “A pluralidade de conteúdos audiovisuais advindos das mais diversas fontes expressa a programação desta edição, que re- afirma o compromisso com o nosso cinema, a sociedade que o origina, as representatividades políticas, mudanças, influências e tendências do audiovisual”. O evento conta ainda com oficinas, debates, seminários, exposições, lançamento de livros, teatro de rua, shows musicais e performances. A programação completa pode ser conferida no endereço: www.mostratiradentes.com.br. Espero que o ano de 2014 seja um ano de muita paz e alegria pra todos. E que os políticos ponham a mão na consciência ao invés de pôr a mão no bolso e ficar enchendo eles. E que eles façam alguma coisa para o ser humano. Precisamos lembrar do nosso próximo, parar de roubar a ajudar mais. Shirley de Oliveira Silva, 59, técnica de enfermagem Eu creio que vai ser melhor que este ano, que foi muita decepção. Quero sair daqui de BH, ir pra Guarapari, até por que minha tia está lá. Eu pretendo que seja melhor pra todo mundo, pra toda a humanidade. Luciano Duarte da Silva, 35 , caminhoneiro 04 | cidades Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013 Lacerda atende interesses de empresas e não dialoga com o povo Maíra Gomes De Belo Horizonte “O prefeito é como se fosse o gerente da cidade. Ele faz articulação entre o poder público e a iniciativa privada para construir oportunidades de negócios”, avalia o vereador Gilson Reis (PCdoB). Assim Marcio Lacerda (PSB) tocou a política de Belo Horizonte ao longo do primeiro ano de seu segundo mandato: ao invés de cumprir o papel de político e fazer o diálogo, negociação e atuação com a população, buscou a governança para os grandes empresários, esvaziando os conselhos e as relações com os movimentos sociais. “O principal interesse atendido é do setor empresarial, o que ge- ra Parceria Público Privada para tudo, realização de grandes obras, como o BRT. E essas coisas vão sendo constituídas como elementos principais da gestão”, diz Gilson Reis. “A cada dia que passa a gente se surpreende com as medidas que são adotadas sem o menor cuidado com aquilo que a população espera e deseja”, complementa Jovia- no Mayer, do movimento Brigadas Populares. “O que vimos este ano foi o aprofundamento de medidas atentatórias ao direito à cidade. Acho que o Lacerda, tendo sido eleito em primeiro turno, se sentiu mais à vontade para implantar medidas antidemocráticas”, denuncia Joviano. Fotos: Mídia Ninja Participação Popular PBH não convocou Conferência de Políticas Urbanas, mas movimentos realizaram uma conferência popular Há 25 anos, o povo brasileiro foi às ruas pelas Diretas Já e reconquistou o direito ao voto direto. Desde então, acredita-se que a população tem sido prioridade na elaboração de políticas públicas e protagonista na escolha de seu destino. Mas, em BH, lideranças apontam que não é isso o que ocorre. “A ausência da democracia é o centro desta gestão”, aponta o vereador Gilson Reis (PCdoB). Um dos principais exemplos disso, segundo o vereador, é o projeto Nova BH, que propõe mudanças radicais na estruturação da cidade. “Nós sabemos que há dois anos a proposta tem sido debatida com setores empresariais, e só agora ela veio à tona. Era uma coisa construída a portas fechadas”, conta. A política urbana do município deve ser debatida e definida em conferência, apontada em lei como obrigatória em todo primeiro mandato de governo. Mas a Conferência não foi realizada este ano. Ativistas destacam que há uma indisposição ao diálogo por parte do prefeito. Após as manifestações de junho, grupos organizados fizeram inúmeros pedidos de encontros com a gestão, mas só foram recebidos após a ocupação da Câmara dos Vereadores. O mesmo ocorreu com os movimentos de luta por moradia. Recebidos depois de ocuparem a Prefeitura, foi firmado um acordo de regularização da situação das terras em ocupações para que recebessem benefícios estruturais, como saneamento básico e energia. “O acordo foi descumprido. O Marcio Lacerda, mais uma vez, prova que não tem palavra”, diz Leonardo Péricles, do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Com os servidores públicos, o prefeito tem o mesmo posicionamento. O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte, Israel Arimar de Moura, conta que as reivindicações da categoria não têm sido atendidas pela PBH. “O problema é a falta de conclusão dos processos de negociação. Conseguimos reuniões com o prefeito, mas há uma dificuldade de fazer o fechamento do que se discute e isso acaba tensionando as relações”, conta. Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013 minas | 05 Habitação Mais de 20 mil famílias vivem em ocupações urbanas na RMBH e é necessário enfrentar especulação imobiliária para acabar com o déficit habitacional A falta de moradia é um problema que atinge milhares de famílias no Brasil. Apenas na Região Metropolitana de BH, segundo um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), faltam 130 mil moradias. Porém, os números parecem ser maiores. Em 2009, o número de inscritos para o programa Minha Casa, Minha Vida, só em BH, chegou a 198 mil. Leonardo Péricles é membro do Movimento de Luta dos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), que coordena a ocupação Eliana Silva. Ele conta que um terço da população da capital vive em situação irregular de moradia. “Nós estimamos que 20 mil famílias vivam em ocupações urbanas na RMBH. Isso dá o recado de que não existe política habitacional na região”, declara. Ele aponta que as moradias construídas até hoje pela PBH não atendem nem 0,5% do déficit habitacional. “Nenhuma família entrou nos apartamentos do Minha Casa, Minha Vida que foram construídos. São quatro mil unidades vazias”, denuncia. O prefeito Marcio Lacerda anunciou em 2013 um novo programa de habitação, o BHMorar, que promete acabar com o déficit habitacional a médio prazo. No entanto, movimentos contestam a eficácia da política. “De 1996 até este ano, foram feitas 15 mil moradias. Se continuar neste ritmo, o déficit vai subir e mesmo com o BH Morar não vai ser possível vencê-lo”, diz Leonardo. Para ele, é preciso enfrentar a especulação imobiliária, desapropriar os terrenos e imóveis parados. “E isso o Lacerda não vai fazer de jeito nenhum, porque ele está no colo desse povo, que financiou sua campanha”, acredita. Leonardo conclui que a pauta da reforma urbana é fundamental, e que o governo federal também deve se responsabilizar pelo tema. “A situação vai explodir ainda mais se não tiver uma política diferente e construída junto com os movimentos sociais e a população. Enquanto isso, devemos nos organizar e lutar”, defende. Mobilidade Urbana População conquistou revogação do aumento da passagem, em julho, e congelamento da tarifa no fim do ano, mas PBH não liberou planilhas das empresas Durantes as eleições de 2012, a população de Belo Horizonte pôde ver grandes máquinas nas ruas do centro da cidade, encobertas pelos dizeres: “Metrô é a solução”. O início das obras do metrô no primeiro semestre de 2013 e a inauguração da primeira linha de ampliação eram as principais promessas de campanha à reeleição. Mas apenas três dias após o anúncio da vitória, o prefeito informou à imprensa que a ampliação não estaria terminada ao fim dos seus novos quatro anos de mandato. A atual gestão de Lacerda tem um planejamento de mobilidade para o município, voltado principalmente para a ampliação de vias. O Grupo de Trabalho de Mobilidade Urbana da Assembleia Popular Horizontal (APH) estuda o tema desde as manifestações de junho. De acordo com Clessio Cunha Mendes, a prefeitura tem uma visão limitada sobre mobilidade, considerando apenas obras em vias. Ele conta que, ao avaliar o Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), os valores destinados para obras é quase dez vezes maior que o enviado ao transporte coletivo. O GT de Mobilidade Urbana da PBH denuncia a falta de transparência nos contratos e contas das empresas de transporte público na cidade e irregularidades nas contas de empresas de ônibus na capital. Após as mobilizações, que revogaram o aumento da passagem, a prefeitura não abriu a “caixa preta” das empresas de ônibus. “Temos denúncias de que as empresas estão lucrando quase o dobro do valor regulamentado e exigimos a abertura da planilha de custos. Assim, teríamos a possibilidade de auditar a alteração dessa empresas”, conta Clessio. cultura Como a Prefeitura não garante políticas públicas, população pressiona e faz valer: caso do Espaço Comum Luiz Estrela O estado de Minas Gerais é mundialmente conhecido por sua diversidade e riqueza cultural. Como sua capital, Belo Horizonte tem o dever de representar essa diversidade e promover políticas de fortalecimento e apoio à sua produção. No entanto, não é o que o prefeito Marcio Lacerda tem construído. O integrante do Conselho de Cultura Rafael Barros aponta que não há um desejo de que a política cultural ocupe um espaço relevante na administração do município. “Não vejo esse interesse por parte do prefeito. Isso fica claro tanto do ponto de vista da questão orçamentária, que segue ínfima, quanto da composição dos cargos da Fundação Municipal de Cultura”, explica. Para Rafael, a Prefeitura não possui um projeto de política pública cultural qualificado e estruturado, tendo realizado apenas ações e eventos pontuais. Ele denuncia que as ações são voltadas apenas para atrações. Um ponto positivo do ano foi a realização da Conferência Municipal de Cultura, com encontros entre os meses de julho e setembro. Foi discutido de forma mais ampla e participativa o texto do Plano de Cultura, que já foi encaminhado para votação na Câmara dos Vereadores. “A conferência aconteceu por causa de uma pressão da sociedade e definiu o documento que estabelece as diretrizes para a política de cultura durante os próximos dez anos”, conta o conselheiro. 06 | minas Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013 Sociedade avalia o governo Anastasia Rafaella Dotta De Belo Horizonte Perguntados sobre a atuação do governo de Minas Gerais em 2013, todos os entrevistados concordaram: este governo não sabe receber as reivindicações da sociedade. Problemas como falta de diálogo e processos jurídicos têm sido recorrentes. Em contrapartida, a população está se movimentando e cobra seus direitos, assim como a qualidade dos serviços públicos. Em junho e julho, milhares de pessoas foram às ruas, questionando os gastos excessivos da Copa do Mundo, o processo de higienização das cidades, o monopólio dos meios de comunicação, cobrando melhorias na mobilidade urbana e questionando o modelo político do estado e do país. No segundo semestre de 2013, as lutas não pararam. Destaca- Protesto na sede da Globo Minas exigiu mais democracia na comunicação ram-se a campanha “Anastasia, cadê os R$ 8 bilhões da educação?”, realizada pelos professores do estado e o Plebiscito Popular pela redução da conta de luz, que recolheu 600 mil votos em Minas Gerais. O livro “Desvendando Minas – descaminhos do projeto neoliberal”, lançado em novembro, organizado por Gilson Reis e Pedro Otoni, faz um balanço dos governos Aécio Neves (2003 a 2010). Nesses anos, os índices de qualidade dos serviços públicos pioraram e a tendência de continuidade é forte para o governo de Antonio Anastasia. O ex-governador Aécio Neves é réu de uma ação na Justiça por não investir o mínimo exigido em saúde. E o Ministério Público avalia processar também Anastasia. Energia Em 2013, o governo federal anunciou a redução em 20% da conta de luz. Na contramão disso, o governo estadual não reduziu a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), mantendo-o como o mais caro do país: 42% do total da conta de energia. Um dos coordenadores do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro-MG), Jefferson Leandro, afirma que o dinheiro deste imposto não está sendo investido em melhorias para o estado. “Este ano foram repassados R$ 5 bilhões para os empresários, enquanto morreram quatro eletricitários e dezenas foram mutilados, porque a empresa não investe na segurança do trabalhador”. Os eletricitários terminaram 2013 com uma greve de 20 dias, para reivindicar que o governo estadual cumprisse acordos já firmados com a categoria. A sociedade também se movimentou. Em outubro deste ano, foi organizado o Plebiscito Popular pela redução da conta de luz, em que a população foi consultada e votou pela redução da cobrança. De acordo com Carol Martins, secretária do Plebiscito Popular, as urnas chegaram a 290 cidades de Minas e foram recolhidos 600 mil votos. Do total, 99,3% das pessoas votaram pela redução do ICMS e do preço da energia. Os votos serão entregues ao governo do Estado, à Cemig, Ministério Público e outros órgãos, como forma de pressionar pela redução da conta. Apesar disso, o ano termina com uma notícia alarmante. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pretende, a partir de 2015, fazer ajustes mensais na conta de luz residencial, com o objetivo de deixá-la mais cara. E Minas já ocupa os primeiros lugares no pódio do preço da luz. Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013 Saúde A Emenda Constitucional 29, aprovada em 2000, prevê que 12% do orçamento estadual deve ser destinado ao Sistema Único de Saúde (SUS). Essa lei que não está sendo cumprida no estado de Minas Gerais. O ex-governador Aécio Neves é réu em uma ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Estadual, que questiona o não investimento constitucional. A ação indica que o governo Aécio, dos anos de 2003 a 2008, fez uma fraude contábil e incluiu um suposto investimento de R$ 3,5 bilhões na Copasa. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais reconheceu a denúncia do MPE e a ação segue em julgamento. A situação do governo de Antonio Anastasia, que comandou os dois últimos anos do último governo de Aécio Neves e é do mesmo partido do exgovernador, não é muito diferente. O presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde-MG), Renato Barros, acredita que, em 2013, não chegaram a ser investidos os 12% necessários. “Em 2012, Anastasia investiu apenas 10,58%, mas vamos esperar os resultados saírem no início do ano que vem.” Como consequência, os servidores da saúde têm tido condições de trabalho precárias. “Temos sobrecarga de trabalho, falta de profissionais e muitos de nós estão adoecendo”, declara Renato. Para tentar garantir direitos trabalhistas como o reajuste salarial anual, os trabalhadores da saúde fizeram paralisações e greve neste ano. Mesmo assim, o governo estadual anunciou o “reajuste zero” para a categoria. Renato Barros explica que a consequência disso reflete no atendimento ao usuário: “em todas as áreas a qualidade da saúde pública está caindo”. Um dos indicadores mais importantes em relação à qualidade de vida de uma população é a sua taxa de mortalidade. Em 2003, Minas Gerais estava abaixo da média brasileira. Em 2010, estava acima da média, sendo o estado que menos apresenta decréscimo do índice. Ou seja, não está evoluindo em sua política de saúde. Segurança Garantir a segurança significa, também, investir em quantidade e qualidade de nossos policiais. Essa é a opinião do Sindicato dos Policiais Civis de Minas Gerais (Sindipol-MG), que, no ano de 2013, se organizou para cobrar melhores condições de segurança à população mineira. De acordo com Denilson Martins, presidente do Sindipol e conselheiro minas | 07 Educação Em 2011, o Sindicato Único dos Trabalhadores de Educação de Minas Gerais (SindUTE) organizou uma greve de mais de cem dias, cobrando o pagamento do piso salarial para a categoria. Beatriz Cerqueira, coordenadora geral do sindicato, afirma que em 2013 o governo estadual manteve as portas fechadas para os professores e para a educação. Além de não pagar o piso nacional estipulado por lei, o governo de Minas se recusa a estabelecer negociação com o sindicato. “Este ano não conseguimos avançar com a negociação do piso salarial”, afirma Beatriz, lembrando que, em contrapartida, o SindUTE foi processado pelo governo, que conseguiu liminar para proibir protestos na Copa das Confederações. Segundo o vice-presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE -MG), Filipe Rodrigues, a juventude também faz um balanço negativo da educação estadual. “Os estudantes apelidaram os professores de ‘professor tarja preta’, por causa do adoecimento desses profissionais, que precisam tomar remédios para conseguir dar aula.” Como consequências da desvalorização dos professores, a educação mineira está em queda de qualidade. Em 1997, Minas Gerais era o primeiro colocado no ranking do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), caindo para o quarto lugar em 2001. Nos resultados do ENEM de 2005, Minas Gerais caiu mais colocações, ficando pouco acima da média nacional e abaixo de Rio de Janeiro e São Paulo. Como saída para a crise da educação mineira, o SindUTE lançou a campanha “Anastasia, cadê os R$ 8 bilhões da educação?” que cobra o investimento no setor. A coordenadora do sindicato lembra que o governo estadual não cumpre a Constituição Federal, que prevê um mínimo de 25% do orçamento estadual dirigido à educação. “E em 2013 não foi diferente”, completou Beatriz. Nacional de Segurança Pública, o movimento dos policiais começou em janeiro de 2013, pedindo a modernização e humanização da Polícia Civil, além do aumento do número de policiais. “Foram várias reuniões negativas com o governo, até que entramos em greve, em junho”. Os policiais civis ficaram 156 dias parados, até que conseguiram aprovar uma nova Lei Orgânica, em lugar da Lei que ainda valia, formulada na Ditadura Militar. “Aprovamos 65% do que reivindicávamos, mas tudo o que tinha impacto financeiro positivo para o policial, o governo retirou”, completa Denilson. No ano de 2013, a criminalidade cresceu 21% em relação a 2012. Ao invés de priorizar políticas sociais e de prevenção, o governo investiu na criação de presídios. “A política baseada no aprisionamento é de baixíssima eficiência. Cada preso custa, todo mês, cerca de R$ 2 mil ao Estado e as taxas de reincidência superam 70%”, ressalta o especialista em segurança pública Robson Sávio. O professor critica ainda o modelo criado em Minas - com a inauguração do primeiro presídio em parceria com empresários, em Ribeirão das Neves, em que o Estado gasta e as empresas têm lucro garantido, a partir da exploração do trabalho dos detentos. 08 | opinião Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013 Acompanhando Foto da semana Samuel Scarponi Participe Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para [email protected]. Lembre-se de mandar o endereço onde foi registrado o fato e seu contato Na edição 17 ... Mais BH para os ricos, menos BH para os pobres ... e agora “Em São Pedro das Tabocas, distrito de Pedras de Maria da Cruz, no Norte de Minas, o tempo e a vida parecem mais lentos e mais sinceros”. Foto do leitor Samuel Scarponi. Michelly Elias Lidyane Ponciano Dilemas da expansão do ensino superior Projeto de lei para uma mídia democrática A Faculdade Federal de Odontologia de Diamantina, que se federalizou em 1960, se tornou a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) em 2005. Passou a ter 23 cursos de graduação e três campi. A importância dessa universidade é inegável, principalmente quando consideramos o acesso da população brasileira à educação. Apenas 11% completou o ensino superior, e, desses, apenas 15% se formaram em universidades públicas. A região onde a UFVJM se situa possui um dos índices de escolaridade mais baixos do país. A presença da universidade na região tem propiciado o acesso de jovens e trabalhadores ao ensino superior público. Mas, ao mesmo tempo, essa conquista tem convivido com difíceis situações, que estão ligadas à lógica de expansão universitária. Podemos citar a dificuldade de permanência, pela restrita assistência estudantil e ausência de serviços como restaurante universitário e moradia; a carência de uma política de qualificação para os professores que viabilize a continuidade e o aprimoramento de seus estudos, assim como a ausência de professores substitutos em casos de licença-saúde e licença maternidade. Essas situações têm precarizado as condições de trabalho dos docentes, que acabam realizando diversas funções ao mesmo tempo. Diante disso, e apesar de reconhecer a importância da expansão do ensino superior no país, a luta por uma universidade pública que prime pela formação e produção do conhecimento em seus vários aspectos, pela valorização do professor e pela garantia da educação como um direito de todos, é algo que ainda está por ser realmente efetivado. Para uma comunicação mais democrática, que dê voz a todos e possibilite a aplicação do direito à liberdade de expressão, para termos mais diversidade e pluralidade na televisão e no rádio, foi criado o Projeto de Lei da Mídia Democrática. O PL pretende, entre outros objetivos, acabar com os monopólios e oligopólios dos meios de comunicação, que, hoje, são controlados por menos de 10 famílias no Brasil. Procura, principalmente, regulamentar os artigos da Constituição Federal de 1988, que tratam da comunicação, e até hoje não foram regulamentados. É importante dar ênfase à pluralidade e à diversidade e acabar com a concentração para promover a circulação de ideias e pontos de vistas diferentes. A liberdade de expressão é um direito de toda a sociedade e não apenas de um grupo seleto de empresários que, por meio de seus veículos, conseguem “controlar” a opinião pública deste país, e muitas vezes, intervir nos destinos da nação. Como o Congresso Nacional e o governo federal não regulamentam os artigos, conforme definições da Conferência Nacional de Comunicação, o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), entidades da sociedade civil e movimentos populares construíram a “Campanha para Expressar a Liberdade - Uma nova lei para um novo tempo”. A Campanha pretende coletar 1,3 milhões de assinaturas para que o projeto seja encaminhado ao Congresso. Todos podemos colaborar. O Comitê Mineiro do FNDC pode ser contatado pelo endereço [email protected]. O kit coleta e outras informações sobre o PL podem ser encontrados em www.paraexpressaraliberdade.org.br. Michelly Elias é professora do Departamento de Serviço Social da UFVJM Lidyane Ponciano é coordenadora do Comitê Mineiro do FNDC A Operação Urbana Consorciada (OUC) Nova BH segue em debate pela sociedade e município. No dia 19 de dezembro, foi realizada mais uma reunião do Conselho Municipal de Política Urbana (Compur) para debater a OUC e a Conferência Municipal de Políticas Urbanas, obrigatória a cada primeiro ano de gestão municipal. O Ministério Público reforçou a recomendação de retirada do debate da OUC da pauta do Conselho. O tema foi novamente retirado de pauta, por segundo pedido de vista, e marcado para ser debatido em reunião no dia 23 de janeiro. Além disso, o Compur finalmente definiu a realização da Conferência de Políticas Urbanas, com cronograma sugerido pelos movimentos organizados durante a Conferência Popular realizada nos últimos dois meses. A realização do evento será entre os dias 03 de fevereiro e 30 de maio. Na edição 17... JK foi assassinado, diz Comissão da Verdade ... e agora Após revelação do assassinato do ex-presidente Juscelino Kubitschek, a Comissão Nacional da Verdade recebeu, em Brasília, Comitês da Rede Brasil Memória, Verdade e Justiça para divulgar informações de eventos programados para o primeiro trimestre de 2014, assim como informar sobre o andamento dos trabalhos de pesquisa. Também foram discutidas as contribuições que os comitês populares de vários estados e municípios do Brasil encaminharam à CNV e apresentação da estrutura provisória do relatório final da instituição. Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013 Mundo em revista Morte de Chávez Pedro Bocca de São Paulo ram guerra à Síria. Os norte-americanos também sinalizaram intervir diretamente em apoio aos opositores do governo de Bashar Al-Assad. A falta de apoio dos seus aliados europeus e a forte reação contrária de Rússia e China obrigaram o presidente Barak Obama a recuar. Em setembro, EUA, Rússia e Síria assinaram um acordo que prevê a destruição de armas químicas no país árabe. No entanto, o conflito segue em clima de tensão. Crise na Europa O fim do ano foi marcado pela morte de uma das mais importantes personalidades do século XX, o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela. Madiba - como era chamado pelos sul-africanos - foi a principal liderança negra na luta contra o Apartheid, regime que segregava brancos e negros no país. Mandela, que foi líder militar do Congresso Nacional Africano (CNA), ficou 27 anos preso e em 1994 foi eleito o primeiro presidente negro da África do Sul. Depois de um funeral de dez dias, Nelson Mandela foi enterrado no dia 15 de dezembro em Qunu, seu povoado natal. Mujica no Uruguai No dia 05 de março faleceu em Caracas o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em decorrência de um câncer. O líder da Revolução Bolivariana havia recém vencido sua quarta eleição presidencial consecutiva e estava no governo desde 1999. Durante seu governo, Chávez realizou medidas importantes como a nacionalização do petróleo, a criação de conselhos populares e impulsionou a Aliança Bolivariana Para os Povos de Nossa América (ALBA). Em abril, seu sucessor, o ex-líder sindical e ministro das Relações Exteriores, Nicolás Maduro, foi eleito presidente ao vencer o opositor Henrique Capriles. Guerra na Síria O conflito sírio, que se arrasta desde 2011, passou por momen- A Europa segue afundada na profunda crise econômica que se alastra desde 2009. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais de 500 mil europeus perderam o emprego só em 2013. A resposta da União Europeia segue sendo a “política de austeridade”, que consiste no desmanche de políticas sociais e serviços públicos. Em setembro, a coligação da atual chanceler alemã Angela Merkel venceu as eleições pela terceira vez seguida, garantido a continuidade dessas políticas no mais forte país europeu. Morte de Mandela 2013 foi o ano de José “Pepe” Mujica, presidente do Uruguai. Ele é considerado “o presidente mais pobre do mundo”, por seguir vivendo em sua humilde casa na periferia de Montevidéu. Defensor da justiça social e dos direitos humanos, Mujica legalizou o aborto e o casamento homossexual, e o Uruguai se tornou o primeiro país do mundo a regulamentar a produção e o comércio da maconha. O ex-guerrilheiro Mujica também se destacou na política internacional ao fazer um marcante discurso na Assembleia Geral da ONU, quando defendeu os direitos humanos e o fim da desigualdade social. Espionagem tos de muita tensão este ano. Após os ataques de armas químicas contra civis, cuja autoria não foi esclarecida, os Estados Unidos declara- Um tema marcante de 2013 foi a revelação de esquemas de espionagem do governo dos Estados Unidos sobre diversos países do mundo, entre eles o Brasil. Edward Snowden, ex-funcionário de uma mundo | 09 empresa que prestava serviços à NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA), revelou documentos que comprovaram a “vigia” dos EUA em assuntos estratégicos de outros países. O caso motivou um forte posicionamento do governo brasileiro, simbolizado no discurso da presidenta Dilma Roussef na Assembleia Geral da ONU. Dilma ainda cancelou uma visita comercial aos EUA, em represália à espionagem. Exilado na Rússia desde agosto, Snowden pediu asilo político ao Brasil. Palestina na ONU Na Assembleia Geral da ONU de novembro deste ano, a Palestina votou pela primeira vez na história. O reconhecimento da Palestina na ONU, ocorrido em 2012, pode ser um passo importante para a concretização da sua independência. O povo palestino teve seu território dividido em 1948 pela ONU, que entregou mais da metade do território ao Estado de Israel. Já em 1967, os israelenses ocuparam o restante do território palestino, que domina esse povo desde então, apesar de promessas de criação do Estado Palestino. 10 | brasil Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013 Dez fatos que marcaram o ano Da Redação Tragédia na boate Kiss Feliciano e a “cura gay” O incêndio na boate Kiss, na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, causou comoção nacional. Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio na casa noturna resultou na morte de 242 jovens. O fogo iniciou durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco. Além disso, as investigações comprovaram irregularidades de segurança na boate. O inquérito policial indiciou 16 pessoas criminalmente e responsabilizou outras 12. O Ministério Público denunciou oito pessoas, sendo quatro por homicídio, duas por fraude processual e duas por falso testemunho. A Justiça aceitou a denúncia e os envolvidos estão sendo julgados. Dois proprietários da casa noturna e dois integrantes da banda foram presos dias após a tragédia, mas a Justiça concedeu liberdade provisória a eles em maio. O pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) foi um dos políticos mais comentados do ano. Conhecido por ter dado declarações consideradas homofóbicas e racistas em redes sociais, ele foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, no mês de março. Antes da votação, deputados do PT e do Psol deixaram a reunião em protesto pela indicação do pastor. Entre as polêmicas em que se envolveu, a principal é a tentativa de aprovar o projeto que ficou conhecido como “cura gay”. O projeto de lei propunha determinar o fim da proibição, pelo Conselho Federal de Psicologia, de tratamentos que se propõem a reverter a homossexualidade. A proposta foi aprovada em junho pela Comissão presidida por Feliciano, apesar de vários protestos de militantes de direitos humanos. Porém, a Câmara decidiu arquivar o projeto, de autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), em julho. Visita do Papa ao Brasil Como primeira viagem oficial desde que assumiu o pontificado, em março, o Papa Francisco visitou o Brasil em julho, durante a Jornada Mundial da Juventude. Milhões de pessoas receberam o Pontífice no Rio de Janeiro, onde desfilou pelas ruas e abençoou fiéis. Ele também esteve em Aparecida, interior de São Paulo, onde celebrou missa na Basílica do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Entre as mensagens passadas pelo Papa em sua visita ao país, durante encontro com a coordenação do Conselho Episcopal Latino-Americano, ele afirmou: “Gosto de dizer que a posição de um discípulo missionário não é de centro, mas de periferia”. Ele disse ainda que se colocar como “centro” é uma tentação que descaracteriza a Igreja, que se transforma em uma ONG. Em um de seus discursos de despedida, o Papa Francisco pediu aos jovens que tenham coragem de “ir contra a corrente” e de “ser felizes”. Julgamento do Mensalão O Supremo Tribunal Federal retomou em agosto a etapa final do julgamento da Ação Penal 470, também conhecida como “mensalão”. Os 11 ministros do STF julgaram os recursos apresentados por todos os 25 réus condenados no julgamento. Em setembro, o STF aceitou os embargos infringentes, o recurso previsto para os 12 réus que obtiveram pelo menos quatro votos pela absolvição de determinados crimes. Já em novembro, o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, determinou a prisão imediata de parte dos condenados, antes mesmo da decisão definitiva em relação aos regimes das penas. A partir de 15 de novembro, dia da Proclamação da República, entre os que se dirigiram até a Polícia Federal para serem presos estão o ex-ministro José Dirceu, o deputado José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e Marcos Valério, apontado como “operador” do esquema. Para juristas, como o professor Emérito da PUC-SP, Celso Antônio Bandeira de Mello, o julgamento do caso do “Mensalão” foi político e inconstitucional. “Esse julgamento é viciado do começo ao fim. Agora, os vícios estão se repetindo, o que não é de estranhar. Não vejo nenhuma novidade nas violações de direitos. Confesso que fiquei escandalizado com o julgamento”, avaliou após a prisão dos condenados. Mais Médicos pelo Brasil Após protestos nas ruas, o governo federal instituiu o programa Mais Médicos, no mês de julho. O programa visa atrair médicos para atuar no Sistema Único de Saúde (SUS), nas periferias e no interior do Brasil. Paralelamente, a longo prazo, adotou como estratégia a formação desses profissionais. Segundo o Ministério da Saúde, o déficit de médicos no país era de 54 mil. A medida foi criticada por conselhos, entidades e médicos brasileiros, que estimularam o boicote ao programa através de redes sociais, realizaram protestos e moveram ações judiciais contra o Mais Médicos. Primeiro, houve a chamada para inscrição de profissionais brasileiros, com 94% das vagas sobrando, o programa foi aberto para estrangeiros. Entre estes, o governo recebeu 5.400 médicos cubanos para atuar nas áreas que não haviam sido escolhidas por profissionais brasileiros ou de outros países. Somente em agosto, foram 4 mil cubanos chegando ao Brasil, o que gerou reações de profissionais brasileiros, que vaiaram os colegas de Cuba e os chamaram de escravos, no Ceará. Segundo pesquisa do instituto MDA divulgada em novembro, 84,3% da população aprova o programa. Crise do tomate O mês de abril foi marcado pela chamada “crise do tomate”, quando o aumento do preço do alimento, que chegou a R$ 9 o quilo, parecia tão descontrolado que seria capaz de derrubar a economia brasileira. Ele chegou a ser comparado com uma joia pela apresentadora da Rede Globo, Ana Maria Braga, que apareceu com um colar feito por tomates. Analistas, como o ex-ministro da agricultura, Roberto Rodrigues, desmentiram o aumento da inflação no período provocado pelo tomate, alertando que se tratava apenas de uma situação conjuntural na agricultura, devido a problemas climáticos. Nada mais foi do que uma “relação entre oferta e demanda”, alertou o exministro. Contudo, o alarde rendeu frutos para os setores conservadores que divulgavam os perigos da inflação ilustrada pelo tomate. O governo Dilma Rousseff cedeu à pressão dos bancos, da mídia e do PSDB e aumentou os juros. O Banco Central elevou em 0,25% a taxa Selic, que chegou a 7,50% ao ano, ainda em abril. Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013 brasil | 11 Jornada de Junho O mês de junho marcou o início de protestos massivos que ocorrem em diversas cidades do país. As manifestações populares iniciaram para contestar os aumentos nas tarifas de transporte público. As principais cidades onde ocorreram mobilizações foram São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Manaus, Fortaleza e Natal. Não só as capitais contaram com mobilizações, mas centenas de cidades do interior realizaram protestos, que tiveram grande apoio da população. Houve forte repressão policial contra as passeatas, o que gerou ainda mais apoio às mobilizações. Um grande número de pautas foram reivindicadas, como os gastos públicos em grandes eventos esportivos, a má qualidade dos serviços públicos, a indignação com a corrupção política em geral, temas relacionados à moradia, além da questão da mobilidade urbana. Indígenas ocupam Câmara Revoltados com a criação de uma comissão especial para analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que dá ao Congresso Nacional poderes para demarcar terras indígenas, centenas de índios ocuparam o plenário da Câmara dos Deputados. O ato, realizado por mais de 700 indígenas representando 73 etnias, ocorreu três dias antes do Dia do Índio, celebrado em 19 de abril. Na ocasião, a líder indígena Sônia Guajajara afirmou: “Nós povos indígenas não vamos permitir que uma minoria da sociedade brasileira, esses ruralistas e grandes empresários, seja maior do que nossos territórios. Vamos lutar até o fim”. Os manifestantes deixaram o plenário após decidirem aceitar a proposta do presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB/RN). A proposta firmava que não haveria qualquer movimentação dos congressistas em relação à PEC 215 por seis meses. E seria formada uma comissão paritária para discutir as proposições que ameaçam direitos indígenas. Desaparecimento de Amarildo O pedreiro Amarildo de Souza, 43 anos, desapareceu em outubro, depois de ser levado por Policiais Militares para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro. Investigações do Ministério Público apontam que, enquanto o ajudante de pedreiro era torturado por quatro policiais, outros 12 ficaram do lado de fora, de vigia. Oito PMs que estavam dentro dos contêineres que servem de base à UPP foram considerados omissos porque não fizeram nada para impedir a violência. Outros cinco policiais que decidiram colaborar com as investigações disseram que o major Edson, então comandante da UPP, estava num dos contêineres, que não têm isolamento acústico, e podia ouvir tudo. O caso gerou indignação da população carioca e brasileira, que em diversos protestos, pede por justiça. 25 PMs foram denunciados e 13 estão presos, entre eles o ex-comandante da unidade, major Edson Santos. O corpo de Amarildo segue com paradeiro desconhecido. Cartel do Metrô de SP A formação de um cartel internacional para superfaturar obras e serviços na rede ferroviária de São Paulo e Brasília é alvo de investigações. Em maio, a Siemens fez denúncias ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Em troca de punições menos severas, a empresa reconheceu que pagou propinas a autoridades de governos do PSDB - de Mario Covas, José Serra e Geraldo Alckmin -, em São Paulo, nos anos 1990 e 2000. Também, que teria formado cartel com outras empresas, como Alstom, Bombardier, CAF e Mitsui. O esquema funcionaria através de fraudes que teriam acontecido em licitações públicas para venda e manutenção de metrôs e trens metropolitanos. Segundo as denúncias, a Siemens subcontratava empresas no Brasil para pagar propinas a políticos e diretores de empresas públicas. Outra parte do esquema usava contas no exterior, em paraísos fiscais. Mais uma acusação é referente à formação de cartel nos metrôs: as multinacionais combinavam entre si quem ganharia e quem perderia concorrências públicas, para conseguir forçar que os valores fossem superfaturados. Em dezembro, o inquérito da Justiça Federal que investiga o esquema do Metrô de São Paulo chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Estão sendo investigados secretários do governo estadual paulista, ex-diretores da CPTM, entre outros. 12 | variedades Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013 Dicas e previsões para a virada Keka Campos, astróloga ([email protected]) “Qual cor usar na passagem de ano para eu me sentir mais bonita e confiante? (diz Libra). Que simpatias (pensa Aquário) podem me ajudar a iniciar o novo ano com o pé direito para atingir minhas metas e ambições (Capricórnio), me superar (Leão), crescer (Sagitário), alcançar meus desejos (Escorpião) e sonhos (Peixes)? Hmmm, o que devo comer na ceia para atrair boa sorte? (se interessa, Touro). E por outro lado, o que devo evitar!? (replica Virgem). Como fazer para garantir o ânimo, força de vontade, e pique (do elemento fogo) do 1º dia, durante os 364 dias posterio- Olho grego O objeto azul de vidro, pintado caracterizadamente, protege contra a inveja e energias negativas. Segundo a superstição, a cor azul absorve e espanta as energias ruins. Se o vidro da peça rachar, é sinal de que o Olho Grego já cumpriu sua função de proteção e deve ser substituído por um novo. O melhor lugar da casa para colocá-lo como objeto de decoração é perto da entrada. Os sagitarianos e aquarianos lidam bem com esse tipo de amuleto, pois para ser substituído frequentemente, seu dono não pode ser possessivo e apegado às coisas materiais. res? (exalta-se, o Ariano)”. São reflexões, lembranças, dúvidas, desejos, esperanças e projetos novos, toda vez que deparamos com um ciclo se dissipando e outro já dando o ar da graça, antes mesmo de se instalar! Mesmo sabendo que fazer nossa parte é essencial, quase todo mundo já pediu ou pedirá no Ano Novo um empurrãozinho extra ao plano oculto. Existem alguns amuletos usados para garantir um bom ano: E o que fazer? Na ceia do Ano-Novo, coma pelo menos, uma colher de lentilha. Reza a lenda que isso garante fartura durante o ano inteiro. Opa! Na dúvida, o taurino comeu duas conchas! Afinal, o seguro morreu velho... ou farto! Figa Carregar o objeto é garantia de proteção contra agressões físicas e espirituais. Segundo a tradição afro-brasileira, a figa “fecha o corpo”, oferecendo proteção máxima. Amuleto ideal para quem acredita que a fé verdadeira é a melhor proteção. Áries, Leão, Sagitário, Aquário e Peixes têm esta facilidade. Trevo de quatro folhas Símbolo mais conhecido de sorte. Os supersticiosos acreditam que encontrar um trevo de quatro folhas significa garantia de um longo período de sorte e fortuna. Ideal para os amantes da natureza que desejam manter contato essa energia. Touro, Virgem, Libra e Peixes adorariam carregar consigo um desses. No dia 31, varra toda a casa, partindo do fundo até a entrada. Certifique-se de não deixar nada quebrado, como vasos e espelhos. Perfeito para os nativos de Virgem, juntam o ritual com a verdadeira terapia que a arrumação proporciona. No dia da virada, coma 12 gomos de uva e separe as sementes. Envolva -as em um guardanapo e guarde-as na carteira durante o ano todo para garantir dinheiro nos 12 meses Câncer estava abalado emocionalmente e acabou comendo o cacho inteiro. Se sentiu culpado, então fez mais 30 amuletos com as sementes restantes e os distribuiu a todos os familiares. Fita do Senhor do Bonfim Usada para atrair sorte, acredita-se que a fita é capaz de realizar três pedidos feitos com fé. Cada nó representa um pedido e, segundo a tradição, assim que os desejos se realizam, a fita se desprende e pode ser jogada fora. Geminianos, Sagitarianos e piscianos, comprem por atacado! Signos de qualidade mutável não focam em um único objetivo, então três (ou mais) possibilidades de desejos se encaixam bem às necessidades desses seres super flexíveis. Pimenta Na Ásia antiga, a pimenta era usada em um conjunto de amuletos, a fim de afastar maus espíritos. Essa superstição persiste até os dias atuais, o que leva as pessoas a usarem uma ou mais pimentas para afastar maus olhados, inveja e similares, em pulseiras, brincos, pendurados em portas. Escorpianos se atraem por este tipo de amuleto, pois acreditam ser uma extensão da própria pimenta: delicados, belos, frágeis por fora, mas que guardam um veneno ardido e intenso para quem ousar despi-los moralmente ou lhes desafiar. A calcinha usada no reveillon deve ser nova e dada a você de presente por outra pessoa. Escorpianos adorarão praticar essa superstição, principalmente se puderem, depois, celebrar com o presente e a pessoa desejada. variedades | 13 Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013 Se você vai passar o reveillon na praia, não deixe de pular as sete ondinhas! Lembre-se de fazer um desejo para cada uma. Quando terminar, afaste-se aos poucos, andando de costas, sempre encarando o mar. Só vire de costas para o oceano quando sair completamente da água. Assim, você deixará toda a energia negativa no ano que passou. Para decorar e praticar esses malabarismos na noite de ano novo regada a champanhe e sono, ninguém melhor que o geminiano comunicativo e sempre pronto para aprender! Que cor usar ? Uma das superstições mais praticadas em qualquer canto do mundo é a roupa que você deve vestir na passagem do ano. Uma nova fase está nascendo, portanto há outras visões, outras possibilidades. Essa energia de transformação precisa nos atingir e nos permear. Por isso, muita gente ainda aposta nas cores como formas de atrair a energia escolhida. Caso não encontre seu modelo colorido ideal, não tem problema: vista o branquinho básico e pinte o 7 “por debaixo dos panos”, isso já funciona muito bem! Além do mais, é a fé colocada na prática que dita a sua eficácia. As cores, seus significados e os signos relacionados: Branco Não passe o ano novo com a carteira ou os bolsos vazios. Além disso, para ter dinheiro sempre, coloque uma nota de qualquer valor dentro do sapato Capricórnio se preveniu de tal modo, que decidiu não recolher as notas guardadas em seus sapatos, suas roupas, sua casa.... vai que um dia ele precisa... Paz, sabedoria, luz interior, tranquilidade. O branco repele as energias negativas e eleva as vibrações, transformando-as. Estimula a memória e gerencia o equilíbrio interior. (CÂNCER E PEIXES) Amarelo/Dourado Atrai prosperidade pessoal e sabedoria durante todo o ano. Essa cor ajuda também a estimular a intuição. (LEÃO, SAGITÁRIO) Rosa O rosa é o resultado da mistura do vermelho e do branco. Transmite felicidade no amor, pureza e beleza durante o ano vindouro. (LIBRA, TOURO E GÊMEOS) Vermelho Proporciona energia vital, estado de alerta, muita paixão e intensidade. Caso ache a cor pesada demais, pode pintar as unhas, usar uma joia ou um acessório pequeno, isso já garante o resultado! (ÁRIES E ESCORPIÃO - como vermelho sangue e SAGITÁRIO - como um vermelho escuro ou vinho) Azul “Eu defendi o ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais”. Nelson Mandela Com os mesmos ideais do líder sul africano, o Sinpro Minas deseja a todos um 2014 com muitas ações para a construção de uma sociedade melhor. SINDICATO DOS PROFESSORES DO ESTADO DE MINAS GERAIS FILIADO À FITEE, CONTEE E CTB - WWW.SINPROMINAS.ORG.BR Verde Traz paz de espírito e segurança. Tranquilidade, intuição, harmonia e saúde, também são provenientes desta cor. (AQUÁRIO - em seu tom turquesa e PEIXES - com o azul marinho, das profundezas do oceano) O verde representa as energias da natureza, da vida, o que nos remete à esperança, equilíbrio e recomeço. Renova as energias trazendo vida nova. (GÊMEOS - verde claro, vivo e LIBRA, em seu tom pastel, verde-água) Laranja Atrai sucesso material. Ajuda nas conquistas pessoais e profissionais. Se você está aguardando aquela promoção, ou mesmo está procurando um emprego, encontrou a cor certa. (ÁRIES, LEÃO E SAGITÁRIO - em tons vivos e VIRGEM e CAPRICÓRNIO - como marrom alaranjado ou tons de bege) Violeta A cor violeta traz inspiração, compreensão, imaginação e estabilidade. Esta cor também eleva a autoestima e ajuda a manter o foco em um objetivo. (PEIXES) 14 | cultura Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013 AGENDA DO FIM DE SEMANA é tudo de graça! MÚSICA DANÇA Movimento Black Soul, evento cultural que ocorre todo primeiro e segundo sábado do mês com músicas dos anos 70 e 80 no estilo soul e funk. Sábado (4), das 14h às 20h, na Praça Sete. POESIA Sarau de Poesia. Sexta (27), às 20h, na Av. Professor Aldo Zanini, 381 - Centro (Nova Lima). Oficina de Relaxamento com Dança Cigana. Todas as sextas, das 14h às 16h, no Centro Cultural Lagoa do Nado (Rua Ministro Hermenegildo de Barros, 904, Itapoã). Segunda a quinta-feira EXPOSIÇÃO O Centro O projeto Imprensa Cultural MiMusical apresenta a nas Tênis banda da Polícia MiClube recelitar interpretando be exposiclássicos da música ção de Tomoderna. mie Ohtake no ano do seu Terça (7), centenário de nascimento. Até 18h, nas janelas frontais da Imprensa 02/02, terças a sábados, de 10 Oficial (Augusto de Lima, 270) às 20h e domingos, de 11 às Artes plástica 19h, (Rua da Bahia, 2.244, Centro de Facilidades - Piso 5). MÚSICA HIP HOP A mostra “Bordadas Memórias de Sutis Lembranças” ressalta detalhes do passado em lingeries femininas confeccionadas para a primeira noite das noivas nas décadas de 1950 a 1970. Até dia 31/05, segundas das 10:00 às 19:00; terças, quartas, quintas e sextas das 10h às 21h no Centro de Referência da Moda de Belo Horizonte (Rua da Bahia, 1149, Centro). A Exposição Pioneiros, Personagens e Conquistas traz fotografias, registros e instrumentos e equipamentos de som, referentes aos 25 anos do movimento Hip Hop no Alto Vera Cruz. Até 17/01, no Centro Cultural Alto Vera Cruz (Rua Padre Júlio Maria, 1577, Alto Vera Cruz). Brincadeiras e jogos educativos para as festas de fim de ano Da Redação Tradicionalmente o fim de ano é um momento de reunião familiar. Tios e tias, afilhados e avós que estão em lugares diferentes do país, ou até na mesma cidade, se encontram em festas de comemoração, que podem ser grandes viagens, com mais de 30 pessoas, ou em ceias íntimas no apartamento de alguém. Mas o que há de comum em todas as festas é a presença de crianças. Enquanto os adultos colocam o papo em dia, as crianças, de idades variadas, tentam se conhecer e gastar um pouco da energia gerada pela timidez ou ansiedade. “O que fazer com essas crianças?”, é o que muitos se perguntam. O especialista em educação Geraldo Peçanha de Almeida elaborou um compêndio com brincadeiras e jogos típicos do Brasil, encontrados em suas andanças pelo país e sugeridos por professores de atenção básica. São 123 páginas de brincadeiras que podem ser desenvolvidas com 15 ou mais crianças ou com apenas uma ou duas. O teor dos jogos é variado, há aqueles que colocam a meninada pra se mexer, como o Puxa-puxa, em que dois times competem quem consegue trazer mais coleguinhas para o seu lado, ou os mais calmos, como o “Stop”, de escrever palavras que iniciem com uma letra sorteada por todos. Muitas destas brincadeiras já foram realizadas pelos adultos em outras épocas de suas vidas, mas a diversidade exposta no livro propõe muitos jogos que podem ser feitos por toda a família, trazendo descontração e união às festas. Durante a elaboração, Geraldo se preocupa com o desenvolvimento da criança, avaliando em cada brincadeira as questões trabalhadas, como psicomotricidade, a importância do lúdico e a educação. Serviço: Livro: Brincadeiras e jogos típicos do Brasil Autor: Geraldo Peçanha de Almeida O livro pode ser baixado gratuitamente na internet através do site www.geraldoalmeida.com.br Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013 esporte | 15 esporte | na geral Agenda Libertadores 2014 A 55ª edição da Copa Libertadores da América começa no dia 28 de janeiro. Neste dia entram em campo as equipes que disputam a fase preliminar da competição. Dos brasileiros que vão participar desta fase, o Atlético-PR joga no dia 29, às 22h, contra o Sporting Cristal-PER, enquanto o Botafogo, na mesma data e horário, encara o Deportivo Quito-EQU, no Equador. As partidas de volta da fase estão marcadas para o dia 5 de fevereiro. A fase de grupos começa no dia 11 de fevereiro, com o Atlético-MG jogando fora de casa contra o Zamora, na Venezuela. O Cruzeiro faz sua primeira partida no dia seguinte, 12 de fevereiro, contra o Real Garcilaso , no Peru. No dia 13 é a vez do Flamengo encarar o León, no México, enquanto o Grêmio abre seus trabalhos no torneio também no dia 13, quando encara o vencedor do confronto 6, ente Oriente Petrolero -BOL e Nacional-URU, fora de casa. O campeão das Américas será conhecido apenas em agosto, após a Copa do Mundo. 27 mil na São Silvestre A São Silvetsre, maior corrida de rua da América Latina, tem 27,5 mil atletas inscritos. A corrida, que acontece São Paulo no último dia do ano, terá a largada na Avenida Paulista, altura da Frei Caneca e a chegada em frente ao prédio da Fundação Cásper Líbero, também na Paulista. A prova será realizada no período da manhã, com a primeira largada, para corredores cadeirantes, às 6h50, e para portadores de necessidades especiais às 6h55. O pelotão de elite feminino terá a largada às 8h40. Logo em seguida, às 9 horas, é a vez do pelotão de elite masculino, pelotão especial (masculino e feminino) e atletas em geral. Grupo do Brasil na Copa - cuidado não faz mal a ninguém Marcelo Pereira Há quem esteja comemorando efusivamente o grupo do Brasil como uma “moleza”. É bom tomar cuidado. Croácia, Camarões e México, nenhum desses tem vocação para ser o saco de pancada da vez. A Croácia, assim como em geral os países da antiga Iugoslávia, tem um estilo de jogo muito parecido com o nosso, de toque de bola e técnica refinada. É contra eles que faremos nossa estreia e o jogo de abertura da Copa do Mundo. Isso já aconteceu antes. O jogo de estreia do Brasil na Copa de 2006, na Alemanha, foi contra a Croácia: e suamos muito para arrancar uma vitória por 1x0. O segundo adversário, o México, é um velho conhecido. Nos eliminou nas Copas das Confederações de 1999 e 2005 e da Copa América de 2001 e 2007. Apesar de ter feito uma campanha ruim nas Eliminatórias, classificando-se em quarto lugar, é um país que tem uma tradição futebolística respeitável e está longe de ser um adversário a ser subestimado. O mesmo vale para Camarões, contra quem disputaremos a terceira e última rodada da fase de grupos. Uma equipe que tem principal jogador nada menos que Samuel Eto’o, que ainda é um dos melhores do mundo em sua posição, merece respeito. Entretanto, nosso histórico contra equipes da escola africana é bem favorável. Nosso confronto contra eles na fase de grupos da Copa de 94 nos traz boas lembranças: um retumbante 3x0 para levantar a moral da equipe de Parreira, com direito a um belo gol de Romário. E vale lembrar outro 3x0, contra Gana, pelas oitavas da Copa de 2006. 16 | esporte Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013 OPINIÃO Atlético Passado, presente e futuro Bruno Cantini OPINIÃO Cruzeiro Diego Silveira O atleticano sabe: 2013 foi o ano do Galo. O fracasso precoce na Copa do Brasil, o oitavo lugar no Brasileiro e a dolorosa derrota para o Raja Casablanca no Mundial não mancham os sucessos conquistados. Além do bicampeonato mineiro, em que o título veio com vitória sobre o arquirrival, 2013 brindou o atleticano com a maior conquista da história do clube. A forma avassaladora por que o Atlético se classificou na primeira fase da Libertadores, passando por dificuldades inesperadas a partir das quartas-de-final contra o Tijuana e culminando no título continental, será lembrada como uma das mais empolgantes sequências vitoriosas do torneio. Que atleticano deixa de vibrar ao lembrar das goleadas con- tra São Paulo e Arsenal de Sarandí, a defesa de Victor no pênalti marcado no último minuto, Réver levantando o troféu mais sonhado? Em 2013, ninguém conquistou mais títulos e tão importantes quanto o Galo. A dúvida agora é sobre o ano que virá. A indefinição sobre a permanência do Gaúcho, o impacto da saída de Cuca e a nova direção técnica de Paulo Autuori deixam perguntas no ar. O quarteto ofensivo Ronaldinho, Fernandinho, Tardelli e Jô será mantido? O bom ambiente promovido por Cuca no elenco continuará? Autuori saberá explorar todo o potencial do grupo de jogadores? Se as respostas forem sim, 2014 promete. Por enquanto, o que o atleticano sabe é que o passado é inesquecível, o presente para se aprender e o futuro para se aguardar. Anuncie no Brasil de Fato MG Todas as semanas nas ruas de Belo Horizonte (31) 3309-3304 [email protected] A décima terceira taça Whashigton Alves Wallace Oliveira No sagrado esporte de Dirceu Lopes, 13 grandes títulos pertencem a Minas Gerais, entre a incomparável Taça Brasil, o Brasileirão, a Copa do Brasil, a Libertadores e a Supercopa. Desses, nada menos do que 11 nos vieram pelos benditos pés cruzeirenses, enquanto os outros dois são exceções que confirmam a regra. O Cruzeiro é o primeiro e o último mineiro a se sagrar campeão nacional, interrompendo os triunfos de paulistas e cariocas. A glória de Minas começou em 1966. Os meninos do Barro Preto nasceram para o mundo ao derrotarem os galácticos do Santos, melhor time do planeta. “Um título nos foi dado”, a Serra do Curral proclamou. Placar de 6 a 2 no Mineirão. “Do mais alto dos céus!”, a Serra do Mar reverenciou. No Pacaembu, 3 a 2. O Rei Pelé se ajoelhou. Passados 47 anos, o Brasileirão 2013 seguramente não é a maior conquista cruzeirense, mas ele nos chega como uma bênção, após dois dolorosos anos nos quais beiramos o inferno e por um instante nos espantamos com um alvinegro porvir. Agora, o Cruzeiro ressuscita para libertar o futebol brasileiro da retranca, do jogo burocrático e da falácia dos que só sabem jogar em seu próprio campo. Do outro lado da lagoa, seguidores do Clube Atlético de Marrakesh já cruzaram o Mar Vermelho e caíram no deserto, onde amargarão mais 40 anos sem títulos. Quando, por fim, sua seca acabar e eles novamente comemorarem alguma coisa importante, 2013 será lembrado como o ano em que São Fábio ergueu a 13ª grande taça do futebol mineiro.