Unidade Curricular: HISTÓRIA GERAL DA CIVILIZAÇÃO
Ano: 1º / Semestre: 1º
Horas de contacto: 30
Créditos: 3,5
Horas de trabalho individual: 68
Total de horas: 98
Docente: José Luís Braga
Hora de atendimento: 11h15-13.45 (3ª) / 16h-18h30 (5ª)
05-11-2015
História Geral da Civilização
GAT: 1º ano - IPCA
1
Programa Sucinto (1)
1.
História e cultura; civilização e civilizações; a dinâmica
das civilizações.
2.
A civilização ocidental e oriental: da construção do
ocidente e do oriente.
3.
A Europa; história de uma civilização; das origens grecoromanas ao surgimento e criação da União Europeia.
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2
Programa Sucinto (2)
4. A América e a civilização europeia no novo mundo
5. O mundo muçulmano: características e perspectivas.
6. O mundo africano e o mundo asiático: características
e dinâmicas
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Resultados da aprendizagem (1)
Os alunos que concluam com sucesso esta unidade
curricular deverão ser capazes de:
• Conhecer e contextualizar os movimentos
civilizacionais, culturais e ideológicos contemporâneos
mais relevantes nas suas diferentes expressões e
vertentes, nos seus ritmos de evolução e
desenvolvimento.
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Resultados da aprendizagem (2)
• Reconhecer a diversidade e a dinâmica das
civilizações com uma sensibilização para os seus
problemas e valores.
• Conhecer e interpretar as principais manifestações e
vectores civilizacionais da contemporaneidade.
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Bibliografia Geral
• Padgen, Anthony (ed.) (2002). The Idea of Europe. From
Antiquity to the European Union. Cambridge: CPU.
• Buruma, I. e Margalit, A. (2004). Occidentalism. A Short
History of Anti-Westernism. London: Atlantic Books.
• Eisenstadt, S. N. (1991). A dinâmica das civilizações.
Tradição e Modernidade. Lisboa: Edição Cosmos.
• Braudel, Fernand (1989). Gramática das Civilizações.
Lisboa: Editorial Teorema.
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Módulo 1
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
Braudel, Fernand (1989). Gramática das Civilizações.
Lisboa: Editorial Teorema.
Eisenstadt, S. N. (1991). A dinâmica das civilizações.
Tradição e Modernidade. Lisboa: Edição Cosmos.
Sanderson, Stephen K. (ed.) (1995). Civilizations and
World Systems. Walnut Creek: Altamira Press.
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O sentido da palavra civilização (1)
• Na época moderna, a palavra civilização tem o
sentido de «passagem ao estado civilizado».
• Civilização (povos civilizados, de costumes polidos) ≠
barbárie (povos selvagens, primitivos ou bárbaros)
•
A noção de Civilização «é todo o adquirido humano»
[Mauss] compreende valores espirituais
(superestruturas) e materiais (infrastruturas).
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O sentido da palavra civilização (2)
• Outra definição: «conjunto das características que
apresenta a vida colectiva de um grupo ou de uma
época» [Braudel].
• O que existem são civilizações: o emprego do
singular correspondia à noção iluminista que concebe
a história como «um progressivo processo de
emancipação», como um processo unitário [Vattimo].
• Para Braudel, civilização no singular serão os bens
colectivos da civilização: o fogo, a escrita, o cálculo,
a domesticação de plantas e animais.
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Fig.1: Civilizações Antigas
(Fonte: http://www.compancientcivilization.ucr.edu/world-map.jpg)
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Civilizacionistas
•
Durante o século XX houve vários autores que
procuraram definir, descrever, criar sistemas
conceptuais para caracterizar macroculturas. Este
interesse pode ser explicado pelo sentimento de
declínio da civilização ocidental.
•
As explicações gerais (Filosofia da História) propostas
por autores (Spengler ou Toynbee) não estiveram
isentas de críticas, sendo qualificadas, por vezes, de
criações fictícias. A explicação geral necessita de
constante verificação da realidade concreta [Braudel].
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Civilizacionistas (2)
• Os civilizacionistas são historiadores singulares
porque:
1.Distinguem padrões de mudança histórica;
2.Conceptualizam estes padrões como sendo na sua
essência eminentemente cíclicos.
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Civilizacionistas: Arnold Toynbee (1)
•
Na sua obra Um Estudo de História, concebeu as
civilizações como:
 grupos sociais de grande escala que são mais
amplos que estados avulsos;
 que partilham características culturais comuns
(na filosofia, na religião, na arte e no estilo
linguístico).
•
Segundo ele, as civilizações diferiam de sociedades
primitivas porque as primeiras são dinâmicas ao
passo que as segundas são estáticas.
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Civilizacionistas: Arnold Toynbee (2)
• Comparou civilizações a organismos. Como os
organismos, as civilizações também tinham ciclos de
vida: génese, crescimento, colapso e desintegração.
• Durante a sua existência, as sociedades deparam-se
com vários desafios aos quais têm de responder se
pretendem deixar de ser sociedades primitivas para
serem civilizações, crescer e se expandir.
• São as elites – minoria criativa – que estão em
posição de responder favoravelmente a estes
desafios.
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Civilizacionistas: Arnold Toynbee (3)
• O autor distinguiu 5 tipos de desafios:
 o estímulo dos terrenos inóspitos (florestas tropicais, terras áridas, desertos);
 o estímulo de terrenos inexplorados (e.g. terra incógnita, oceanos);
 o estímulo da desgraça (e.g. derrotas desastrosas em guerras ou revoluções);
 o estímulo da pressão, representada pela situação geopolítica em que a
sociedade está sempre a ser alvo de invasão e ataque por sociedades
vizinhas;
 O estímulo das penalizações em que incorrem os povos alvo de conquista
(escravatura, discriminação racial ou religiosa, inferioridade de classe).
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Civilizacionistas: Arnold Toynbee (4)
• Os desafios que ditam o crescimento de uma civilização
são intrínsecos e não extrínsecos à mesma.
• Todas as civilizações que crescem chegam a um limite a
partir do qual começam a decair – é o estado do colapso.
A minoria criativa começa a perder a sua capacidade
criativa, a massa retira o seu apoio aos líderes.
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Civilizacionistas: Arnold Toynbee (5)
• Depois de acumular insucessos na resposta a desafios
a sociedade começa a desintegrar-se em 3 facções:
 A minoria dominante (caduca, que perdeu a
capacidade de liderar);
 Um proletariado interno e um proletariado
geograficamente externo, (ambos alienados da minoria
dominante), estes grupos promovem a desagregação
da civilização.
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Civilizacionistas: Pitirim Sorokin (1)
• Para este autor as civilizações não estão integradas
de uma forma lógica num todo, mas são sim misturas
incoerentes e desintegradas.
• As civilizações (ou super-sistemas) eram identificáveis
a partir de um princípio central de organização que
era essencialmente um modo humano de sentir e
pensar.
• Sorokin distinguiu 3 princípios centrais de
organização: o ideacional, o sensorial e o idealístico.
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Civilizacionistas: Pitirim Sorokin (2)
•
As civilizações passariam ciclicamente, durante
períodos extremamente longos de tempo, por estes 3
tipos de mentalidade cultural:
1. Ideacional, toma a realidade como sendo
essencialmente não material e enfatiza as
necessidades e objectivos espirituais - alcançados
através de uma atitude de auto-renúncia e
ascetismo (i.e. eliminação das necessidades físicas).
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Civilizacionistas: Pitirim Sorokin (3)
2. Sensorial, oposta à mentalidade cultural ideacional,
a realidade é vista aqui como sendo eminentemente
material ou física. As mais importantes necessidades
humanas são as do corpo. O Bem consiste na
satisfação máxima destas necessidades materiais.
3. Idealística – é forma intermédia das duas
precedentes – representa um balanço de
necessidades e fins, concebendo a realidade como
sendo simultaneamente física e espiritual e procura a
satisfação de ambas as necessidades.
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Civilizacionistas: Pitirim Sorokin (4)
• A história humana revela que há uma relação rítmica
entre estes 3 tipos de mentalidade cultural. Sendo que
cada tipo se desenvolve e posteriormente dá lugar a
outro e assim sucessivamente.
• Os 3 tipos de mentalidade cultural identificados estão
todos expressos na arte, arquitectura, música e
literatura de uma sociedade, nos seu sistema ético e de
conhecimento, e nas suas relações sociais e políticas.
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Civilizacionistas: Pitirim Sorokin (5)
• Cada mentalidade cultural contém em si mesma as
sementes da sua própria mudança ou destruição.
Todas as possibilidades lógicas de uma mentalidade
sempre são levadas ao limite, quando esta esgota dá
lugar à mentalidade que lhe sucede.
• Sorokin (1889-1968) argumentava que a civilização
Ocidental estava imbuída da mentalidade sensorial,
que se havia expandido nos últimos 500 anos e que
agora estava a chegar ao seu limite e em breve
morreria sucedendo-lhe a mentalidade idealística.
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Civilização e espaço
• O meio não determina tudo, mas desempenha um
papel muito importante, sob a forma de algumas
possibilidades e obstáculos que são diferentes de
civilização para civilização.
• Civilizações fluviais: que floresceram ao longo do rio
Amarelo (civilização chinesa), do Indo (pré-indiana),
do Tigre e do Eufrates (Suméria, Babilónia, Assíria),
do Nilo (civilização egípcia).
• Civilizações marítimas: a Fenícia, a Grega, a
Romana; são «um dom do mediterrâneo» [Braudel]
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Fig. 2: Civilizações Antigas
Fonte: https://qed.princeton.edu
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Carácter único das civilizações (1)
• Cada civilização tem uma história única.
• As civilizações embora tenham durado milhares de
anos, possuem relações internas significativas,
podendo ser caracterizadas e distinguidas umas das
outras.
• As civilizações são culturas amplas e complexas que
normalmente se distinguem das culturas mais primitivas
porque são capazes de um maior controle sobre o
ambiente (prática da agricultura em larga escala e
domesticação de animais, uso de metais e da roda).
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Civilizações e economia (1)
• Estas vantagens económicas dão às civilizações um
excedente alimentício que lhes possibilitará libertar
alguns dos seus membros, pelo menos em parte, do
trabalho de subsistência.
• Esta liberdade leva normalmente à construção de
cidades e ao desenvolvimento de formas de arte mais
complexas, bem como ao desenvolvimento da escrita
para registar e para veicular ideias.
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Civilizações e economia (2)
• Todo o aumento demográfico favoreceu os surtos
civilizacionais.
• Quando o crescimento demográfico supera o
crescimento económico sucede o colapso (e.g.
países africanos), daí decorrendo as fomes, a
diminuição do poder aquisitivo, revoltas populares.
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Civilizações e economia (3)
• A industrialização europeia, a partir do final do século
XVIII, rompeu com este ciclo. O aumento demográfico
não degenerou em penúria.
• A vida económica criou desigualdade de acesso à
civilização entre as diferentes classes sociais e entre
os vários países do mundo.
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Civilização: grau de integração (1)
• As civilizações têm de ter um certo grau de
integração. As suas partes são definidas em relação a
si mesmas e ao todo.
• Se a civilização é composta por estados, os estados
vão ter uma maior relação entre si do que têm com
estados de outras civilizações.
• As partes poderão guerrear mais, ou envolver-se mais
em relações diplomáticas. Ser mais interdependentes
economicamente. Ou nelas prevalecerem correntes
estéticas e filosóficas comuns.
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Civilização: grau de integração (2)
• O grau de integração varia de civilização para
civilização. E varia dentro de uma civilização no
tempo.
• Haverá vezes em que as partes estarão tão
intimamente relacionadas que a mudança numa
parte afectará as outras todas, tanto geograficamente
como ao nível das ideias e atitudes.
• Mas outras vezes as partes estarão em relação
menos estreita, pelo que a mudança numa parte não
terá grande efeito nas outras.
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Civilização, sociedade e cultura (1)
• A cultura poderá ser vista como o conjunto de
símbolos expressivos do ethos (i. e. síntese dos
costumes de um povo). É uma mundividência
«construída através da interacção humana activa»
(vd. Eisenstadt).
• Todas as civilizações exportam e importam bens
culturais. Nenhuma fronteira cultural é impermeável.
• Uma civilização raramente recebe material de outra
sem alterar a natureza desse material para que se
adapte ao seu paradigma. A cultura é, assim, um
processo de negociação.
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Fig. 2 : caracteres chineses (dir.) e a
sua variante japonesa (esq.)
Fonte: Wikipedia
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Civilização, sociedade e cultura (2)
• Na actualidade, com a globalização, a difusão dos
bens culturais acelerou-se muito. No passado, porém,
os bens culturais chegavam retardados pela lentidão
das viagens.
• Sociedade e civilização, são inseparáveis. Se houver
mutações na sociedade, a civilização transformar-se-á.
• A mundivisão adoptada pelas civilizações é sempre a
transcrição, a consequência das tensões sociais que
a povoam. [Braudel]
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Civilização, sociedade e cultura (3)
• As culturas primitivas, segundo Braudel, seriam fruto
de sociedades igualitárias, cujas relações de grupo
ficam regulamentadas definitivamente e se repetem.
• As civilizações, porém, baseiam-se em sociedades
com relações hierarquizadas, com fortes hiatos
entre grupos que levam a tensões, conflitos sociais e
a uma eterna evolução.
• Nas civilizações, ao contrário das culturas primitivas,
as cidades proliferam.
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Civilização, sociedade e cultura (4)
•
A formação de qualquer cenário institucional
compreende a combinação de várias componentes:
1. O nível e a distribuição de recursos por cada
sociedade (divisão social do trabalho);
2. Os empreendedores sociais (elites) disponíveis e
em concorrência para mobilizar e estruturar os
recursos e organizar e expressar os interesses dos
principais grupos sociais.
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Civilização, sociedade e cultura (5)
3. O carácter das concepções que moldam as
actividades dessas elites e que decorrem dos
códigos culturais vigentes na sociedade
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Civilização, sociedade e cultura (6)
•
As elites mais relevantes são:
1. As elites políticas, que lidam com o poder na
sociedade;
1. Os enunciadores dos modelos da ordem cultural,
cujas actividades se orientam para a construção de
sentidos;
1. Os promotores da solidariedade dos grupos
principais, que se dedicam à construção da
confiança numa sociedade [Eisenstadt]
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Civilização, sociedade e cultura (7)
• Estas elites exercem o seu poder porque controlam o
acesso aos principais mercados institucionais
(económico, político, cultural, etc.).
• As elites controlam também a produção e distribuição da
informação essencial para a «estruturação dos mapas
cognitivos dos membros da sociedade» [Eisenstadt].
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Civilização, sociedade e cultura (8)
•
O conflito faz parte da interacção social devido:
1. à multiplicidade de actores (elites, movimentos,
grupos) em qualquer sociedade, com um controlo
assimétrico sobre os recursos «naturais» e
«sociais» e que lutam pela sua posse e
utilização.
2. e porque existem vários princípios de
institucionalização dos cenários de interacção
social.
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Civilização, sociedade e cultura (9)
• Ainda que as coligações de elites sejam bem
sucedidas a fixar e legitimar normas comuns, e estas
vigorem e sejam aceites durante longo tempo. Essas
normas jamais serão aceites por todos aqueles que
integram uma determinada ordem.
• Existe, assim, a possibilidade de emergirem antisistemas no seio das sociedades, que podem derivar
em processos de mudança.
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Civilização, sociedade e cultura (10)
• A activação desta mudança deve-se, geralmente, à
actividade de elites secundárias, que tentam mobilizar
vários grupos e recursos, com o objectivo de mudar
certos aspectos da ordem social criada pela coligação
das elites governantes.
• A construção das fronteiras (ou sistemas) das
colectividades e dos sistemas sociais e, sobretudo,
políticos é inerente à vida social do homem.
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Civilização, sociedade e cultura (11)
• As fronteiras, são abertas e muito sensíveis. São
continuamente construídas pelos diversos actores
sociais, com as componentes ideológicas, de poder e
materiais que implicam.
• A construção de fronteiras denota a delineação de
relações bem definidas entre as inúmeras colectividades
e os seus respectivos ambientes.
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Civilização, sociedade e cultura (12)
• Uma civilização tem normalmente aversão em adoptar
um bem cultural que colida com as suas estruturas
profundas.
• A originalidade de cada civilização também é
consequência da rejeição de certos bens culturais da
vida moderna.
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Civilização e mentalidade colectiva
• Em cada época da história existe uma determinada
visão do mundo, uma mentalidade colectiva que
anima toda a sociedade.
• É esta mentalidade que dirige os movimentos e
opções, dita as atitudes e cristaliza os preconceitos
das sociedades.
• Esta mentalidade deriva de heranças remotas, «de
crenças, de medos, de inquietações antigas muitas
vezes inconscientes (…)» [Braudel]
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44
Civilização e mentalidade colectiva (2)
• A mentalidade colectiva é pouco permeável à erosão
do tempo, transforma-se com vagar através de
acções pouco conscientes aos seus contemporâneos.
• A religião é uma pedra basilar das civilizações. A
religião, a magia e o sobrenatural envazam
mentalidade colectiva das civilizações (e.g.
cristianismo e civilização ocidental).
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45
Civilização e mentalidade colectiva (3)
• As estruturas – e.g. sentimentos religiosos, imobilidade
camponesa, atitudes perante a morte, o trabalho, o
prazer, a vida familiar – são características antigas, de
longo prazo, que conferem originalidade às civilizações.
• Civilização pressupõe, portanto, continuidade.
• A disciplina História Geral das Civilizações pretende
realçar as estruturas das civilizações que ainda hoje
mantêm a sua eficácia.
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