01/10/2015
InfoMoney :: CRS Investments levanta fundo de US$ 200 mi para empresas endividadas brasileiras
CRS Investments levanta fundo de US$ 200 mi
para empresas endividadas brasileiras
Firma recém­fundada aproveita momento de aumento dos processos de recuperação judicial
Por Bloomberg |18h16 | 17­09­2015
(SÃO PAULO) ­ A CRS Investments, uma recém­fundada firma brasileira, está levantando um fundo
de US$ 200 milhões para investir em empresas altamente endividadas no Brasil em meio ao aumento
dos processos de recuperação judicial.
Os alvos serão empresas com receita anual entre R$ 300 milhões e R$ 1 bilhão “que possuem bons
produtos, marcas conhecidas, mas estrutura de capital e gestão ruins”, disse Salvatore Milanese, sócio
da CRS, que tem sede em São Paulo, em entrevista.
“Será como um fundo de private­equity que trará crédito a uma empresa que está em uma situação
especial, se tornará acionista controlador, gerenciará a empresa e ajudará a empresa a se recuperar”,
disse Milanese, que anteriormente atuou como chefe de reestruturação de dívida e empréstimos
inadimplentes da KPMG LLP no Brasil e na América Latina.
As potenciais situações de recuperação estão aumentando no Brasil, onde os pedidos de recuperação
judicial atingiram um recorde em agosto pelo segundo mês consecutivo. O número de empresas que
pediram proteção judicial contra os credores mais que duplicou no mês em relação a agosto do ano
passado, para 139, segundo a provedora de dados de crédito Serasa Experian. O acumulado do ano até
agosto chegou a 766, um incremento de quase 42 por cento em relação aos oito primeiros meses de
2014.
As perspectivas de melhoria se tornaram mais remotas na semana passada, quando a Standard Poor’s
rebaixou a nota de crédito soberano do Brasil para o grau especulativo. A S&P disse que poderia
reduzir ainda mais a classificação do país em resposta à incapacidade do governo Dilma Rousseff de
reforçar as contas públicas.
A CRS está analisando empresas em setores como o sucroalcooleiro, de fertilizantes, call centers, de
armazenamento e de bens de consumo, além das emissoras de cartões de crédito de marcas privadas,
segundo Milanese, que disse que o objetivo é manter os investimentos por cerca de sete anos e gerar
retornos de pelo menos 25 por cento em dólares.
O fundo injetará créditos que podem ser convertidos em ações, disse Milanese.
Canvas e Jive
Outras empresas estão criando fundos para investir em créditos inadimplentes no Brasil. A Canvas
Capital SA, empresa brasileira de gestão de ativos que tem o Credit Suisse Group AG como um dos
sócios, planeja captar até R$ 500 milhões para a compra de empréstimos corporativos inadimplentes,
segundo o presidente Antonio Quintella. A Canvas se chamava anteriormente Península Investimentos
SA.
A Jive Investments, maior compradora brasileira independente de dívida em atraso, criou um fundo de
R$ 500 milhões para adquirir empréstimos corporativos inadimplentes e outras dívidas, incluindo
hipotecas. E a Cerberus Capital Management LP, uma empresa de investimentos com cerca de US$
25 bilhões sob gestão, disse em maio que está estudando sua primeira aquisição de ativos brasileiros.
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A CRS Investments, braço de investimentos da Pantalica Partners, já conta com um indivíduo como
investidor líder do fundo, cujo nome Milanese preferiu não revelar. A empresa também investirá
dinheiro de seus cinco sócios, disse ele. A CRS está buscando investidores locais e internacionais,
principalmente fundos de hedge que se sentem confortáveis com os riscos dos ativos inadimplentes.
Entre esses riscos estão algumas decisões de crédito dos bancos brasileiros, segundo Milanese.
“Eles não diferenciam as empresas que merecem alívio da dívida daquelas que não merecem e, na
maior parte do tempo, apertam todas elas igualmente e acabam destruindo valor e criando prejuízos
desnecessários”, disse ele. “Investir em situações especiais no Brasil não é fácil. Você realmente tem
que ser cuidadoso, porque as empresas muitas vezes esperam demais para reestruturar, o que torna a
recuperação impossível”.
Por Cristiane Lucchesi
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