FACULDADES INTEGRADAS SIMONSEN - FIS
COORDENAÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
RELATÓRIO PARCIAL
TEMA DO PROJETO: “OS ASPECTOS SOCIAIS NAS OBRAS DE
GRACILIANO RAMOS EM:”VIDAS SECAS E “SÃO BERNARDO”
AUTOR(A): GLÁUCIA RODRIGUES DE MESQUITA
RIO DE JANEIRO, SETEMBRO DE 2012
FACULDADES INTEGRADAS SIMONSEN - FIS
OS ASPECTOS SOCIAIS NAS OBRAS DE GRACILIANO RAMOS EM:”VIDAS
SECAS” E “SÃO BERNARDO”
RELATÓRIO PARCIAL APRESENTADO POR GLÁUCIA RODRIGUES DE
MESQUITA
PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
PROFESSOR ORIENTADOR: FLORÊNCIO PINTO DA ROSA
RIO DE JANEIRO, SETEMBRO DE 2012
SUMÁRIO
Resumo.....................................................................................................1
Introdução..................................................................................................2
Revisão de literatura..................................................................................3
Sobre o autor
Biografia de Graciliano
Ramos........................................................................................................4
Características do
autor............................................................................................................6
“Vidas Secas”
Resumo da obra“Vidas
Secas”..........................................................................................................7
Principais características dos personagens em “Vidas
Secas”..........................................................................................................8
Contextualização histórica da obra ”Vidas
Secas........................................................................................................
Os aspectos sociais encontrados em “Vidas
Secas”......................................................................................................
“São Bernardo”
Resumo da obra “São
Bernardo”..................................................................................................
Principais características dos personagens em ”São
Bernardo...................................................................................................
Contextualização históricada obra “São
Bernardo”.................................................................................................
Os aspectos sociais encontrados em “São
Bernardo”..................................................................................................
Materiais e métodos................................................................................
Resultados............................................................................................
Referências Bibliográficas...................................................................
RESUMO
Esta pesquisa visa analisar os aspectos sociais encontrados nas obras
de Graciliano Ramos, tendo como referência apenas dois de seus romances,
que são as obras “vidas secas” e “São Bernardo”.
A pesquisa apresentará a biografia do autor, como também análisesdas
principais características de escrita do autor, as principais características dos
personagens, contextualizações históricas referentes as obras apresentadas,
apontamentos dos aspectos sociais mais relevantes encontrados nas obras do
autor.
1
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa busca identificar e analisar a presença de
diferentes aspectos sociais encontrados nas obras “Vidas Secas” e “São
Bernardo” muito bem apresentados pelo autor Graciliano Ramos.
Sabendo-se que Graciliano é considerado um dos maiores escritores da
literatura brasileira, o mesmo destaca-se por relatar de maneira sucinta e
concisa alguns fatores sociais que rodeiam a sociedade em que vivemos.
Reconhecer as características do autor será extremamente importante, pois
para obter resultados, como a identificação dos fatores sociais em suas obras,
se fará necessário traçar o perfil do autor reconhecendo sua história, suas
características na escrita e seu estilo literário, assim como, uma pequena e
clara sinopse de cada obra: “Vidas Secas” e “São Bernardo” , as principais
características dos personagens das obras , o contexto social em que esses
personagens estão inseridos sendo de extrema importância, uma vez que para
um melhor entendimento desses fatores é preciso entender a obra e localizá-la
historicamente, com a finalidade de perceber quais os aspectos históricos
influenciaram tais fatores. Pois cada momento histórico está condicionado a
uma realidade que é refletida em um determinado tipo de obra ou estilo, por
esse motivo a pesquisa será pautada em estudos históricos da época de
publicações dos romances.
A primeira parte busca apresentar a biografia detalhada do autor,
traçar as suas principais características nas escritas de suas obras e o estilo
literário que o autor pode inserir-se. Na segunda parte foram abordados
assuntos como a contextualização histórica do romance,um resumo da obra
“Vidas Secas”,
traçou-se as principais características dos personagens e
destacou-se quais os aspectos sociais mais encontrados na obra. A terceira
parte discorre sobre o livro “São Bernardo” sendo analisados os mesmos
fatores da obra “Vidas Secas”.
2
REVISÃO DE LITERATURA
Foi possível observar que a pesquisa teve um avanço bastante
significativo. Os materiais lidos e analisados até o presente momento foram de
extrema importância, para que a análisedos principais objetivos fossem aqui
apresentadas de forma clara e precisa. Pode-se traçar algumas características
relevantes dos personagens, assim como identificar e apresentar os principais
fatores sociais encontrados na obra, destacando-se para isso, trechos das
obras como uma forma de sintetizar tais fatores.
É importante ressaltar, que neste relatório parcial foram apresentados
apenas alguns fatos históricos da década de 30,época de publicação das obras,
que ainda estão sendo analisados, para que possam ser apresentados no
relatório final com mais riqueza de detalhes. Uma vez que, ao longo da
pesquisa foi possível descobrir a importância dos estudos históricos para a
literatura..Assim, entre História e a Literatura há uma aliança: ou a Literatura é,
ela própria, um fenômeno histórico (“o valor de uma obra é o seu lugar na
História”, como destacava Picon, 1979), ou o fato histórico pode ser captado
dentro da Literatura, imanente ao texto. Além disso, as obras literárias
representam um poder intelectual e “moral” obtido por meio do consenso social :
pela sociedade que consome as obras e pela crítica.
3
BIOGRAFIA DE GRACILIANO RAMOS
O escritor Graciliano Ramosé alagoano e nasceu no dia 27 de Outubro
de 1892 em Quebrângulo. Sendo filho de comerciante, viveu em cidades do
interior de Alagoas e de Pernambuco. Tornar-se-ia, mais tarde, um dos autores
mais representativos da Geração de 30 do Modernismo Brasileiro.
Em 1905 vai para Maceió onde frequenta o Colégio Quinze de Março.
Neste período escreve um periódico chamado “Echo Viçosense”, em Viçosa,
de publicação bimensal.
Em 1909 inicia sua colaboração com o Jornal de Alagoas, escrevendo
em poesia e em prosa sob diversos pseudônimos, entre eles: Almeida Cunha,
S. de Almeida Cunha, Soares de Almeida Cunha e Lambda. Utilizaria daí por
diante, em seus trabalhos posteriores, outros vários pseudônimos. Foi
jornalista, comerciante e diretor da Instrução Pública de Alagoas, e em 1928 foi
eleito Prefeito de Palmeira dos Índios (AL), cargo que viria a renunciar dois
anos depois.
Em 1933 inicia sua carreira como escritor, lançando seu primeiro
romance, “Caetés”. No ano seguinte viria a publicar “São Bernardo”.
Em 1936 é acusado de subversão comunista e acaba preso durante
onze meses, no estado do Rio de Janeiro. Esta experiência viria a inspirar uma
de suas obras mais conhecidas, “Memórias do Cárcere”, no ano de 1955.
Em 1937 recebe prêmio “Literatura Infantil”, do Ministério da Educação,
pelo seu romance “A terra dos meninos pelados”, e no ano seguinte publica
sua obra prima “Vidas Secas” narrando a vida do sertanejo em uma dura
realidade.
Em 1942, no dia 27 de outubro, recebe o prêmio “Felipe de Oliveira”, em
um jantar comemorativo pelos seus 50 anos de idade. Nos anos seguintes viria
a publicar ainda muitas obras, sempre se destacando por sua linguagem
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precisa, pela engajamento de suas obras, utilizando a literatura como um meio
para discutir e mudar a realidade em torno de si, características estas que
foram típicas das obras modernistas da geração de 30.
Em 1952, gravemente enfermo, vai para Buenos Aires em busca de
melhoras, lá passa por uma cirurgia sem esperanças de êxito, e volta ao Rio de
Janeiro desenganado pelos médicos. Ainda neste mesmo ano é homenageado
pelos seus 60 anos no salão nobre da Câmara Municipal do Rio de Janeiro,
ocasião em que foi representado por sua filha, pois se encontrava doente.
O Escritor morre no ano seguinte, no dia 20 de Março, no Rio de Janeiro.
5
CARACTERÍSTICAS DO AUTOR
Graciliano Ramos é considerado um dos maiores escritores da
literatura brasileira. Em suas obras deixa de lado o sentimentalismo a favor de
uma objetividade e clareza.
O estilo formal de escrita e a caracterização do “eu” em constante
conflito (até mesmo violento) com o mundo, a opressão e a dor são as marcas
das suas obras. Assim como a questão políticae os dramas urbanos
são
encontrados constantemente em suas obras.
O autor utiliza suas obras para abordar alguns problemas sociais
encontrados na sociedade tais como: miséria, corrupção, vícios, desigualdade
social, exploração dohomem num sistema social injusto, problemas políticos,
ciúme excessivo.
Suas escritas tem uma relação muito estreita com a literatura realista do
século XIX..O autor localiza-se pela história na segunda fase do modernismo,
fase que pode ser chamada de Romance regionalista ou ciclo do Romance
nordestino. Outra característica de sua escrita é a forma condensada que
recebe, sendo muito carregada de estilo.
O crítico Antônio Cândido, sobre Graciliano Ramos, afirma que “[...] no âmago
de sua arte, há um desejo intenso de testemunhar sobre o homem, e que tanto
os personagens criados quanto, em seguida, ele próprio, são projeções deste
impulso fundamental, que constitui a unidade profunda de seus livros”.
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RESUMO DA OBRA “VIDAS SECAS”
O romance “Vidas Secas” narra o episódio de uma família de retirantes
em busca de um lugar que lhes ofereça meios de melhorar suas condições de
vida. Essa família é composta por Fabiano, homem humilde e trabalhador;
Sinha Vitória, esposa resignada e fiel; o Menino mais novo e o Menino mais
velho, crianças inocentes, representantes do anonimato social ; além da
cachorra Baleia, animal que se humaniza em relação à dura realidade por que
passa Fabiano e sua família.
Durante um longo percurso por um caminho que parece interminável, os
personagens enfrentam atrocidades várias, entre as quais, a fome, a sede e a
falta de um lugar onde pudessem se estabelecer. Depois de andarem muito, os
retirantes encontram uma casa que parecia abandonada. Eles se aproximam e
entram nela, mas logo chega o dono, para quem Fabiano, depois de oferecer
seus préstimos, começa a trabalhar, sendo vítima da seca, sua maior
antagonista, e da exploração por parte do proprietário das terras.
Na fazenda, a família permanece por algum tempo, cuidando do rebanho
do proprietário até que, desiludidos com o aparecimento das arribações que,
para eles “eram coisas da seca”, deixam a fazenda numa manhã bem cedo e
continuam sua busca estrada a fora, na tentativa de um dia encontrarem um
alento para suas vidas.
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PRINCIPAIS
CARACTERÍSTICAS
DOS
PERSONAGENS
EM
“VIDAS
SECAS”
Na obra os personagens são colocados em um nível animalesco, não no
sentido pejorativo, ou para ridicularizá-los, mas para mostrar o quanto eles
estão submetidos a uma situação bastante limitadora das suas potencialidades
humanas.
Há pouquíssimos diálogos na obra e quando existem são bastantes
curtos, indicando que entre os personagens há pouca interação. Os
personagens parecem ir atrás da palavra ou da linguagem certa para ser
expressar, mas não acham.
Fabiano: É um personagem nordestino pobre, marido de Sinhá Vitória, pai de
dois filhos. De um lado corre em busca de um emprego, de outro se entrega ao
vício de bebidas e jogos. O personagem também expressa brutalidade e
arrogâncias em suas expressões, , por esse motivo isola-se extremamente das
pessoas que o rodeiam , aproximando-se e identificando-se melhor com os
animais.
Sinhá Vitória: Mulher de Fabiano e mãe de dois filhos. É uma mulher simples,
muito sofrida e inconformada com a miséria em que vive. A personagem
idealiza a mudança para uma realidade melhor , sem miséria e com um pouco
de conforto. É a mais inteligente de todos controlando assim as contas e os
sonhos de todos.
Filho mais velho e Filho mais novo: São crianças extremamente sofridas e
profundamente marcadas pela grande miséria que a rodeiam. Enquanto o
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mais novo vê no pai um ídolo o mais velho sonha simplesmente sonha em ter
amigos. Um fato curioso é que em nenhum momento da obra é mencionado o
nome dos personagens. Apenas são referidos como “menino mais velho” e
“menino mais novo”.
Soldado Amarelo: O Soldado Amarelo é símbolo de repressão e do
autoritarismo pelo qual é comandado (ditadura Vargas).É corrupto e
oportunista.
Tomás da Bolandeira: Contrata Fabiano para trabalhar em sua fazenda. Tomás
da Bolandeira é o símbolo do patrão injusto, desumano e medíocre, que suga
os funcionários a todo momento, sem nenhum senso de solidariedade e
respeito para com o ser humano.
Baleia- É a cadela da família. A cachorra Baleia é tratada como um membro da
família. Aproximada a seres que vivem como bichos, a cachorra é humanizada.
Por isso, pode-se ressaltar a antropomorfização, que é a transformação de
animais em características humanas.
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CONTEXTUALIZAÇÃOHISTÓRICA COM A OBRA “VIDAS SECAS”
Os abalos sofridos pelo povo brasileiro em torno dos acontecimentos de
1930, a crise econômica provocada pela quebra da bolsa de valores de Nova
Iorque, a crise cafeeira, a Revolução de 1930, o acelerado declínio do nordeste
condicionaram um novo estilo ficcional, notadamente mais adulto, mais
amadurecido, mais moderno que se marcaria pela rudeza, por uma linguagem
mais brasileira, por um enfoque direto dos fatos, por uma retomada do
naturalismo, principalmente no plano da narrativa documental, temos também o
romance nordestino, liberdade temática e rigor estilístico.
Os romancistas de 30 caracterizavam-se por adotarem visão crítica das
relações sociais, regionalismo ressaltando o homem hostilizado pelo ambiente,
pela terra, cidade, o homem devorado pelos problemas que o meio lhe impõe.
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ASPECTOS SOCIAIS ENCONTRADOS EM “VIDAS SECAS”
O livro “Vidas Secas” se transformou em um livro ícone, daqueles que
servem de referência a um certo estilo. É um exemplo bem acabado da prosa
regionalista e um ponto de flexão do romance brasileiro. Pois falou de um
drama humano de forma tão concisa. Vale ressaltar, a maneira como a seca, a
fome, a miséria estão presente na obra representando um drama social em
uma linguagem que é pertinente e desprovida de qualquer excesso.
Aobra Vidas Secas retrata fielmente a realidade brasileira não só da
época em que o livro foi escrito, mas como nos dias de hoje tais como injustiça
social, miséria, fome, desigualdade, seca, o que nos; remete a ideia de que o
homem se animalizou sob condições subumanas de sobrevivência. O livro
relata um drama desde o começo, por se tratar de uma família de retirantes,
em que a condição social deles é a mais adversa possível. Eles são efêmeros
daquela fazenda abandonada e caminham continuamente em um tipo de ciclo
de seca, miséria e fome.
Miséria: A situação de miséria é o aspecto social mais predominante em “vidas
secas”. E está presentena obra tanto na descrição do meio em que viviam,
quanto na descrição dos personagens. Os personagens parecem não se
contentar com essa miséria, poistentam fugir dessa realidade a todo momento,
sendo sempre em vão, pois a situação de miséria parece os acompanhar em
todos os lugares. E tal situação é condizente com a vida de muitos brasileiros,
mas essa obra focaliza em particular a miséria do povo nordestino.
“NA PLANÍCIE avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas
verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e
famintos (Vidas Secas p.9).”
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“Pôs o filho no cangote, levantou-se, agarrou os bracinhos que lhe caíam sobre
o peito, moles, finos como cambitos( Vidas Secas p.11)”
Anulação da própria identidade: A inconformidade com a realidade marcada
pela miséria pode ser demostrada como uma espécie de anulação da própria
identidade. Pois em momento algum é mencionado o nome dos filhos de
Fabiano. Eles apenas são referidos como “menino mais velho” e “menino mais
novo”. Talvez pelo fato da fuga da própria identidade, uma vez que o nome é
algo tão importante para a identidade. E nesse caso o meio em que vivem é tão
precário, que nem há importância para a criação de uma identidade própria.
“Baleia, e os dois filhos do casal, o mais novo e o mais velho, passam por
diversas privações(RAMOS, p.13)”.
A inconformidade dos personagens: Os personagens não se conformam com a
realidade em que são inseridos. Por isso criam uma espécie de utopia e
almejam algo que parece ser tão distante e ao mesmo tempo tão simples, que
seria apenas uma moradia digna e com um pouco de conforto.
“Sinhá Vitória refugia-se no devaneio, imaginando-se com a cama de lastro de
couro (RAMOS, 1989, p.24)”
Vícios: Os vícios também é algo encontrado na obra, pois Fabiano ao receber o
dinheiro de Sinhá Vitória comprar um tecido para mulher, como lhe pedira,não
se contenta aos vícios dos jogos e da bebida e gasta o dinheiro que recebeu de
sua mulher. Nesse caso os vícios como os jogos e a bebida são fatores que
mais uma vez denotam fuga de uma realidade tão difícil.
“Sinha Vitória e Fabiano discutem. Ela faz alusão ao dinheiro gasto por Fabiano
com jogo e cachaça(RAMOS,1989 P.37).”
Desigualdade social: A desigualdade social também é algo muito marcante na
obra, pois na mesma região, nos deparamos o personagem Tomás da
Bolandeira , homem que possui terras, muito dinheiro simbolizando grande
status econômico e profissional . E por outro lado a fome e a miséria são
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fatores que imperam na vida de Fabiano e sua família.
Exclusão da educação: Outro aspecto social muito crítico encontrado na obra é
a exclusão do acesso à educação. Pois Fabiano admira o vocabulário
rebuscado de Tomás da Bolandeira e tenta se expressar da mesma forma, mas
logo se cala ,já que não teve a oportunidade de ter acesso ao mesmo a esse
nível de cultura.
“Admirava as palavras compridas da gente da cidade, tentava reproduzir
algumas em vão, mas sabia que elas eram inúteis(RAMOS,1989, p.121)”
Problemas políticos: O personagem soldado Amarelo é apresentado como
crítica a forma ao poder político da época, comandado por Getúlio Vargas foi
um governo totalmente autoritário e repreensivo.
“Mas
todos
obedeciam
a
ele.
Ah!
Quem
disse
que
não
obedeciam(RAMOS,1989,P.104)?”
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RESUMO DO LIVRO SÃO BERNARDO
Publicado em 1934, São Bernardo é, sem dúvida, um dos romances
mais densos da literatura brasileira. O social e opsicológico se fundem em São
Bernardo para criar uma obra de profunda análise das relações humanas.
A narrativa, em primeira pessoa, gira em torno da vida de um fazendeiro, Paulo
Honório, que tendo passado uma infância extremamente pobre, procura viver
depois em função do dinheiro e da riqueza que conseguiu obter.
Possuindo um fino tato para negócios e aproveitando-se das fraquezas
de Luís Padilha, jogador irresponsável, compra-lhe a fazenda de São Bernardo,
onde trabalhara anos antes, e faz dela uma fonte de riquezas. Astucioso,
desonesto, não hesitando em amedrontar ou corromper para conseguir o que
deseja, Paulo Honório vê tudo e todos como objetos cujo o único valor é o lucro
que possam lhe trazer.
Casa-se com Madalena, simples professora sem emprego que vive com
uma tia velha, procurando garantir assim um herdeiro para São Bernardo. Mas
Madalena, que vive em função dos outros valores, é a única pessoa que Paulo
Honório não consegue transformar em objeto. Ela discute frequentemente a
propósito da concisão de vida dos empregados da fazenda, despertando nele
uma raiva funda e ao mesmo tempo uma confusão mental e incompreensão
que o atormentam. Não a compreende, pertencem a mundos diferentes.
Nasce-lhe o filho, mas a situação não se altera.
A vida angustiada e o ciúme exagerado de Paulo Honório desesperam
Madalena, levando-a ao suicídio. Pouco a pouco, todos começam a abandonar
São Bernardo. Uma queda nos negócios leva a fazenda à ruína. Sozinho,
Paulo Honório vê tudo destruído e na solidão procura escrever a sua história de
vida.
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CONTEXTUALIZAÇÃOHISTÓRICA EM “SÃO BERNARDO”
Na História, a produção de “São Bernardo” é contemporânea à Revolução de
30, movimento militar e político que destituiu a República Velha e conduziu ao
poder Getúlio Vargas, mobilizando a oposição e acentuando os conflitos
gerados pelo rompimento do acordo de revezamento no poder pertinente à
“política do café com leite”. É nesse período que surge uma literatura
regionalista.
Na memória do país, a década de 1930 foi marcada por discussões, no plano
político, do voto secreto, do voto feminino, da liberdade de organização e
expressão, da reforma do ensino, dos direitos dos trabalhadores.
Em São Bernardo, os problemas são de ordem humana e estabelecendo um
diálogo com o homem e com o Estado. É uma representação do mundo
capitalista. O enredo da obra concentra-se na trajetória de Paulo Honório, cuja
ambição de (re)conquistar a fazenda São Bernardo – a propriedade privada, e
não social – sobrepõe-se aos valores humanos. Movido pelo ideal de posse e
lucro, vê tudo como negócio, incluindo-se o casamento: (re)conquista a
fazenda e casa-se com Madalena apenas para “preparar um herdeiro para as
terras de São Bernardo”.
Paulo Honório, o fazendeiro que quer escrever um livro, narrador-personagem,
é o titular do discurso e, pois, manipula e pressiona constantemente a
personagemMadalena, personagem que representa claramente a exclusão do
espaço da mulher em meio a sociedade da época. As relações desiguais entre
homens e mulheres constituem-se como um problema secular, que, em
meados dos anos 60 e 70 do século XX – cerca de 30 anos após a publicação
de São Bernardo –, com o surgimento dos movimentos feministas, passaria a
ser objeto de estudo em diferentes campos do saber: as relações de gênero.
Não há, porém, no romance, exatamente (ou não só) uma luta entre sexos,
pois Madalena representa o repúdio às injustiças sociais e ao atraso
econômico do país, bem como mostra a fraqueza organizacional dos
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trabalhadores. Graciliano Ramos parece buscar, no romance,uma valorização
moral e intelectual do sujeito feminino e lança-o na tarefa de mudar o pequeno
mundo do sujeito personagem masculino. Pode-se arriscarafirmar que se
insinuam, na obra, ainda que timidamente, pela voz feminina, os levantes do
Partido Comunista contra o (quase) feudalismo das oligarquias rurais
nordestinas e contra o capitalismo industrial.
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PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS PERSONAGENS EM “SÃO
BERNARDO”
Os personagenssurgem no romance como meras modalidades do narrador e
representam de forma explícita
uma socidade capistalista totalmente
materialista, sintetiza-se as injustiças sociais e a luta da mulher para conseguir
o seu espaço na sociedade.
Paulo Honório: Homem extremamente mercenário, materialista e quando
consegue uma ascensão tanto pessoal como profissional passa a menosprezar
as pessoas.
Madalena: Uma mulher delicada, sensata, bem instruídas e casa-se com Paulo
Honório. Ela reconhece e luta pelos direitos na maioria das vezes dos menos
favorecidos. Essa postura contraria os conceitos de Paulo Honório por ser um
homem totalmente egoísta, que só pensa em si próprio e no dinheiro.
D.Glória: Tia de Madalena. A mesma é desprezada continuamente por Paulo
Honório, que mostra constante muita aversão.
Padilha:Antigo proprietário de São Bernardo, que herdara do pai, porém
acabou perdendo para Paulo Honório devido à dividas.
Ribeiro:Senhor já de idade, que vem da cidade para trabalhar com Paulo
Honório. Teve uma vida respeitosa, porém perdeu tudo isso quando a cidade
começou a se modernizar e já não precisavam mais dele.
Padre Silvestre: Um dos amigos de Paulo Honório, se envolve em política, mas
quando se trata de patamares mais altos, a sua opinião é a mesma do jornal, e
muita com frequência, até ele acaba sendo alvo de desconfiança de Paulo
Honório
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OS ASPECTOS SOCIAIS EM “SÃO BERNARDO”
Essa obra de Graciliano Ramos é, sem dúvidas, uma das maiores realizações
em prosa já produzidas em nosso país.
Ao contrário de outros romancistas de 30, Graciliano Ramos jamais teve
qualquer nostalgia do universo em derrocada das velhas oligarquias rurais.
Analisou a realidade de onde procedia com aspereza, mesmo sendo
descendente, tanto pelo lado materno como pelo paterno, de senhores
latifundiários. Isso se deve, provavelmente, à clareza de suas ideias. E também
a experiências infantis frustrantes dentro da sociedade patriarcalista que
aguçaram-lhe a sensibilidade para as misérias de um sistema injusto e
apodrecido.. Tanto a fazenda São Bernardo, espaço em que se movem os
personagens, quanto o livro São Bernardo “localizam-se” no Nordeste, região
cujas referências culturais contribuíram para a construção de imagens das
relações de autoritarismo e poder na historiografia brasileira.
Na obra, o autor procura destacaro exclusão social da mulher, as traços
marcante de uma sociedade capitalista.por discussões, no plano político, do
voto secreto, do voto feminino, da liberdade de organização e expressão, da
reforma do ensino, dos direitos dos trabalhadores
Exploração do trabalhador:: A riqueza construída à custa da miséria e do
estado de servidão dos empregados. Destacando muita exploração dos
trabalhadores.
Sociedade marcada pelo capitalismo: na trajetória (e no destino) de Paulo
Honório, fases do processo histórico vivido no processo de avanço do
capitalismo: o trabalhador que quer elevar-se materialmente, que, de “alugado”
passa a proprietário, porque “ganha” a terra.
“Abandonei a empresa,mas um dia destes ouvi novo pio de coruja- e iniciei a
composição de repente,valendo-me dos meus próprios recursos e sem idagar
se isto me traz qualquer vantagem, direta ou indreta(RAMOS,1989,p.9)
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O materialismo: O materialismo é algo que parece acompanhar a obra o tempo
todo.Isso pode se dar ao fato de ser uma obra que está inserida,
historicamente, em uma sociedade capitalista.
O papel da mulher dentro da sociedade:Graciliano Ramos faz de São Bernardo
um lugar em que a mulher se insinua como sujeito e em que o privilégio do
masculino é derrubado na linguagem.Com a criação de uma personagem
feminino- mulher de características incomuns para a época-, oferece-nos, no
romance, a possibilidade de análise da representação feminina na literatura
contemporânea.Considerando-se o confronto da mulher com o protagonista
masculino, o romance elabora um discurso de alteridade, enquanto estratégia
narrativa de um narrador masculino que não que ceder lugar central da
enunciação ao sujeito feminino.“Não gosto de mulheres sabida.Chamam-se
intelectuais e são horríveis.(Ramos, 1989,p.144)
O autoritarismo: A partir do primeiro parágrafo da obra, já se esboçam alguns
traços identitários do personagem principal: o autoritarismo, a determinação, a
pressa de conquista, o desejo de poder. Da primeira idéia do narradorpersonagem – construir um livro pela divisão do trabalho – até o início da
composição, o percurso é curto, prejudicado por problemas de comunicação,
rapidamente solucionados (Lafetá, 1978): "Afastei-o da combinação e
concentrei as minhas esperanças em Lúcio Gomes de Azevedo Gondim,
periodista de boa índole e que escreve o que lhe mandam" (Ramos, 1997, p.8).
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MATERIAIS E MÉTODO
Os materiais analisados foram relevantes, para pontuar os principais
objetivos da pesquisa. Foram utilizados materiais diversos como vídeos,
artigos, livros de críticos literários, revistas de literaturas e alguns sites. Dentre
os materiais, apenas alguns serão discriminados neste item com o objetivo de
servirem de instrumento para outras pesquisas.
Alguns discursos do vídeo disponibilizado no site do MEC( ministério
de educação), com o tema “Literatura Brasileira: Melhores escritores” e
subtítulo:” A joia de Graciliano Ramos” serviram como base de argumentos
encontrados ao longo da pesquisa, uma vez que o vídeo relatava a vida de
Graciliano Ramos, as principais características sobre o estilo do autor e suas
principais obras.
O livro Graciliano Ramos: ”literatura comentada, de Vivina de Assis
Viana, enriqueceu muito a pesquisa, pois a autora apresentou de forma
sintética e linear um cronograma sobre a vida do autor, a contextualização
histórica com as obras de Graciliano e outras informações que serviram como
base para a pesquisa.
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RESULTADOS
Os resultados encontrados foram bastante satisfatórios nas duas obras.
E, se tratando de “Vidas Secas” foi possível encontrar a presença de diversas
injustiças sociais, tais injustiças forammuito bem refletidas nos personagens.
Pode-se observar ao decorrer da pesquisa, quea forma com que o autor
apresentou a miséria, a seca, a desigualdade, a anulação de identidade por
parte dos personagens foi repleta de autenticidade, submetendo-se a um
conhecimento amplo da realidade brasileira na década de 30, em particular o
povo nordestino. E com isso compreende-se, que esses fatores apontados na
obra, se tornam uma espécie derepresentação viva da realidade da sociedade
da época .
Sabendo-se que a artes como a pintura, a escultura ,de um modo
geral, se inter-relacionam com a literatura ,e como uma forma de ilustrar a
realidade de miséria vivida pelos retirantes nordestinos, que confirmada ao
longo da pesquisa, será apresentada uma imagem do quadro pintado por
Candido Portinari, chamado”Retirantes”, que retrata com precisão o sofrimento
vivido por famílias brasileiras.
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As reflexões sobre a obra Retirantes e a obra Vidas Secas afirmando
que a sensibilidade dos autores ao relatar com precisão, por meio do livro e da
pintura, os sofrimento dos retirantes fez com que essas duas obras se
tornassem ícones da cultura brasileira, pois elas relatam fielmente a realidade
do sertanejo nordestino. A experiência de tentar uma aproximação entre a obra
de Graciliano Ramos e a pintura de Candido Portinari, certamente, é um
valioso exercício literário e interpretativo, que iniciamos na pesquisa científica.
Portanto, o estudo comparativo da pintura e da literatura apresenta-se como
um campo conceitual bastante proveitoso que permite ampliar, semioticamente,
as interfaces entre literatura e artes plásticas.
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RAMOS, Graciliano Vidas Secas,1938 .
RAMOS, Graciliano São Bernardo,1940.
GRACILIANO RAMOS, Conhecimento Prático de Literatura, Rio de Janeiro nº
38 p.41.
MOURÃO, Rui. Estruturas: ensaio sobre o romance de Graciliano. Curitiba:
UFPR,
2003.
RAMOS, Graciliano. Angústia. 39. ed. Rio, São Paulo: Record, 2004.
PICON, Gaëtan. O escritor e sua sombra. Trad. Antônio Lázaro de Almeida
Prado. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1979
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Julho-Dezembro de 2008
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