1303 ATIVIDADE FÍSICA NA VELHICE: AVALIAÇÃO DE UM GRUPO DE IDOSAS SOBRE SEUS BENEFÍCIOS PHYSICAL ACTIVITY IN OLD AGE: EVALUATION BY A GROUP OF ELDERLY WOMEN ABOUT ITS BENEFITS Taciany Karine de Almeida Ferreira Enfermeira. Graduada pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – Unileste. [email protected] Vitória Augusta Teles Netto Pires Enfermeira. Graduada em Enfermagem e Obstetrícia. Mestre em Saúde e Enfermagem na área de Planejamento, Organização e Gestão de Serviços de Saúde. Especialista em Saúde Pública e em Educação Profissional na Área Saúde: Enfermagem pela Escola de Enfermagem da UFMG; Especialista em Ativadores de Processos de Mudança pela Fiocruz/ENSP. Docente do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – Unileste. [email protected] RESUMO Todo organismo vivo possui um período limitado de vida e nele ocorrem mudanças fisiológicas com o decorrer do tempo que caracterizam o processo de envelhecimento. O envelhecimento populacional é um grande desafio para a saúde pública contemporânea por ser uma fase com doenças próprias do envelhecimento e que hoje ganham maior expressão na sociedade. Para torná-lo saudável é importante incluir na vida diária atividades de promoção à saúde, entre elas as atividades físicas regulares e manter hábitos que melhoram as condições de vida. Esta pesquisa teve como objetivo identificar os benefícios da prática da atividade física no processo de envelhecimento a partir da experiência dos idosos participantes do grupo Viva Bem, do município de Naque em Minas Gerais. Entre os resultados obtidos têm-se o prazer, a saúde, o exercitar-se e a convivência social como os principais motivos apresentados. Conter a informação sobre estas questões colabora para o direcionamento da atividade física, além da satisfação por parte dos participantes. PALAVRAS- CHAVE: Atividade Física. Promoção da Saúde. Velhice. ABSTRACT Each living organism has a limited lifespan and physiological changes happen over time characterizing the aging process. Population aging is a major challenge to contemporaneous public health as it is a stage marked by aging illnesses, which have greater relevance in society nowadays. In order to turn these organisms into healthy ones, it’s important to include in their daily lives activities that promote health. Among them, regular physical activities and keeping habits that will improve living conditions. This research aimed to identify the benefits of physical activity in the aging process from the experience of the elderly participants' of Viva Bem Group, in the town of Naque, Minas Gerais. Among the obtained results there are the pleasure, health, the working out and the social living as the main reasons given by the participants. Containing the information about these issues contributes to the heading of physical activity, beyond satisfaction by participants. KEY WORDS: Physical Activity. Health Promotion. Old Age. INTRODUÇÃO Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015 1304 No Brasil considera-se oficialmente idoso o adulto com idade igual ou superior a 60 anos. Segundo Wolff (2009) o processo do envelhecimento começa desde quando somos concebidos em vida. O ser humano nasce, desenvolve-se atinge a puberdade, posteriormente a maturidade e então velhice. Este último processo caracteriza-se pela fase da vida em que ocorrem mudanças fisiológicas, bioquímicas e psicológicas. Nesta etapa ocorre a perda progressiva da capacidade de adaptação do organismo às atividades diárias. A pele perde o tônus e a elasticidade; os órgãos internos atrofiam-se; o olfato e o paladar diminuem; ocorre o aumento da quantidade de gordura no organismo; diminuição da força muscular, dificultando na execução de atividades de vida diária, inclusive na prática de atividade física. A atividade física consiste em qualquer movimento corporal produzido pela musculatura que resulte em gasto energético acima dos níveis de repouso. A prática regular é acompanhada de benefícios que se manifestam sob todos os aspectos do organismo. No idoso proporciona liberação de substâncias que ativam sistemas corporais, como também promove as relações interpessoais; trabalha as funções metabólicas e funções vitais do corpo e associada ao hábito nutricional adequado atua de forma somática em sua qualidade de vida (ANDRÉA, 2010; BRASIL, 2009; ROCHA, 2012). De acordo com Rocha (2012) a atividade física regular melhora a força, a massa muscular e a flexibilidade articular. Também atua como método de prevenção de doenças neurológicas, como esclerose múltipla e doença de Alzheimer. O direcionamento ao cuidado com a saúde e a prática de atividade física incentivada pelos profissionais da saúde, com apoio da equipe de enfermagem atua como mecanismo preventivo, no qual evita-se a atrofia dos membros, dos órgãos internos e da musculatura. Como consequência da inatividade, o idoso pode apresentar diminuição da resistência física, fraqueza generalizada e risco mais frequente de quedas, evidenciando a importância de uma assistência profissional com excelência e políticas públicas voltadas à estes indivíduos (ANDRÉA, 2010). O Pacto em Defesa da Vida de 2006 prioriza a política de atenção a saúde do idoso, pois, possui especial relevância o aprimoramento do acesso e da qualidade dos serviços prestados no Sistema Único de Saúde (SUS), com a ênfase na promoção, informação e educação em saúde; promoção de atividade física e hábitos saudáveis de alimentação e vida, controle do tabagismo; controle do uso abusivo de bebida alcoólica; cuidados especiais voltados ao processo de envelhecimento para o fortalecimento e qualificação estratégica da Saúde da Família e dos programas voltados ao idoso (BRASIL, 2006). A Política de Atenção à Saúde do Idoso, publicada em 1994 orienta a implantação de ações integradas de combate à violência domiciliar e institucional contra idosos e idosas; facilitar a participação das pessoas idosas em equipamentos sociais, grupos de terceira idade, atividade física, conselhos de saúde locais e conselhos comunitários onde o idoso possa ser ouvido e apresentar suas demandas e prioridades (BRASIL, 2006; 2009). A população idosa deve ser considerada como sujeito ativo na promoção de sua saúde e na manutenção de sua autonomia, em que sejam realizadas orientações sobre os cuidados e o apoio pela família e pelos serviços de saúde na execução das atividades físicas que não necessitem de auxílio ou supervisão, mas que permitam desenvolver as atividades físicas sem risco (MACHADO, 2010). Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015 1305 Portanto, o envelhecer deve ser com saúde, de forma ativa, livre de qualquer tipo de dependência funcional, o que exige por parte da equipe de saúde estimular a promoção da saúde em todas as faixas de idades. Para que o idoso execute suas atividades (como tomar banho, fazer compras, caminhada, aeróbica dentre outros) em segurança é necessário o conhecimento do contexto das limitações que vivenciam e as implicações que podem provocar na execução destas atividades (BRASIL, 2007). Esta pesquisa teve por objetivo identificar os benefícios da prática de atividade física no processo de envelhecimento a partir da experiência das idosas do grupo Terceira Idade Viva Bem, do município de Naque localizado na região leste de Minas Gerais. A atividade física é um importante mecanismo de preservação da qualidade de vida e da saúde. Analisar seu efeito sobre a ótica dos idosos que a praticam é uma maneira de avaliar o entendimento deste grupo sobre os seus efeitos na conservação do estado de saúde durante o processo do envelhecimento destacando a capacidade de identificação das alterações ocasionadas pela prática da atividade. METODOLOGIA Para identificar os benefícios da prática de atividade física no processo de envelhecimento foi realizada uma pesquisa qualitativa do tipo descritiva, no município de Naque localizado na região leste de Minas Gerais, distante a 252 km da capital Belo Horizonte. No grupo Viva Bem estavam cadastradas 40 participantes. No período da pesquisa, 20 frequentavam regularmente o grupo e dentre elas somente 11 atenderam os critérios de inclusão: ter idade igual ou superior a 60 anos, estar cadastrada no grupo Viva Bem e aceitar assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para o levantamento dos dados, após autorização da secretaria de saúde do município foram abordadas todas as participantes do grupo que estavam adequadas aos critérios de inclusão. Um pré-teste foi realizado com três idosas para identificar se a abordagem do instrumento atenderia aos objetivos da pesquisa, o que foi confirmado, ou seja, não houve mudanças no instrumento. Como instrumento de coleta de dados utilizou-se um roteiro de entrevista semiestruturado que abordou sobre os motivos que levaram a prática da atividade física no grupo Viva Bem e os benefícios alcançados. A coleta de dados ocorreu no período de 05 de junho a 04 de julho de 2014. Foi utilizado um diário de campo para registro das reações e comportamentos expressos pelas entrevistadas durante o levantamento dos dados. As entrevistas foram gravadas e os depoimentos transcritos na íntegra. Os nomes foram substituídos por siglas de acordo com a ordem das entrevistas: idosa 1(i1); idosa 2 (i2) seguidos de números arábicos sequenciados. Posteriormente os dados passaram por análise de conteúdo que segundo Bardin (2009, p.42) consiste em um “conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a dedução de conhecimentos destas mensagens”. Foram organizados em categorias de análise sendo a Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015 1306 caracterização dos participantes, orientação profissional no estímulo a pratica da atividade física; melhorando o corpo com a prática da atividade física; a prática da atividade física melhorando a qualidade da vida diária. A pesquisa atendeu os aspectos éticos definidos para a pesquisa com seres humanos de acordo com os critérios da Resolução nº 466/2012, sendo aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais sob o parecer nº 731.686 (BRASIL, 2012). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os benefícios essenciais à prática regular de atividade física na velhice tem sido objeto de estudo, devido ao conhecimento de que um estilo de vida ativo promove a manutenção da capacidade funcional destes indivíduos por um período mais longo e, logo mantém sua qualidade de vida. No grupo pesquisado analisou-se o conhecimento sobre os efeitos da atividade física na manutenção do seu estado de saúde. Caracterização dos participantes As idosas integrantes da pesquisa estiveram representadas por duas mulheres com idade entre 60 e 64 anos; cinco idosas entre 65 a 69 anos; duas idosas entre 70 a 74 anos e duas com 75 anos e mais. No aspecto estado civil, cinco eram viúvas, quatro casadas; uma solteira e uma separada. As aposentadas representaram oito idosas do grupo com renda entre um a dois salários mínimos. Entre as entrevistadas quatro idosas moravam com os filhos, três idosas com os companheiros, duas idosas sozinha e as demais com seus netos. Quanto à escolaridade duas não possuíam formação; quatro haviam feito da 1ª à 4ª incompleto; duas idosas concluíram a 4ª série do ensino fundamental; uma concluiu até a 8ª série do ensino fundamental e uma concluiu o segundo grau completo. Os dados desta pesquisa se assemelham aos registros de Santana (2010) quanto ao estado civil e a escolaridade. Dentre as patologias associadas à idade sete não as apresentavam e quatro relataram ter diagnóstico de artrite, artrose, bursite, osteoporose, hipertensão. Todas recebiam acompanhamento médico e faziam tratamento medicamentoso e não medicamentoso. Sobre o tempo de participação no grupo, sete delas informaram que faziam atividade física há mais de sete anos. As modalidades de exercício eram caminhadas, uso de bicicleta ergométrica, zumba (programa para fitness inspirado principalmente pela dança latina) e hidroginástica, com a frequência de cinco dias por semana. Santana (2010), Queiroz Júnior et al. (2012) também destacaram a ginástica aeróbica como primeira opção de modalidade de atividade física, seguida da hidroginástica, da caminhada e por último a musculação. Neste grupo, as idosas relataram o prazer que sentem em estar no grupo e que pretendem continuar nele por um longo tempo. Os Idosos que praticam atividade física regularmente apresentam redução das patologias mais frequentes Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015 1307 nesta idade, tornam-se mais ativos e a participação em grupos de atividades físicas torna-se um fator estimulador à continuidade dos exercícios físicos. Orientação profissional no estímulo a pratica da atividade física Outro aspecto avaliado esteve relacionado à identificação dos profissionais de quem haviam recebido orientações para a prática da atividade física. De acordo com as idosas a indicação tem sido mais frequente por parte dos médicos, responsáveis por 54% das indicações dos idosos que fazem parte do grupo Viva Bem. As demais participantes optaram pelos exercícios por interesse próprios. Pode-se considerar que a equipe de saúde não tem atuado como uma equipe multidisciplinar em prol do estímulo à prática de atividade física para a população idosa. Em relação às orientações de profissionais acerca da importância da prática da atividade física, pode-se observar uma divergência de condutas por parte dos enfermeiros e outros profissionais da equipe de saúde, que de acordo com as idosas não orientam a prática da atividade física ou estimulam a participação de outros idosos no grupo. Os enfermeiros não foram mencionados por nenhuma das idosas como agentes dessa orientação, somente os médicos. Destaca-se, portanto a importância da orientação por todos os profissionais que estão envolvidos direta ou indiretamente com a promoção da saúde do idoso. As atividades físicas orientadas são importantes para que os idosos permaneçam com uma melhor aptidão física. As idosas do grupo visualizaram as mudanças ocasionadas pela prática da atividade física, evidenciada pela redução do uso de medicamentos para tratamento de doenças crônicas; redução de dores no corpo; melhoria do funcionamento do sistema digestório e no sono. O estudo realizado por Santana (2010), com 70 idosos do Programa “Saúde e Cidadania na Terceira Idade” de Natal identificou entre as fontes de informação e estímulo à prática da atividade física que 62% foram por recomendação médica; 23% pelos Meios de Comunicação (TV, rádio, revista, jornal etc.); 10% por Parente ou Amigos; 8% pelo Professor/Instrutor. Quanto à preferência pelo tipo de atividades estiveram destacadas a hidroginástica (77%), a dança (50%), a ginástica aeróbica (32%) e a natação (31%). Para Fonseca et al. (2013) é importante a capacitação e o envolvimento dos profissionais cuidadores no planejamento e implementação das atividades de promoção da saúde. Deve-se, portanto, considerar o envolvimento da equipe interdisciplinar para lidar as ações de saúde direcionadas aos idosos. Destaca-se que a função dos profissionais de saúde não deve ser somente proporcionar o cuidado técnico a essa população, mas incentivar estes usuários a conservarem a sua autonomia e independência para as atividades da vida diária, com foco na promoção da sua saúde física e mental. Melhorando o corpo com a prática da atividade física De acordo as concepções apresentadas pelas idosas em relação aos motivos que as levaram a frequentar o grupo Viva Bem e os benefícios da atividade física para quem está envelhecendo, destacaram-se os relatos: Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015 1308 É porque eu senti bem, eu achei que deveria fazer... Pela minha idade eu senti vontade de vir. Quando a gente está envelhecendo é bom... a junta já não está normal, aí vai gastando a gente fica assim dura. Quando faço minha caminhada e venho para os meus exercícios, danço! Nossa... me sinto outra pessoa. (i1) A minha irmã que me trouxe. Ela falou que é bom! Pra ficar mais animado mais alegre, tranquila, não sentir tanta dor no corpo igual aqueles que ficam quietos. (i3) Porque aquilo deve ser muito bom pra saúde, para... ter umas amiguinhas... a gente quando está ficando velha a gente tem muita dor nos joelhos... não sinto nada. (i6) Eu achava que se eu frequentasse esse grupo melhoraria bem minha situação, porque eu quase não estava andando, doía a coluna, me ajudou bastante. Pra mente é muito bom, para não ficar esquecendo, pro desenvolvimento... para a gente não ficar entrevada, porque eu com 70 anos eu estou melhor que uns com 30, 20 anos.(i8) Para as idosas a atividade física está relacionada ao bem estar corporal, melhora a elasticidade corporal, a interação com outras pessoas, estimula a fazer amizades, mantém a vitalidade na velhice e evita a solidão, especialmente para aquelas que moram sozinhas. Apesar do processo de envelhecimento não estar basicamente, relacionado a doenças e inabilidades, as doenças crônicodegenerativas são repetidamente encontradas entre os idosos. Considerando este aspecto e o crescente aumento da população idosa, a tendência é ter um número maior de indivíduos que possam apresentar estas patologias, mais frequentes nesta faixa etária. Os relatos demostraram que as idosas conseguem identificar os benefícios das atividades físicas para a manutenção da saúde na velhice e o prazer de realizálas em grupo. Segundo Toscano e Oliveira (2009) os programas de atividade física podem fornecer qualidade de vida para a população de idosos, tanto pelo engajamento social que geram quanto pelas mudanças positivas nos aspectos físicos, o que na prática resulta em maior autonomia para desenvolver as atividades da vida diária. De acordo com Lins (2007), deve-se esclarecer para o idoso os comprometimentos que abrangem o processo de envelhecimento, informando-os sobre como a atividade física e o estilo de vida interferem neste processo. Por isto devem estar incluídos nos programas de prevenção e promoção da saúde para os idosos a atividade física como um importante mecanismo de redução das causas de morbidade e mortalidade que afetam esta população, especialmente em relação às doenças cardiovasculares. Estas informações podem evitar frustações e evasões nos programas e, além disto o exercitar os mantêm ativos, autônomos e independentes. Estes relatos são confirmados por Pedrinelli et al. (2009) que em um estudo de revisão de literatura descreveram que as alterações ocorridas em decorrência do envelhecimento podem ter seu efeito reduzido por meio da prática regular de exercícios físicos, nos quais programas devem ser individualizados, conforme as necessidades específicas do idoso. Para que se mantenham os benefícios Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015 1309 alcançados pela prática da atividade física é necessário a adesão, a longo prazo ao programa. A prática da atividade física melhorando a saúde As praticantes relataram diversas mudanças que a prática de atividade física trouxe para suas vidas, mediante os exercícios realizados, que pode ser confirmado pelos fragmentos dos depoimentos: Demais... as dores nas pernas que às vezes eu sentia não sinto mais, se estou com a coluna doendo e vou para a caminhada eu não sinto mais não. Já não tomo remédio nenhum só o de pressão. (i1) Sim, sinto meu corpo maneiro, eu durmo bem, alimento bem. Sinto de bem com a vida. (i3) Sinto mais disposta, mais animada, com as pessoas principalmente ocupando a mente para não dar depressão. Às vezes estou esmorecida... todo mundo de lá dá a gente atenção, aí me sinto bem mesmo. (i7) A prática da atividade física representa uma melhoria nos problemas de saúde, reduzindo as dores corporais, a depressão, além de proporcionar bem-estar físico e mental. No período da velhice um dos fatores que merece maior atenção é a estabilidade emocional, com vistas à prevenção da depressão e outras situações relacionadas. Conforme os relatos, as idosas preferem morar sozinhas e demonstraram satisfação pelo fato de proporcionar independência e liberdade. Segundo Rocha (2012), além da atividade física ser um fator importante na qualidade de vida das pessoas, há evidências de que a população que mais se beneficia com esta prática é a população de idosos. Neste sentido, a atividade física na velhice mostra-se promissora em despertar no idoso a manutenção a saúde e interação com o meio. Lopes (2012) avalia que as pessoas idosas que praticam regularmente atividade física propiciam ao organismo uma diminuição ou desaceleração da velocidade do envelhecer, o qual implica em melhorar as condições físicas do idoso frente aos problemas e limitações que envolvem a mobilidade. Gobbi et al. (2009) identificaram que as atividades físicas sistematizadas quando realizada em grupo favorecem a adesão dos idosos trazendo benefícios para a saúde e ampliam os benefícios para a saúde tanto sob os aspectos biológicos quanto para os psicossociais. Lopes (2013) reafirma que os programas de ginástica apresentam uma grande aceitação entre as pessoas idosas, devido às suas vantagens no que se refere à melhoria da saúde, socialização, integração, novas amizades, estética, além do bem-estar físico e mental. A qualidade de vida tem sido um dos grandes focos de atenção de autoridades e também da população nas últimas décadas. Por ser um conceito relativamente novo, muito abrangente e subjetivo, vários grupos de estudos começaram a pesquisar o que seria e o que abrangeria este fenômeno. Os benefícios da prática corporal / atividade física para a saúde são inúmeros, dentre eles destaca-se o melhor funcionamento corporal, diminuindo as perdas funcionais; favorece a preservação da independência; reduz o risco de morte por Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015 1310 doenças cardiovasculares; melhora o controle da pressão arterial; melhora a postura e o equilíbrio; favorece o controle do peso corporal; melhora o perfil lipídico e a melhor utilização da glicose pelo organismo; melhora o retorno venoso; previne cãibras, sensação de peso e fraqueza; a função intestinal; os quadros álgicos; a resposta imunológica; a qualidade do sono; amplia o contato social; apresenta correlações favoráveis com redução do tabagismo e abuso de álcool e drogas; diminui a ansiedade; o estresse; as alterações do estado de humor e a autoestima (BRASIL, 2007). O enfermeiro, deve agir com equidade nas opções de suas intervenções, pois os idosos, dependendo do estágio de vida que se encontram, possuem necessidades particulares, que precisam ser acolhidas de forma distinguida, e a participação da atividade física em grupo atua como facilitador para o processo de promoção da saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa confirmou os benefícios da prática de atividade física no processo de envelhecimento a partir da experiência das idosas do grupo Terceira Idade Viva Bem. As participantes reconhecem os benefícios da atividade física na manutenção do bom estado de saúde, incorporando-a como prática de promoção e prevenção de doenças. A manutenção desta prática deve ser estimulada pela equipe de saúde, com destaque para as intervenções que devem ser direcionadas tanto pelos enfermeiros como pela equipe de enfermagem que atuam diretamente, junto à população, nos mecanismos de promoção da saúde e prevenção de agravos. As limitações observadas em relação a pouca participação da equipe interdisciplinar no estímulo e acompanhamento dos idosos e no direcionamento das orientações sobre os benefícios e a importância desta prática para a manutenção da condição de vida, devem ser revistas pelos responsáveis pelos serviços de saúde, especialmente considerando as orientações das políticas de atenção ao idoso e de promoção da saúde e a responsabilidade dos profissionais, quanto a esta prática para este público. Sugere-se a que ao serem definidas as ações de saúde direcionadas à população idosa, que eles participem na tomada de decisões, na perspectiva da definição de intervenções que atendam às suas necessidades e condições de participação; reconheçam sua autonomia e possibilitem a interação social e a continuidade dos cuidados à saúde. Espera-se que os resultados apresentados possam servir de referencia para estudo das equipes de saúde e a realização de outras pesquisas na busca da ampliação do conhecimento sobre esta temática, focalizando a importância de um cuidado integral à saúde do idoso. REFERÊNCIAS ANDRÉA, Fernando de. A atividade física e o enfrentamento do estresse em idosos. 2010. Dissertação (Mestrado em ciências da educação e saúde). Disponível em: < Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 8 - N. 1 - Jul./Ago. 2015 1311 http://www.teses.usp.br /teses/disponiveis/ 5/5169/tde-10052010-153413/pt-br.php>. Acesso em: 13 ago. 2014. BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n.466 de 12 de dezembro de 2012. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília: Ministério da Saúde. BRASIL. Ministério da Saúde. 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