Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE
Hipsometria e Declividade da Bacia Hidrográfica do Arroio Palmeirinha, município de
Reserva – PR, utilizando o Software Spring.
Adalberto Alves Pereira¹
Edivaldo Lopes Thomaz²
¹ Mestrando em Geografia, bolsista Capes
Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava-Pr,
[email protected]
² Departamento de Geografia; Universidade Estadual do Centro-Oeste
Rua Simeão Camargo Varela de Sá, 03 - Cx. Postal, 3010 CEP 85.040-430, Guarapuava–Pr
[email protected]
Abstract. Length and steepness of slopes are factors that have great influence on the
processes of land use and management of the slopes. Therefore, this study aimed to
characterize slope and slope basin hypsometric stream Palmeirinha Reserve in the state of
Paraná. To achieve these goals we used the software SPRING 5.1.8 for digitization of
topographic map sheet sg.22-xa-iv-1 municipality Reserve for generating letter hypsometric
nine classes were created between 660 and 1020 meters, each with 40 meters long, sloping
graph shows five classes are: 0-6 °; 6.01 to 12 °; 12.01 to 20 °; 20.01 to 30 ° and greater than
30 °. It also spawned the basin geomorphological letter, which shows that 75% of the area
belongs to Ortigueira Plateau and 25% in Highlands Waste Teresina Formation. This work
showed that the basin flow Palmeirinha altitude varies widely, being the class between 740
and 780 meters with the largest area within the bowl, about 156.65 hectares or 20.18% of the
total area about 35.85% of the basin has inclination which varies between 12.01 and 20 °, it is
seen that the filaments of greater slope lying between 780 and 900 meters. It was concluded
that, with proper manipulation almost the entire basin can be used for agricultural practices
since neither the yarn length with greater inclination exhibit high but only about 10% can be
used for mechanized farming.
Palavras-chave: Altimetry;
Conservação do Solo.
Declivity;
Soil
Conservation; Altimetria;
Declividade;
Introdução
A declividade de encostas é um elemento muito estudado, já que é um dos fatores que
contribuem em diversos processos de vertente, como os movimentos de massa, e processos
erosivos, além de interferirem nos processos de uso e ocupação dos solos.
De acordo com Silveira et al. (2006) “quanto maior o ângulo da declividade, mais
rapidamente a energia potencial das águas pluviais se transforma em energia cinética,
aumentando a velocidade das massas de água e sua capacidade de transporte”, assim em
vertentes com maior declividade, há a tendência de haver maior perda de solo.
Já Poesen e Govers (1986 apud GUERRA, 2007) observaram que conforme aumenta a
declividade, diminui a densidade de ravinas. E Morgam (1986 apud GUERRA, 2007) coloca
que em encostas muito íngremes a erosão pode diminuir devido ao decréscimo de material
disponível.
Luk (1979 apud GUERRA, 2007) estudando os solos do Canadá, conclui que os solos
com maior erodibilidade situam-se em encostas com 30° de declividade. Assim observamos
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que a declividade pode tanto contribuir para aumento quanto redução dos processos atuantes
na vertente.
O conhecimento sobre a hipsometria e declividade das vertentes contribuiu para a
modelagem e prevenção de movimentos de massa, por este processo sofrer forte influência
das forças gravitacionais. Outra questão que torna importante o estudo sobre a declividade das
vertentes é a existência de leis que regulam o uso do solo nas encostas, o que pode ser
observado no Código Florestal e na Resolução Conama, citados por Vieira e Furtado (2004)
em que áreas com declividade superior a 45° ou 100% são consideradas áreas de preservação
permanente.
Materiais e métodos
Para desenvolvimento deste trabalho foi utilizado o software Spring 5.1.8 desenvolvido
pela Divisão de Processamento de Imagens do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Dpi/INPE), escolheu-se este software por ser um programa gratuito não gerando custos para
seu uso e também por este suprir as necessidades do trabalho.
Com o uso do Spring foi digitalizada a carta topográfica folha sg.22-x-a-iv-1 do
município de Reserva gerada pelo ministério do exército e disponibilizada pelo Instituto de
Terras Cartografia e Geociências do Paraná (ITCG).
Após a digitalização da carta topográfica foram geradas as grades retangulares e
triangulares com bases nas curvas de nível da bacia hidrográfica, as quais deram suporte para
criação das cartas de hipsometria e declividade.
devido à amplitude altimétrica total da bacia do arroio palmeirinha ser de 350 metros,
para geração da carta de hipsometria foram criados nove classes de altitude, cada qual com 40
metros de amplitude, as quais são: 660-700; 700-740; 740-780; 780-820; 820-860; 860-900;
900-940; 980-1020.
Já para a carta de declividade foram criadas cinco classes com diferentes graus de
declive, sendo: 0-6°; 6,01-12°; 12,01-20°; 20,01-30° e maior de 30°. Ambas as cartas foram
geradas na escala de 1/16.000 por esta ser a que apresentou melhores ajustes e
representatividade.
Localização e características da área de estudo
A bacia hidrográfica do Arroio Palmeirinha localiza-se à cerca de 20 km no sentido nortenordeste da área urbana do município de Reserva, o qual está inserido na mesorregião
geográfica centro oriental paranaense e microrregião geográfica de Telêmaco Borba.
Escolheu-se esta bacia por ter uma área relativamente pequena, mas com características
representativas de todo o município.
A bacia tem como coordenadas as latitudes 24°31’28” e 24°33’21” s; e longitudes
50°53’50” e 50°56’16”w (folha sg.22-x-a-iv-1). Apresenta uma área total de 774 ha. Os
canais da bacia hidrográfica do Arroio Palmeirinha tem comprimento total de 7,36 km, o que
resulta numa densidade de drenagem de 0,95 km/km². Seu canal principal tem 5,05 km de
comprimento.
Utilizando a classificação climática de köppen, o munícipio de Reserva, apresenta clima
subtropical úmido mesotérmico (Cfb), com verões frescos, geadas severas no inverno, sem
estação seca, sendo que as temperaturas dos meses mais quentes são inferiores a 22º c e dos
meses mais frios inferiores a 18º c (ITCG, 2008).
A bacia do Arroio Palmeirinha situa-se na depressão periférica da borda leste da bacia do
Paraná (ROSS, 2001), sua altitude varia de 670 à 1020m, resultando numa amplitude
altimétrica de 350m; sua geologia é caracterizada pelas Formações Terezina, Serra Alta E
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Irati, pertencentes ao Grupo Passa Dois e pelas Formações Palermo e Rio Bonito,
pertencentes ao Grupo Guatá. Os principais tipos de solo da região são: Litólicos, Latossolo
Vermelho-Escuro, Podzólico Vermelho-Amarelo e Aluviais.
O município de Reserva tem sua economia baseada no setor primário, com agricultura
diversificada, onde se destacam a produção de feijão, milho, soja e tomate, e a criação de
gado (IBGE, 2006). Nos últimos anos tem se ampliado também a silvicultura para produção
de celulose, já que o município encontra-se próximo a Klabin papel e celulose, localizada no
município de Telêmaco Borba. Na tabela 01 pode-se observar a produtividade dos principais
produtos agrícolas do município de Reserva.
Tabela 01. Produtividade dos principais produtos agrícolas no município de reserva.
Produto
Área
Produção
Produtividade
(ha)
(t)
(kg/ha)
Feijão
25.000
42.500
1.700
Milho
26.000
149.000
5.731
Soja
22.000
66.000
3.000
Tomate
802
60.140
74.988
Fonte: IBGE (2006).
Org. Pereira (2012).
Figura 01. Localização da Bacia Hidrográfica do Arroio Palmeirinha
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Resultados e Discussão
Geomorfologicamente a bacia hidrográfica do Arroio Palmeirinha divide-se em duas
grandes sub-unidades sendo os Planaltos residuais da Formação Teresina e o Planalto de
Ortigueira, pertencentes a unidade do Planalto de mesetas da depressão periférica da Bacia do
Paraná.
A sub-unidade dos Planaltos Residuais da Formação Teresina representa cerca de 25% da
área total da bacia, com 1,99 km² e se caracteriza pela baixa dissecação, topos de morros
aplainados, vertentes convexas com vales em “V”, os solos predominantes são os Argissolos
com textura argilosa e baixa susceptibilidade à erosão, e tem o uso recomendável com práticas
específicas de manejo. (SANTOS et al, 2006; MINEROPAR, 2007)
O Planalto de Ortigueira corresponde a 75% da bacia hidrográfica com 5,88 km² de área,
apresenta alta dissecação com topo de vertentes alongados e em cristas, vertentes retilíneas e
vales também em “V”, há o predomínio de Neossolos litólicos com textura argilosa nas áreas
de declividade moderada, nas áreas de baixa declividade ocorrem os Argissolos com textura
médio-argilosa. Os Neossolos litólicos apresentam alta susceptibilidade á erosão e
movimentos de massa, não sendo recomendados para uso com vias de circulação urbano ou
rural e nem implantação de infraestrutura enterrada, já os Argissolos têm susceptibilidade
moderada a esses processos, devendo seu uso ser feito com técnicas especiais de manejo.
(SANTOS et al, 2006; MINEROPAR, 2007)
Figura 02. Carta Geomorfológica da Bacia Hidrográfica do Arroio Palmeirinha.
A bacia do Arroio Palmeirinha tem a maior parte de sua área, cerca de 156,65 ha ou
20,18% da área total da bacia, na classe hipsométrica dos 740 aos 780 metros, as altitudes
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superiores a 980 metros correspondem a 0,55% da área da bacia, dados que podem ser
observados na tabela 02.
Tabela 02. Área da bacia hidrográfica do arroio palmeirinha em cada classe altimétrica.
Altitude (m)
Área (ha)
%
660-700
22
2,85
700-740
71,1
9,16
740-780
156,65
20,18
780-820
136,08
17,53
820-860
115,2
14,85
860-900
136,25
17,55
900-940
86,7
11,17
940-980
47,85
6,16
980-1020
4,2
0,55
Org: Pereira (2012)
Pode-se observar na carta hipsométrica que a bacia do Arroio Palmeirinha apresenta o
topo dos morros aplainados, o que segundo ITCG (2006) é característico dos Planaltos
residuais da formação Teresina que predominam nas áreas de altitude superior a 820 metros
da bacia.
Figura 03. Carta Hipsométrica da Bacia Hidrográfica do Arroio Palmeirinha.
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A bacia apresenta 35,85% da sua área com declividade variando entre 12,01° e 20°, as
áreas de alta declividade (superior a 30,01°) correspondem a 6,95% da área total da bacia e as
áreas de baixa declividade (menor que 6°) correspondem a 10,15% do total.
Tabela 03. Área da bacia hidrográfica do arroio palmeirinha em cada classe de
declividade.
Declividade (graus)
Área (ha)
%
Plano
0–6
78,77
10,15
Suave ondulado
6,01 – 12
224,91
29
Ondulado
12,01 – 20
278,22
35,85
Forte ondulado
20,01 – 30
140,2
18,05
Montanhoso
>30,01
53,93
6,95
Org: Pereira (2012)
Observa-se que as maiores declividades concentram-se nas áreas com altitudes variando
entre 780 e 900 metros, esta faixa de altitude seria uma área de “quebra” de declive da bacia,
e divisor das formações geomorfológicas, já que as áreas abaixo dos 820 metros de altitudes
correspondem a sub-unidade morfoescultural do planalto de Ortigueira, e a faixa acima dos
820 metros pertence a sub-unidade dos Planaltos residuais da formação Teresina (ITCG,
2006).
Figura 04. Carta de Declividade da Bacia Hidrográfica do Arroio Palmeirinha.
Cerca de 70% da área da bacia pode ser utilizada sem grandes problemas de manejo, pois
apresenta declividades abaixo de 20° ou 30%. Levando-se em consideração o exposto por
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Biasi (1992) apenas 10% da bacia pode ter suas áreas utilizadas pela agricultura mecanizada,
pois de acordo com o autor, 7° (12%) é o limite máximo para utilização da mecanização na
agricultura.
Conclusão
Com a realização deste trabalho podemos concluir que a bacia hidrográfica do Arroio
Palmeirinha apresenta os topos de morro aplainados o que segundo ITCG, 2006; Santos et al,
2006; e Mineropar, 2007 é característico dos Planaltos residuais da Formação Teresina e do
Planalto de Ortigueira, formações geomorfológicas que compreendem a área da bacia
hidrográfica do Arroio Palmeirinha.
Observa-se também que a bacia apresenta a maior parte de sua área em altitudes
inferiores a 860 metros, individualmente a classe de 740 a 780 metros apresenta o maior
percentual da área total, cerca de 20,18%.
Em relação à declividade a classe com maior representatividade dentro da bacia
hidrográfica encontra-se entre 12,01° e 20°, correspondendo a 35,85% da área total. As áreas
com maior declividade situam-se entre as faixas hipsométricas de 780 e 900 metros,
configurando uma área de ruptura de declive e divisão entre duas formações geomorfológicas
distintas sendo: Os Planaltos Residuais da Formação Teresina e o Planalto de Ortigueira.
Conclui-se também que cerca de 70% pode ser utilizada sem grandes problemas de
manejo, mas apenas 10% podem ser utilizadas pela agricultura mecanizada.
Agradecimentos
Agradecemos a Capes pela concessão de bolsa de estudos para a realização deste
trabalho.
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