PERFIL DO CONSUMIDOR COM E SEM DÍVIDAS NO BRASIL – COMO O CONSUMIDOR
BRASILEIRO PAGA AS CONTAS
Pesquisa inédita realizada pela CNDL e SPC Brasil buscou avaliar o perfil dos brasileiros
adimplentes e inadimplentes, sendo considerados como:
a) adimplentes: aqueles que pagam regularmente suas compras e dificilmente têm seu
nome negativado nos sistemas de proteção ao crédito.
b) inadimplentes: aqueles que não pagam regularmente suas compras e, possivelmente,
têm seu nome negativado nos sistemas de proteção ao crédito.
Para o perfil adimplente, foram ouvidos em todo o país 668 pessoas, de acordo com a
distribuição do IBGE por estado da Federação; nenhuma delas possuía conta em atraso há
mais de 90 dias. Já para o perfil inadimplente, foram 609 casos, todos eles de pessoas com
alguma conta em atraso há mais de 90 dias.
A pesquisa dos inadimplentes tem margem de erro de 4,0% a um intervalo de confiança de
95%. A pesquisa dos adimplentes tem margem de erro de 3,8% a um intervalo de confiança de
95%.
A análise realizada neste documento mostra que os adimplentes priorizam o pagamento de
suas contas por:
data de vencimento – 40%;
contas de maior necessidade (água, luz e telefone) – 17%;
contas com valores mais altos – 13%.
Enquento os inadimplentes priorizam o pgamento de suas as contas por:
contas de maior necessidade – 36%;
data de vencimento – 29%;
contas com valores mais altos – 14%.
Sendo que 70% dos inadimplentes afirmaram que nenhuma das contas desse tipo estão
atrasadas há mais de 90 dias.
Os adimplentes, que possuem uma maior organização e planejamento financeiro, priorizam o
pagamento de contas de acordo com a data de vencimento para evitar atrasos. Isso pode ser
um indicativo da adimplência destes entrevistados. Enquanto os inadimplentes priorizam as
contas básicas da casa possivelmente para manter o funcionamento de suas residências, visto
que o não pagamento de tais contas implica a supressão dos serviços ofertados.
52% dos inadimplentes afirmaram que possuem apenas uma conta vencida há mais de 90 dias.
Bens não duráveis são o que se apresentam como os principais causadores deste
endividamento: roupas e calçados (62%) são os bens mais citados como responsáveis pelo
atraso de contas. Eletrodomésticos (29%) também possuem um papel considerável para o
endividamento dos inadimplentes. Esse perfil de endividamento independe da classe social ou
do sexo dos inadimplentes.
Esses atrasos apresentam uma variação do valor total entre R$ 500,00 e R$ 4.999,00 (66%).
Analisando valor total da dívida por sexo, a maioria dos homens possui dívidas entre R$
2.000,00 e R$ 4.999,00, enquanto que a maioria das mulheres possui dívidas entre R$ 1.000,00
e R$ 1.999,00.
A análise do cenário de comprometimento de renda futura desses inadimplentes parece ser
preocupante. Estes pretendem aumentar o consumo de bens e serviços nos próximos meses.
55% pretendem comprar vestuários e calçados e 22% pretendem fazer compras parceladas no
cartão de crédito nos próximos 6 meses. Apesar da situação financeira em que se encontram,
os inadimplentes pretendem utilizar sua renda futura para o consumo e para assumir mais
compromissos de longo prazo.
Tal ação pode ter um duplo efeito perverso. Ao invés de utilizar sua renda para quitar
compromissos assumidos no passado, e diminuindo o seu nível de inadimplência, estes
preferem assumir novos compromissos, aumentando o número de compromissos a pagar no
futuro e comprometendo ainda mais sua renda no longo prazo.
Falta de controle financeiro (32%) e o desemprego (20%) são os fatores preponderantes para
os inadimplentes se encontrarem em tal situação. Apesar do cenário complicado em que se
encontram, 47% afirmam que têm condições de pagar as contas em atraso totalmente e 49%
que têm condições de pagar parcialmente. No entanto, apenas 62% dos inadimplentes
pretendem quitar as dívidas em atraso nesse momento. Dos que afirmaram que não
pretendem, 63% alegam que, atualmente, não têm condições financeiras para quitá-las.
Os atrasos de compromissos assumidos por mais de 90 dias resultam em inadimplência,
gerando complicações com crédito. Indivíduos que se encontram em situação de adimplência
também estão sujeitos a se encontrarem nessa situação. Apesar de 74% dos adimplentes
afirmarem que nunca estiveram nessa situação, 19% já enfrentaram problemas de crédito em
algum momento e 6% afirmaram que estavam negativados no momento da pesquisa. Os
principais motivos para gerar tal situação foram:
desemprego – 25%;
empréstimo do nome para terceiros – 22%;
falta de controle financeiro – 11%.
Isso ocorreu por dívidas em lojas (39%), dívidas com cartôes de crédito (30%) e dívidas com
bancos (14%).
Como 5% dos adimplentes têm por hábito emprestar o nome a terceiros e esse grupo possui
um perfil de se planejar financeiramente, esse comportamento pode comprometer a sua
adimplência. Como estes controlam seus recebimentos e gastos, e assumem compromissos de
acordo com sua posse, dificilmente passarão a ser inadimplentes. Isso mostra que situações
adversas imprevisíveis, de descuido e de descontrole financeiro (neste último caso, resultado
de compras impulsivas na maioria das vezes) podem gerar complicações de crédito para
adimplentes.
Para os entrevistados inadimplentes, 51% estavam com problemas de crédito no momento da
pesquisa, 30% afirmaram que nunca tiveram seu nome negativado nos sistemas de proteção
ao crédito e 11% não estavam com complicações no crédito, mas em algum momento já
estiveram. Os principais motivos para gerar tal situação foram:
desemprego – 30%;
falta de controle financeiro – 22%;
empréstimo do nome para terceiros – 7%.
Os principais causadores para tal complicação são dívidas com bancos (44%), dívidas com
cartões de crédito (37%) e dívidas em lojas (33%) e os motivos que levam a problemas com
crédito são desemprego (30%), falta de controle financeiro (22%) e empréstimo do nome para
terceiros (7%).
As dívidas que levaram a complicações de crédito tanto para os adimplentes quanto para os
inadimplentes são as mesmas, porém as dívidas que possuem taxas de juros mais elevados
possuem uma participação maior para os inadimplentes. Isso pode resultar em um
agravamento de seu nível de inadimplência.
Os entrevistados também encontrarem maneiras para sair dessa situação. Para os
adimplentes, 56% saíram dessa situação através da renegociação com credores e quando a
renegociação foi feita com instituições financeiras, 46% acharam a renegociação foi fácil, o
mesmo percentual encontrado para os que acharam difícil. Para os inadimplentes, 62% saíram
dessa situação através de renegociação com credores. 28% tiveram boas impressões por
considerarem fácil tal negociação quando ocorreram com instituições financeiras. Porém, 56%
consideraram essa negociação difícil. Um potencial motivo é a própria inadimplência, que
reduz a credibilidade com relação ao pagamento de contas perante aos credores. É possível
que os credores, ao renegociar com inadimplentes, entendam que há um risco maior de que
esses não cumprirão com novos compromissos assumidos pós-renegociação.
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Análise PDF - Meu Bolso Feliz