1303
ATIVIDADE FÍSICA NA VELHICE: AVALIAÇÃO DE UM GRUPO DE IDOSAS
SOBRE SEUS BENEFÍCIOS
PHYSICAL ACTIVITY IN OLD AGE: EVALUATION BY A GROUP OF ELDERLY
WOMEN ABOUT ITS BENEFITS
Taciany Karine de Almeida Ferreira
Enfermeira. Graduada pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – Unileste.
[email protected]
Vitória Augusta Teles Netto Pires
Enfermeira. Graduada em Enfermagem e Obstetrícia. Mestre em Saúde e Enfermagem na área de
Planejamento, Organização e Gestão de Serviços de Saúde. Especialista em Saúde Pública e em
Educação Profissional na Área Saúde: Enfermagem pela Escola de Enfermagem da UFMG;
Especialista em Ativadores de Processos de Mudança pela Fiocruz/ENSP. Docente do Centro
Universitário do Leste de Minas Gerais – Unileste. [email protected]
RESUMO
Todo organismo vivo possui um período limitado de vida e nele ocorrem mudanças fisiológicas com o
decorrer do tempo que caracterizam o processo de envelhecimento. O envelhecimento populacional é
um grande desafio para a saúde pública contemporânea por ser uma fase com doenças próprias do
envelhecimento e que hoje ganham maior expressão na sociedade. Para torná-lo saudável é
importante incluir na vida diária atividades de promoção à saúde, entre elas as atividades físicas
regulares e manter hábitos que melhoram as condições de vida. Esta pesquisa teve como objetivo
identificar os benefícios da prática da atividade física no processo de envelhecimento a partir da
experiência dos idosos participantes do grupo Viva Bem, do município de Naque em Minas Gerais.
Entre os resultados obtidos têm-se o prazer, a saúde, o exercitar-se e a convivência social como os
principais motivos apresentados. Conter a informação sobre estas questões colabora para o
direcionamento da atividade física, além da satisfação por parte dos participantes.
PALAVRAS- CHAVE: Atividade Física. Promoção da Saúde. Velhice.
ABSTRACT
Each living organism has a limited lifespan and physiological changes happen over time
characterizing the aging process. Population aging is a major challenge to contemporaneous public
health as it is a stage marked by aging illnesses, which have greater relevance in society nowadays.
In order to turn these organisms into healthy ones, it’s important to include in their daily lives activities
that promote health. Among them, regular physical activities and keeping habits that will improve living
conditions. This research aimed to identify the benefits of physical activity in the aging process from
the experience of the elderly participants' of Viva Bem Group, in the town of Naque, Minas Gerais.
Among the obtained results there are the pleasure, health, the working out and the social living as the
main reasons given by the participants. Containing the information about these issues contributes to
the heading of physical activity, beyond satisfaction by participants.
KEY WORDS: Physical Activity. Health Promotion. Old Age.
INTRODUÇÃO
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015
1304
No Brasil considera-se oficialmente idoso o adulto com idade igual ou superior
a 60 anos. Segundo Wolff (2009) o processo do envelhecimento começa desde
quando somos concebidos em vida. O ser humano nasce, desenvolve-se atinge a
puberdade, posteriormente a maturidade e então velhice. Este último processo
caracteriza-se pela fase da vida em que ocorrem mudanças fisiológicas, bioquímicas
e psicológicas. Nesta etapa ocorre a perda progressiva da capacidade de adaptação
do organismo às atividades diárias. A pele perde o tônus e a elasticidade; os órgãos
internos atrofiam-se; o olfato e o paladar diminuem; ocorre o aumento da quantidade
de gordura no organismo; diminuição da força muscular, dificultando na execução de
atividades de vida diária, inclusive na prática de atividade física.
A atividade física consiste em qualquer movimento corporal produzido pela
musculatura que resulte em gasto energético acima dos níveis de repouso. A prática
regular é acompanhada de benefícios que se manifestam sob todos os aspectos do
organismo. No idoso proporciona liberação de substâncias que ativam sistemas
corporais, como também promove as relações interpessoais; trabalha as funções
metabólicas e funções vitais do corpo e associada ao hábito nutricional adequado
atua de forma somática em sua qualidade de vida (ANDRÉA, 2010; BRASIL, 2009;
ROCHA, 2012). De acordo com Rocha (2012) a atividade física regular melhora a
força, a massa muscular e a flexibilidade articular. Também atua como método de
prevenção de doenças neurológicas, como esclerose múltipla e doença de
Alzheimer.
O direcionamento ao cuidado com a saúde e a prática de atividade física
incentivada pelos profissionais da saúde, com apoio da equipe de enfermagem atua
como mecanismo preventivo, no qual evita-se a atrofia dos membros, dos órgãos
internos e da musculatura. Como consequência da inatividade, o idoso pode
apresentar diminuição da resistência física, fraqueza generalizada e risco mais
frequente de quedas, evidenciando a importância de uma assistência profissional
com excelência e políticas públicas voltadas à estes indivíduos (ANDRÉA, 2010).
O Pacto em Defesa da Vida de 2006 prioriza a política de atenção a saúde do
idoso, pois, possui especial relevância o aprimoramento do acesso e da qualidade
dos serviços prestados no Sistema Único de Saúde (SUS), com a ênfase na
promoção, informação e educação em saúde; promoção de atividade física e hábitos
saudáveis de alimentação e vida, controle do tabagismo; controle do uso abusivo de
bebida alcoólica; cuidados especiais voltados ao processo de envelhecimento para o
fortalecimento e qualificação estratégica da Saúde da Família e dos programas
voltados ao idoso (BRASIL, 2006).
A Política de Atenção à Saúde do Idoso, publicada em 1994 orienta a
implantação de ações integradas de combate à violência domiciliar e institucional
contra idosos e idosas; facilitar a participação das pessoas idosas em equipamentos
sociais, grupos de terceira idade, atividade física, conselhos de saúde locais e
conselhos comunitários onde o idoso possa ser ouvido e apresentar suas demandas
e prioridades (BRASIL, 2006; 2009).
A população idosa deve ser considerada como sujeito ativo na promoção de
sua saúde e na manutenção de sua autonomia, em que sejam realizadas
orientações sobre os cuidados e o apoio pela família e pelos serviços de saúde na
execução das atividades físicas que não necessitem de auxílio ou supervisão, mas
que permitam desenvolver as atividades físicas sem risco (MACHADO, 2010).
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015
1305
Portanto, o envelhecer deve ser com saúde, de forma ativa, livre de qualquer
tipo de dependência funcional, o que exige por parte da equipe de saúde estimular a
promoção da saúde em todas as faixas de idades. Para que o idoso execute suas
atividades (como tomar banho, fazer compras, caminhada, aeróbica dentre outros)
em segurança é necessário o conhecimento do contexto das limitações que
vivenciam e as implicações que podem provocar na execução destas atividades
(BRASIL, 2007).
Esta pesquisa teve por objetivo identificar os benefícios da prática de atividade
física no processo de envelhecimento a partir da experiência das idosas do grupo
Terceira Idade Viva Bem, do município de Naque localizado na região leste de Minas
Gerais. A atividade física é um importante mecanismo de preservação da qualidade
de vida e da saúde. Analisar seu efeito sobre a ótica dos idosos que a praticam é
uma maneira de avaliar o entendimento deste grupo sobre os seus efeitos na
conservação do estado de saúde durante o processo do envelhecimento destacando
a capacidade de identificação das alterações ocasionadas pela prática da atividade.
METODOLOGIA
Para identificar os benefícios da prática de atividade física no processo de
envelhecimento foi realizada uma pesquisa qualitativa do tipo descritiva, no
município de Naque localizado na região leste de Minas Gerais, distante a 252 km
da capital Belo Horizonte.
No grupo Viva Bem estavam cadastradas 40 participantes. No período da
pesquisa, 20 frequentavam regularmente o grupo e dentre elas somente 11
atenderam os critérios de inclusão: ter idade igual ou superior a 60 anos, estar
cadastrada no grupo Viva Bem e aceitar assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE).
Para o levantamento dos dados, após autorização da secretaria de saúde do
município foram abordadas todas as participantes do grupo que estavam adequadas
aos critérios de inclusão.
Um pré-teste foi realizado com três idosas para identificar se a abordagem do
instrumento atenderia aos objetivos da pesquisa, o que foi confirmado, ou seja, não
houve mudanças no instrumento.
Como instrumento de coleta de dados utilizou-se um roteiro de entrevista
semiestruturado que abordou sobre os motivos que levaram a prática da atividade
física no grupo Viva Bem e os benefícios alcançados. A coleta de dados ocorreu no
período de 05 de junho a 04 de julho de 2014. Foi utilizado um diário de campo para
registro das reações e comportamentos expressos pelas entrevistadas durante o
levantamento dos dados.
As entrevistas foram gravadas e os depoimentos transcritos na íntegra. Os
nomes foram substituídos por siglas de acordo com a ordem das entrevistas: idosa
1(i1); idosa 2 (i2) seguidos de números arábicos sequenciados.
Posteriormente os dados passaram por análise de conteúdo que segundo
Bardin (2009, p.42) consiste em um “conjunto de técnicas de análise das
comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos,
indicadores (quantitativos ou não) que permitam a dedução de conhecimentos
destas mensagens”. Foram organizados em categorias de análise sendo a
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015
1306
caracterização dos participantes, orientação profissional no estímulo a pratica da
atividade física; melhorando o corpo com a prática da atividade física; a prática da
atividade física melhorando a qualidade da vida diária.
A pesquisa atendeu os aspectos éticos definidos para a pesquisa com seres
humanos de acordo com os critérios da Resolução nº 466/2012, sendo aprovada
pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro Universitário do Leste de Minas
Gerais sob o parecer nº 731.686 (BRASIL, 2012).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os benefícios essenciais à prática regular de atividade física na velhice tem
sido objeto de estudo, devido ao conhecimento de que um estilo de vida ativo
promove a manutenção da capacidade funcional destes indivíduos por um período
mais longo e, logo mantém sua qualidade de vida. No grupo pesquisado analisou-se
o conhecimento sobre os efeitos da atividade física na manutenção do seu estado
de saúde.
Caracterização dos participantes
As idosas integrantes da pesquisa estiveram representadas por duas
mulheres com idade entre 60 e 64 anos; cinco idosas entre 65 a 69 anos; duas
idosas entre 70 a 74 anos e duas com 75 anos e mais. No aspecto estado civil, cinco
eram viúvas, quatro casadas; uma solteira e uma separada. As aposentadas
representaram oito idosas do grupo com renda entre um a dois salários mínimos.
Entre as entrevistadas quatro idosas moravam com os filhos, três idosas com os
companheiros, duas idosas sozinha e as demais com seus netos. Quanto à
escolaridade duas não possuíam formação; quatro haviam feito da 1ª à 4ª
incompleto; duas idosas concluíram a 4ª série do ensino fundamental; uma concluiu
até a 8ª série do ensino fundamental e uma concluiu o segundo grau completo. Os
dados desta pesquisa se assemelham aos registros de Santana (2010) quanto ao
estado civil e a escolaridade.
Dentre as patologias associadas à idade sete não as apresentavam e quatro
relataram ter diagnóstico de artrite, artrose, bursite, osteoporose, hipertensão. Todas
recebiam acompanhamento médico e faziam tratamento medicamentoso e não
medicamentoso.
Sobre o tempo de participação no grupo, sete delas informaram que faziam
atividade física há mais de sete anos. As modalidades de exercício eram
caminhadas, uso de bicicleta ergométrica, zumba (programa para fitness inspirado
principalmente pela dança latina) e hidroginástica, com a frequência de cinco dias
por semana.
Santana (2010), Queiroz Júnior et al. (2012) também destacaram a ginástica
aeróbica como primeira opção de modalidade de atividade física, seguida da
hidroginástica, da caminhada e por último a musculação.
Neste grupo, as idosas relataram o prazer que sentem em estar no grupo e
que pretendem continuar nele por um longo tempo. Os Idosos que praticam
atividade física regularmente apresentam redução das patologias mais frequentes
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015
1307
nesta idade, tornam-se mais ativos e a participação em grupos de atividades físicas
torna-se um fator estimulador à continuidade dos exercícios físicos.
Orientação profissional no estímulo a pratica da atividade física
Outro aspecto avaliado esteve relacionado à identificação dos profissionais de
quem haviam recebido orientações para a prática da atividade física. De acordo com
as idosas a indicação tem sido mais frequente por parte dos médicos, responsáveis
por 54% das indicações dos idosos que fazem parte do grupo Viva Bem. As demais
participantes optaram pelos exercícios por interesse próprios. Pode-se considerar
que a equipe de saúde não tem atuado como uma equipe multidisciplinar em prol do
estímulo à prática de atividade física para a população idosa.
Em relação às orientações de profissionais acerca da importância da prática
da atividade física, pode-se observar uma divergência de condutas por parte dos
enfermeiros e outros profissionais da equipe de saúde, que de acordo com as idosas
não orientam a prática da atividade física ou estimulam a participação de outros
idosos no grupo. Os enfermeiros não foram mencionados por nenhuma das idosas
como agentes dessa orientação, somente os médicos. Destaca-se, portanto a
importância da orientação por todos os profissionais que estão envolvidos direta ou
indiretamente com a promoção da saúde do idoso.
As atividades físicas orientadas são importantes para que os idosos
permaneçam com uma melhor aptidão física. As idosas do grupo visualizaram as
mudanças ocasionadas pela prática da atividade física, evidenciada pela redução do
uso de medicamentos para tratamento de doenças crônicas; redução de dores no
corpo; melhoria do funcionamento do sistema digestório e no sono.
O estudo realizado por Santana (2010), com 70 idosos do Programa “Saúde e
Cidadania na Terceira Idade” de Natal identificou entre as fontes de informação e
estímulo à prática da atividade física que 62% foram por recomendação médica;
23% pelos Meios de Comunicação (TV, rádio, revista, jornal etc.); 10% por Parente
ou Amigos; 8% pelo Professor/Instrutor. Quanto à preferência pelo tipo de atividades
estiveram destacadas a hidroginástica (77%), a dança (50%), a ginástica aeróbica
(32%) e a natação (31%).
Para Fonseca et al. (2013) é importante a capacitação e o envolvimento dos
profissionais cuidadores no planejamento e implementação das atividades de
promoção da saúde. Deve-se, portanto, considerar o envolvimento da equipe
interdisciplinar para lidar as ações de saúde direcionadas aos idosos.
Destaca-se que a função dos profissionais de saúde não deve ser somente
proporcionar o cuidado técnico a essa população, mas incentivar estes usuários a
conservarem a sua autonomia e independência para as atividades da vida diária,
com foco na promoção da sua saúde física e mental.
Melhorando o corpo com a prática da atividade física
De acordo as concepções apresentadas pelas idosas em relação aos motivos
que as levaram a frequentar o grupo Viva Bem e os benefícios da atividade física
para quem está envelhecendo, destacaram-se os relatos:
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015
1308
É porque eu senti bem, eu achei que deveria fazer... Pela minha idade eu
senti vontade de vir. Quando a gente está envelhecendo é bom... a junta já
não está normal, aí vai gastando a gente fica assim dura. Quando faço
minha caminhada e venho para os meus exercícios, danço! Nossa... me
sinto outra pessoa. (i1)
A minha irmã que me trouxe. Ela falou que é bom! Pra ficar mais animado
mais alegre, tranquila, não sentir tanta dor no corpo igual aqueles que ficam
quietos. (i3)
Porque aquilo deve ser muito bom pra saúde, para... ter umas amiguinhas...
a gente quando está ficando velha a gente tem muita dor nos joelhos... não
sinto nada. (i6)
Eu achava que se eu frequentasse esse grupo melhoraria bem minha
situação, porque eu quase não estava andando, doía a coluna, me ajudou
bastante. Pra mente é muito bom, para não ficar esquecendo, pro
desenvolvimento... para a gente não ficar entrevada, porque eu com 70
anos eu estou melhor que uns com 30, 20 anos.(i8)
Para as idosas a atividade física está relacionada ao bem estar corporal,
melhora a elasticidade corporal, a interação com outras pessoas, estimula a fazer
amizades, mantém a vitalidade na velhice e evita a solidão, especialmente para
aquelas que moram sozinhas. Apesar do processo de envelhecimento não estar
basicamente, relacionado a doenças e inabilidades, as doenças crônicodegenerativas são repetidamente encontradas entre os idosos. Considerando este
aspecto e o crescente aumento da população idosa, a tendência é ter um número
maior de indivíduos que possam apresentar estas patologias, mais frequentes nesta
faixa etária.
Os relatos demostraram que as idosas conseguem identificar os benefícios
das atividades físicas para a manutenção da saúde na velhice e o prazer de realizálas em grupo. Segundo Toscano e Oliveira (2009) os programas de atividade física
podem fornecer qualidade de vida para a população de idosos, tanto pelo
engajamento social que geram quanto pelas mudanças positivas nos aspectos
físicos, o que na prática resulta em maior autonomia para desenvolver as atividades
da vida diária.
De acordo com Lins (2007), deve-se esclarecer para o idoso os
comprometimentos que abrangem o processo de envelhecimento, informando-os
sobre como a atividade física e o estilo de vida interferem neste processo. Por isto
devem estar incluídos nos programas de prevenção e promoção da saúde para os
idosos a atividade física como um importante mecanismo de redução das causas de
morbidade e mortalidade que afetam esta população, especialmente em relação às
doenças cardiovasculares. Estas informações podem evitar frustações e evasões
nos programas e, além disto o exercitar os mantêm ativos, autônomos e
independentes.
Estes relatos são confirmados por Pedrinelli et al. (2009) que em um estudo
de revisão de literatura descreveram que as alterações ocorridas em decorrência do
envelhecimento podem ter seu efeito reduzido por meio da prática regular de
exercícios físicos, nos quais programas devem ser individualizados, conforme as
necessidades específicas do idoso. Para que se mantenham os benefícios
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015
1309
alcançados pela prática da atividade física é necessário a adesão, a longo prazo ao
programa.
A prática da atividade física melhorando a saúde
As praticantes relataram diversas mudanças que a prática de atividade física
trouxe para suas vidas, mediante os exercícios realizados, que pode ser confirmado
pelos fragmentos dos depoimentos:
Demais... as dores nas pernas que às vezes eu sentia não sinto mais, se
estou com a coluna doendo e vou para a caminhada eu não sinto mais não.
Já não tomo remédio nenhum só o de pressão. (i1)
Sim, sinto meu corpo maneiro, eu durmo bem, alimento bem. Sinto de bem
com a vida. (i3)
Sinto mais disposta, mais animada, com as pessoas principalmente
ocupando a mente para não dar depressão. Às vezes estou esmorecida...
todo mundo de lá dá a gente atenção, aí me sinto bem mesmo. (i7)
A prática da atividade física representa uma melhoria nos problemas de
saúde, reduzindo as dores corporais, a depressão, além de proporcionar bem-estar
físico e mental. No período da velhice um dos fatores que merece maior atenção é a
estabilidade emocional, com vistas à prevenção da depressão e outras situações
relacionadas. Conforme os relatos, as idosas preferem morar sozinhas e
demonstraram satisfação pelo fato de proporcionar independência e liberdade.
Segundo Rocha (2012), além da atividade física ser um fator importante na
qualidade de vida das pessoas, há evidências de que a população que mais se
beneficia com esta prática é a população de idosos. Neste sentido, a atividade física
na velhice mostra-se promissora em despertar no idoso a manutenção a saúde e
interação com o meio. Lopes (2012) avalia que as pessoas idosas que praticam
regularmente atividade física propiciam ao organismo uma diminuição ou
desaceleração da velocidade do envelhecer, o qual implica em melhorar as
condições físicas do idoso frente aos problemas e limitações que envolvem a
mobilidade.
Gobbi et al. (2009) identificaram que as atividades físicas sistematizadas
quando realizada em grupo favorecem a adesão dos idosos trazendo benefícios
para a saúde e ampliam os benefícios para a saúde tanto sob os aspectos biológicos
quanto para os psicossociais. Lopes (2013) reafirma que os programas de ginástica
apresentam uma grande aceitação entre as pessoas idosas, devido às suas
vantagens no que se refere à melhoria da saúde, socialização, integração, novas
amizades, estética, além do bem-estar físico e mental.
A qualidade de vida tem sido um dos grandes focos de atenção de
autoridades e também da população nas últimas décadas. Por ser um conceito
relativamente novo, muito abrangente e subjetivo, vários grupos de estudos
começaram a pesquisar o que seria e o que abrangeria este fenômeno.
Os benefícios da prática corporal / atividade física para a saúde são inúmeros,
dentre eles destaca-se o melhor funcionamento corporal, diminuindo as perdas
funcionais; favorece a preservação da independência; reduz o risco de morte por
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015
1310
doenças cardiovasculares; melhora o controle da pressão arterial; melhora a postura
e o equilíbrio; favorece o controle do peso corporal; melhora o perfil lipídico e a
melhor utilização da glicose pelo organismo; melhora o retorno venoso; previne
cãibras, sensação de peso e fraqueza; a função intestinal; os quadros álgicos; a
resposta imunológica; a qualidade do sono; amplia o contato social; apresenta
correlações favoráveis com redução do tabagismo e abuso de álcool e drogas;
diminui a ansiedade; o estresse; as alterações do estado de humor e a autoestima
(BRASIL, 2007).
O enfermeiro, deve agir com equidade nas opções de suas intervenções, pois
os idosos, dependendo do estágio de vida que se encontram, possuem
necessidades particulares, que precisam ser acolhidas de forma distinguida, e a
participação da atividade física em grupo atua como facilitador para o processo de
promoção da saúde.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa confirmou os benefícios da prática de atividade física no
processo de envelhecimento a partir da experiência das idosas do grupo Terceira
Idade Viva Bem. As participantes reconhecem os benefícios da atividade física na
manutenção do bom estado de saúde, incorporando-a como prática de promoção e
prevenção de doenças.
A manutenção desta prática deve ser estimulada pela equipe de saúde, com
destaque para as intervenções que devem ser direcionadas tanto pelos enfermeiros
como pela equipe de enfermagem que atuam diretamente, junto à população, nos
mecanismos de promoção da saúde e prevenção de agravos.
As limitações observadas em relação a pouca participação da equipe
interdisciplinar no estímulo e acompanhamento dos idosos e no direcionamento das
orientações sobre os benefícios e a importância desta prática para a manutenção da
condição de vida, devem ser revistas pelos responsáveis pelos serviços de saúde,
especialmente considerando as orientações das políticas de atenção ao idoso e de
promoção da saúde e a responsabilidade dos profissionais, quanto a esta prática
para este público.
Sugere-se a que ao serem definidas as ações de saúde direcionadas à
população idosa, que eles participem na tomada de decisões, na perspectiva da
definição de intervenções que atendam às suas necessidades e condições de
participação; reconheçam sua autonomia e possibilitem a interação social e a
continuidade dos cuidados à saúde.
Espera-se que os resultados apresentados possam servir de referencia para
estudo das equipes de saúde e a realização de outras pesquisas na busca da
ampliação do conhecimento sobre esta temática, focalizando a importância de um
cuidado integral à saúde do idoso.
REFERÊNCIAS
ANDRÉA, Fernando de. A atividade física e o enfrentamento do estresse em idosos.
2010. Dissertação (Mestrado em ciências da educação e saúde). Disponível em: <
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015
1311
http://www.teses.usp.br /teses/disponiveis/ 5/5169/tde-10052010-153413/pt-br.php>.
Acesso em: 13 ago. 2014.
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n.466 de 12
de dezembro de 2012. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de
pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília: Ministério da Saúde.
BRASIL. Ministério da Saúde. Alimentação saudável para a pessoa idosa: um
manual para profissionais de saúde. Ministério da Saúde. 2. ed. Brasília: Ministério
da Saúde, 2009. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
alimentacao_saudavel_idosa_profissionais_saude.pdf>. Acesso em: 08 fev. 2014.
______. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde do Idoso e dá outras
providências. Brasília. Ministério da Saúde, 2009. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs /folder/politica_nacional_pessoa_idosa_2009.pdf>.
Acesso em: 19 nov. 2013.
______. Ministério da Saúde. Estatuto do Idoso. Ministério da Saúde. 2. ed. Brasília:
Ministério da Saúde, 2007. Disponível em:
<http://conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/ estatuto_idoso2edicao.pdf>. Acesso
em: 18 nov. 2013.
______. Portaria n° 2.528, de 19 de outubro de 2006. Política Nacional de Saúde da
Pessoa Idosa. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: <
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/2528%20aprova%20a%20
politica%20nacional%20de%20saude%20da%20pessoa%20idosa.pdf> Acesso em:
21 jan. 2014.
FONSECA, Graziele Gorete Portella da. et al. Qualidade de vida na terceira idade:
considerações da enfermagem.2012. Revista de Enfermagem da UFSM, Santa
Maria, v.1, n 3, p. 362-366, jan./abr. 2013. Disponível em: <http://cascavel.cpd
.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/reufsm/article/view/6390/pdf>. Acesso em: 10
set. 2014.
GOBBI, Sebastião; CORAZZA, Danilla Icassatti; COSTA, José Luiz Riani; UENO,
Deisy Terumi; GOBBI, Lilian Teresa Bucken. Atividade física e saúde no
envelhecimento: a experiência do Programa de Atividade Física para a Terceira
Idade (PROFIT). 2009. Disponível em: www.saude.sp.gov.br/resources/instituto-desaude/homepage/temas-saude-coletiva/pdfs/velhices_
envelhecimento_ativo_pdf.pdf#page=284. Acesso em: 12 ago. 2014.
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS.
Núcleo de Geriatria e Gerontologia da UFMG. Serviço de Geriatria do HC - UFMG.
Disponível em: < http://www.hc.ufmg.br/geriatria/>. Acesso em: 02 set. 2014.
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015
1312
LINS, Raquel Guimarães; CORBUCCI, Paulo Roberto. A importância da motivação
na prática de atividade física para idosos. Estação Científica, Juiz de Fora, n.4,
abr./mai 2007. Disponível em: <http://www.luzimarteixeira.com.br/wpcontent/uploads/2011/04/motivacao-idosos.pdf>. Acesso em: 10 out. 2014.
LOPES, Marize Amorim. Pessoas Longevas e atividade física: fatores que
influenciam a pratica. 2012. 253 f. Tese (Doutorado em Educação Física) –
Universidade Federal de Santa Catarina, 2012. Disponível em:
<http://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/96159/303913.pdf?sequence
=1 >. Acesso em: 19 nov. 2013.
LOPES, Marize Amorim; KRUG, Rodrigo de Rosso; MAZO, Giovana Zarpellon;
BONETTI Albertina. Percepção de idosas longevas sobre atitudes positivas diante
da prática de atividade física: um estudo em grupo focal. Saude & Transformação
Soc. Florianópolis, v.4, n.3, p.91-97, ago. 2013. Disponível em:
<http://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/saudeetransformacao
/article/view/2417/3016>. Acesso em: 21 abr. 2014.
MACHADO, Flávia Nunes. Capacidade e desempenho para as atividades básicas de
vida diária: um estudo com idosos dependentes. 2010. 129f. Dissertação (Mestrado
em Enfermagem) - Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Enfermagem,
Belo Horizonte 2010. Disponível em: <
http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle /1843/GCPA-8BAMCT>. Acesso
em: 15 nov. 2013.
PEDRINELLI, André; GARCEZ-LARCEZ, Luiz Eugênio; NOBRE, Ricardo do Serro
Azul. "O efeito da atividade física no aparelho locomotor do idoso." Rev. Bras.Ortop.,
São Paulo, v.44, n. 2, p. 96-101, 2009.
QUEIROZ JUNIOR, Carlos Alberto de et al. Motivos de adesão das mulheres idosas
participantes dos programas Públicos de exercícios físicos em Uberaba-Mg.2012.
Coleção Pesquisa em Educação Física. Uberaba, v. 11, n 4, p. 135-142, mar./abr.
2012. Disponível em: < https://www.fontouraeditora.com.br/periodico/vol-11/Vol11n42012/Vol11n4-2012-pag-135a142/Vol11n4-2012-pag-135a142.pdf>. Acesso em 18
set. 2014.
ROCHA, Elivania Costa de Almeida. Prática de Atividades Físicas X Saúde do Idoso.
Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 12 dez. 2012. Disponível em: <http://www.conteudo
juridico.com.br/monografia-tcc-tese,pratica-de-atividades-fisicas-x-saude-doidoso,41134.html >. Acesso em: 10 out. 2013
SANTANA, Maria Silva. Significado da atividade física para Práticas de saúde na
terceira idade. Estudos Interdisciplinares sobre o Envelhecimento, Porto Alegre, v.
15, n. 2, p.239-254, 2010. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/index.php/Ver
Envelhecer/article/view/11995/11479>. Acesso em: 04 set. 2014.
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015
1313
TOSCANO, José Jean de Oliveira; OLIVEIRA, Antônio César Cabral de. Qualidade
de vida em idosos com distintos níveis de atividade física. Revista Brasileira Medica
no Esporte, v.15, n.3, p. 169-173, 2009. Disponível
em<http://www.scielo.br/pdf/rbme/ v15n3/ a0 1v15n3.pdf>. Acesso em: 10 ago.
2014.
WOLFF, Suzana Hübner. Vivendo e envelhecendo: recordes de práticas sociais nos
núcleos da vida saudável. São Leopoldo: UNISINOS, 2009. Disponível em: <
http://www.esporte.gov.br/arquivos/snelis/esporteLazer/cedes/vivendoEnvelhecendo.
pdf>. Acesso em: 21 nov. 2013.
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015
Download

ATIVIDADE FÍSICA NA VELHICE: COMO AS IDOSAS