Alexandre Jorge Padua
Contribuição para a fonologia da língua Apiaká (TupíGuaraní).
Dissertação de Mestrado
Orientador:
Aryon Dall’Igna Rodrigues
Universidade de Brasília
Julho/2007
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE LINGÜÍSTICA, PORTUGUÊS E LÍNGUAS
CLÁSSICAS - LIP
Contribuição para a fonologia da língua Apiaká (TupíGuaraní).
Alexandre Jorge Padua
Dissertação apresentada ao Departamento
de Lingüística,
Português e Línguas
Clássicas da Universidade de Brasília
como requisito parcial para a obtenção do
grau de Mestre em Lingüística.
Universidade de Brasília
Julho/2007
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE LINGÜÍSTICA, PORTUGUÊS E LÍNGUAS
CLÁSSICAS - LIP
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Contribuição para a fonologia da língua Apiaká (TupíGuaraní).
Alexandre Jorge Padua
Orientador: Prof. Dr.Aryon Dall`Igna Rodrigues
Banca examinadora:
Prof. Dr. Aryon Dall’Igna Rodrigues (UnB)
(presidente)
Prof. Dra. Ana Suelly Arruda Câmara Cabral (UnB)
(membro efetivo)
Prof. Dra. Rachel do Valle Dettoni (UnB)
(membro efetivo)
Prof. Dra. Poliana Maria Alves (UnB)
(suplente)
Esta dissertação foi julgada adequada à obtenção
do grau de Mestre em Lingüística e aprovada em
sua forma final pelo curso de pós-graduação em
lingüística da Universidade de Brasília.
Brasília, 05 de julho de 2007
_____________________________
1º Examinador
_____________________________
2º Examinador
_____________________________
3º Examinador
AGRADECIMENTOS
Aos Apiaká, que são a razão deste trabalho, pelo apoio e dedicação com que me
acolheram. Aos meus informantes Pedro, Antônio e Luzia Kamassuri, sem a
colaboração deles a realização do trabalho seria impossível. Aos caciques Irivan
Morimã (Mairob) e Pororoca Kamassuri (Mairowí). Ao Sr.Roberto Morimã e sua
esposa, D.Edith, que me alimentaram e acolheram. Ao meu amigo Valdé Morimã que
me ajudou em minha última viagem a campo. A todos os meus amigos Apiaká com os
quais tive o privilégio de conviver.
Ao meu orientador, Professor Dr.Aryon D.Rodriues, pela paciência e pela honra
concedida de ser seu orientando, pela tolerância com minha falta de experiência e por
me ensinar os caminhos preliminares da lingüística. À minha co-orientadora, Professora
Dr. Ana Suely Arruda Câmara Cabral, pelo carinho e ajuda inestimável. Aos meus
colegas do Laboratório de Línguas Indígenas da UnB.
À CAPES, pela bolsa de estudos que me permitiu realizar as pesquisas de
campo. À Jacinta (secretária do PPGL) por toda ajuda junto aos órgãos de apoio à
pesquisa e ao departamento de lingüística da UnB.
Ao Dr.Cláudio dos Santos Romero, pelo apoio junto à FUNAI. Ao lingüista
Marcus Maia, do Museu Nacional do Rio de Janeiro, pelas informações que culminaram
no trabalho de campo e conseqüente pesquisa.
À antropóloga Giovana Acácia Tempesta, por me ceder seus manuscritos e parte
da bibliografia utilizada no trabalho, e por todo apoio em campo.
Aos meus pais, Luiz Fernando Maceira de Padua e Maria Tereza Jorge Padua,
pelo eterno apoio em todos os sentidos.
Ao meu colega Shelton, que me ajudou com estudos de fonética.
RESUMO
Esta dissertação percorreu os passos preliminares da análise da fonética e fonologia da
língua Apiaká, pertencente à família lingüística Tupí-Guaraní, tronco Tupí. Os estudos
anteriores desta língua consistiam em pequenas listas de palavras coletadas por
estudiosos e viajantes dos séculos XIX e XX, salvo um inventário de sons depreendidos
de um questionário padrão aplicado por Sarah Gudschinsky (1959). O presente trabalho
procurou fazer uma análise fonética demonstrando a ambiência de ocorrência dos sons
da língua. Posteriormente, foi realizado um estudo da fonologia segmental. Finalmente,
foram abordadas as implicações sociais a que a comunidade Apiaká está sujeita, devido
ao iminente desaparecimento de seu idioma.
Palavras-chave: Apiaká – Fonética – Fonologia – Identidade Étnica.
ABSTRACT
In this thesis a preliminary phonetic and phonological analysis of the Apiaká language,
which belongs to the Tupi-guarani family of the Tupi stock, was worked out. The
previous studies on this language consisted in small word-lists collected by travelers
and researchers in the XIX and XX centuries. The unique exception is an analysis of
sounds extracted from a standard questionnaire applied by Sarah Gudschinsky (1959).
The present work aimed at an analysis of the phonetics and distribution patterns of the
sounds of this language, as well as a posterior study on the phonology. In the end, the
social implications to which the Apiaká community is subject, due to the imminent
extinction of its language, is scrutinized.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................................................................07
DESCRIÇÃO ARTICULATÓRIA DOS SONS E SUA DISTRIBUIÇÃO......09
FONOLOGIA SEGMENTAL..............................................................................28
SÍLABA...................................................................................................................37
LÍNGUA E IDENTIDADE ÉTNICA...................................................................38
CONCLUSÃO........................................................................................................41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................42
ANEXO 1................................................................................................................44
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho é resultado da pesquisa lingüística realizada com a língua
Apiaká, pertencente à família Tupí-Guaraní, nos anos de 2006 e 2007. O enfoque do
trabalho é a análise fonética e fonológica da língua. Está baseado em documentação
da língua dos Apiaká, sobre a qual se dispunha até recentemente de documentação
antiga e extremamente limitada.
As primeiras referências encontradas sobre o povo Apiaká datam do início do
século XIX, quando esse povo ocupava amplas áreas às margens dos rios Juruena e
Arinos, afluentes do Tapajós, em território que abrange parte dos estados de Mato
Grosso e Amazonas. Muito pouco se sabe sobre a cultura e história dos Apiaká.
Entretanto, o Cônego José Silva Guimarães (1844) refere-se aos Apiaká como uma
poderosa nação guerreira, mas pacífica e cooperadora na relação com colonizadores
e exploradores atraídos por minerais preciosos. De fato, há relatos de guerra entre os
Apiaká e outras etnias, mas as batalhas mais desiguais foram contra os coletores de
impostos e extrativistas do norte do Mato Grosso, que dizimaram estes índios nas
primeiras décadas do século XX, reduzindo drasticamente sua população. Depois do
massacre e da fuga de alguns grupos para regiões distantes das margens dos rios,
restou em contato um pequeno grupo de apenas 32 indivíduos (Rondon 1916: 218).
Os Apiaká representam um caso clássico de apagamento de história, cultura e língua
de um povo.
Atualmente os Apiaká vivem em três aldeias, além de alguns que se
encontram em meios urbanos. Das três aldeias, uma está localizada em território
demarcado como terra destes índios, na Terra Indígena Apiaká-Kayabi, próxima ao
município de Juara, às margens do Rio dos Peixes. A aldeia Mairob, localizada nesta
T. I., conta com uma população aproximada de 150 pessoas. Ali estive em julho e
agosto de 2006 para realizar coleta de dados. Nessa aldeia vive a pessoa que talvez
seja o último falante da língua, o Sr. Pedro Kamassuri Apiaká. Este demonstrou
proficiência no idioma quando submetido às minhas indagações, o que me deixou
animado para a realização de uma documentação adequada.
Em março e abril de 2007, tive a oportunidade de visitar as outras duas
aldeias. A Aldeia do Pontal, como é conhecida, situa-se às margens do baixo
Juruena, na divisa dos Estados do Amazonas e de Mato Grosso. Nela vivem duas
famílias, porém, minha estada lá foi muito rápida. A outra aldeia, Mairowí, no baixo
7
Teles Pires, localizada na T. I Kayabi, divisa de Mato Grosso e Pará (Ver anexo 1),
foi o foco da segunda etapa da pesquisa. Meu objetivo era identificar outros falantes,
acompanhando a viagem da antropóloga Giovana Acácia Tempesta. O Sr. Pedro
Kamassuri havia comentado que sua irmã mais velha, D. Luzia Kamassuri, que mora
lá, é falante do idioma também. Partindo de Colider, MT, nos deslocamos para
Mairowí, fazendo a pequena escala na Aldeia do Pontal.
A segunda etapa da pesquisa esbarrou em algumas dificuldades. A primeira,
mais previsível, consistiu em identificar outros falantes. No entanto, tive a
oportunidade de entrevistar os dois irmãos mais velhos do meu informante Sr.Pedro.
A irmã, D.Luzia Kamassuri, apresentava dificuldade auditiva, o que tornou a tarefa
mais difícil. Entretanto, com a ajuda do seu filho, D.Luzia forneceu dados que
consistem em itens lexicais, sintagmas e algumas orações. O irmão mais velho,
Sr.Antônio Kamassuri, também contribuiu com a coleta de dados, porém seu
conhecimento da língua restringia-se mais ao campo lexical.
Além da análise preliminar dos sistemas fonético e fonológico da língua, este
trabalho objetiva contribuir para consolidar a classificação do idioma Apiaká na
família Tupí-Guaraní. Mas não podemos desprezar as implicações sociais que uma
língua em extinção nos apresenta, principalmente tratando-se de comunidades
indígenas no Brasil. A língua é um instrumento poderoso de identidade étnica destes
povos. Constantemente, são questionados, tanto no plano regional como no
institucional, sobre suas próprias características como um povo historicamente bem
estabelecido. Considerando esta situação, incluo no trabalho um quadro comparativo
contendo itens lexicais coletados no passado por diferentes autores em diferentes
locais ao lado dos novos dados coletados em campo em 2006 e 2007, com a
finalidade de demonstrar a identidade e continuidade atestada por tais registros.
8
2. DESCRIÇÃO ARTICULATÓRIA DOS SONS E SUA DISTRIBUIÇÃO
Neste capítulo trataremos da descrição fonética dos sons encontrados no idioma
Apiaká e dos ambientes em que eles ocorrem.
2.1 Segmentos consonantais.
Quadro 1: Quadro fonético geral dos segmentos consonantais
Oclusivos
Africados
Bilabiais
Alveolares
Alveo-palatais Velares
su
p
t
k
so
b
d
g
Glotais
÷
tß
su
so
Fricativos
su
so
∫
Nasais
so
m
Flepe
so
Aproximantes
so
s
ß
n
µ
‰
w
j
2.1.1 consoantes oclusivas surdas
[p] Oclusiva, bilabial, surda:
[#_V]
[pa'ku]
[«p´‰u«÷a]
[pa«koá]
[pi«‰a‡j‡a]
[pi‰a‰u«ku]
[pu«tu‡n]
'pacu'
'palmeira'
'banana'
'piranha'
'pirarucu'
'noite'
[V_V]
9
h
˜
[tapπ÷ πjá]
[mutu«p´∫á]
[i«p´ga «ga]
[tapi «÷i‰a]
[si«pπa]
[d´‰a«pja]
[sipπ«/a]
[tu«pa‡]
[ja«ku«pema]
[i‰i«pema]
'índio'
'mutuca'
'pato'
'anta'
'meu pé'
'teus testículos'
'meu fígado'
'espingarda'
'jacu'
'peneira'
[t] Oclusiva, alveolar, surda:
[#_V]
[tu«ka‡na]
[tπ«ku‰á]
[tawa«siá]
[tatu«si‡˜á]
[ta«tau«‰a‡ná]
[teßu«÷i]
[tapπ«÷πjá]
[ta«pøgá]
[ta«ta]
[tuka‡˜«g´‰´]
[tawa«si ka«w´‰á]
[taj«∫iá]
'tucano'
'gafanhoto'
'tracajá'
'tatu'
'taturana'
'lagarto'
'índio'
'homem branco'
'fogo'
'esp. de formiga'
'jaboti'
'esp. de formiga'
[epo«te‰a]
[ta«ta]
[i«ta]
[ta«tau«‰a‡n]
[mu«tu‡]
[namuj«t´]
[mutu«p´∫á]
[i«t¨]
[ma«tπá]
[πpπ"ta˜]
'flor'
'fogo'
'pedra'
'taturana'
'mutum'
'nhambu'
'mutuca'
'cachoeira'
'comida'
'veado'
[V_V]
[k] Oclusiva, velar, surda:
10
[#_V]
[ka«÷i ]
[ku‰u«‰u]
[ka‡wi«÷a]
[kπsu«÷ia]
[kuman«da]
[«ka÷«÷a]
[ka«w´‰á]
[ka~jµi‡«d´]
[ku«ja‡]
'macaco'
'sapo'
'mamão'
'grilo'
'feijão'
'folha'
'do mato'
'esp. de arara'
'mulher'
[kwa‰¨«h¨á]
[kwa«ßingua]
[kwan«doá]
[kwi‡mba«÷´]
[kwa«si]
'paca'
'cedro'
'gavião'
'homem'
'quati'
[#_wV]
[V_wV]
[si«kwa‡]
[si nambi«kwa‡'a‡ma]
[mo~bu‰a kwiµan«d´]
[d´‰i«kwa‰a]
'meu dedo'
'meu brinco'
'tristeza'
'tuas nádegas'
[V_V]
[÷πwa«ka‡]
[sitama«k´˜á]
[jaku«pe‡ma]
[tπ«ku‰a]
[tuku«maw «÷πwa]
[tu«ka‡na]
[jakun«da«÷i]
[tuku‡na«‰´]
'galho'
'perna'
'jacu'
'gafanhoto'
'palmeira'
'tucano'
'jacundá'
'tucunaré'
11
[÷] Oclusiva glotal:
[#_V]
[«÷πá]
[«÷πwa]
[÷πwa«ka‡]
'rio/água'
'arvore'
'galho'
[«ka÷«÷a]
[iµa‡«÷~πwa]
[u«÷ia]
[«÷πwa u«÷an]
[be‰a«÷uá]
[i«ha÷á÷]
[tapi«÷i‰a]
[p´‰u«÷a]
[inata«÷i]
'folha'
'castanheira'
'farinha'
'a arvore caiu'
'carne'
'saúva'
'anta'
'palmeira'
'inajá'
[V_V]
2.1.2 consoantes oclusivas sonoras
[b] Oclusiva, bilabial, sonora:
[#_V]
[ba«‰ai‰o‡n]
[be‰aka‡ aka moj saj«i]
[«bøsa]
[bu‰isi«wa]
[betSi∫i«ga nga÷a‡]
[bej«pπa]
'cacique'
'galho da árvore'
'cobra'
'buriti'
'bem-te-vi'
'tronco'
[m_V]
[kwi‡mba«÷´]
[si n´‡«mbiá]
[sinambi«kwa«ama]
[wajn´‡m«bu]
'homem'
'minha orelha'
'meu brinco'
'beija-flor'
12
[d] Oclusiva, alveolar, sonora:
[#_V]
[de«‰´‰a]
[de«pπá]
'teu nome'
'teu pé'
[andπ«‰a]
[kwan«doá]
[eh¨si‰an«da]
[si‰ende«‰a]
[nan«d´]
[sinun«d´ de÷e‡]
[jakun«da«÷i]
[kuman«da]
'morcego'
'gavião'
'ata (fruta)'
'irmã'
'nós (inclusivo)'
'à frente'
'jacundá'
'feijão'
[Vn_V]
[g] Oclusiva, velar, sonora:
[#_V]
[ga«‰´‰a]
[gaµe«÷e˜]
'nome dele'
'ele falou'
[i"høga]
[ta«pøgá]
[i«p´ga]
[sate«∫ogia]
[si‰´«∫´ga]
'lagarta'
'homem branco'
'pato'
'micuim'
'minha barriga'
[i˜ga‰a«t´á]
[tuka‡˜«g´‰´]
'estrada'
'esp. de formiga'
[V_V]
[V˜_V]
2.1.3 Consoantes africadas
[tß] Africada, álveo-palatal, surda:
13
[V_i]
'araticum'
[a‰atßi"ku‡]
[tu'pawa tßike«hawamo~] 'rede onde eu durmo'
2.1.4 Consoantes fricativas surdas
[s] Fricativa, alveolar, surda:
[#_V]
[sa«wa‰a]
[siaka«‰a]
[sawa«si‰a]
[sa∫´«∫π‰á]
[sate«∫ogia]
[saka«‰´]
[si «poaá]
[sa«h´á]
[«sπáô]
'onça'
'enxada'
'escorpião'
'arraia'
'carrapato'
'jacaré'
'minha mão'
'lua'
'machado'
[a˜u«sa]
[ma‰aka«sa«÷i]
[aku«si]
[tesu«÷i]
[kwa«si]
[sisu«‰uá]
[sawa«si‰a]
'rato'
'jaguatirica'
'cutia'
'calango'
'quati'
'minha boca'
'escorpião'
[V_V]
[ß] Fricativa, álveo-palatal, surda:
[V_V]
[aku«ßi]
[teßu«÷i]
[ißu«pawá a«pi‡ná]
[aßu«‰u]
'cotia'
'calango'
'tio'
'papagaio'
14
[#_V]
[ßi«pπa]
[ßi«÷owa]
'meu pé'
'minha coxa'
[h] Fricativa, glotal, surda:
[#_V]
[ha«∫´]
[h´«hi‰a]
[hene«ma‡˜]
[he«‰owa]
[hû«pπ]
'esp. de socó'
'mel'
'besouro'
'abelha'
'água funda'
[mi«he poj]
[sa«h´á]
[i«ha‰a]
[i«høga ]
'rio raso'
'lua'
'canoa'
'lagarta'
[V_V]
2.1.5 Consoantes fricativas sonoras
[∫] Fricativa, bilabial, sonora:
[V_V]
[u‰u«∫usi˜]
[ha«∫´]
[u‰u«∫i]
[i∫´«∫á]
[sa∫´«∫π‰á]
[i∫u«tuá]
[sate∫o«gia]
'urubu-rei'
'esp. de socó'
'surubim'
'remo'
'arraia'
'vento'
'carrapato'
2.1.6 Consoantes nasais sonoras
[m] Nasal, bilabial, sonora:
[#_V]
[ma‰akasa«÷i]
'jaguatirica'
15
[ma«soi «ga]
[m´‡ni«÷oga]
[man«da‰a «hiwá]
[ma‰aka‡«naj hu‡]
[mutu«p´∫a]
[mutu‡]
'sucuri'
'mandioca'
'raiva'
'ararinha'
'mutuca'
'mutum'
[sitama«k´‡ná]
[si«ka‡ma]
[siamu«tawa]
[a‡«ma‡na]
[pa‡«na‡ma]
[i‰i«pema]
[kunu«mi‡]
[namu‡«si˜á]
'minha perna’
‘meu peito’
‘meu bigode’
‘chuva’
‘borboleta’
‘peneira’
‘menino’
‘galinha’
[ja«kupem]
[i‰i pem]
‘esp.de jacu’
‘peneira’
[V_V]
[V_#]
[n] Nasal, alveolar, sonora:
[#_V]
[nan«d´]
[nasi«u‡na]
[namu‡«si˜á]
[namuj«t´]
‘nós’ (inclusivo)
'carapanã'
'galinha'
'nhambu '
[kunu«mi‡]
[tu«ka‡na]
[ma‡na«wa‰á]
[inata«÷i]
[a‡«ma‡na]
'menino'
'tucano'
'matrinxã'
'inajá'
'chuva'
[V_V]
16
[V_#]
[ka«÷iu‰an]
[wa«ßinin]
[su«in]
[ia«pin]
[ta«tau«‰an]
'macaco aranha'
'magro'
'pequeno'
'baixo'
'taturana'
[ka‡jµi‡«nd´]
[nan«d´]
[ja‡«ndu]
[andπ«‰a]
[kwan«doá]
'esp. de arara'
'nós'
'aranha'
'morcego'
'gavião'
[V_d]
[˜]
Nasal, velar, sonora:
[V_V]
[«tu‡˜a]
[µamo«si˜a«´‰a]
[a˜u«sa]
[tata«si˜á]
'bicho do pé'
'pintinho'
'rato'
'fumaça'
[u‰u«∫usi˜]
[sitama«ka˜]
[πpπ«ta˜]
[gaµe«÷e˜]
[h´«n´m´‡˜]
[pi«‰a∫i«‰a~˜]
'urubu-rei'
'minha perna'
'veado'
'ele falou'
'besouro'
'lambari'
[V_#]
[µ] Nasal, álveo-palatal, sonora:
[#_V]
[µan«du]
[µe«÷e˜]
[µamo«si˜a«û‰a]
'aranha'
'falar'
'pintinho'
17
[µamuj«t´]
[µamu«si˜á]
'nhambu'
'galinha'
[ku«µa‡]
[kajµi‡«nd´]
'mulher'
'esp.de arara'
[V_V]
2.1.7
[‰]
Flepe
Flepe, alveolar, sonoro:
[V_V]
[si ‰a«÷π‰á ]
[si su«‰uá]
[si ‰en«de‰a]
[man«da‰a hiwá]
[epo«t´‰a]
[si wa‰a«pa‰a]
2.1.8
'meu filho'
'minha boca'
'minha irmã'
'raiva'
'flor'
'meu arco'
Aproximantes
[w] Aproximante, bilabial, sonora:
[#_V]
[waßi«nin]
[wajn´‡m«bu]
[wãj"∫i‡]
'magro'
'beija flor'
'velha'
[πwπ«tπ‰á]
[«÷πwa]
[iwa«te]
[«πwπu]
[si «÷owa]
'morro'
'cobra-cega'
'árvore'
'alto'
'em baixo'
'minha coxa'
[kwa‰¨ «h¨á‡]
[kwan«doá]
[kwi‡mba«÷´]
'paca'
'gavião'
'homem'
[V_V]
[πwπ«sa]
[k_V]
18
[kwa«si]
'quati'
[j] Aproximante, álveo-palatal, sonora:
[#_V]
[ja«kup´‡ma]
[jakunda«÷i]
'jacú'
'jacundá'
[V_] , [V_V]
[taj«∫ia]
[iµa‰oj«t´be]
[si «po‡jpe‡á]
[si «‰´‡já]
[ku‡«ja‡]
'formiga'
'feio'
'minha unha'
'meu dente'
'mulher'
2.2 Segmentos vocálicos
Quadro 2: quadro fonético dos segmentos vocálicos orais
Anteriores não-arreds.
Centrais não-arreds.
i
π
Fechadas
Posteriores arreds.
u
Altas
¨
Abertas
Fechadas
e
´
o
Abertas
´
á
ø
Médias
a
Baixas
2.2.1 Vogais anteriores
[i] Anterior, não arredondada, alta, fechada, oral:
#_
[i«ha‰a]
[ihø«ga]
[i∫i«toa]
'canoa'
'lagarta'
'vento'
19
[iwa«te]
[i«ku «me‡n]
[i«te÷j´pi«kø]
[i«p´ga]
'alto'
'mole'
'sozinho'
'pato'
[ta‰a«÷i‰a]
[sawa«si‰a]
[si‰o«‰iá]
'traíra'
'escorpião'
'curupira'
[tesu«÷i]
[mai‰ø«∫i]
[u‰u«∫i]
[kwa«si]
'calango'
'esp. arara'
'surubim'
'quati'
C_C
_#
[e] Anterior, não arredondada, média, fechada, oral:
_#
[ewπ«sa]
[epo«t´‰a]
[eh¨si‰an«da]
'cobra-cega'
'flor'
'ata (fruta)'
C_C, C_V
[sate«∫ogia]
[ja«kupema]
[si‰e«a]
[i‰i«pem]
[pu‰a«kei ]
[dea«ka˜]
'carrapato'
'jacu'
'olhos'
'peneira'
'poraquê'
'tua cabeça'
[iwa«te]
[miµa‰oj«t´∫e]
[a‰ikume‰e«te]
'alto'
'feio'
'grupo'
C_#
20
[E] Anterior, não arredondada, média, aberta, oral:
#_
[´hi«‰¨wa]
'abelha'
[de«‰´‰a]
[si‰´«∫´ga]
[mutu«p´∫á]
[h´«n´m´‡˜]
'teu nome'
'minha barriga'
'mutuca'
'besouro'
[saka«‰´]
[namuj«t´]
[ta‰a«∫´]
[nan«d´]
[iwa«t´]
'jacaré'
'nhambu'
'esp. de arara'
'nós'
'em cima'
C_C
_#
2.2.2 Vogais centrais
[π] Central, não-arredondada, alta, fechada, oral:
#_
[π«wπá]
[πwπ«tπ‰á]
'chão'
'morro'
C_C, C_V
[si «pπá]
[akπ«kπ]
[andπ«‰a]
[ßipπ«÷a]
'meu pé'
'guariba'
'morcego'
'meu fígado'
[akπ«kπ]
'guariba'
_#
21
[hû«pπ]
[jakun«da÷i]
'fundo'
'jacundá'
[´] Central, não-arredondada, média, fechada, oral:
C_C, C_V
[epo«t´‰a]
[sa«h´á]
[ka«w´‰á]
[πwa«t´‰a]
[si ‰an«d´á]
[ma«t´á]
'flor'
'lua'
'do mato'
'planta florescida'
'minha saliva'
'comida'
[á] Central, não arredondada, média, aberta, oral:
_#
[«koá]
[siku«p´á]
[πwπ«tπ‰á]
[sa«h´á]
[pa«koá]
[ipo«÷π‰á]
'roça'
'minhas costas'
'morro'
'lua'
'banana'
'colar'
[a] Central, não-arredondada, baixa, aberta, oral:
#_
[a‰a«ku]
[aku«si]
[awa«‰a]
[andπ«‰a]
[akasa«/i]
[a˜u«sa]
[«a‰a]
'piau'
'cotia'
'cachorro'
'morcego'
'cajá'
'rato'
'sol'
[ta«ta]
[si «hawa]
[ma‰aka«naj hu~]
'fogo'
'minha cama'
'esp. de arara'
C_C
22
[aka«sasi˜]
[ta«tau‰an]
'cajá'
'taturana'
[ta«ta]
[siko«a]
[sipπ«÷a]
[a˜u«a]
[awa«‰a]
'fogo'
'dedo'
'meu estômago'
'rato'
'cachorro'
_#
2.2.3 Vogais posteriores
[u] Posterior, arredondada, alta, fechada, oral:
#_
[u‰u«∫usi˜]
[u‰u«∫i]
[u«÷ia]
'urubu-rei'
'surubim'
'farinha'
[ni‡˜u«÷a]
[tu«ka‡na]
[tu«pa‡]
[u‰u«∫usi˜]
'pilão'
'tucano'
'espingarda'
'urubu-rei'
[asu«‰u]
[u‰u«∫u]
[µan«du]
'papagaio'
'urubu'
'aranha'
C_C
_#
[¨] Posterior, arredondada, alta, aberta, oral:
C_C
[kwa‰¨ «h¨á]
[´hi«‰¨wa]
'paca'
'abelha'
23
C_#
[i«t¨]
[h´«hi‰¨]
'cachoeira'
'mel'
[o] Posterior, arredondada, média, fechada, oral:
C_C
[m´‡ni«÷oga]
[«koá]
[epo«t´‰a]
'mandioca'
'roça'
'flor'
_#
[a«ma‡nah´a«po]
[ku‡ja«taj‡a apu÷o]
'trovão'
'a menina cresceu'
[ø] Posterior, arredondada, média, aberta, oral:
#_
[«øga]
'casa'
[«bøsa]
[i«høga]
[mai‰ø«∫i]
[«køga]
[ma‡ni«÷øga]
'cobra'
'lagarta'
'esp. de arara'
'roça'
'mandioca'
[i«te÷j´pi«kø]
[«kwimba ga saj«÷ø]
'sozinho'
'o homem chorou'
C_C
_#
24
2.3 Vogais nasais
Quadro 3 : Quadro dos segmentos vocálicos nasais
Anteriores não-arreds.
Fechadas
i‡
Médias Fechadas
e‡
Altas
Centrais não-arreds
u‡
´‡
a‡
Baixas
2.3.1 Vogais nasais anteriores
[i~] Anterior, não-arredondada, alta, fechada, nasal:
C_V, C_C
[si «si‡á]
[ani«‡a]
[ka‡jni‡«d´á]
[tatu«si‡˜á]
'meu nariz'
'bodó (peixe)'
'esp. de arara'
'esp. de tatu'
[su«÷i‡]
[kunu«‡mi‡]
[wãj"∫i‡]
'pequeno'
'menino'
'velha'
_#
[e~] Anterior, não-arredondada, média, fechada, nasal:
C_C
[ko«÷e‡m]
[i«ku «me‡n]
Posteriores arreds
'dia'
'mole'
_#
[amo‡˜á«tude ÷e‡]
'ao meu lado'
[si ku«p´aka«tude÷e‡] 'às minhas costas'
[sinun«d´ de÷e‡]
'à frente'
25
o‡
2.3.2 Vogais nasais centrais
[´~] Central, não-arredondada, média, fechada, nasal:
C_C
[wajn´‡m«bu]
[si«‰´‡µá]
[si n´‡«mbiá]
[si a«k´‡˜á]
[tama«k´‡˜á]
[h´«n´m´‡˜]
'beija-flor'
'meu dente'
'orelha'
'cabeça'
'perna'
'besouro'
[a~] Central, não-arredondada, baixa, nasal:
#_
[a‡ni«a]
'esp. de peixe'
[a«ma‡na]
[pa«na‡ma]
[ka‡wi«÷a]
[si«awa mama‡«na‡]
[ka‡jni‡«d´á]
[tuka‡˜«g´‰á]
'chuva'
'borboleta'
'mamão'
'trança de cabelo'
'esp. de arara'
'esp. de formiga'
[ku‡«ja‡]
[si«÷awa mama‡«na‡]
[÷πwa«ka‡]
'mulher'
'trança de cabelo'
'galho'
C_C
C_#
2.3.3 vogais nasais posteriores
[u~] Posterior, arredondada, alta, fechada, nasal:
C_V, C_C
[si«ku‡á]
[ku‡«ja‡]
'minha língua'
'mulher'
26
[«tu‡˜a]
'bicho de pé'
[mu«tu‡]
[a‰atßi'ku‡]
'mutum'
'araticum'
_#
[o~] Vogal posterior, arredondada, média, fechada, nasal:
C_C
[amo‡˜á«tude ÷e‡]
'ao lado'
[nimu«‰o‡]
[tßike«hawamo‡]
'negro'
'como leito meu'
_#
27
3. FONOLOGIA SEGMENTAL
Este capítulo trata dos fonemas do Apiaká, tanto os consonantais quanto os
vocálicos, segundo os critérios de variação livre, distribuição complementar e
oposição.
3.1 Consoantes
3.1.1 Variação livre dos segmentos consonantais
Encontram-se em variação livre e, por essa razão, devem ser considerados
alofones de um mesmo fonema os seguintes segmentos:
[ß] e [s], diante das vogais altas fechadas [i] e [u]
[s]
[aku«si]
/akusí/
[asu«‰u]
/asu‰ú/
/si ÷ówa/ [si «/owa]
[si «pπa]
/si pπ’a/
/si pπ÷á/
[si pπ«/a]
[ß]
[aku«ßi]
[aßu«‰u]
[ßi«/owa]
[ßi«pπa]
[ßipπ«/a]
~
'cutia'
'papagaio'
'minha coxa'
'meu pé'
'meu figado'
[∫] e [w] diante de vogais
/tajwía/
/hawé/
/maiorowí/
[∫]
[taj«∫iá]
[ha«∫´]
[mai‰ø«∫i]
~
[w]
[taj«wiá]
[ha«w´]
[mai‰ø«wi]
'formiga'
'esp. de socó'
'esp. de arara'
[j] e [µ] diante de vogais nasais
/µãnú/
/µã÷π´wa/
/kuµã/
[j]
[ja‡«du]
[ja‡«÷πwa] [ku‡«j‡a‡]
~
[µ]
[µa‡«du]
[iµa‡«÷πwa]
[ku«µa‡]
28
'aranha'
'castanheira'
'mulher'
[n] e [µ] diante da vogal baixa nasal [ã]
/µamu‡si˜a/
/µãmujté/
/kãjµi‡dé/
[n]
[na‡mu‡«si˜á]
[na‡muj«t´]
[ka‡jni‡n«d´]
[µ]
[µa‡mu‡«si˜á]
[µa‡muj«t´]
[ka‡jµi‡n«d´]
~
'galinha'
'nhambu'
'esp. de arara'
3.1.2 Distribuição complementar dos segmentos consonantais
Os segmentos consonantais abaixo estão em distribuição complementar e devem ser
considerados alofones de um mesmo fonema.
[tß] e [t]
[tß] antes da vogal [i], [t] diante das demais vogais:
'araticum'
[a‰atßi«ku‡]
[tu pawa tßike«hawamo‡] 'rede onde eu durmo'
[tatu«si‡˜á] 'tatu'
'calango'
[teßu«÷i]
[m], [mb] e [b]
[b] após silêncio seguida de vogal oral, [mb] em sílaba tônica diante de vogal oral,
[m] após vogal nasal, em sílabas átonas e antes de silêncio.
/mósa/
/mu‰ißiwá/
/panáma/
/si nπmía/
/kwi‡má ÷é/
/wajnπmú/
/ma‡na«wa‰a/
/kunu‡«mi‡/
/namujté/
/ama‡na/
/i‰ipém/
/jakupém/
[«bøsa]
[bu‰isi«wa]
[pa«na‡ma]
[si n´‡m«biá]
[kwi‡m«ba «÷´]
[wajn´‡m«bu]
[ma‡na«wa‰a]
[kunu‡«mi‡]
[namuj«t´]
[a«ma‡na]
[i‰i«pem]
[jaku«pem]
'cobra'
'buriti'
'borboleta'
'minha orelha'
'homem'
'beija-flor'
'matrinxã'
'menino'
'nhambu'
'chuva'
'peneira'
'esp.de jacú'
29
[d], [nd] e [n]
[d] após silêncio, [nd] entre qualquer vogal e vogal tônica ou pré-tônica, e [n] diante
de vogal nasal ou vogal seguida de consoante nasal e também em sílaba átona ou
diante de silêncio:
/ne réra/
/ne pπ!a/
/anπ‰á/
/kwanoa/
/ehusirãná/
/si ‰ené‰a/
/nané/
/sinuné ne÷e‡/
/jakuna֒/
/kumaná/
/nané/
/nasiu‡na/
/namusi˜a/
/namujté/
/kunumi‡/
/inata֒/
/tuka‡na/
/ama‡na/
/ka÷íu‰an/
/waßínin/
/tatáu‰an/
[de«‰´‰a]
[de«pπá]
[andπ«‰a]
[kwan«doá]
[eh¨si‰an«da]
[si‰en«de‰a]
[nan«d´]
[sinun«d´ de÷e‡]
[jakun«da«÷i]
[kuman«da]
[nan«d´]
[na‡si«u‡na]
[namu‡«si˜á]
[namuj«t´]
[kunu‡«mi‡]
[inata«÷i]
[tu«ka‡na]
[a«ma‡na]
[ka«÷iu‰an]
[wa«ßinin]
[ta«tau‰an]
'teu nome'
'teu pé'
'morcego'
'gavião'
'ata (fruta)'
'minha irmã'
'nós (inclusivo)'
'à frente'
'jacundá'
'feijão'
'nós'
'carapanã'
'galinha'
'nhambu'
'menino'
'inajá'
'tucano'
'chuva'
'macaco aranha'
'magro'
'taturana'
[N], [Ng] e [g]
[N] em posição final, em silaba pré-tônica e diante de vogal em sílaba átona final,
[Ng] em silaba tônica entre e vogal nasal e vogal oral, e [g] depois de silêncio e entre
vogais orais em sílaba pós-tônicas.
/u‰uwusí˜/
/tatasí˜/
/πpπtá ˜/
/siaká˜/
/a˜usá/
/tu‡˜a/
[u‰u∫u«si˜]
[tata«si˜]
[πpπ«ta˜]
[si a«ka˜]
[a˜u«sa]
[«tu‡˜a]
'urubu rei'
'fumaça'
'veado'
'minha cabeça'
'rato'
'bicho de pé'
30
/tuka‡˜é‰a/
/˜a «‰´‰a/
/˜a µe«÷e˜/
/ipé˜a/
/i«hó˜a/
/«÷ó˜a/
[tuka‡˜«g´‰a]
[ga «‰´‰a]
[ga µe«÷e˜]
[i«p´ga]
[i«høga]
[«÷øga]
'esp. de formiga'
'nome dele'
'ele falou'
'pato'
'lagarta'
'casa'
3.1.3 Oposição entre fonemas consonantais.
/p/ : /m/
O segmento bilabial surdo [p] está em oposição com os bilabiais sonoros [b], [mb] e
[m], que são alofones do fonema /m/ e, por conseguinte, constitui um fonema
distinto /p/:
/poa/
/putún/
/panáma/
/ka/íapía/
[«poá]
[pu«tun]
[pa«na‡ma]
[ka«/iá«pia]
'mão'
'noite'
'borboleta'
'macaco prego'
/mósa/
/mutu)/
/marakasa֒/
/si namía/
[«bOsa]
[mu«tu‡]
[ma‰akasa«÷i]
[si n´‡«mbiá]
'cobra'
'mutum'
'jaguatirica'
minha orelha
/t/ : /n/
O segmento oclusivo, alveolar, surdo [t] está em oposição com os alveolares sonoros
[d], [nd] e [n], que são alofones do fonema /n/ e, por conseguinte, constitui um
fonema distinto /t/:
/teßu÷í/ [teßu«÷i]
[ta«tu]
/tatú/
/epotπ’ra/ [epo«t´‰a]
'calango'
'tatu'
'flor'
/ne pπá/
/ja‡nú/
/si ‰anπ’á/
[de pπ«÷á]
[ja‡n«du]
[si ‰an«d´á]
'teu fígado'
'aranha'
'meu beiço'
/t/ : /‰/
O segmento oclusivo, alveolar, surdo [t] está em oposição com o flepe sonoro [‰] e
constituem fonemas distintos:
/tatú/
/itá/
[ta«tu]
[i«ta]
'tatu'
'pedra'
/asurú/
/pi‰á/
31
[asu«‰u]
[pi«‰a]
'papagaio'
'peixe'
/t/ : /s/
O segmento oclusivo, alveolar, surdo [t] está em oposição com o fricativo, alveolar,
surdo [s] e constituem fonemas distintos:
/epotπ’ra/
/tatú/
/tatá/
/matπ’a/
[epo«t´‰a]
'flor'
[ta«tu]
'tatu'
[ta«ta]
'fogo'
[ma«tπá]
'comida'
/sawasíra/
/tesú/
/akasaí/
/sπ’a/
[sawa«si‰a]
'escorpião'
[te«su]
[aka«sa«÷i]
[«sπá]
'lagarto'
'cajú'
'machado'
/s/ : /j/
O segmento fricativo, alveolar, surdo [s] está em oposição com o aproximante
alvéolo-palatal [j] e constituem fonemas distintos:
/jakupe‡ma/ [ja«kup´‡ma] 'esp. de jacu'
[ku‡«ja‡]
/kujã/
'mulher'
/sawapúku/ [sawa«puku]
[a˜u«sa]
/a˜usá/
'ariranha'
'rato'
/k/ : /g/
O segmento oclusivo, velar , surdo [k] está em oposição com os velares sonoros [g],
[˜g] e [˜], que são alofones do fonema /˜/ e, por conseguinte, constitui um fonema
distinto /k/:
/ká÷a/
/÷πwakã/
/akusí/
/siaká‰a/
[«ka÷a]
[÷πwa«ka‡]
[aku«si]
[sia«ka‰a]
'folha'
'galho'
'cutia'
'enxada'
/˜a/
/iwá˜a/
/a˜usá/
/tuka‡˜é‰a/
[ga]
'ele (dele)'
[i«waga]
'céu'
[a˜u«sa]
'rato'
[tuka‡˜«g´‰a] 'esp.de formiga'
/k/ : /÷/
O segmento oclusivo, velar , surdo [k] está em oposição com a oclusiva glotal [÷] e,
por conseguinte, constituem fonemas distintos:
/kóa/
/de rakúa/
[«koá]
'roça'
[de‰a«kuá] 'teu sangue'
/si ÷ówa/
/mera÷úa/
32
[si «÷owa]
[be‰a«÷uá]
'minha coxa'
'carne'
/÷/ : /h/
O segmento oclusivo glotal [÷] está em oposição com o fricativo, glotal, surdo [h] e,
por conseguinte, constituem fonemas distintos:
/si ևwa/
/si si÷óga/
[si «÷awa]
/si háwa/ [si «hawa]
[i"høga]
/ihóga/
'meu cabelo'
[si si«÷øga] 'minha garganta'
'minha cama'
'lagarta'
/n/ : /‰/
O flepe sonoro [‰] está em oposição com os segmentos alveolares, surdos [n], [nd] e
[n], que são alofones do fonema /n/ e, por conseguinte, constitui um fonema distinto
/‰/:
/kunumi‡/
/mani÷óga/
/kumaná/
/kunumi‡/
[kunu«mi‡]
[m´‡ni«÷oga]
[kuman«da]
[kunu«mi‡]
'menino'
'mandioca'
/kururú/
/ma‰akasa«÷i/
/anπ‰á/
/u‰u«wi/
'feijão'
'menino'
[ku‰u«‰u]
[ma‰akasa÷i]
[andπ«‰a]
[u‰u«∫i]
'sapo'
'jaguatirica'
'morcego'
'surubim'
Quadro 4: fonemas consonantais
Oclusivas
su
Fricativas
su
Nasais
so
Flepe
so
Aproximantes
Bilabiais
Alveolares
p
t
Alveo-palatais Velares
k
s
m
Glotais
÷
h
n
˜
‰
w
j
33
3.2 Vogais
Trabalharemos a seguir com a fonologia dos segmentos vocálicos do Apiaká,
observando os critérios de variação livre, distribuição complementar e oposição entre
vocóides.
3.2.2 Variação livre
[a] e [á] estão em variação livre em posição átona final.
/si pπ´a/
/tu‡˜a/
[a]
[si«pπa]
[«tu‡˜a]
[á]
[si«p´á]
[«tu‡˜á]
~
'meu pé'
'bicho de pé'
[π] e [´] estão em variação livre e são, portanto, alofones de um mesmo fonema /π/:
[π]
[andπ«‰a]
/anπrá/
/kawπ´ra/ [ka«wπ‰á]
[sa«hπá]
/sahπ´a/
/si pπ´a/ [si«pπa]
[´]
[and´«‰a]
[ka«w´‰á]
[sa«h´á]
[si«p´á]
~
'morcego'
'do mato'
'lua'
'meu pé'
[o] e [ø] estão em variação livre e são, portanto, alofones de um mesmo fonema /o/:
[o]
/si póa/ [si«poá]
[«koá]
/kóa/
[ø]
[si «pøá]
[«kø ga]
~
'minha mão'
'roça'
[e] e [´] estão em variação livre e são, portanto, alofones de um mesmo fonema /e/:
/ne réra/
/µamujté/
/ehirúwa/
[e]
[de«‰´‰a]
[namuj«t´]
[ehi«‰¨wa]
~
[´]
[d´«‰´‰a]
[namuj«te]
[´hi«‰¨wa]
34
'teu nome'
'nhambú'
'abelha'
3.2.3 Oposição entre fonemas vocálicos.
Estão em oposição e, por esta razão, devem ser considerados fonemas
distintos os segmentos vocálicos:
/u/ : /o/
/pakú/
[pa«ku]
pacu
[pa«ko]
/pakó/
'banana'
/π/ : /u/
/akπkπ’/
/«÷πa/
[akπ«kπ]
[«÷πá]
'guariba'
'rio'
/pakú/
/«÷ua/
[pa«ku]
[«÷uá]
'pacu'
[i‰i«pem]
[u‰u«∫i]
'peneira'
'surubim'
/uruwú/
/uruwú/
[u‰u«∫u]
[u‰u«∫u]
'urubu'
'urubu'
[«÷πá]
[tapπ«÷πjá]
'rio'
'índio'
/u«÷ia/
/tapi«÷i‰a/
[u«÷iá]
[tapi«÷i‰a]
'farinha'
'anta'
'caju'
'meu braço'
'onça'
/akπkπ’/
/÷π’wa/
/kawπ’‰a/
'tatu'
'cachorro'
/tesú/
/a‰é/
'comer'
/i/ : /u/
/iripém/
/uruwí/
/π/ : /i/
/«÷πa/
/tapπ«÷πa/
/a/ : /π/
/akasa÷í/ [akasa«÷i]
/si ÷áwa/ [si «awa]
/sawá‰a/ [sa«wa‰a]
[akπ«kπ]
[«÷πwa]
[ka«w´‰a]
'guariba'
'árvore'
'do mato'
/a/ : /e/
/tatú/
/awa‰á/
[ta«tu]
[awa«‰a]
35
[te«su]
[a«‰´]
'lagarto'
'nós (exclusivo)'
/a/ : /o/
/si«÷áwa/
/«ka÷a/
/ihó˜a/
[si«÷awa]
[«ka÷a]
[i«hoga]
'meu cabelo'
'folha'
'lagarta'
/si«÷ówa/
/koa/
/ihára/
[si«÷owa] 'minha coxa'
[«koá]
'roça'
[i«ha‰a] 'canoa'
/i/ : /i~/
/sawasía/
[sawa«siá~ ] 'tracajá'
[si«si~á]
/sisi‡a/
'meu nariz'
/a/ : /a~/
/tupáwa/
/awará/
[tu«pawa]
[awa«‰a]
'cama'
'cachorro'
/tupã/
/kãwi÷á/
[tupa‡]
[ka‡wi«÷a]
'espingarda'
'mamão'
/e/ : /e~/
/mijãrojtéwe/ [miµa‰oj«t´∫e] 'feio'
/amõ˜átúne÷e)/
[amõ˜á«tude ÷e)]
'ao lado'
/u/ : /u~/
/asurú/
/sirakúa/
[asu«‰u]
[si‰a«kuá]
papagaio
meu sangue
/mutu‡/
/si ku‡a/
[mu«tu‡‡]
[si«ku‡á]
mutum
minha língua
Quadro 4 : Quadro dos fonemas vocálicos
Anteriores não-arreds.
Centrais não-arreds.
Fechadas
i i‡
π
Médias Fechadas
e e‡
Altas
Posteriores arreds
u u‡
o
a a‡
Baixas
36
4. SÍLABA
O padrão silábico canônico em Apiaká é (C)V(C)
V
[a«ma‡na]
[awa«‰a]
[i‰i«pem]
[epo«te‰a]
[u‰u«∫i]
'chuva'
'cachorro'
'peneira'
'flor'
'surubim'
[tuka‡na]
[nπpi«poá]
[«a‰a]
'tucano'
'pena'
'fogo'
'sol'
[h´«n´m´‡˜]
[i‰i«pem]
[tatau«‰an]
'besouro'
'peneira'
'taturana'
CV
[ta«ta]
CVC
37
5. LINGUA E IDENTIDADE ÉTNICA.
Na introdução me referi às implicações sociais do desaparecimento de um
idioma e do impacto deste fenômeno em comunidades indígenas no Brasil. Neste
capítulo pretendo aproximar um pouco a discussão ao caso dos Apiaká.
¨Desde o início do século XX, os Apiaká casam-se
com índios das etnias Kokama (Tupi-Guarani), Kaiabi
(Tupi-Guarani), Munduruku (Tupi), Mawé (Tupi) e Pareci
(Aruak) (fonte: ISA-Instituto Socioambiental) e, na segunda
metade do século XX, reorganizaram-se e firmaram alianças
com outros grupos indígenas. As conseqüências da
depopulação severa ainda se fazem presentes entre os
Apiaká. Atualmente, de acordo com o cacique Cecílio
Apiaká, apenas poucos velhos recordam a língua indígena, o
grupo é discriminado por não manter sua língua e não exibir
as marcas étnicas mais exóticas e vive em situação
desfavorável
nas
TI's
Kaiabi/Apiaká
e
Kaiabi¨
(TEMPESTA,2006)
Quando a antropóloga, Giovana Acácia Tempesta, refere-se à discriminação
sofrida pelos Apiaká por não manterem sua língua e outros traços étnicos, podemos
indagar se não há motivação política por trás da prática do questionamento das
referências identitárias desta população. Isso porque os órgãos que prestam
assistência e que se encarregam de questões fundiárias precisam, antes de tudo, ligar
a identidade de uma dada população, ou grupo, a alguma etnia historicamente
reconhecida.
O quadro a seguir oferece uma amostra de como o léxico Apiaká tem se
mantido através de várias gerações, apesar das mudanças fonológicas que ocorreram
nessa língua desde quando foi registrada pela primeira vez. Essa amostra consiste
também em uma ponte que liga a língua Apiaká, que sobrevive na memória dos seus
últimos falantes, à época em que era plenamente falada pelos antepassados desse
povo.
38
Tabela histórico-comparativa do idioma Apiaká
Português
noite
cair
paca
mutum
papagaio
macaco
anta
onça
aranha
cobra
2
céu
sol
lua
boca
mato
baixo
fogo
irmao
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fumaça
filho
magro
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mulher
cabeça
nariz
cutia
dente
morto
Apiaká1
1815
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metum
ajurú
cahipiha
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jauhá
nhandú
boi
moaper
ebá
cuara
iahê
deijrú
cauê
nehápi
tatá
deriquia
iararaky
tatáusin
deraira
erechinin
heirô
cunhaãss
neacan
naxim
acuxi
nerain
enemanon
Apiaká2
1815
petunahim
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folha
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mutum
ajoró
cahia
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nhandú
moia
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tatá
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demenra
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éiru@ba
neacanga
nexia
neranha
amonon
Apiaká3
1815
petonaíba
inaga
ãara
iahua
osininja
hehura
deacanga
amanôn
-
Guimarães
1844
ajuru
tapira
jauára
yúaca
corahy
iahy
iurú
cahaá
tatá
cunhá
iacanga
tin
-
Coudreau
1897
pπ«tuá
kau‰u÷a‰u
mu«tu
azu«‰u
tapi i‰a
zawat
µandu
boja
mo«koµá
i«vaga
kwa‰asπ
-
Gudschinsky
1959
pπituna
asúruwa
ka«ia
tapi«íra
sáwara
mø«køi
i∫aga
ára
sáhπya
sisusua
kaw´!ra
táta
tatasinga
ku~iã
síaka˜
sisi~û
si~rãi -d´!rãi
amounõumb´’
(ele mata)
ka«á
Padua
2006/2007
[pu «tun]
[u«÷an]
[kwa‰¨ «h¨á‡]
[mu«tu~]
[asu«‰u]
[ka«÷i ga]
[tapi«÷i‰a]
[sa«wa‰a]
[jã«du]
[«bøsa‡]
[i«waga]
[«ara]
[sa«hûa]
[sisu«ru]
[«kôa÷a]
[ia«pin]
[ta«ta]
[siri«kia]
[sara«raga]
[ta«tasi˜]
[sira«÷ûra ]
[waßi«nin]
[«´hirua]
[k¨~«ja~]
[sia«ka˜a]
[si«si~á]
[aku«ßi]
[si«ra~já]
[mã«nã]
[«kôa÷a]
Observação: Apiaká 1, Apiaká 2 e Apiaká 3 provêm de cópia manuscrita inédita
existente no Laboratório de Línguas Indígenas do Instituto de Letras da UnB.
Para uma melhor compreensão do quadro devemos considerar que o pronome
de segunda pessoa de pode surgir em posição inicial no lugar do pronome de
primeira pessoa si. Conforme demonstrado no capítulo referente à fonologia, [d]
representa um alofone de /n/ podendo ter ocorrido flutuação entre [d] e [n] após
silêncio, principalmente em ambientes nasais (como no caso dos lexemas para
'cabeça' e 'nariz'). A análise fonológica da língua revelou também que o segmento
[ß], marcado ortograficamente como x, flutua livremente com o segmento [s] diante
39
das vogais altas [u] e [i]. Sendo [ß] um alofone de /s/ ( no caso dos lexemas para
'magro' , 'nariz' e 'cutia')
Podemos ainda observar que alguns itens lexicais, nos dados do Apiaká 1,
Apiaká 2, Apiaká 3 e Guimarães 1844, apresentam o segmento [j], conservando a
forma do Proto Tupí-Guaraní /*j/, no lugar do /s/, nos dados de Coudreau pode-se
observar as duas ocorrências o que seria uma etapa intermediária da mudança. Nos
dados de Gudschinsky, e nos coletados por mim, predomina a forma /s/. Este
fenômeno é relevante para a classificação da língua Apiaká, dentro da família TupíGuaraní, segundo os critérios de mudança fonológica adotados por Rodrigues (1985)
e Rodrigues e Cabral (2001) nos seus trabalhos de classificação interna das línguas
da família Tupí-Guaraní. Noto ainda que algumas transcrições realizadas por estes
estudiosos, que coletaram os dados fornecidos no quadro, marcavam i como forma
ortográfica para [j].
40
CONCLUSÃO.
Este trabalho objetivou descrever o sistema de sons da língua Apiaká e seus
principais aspectos fonológicos. Procurei identificar os fonemas da língua Apiaká e
as suas realizações fonéticas, a partir de procedimentos metodológicos de análise
fonológica segmental, que priorizam a descrição dos traços articulatórios dos fones
depreendidos e identificação dos que funcionam em uma dada língua como unidades
fonológicas, identificação esta que se realiza através de uma análise contrastiva dos
dados (pares mínimos e análogos), em que oposições funcionais são detectadas. A
análise buscou explicar os condicionamentos das formas fonéticas de cada unidade
sonora distintiva, assim como as situações em que certas variações ocorrem
livremente. Descrevemos também os padrões silábicos detectados. Finalmente,
abordei algumas mudanças fonológicas ocorridas nos dois últimos séculos, tendo por
base listas de palavras coletadas durante esse período por estudiosos e viajantes que
tiveram contato com os Apiaká, dentre as quais se incluem palavras coletadas pelo
autor desta dissertação.
Devido às circunstâncias históricas e sociais nas quais se encontram os
Apiaká, a documentação desta língua tornou-se uma tarefa urgente (ver Capítulo V).
A comunidade Apiaká reconhece a educação como instrumento de melhoria da
qualidade de vida e de recuperação de seus valores históricos e culturais. Professores
de educação indígena que atuam nas aldeias manifestaram interesse em ministrar
aulas do idioma Apiaká, no entanto, queixam-se da falta de material específico. Tal
atitude revela a preocupação com a revitalização de suas tradições e língua por
intermédio da escola. Além do interesse dos próprios Apiaká no que diz respeito à
documentação do idioma, esta contribui certamente para preencher lacunas sobre a
história e a etnografia deste povo Tupí-Guaraní.
41
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de Janeiro: Typ. Leuzinger, no. 42
43
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(MA) MARANHÄO
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Rio de Janeiro
Références :
Cartes IGN (France) à 1 : 5 000 000 (1968),
adaptées selon carte d'auteur :
Feuille 1 : Haïti-Lima
Feuille 2 : Georgetown-Recife
Feuille 3 : La Paz-Santiago
Feuille 4 : Rio de Janeiro-Bueno-Aires
Curitiba
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- Makuxi (RR): 15.000 falantes
- Yanomami (RR) e Guajajara (MA): 6.000 falantes
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A população indígena no Brasil é de aproximadamente 200 mil.
Na região da Amazônia Legal a população indígena é de: 133.677
(sendo algumas não situadas no mapa, entre elas a Língua Geral Amazônica,
ou Nheengatu (fam. Tupi-Guarani), falada por varios povos indígenas ao longo da vale de Rio Negro)
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Número de línguas indígenas faladas no Brasil: 180
Número de línguas na região Amazônica: 156
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BORORO
(Fam. Bororo)
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(Fam. Jê)
CANELA RANKOKAMEKRA (Fam. Jê)
GOROTIRE
(Fam. Jê)
KARAJA
(Fam. Karaja)
KOKRAIMORO
(Fam. Jê)
KRAHÔ
(Fam. Jê)
KREEN-AKARORE
(Fam. Jê)
KREYE
(Fam. Jê)
KRIKRATI
(Fam. Jê)
KUBE-KRANG-NOTI
(Fam. Jê)
KUBENKRAN-KEGN
(Fam. Jê)
MEKRAGNOTI
(Fam. Jê)
MENTUKTÍRE
(Fam. Jê)
PARAKÃTEJE
(Fam. Jê)
RIKBAKTSA
(Língua)
SUYÁ
(Fam. Jê)
TAPAYUNA
(Fam. Jê)
TXUKAHAMÃE
(Fam. Jê)
UMUTINA
(Fam. Bororo)
XAVANTE
(Fam. Jê)
XERENTE
(Fam. Jê)
XIKRIN
(Fam. Jê)
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Rogério Vicente Ferreira
Coordenação: F. Queixalos e O. Renault-Lescure
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Línguas indígenas da Amazônia brasileira
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Contribuição para a fonologia da língua Apiaká (Tupí