Alexandre Jorge Padua Contribuição para a fonologia da língua Apiaká (TupíGuaraní). Dissertação de Mestrado Orientador: Aryon Dall’Igna Rodrigues Universidade de Brasília Julho/2007 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE LETRAS DEPARTAMENTO DE LINGÜÍSTICA, PORTUGUÊS E LÍNGUAS CLÁSSICAS - LIP Contribuição para a fonologia da língua Apiaká (TupíGuaraní). Alexandre Jorge Padua Dissertação apresentada ao Departamento de Lingüística, Português e Línguas Clássicas da Universidade de Brasília como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Lingüística. Universidade de Brasília Julho/2007 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE LETRAS DEPARTAMENTO DE LINGÜÍSTICA, PORTUGUÊS E LÍNGUAS CLÁSSICAS - LIP DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Contribuição para a fonologia da língua Apiaká (TupíGuaraní). Alexandre Jorge Padua Orientador: Prof. Dr.Aryon Dall`Igna Rodrigues Banca examinadora: Prof. Dr. Aryon Dall’Igna Rodrigues (UnB) (presidente) Prof. Dra. Ana Suelly Arruda Câmara Cabral (UnB) (membro efetivo) Prof. Dra. Rachel do Valle Dettoni (UnB) (membro efetivo) Prof. Dra. Poliana Maria Alves (UnB) (suplente) Esta dissertação foi julgada adequada à obtenção do grau de Mestre em Lingüística e aprovada em sua forma final pelo curso de pós-graduação em lingüística da Universidade de Brasília. Brasília, 05 de julho de 2007 _____________________________ 1º Examinador _____________________________ 2º Examinador _____________________________ 3º Examinador AGRADECIMENTOS Aos Apiaká, que são a razão deste trabalho, pelo apoio e dedicação com que me acolheram. Aos meus informantes Pedro, Antônio e Luzia Kamassuri, sem a colaboração deles a realização do trabalho seria impossível. Aos caciques Irivan Morimã (Mairob) e Pororoca Kamassuri (Mairowí). Ao Sr.Roberto Morimã e sua esposa, D.Edith, que me alimentaram e acolheram. Ao meu amigo Valdé Morimã que me ajudou em minha última viagem a campo. A todos os meus amigos Apiaká com os quais tive o privilégio de conviver. Ao meu orientador, Professor Dr.Aryon D.Rodriues, pela paciência e pela honra concedida de ser seu orientando, pela tolerância com minha falta de experiência e por me ensinar os caminhos preliminares da lingüística. À minha co-orientadora, Professora Dr. Ana Suely Arruda Câmara Cabral, pelo carinho e ajuda inestimável. Aos meus colegas do Laboratório de Línguas Indígenas da UnB. À CAPES, pela bolsa de estudos que me permitiu realizar as pesquisas de campo. À Jacinta (secretária do PPGL) por toda ajuda junto aos órgãos de apoio à pesquisa e ao departamento de lingüística da UnB. Ao Dr.Cláudio dos Santos Romero, pelo apoio junto à FUNAI. Ao lingüista Marcus Maia, do Museu Nacional do Rio de Janeiro, pelas informações que culminaram no trabalho de campo e conseqüente pesquisa. À antropóloga Giovana Acácia Tempesta, por me ceder seus manuscritos e parte da bibliografia utilizada no trabalho, e por todo apoio em campo. Aos meus pais, Luiz Fernando Maceira de Padua e Maria Tereza Jorge Padua, pelo eterno apoio em todos os sentidos. Ao meu colega Shelton, que me ajudou com estudos de fonética. RESUMO Esta dissertação percorreu os passos preliminares da análise da fonética e fonologia da língua Apiaká, pertencente à família lingüística Tupí-Guaraní, tronco Tupí. Os estudos anteriores desta língua consistiam em pequenas listas de palavras coletadas por estudiosos e viajantes dos séculos XIX e XX, salvo um inventário de sons depreendidos de um questionário padrão aplicado por Sarah Gudschinsky (1959). O presente trabalho procurou fazer uma análise fonética demonstrando a ambiência de ocorrência dos sons da língua. Posteriormente, foi realizado um estudo da fonologia segmental. Finalmente, foram abordadas as implicações sociais a que a comunidade Apiaká está sujeita, devido ao iminente desaparecimento de seu idioma. Palavras-chave: Apiaká – Fonética – Fonologia – Identidade Étnica. ABSTRACT In this thesis a preliminary phonetic and phonological analysis of the Apiaká language, which belongs to the Tupi-guarani family of the Tupi stock, was worked out. The previous studies on this language consisted in small word-lists collected by travelers and researchers in the XIX and XX centuries. The unique exception is an analysis of sounds extracted from a standard questionnaire applied by Sarah Gudschinsky (1959). The present work aimed at an analysis of the phonetics and distribution patterns of the sounds of this language, as well as a posterior study on the phonology. In the end, the social implications to which the Apiaká community is subject, due to the imminent extinction of its language, is scrutinized. SUMÁRIO INTRODUÇÃO......................................................................................................07 DESCRIÇÃO ARTICULATÓRIA DOS SONS E SUA DISTRIBUIÇÃO......09 FONOLOGIA SEGMENTAL..............................................................................28 SÍLABA...................................................................................................................37 LÍNGUA E IDENTIDADE ÉTNICA...................................................................38 CONCLUSÃO........................................................................................................41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................42 ANEXO 1................................................................................................................44 1. INTRODUÇÃO Este trabalho é resultado da pesquisa lingüística realizada com a língua Apiaká, pertencente à família Tupí-Guaraní, nos anos de 2006 e 2007. O enfoque do trabalho é a análise fonética e fonológica da língua. Está baseado em documentação da língua dos Apiaká, sobre a qual se dispunha até recentemente de documentação antiga e extremamente limitada. As primeiras referências encontradas sobre o povo Apiaká datam do início do século XIX, quando esse povo ocupava amplas áreas às margens dos rios Juruena e Arinos, afluentes do Tapajós, em território que abrange parte dos estados de Mato Grosso e Amazonas. Muito pouco se sabe sobre a cultura e história dos Apiaká. Entretanto, o Cônego José Silva Guimarães (1844) refere-se aos Apiaká como uma poderosa nação guerreira, mas pacífica e cooperadora na relação com colonizadores e exploradores atraídos por minerais preciosos. De fato, há relatos de guerra entre os Apiaká e outras etnias, mas as batalhas mais desiguais foram contra os coletores de impostos e extrativistas do norte do Mato Grosso, que dizimaram estes índios nas primeiras décadas do século XX, reduzindo drasticamente sua população. Depois do massacre e da fuga de alguns grupos para regiões distantes das margens dos rios, restou em contato um pequeno grupo de apenas 32 indivíduos (Rondon 1916: 218). Os Apiaká representam um caso clássico de apagamento de história, cultura e língua de um povo. Atualmente os Apiaká vivem em três aldeias, além de alguns que se encontram em meios urbanos. Das três aldeias, uma está localizada em território demarcado como terra destes índios, na Terra Indígena Apiaká-Kayabi, próxima ao município de Juara, às margens do Rio dos Peixes. A aldeia Mairob, localizada nesta T. I., conta com uma população aproximada de 150 pessoas. Ali estive em julho e agosto de 2006 para realizar coleta de dados. Nessa aldeia vive a pessoa que talvez seja o último falante da língua, o Sr. Pedro Kamassuri Apiaká. Este demonstrou proficiência no idioma quando submetido às minhas indagações, o que me deixou animado para a realização de uma documentação adequada. Em março e abril de 2007, tive a oportunidade de visitar as outras duas aldeias. A Aldeia do Pontal, como é conhecida, situa-se às margens do baixo Juruena, na divisa dos Estados do Amazonas e de Mato Grosso. Nela vivem duas famílias, porém, minha estada lá foi muito rápida. A outra aldeia, Mairowí, no baixo 7 Teles Pires, localizada na T. I Kayabi, divisa de Mato Grosso e Pará (Ver anexo 1), foi o foco da segunda etapa da pesquisa. Meu objetivo era identificar outros falantes, acompanhando a viagem da antropóloga Giovana Acácia Tempesta. O Sr. Pedro Kamassuri havia comentado que sua irmã mais velha, D. Luzia Kamassuri, que mora lá, é falante do idioma também. Partindo de Colider, MT, nos deslocamos para Mairowí, fazendo a pequena escala na Aldeia do Pontal. A segunda etapa da pesquisa esbarrou em algumas dificuldades. A primeira, mais previsível, consistiu em identificar outros falantes. No entanto, tive a oportunidade de entrevistar os dois irmãos mais velhos do meu informante Sr.Pedro. A irmã, D.Luzia Kamassuri, apresentava dificuldade auditiva, o que tornou a tarefa mais difícil. Entretanto, com a ajuda do seu filho, D.Luzia forneceu dados que consistem em itens lexicais, sintagmas e algumas orações. O irmão mais velho, Sr.Antônio Kamassuri, também contribuiu com a coleta de dados, porém seu conhecimento da língua restringia-se mais ao campo lexical. Além da análise preliminar dos sistemas fonético e fonológico da língua, este trabalho objetiva contribuir para consolidar a classificação do idioma Apiaká na família Tupí-Guaraní. Mas não podemos desprezar as implicações sociais que uma língua em extinção nos apresenta, principalmente tratando-se de comunidades indígenas no Brasil. A língua é um instrumento poderoso de identidade étnica destes povos. Constantemente, são questionados, tanto no plano regional como no institucional, sobre suas próprias características como um povo historicamente bem estabelecido. Considerando esta situação, incluo no trabalho um quadro comparativo contendo itens lexicais coletados no passado por diferentes autores em diferentes locais ao lado dos novos dados coletados em campo em 2006 e 2007, com a finalidade de demonstrar a identidade e continuidade atestada por tais registros. 8 2. DESCRIÇÃO ARTICULATÓRIA DOS SONS E SUA DISTRIBUIÇÃO Neste capítulo trataremos da descrição fonética dos sons encontrados no idioma Apiaká e dos ambientes em que eles ocorrem. 2.1 Segmentos consonantais. Quadro 1: Quadro fonético geral dos segmentos consonantais Oclusivos Africados Bilabiais Alveolares Alveo-palatais Velares su p t k so b d g Glotais ÷ tß su so Fricativos su so ∫ Nasais so m Flepe so Aproximantes so s ß n µ ‰ w j 2.1.1 consoantes oclusivas surdas [p] Oclusiva, bilabial, surda: [#_V] [pa'ku] [«p´‰u«÷a] [pa«koá] [pi«‰a‡j‡a] [pi‰a‰u«ku] [pu«tu‡n] 'pacu' 'palmeira' 'banana' 'piranha' 'pirarucu' 'noite' [V_V] 9 h ˜ [tapπ÷ πjá] [mutu«p´∫á] [i«p´ga «ga] [tapi «÷i‰a] [si«pπa] [d´‰a«pja] [sipπ«/a] [tu«pa‡] [ja«ku«pema] [i‰i«pema] 'índio' 'mutuca' 'pato' 'anta' 'meu pé' 'teus testículos' 'meu fígado' 'espingarda' 'jacu' 'peneira' [t] Oclusiva, alveolar, surda: [#_V] [tu«ka‡na] [tπ«ku‰á] [tawa«siá] [tatu«si‡˜á] [ta«tau«‰a‡ná] [teßu«÷i] [tapπ«÷πjá] [ta«pøgá] [ta«ta] [tuka‡˜«g´‰´] [tawa«si ka«w´‰á] [taj«∫iá] 'tucano' 'gafanhoto' 'tracajá' 'tatu' 'taturana' 'lagarto' 'índio' 'homem branco' 'fogo' 'esp. de formiga' 'jaboti' 'esp. de formiga' [epo«te‰a] [ta«ta] [i«ta] [ta«tau«‰a‡n] [mu«tu‡] [namuj«t´] [mutu«p´∫á] [i«t¨] [ma«tπá] [πpπ"ta˜] 'flor' 'fogo' 'pedra' 'taturana' 'mutum' 'nhambu' 'mutuca' 'cachoeira' 'comida' 'veado' [V_V] [k] Oclusiva, velar, surda: 10 [#_V] [ka«÷i ] [ku‰u«‰u] [ka‡wi«÷a] [kπsu«÷ia] [kuman«da] [«ka÷«÷a] [ka«w´‰á] [ka~jµi‡«d´] [ku«ja‡] 'macaco' 'sapo' 'mamão' 'grilo' 'feijão' 'folha' 'do mato' 'esp. de arara' 'mulher' [kwa‰¨«h¨á] [kwa«ßingua] [kwan«doá] [kwi‡mba«÷´] [kwa«si] 'paca' 'cedro' 'gavião' 'homem' 'quati' [#_wV] [V_wV] [si«kwa‡] [si nambi«kwa‡'a‡ma] [mo~bu‰a kwiµan«d´] [d´‰i«kwa‰a] 'meu dedo' 'meu brinco' 'tristeza' 'tuas nádegas' [V_V] [÷πwa«ka‡] [sitama«k´˜á] [jaku«pe‡ma] [tπ«ku‰a] [tuku«maw «÷πwa] [tu«ka‡na] [jakun«da«÷i] [tuku‡na«‰´] 'galho' 'perna' 'jacu' 'gafanhoto' 'palmeira' 'tucano' 'jacundá' 'tucunaré' 11 [÷] Oclusiva glotal: [#_V] [«÷πá] [«÷πwa] [÷πwa«ka‡] 'rio/água' 'arvore' 'galho' [«ka÷«÷a] [iµa‡«÷~πwa] [u«÷ia] [«÷πwa u«÷an] [be‰a«÷uá] [i«ha÷á÷] [tapi«÷i‰a] [p´‰u«÷a] [inata«÷i] 'folha' 'castanheira' 'farinha' 'a arvore caiu' 'carne' 'saúva' 'anta' 'palmeira' 'inajá' [V_V] 2.1.2 consoantes oclusivas sonoras [b] Oclusiva, bilabial, sonora: [#_V] [ba«‰ai‰o‡n] [be‰aka‡ aka moj saj«i] [«bøsa] [bu‰isi«wa] [betSi∫i«ga nga÷a‡] [bej«pπa] 'cacique' 'galho da árvore' 'cobra' 'buriti' 'bem-te-vi' 'tronco' [m_V] [kwi‡mba«÷´] [si n´‡«mbiá] [sinambi«kwa«ama] [wajn´‡m«bu] 'homem' 'minha orelha' 'meu brinco' 'beija-flor' 12 [d] Oclusiva, alveolar, sonora: [#_V] [de«‰´‰a] [de«pπá] 'teu nome' 'teu pé' [andπ«‰a] [kwan«doá] [eh¨si‰an«da] [si‰ende«‰a] [nan«d´] [sinun«d´ de÷e‡] [jakun«da«÷i] [kuman«da] 'morcego' 'gavião' 'ata (fruta)' 'irmã' 'nós (inclusivo)' 'à frente' 'jacundá' 'feijão' [Vn_V] [g] Oclusiva, velar, sonora: [#_V] [ga«‰´‰a] [gaµe«÷e˜] 'nome dele' 'ele falou' [i"høga] [ta«pøgá] [i«p´ga] [sate«∫ogia] [si‰´«∫´ga] 'lagarta' 'homem branco' 'pato' 'micuim' 'minha barriga' [i˜ga‰a«t´á] [tuka‡˜«g´‰´] 'estrada' 'esp. de formiga' [V_V] [V˜_V] 2.1.3 Consoantes africadas [tß] Africada, álveo-palatal, surda: 13 [V_i] 'araticum' [a‰atßi"ku‡] [tu'pawa tßike«hawamo~] 'rede onde eu durmo' 2.1.4 Consoantes fricativas surdas [s] Fricativa, alveolar, surda: [#_V] [sa«wa‰a] [siaka«‰a] [sawa«si‰a] [sa∫´«∫π‰á] [sate«∫ogia] [saka«‰´] [si «poaá] [sa«h´á] [«sπáô] 'onça' 'enxada' 'escorpião' 'arraia' 'carrapato' 'jacaré' 'minha mão' 'lua' 'machado' [a˜u«sa] [ma‰aka«sa«÷i] [aku«si] [tesu«÷i] [kwa«si] [sisu«‰uá] [sawa«si‰a] 'rato' 'jaguatirica' 'cutia' 'calango' 'quati' 'minha boca' 'escorpião' [V_V] [ß] Fricativa, álveo-palatal, surda: [V_V] [aku«ßi] [teßu«÷i] [ißu«pawá a«pi‡ná] [aßu«‰u] 'cotia' 'calango' 'tio' 'papagaio' 14 [#_V] [ßi«pπa] [ßi«÷owa] 'meu pé' 'minha coxa' [h] Fricativa, glotal, surda: [#_V] [ha«∫´] [h´«hi‰a] [hene«ma‡˜] [he«‰owa] [hû«pπ] 'esp. de socó' 'mel' 'besouro' 'abelha' 'água funda' [mi«he poj] [sa«h´á] [i«ha‰a] [i«høga ] 'rio raso' 'lua' 'canoa' 'lagarta' [V_V] 2.1.5 Consoantes fricativas sonoras [∫] Fricativa, bilabial, sonora: [V_V] [u‰u«∫usi˜] [ha«∫´] [u‰u«∫i] [i∫´«∫á] [sa∫´«∫π‰á] [i∫u«tuá] [sate∫o«gia] 'urubu-rei' 'esp. de socó' 'surubim' 'remo' 'arraia' 'vento' 'carrapato' 2.1.6 Consoantes nasais sonoras [m] Nasal, bilabial, sonora: [#_V] [ma‰akasa«÷i] 'jaguatirica' 15 [ma«soi «ga] [m´‡ni«÷oga] [man«da‰a «hiwá] [ma‰aka‡«naj hu‡] [mutu«p´∫a] [mutu‡] 'sucuri' 'mandioca' 'raiva' 'ararinha' 'mutuca' 'mutum' [sitama«k´‡ná] [si«ka‡ma] [siamu«tawa] [a‡«ma‡na] [pa‡«na‡ma] [i‰i«pema] [kunu«mi‡] [namu‡«si˜á] 'minha perna’ ‘meu peito’ ‘meu bigode’ ‘chuva’ ‘borboleta’ ‘peneira’ ‘menino’ ‘galinha’ [ja«kupem] [i‰i pem] ‘esp.de jacu’ ‘peneira’ [V_V] [V_#] [n] Nasal, alveolar, sonora: [#_V] [nan«d´] [nasi«u‡na] [namu‡«si˜á] [namuj«t´] ‘nós’ (inclusivo) 'carapanã' 'galinha' 'nhambu ' [kunu«mi‡] [tu«ka‡na] [ma‡na«wa‰á] [inata«÷i] [a‡«ma‡na] 'menino' 'tucano' 'matrinxã' 'inajá' 'chuva' [V_V] 16 [V_#] [ka«÷iu‰an] [wa«ßinin] [su«in] [ia«pin] [ta«tau«‰an] 'macaco aranha' 'magro' 'pequeno' 'baixo' 'taturana' [ka‡jµi‡«nd´] [nan«d´] [ja‡«ndu] [andπ«‰a] [kwan«doá] 'esp. de arara' 'nós' 'aranha' 'morcego' 'gavião' [V_d] [˜] Nasal, velar, sonora: [V_V] [«tu‡˜a] [µamo«si˜a«´‰a] [a˜u«sa] [tata«si˜á] 'bicho do pé' 'pintinho' 'rato' 'fumaça' [u‰u«∫usi˜] [sitama«ka˜] [πpπ«ta˜] [gaµe«÷e˜] [h´«n´m´‡˜] [pi«‰a∫i«‰a~˜] 'urubu-rei' 'minha perna' 'veado' 'ele falou' 'besouro' 'lambari' [V_#] [µ] Nasal, álveo-palatal, sonora: [#_V] [µan«du] [µe«÷e˜] [µamo«si˜a«û‰a] 'aranha' 'falar' 'pintinho' 17 [µamuj«t´] [µamu«si˜á] 'nhambu' 'galinha' [ku«µa‡] [kajµi‡«nd´] 'mulher' 'esp.de arara' [V_V] 2.1.7 [‰] Flepe Flepe, alveolar, sonoro: [V_V] [si ‰a«÷π‰á ] [si su«‰uá] [si ‰en«de‰a] [man«da‰a hiwá] [epo«t´‰a] [si wa‰a«pa‰a] 2.1.8 'meu filho' 'minha boca' 'minha irmã' 'raiva' 'flor' 'meu arco' Aproximantes [w] Aproximante, bilabial, sonora: [#_V] [waßi«nin] [wajn´‡m«bu] [wãj"∫i‡] 'magro' 'beija flor' 'velha' [πwπ«tπ‰á] [«÷πwa] [iwa«te] [«πwπu] [si «÷owa] 'morro' 'cobra-cega' 'árvore' 'alto' 'em baixo' 'minha coxa' [kwa‰¨ «h¨á‡] [kwan«doá] [kwi‡mba«÷´] 'paca' 'gavião' 'homem' [V_V] [πwπ«sa] [k_V] 18 [kwa«si] 'quati' [j] Aproximante, álveo-palatal, sonora: [#_V] [ja«kup´‡ma] [jakunda«÷i] 'jacú' 'jacundá' [V_] , [V_V] [taj«∫ia] [iµa‰oj«t´be] [si «po‡jpe‡á] [si «‰´‡já] [ku‡«ja‡] 'formiga' 'feio' 'minha unha' 'meu dente' 'mulher' 2.2 Segmentos vocálicos Quadro 2: quadro fonético dos segmentos vocálicos orais Anteriores não-arreds. Centrais não-arreds. i π Fechadas Posteriores arreds. u Altas ¨ Abertas Fechadas e ´ o Abertas ´ á ø Médias a Baixas 2.2.1 Vogais anteriores [i] Anterior, não arredondada, alta, fechada, oral: #_ [i«ha‰a] [ihø«ga] [i∫i«toa] 'canoa' 'lagarta' 'vento' 19 [iwa«te] [i«ku «me‡n] [i«te÷j´pi«kø] [i«p´ga] 'alto' 'mole' 'sozinho' 'pato' [ta‰a«÷i‰a] [sawa«si‰a] [si‰o«‰iá] 'traíra' 'escorpião' 'curupira' [tesu«÷i] [mai‰ø«∫i] [u‰u«∫i] [kwa«si] 'calango' 'esp. arara' 'surubim' 'quati' C_C _# [e] Anterior, não arredondada, média, fechada, oral: _# [ewπ«sa] [epo«t´‰a] [eh¨si‰an«da] 'cobra-cega' 'flor' 'ata (fruta)' C_C, C_V [sate«∫ogia] [ja«kupema] [si‰e«a] [i‰i«pem] [pu‰a«kei ] [dea«ka˜] 'carrapato' 'jacu' 'olhos' 'peneira' 'poraquê' 'tua cabeça' [iwa«te] [miµa‰oj«t´∫e] [a‰ikume‰e«te] 'alto' 'feio' 'grupo' C_# 20 [E] Anterior, não arredondada, média, aberta, oral: #_ [´hi«‰¨wa] 'abelha' [de«‰´‰a] [si‰´«∫´ga] [mutu«p´∫á] [h´«n´m´‡˜] 'teu nome' 'minha barriga' 'mutuca' 'besouro' [saka«‰´] [namuj«t´] [ta‰a«∫´] [nan«d´] [iwa«t´] 'jacaré' 'nhambu' 'esp. de arara' 'nós' 'em cima' C_C _# 2.2.2 Vogais centrais [π] Central, não-arredondada, alta, fechada, oral: #_ [π«wπá] [πwπ«tπ‰á] 'chão' 'morro' C_C, C_V [si «pπá] [akπ«kπ] [andπ«‰a] [ßipπ«÷a] 'meu pé' 'guariba' 'morcego' 'meu fígado' [akπ«kπ] 'guariba' _# 21 [hû«pπ] [jakun«da÷i] 'fundo' 'jacundá' [´] Central, não-arredondada, média, fechada, oral: C_C, C_V [epo«t´‰a] [sa«h´á] [ka«w´‰á] [πwa«t´‰a] [si ‰an«d´á] [ma«t´á] 'flor' 'lua' 'do mato' 'planta florescida' 'minha saliva' 'comida' [á] Central, não arredondada, média, aberta, oral: _# [«koá] [siku«p´á] [πwπ«tπ‰á] [sa«h´á] [pa«koá] [ipo«÷π‰á] 'roça' 'minhas costas' 'morro' 'lua' 'banana' 'colar' [a] Central, não-arredondada, baixa, aberta, oral: #_ [a‰a«ku] [aku«si] [awa«‰a] [andπ«‰a] [akasa«/i] [a˜u«sa] [«a‰a] 'piau' 'cotia' 'cachorro' 'morcego' 'cajá' 'rato' 'sol' [ta«ta] [si «hawa] [ma‰aka«naj hu~] 'fogo' 'minha cama' 'esp. de arara' C_C 22 [aka«sasi˜] [ta«tau‰an] 'cajá' 'taturana' [ta«ta] [siko«a] [sipπ«÷a] [a˜u«a] [awa«‰a] 'fogo' 'dedo' 'meu estômago' 'rato' 'cachorro' _# 2.2.3 Vogais posteriores [u] Posterior, arredondada, alta, fechada, oral: #_ [u‰u«∫usi˜] [u‰u«∫i] [u«÷ia] 'urubu-rei' 'surubim' 'farinha' [ni‡˜u«÷a] [tu«ka‡na] [tu«pa‡] [u‰u«∫usi˜] 'pilão' 'tucano' 'espingarda' 'urubu-rei' [asu«‰u] [u‰u«∫u] [µan«du] 'papagaio' 'urubu' 'aranha' C_C _# [¨] Posterior, arredondada, alta, aberta, oral: C_C [kwa‰¨ «h¨á] [´hi«‰¨wa] 'paca' 'abelha' 23 C_# [i«t¨] [h´«hi‰¨] 'cachoeira' 'mel' [o] Posterior, arredondada, média, fechada, oral: C_C [m´‡ni«÷oga] [«koá] [epo«t´‰a] 'mandioca' 'roça' 'flor' _# [a«ma‡nah´a«po] [ku‡ja«taj‡a apu÷o] 'trovão' 'a menina cresceu' [ø] Posterior, arredondada, média, aberta, oral: #_ [«øga] 'casa' [«bøsa] [i«høga] [mai‰ø«∫i] [«køga] [ma‡ni«÷øga] 'cobra' 'lagarta' 'esp. de arara' 'roça' 'mandioca' [i«te÷j´pi«kø] [«kwimba ga saj«÷ø] 'sozinho' 'o homem chorou' C_C _# 24 2.3 Vogais nasais Quadro 3 : Quadro dos segmentos vocálicos nasais Anteriores não-arreds. Fechadas i‡ Médias Fechadas e‡ Altas Centrais não-arreds u‡ ´‡ a‡ Baixas 2.3.1 Vogais nasais anteriores [i~] Anterior, não-arredondada, alta, fechada, nasal: C_V, C_C [si «si‡á] [ani«‡a] [ka‡jni‡«d´á] [tatu«si‡˜á] 'meu nariz' 'bodó (peixe)' 'esp. de arara' 'esp. de tatu' [su«÷i‡] [kunu«‡mi‡] [wãj"∫i‡] 'pequeno' 'menino' 'velha' _# [e~] Anterior, não-arredondada, média, fechada, nasal: C_C [ko«÷e‡m] [i«ku «me‡n] Posteriores arreds 'dia' 'mole' _# [amo‡˜á«tude ÷e‡] 'ao meu lado' [si ku«p´aka«tude÷e‡] 'às minhas costas' [sinun«d´ de÷e‡] 'à frente' 25 o‡ 2.3.2 Vogais nasais centrais [´~] Central, não-arredondada, média, fechada, nasal: C_C [wajn´‡m«bu] [si«‰´‡µá] [si n´‡«mbiá] [si a«k´‡˜á] [tama«k´‡˜á] [h´«n´m´‡˜] 'beija-flor' 'meu dente' 'orelha' 'cabeça' 'perna' 'besouro' [a~] Central, não-arredondada, baixa, nasal: #_ [a‡ni«a] 'esp. de peixe' [a«ma‡na] [pa«na‡ma] [ka‡wi«÷a] [si«awa mama‡«na‡] [ka‡jni‡«d´á] [tuka‡˜«g´‰á] 'chuva' 'borboleta' 'mamão' 'trança de cabelo' 'esp. de arara' 'esp. de formiga' [ku‡«ja‡] [si«÷awa mama‡«na‡] [÷πwa«ka‡] 'mulher' 'trança de cabelo' 'galho' C_C C_# 2.3.3 vogais nasais posteriores [u~] Posterior, arredondada, alta, fechada, nasal: C_V, C_C [si«ku‡á] [ku‡«ja‡] 'minha língua' 'mulher' 26 [«tu‡˜a] 'bicho de pé' [mu«tu‡] [a‰atßi'ku‡] 'mutum' 'araticum' _# [o~] Vogal posterior, arredondada, média, fechada, nasal: C_C [amo‡˜á«tude ÷e‡] 'ao lado' [nimu«‰o‡] [tßike«hawamo‡] 'negro' 'como leito meu' _# 27 3. FONOLOGIA SEGMENTAL Este capítulo trata dos fonemas do Apiaká, tanto os consonantais quanto os vocálicos, segundo os critérios de variação livre, distribuição complementar e oposição. 3.1 Consoantes 3.1.1 Variação livre dos segmentos consonantais Encontram-se em variação livre e, por essa razão, devem ser considerados alofones de um mesmo fonema os seguintes segmentos: [ß] e [s], diante das vogais altas fechadas [i] e [u] [s] [aku«si] /akusí/ [asu«‰u] /asu‰ú/ /si ÷ówa/ [si «/owa] [si «pπa] /si pπ’a/ /si pπ÷á/ [si pπ«/a] [ß] [aku«ßi] [aßu«‰u] [ßi«/owa] [ßi«pπa] [ßipπ«/a] ~ 'cutia' 'papagaio' 'minha coxa' 'meu pé' 'meu figado' [∫] e [w] diante de vogais /tajwía/ /hawé/ /maiorowí/ [∫] [taj«∫iá] [ha«∫´] [mai‰ø«∫i] ~ [w] [taj«wiá] [ha«w´] [mai‰ø«wi] 'formiga' 'esp. de socó' 'esp. de arara' [j] e [µ] diante de vogais nasais /µãnú/ /µã÷π´wa/ /kuµã/ [j] [ja‡«du] [ja‡«÷πwa] [ku‡«j‡a‡] ~ [µ] [µa‡«du] [iµa‡«÷πwa] [ku«µa‡] 28 'aranha' 'castanheira' 'mulher' [n] e [µ] diante da vogal baixa nasal [ã] /µamu‡si˜a/ /µãmujté/ /kãjµi‡dé/ [n] [na‡mu‡«si˜á] [na‡muj«t´] [ka‡jni‡n«d´] [µ] [µa‡mu‡«si˜á] [µa‡muj«t´] [ka‡jµi‡n«d´] ~ 'galinha' 'nhambu' 'esp. de arara' 3.1.2 Distribuição complementar dos segmentos consonantais Os segmentos consonantais abaixo estão em distribuição complementar e devem ser considerados alofones de um mesmo fonema. [tß] e [t] [tß] antes da vogal [i], [t] diante das demais vogais: 'araticum' [a‰atßi«ku‡] [tu pawa tßike«hawamo‡] 'rede onde eu durmo' [tatu«si‡˜á] 'tatu' 'calango' [teßu«÷i] [m], [mb] e [b] [b] após silêncio seguida de vogal oral, [mb] em sílaba tônica diante de vogal oral, [m] após vogal nasal, em sílabas átonas e antes de silêncio. /mósa/ /mu‰ißiwá/ /panáma/ /si nπmía/ /kwi‡má ÷é/ /wajnπmú/ /ma‡na«wa‰a/ /kunu‡«mi‡/ /namujté/ /ama‡na/ /i‰ipém/ /jakupém/ [«bøsa] [bu‰isi«wa] [pa«na‡ma] [si n´‡m«biá] [kwi‡m«ba «÷´] [wajn´‡m«bu] [ma‡na«wa‰a] [kunu‡«mi‡] [namuj«t´] [a«ma‡na] [i‰i«pem] [jaku«pem] 'cobra' 'buriti' 'borboleta' 'minha orelha' 'homem' 'beija-flor' 'matrinxã' 'menino' 'nhambu' 'chuva' 'peneira' 'esp.de jacú' 29 [d], [nd] e [n] [d] após silêncio, [nd] entre qualquer vogal e vogal tônica ou pré-tônica, e [n] diante de vogal nasal ou vogal seguida de consoante nasal e também em sílaba átona ou diante de silêncio: /ne réra/ /ne pπ!a/ /anπ‰á/ /kwanoa/ /ehusirãná/ /si ‰ené‰a/ /nané/ /sinuné ne÷e‡/ /jakuna÷í/ /kumaná/ /nané/ /nasiu‡na/ /namusi˜a/ /namujté/ /kunumi‡/ /inata÷í/ /tuka‡na/ /ama‡na/ /ka÷íu‰an/ /waßínin/ /tatáu‰an/ [de«‰´‰a] [de«pπá] [andπ«‰a] [kwan«doá] [eh¨si‰an«da] [si‰en«de‰a] [nan«d´] [sinun«d´ de÷e‡] [jakun«da«÷i] [kuman«da] [nan«d´] [na‡si«u‡na] [namu‡«si˜á] [namuj«t´] [kunu‡«mi‡] [inata«÷i] [tu«ka‡na] [a«ma‡na] [ka«÷iu‰an] [wa«ßinin] [ta«tau‰an] 'teu nome' 'teu pé' 'morcego' 'gavião' 'ata (fruta)' 'minha irmã' 'nós (inclusivo)' 'à frente' 'jacundá' 'feijão' 'nós' 'carapanã' 'galinha' 'nhambu' 'menino' 'inajá' 'tucano' 'chuva' 'macaco aranha' 'magro' 'taturana' [N], [Ng] e [g] [N] em posição final, em silaba pré-tônica e diante de vogal em sílaba átona final, [Ng] em silaba tônica entre e vogal nasal e vogal oral, e [g] depois de silêncio e entre vogais orais em sílaba pós-tônicas. /u‰uwusí˜/ /tatasí˜/ /πpπtá ˜/ /siaká˜/ /a˜usá/ /tu‡˜a/ [u‰u∫u«si˜] [tata«si˜] [πpπ«ta˜] [si a«ka˜] [a˜u«sa] [«tu‡˜a] 'urubu rei' 'fumaça' 'veado' 'minha cabeça' 'rato' 'bicho de pé' 30 /tuka‡˜é‰a/ /˜a «‰´‰a/ /˜a µe«÷e˜/ /ipé˜a/ /i«hó˜a/ /«÷ó˜a/ [tuka‡˜«g´‰a] [ga «‰´‰a] [ga µe«÷e˜] [i«p´ga] [i«høga] [«÷øga] 'esp. de formiga' 'nome dele' 'ele falou' 'pato' 'lagarta' 'casa' 3.1.3 Oposição entre fonemas consonantais. /p/ : /m/ O segmento bilabial surdo [p] está em oposição com os bilabiais sonoros [b], [mb] e [m], que são alofones do fonema /m/ e, por conseguinte, constitui um fonema distinto /p/: /poa/ /putún/ /panáma/ /ka/íapía/ [«poá] [pu«tun] [pa«na‡ma] [ka«/iá«pia] 'mão' 'noite' 'borboleta' 'macaco prego' /mósa/ /mutu)/ /marakasa÷í/ /si namía/ [«bOsa] [mu«tu‡] [ma‰akasa«÷i] [si n´‡«mbiá] 'cobra' 'mutum' 'jaguatirica' minha orelha /t/ : /n/ O segmento oclusivo, alveolar, surdo [t] está em oposição com os alveolares sonoros [d], [nd] e [n], que são alofones do fonema /n/ e, por conseguinte, constitui um fonema distinto /t/: /teßu÷í/ [teßu«÷i] [ta«tu] /tatú/ /epotπ’ra/ [epo«t´‰a] 'calango' 'tatu' 'flor' /ne pπá/ /ja‡nú/ /si ‰anπ’á/ [de pπ«÷á] [ja‡n«du] [si ‰an«d´á] 'teu fígado' 'aranha' 'meu beiço' /t/ : /‰/ O segmento oclusivo, alveolar, surdo [t] está em oposição com o flepe sonoro [‰] e constituem fonemas distintos: /tatú/ /itá/ [ta«tu] [i«ta] 'tatu' 'pedra' /asurú/ /pi‰á/ 31 [asu«‰u] [pi«‰a] 'papagaio' 'peixe' /t/ : /s/ O segmento oclusivo, alveolar, surdo [t] está em oposição com o fricativo, alveolar, surdo [s] e constituem fonemas distintos: /epotπ’ra/ /tatú/ /tatá/ /matπ’a/ [epo«t´‰a] 'flor' [ta«tu] 'tatu' [ta«ta] 'fogo' [ma«tπá] 'comida' /sawasíra/ /tesú/ /akasaí/ /sπ’a/ [sawa«si‰a] 'escorpião' [te«su] [aka«sa«÷i] [«sπá] 'lagarto' 'cajú' 'machado' /s/ : /j/ O segmento fricativo, alveolar, surdo [s] está em oposição com o aproximante alvéolo-palatal [j] e constituem fonemas distintos: /jakupe‡ma/ [ja«kup´‡ma] 'esp. de jacu' [ku‡«ja‡] /kujã/ 'mulher' /sawapúku/ [sawa«puku] [a˜u«sa] /a˜usá/ 'ariranha' 'rato' /k/ : /g/ O segmento oclusivo, velar , surdo [k] está em oposição com os velares sonoros [g], [˜g] e [˜], que são alofones do fonema /˜/ e, por conseguinte, constitui um fonema distinto /k/: /ká÷a/ /÷πwakã/ /akusí/ /siaká‰a/ [«ka÷a] [÷πwa«ka‡] [aku«si] [sia«ka‰a] 'folha' 'galho' 'cutia' 'enxada' /˜a/ /iwá˜a/ /a˜usá/ /tuka‡˜é‰a/ [ga] 'ele (dele)' [i«waga] 'céu' [a˜u«sa] 'rato' [tuka‡˜«g´‰a] 'esp.de formiga' /k/ : /÷/ O segmento oclusivo, velar , surdo [k] está em oposição com a oclusiva glotal [÷] e, por conseguinte, constituem fonemas distintos: /kóa/ /de rakúa/ [«koá] 'roça' [de‰a«kuá] 'teu sangue' /si ÷ówa/ /mera÷úa/ 32 [si «÷owa] [be‰a«÷uá] 'minha coxa' 'carne' /÷/ : /h/ O segmento oclusivo glotal [÷] está em oposição com o fricativo, glotal, surdo [h] e, por conseguinte, constituem fonemas distintos: /si ÷áwa/ /si si÷óga/ [si «÷awa] /si háwa/ [si «hawa] [i"høga] /ihóga/ 'meu cabelo' [si si«÷øga] 'minha garganta' 'minha cama' 'lagarta' /n/ : /‰/ O flepe sonoro [‰] está em oposição com os segmentos alveolares, surdos [n], [nd] e [n], que são alofones do fonema /n/ e, por conseguinte, constitui um fonema distinto /‰/: /kunumi‡/ /mani÷óga/ /kumaná/ /kunumi‡/ [kunu«mi‡] [m´‡ni«÷oga] [kuman«da] [kunu«mi‡] 'menino' 'mandioca' /kururú/ /ma‰akasa«÷i/ /anπ‰á/ /u‰u«wi/ 'feijão' 'menino' [ku‰u«‰u] [ma‰akasa÷i] [andπ«‰a] [u‰u«∫i] 'sapo' 'jaguatirica' 'morcego' 'surubim' Quadro 4: fonemas consonantais Oclusivas su Fricativas su Nasais so Flepe so Aproximantes Bilabiais Alveolares p t Alveo-palatais Velares k s m Glotais ÷ h n ˜ ‰ w j 33 3.2 Vogais Trabalharemos a seguir com a fonologia dos segmentos vocálicos do Apiaká, observando os critérios de variação livre, distribuição complementar e oposição entre vocóides. 3.2.2 Variação livre [a] e [á] estão em variação livre em posição átona final. /si pπ´a/ /tu‡˜a/ [a] [si«pπa] [«tu‡˜a] [á] [si«p´á] [«tu‡˜á] ~ 'meu pé' 'bicho de pé' [π] e [´] estão em variação livre e são, portanto, alofones de um mesmo fonema /π/: [π] [andπ«‰a] /anπrá/ /kawπ´ra/ [ka«wπ‰á] [sa«hπá] /sahπ´a/ /si pπ´a/ [si«pπa] [´] [and´«‰a] [ka«w´‰á] [sa«h´á] [si«p´á] ~ 'morcego' 'do mato' 'lua' 'meu pé' [o] e [ø] estão em variação livre e são, portanto, alofones de um mesmo fonema /o/: [o] /si póa/ [si«poá] [«koá] /kóa/ [ø] [si «pøá] [«kø ga] ~ 'minha mão' 'roça' [e] e [´] estão em variação livre e são, portanto, alofones de um mesmo fonema /e/: /ne réra/ /µamujté/ /ehirúwa/ [e] [de«‰´‰a] [namuj«t´] [ehi«‰¨wa] ~ [´] [d´«‰´‰a] [namuj«te] [´hi«‰¨wa] 34 'teu nome' 'nhambú' 'abelha' 3.2.3 Oposição entre fonemas vocálicos. Estão em oposição e, por esta razão, devem ser considerados fonemas distintos os segmentos vocálicos: /u/ : /o/ /pakú/ [pa«ku] pacu [pa«ko] /pakó/ 'banana' /π/ : /u/ /akπkπ’/ /«÷πa/ [akπ«kπ] [«÷πá] 'guariba' 'rio' /pakú/ /«÷ua/ [pa«ku] [«÷uá] 'pacu' [i‰i«pem] [u‰u«∫i] 'peneira' 'surubim' /uruwú/ /uruwú/ [u‰u«∫u] [u‰u«∫u] 'urubu' 'urubu' [«÷πá] [tapπ«÷πjá] 'rio' 'índio' /u«÷ia/ /tapi«÷i‰a/ [u«÷iá] [tapi«÷i‰a] 'farinha' 'anta' 'caju' 'meu braço' 'onça' /akπkπ’/ /÷π’wa/ /kawπ’‰a/ 'tatu' 'cachorro' /tesú/ /a‰é/ 'comer' /i/ : /u/ /iripém/ /uruwí/ /π/ : /i/ /«÷πa/ /tapπ«÷πa/ /a/ : /π/ /akasa÷í/ [akasa«÷i] /si ÷áwa/ [si «awa] /sawá‰a/ [sa«wa‰a] [akπ«kπ] [«÷πwa] [ka«w´‰a] 'guariba' 'árvore' 'do mato' /a/ : /e/ /tatú/ /awa‰á/ [ta«tu] [awa«‰a] 35 [te«su] [a«‰´] 'lagarto' 'nós (exclusivo)' /a/ : /o/ /si«÷áwa/ /«ka÷a/ /ihó˜a/ [si«÷awa] [«ka÷a] [i«hoga] 'meu cabelo' 'folha' 'lagarta' /si«÷ówa/ /koa/ /ihára/ [si«÷owa] 'minha coxa' [«koá] 'roça' [i«ha‰a] 'canoa' /i/ : /i~/ /sawasía/ [sawa«siá~ ] 'tracajá' [si«si~á] /sisi‡a/ 'meu nariz' /a/ : /a~/ /tupáwa/ /awará/ [tu«pawa] [awa«‰a] 'cama' 'cachorro' /tupã/ /kãwi÷á/ [tupa‡] [ka‡wi«÷a] 'espingarda' 'mamão' /e/ : /e~/ /mijãrojtéwe/ [miµa‰oj«t´∫e] 'feio' /amõ˜átúne÷e)/ [amõ˜á«tude ÷e)] 'ao lado' /u/ : /u~/ /asurú/ /sirakúa/ [asu«‰u] [si‰a«kuá] papagaio meu sangue /mutu‡/ /si ku‡a/ [mu«tu‡‡] [si«ku‡á] mutum minha língua Quadro 4 : Quadro dos fonemas vocálicos Anteriores não-arreds. Centrais não-arreds. Fechadas i i‡ π Médias Fechadas e e‡ Altas Posteriores arreds u u‡ o a a‡ Baixas 36 4. SÍLABA O padrão silábico canônico em Apiaká é (C)V(C) V [a«ma‡na] [awa«‰a] [i‰i«pem] [epo«te‰a] [u‰u«∫i] 'chuva' 'cachorro' 'peneira' 'flor' 'surubim' [tuka‡na] [nπpi«poá] [«a‰a] 'tucano' 'pena' 'fogo' 'sol' [h´«n´m´‡˜] [i‰i«pem] [tatau«‰an] 'besouro' 'peneira' 'taturana' CV [ta«ta] CVC 37 5. LINGUA E IDENTIDADE ÉTNICA. Na introdução me referi às implicações sociais do desaparecimento de um idioma e do impacto deste fenômeno em comunidades indígenas no Brasil. Neste capítulo pretendo aproximar um pouco a discussão ao caso dos Apiaká. ¨Desde o início do século XX, os Apiaká casam-se com índios das etnias Kokama (Tupi-Guarani), Kaiabi (Tupi-Guarani), Munduruku (Tupi), Mawé (Tupi) e Pareci (Aruak) (fonte: ISA-Instituto Socioambiental) e, na segunda metade do século XX, reorganizaram-se e firmaram alianças com outros grupos indígenas. As conseqüências da depopulação severa ainda se fazem presentes entre os Apiaká. Atualmente, de acordo com o cacique Cecílio Apiaká, apenas poucos velhos recordam a língua indígena, o grupo é discriminado por não manter sua língua e não exibir as marcas étnicas mais exóticas e vive em situação desfavorável nas TI's Kaiabi/Apiaká e Kaiabi¨ (TEMPESTA,2006) Quando a antropóloga, Giovana Acácia Tempesta, refere-se à discriminação sofrida pelos Apiaká por não manterem sua língua e outros traços étnicos, podemos indagar se não há motivação política por trás da prática do questionamento das referências identitárias desta população. Isso porque os órgãos que prestam assistência e que se encarregam de questões fundiárias precisam, antes de tudo, ligar a identidade de uma dada população, ou grupo, a alguma etnia historicamente reconhecida. O quadro a seguir oferece uma amostra de como o léxico Apiaká tem se mantido através de várias gerações, apesar das mudanças fonológicas que ocorreram nessa língua desde quando foi registrada pela primeira vez. Essa amostra consiste também em uma ponte que liga a língua Apiaká, que sobrevive na memória dos seus últimos falantes, à época em que era plenamente falada pelos antepassados desse povo. 38 Tabela histórico-comparativa do idioma Apiaká Português noite cair paca mutum papagaio macaco anta onça aranha cobra 2 céu sol lua boca mato baixo fogo irmao jararaca fumaça filho magro abelha mulher cabeça nariz cutia dente morto Apiaká1 1815 puntun hehar caruáruhú metum ajurú cahipiha tapihi jauhá nhandú boi moaper ebá cuara iahê deijrú cauê nehápi tatá deriquia iararaky tatáusin deraira erechinin heirô cunhaãss neacan naxim acuxi nerain enemanon Apiaká2 1815 petunahim arn folha cá há ca-á mutum ajoró cahia tapi ira jauãra nhandú moia moãpuama inagar ara iahua deí-jurúa ca-á tatá derikia iararaca tatásinga demenra osining éiru@ba neacanga nexia neranha amonon Apiaká3 1815 petonaíba inaga ãara iahua osininja hehura deacanga amanôn - Guimarães 1844 ajuru tapira jauára yúaca corahy iahy iurú cahaá tatá cunhá iacanga tin - Coudreau 1897 pπ«tuá kau‰u÷a‰u mu«tu azu«‰u tapi i‰a zawat µandu boja mo«koµá i«vaga kwa‰asπ - Gudschinsky 1959 pπituna asúruwa ka«ia tapi«íra sáwara mø«køi i∫aga ára sáhπya sisusua kaw´!ra táta tatasinga ku~iã síaka˜ sisi~û si~rãi -d´!rãi amounõumb´’ (ele mata) ka«á Padua 2006/2007 [pu «tun] [u«÷an] [kwa‰¨ «h¨á‡] [mu«tu~] [asu«‰u] [ka«÷i ga] [tapi«÷i‰a] [sa«wa‰a] [jã«du] [«bøsa‡] [i«waga] [«ara] [sa«hûa] [sisu«ru] [«kôa÷a] [ia«pin] [ta«ta] [siri«kia] [sara«raga] [ta«tasi˜] [sira«÷ûra ] [waßi«nin] [«´hirua] [k¨~«ja~] [sia«ka˜a] [si«si~á] [aku«ßi] [si«ra~já] [mã«nã] [«kôa÷a] Observação: Apiaká 1, Apiaká 2 e Apiaká 3 provêm de cópia manuscrita inédita existente no Laboratório de Línguas Indígenas do Instituto de Letras da UnB. Para uma melhor compreensão do quadro devemos considerar que o pronome de segunda pessoa de pode surgir em posição inicial no lugar do pronome de primeira pessoa si. Conforme demonstrado no capítulo referente à fonologia, [d] representa um alofone de /n/ podendo ter ocorrido flutuação entre [d] e [n] após silêncio, principalmente em ambientes nasais (como no caso dos lexemas para 'cabeça' e 'nariz'). A análise fonológica da língua revelou também que o segmento [ß], marcado ortograficamente como x, flutua livremente com o segmento [s] diante 39 das vogais altas [u] e [i]. Sendo [ß] um alofone de /s/ ( no caso dos lexemas para 'magro' , 'nariz' e 'cutia') Podemos ainda observar que alguns itens lexicais, nos dados do Apiaká 1, Apiaká 2, Apiaká 3 e Guimarães 1844, apresentam o segmento [j], conservando a forma do Proto Tupí-Guaraní /*j/, no lugar do /s/, nos dados de Coudreau pode-se observar as duas ocorrências o que seria uma etapa intermediária da mudança. Nos dados de Gudschinsky, e nos coletados por mim, predomina a forma /s/. Este fenômeno é relevante para a classificação da língua Apiaká, dentro da família TupíGuaraní, segundo os critérios de mudança fonológica adotados por Rodrigues (1985) e Rodrigues e Cabral (2001) nos seus trabalhos de classificação interna das línguas da família Tupí-Guaraní. Noto ainda que algumas transcrições realizadas por estes estudiosos, que coletaram os dados fornecidos no quadro, marcavam i como forma ortográfica para [j]. 40 CONCLUSÃO. Este trabalho objetivou descrever o sistema de sons da língua Apiaká e seus principais aspectos fonológicos. Procurei identificar os fonemas da língua Apiaká e as suas realizações fonéticas, a partir de procedimentos metodológicos de análise fonológica segmental, que priorizam a descrição dos traços articulatórios dos fones depreendidos e identificação dos que funcionam em uma dada língua como unidades fonológicas, identificação esta que se realiza através de uma análise contrastiva dos dados (pares mínimos e análogos), em que oposições funcionais são detectadas. A análise buscou explicar os condicionamentos das formas fonéticas de cada unidade sonora distintiva, assim como as situações em que certas variações ocorrem livremente. Descrevemos também os padrões silábicos detectados. Finalmente, abordei algumas mudanças fonológicas ocorridas nos dois últimos séculos, tendo por base listas de palavras coletadas durante esse período por estudiosos e viajantes que tiveram contato com os Apiaká, dentre as quais se incluem palavras coletadas pelo autor desta dissertação. Devido às circunstâncias históricas e sociais nas quais se encontram os Apiaká, a documentação desta língua tornou-se uma tarefa urgente (ver Capítulo V). A comunidade Apiaká reconhece a educação como instrumento de melhoria da qualidade de vida e de recuperação de seus valores históricos e culturais. Professores de educação indígena que atuam nas aldeias manifestaram interesse em ministrar aulas do idioma Apiaká, no entanto, queixam-se da falta de material específico. Tal atitude revela a preocupação com a revitalização de suas tradições e língua por intermédio da escola. Além do interesse dos próprios Apiaká no que diz respeito à documentação do idioma, esta contribui certamente para preencher lacunas sobre a história e a etnografia deste povo Tupí-Guaraní. 41 Referências bibliográficas ALVES, Poliana Maria. Análise fonológica preliminar da língua Tuparí (Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília), 1991. CABRAL, Ana Suelly A. C. RODRIGUES, Aryon D. Revendo a classificação interna da família Tupi-Guaraní. In: CABRAL, A. S. A. C.; RODRIGUES, A. D. (Org), Línguas indígenas do Brasil: fonologia, gramática e história, tomo I: 327337. Belém: EDUFPA 2001. COUDREU, Henri. Voyage au tapajoz. Paris 1897. 213 pp. In-4°, 37 vinhetas, 1 mapa. – a versão portuguesa apareceu na série Brasiliana, vol. CCVIII, São Paulo 1941, 288 pp. In-8º, ilustrações do original. GUDSCHINSKY, Sarah. Questionário padrão para a pesquisa das línguas indígenas brasileiras. Idioma: Apiaká. Ms,1959 GUIMARÃES, José da Silva. Memória sobre os usos, costumes e linguagem dos Appiacás, e descobrimento de novas minas na província de Mato Grosso. Revista Trimestral de Historia e Geographia ou jornal do instituto Histotico e Geographico Brasileiro VI (1844). 2. ediçao,6. Rio de Janeiro, 1865. p.305-325 ISA – INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. www.socioambiental.org Povos Indígenas no Brasil.Verbete “Apiaká” elaborado por Eugênio Wenzel. KOCH, theodor. 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F Ve r de Gran de Rio C repori Parau a pe ba s Rio To ca o Ri Estado de Co nt Distrito Federal as o Rio R io Rio J urue na á cur u ente o rr Rio o Pa r do BRASÍLIA Capital de País Manaus Capital de Estado Santarém Outras localidades Rios, lagos re t P R A (?) WAYORÓ (RO) 20 Pi q ai Ar aç u Rio I nd a iá Rio r anapa u ir nem a R io Ri o Tietê do aíba Par Sul (AM) AMAZONAS (MA) MARANHÄO (MT) MATO GROSSO Rio de Janeiro Références : Cartes IGN (France) à 1 : 5 000 000 (1968), adaptées selon carte d'auteur : Feuille 1 : Haïti-Lima Feuille 2 : Georgetown-Recife Feuille 3 : La Paz-Santiago Feuille 4 : Rio de Janeiro-Bueno-Aires Curitiba o Ri açu Igu R io Bibliografia: Trópico Centro de Documentação Indígena 1987 Povos Indígenas no Brasil. CEDI, São Paulo. do Ca pricór Grimes, B.F. 1992 Ethnologue. SIL, Dallas. nio Guirre, D. 1985 Povos Indígenas no Brasil e Presença Missionária. CIMI, Brasília. Lizzaralde, M. 1987 Presente Locations of the Indigenous Populations of South America. University of California, Berkeley. Rodrigues, A. D' 1993 Endangered languages in Brazil. In Symposium on Endangered Languages of South America. Rijks Universiteit Leiden. Teixeira, R.F.A. 1995 As Línguas Indígenas no Brasil. In A temática indígena na escola. MEC/MARI/UNESCO, Brasília. gro Ne Escala 1: 8.500.000 0 60° (RO) RONDONIA (RR) RORAIMA (TO) TOCANTINS Iguap e i im As línguas mais faladas na região Amazônica são: - Tikuna (AM): 18.000 falantes - Makuxi (RR): 15.000 falantes - Yanomami (RR) e Guajajara (MA): 6.000 falantes São Paulo do ira Rio Ri b e Ch op A população indígena no Brasil é de aproximadamente 200 mil. Na região da Amazônia Legal a população indígena é de: 133.677 (sendo algumas não situadas no mapa, entre elas a Língua Geral Amazônica, ou Nheengatu (fam. Tupi-Guarani), falada por varios povos indígenas ao longo da vale de Rio Negro) Rio Po mba do Pe ixe Rio Iguaçu Rio Urugua 66° o S ão Rio o G o 10 TARIANA (AM) rc bá Co r s ná R Pe r A Ri SURIANA (AM) D oce ar a 20 P I 2 SABANÊ (RO) Rio Pa Rio Iguatemi Ri 5 KUYUBY (RO) Ri o ; ai Ri ra cu ru cu 5 S. Rio a oP o r ia Dados etnolingüísticos Número de línguas indígenas faladas no Brasil: 180 Número de línguas na região Amazônica: 156 e Vitória i ibaj R io T 1 (?) tê Pa r do nt e Ri ha Tie Rio Doc Rio Iva í 10 10 Ve rd e m a Bril Belo Horizonte be 4 Rio G rande rao R io Mat e us Pa io Rio Ap a ran de zol Rio duí Ita h é a s ha n Rio Ju Rio Rio Suaçui G Q ueb ra- An Cette carte n'implique de la part de l'ORSTOM aucune prise de position quant au statut juridique du pays, des territoires, villes ou zones et de leurs autorités, ni quant à leurs frontières ou limites. lh An Ve das co po di Ri o Rio itinb o nh a equ oJ Ri r a cat u Represa de Três Marias Rio o Bran Pa Rio ARIPAKÚ (RO) Ri de R io Campo Grande o Ri 2 M a r gu falantes APIAKA (MT) o e um Rio ra ná Rio Rio rtes Mo Ri o das ag ua o Rio ca x is ba de R. Curo á-Una s Ta pa jó Rio Rio A r d Rio e Ri o Novo ço é ar Ja c Rio de Ri Ri o Maceió Aracaju im am ir Par Ri o Par ag ua izin ho Rio Va z a-B arr is R i o Itape U na a F R io Rio Te re Ja o Rio Tef é Rio t o I tui R. o Ta r io d Sa n in R. G regó Ju r uá nd iat ub a Ju Ja Rio ça R. C Rio Demin i a R. M r u iá T A O N EA OC ar i U R E P á C an Rio Jur u o uí Fr a Ve ú rur i Su R. As línguas indígenas em perigo de extinção são KOKAMA (AM) Ri o Rio P Ri KATAWIXI (AM) ta oI Ri o ocant i ns Rio T do falantes do crioulo guianense (base lexical francesa) KANOÊ (RO) m ú de Rio GALIBI MARWONO (Fam. Karíb) a 72° Ve falantes do crioulo guianense (base lexical francesa) ovo ari N Taqu c Va NINÁM SANUMA YANOMAMI Ri o R io BARÉ (AM) Recife sco Salvador La. Mandioré AVA CANOEIRO (TO) íba ara R io Jacuip e C Rio Goiânia BORORO oP Ri to oxo Rio Pa lm BRASÍLIA La. Guaíba Língua Joäo Pessoa ande Gr Rio Cl ar en Rio oM Rio Pre to n Gra Rio A Família Yanomami Sã o L our Natal as é io n o Rio o Ri ra Pi oP ia o Sã KARAJA BORORO b ia Cu ru sas XAVANTE o Ri KAMà (DÂW) KARAPANà (do Solimões) MAKU HÚPD MAKU YUHUPDE NADËB WARIWA (NADËB) XAVANTE r KARIPUNA DO NORTE (Tronco Tupi) Família Tukano KUYUBY PAACA NOVA TORA ne lue Corre n Ri o tes La. Uberaba TIKUNA Família Txapakura Rio dos S s Mort es Rio da Cuiabá Família Tikuna ARAPASO BARA BARASANO DESANO KARAPANà PIRA-TAPUIA SURIANA TUKANO MIRITI-TAPUIA TUYUKA WANANO XAVANTE çu ixás- A Cr UMUTINA KARAJA R io XAVANTE Cu anabui ú Ri o R e rib ua ag ra n ci R io d as Bal talino rmos o o u Cris R . Fo MEHINAKU Ri o i XERENTE Palmas o Ri AMAWAKA JAMINAWA KAXARARI KAXINAWA KORUBU (isolados) MARUBO MATIS MATSES MAYA NUQUINI POYANAWA SHAMINAWA SHAWANAWA YAWANAWA PARESI ot o s al s a as B o Família Pano AIKANà ARIPAKU IRANXE ISSÉ JABOTI KANOÊ KATAWIXI MINKY MIRÃNA TRUMAI WITOTO KALAPALO Sui á - i çu M NAMBIKWARA SABANÊ oré Teresina TAPIRAPE AVA CANOEIRO KREEN-AKARORE TRUMAI NAHUKWA YAWALAPITI KUIKURO Tel ires es P Família Nambikwara KARAJA GOROTIRE Rio ou u CANELA RANKOKAMEKRA Ri o It ap ecu KARAJA WAURA IRANXE ur Fortaleza KRIKRATI CANELA APANIEKRA KRAHÔ gu Xin SABANÊ R i o Gua p a o Ri NAMBIKWARA NAMBIKWARA KAMAYURA NAMBIKWARA Línguas isoladas R. re sc F MINKY l MURA MURA PIRAHà Ri i Vilhena MACURAP I A APINAJE R GOROTIRE SUYÁ U Família Maku ajá ovo N MACURAP TXIKÃO ENAUENÊ NANÉ AIKANà NAMBIKWARA GUAJAJARA Ri o TAPAYUNA u a nd ira CANAMARI KATUKINA Rio B R ção AIKANà e nu Família Katukina 78° ARIPAKÚ o ra TXIKÃO TAPAYUNA CINTA LARGA oM Ri © MPEG/ORSTOM, 1998 - Laboratoire de cartographie appliquée (ORSTOM) - C. Valton APARAI ARARA BAKAIRI GALIBI HIXIKARIANA INGARIKÓ KALAPALO KARAFAWYANA KAXUYANA KUIKURO MAKUXI MAWAYANA NAHUKWA PATAMONA TAUREPANG TIRIYÓ TXIKÃO WAIMIRI-ATROARI WAIWAI WAYANA JABOTI Família Mura APURINà BANIWA BARÉ ENAUENÊ NANÉ KAMPA (ASHÁNINKA) KURIPAKO MANDAWAKA MAXINERI MEHINAKU PALIKUR PARESI TARIANA WAPIXANA WAREKENA WAURA YAWALAPITI Família Karíb TUPARI R io J a popé RIKBAKTSA iç pe c Ri Ri o TXUKAHAMÃE KARAJA nissau á - M Ma Rio BAKAIRI Família Aruák (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Ramarama) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Mondé) (Fam. Tupari) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Mondé) (Fam. Mondé) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Arikém) (Fam. Ramarama) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupari) (Fam. Mondé) (Fam. Mundurucu) (Fam. Mondé) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupi-Guarani) (Língua) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupari) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupi-Guarani) (Fam. Tupari) (Fam. Mondé) KUYUBY ARUÁ ARUJU MEQUÉM B O L Í V em gu MENTUKTÍRE Ma BANAWA DENI JARAWARA KANAMANTI KULINA PAUMARÍ IAMANADI ZURAUHÁ Com CINTA LARGA SURUI Alta Floresta KAYABI oM un i m Miracema do Norte APIAKA Ri KREYE KOKRAIMORO R CINTA LARGA io XIKRIN á ru Cu Rio Família Arawá PAITER Rio Ir ir Ri o PAACA NOVA JABOTI m anxi Jam WAYORÓ KANOÊ ARARA DO BEIRADÃO KARO GAVIÃO ZORÓ XIKRIN tete Ca KUBE-KRANG-NOTI São 24° Pa Ji- X in RIKBAKTSA s no 20° AMANAYÉ ANAMBÉ APIAKA ARARA DO BEIRADÃO ARAWETÉ ARUÁ ARUJU ASURINI AVA CANOEIRO CINTA LARGA GAVIÃO GUAJA GUAJAJARA KAMAYURA KAMBEBA KARIPUNA KARITIANA KARO KAYABI KOKAMA MACURAP MEQUÉM MUNDURUCU PAITER PARAKANà PARITINTIM POTURU (ZOÉ) SATERÉ MAUÉ SURUI TAPIRAPE TEMBÉ TENHARIM TUPARI TUPI KAWAHIB URU EU WAU WAU URUBU KAAPO WAIÃPI WAYORÓ ZORÓ o Ri o MEKRAGNOTI KAYABI TUPI KAWAHIB GUAJA ré Pinda GUAJAJARA PARAKÃTEJE PARAKANà KUBENKRAN-KEGN A ri Rio Tronco Tupi EU WAU WAU PAACA NOVA APINAJE (Fam. Jê) BORORO (Fam. Bororo) CANELA APANIEKRA (Fam. Jê) CANELA RANKOKAMEKRA (Fam. Jê) GOROTIRE (Fam. Jê) KARAJA (Fam. Karaja) KOKRAIMORO (Fam. Jê) KRAHÔ (Fam. Jê) KREEN-AKARORE (Fam. Jê) KREYE (Fam. Jê) KRIKRATI (Fam. Jê) KUBE-KRANG-NOTI (Fam. Jê) KUBENKRAN-KEGN (Fam. Jê) MEKRAGNOTI (Fam. Jê) MENTUKTÍRE (Fam. Jê) PARAKÃTEJE (Fam. Jê) RIKBAKTSA (Língua) SUYÁ (Fam. Jê) TAPAYUNA (Fam. Jê) TXUKAHAMÃE (Fam. Jê) UMUTINA (Fam. Bororo) XAVANTE (Fam. Jê) XERENTE (Fam. Jê) XIKRIN (Fam. Jê) R io paURU r Ac Tronco Macro-Jê ARAWETÉ Pir es Rio le s Te Rio KARIPUNA ná ra JAMINAWA KARITIANA a eir PAACA NOVA o Iac ã an Rio a R. A bu nã Rio Branco MAXINERI m s Ro M Ri Troncos, Famílias e Línguas 16° TENHARIM R S urubi PARAKANà ac São Luís GUAJA KARAJA Aripuanã io ta R. Línguas isoladas (adaptada por O. Renault-Lescure) 12° TENHARIM Ro o s evelt KAXARARI ASURINI m Capi Rio AMANAYÉ io Porto Velho APURINà xi Itu o Ri TEMBÉ TEMBÉ já i ASURINI DO XINGU MURA PIRAHà Pa c URUBU KAAPO rá R io Irir A A R io Guama ANAMBÉ ARARA Itaituba o APURINà s ru o Ri Rio u Ri o P Rio ARARA Ri IAMANADI KAXINAWA adi rup o Ri Maués Rio APURINà KATAWIXI KANAMANTI R. Jac i R. a vir En us APURINà i Jamar KULINA KAMPA (ASHÁNINKA) r Rio Pu IAMANADI R. KAXINAWA U MUNDURUCU A SHAWANAWA ã ari Ac Rio APURINà ini Pav ir a a PARITINTIM eto Rio Pr R LEGENDA Rio M Aripuan ã KULINA KATUKINA um an BANAWA ã rau SHAMINAWA Ri o APURINà JARAWARA YAWANAWA KAMPA (ASHÁNINKA) APURINà ru s Pu TORA DENI ZURAUHÁ CANAMARI ri a Ri o C TIKUNA KULINA á SATERÉ MAUÉ MURA APURINà PAUMARÍ CANAMARI ac av i ar R. Mo a Rio Co R io Manaus Mucui m Cruzeiro do Sul AMAWAKA JAMINAWA Rio KULINA rá Rio P a s Santarém MUNDURUCU Rio u Ju r Rio 8° CANAMARI MATIS MARUBO NUQUINI POYANAWA aí BAÍA DE MARAJÓ Rio MATSES KULINA Ri CANAMARI MATSES KATUKINA Macapá Belém a azo n Am Rio Ri á R io A r auu uc Ur Ri o ari ru gu Xi n Rio TIKUNA Pa ú KARAPANà (do Solimões) ISSÉ WITOTO MATSES WITOTO MIRÃNA KAMBEBA MIRÃNA Rio S ol i m ões TIKUNA KULINA KAMBEBA TIKUNA TIKUNA Línguas isoladas WAIMIRIATROARI ri TIKUNA Rio S o li mões TIKUNA MAYA MATSES u KORUBU ur (isolados) R. MAWAYANA M apuera KULINA Rio Iça CANAMARI HIXIKARIANA POTURU (ZOÉ) Rio N h a mun dá rá pu Rio Ja CANAMARI KOKAMA 4° i jun Cu Rio Unin i Japu r á TIKUNA v Rio WAIMIRIATROARI Ne g ro u Arag Rio a ap ié ar WARIWA Rio KARAFAWYANA Am APARAI WAIÃPI KAXUYANA a Ri o M R io NADËB MAKU YUHUPDE Ja Rio Rio R. Uau pès KAMà u Rio Ja Rio Ma i curu MANDAWAKA Curicuriari Rio WAYANA au á An i Ja r TUKANO TUKANO BARA MIRITI-TAPUIA SURIANA YANOMAMI io R io Rio Tiq uié huiri da Pa BARASANO TUYUKA 50° 40° WAIWAI R. a WAIÃPI TIRIYÓ Ri o Bra nc .I ç O 1.000 km 60° WAREKENA DESANO TUKANO BANIWA ARAPASO R io FIC an a PIRA-TAPUIA TARIANA MAKU HÚPD 0 0° 80° R WANANO WAPIXANA Rio Xi é CÍ 30° KARAPANà tu PA CO ani rim O TI Rio S an ta N N B o is A  A na pu E L MAKUXI ia C C BANIWA KURIPAKO Uruguai Argentina t BARÉ Rogério Vicente Ferreira Coordenação: F. Queixalos e O. Renault-Lescure GALIBI MARWONO ac ip Boa Vista YANOMAMIRio Ca Paraguai poq ue Ri o Ta ca Mucajai Bolívia Chile GALIBI PALIKUR GUIANA Línguas indígenas da Amazônia brasileira KARIPUNA DO NORTE Oia i Ri o O WAPIXANA MAKUXI Urari qu e ra GUIANA FRANCESA SURINAME R io Ri o MAKUXI n Ô O 10° BRASIL WAPIXANA TAUREPANG NINÁM ar L Peru M SANUMA Au R. 0° Equador A B I pe 4° Guiana Suriname Guiana francesa R. C INGARIKÓ ; ; V E N E Z U E L A 10° Venezuela Colômbia 300 km i 54° 48° 42° 36°