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Integração Ensino Serviço: O Internato em Saúde Coletiva do Curso de Medicina
do UniFOA, Inserido na Rede de Atenção Básica do SUS Volta Redonda RJ
Geraldo de Assis Cardoso 1
Angela Schachter Guidoreni 1
Márcia Dorcelina Trindade Cardoso 1
Palavras-chaves:
Resumo
Internato em
Saúde Coletiva
O presente artigo traz uma reflexão sobre mudanças de paradigma no
Curso de Medicina do UniFOA, após a criação do Internato em Saúde
Coletiva(ISC), considerando a origem desta instituição, a Constituição de
88 e a Integração Ensino Serviço.
Faz uma análise relacional entre distintos aspectos do Projeto Político
Pedagógico(PPP), das Diretrizes Curriculares e do Internato em Saúde
Coletiva. Conclui sobre possíveis contribuições do ISC para o PPP do
Curso de Medicina do UniFOA, em função da coerência com as Diretrizes
Curriculares e a inserção de alunos egressos na rede de serviços da Atenção
Básica
Integração
Ensino Serviço
Cadernos UniFOA
Edição Especial Prefeitura Municipal de Volta Redonda - outubro 2008
1. Introdução
O sonho da Universidade do Vale
do Paraíba, evolução natural da idéia de
implantação da Faculdade de Medicina,
representou, no Estado do Rio de Janeiro, o
pioneirismo do ideal da descentralização do
ensino superior.
Na década de 60, do século passado,
num cenário extremamente atribulado, um
grupo de médicos e lideranças da região
iniciaram um movimento que culminou na
criação da Fundação Oswaldo Aranha e no
nascimento da Escola de Ciências Médicas de
Volta Redonda, no dia 22 de maio de 1968.
Entende-se como cenário atribulado
uma série de fatos políticos, sociais e econômicos
que o Brasil vivia e que eram conseqüentes ou
determinantes para o afastamento gradativo
do Estado do seu papel de responsável pela
Educação. A insatisfação crescente do meio
estudantil pela dificuldade de acesso ao ensino
superior, as propostas de reformas nesta área,
a crise resultante com o surgimento de grupos
cada vez maiores de estudantes excedentes nas
provas de vestibular, a tentativa do Ministério
de Educação e Cultura de criar uma solução
imediatista permitindo a criação de faculdades
privadas visando a concessão de vagas que
1
Especialista - Medicina – UniFOA
atendessem a estes alunos eram parte do
cotidiano (SILVA, 1997).
Assim, o surgimento de uma proposta
de criação de uma Faculdade de Medicina,
privada, no interior do Estado, poderia sugerir
um casuísmo que respondesse a esta demanda
da sociedade. No entanto, o ideal do grupo
pioneiro garantia que “a escola dos nossos
sonhos realizaria exame vestibular próprio
e suas vagas obedeceriam aos padrões de
qualidade recomendados, sem exceder a
capacidade instalada nem sacrificar a carga
horária necessária a um bom curso” (ibidem).
Ou seja, as discussões e trabalhos àquela
época já preconizavam que “não poderíamos
aceitar em Volta Redonda outros parâmetros
que não fossem os preconizados pela
ABEM(Associação Brasileira de Educação
Médica) e nosso projeto não se enquadraria
no imediatismo de atender a crise dos
excedentes.” (ibidem).
Já no final da década de 60, com
o funcionamento da Escola, era claro o
compromisso de seus professores com a
formação integral do aluno. Os fundadores
da Escola de Medicina percebiam que sua
“finalidade não se restringe apenas a formar
de Medicina do UniFOA) e a Prefeitura
Municipal de Volta Redonda, com o objetivo
de garantir um novo espaço de prática/ensino/
aprendizagem: o Internato em Saúde Coletiva,
marco da integração ensino serviço no SUS
em Volta Redonda, com foco no atuar na
Atenção Básica, em equipe multidisciplinar
valorizando a formação médica generalista.
Este artigo traz assim, uma reflexão
sobre o papel do Internato de Saúde Coletiva
para o perfil dos egressos do curso de medicina
e como elemento para análise de coerência
do Projeto Político Pedagógico do Curso de
Medicina do UniFOA.
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O Internato em Saúde Coletiva (ISC)
compõe o período curricular onde os alunos e
os preceptores aplicam e fazem crescer seus
conhecimentos em atividades práticas, junto
aos pacientes, famílias e comunidade, a partir
de problemas sanitários prevalecentes, com
base nas estratégias e políticas de saúde que
norteiam o novo modelo estabelecido pelo
Ministério da Saúde.
Ao estruturarmos o ISC objetivamos
as experiências em Saúde Coletiva, Atenção
Primária em Saúde e Saúde da Família na
Rede Pública - SUS, em atividades resultantes
da integração ensino/serviço, pela participação
em trabalhos na comunidade, nas unidades
SF e em pesquisas de campo. Muitas destas
experiências possibilitam uma reorientação
pedagógica centrada na aptidão de aprender,
transformando o conhecimento num produto
construído por meio de integração com o
objeto de trabalho (Ferreira, 1986).
São, pois objetivos do ISC contribuir
para a formação do médico generalista com
conhecimento em saúde coletiva, capaz de atuar
no processo saúde-doença em seus diferentes
níveis de atenção; oferecer aos Internos
do Curso de Medicina, oportunidades para
ampliar, integrar e aplicar os conhecimentos
em Epidemiologia e Clínica, adquiridos nos
ciclos anteriores do Curso de Medicina.
Assim, esperamos que ao final do
módulo do ISC o Interno possa conhecer e
aplicar os princípios e diretrizes do SUS;
conhecer as ações da Vigilância em Saúde e
sua importância em Saúde Coletiva; utilizar
os principais indicadores de saúde para o
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2. O Internato em Saúde Coletiva
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médicos, destinada que está a contribuir
para elevar os padrões da medicina e por
conseqüência melhorar a saúde da população”
(ibidem). Neste sentido “começaram os
contatos em profundidade para a utilização
do Sistema de Saúde local em atividades de
ensino, desafio maior da Escola Médica”
(ibidem). Para eles, já àquela época, “a
presença do Estado nos locais onde se pratica
a Medicina nos seus aspectos preventivos e
curativos” (ibidem) era fundamental. Queriam
assim concretizar um objetivo que “não se
conformava com a simples aproximação
com as instituições hospitalares e postos de
saúde” (ibidem). E que no dizer de SILVA,
1997, era muito mais, pois “queríamos a
integração, palavra nova, complicada e de
prática difícil”. Esta integração era concebida
como um processo dinâmico que implicava
em mudança de postura de todo o ambiente
acadêmico. Outro aspecto da visão do grupo
pioneiro permitia um olhar voltado para
a formação generalista, que surgia como
resposta às dúvidas que o aluno enfrentava ao
sair do ciclo básico e adentrar o ciclo clínico.
Momento este caracterizado pelas “dúvidas
quanto à vocação e dos rumos a tomar: clínica
ou cirurgia? Cuidar de criança, de adulto ou
idoso? Lidar com gente ou esconder-se detrás
de um aparelho?” (ibidem). Neste processo
ressaltavam a individualidade de cada aluno
e orientavam “em primeiro lugar tornarse médico sem adjetivo e somente depois
decidir pela especialização” (ibidem). Assim,
conceberam uma Escola de Medicina, no
interior do Estado, que tinha o papel de perceber
o momento político e não se submeter a ele;
de atender às peculiaridades de seus alunos
e professores; de se integrar à comunidade e
contribuir para seu crescimento, ou seja, “uma
Escola, com todo o acervo de conhecimento
que possui e a infinita capacidade de reflexão
que pode exercitar, é o instrumento adequado
para tentar tremenda ousadia num país com
enormes dificuldades para conjugar esforços”
(ibidem).
Esta Escola evoluiu e se transformou
no Curso de Medicina do Centro Universitário
de Volta Redonda.
Concretizando o desejo dos pioneiros
e obedecendo a nova Lei de Diretrizes e Base
para os Cursos de Medicina, a partir de 2000
foi firmado o convênio entre a Escola de
Ciências Médicas de Volta Redonda (Curso
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diagnóstico de saúde de uma comunidade;
conhecer e utilizar as tecnologias do cuidado
em saúde; conhecer a rotina dos principais
programas e ações programáticas preconizados
pelo Ministério da Saúde; atuar em equipe
multidisciplinar, além de identificar e tratar
as doenças prevalentes na infância, seguindo
as rotinas do Projeto AIDPI (Atenção Integral
as Doenças Prevalentes na Infância), do
Ministério da Saúde (MS); identificar e tratar
as doenças mais prevalentes na Terceira Idade;
conhecer e atuar em Programas de Internação
Domiciliar; conhecer e aplicar os princípios
da Educação Permanente em Saúde; conhecer
e aplicar os conceitos de gerenciamento e
planejamento em saúde.
Para isto é importante conhecer
a estrutura das famílias, seus tipos e
componentes, sua relação com a comunidade
e o meio ambiente e lazer, seus hábitos, cultura
e suas influências no processo saúde-doença.
Para atingir estes objetivos os alunos
do ISC desenvolvem atividades, que são
avaliadas diariamente pelo preceptor, de acordo
com critérios bem definidos, que incluem
dentre outros a forma como que o aluno se
integra ao processo de trabalho da equipe da
unidade de saúde e que compõem um conjunto
de procedimentos fundamentais na Atenção
Primária em Saúde. Estes procedimentos são
estabelecidos a partir do Plano Municipal de
Saúde e do Pacto pela Saúde, caracterizando
o compromisso do gestor municipal com
a mudança dos indicadores de morbimortalidade da população.
Atividades dos Internos em Saúde Coletiva
Educação em Saúde
Através de palestras, oficinas, grupos
educativos na comunidade, capacitação das
equipes, salas de espera e grupos específicos
(de hipertensos, gestantes, idosos, mães,
amamentação,
planejamento
familiar,
prevenção de câncer, adolescentes) abordando
temas estabelecidos a partir da realidade de
cada comunidade/serviço. Essa atividade
é realizada semanalmente de acordo com
horários estabelecidos pela unidade de saúde
Planejamento e Gerenciamento
O interno acompanha os gerentes
e preceptores das unidades de saúde, na
avaliação dos principais indicadores de saúde
da área de abrangência das unidades e no
planejamento das ações de saúde para essa
população. Atividade realizada mensalmente
de acordo com o horário de cada unidade
Visitas Domiciliares
O interno acompanha a equipe SF,
em visitas domiciliares, para ações em saúde
como: avaliação clínica, curativos, captação
para programas, dose supervisionada de
medicamentos, avaliação do ambiente familiar,
etc. Realizada semanalmente de acordo com
os horários da unidade
Programas Preventivos
O interno realiza as atividades
preconizadas para grupos populacionais
distintos e prioritários, quais sejam crianças,
gestantes, mulheres, idosos, hipertensos,
diabéticos em acordo com os Programas
desenvolvidos na SMS/VR: Educação em
Saúde; Programa de Atenção Integral a Saúde
da Mulher Criança e Adolescente com as
Linhas do Cuidado da Mulher e da Criança;
Programa de Atenção Integral a Saúde do
Idoso; Doenças Crônico Degenerativas;
Programa de Tabagismo e Controle de
outros fatores de risco do câncer; Doenças
Transmissíveis; Saúde Mental; Saúde Bucal;
Práticas Integrativas e Complementares
(Homeopatia e Terapia Comunitária)
Essas atividades são realizadas
diariamente de acordo com o horário das
unidades.
Medicina Ambulatorial
O
interno
realiza
consultas
preceptoradas de pacientes agendados para
os grupos prioritários e aquelas da demanda
espontânea. Vivencia desde o acolhimento
a definição do plano terapêutico, discutindo
com o preceptor abordagens e condutas de
cada situação problema. Essa atividade é
realizada diariamente de acordo com o horário
das unidades.
Visitas técnicas em programas / serviços de
saúde coletiva
O interno realiza visita técnica para
observação, análise e registro das atividades
desenvolvidas pelas equipes dos seguintes
programas/ serviços da SMS de Volta
Redonda:
- Internação/ atendimento domiciliar e
Gerontologia
Reunião Científica
Os internos são escalados para
pesquisar e apresentar temas de relevância
em saúde coletiva, a partir da observação do
cotidiano nas unidades de saúde. Estes temas
são debatidos e muitos deles escolhidos para
apresentação posterior em eventos do Centro
Universitário e em Congressos de Medicina
de Família e Comunidade. É realizada
mensalmente, no horário de 17:00 ás 19:00, às
terças feiras.
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Atividade teórica
Realizada às terças-feiras no horário
de 17h às 18, com apresentação pelos docentes
de temas relevantes em saúde coletiva. Os
temas são discutidos de forma objetiva e
prática, com a presença de todos os Internos.
3. Da Integração Ensino Serviço
O artigo 200 da Constituição Federal
de 1988 estabelece que “ao SUS compete,
além de outras atribuições, nos termos da lei
– inciso II ordenar a formação de recursos
humanos na área de saúde”. Compreendendose por ordenar considerar o SUS como rede de
escola, discutir as grades curriculares com as
IES, tendo a rede de serviços como campo de
formação para estudantes das IES.
Para garantir o cumprimento da
Constituição a educação médica precisou
passar por uma série de reformulações, nem
sempre aceitas pelo corpo acadêmico. Porém
com a publicação da nova Lei de Diretrizes
e Bases surgiu orientação para definição
de um projeto político pedagógico para
todas as instituições de ensino como um dos
instrumentos que permite aos educadores
desenvolver com competência e flexibilidade a
proposta educacional da instituição. Tal projeto
tem o propósito de superar a desarticulação e
a fragmentação observadas constantemente
na prática educativa, pressupõe uma ação
intencionada, com um sentido definido,
explícito sobre o que se quer inovar, além de
determinar a identidade da instituição e dar
coerência ao conjunto de ações propostas. Ou
seja, a integralidade na atenção e formação
profissional. Integralidade esta que ajuda-nos
a compreender a importância da Integração
Ensino Serviço, no curso de graduação médica,
lembrando que para os pioneiros “integração
quer dizer troca de influências; significa
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Pesquisa científica
O Interno realiza o planejamento,
desenvolvimento, acompanhamento e análise
de resultados de pesquisas científicas e
levantamento epidemiológicos em locais préestabelecidos pelo preceptor da unidade de
saúde
Capacitação em AIDPI
Grupo teórico- prático de 80hs com
dramatização, projeção de vídeo, estudo de
casos, seminários e práticas, realizado no
inicio do Internato de Saúde Coletiva. Esse
curso é realizado no período da tarde (13h às
17h), durante 3 semanas. Durante o internato
o aluno executa os protocolos do AIDPI
nas unidades de saúde, sendo avaliado pelo
preceptor responsável pelo AIDPI.
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Essas atividades são realizadas por
grupos de 2 ou 3 alunos durante 2 semanas,
no Programa de Internação Domiciliar,
Policlínica da Melhor Idade e em grupos de
idosos. Neste período o interno vivencia um
modelo de atendimento diferente do hospitalar
ao participar de uma equipe multidisciplinar
no atendimento de pacientes acamados, em
suas residências.
Nas consultas no ambulatório de
geriatria/ gerontologia da Policlínica da
Melhor Idade realiza atendimento aos idosos
na presença do preceptor, conhecendo as
morbidades mais prevalentes e avaliando
a capacidade funcional dos idosos. Realiza
também salas de espera, participa do Grupo
de Estudos em Gerontologia, do Grupo de
Alzheimer, da reunião com os familiares
e cuidadores de pacientes com doença de
Alzheimer ou outras demências, onde fornece
informações técnicas e aprende a conviver e
conhecer as dificuldades do ato de cuidar.
Todas essas atividades são realizadas
de acordo com a programação do serviço, de
2º a 6º feira de 8 às 17hs.
- Doenças Transmissíveis
Essas atividades são realizadas por
grupos de 2 ou 3 alunos durante 2 semanas,
no Centro de Doenças Infecciosas da SMS
de Volta Redonda, permitindo ao Interno
conhecer a rotina dos principais programas
de Doenças Infecciosas, preconizados pelo
Ministério da Saúde: DST/AIDS; Hanseníase
e Tuberculose.
esforço conjunto e crescimento mútuo...” e
“... só existe quando o que se faz passa por
modificações e se aprimora” (SILVA, 1997).
Com o convênio firmado entre
a Prefeitura de Volta Redonda, através da
Secretaria Municipal de Saúde e o UniFOA
uma série de mudanças foram realizadas,
pois além de cumprir a lei ao definir o espaço
adequado para ordenar a formação de recursos
humanos na área de saúde, os médicos da
Atenção Básica foram integrados ao quadro
de preceptores da IES. Estes profissionais
passam a contribuir de maneira significativa,
trazendo para o ambiente acadêmico um
conjunto de saberes que anteriormente era
pouco valorizado, evidenciando a capacidade
pedagógica do trabalho, a formação para e no
trabalho.
A evolução deste processo pode
ser observada nas diferentes atividades
desenvolvidas envolvendo as duas instituições,
no decorrer dos últimos anos, que culminou na
criação de um Grupo de Trabalho integrado,
que propõe e executa ações educativas na
saúde priorizando a origem dos problemas que
acontecem no cotidiano do trabalho referente
à atenção à saúde e à organização do trabalho,
considerando, sobretudo a necessidade de
realizar ações e serviços relevantes e de
qualidade.
Cadernos UniFOA
Edição Especial Prefeitura Municipal de Volta Redonda - outubro 2008
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4. Sobre o Projeto Político Pedagógico
O Projeto Político Pedagógico do
Curso de Medicina do UniFOA tem alguns
significados para a Integração Ensino Serviço,
tendo em vista a trajetória histórica desta
instituição e seu papel na educação superior na
região. Estes aspectos foram preponderantes
para o momento atual, pois evidenciaram
como os pioneiros estavam comprometidos
com as diretrizes da ABEM.
Por outro lado, é preciso conhecer
o atual Projeto e avaliar o grau de coerência
com as novas Diretrizes Curriculares dos
Cursos de Medicina, as propostas do ISC e
conseqüentemente a validação da Integração
Ensino Serviço.
Na análise do Projeto Pedagógico,
existente no Curso de Medicina do UniFOA,
optou-se em seguir os passos propostos
por BOURDIEU, 2002 de “pensar
relacionalmente” as diferentes concepções do
Projeto, das Diretrizes Curriculares e como
estas concepções se aproximam dos objetivos
do Internato em Saúde Coletiva, marco da
integração ensino serviço no SUS em Volta
Redonda.
Para isto foi construído um quadro
que permite perceber “tanto as unidades em
questão como as suas propriedades”(ibidem)
e fazer a análise relacional proposta.
Análise relacional de aspectos do Projeto Pedagógico do Curso de Medicina do UniFOA, das
Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Medicina e do Projeto do Internato
em Saúde Coletiva
Concepção
Projeto Pedagógico
Diretrizes curriculares
Internato em Saúde
Coletiva
Homem e mundo
Ser bio-psico-socioSer bio-psico-socioSer bio-psico-socioambiental
ambiental
ambiental
Profissional
Médico com
Médico com formação
Médico com
visão humanista e
generalista e humanista, formação generalista
compromisso na
promotor da saúde
e humanista, promotor
promoção integral do ser integral do ser humano. da saúde integral do ser
humano, com ênfase na
humano, com ênfase na
formação especializada.
medicina de família e
comunidade.
Conhecimento
Fragmentado
Generalista
Generalista
Currículo
Disciplinas com ênfase Ênfase no processo
Ênfase no processo
na doença, a partir da
saúde/doença do
de Vigilância em
visão da bio-medicina. cidadão, família,
Saúde, integralidade
sociedade.
do cuidado e no
trabalho em equipe
multidisciplinar.
Objeto
Construção de outro
perfil acadêmico
profissional.
Construção de um
novo perfil acadêmico
profissional.
Objetivo
Formar médicos
com conhecimento,
habilidades e atitudes
capazes de promover a
saúde, prevenir e tratar
as doenças.
Direito de cidadania
Direito de cidadania
4. Conclusão
Desde sua implantação, em 2000, o
Internato em Saúde Coletiva tem contribuído
para a integração ensino serviço no SUS
do município de Volta Redonda. Vários
profissionais egressos do curso de medicina do
UniFOA, vem integrando as equipes de saúde
da família de diversos municípios da região.
No Internato em Saúde Coletiva, o
aluno do curso de medicina passa a vivenciar
e atuar na Atenção Primária à Saúde, a
partir de uma abordagem biopsicossocial
do processo saúde adoecimento, integrando
Direito de cidadania
ações de promoção, proteção, recuperação
e de educação em saúde no nível individual
e coletivo. Esse aluno, futuro profissional,
juntamente com seus preceptores, desenvolve
ações priorizando a prática médica centrada
na pessoa, na relação médico-paciente, no
cuidado em saúde e na continuidade da
atenção. Desenvolve, planeja, executa e
avalia programas integrais de saúde, para
dar respostas adequadas às necessidades de
saúde da população sob sua responsabilidade,
tendo por base metodologias apropriadas de
investigação, com ênfase na utilização do
método epidemiológico. A partir desta forma
de atuação, o aluno se prepara para atuar na
atenção básica de saúde, principalmente na
Estratégia Saúde da Família, com uma visão
generalista, humanista e integral
5. Referências bibliográficas
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BRASIL, Ministério da Saúde. Ministério
Edição Especial Prefeitura Municipal de Volta Redonda - outubro 2008
Na análise das sete categorias
percebe-se uma maior aproximação daquelas
evidenciadas na concepção do ISC com as
Diretrizes Curriculares para os Cursos de
Medicina. Isto acontece em função da resignificação dos cenários de formação do
profissional de saúde e da adequação destes
cenários aos princípios do SUS. Apesar do PPP
apontar para a formação de um médico com
visão humanista e compromisso na promoção
integral do ser humano, isto se faz com ênfase
na formação especializada, no conhecimento
fragmentado, através de disciplinas voltadas
para o processo de adoecimento. Já durante
o ISC a ênfase é dada na formação de um
profissional médico generalista, a partir da
Vigilância em Saúde e integralidade do cuidado,
a partir de um aprender a aprender, aprender a
ser, a fazer, a viver juntos e a conhecer que
vêm ao encontro das Diretrizes Curriculares
para os Cursos de Medicina e do explicitado
em relação ao SUS na Constituição Federal de
88, enquanto rede de escola, o que possibilita
uma reflexão sobre as contribuições do ISC
e seu papel como propulsor de mudanças no
Curso de Medicina do UniFOA.
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Cadernos UniFOA
Saúde
Construção de um
novo perfil acadêmico
profissional e uma nova
prática na Medicina.
Levar os alunos de
Levar os alunos de
graduação a aprender a graduação a aprender
aprender, aprender a ser, a aprender, aprender
a fazer, a viver juntos e a ser, a fazer, a viver
a conhecer.
juntos e a conhecer.
da Educação. Programa Nacional de
Reorientação da Formação Profissional em
Saúde – Pró-Saúde: objetivos, implementação
e desenvolvimento potencial / Ministério da
Saúde, Ministério da Educação. – Brasília:
Ministério da Saúde; 2007.
36
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de
Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.
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Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
CARDOSO, G. A.; GUIDORENI, A. S.; CARDOSO, M. D. T.. Integração Ensino Serviço: O Internato em Saúde Coletiva do Curso de Medicina do UniFOA, Inserido na Rede de Atenção
Básica do SUS Volta Redonda/RJ Volta Redonda, ano III, edição especial, outubro. 2008. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/pesquisa/caderno/especiais/pmvr/30.pdf>
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