Leitor crítico — Jovem Adulto Árvores e tempo de leitura Leitor crítico — 7–a e 8a séries MARIA JOSÉ NÓBREGA Leitor fluente — 5a e 6a séries O que é, o que é, Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1 RICARDO AZEVEDO Chega de saudade PROJETO DE LEITURA Coordenação e elaboração: Maria José Nóbrega Somente com uma rica convivência com objetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência significativa para os alunos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras. A compreensão de um texto resulta do resgate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço movediço, cheio de conflitos e deslocamentos. Alegórica árvore do tempo… Enigmas e adivinhas convidam à decifração: “trouxeste a chave?”. A adivinha que lemos, como todo e qualquer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exterioridade que determina as leituras possíveis. O espaço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histórica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica. Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e quatro sementes: cada verso introduz uma nova informação que se encaixa na anterior. Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos, entorpecenos com o aroma das frutas, intriga-nos com as possibilidades ocultas nas sementes. Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva. Retornemos à sombra da frondosa árvore — a árvore do tempo — e contemplemos outras árvores: O que é, o que é? Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este mandamento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2 Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali. Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em flores, que escondem frutos, que protegem sementes, que ocultam coisas futuras. “Decifra-me ou te devoro.” Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas. Ah, essas árvores e esses frutos, o desejo de conhecer, tão caro ao ser humano… 2 Enc chega de saaudade COMUM.indd 1 pessoais e, progressivamente, como resultado de uma série de experiências, se transforma em um processo interno. Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no intervalo, no diálogo. Prática enraizada na experiência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada. Trilhar novas veredas é o desafio; transformar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos. Empregar estratégias de leitura e descobrir quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um processo que, inicialmente, se produz como atividade externa. Depois, no plano das relações inter- Depende de nós. __________ 1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática. 2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17. ✦ nas tramas do texto Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: • Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos empregados na obra. • Identificação e avaliação dos pontos de vista sustentados pelo autor. • Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes linguagens artísticas: teatro, música, artes plásticas, etc. PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura Os sentidos que atribuímos ao que se lê dependem, e muito, de nossas experiências anteriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiaridade com a prática leitora. As atividades sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito. ✦ nas telas do cinema • Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional. • Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto. • Antecipação de conteúdos tratados no texto a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a partir dos indicadores observados. ✦ nas ondas do som • Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada. b) durante a leitura DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA pertence, analisando a temática, a perspectiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos empregados pelo autor. Com esses elementos, o professor irá identificar os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recursos lingüísticos que poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora dos alunos. UM POUCO SOBRE O AUTOR Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jovens e adultos. RESENHA Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos. COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA Apontamos alguns aspectos da obra, considerando as características do gênero a que 3 ✦ nos enredos do real São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor. • Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimensão interdisciplinar. • Leitura global do texto. • Caracterização da estrutura do texto. • Identificação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empregados pelo autor. DICAS DE LEITURA QUADRO-SÍNTESE c) depois da leitura O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e temas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão. São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indicando, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a reflexão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. ◗ do mesmo autor; ◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafio. Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, estimulando o desejo de enredar-se nas veredas literárias e ler mais: Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a finalidade de ampliar o horizonte de expectativas do aluno-leitor, encaminhando-o para a literatura adulta. 4 6/29/06 11:13:15 AM Leitor crítico — Jovem Adulto Árvores e tempo de leitura Leitor crítico — 7–a e 8a séries MARIA JOSÉ NÓBREGA Leitor fluente — 5a e 6a séries O que é, o que é, Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1 RICARDO AZEVEDO Chega de saudade PROJETO DE LEITURA Coordenação e elaboração: Maria José Nóbrega Somente com uma rica convivência com objetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência significativa para os alunos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras. A compreensão de um texto resulta do resgate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço movediço, cheio de conflitos e deslocamentos. Alegórica árvore do tempo… Enigmas e adivinhas convidam à decifração: “trouxeste a chave?”. A adivinha que lemos, como todo e qualquer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exterioridade que determina as leituras possíveis. O espaço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histórica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica. Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e quatro sementes: cada verso introduz uma nova informação que se encaixa na anterior. Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos, entorpecenos com o aroma das frutas, intriga-nos com as possibilidades ocultas nas sementes. Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva. Retornemos à sombra da frondosa árvore — a árvore do tempo — e contemplemos outras árvores: O que é, o que é? Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este mandamento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2 Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali. Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em flores, que escondem frutos, que protegem sementes, que ocultam coisas futuras. “Decifra-me ou te devoro.” Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas. Ah, essas árvores e esses frutos, o desejo de conhecer, tão caro ao ser humano… 2 Enc chega de saaudade COMUM.indd 1 pessoais e, progressivamente, como resultado de uma série de experiências, se transforma em um processo interno. Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no intervalo, no diálogo. Prática enraizada na experiência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada. Trilhar novas veredas é o desafio; transformar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos. Empregar estratégias de leitura e descobrir quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um processo que, inicialmente, se produz como atividade externa. Depois, no plano das relações inter- Depende de nós. __________ 1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática. 2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17. ✦ nas tramas do texto Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: • Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos empregados na obra. • Identificação e avaliação dos pontos de vista sustentados pelo autor. • Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes linguagens artísticas: teatro, música, artes plásticas, etc. PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura Os sentidos que atribuímos ao que se lê dependem, e muito, de nossas experiências anteriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiaridade com a prática leitora. As atividades sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito. ✦ nas telas do cinema • Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional. • Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto. • Antecipação de conteúdos tratados no texto a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a partir dos indicadores observados. ✦ nas ondas do som • Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada. b) durante a leitura DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA pertence, analisando a temática, a perspectiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos empregados pelo autor. Com esses elementos, o professor irá identificar os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recursos lingüísticos que poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora dos alunos. UM POUCO SOBRE O AUTOR Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jovens e adultos. RESENHA Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos. COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA Apontamos alguns aspectos da obra, considerando as características do gênero a que 3 ✦ nos enredos do real São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor. • Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimensão interdisciplinar. • Leitura global do texto. • Caracterização da estrutura do texto. • Identificação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empregados pelo autor. DICAS DE LEITURA QUADRO-SÍNTESE c) depois da leitura O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e temas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão. São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indicando, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a reflexão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. ◗ do mesmo autor; ◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafio. Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, estimulando o desejo de enredar-se nas veredas literárias e ler mais: Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a finalidade de ampliar o horizonte de expectativas do aluno-leitor, encaminhando-o para a literatura adulta. 4 6/29/06 11:13:15 AM Leitor crítico — Jovem Adulto Árvores e tempo de leitura Leitor crítico — 7–a e 8a séries MARIA JOSÉ NÓBREGA Leitor fluente — 5a e 6a séries O que é, o que é, Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1 RICARDO AZEVEDO Chega de saudade PROJETO DE LEITURA Coordenação e elaboração: Maria José Nóbrega Somente com uma rica convivência com objetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência significativa para os alunos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras. A compreensão de um texto resulta do resgate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço movediço, cheio de conflitos e deslocamentos. Alegórica árvore do tempo… Enigmas e adivinhas convidam à decifração: “trouxeste a chave?”. A adivinha que lemos, como todo e qualquer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exterioridade que determina as leituras possíveis. O espaço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histórica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica. Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e quatro sementes: cada verso introduz uma nova informação que se encaixa na anterior. Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos, entorpecenos com o aroma das frutas, intriga-nos com as possibilidades ocultas nas sementes. Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva. Retornemos à sombra da frondosa árvore — a árvore do tempo — e contemplemos outras árvores: O que é, o que é? Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este mandamento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2 Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali. Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em flores, que escondem frutos, que protegem sementes, que ocultam coisas futuras. “Decifra-me ou te devoro.” Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas. Ah, essas árvores e esses frutos, o desejo de conhecer, tão caro ao ser humano… 2 Enc chega de saaudade COMUM.indd 1 pessoais e, progressivamente, como resultado de uma série de experiências, se transforma em um processo interno. Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no intervalo, no diálogo. Prática enraizada na experiência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada. Trilhar novas veredas é o desafio; transformar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos. Empregar estratégias de leitura e descobrir quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um processo que, inicialmente, se produz como atividade externa. Depois, no plano das relações inter- Depende de nós. __________ 1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática. 2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17. ✦ nas tramas do texto Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: • Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos empregados na obra. • Identificação e avaliação dos pontos de vista sustentados pelo autor. • Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes linguagens artísticas: teatro, música, artes plásticas, etc. PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura Os sentidos que atribuímos ao que se lê dependem, e muito, de nossas experiências anteriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiaridade com a prática leitora. As atividades sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito. ✦ nas telas do cinema • Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional. • Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto. • Antecipação de conteúdos tratados no texto a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a partir dos indicadores observados. ✦ nas ondas do som • Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada. b) durante a leitura DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA pertence, analisando a temática, a perspectiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos empregados pelo autor. Com esses elementos, o professor irá identificar os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recursos lingüísticos que poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora dos alunos. UM POUCO SOBRE O AUTOR Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jovens e adultos. RESENHA Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos. COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA Apontamos alguns aspectos da obra, considerando as características do gênero a que 3 ✦ nos enredos do real São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor. • Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimensão interdisciplinar. • Leitura global do texto. • Caracterização da estrutura do texto. • Identificação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empregados pelo autor. DICAS DE LEITURA QUADRO-SÍNTESE c) depois da leitura O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e temas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão. São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indicando, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a reflexão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. ◗ do mesmo autor; ◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafio. Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, estimulando o desejo de enredar-se nas veredas literárias e ler mais: Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a finalidade de ampliar o horizonte de expectativas do aluno-leitor, encaminhando-o para a literatura adulta. 4 6/29/06 11:13:15 AM Leitor crítico — Jovem Adulto Árvores e tempo de leitura Leitor crítico — 7–a e 8a séries MARIA JOSÉ NÓBREGA Leitor fluente — 5a e 6a séries O que é, o que é, Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1 RICARDO AZEVEDO Chega de saudade PROJETO DE LEITURA Coordenação e elaboração: Maria José Nóbrega Somente com uma rica convivência com objetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência significativa para os alunos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras. A compreensão de um texto resulta do resgate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço movediço, cheio de conflitos e deslocamentos. Alegórica árvore do tempo… Enigmas e adivinhas convidam à decifração: “trouxeste a chave?”. A adivinha que lemos, como todo e qualquer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exterioridade que determina as leituras possíveis. O espaço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histórica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica. Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e quatro sementes: cada verso introduz uma nova informação que se encaixa na anterior. Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos, entorpecenos com o aroma das frutas, intriga-nos com as possibilidades ocultas nas sementes. Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva. Retornemos à sombra da frondosa árvore — a árvore do tempo — e contemplemos outras árvores: O que é, o que é? Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este mandamento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2 Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali. Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em flores, que escondem frutos, que protegem sementes, que ocultam coisas futuras. “Decifra-me ou te devoro.” Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas. Ah, essas árvores e esses frutos, o desejo de conhecer, tão caro ao ser humano… 2 Enc chega de saaudade COMUM.indd 1 pessoais e, progressivamente, como resultado de uma série de experiências, se transforma em um processo interno. Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no intervalo, no diálogo. Prática enraizada na experiência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada. Trilhar novas veredas é o desafio; transformar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos. Empregar estratégias de leitura e descobrir quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um processo que, inicialmente, se produz como atividade externa. Depois, no plano das relações inter- Depende de nós. __________ 1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática. 2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17. ✦ nas tramas do texto Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: • Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos empregados na obra. • Identificação e avaliação dos pontos de vista sustentados pelo autor. • Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes linguagens artísticas: teatro, música, artes plásticas, etc. PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura Os sentidos que atribuímos ao que se lê dependem, e muito, de nossas experiências anteriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiaridade com a prática leitora. As atividades sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito. ✦ nas telas do cinema • Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional. • Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto. • Antecipação de conteúdos tratados no texto a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a partir dos indicadores observados. ✦ nas ondas do som • Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada. b) durante a leitura DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA pertence, analisando a temática, a perspectiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos empregados pelo autor. Com esses elementos, o professor irá identificar os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recursos lingüísticos que poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora dos alunos. UM POUCO SOBRE O AUTOR Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jovens e adultos. RESENHA Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos. COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA Apontamos alguns aspectos da obra, considerando as características do gênero a que 3 ✦ nos enredos do real São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor. • Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimensão interdisciplinar. • Leitura global do texto. • Caracterização da estrutura do texto. • Identificação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empregados pelo autor. DICAS DE LEITURA QUADRO-SÍNTESE c) depois da leitura O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e temas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão. São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indicando, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a reflexão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. ◗ do mesmo autor; ◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafio. Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, estimulando o desejo de enredar-se nas veredas literárias e ler mais: Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a finalidade de ampliar o horizonte de expectativas do aluno-leitor, encaminhando-o para a literatura adulta. 4 6/29/06 11:13:15 AM PROPOSTAS DE ATIVIDADES preocupação e a raiva de André, seu único filho, mas recebendo o carinho encantado e risonho do resto da família. Antes da leitura COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA RICARDO AZEVEDO Chega de saudade UM POUCO SOBRE O AUTOR literatura, inclusive a infantil, é, sem dúvida, uma forma de tentar compreender a vida e o mundo. Ricardo Azevedo nasceu em São Paulo, em 1949. É formado em Comunicação Visual pela Faculdade de Artes Plásticas da Faap e doutor em Letras, na área de Teoria Literária, pela Universidade de São Paulo. Casado, pai de três filhos, gosta de ler, ouvir música e conversar com os amigos. Começou a produzir livros infantis em 1980, com O peixe que podia cantar, e até o ano de 2005 já publicou mais de cem títulos. Destaca-se em seu trabalho a pesquisa em literatura popular, que resultou em publicações como Meu livro do folclore, além de sua saborosa produção poética para crianças, como Dezenove poemas desengonçados. A respeito da literatura diz: Acho que a literatura deve tratar sempre daqueles assuntos meio vagos, sobre os quais ninguém pode ensinar, só compartilhar: as emoções, os medos, as paixões, as alegrias, as injustiças, o cômico, os sonhos, a passagem inexorável do tempo, a dupla existência da verdade, as utopias, o sublime, o paradoxal, as ambigüidades, a busca do autoconhecimento, coisas banais que fazem parte do dia-a-dia de todas as pessoas. Para mim, a RESENHA Ophélia tem quase oitenta anos de idade, perdeu o marido, vai se aposentar. Todas essas mudanças desencadeiam uma grande crise pessoal. Sente-se velha, desprezada, doente, acabada. O que fazer agora? Ao fundo, como um cenário, o velho bairro em que sempre viveu perde suas características; a praça pode ceder lugar a um grande empreendimento imobiliário, o joão-de-barro assiste a tudo: um passarinho me contou... Um dia, quase por acaso, Ophélia reencontra Araújo, antigo colega de escola e ex-namorado da juventude. A partir daí, a vida dos dois amigos passa por uma inesperada reviravolta: lutar pela preservação da praça, reconstruir as próprias vidas. Cheios de planos, Araújo e Ophélia partem para descobrir o Brasil, levando na bagagem esperança e alegria. Como o príncipe-pássaro da história, Ophélia deixa sua casa para trás. Enfrentando o espanto, a 5 Enc chega de saudade.indd 1 1. O título do livro Chega de saudade faz referência a uma linda canção de Tom Jobim com letra do poeta Vinicius de Moraes: Vai minha tristeza e diz a ela que sem ela não pode ser... Você pode encontrar toda a letra no endereço: http://tom-jobim.letras.terra.com. br/letras/49028 Ouça a canção com a turma e soltem a voz para cantá-la! Na seção “Autor e obra”, Ricardo nos conta uma outra história: a de como produziu este livro a partir de Araújo ama Ophélia, de 1981, e da versão de Chega de saudade, de 1984. Escrever, reescrever... a busca do escritor pela palavra mais justa. Ou será o desejo de encontrar de novo personagens queridas, matar as saudades, como também acontece com os leitores após a palavra “fim”? Como o escritor, Ophélia precisa contar e recontar a mesma história — a sua própria —, relembrar e reinventar-se a cada perda. Um passarinho nos conta sua história, Ophélia conta a Araújo sua história, Ophélia remói internamente sua história: a das pessoas que amou, a do bairro em que vive... As crianças, netos de Ophélia, vão, a seu modo, reunindo os fragmentos da história da avó; que é outra aos olhos de André, seu único filho; outra ainda aos olhos de Solange, a nora. Cartas. E-mails. Cada um se escreve e escreve ao outro nas mal-traçadas linhas... Em meio a esse mosaico de vozes, o leitor é convidado a aproximar-se das personagens e de suas emoções, pois, como o príncipe-pássaro da história, jovens ou idosos, todos precisam encontrar seus caminhos de viver. 2. Estimule os estudantes a explicitarem as expectativas que o título e a letra da canção projetam em relação ao enredo do livro: é provável que esperem encontrar uma história de amor, de um casal que se separou e depois se reencontra... 3. Mostre a capa que reproduz um belo trabalho de Rogério Borges. O detalhe das duas mãos entrelaçadas sugere um encontro. Certamente, os alunos devem notar as rugas que riscam as mãos. Que casal será esse? Que efeito produz o contraste da figura das mãos com o fundo, que representa um céu estrelado? Detenham-se na observação da imagem da borboleta e no lirismo que introduz à composição. A borboleta, como algumas espécies de animais, passa por transformações. O que será que essa história nos reserva? QUADRO-SÍNTESE 4. Leia o texto da quarta capa e promova o ajuste das expectativas levantadas tanto pela análise do título quanto da capa do livro. Gênero: novela Palavras-chave: velhice, amor, família, meio ambiente Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Educação Artística Temas transversais: Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural Público-alvo: alunos da 7a e 8a séries do Ensino Fundamental cer e morrer. Que imagem os vários idosos, que fazem parte de nossa vida pessoal, afetiva e intelectual, nos transmitem sobre o envelhecimento? revelar a fonte. Mas em Chega de saudade é mesmo um passarinho, um joão-de-barro, uma das vozes que narram os acontecimentos. Descobrir quem está narrando os acontecimentos é uma das estratégias que Ricardo Azevedo emprega para manter a atenção do leitor: quem é esse “eu”? Não revele quem é esse narrador, mas chame a atenção para o fato e estimule-os a descobrir quem está narrando a história. Após a revelação, volte atrás para justificar alguns detalhes. Por exemplo, a implicância do narrador com os gatos etc. 4. Os diálogos de que participam Júlia e Beto (Alberto), netos de Ophélia, são muito divertidos, principalmente pela maneira pessoal com que interpretam o mundo dos adultos. Localize os trechos no livro e encarregue alguns alunos de prepararem uma leitura expressiva das passagens. Se desejarem, vale transformá-las em cenas para representação teatral. 2. Há no livro uma variedade de fontes e estilos de fonte: Garamond, Courier New, itálico, negrito... Peça aos alunos que tentem descobrir a função que esses recursos gráficos têm no texto. 5. No capítulo 11, Júlia ensina a Beto como falar uma estranha língua maluca falada pela avó. Veja como é: A = aus E = enter I = inis O = omber U = ufter Vombercenter gomberstomberufer domber linisvromber chentergaus denter sausufterdausdenter? Há várias “línguas secretas”. A mais conhecida é, sem sombra de dúvida, a “língua do pê”: Pêvopêcê pêgospêtou pêde pêler pêo pêlipêvro pêChepêga pêde pêsaupêdapêde? É só dividir a palavra em sílabas e, antes de cada uma, acrescentar “pê”: Pêé pêfápêcil! Há ainda esta outra versão: Vopôcêpê gospôtoupô depê lerpê opô lipivropô Chepêgapá depê saupádapádepê? Depois de cada sílaba, é só acrescentar a consoante “p” com a vogal que é o núcleo daquela sílaba. Que tal organizar um torneio? Organize a turma em equipes. Em homenagem ao título do livro, cada uma deve tentar adivinhar títulos de canções falados em uma língua secreta. Depois da leitura ✦ nas tramas do texto 1. Os capítulos em que o livro é dividido são apenas numerados, não receberam títulos. Organize a turma em duplas e sorteie entre elas um ou mais capítulos, para que, a partir de uma releitura atenta, criem um bom título para ele. Concluída a atividade, peça aos grupos para apresentar suas propostas para serem avaliadas pela turma. Ao final, terão elaborado um sumário para Chega de saudade. 2. Aproveite as cartas e os e-mails que aparecem no livro e sugira aos alunos que escolham um deles para responder, assumindo as características de uma das personagens. Promova a leitura dos textos e avalie com o grupo se os pontos de vista das personagens foram preservados na resposta. 6. No capítulo 18, o leitor encontra a partitura do chorinho “Monte Alegre”, composto por Vicente Alves Araújo, o simpático namorado de Ophélia. Verifique se alguém toca algum instrumento para conhecer a melodia. Aproveite para introduzir os es- Durante a leitura 1. Você certamente conhece a expressão um “passarinho me contou”. Em geral, a empregamos quando queremos contar a alguém uma história que nos contaram sem 6 3. O tema do livro permite discutir a velhice com os jovens. Certamente, para eles o envelhecimento apresenta-se como uma realidade muito distante, pois, em geral, se vive como se só os outros fossem envelhe- tudantes nesse estilo musical. Aí vão alguns endereços para ajudá-lo em sua pesquisa: • http://www.chorinhonet.hpg.ig.com.br/ index.htm • http://www.cliquemusic.com.br/br/resgate/resgate.asp?Nu_Materia=3751 • http://almanaque.folha.uol.com.br/choro. htm 7. Ophélia é uma avó que é muito apreciada pelas histórias que conta. O leitor teve o prazer de “escutar” uma delas no capítulo 8. Que tal presentear seus alunos com a leitura do conto em voz alta? 8. Ricardo Azevedo, como sua personagem Ophélia, é também um excelente contador de histórias. Graças a suas pesquisas de cultura popular brasileira, os leitores podem saborear outras lindas histórias como esta. Leve a turma à biblioteca e estimule-a a selecionar um outro conto tradicional recontado pelo autor, para ler em voz alta. Aí vão alguns títulos do escritor em que encontrarão lindas histórias: • Histórias de bobos, bocós, burraldos e paspalhões –– Porto Alegre, Projeto • No meio da noite escura tem um pé de maravilha –– São Paulo, Ática • Contos de enganar a morte –– São Paulo, Ática • Contos de bichos do mato –– São Paulo, Ática • Contos de espanto e alumbramento –– São Paulo, Scipione Após ensaiarem a leitura, os alunos poderão ler as histórias para os colegas menores, com a idade de Júlia e Beto, por exemplo. Ou então organizar uma visita a um asilo para ler as histórias aos idosos que lá estão e que certamente irão apreciar a história, a visita e a conversa. ✦ nas telas do cinema História real, dirigido por David Lynch, conta a história de um viúvo que vive em uma comunidade rural com a filha e que, numa noite, recebe a notícia de que seu irmão sofreu um derrame. Decide então visitá-lo antes que morra. Mas sem dinheiro e orgulhoso para pedir ajuda, resolve fazer a viagem com o único meio de transporte de que dispõe: um cortador de grama. (Distribuição: Buena Vista Pictures / Lumière Brasil.) DICAS DE LEITURA ◗ do mesmo autor Trezentos parafusos a menos –– São Paulo, Companhia das Letras Lúcio vira bicho –– São Paulo, Companhia das Letras Três lados da mesma moeda –– São Paulo, Ática Coração maltrapilho –– São Paulo, FTD ◗ sobre o mesmo assunto Os amigos –– Kazumi Yumoto, São Paulo, Martins Fontes O outono do álamo –– Kazumi Yumoto, São Paulo, Martins Fontes Vá aonde seu coração mandar –– Susanna Tamaro, Rio de Janeiro, Rocco ◗ leitura de desafio Leia com a turma dois contos de Clarice Lispector que também discutem o tema da velhice: “Feliz aniversário”, do livro Laços de família, que narra o mergulho trágico em uma festa familiar nos 89 anos da matriarca; “Viagem a Petrópolis”, do livro A legião estrangeira, que narra a profunda solidão de uma velhinha que, sem lugar para morar, é empurrada de uma casa para outra. Os dois livros são publicados pela Editora Rocco. 7 6/29/06 11:21:06 AM PROPOSTAS DE ATIVIDADES preocupação e a raiva de André, seu único filho, mas recebendo o carinho encantado e risonho do resto da família. Antes da leitura COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA RICARDO AZEVEDO Chega de saudade UM POUCO SOBRE O AUTOR literatura, inclusive a infantil, é, sem dúvida, uma forma de tentar compreender a vida e o mundo. Ricardo Azevedo nasceu em São Paulo, em 1949. É formado em Comunicação Visual pela Faculdade de Artes Plásticas da Faap e doutor em Letras, na área de Teoria Literária, pela Universidade de São Paulo. Casado, pai de três filhos, gosta de ler, ouvir música e conversar com os amigos. Começou a produzir livros infantis em 1980, com O peixe que podia cantar, e até o ano de 2005 já publicou mais de cem títulos. Destaca-se em seu trabalho a pesquisa em literatura popular, que resultou em publicações como Meu livro do folclore, além de sua saborosa produção poética para crianças, como Dezenove poemas desengonçados. A respeito da literatura diz: Acho que a literatura deve tratar sempre daqueles assuntos meio vagos, sobre os quais ninguém pode ensinar, só compartilhar: as emoções, os medos, as paixões, as alegrias, as injustiças, o cômico, os sonhos, a passagem inexorável do tempo, a dupla existência da verdade, as utopias, o sublime, o paradoxal, as ambigüidades, a busca do autoconhecimento, coisas banais que fazem parte do dia-a-dia de todas as pessoas. Para mim, a RESENHA Ophélia tem quase oitenta anos de idade, perdeu o marido, vai se aposentar. Todas essas mudanças desencadeiam uma grande crise pessoal. Sente-se velha, desprezada, doente, acabada. O que fazer agora? Ao fundo, como um cenário, o velho bairro em que sempre viveu perde suas características; a praça pode ceder lugar a um grande empreendimento imobiliário, o joão-de-barro assiste a tudo: um passarinho me contou... Um dia, quase por acaso, Ophélia reencontra Araújo, antigo colega de escola e ex-namorado da juventude. A partir daí, a vida dos dois amigos passa por uma inesperada reviravolta: lutar pela preservação da praça, reconstruir as próprias vidas. Cheios de planos, Araújo e Ophélia partem para descobrir o Brasil, levando na bagagem esperança e alegria. Como o príncipe-pássaro da história, Ophélia deixa sua casa para trás. Enfrentando o espanto, a 5 Enc chega de saudade.indd 1 1. O título do livro Chega de saudade faz referência a uma linda canção de Tom Jobim com letra do poeta Vinicius de Moraes: Vai minha tristeza e diz a ela que sem ela não pode ser... Você pode encontrar toda a letra no endereço: http://tom-jobim.letras.terra.com. br/letras/49028 Ouça a canção com a turma e soltem a voz para cantá-la! Na seção “Autor e obra”, Ricardo nos conta uma outra história: a de como produziu este livro a partir de Araújo ama Ophélia, de 1981, e da versão de Chega de saudade, de 1984. Escrever, reescrever... a busca do escritor pela palavra mais justa. Ou será o desejo de encontrar de novo personagens queridas, matar as saudades, como também acontece com os leitores após a palavra “fim”? Como o escritor, Ophélia precisa contar e recontar a mesma história — a sua própria —, relembrar e reinventar-se a cada perda. Um passarinho nos conta sua história, Ophélia conta a Araújo sua história, Ophélia remói internamente sua história: a das pessoas que amou, a do bairro em que vive... As crianças, netos de Ophélia, vão, a seu modo, reunindo os fragmentos da história da avó; que é outra aos olhos de André, seu único filho; outra ainda aos olhos de Solange, a nora. Cartas. E-mails. Cada um se escreve e escreve ao outro nas mal-traçadas linhas... Em meio a esse mosaico de vozes, o leitor é convidado a aproximar-se das personagens e de suas emoções, pois, como o príncipe-pássaro da história, jovens ou idosos, todos precisam encontrar seus caminhos de viver. 2. Estimule os estudantes a explicitarem as expectativas que o título e a letra da canção projetam em relação ao enredo do livro: é provável que esperem encontrar uma história de amor, de um casal que se separou e depois se reencontra... 3. Mostre a capa que reproduz um belo trabalho de Rogério Borges. O detalhe das duas mãos entrelaçadas sugere um encontro. Certamente, os alunos devem notar as rugas que riscam as mãos. Que casal será esse? Que efeito produz o contraste da figura das mãos com o fundo, que representa um céu estrelado? Detenham-se na observação da imagem da borboleta e no lirismo que introduz à composição. A borboleta, como algumas espécies de animais, passa por transformações. O que será que essa história nos reserva? QUADRO-SÍNTESE 4. Leia o texto da quarta capa e promova o ajuste das expectativas levantadas tanto pela análise do título quanto da capa do livro. Gênero: novela Palavras-chave: velhice, amor, família, meio ambiente Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Educação Artística Temas transversais: Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural Público-alvo: alunos da 7a e 8a séries do Ensino Fundamental cer e morrer. Que imagem os vários idosos, que fazem parte de nossa vida pessoal, afetiva e intelectual, nos transmitem sobre o envelhecimento? revelar a fonte. Mas em Chega de saudade é mesmo um passarinho, um joão-de-barro, uma das vozes que narram os acontecimentos. Descobrir quem está narrando os acontecimentos é uma das estratégias que Ricardo Azevedo emprega para manter a atenção do leitor: quem é esse “eu”? Não revele quem é esse narrador, mas chame a atenção para o fato e estimule-os a descobrir quem está narrando a história. Após a revelação, volte atrás para justificar alguns detalhes. Por exemplo, a implicância do narrador com os gatos etc. 4. Os diálogos de que participam Júlia e Beto (Alberto), netos de Ophélia, são muito divertidos, principalmente pela maneira pessoal com que interpretam o mundo dos adultos. Localize os trechos no livro e encarregue alguns alunos de prepararem uma leitura expressiva das passagens. Se desejarem, vale transformá-las em cenas para representação teatral. 2. Há no livro uma variedade de fontes e estilos de fonte: Garamond, Courier New, itálico, negrito... Peça aos alunos que tentem descobrir a função que esses recursos gráficos têm no texto. 5. No capítulo 11, Júlia ensina a Beto como falar uma estranha língua maluca falada pela avó. Veja como é: A = aus E = enter I = inis O = omber U = ufter Vombercenter gomberstomberufer domber linisvromber chentergaus denter sausufterdausdenter? Há várias “línguas secretas”. A mais conhecida é, sem sombra de dúvida, a “língua do pê”: Pêvopêcê pêgospêtou pêde pêler pêo pêlipêvro pêChepêga pêde pêsaupêdapêde? É só dividir a palavra em sílabas e, antes de cada uma, acrescentar “pê”: Pêé pêfápêcil! Há ainda esta outra versão: Vopôcêpê gospôtoupô depê lerpê opô lipivropô Chepêgapá depê saupádapádepê? Depois de cada sílaba, é só acrescentar a consoante “p” com a vogal que é o núcleo daquela sílaba. Que tal organizar um torneio? Organize a turma em equipes. Em homenagem ao título do livro, cada uma deve tentar adivinhar títulos de canções falados em uma língua secreta. Depois da leitura ✦ nas tramas do texto 1. Os capítulos em que o livro é dividido são apenas numerados, não receberam títulos. Organize a turma em duplas e sorteie entre elas um ou mais capítulos, para que, a partir de uma releitura atenta, criem um bom título para ele. Concluída a atividade, peça aos grupos para apresentar suas propostas para serem avaliadas pela turma. Ao final, terão elaborado um sumário para Chega de saudade. 2. Aproveite as cartas e os e-mails que aparecem no livro e sugira aos alunos que escolham um deles para responder, assumindo as características de uma das personagens. Promova a leitura dos textos e avalie com o grupo se os pontos de vista das personagens foram preservados na resposta. 6. No capítulo 18, o leitor encontra a partitura do chorinho “Monte Alegre”, composto por Vicente Alves Araújo, o simpático namorado de Ophélia. Verifique se alguém toca algum instrumento para conhecer a melodia. Aproveite para introduzir os es- Durante a leitura 1. Você certamente conhece a expressão um “passarinho me contou”. Em geral, a empregamos quando queremos contar a alguém uma história que nos contaram sem 6 3. O tema do livro permite discutir a velhice com os jovens. Certamente, para eles o envelhecimento apresenta-se como uma realidade muito distante, pois, em geral, se vive como se só os outros fossem envelhe- tudantes nesse estilo musical. Aí vão alguns endereços para ajudá-lo em sua pesquisa: • http://www.chorinhonet.hpg.ig.com.br/ index.htm • http://www.cliquemusic.com.br/br/resgate/resgate.asp?Nu_Materia=3751 • http://almanaque.folha.uol.com.br/choro. htm 7. Ophélia é uma avó que é muito apreciada pelas histórias que conta. O leitor teve o prazer de “escutar” uma delas no capítulo 8. Que tal presentear seus alunos com a leitura do conto em voz alta? 8. Ricardo Azevedo, como sua personagem Ophélia, é também um excelente contador de histórias. Graças a suas pesquisas de cultura popular brasileira, os leitores podem saborear outras lindas histórias como esta. Leve a turma à biblioteca e estimule-a a selecionar um outro conto tradicional recontado pelo autor, para ler em voz alta. Aí vão alguns títulos do escritor em que encontrarão lindas histórias: • Histórias de bobos, bocós, burraldos e paspalhões –– Porto Alegre, Projeto • No meio da noite escura tem um pé de maravilha –– São Paulo, Ática • Contos de enganar a morte –– São Paulo, Ática • Contos de bichos do mato –– São Paulo, Ática • Contos de espanto e alumbramento –– São Paulo, Scipione Após ensaiarem a leitura, os alunos poderão ler as histórias para os colegas menores, com a idade de Júlia e Beto, por exemplo. Ou então organizar uma visita a um asilo para ler as histórias aos idosos que lá estão e que certamente irão apreciar a história, a visita e a conversa. ✦ nas telas do cinema História real, dirigido por David Lynch, conta a história de um viúvo que vive em uma comunidade rural com a filha e que, numa noite, recebe a notícia de que seu irmão sofreu um derrame. Decide então visitá-lo antes que morra. Mas sem dinheiro e orgulhoso para pedir ajuda, resolve fazer a viagem com o único meio de transporte de que dispõe: um cortador de grama. (Distribuição: Buena Vista Pictures / Lumière Brasil.) DICAS DE LEITURA ◗ do mesmo autor Trezentos parafusos a menos –– São Paulo, Companhia das Letras Lúcio vira bicho –– São Paulo, Companhia das Letras Três lados da mesma moeda –– São Paulo, Ática Coração maltrapilho –– São Paulo, FTD ◗ sobre o mesmo assunto Os amigos –– Kazumi Yumoto, São Paulo, Martins Fontes O outono do álamo –– Kazumi Yumoto, São Paulo, Martins Fontes Vá aonde seu coração mandar –– Susanna Tamaro, Rio de Janeiro, Rocco ◗ leitura de desafio Leia com a turma dois contos de Clarice Lispector que também discutem o tema da velhice: “Feliz aniversário”, do livro Laços de família, que narra o mergulho trágico em uma festa familiar nos 89 anos da matriarca; “Viagem a Petrópolis”, do livro A legião estrangeira, que narra a profunda solidão de uma velhinha que, sem lugar para morar, é empurrada de uma casa para outra. Os dois livros são publicados pela Editora Rocco. 7 6/29/06 11:21:06 AM PROPOSTAS DE ATIVIDADES preocupação e a raiva de André, seu único filho, mas recebendo o carinho encantado e risonho do resto da família. Antes da leitura COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA RICARDO AZEVEDO Chega de saudade UM POUCO SOBRE O AUTOR literatura, inclusive a infantil, é, sem dúvida, uma forma de tentar compreender a vida e o mundo. Ricardo Azevedo nasceu em São Paulo, em 1949. É formado em Comunicação Visual pela Faculdade de Artes Plásticas da Faap e doutor em Letras, na área de Teoria Literária, pela Universidade de São Paulo. Casado, pai de três filhos, gosta de ler, ouvir música e conversar com os amigos. Começou a produzir livros infantis em 1980, com O peixe que podia cantar, e até o ano de 2005 já publicou mais de cem títulos. Destaca-se em seu trabalho a pesquisa em literatura popular, que resultou em publicações como Meu livro do folclore, além de sua saborosa produção poética para crianças, como Dezenove poemas desengonçados. A respeito da literatura diz: Acho que a literatura deve tratar sempre daqueles assuntos meio vagos, sobre os quais ninguém pode ensinar, só compartilhar: as emoções, os medos, as paixões, as alegrias, as injustiças, o cômico, os sonhos, a passagem inexorável do tempo, a dupla existência da verdade, as utopias, o sublime, o paradoxal, as ambigüidades, a busca do autoconhecimento, coisas banais que fazem parte do dia-a-dia de todas as pessoas. Para mim, a RESENHA Ophélia tem quase oitenta anos de idade, perdeu o marido, vai se aposentar. Todas essas mudanças desencadeiam uma grande crise pessoal. Sente-se velha, desprezada, doente, acabada. O que fazer agora? Ao fundo, como um cenário, o velho bairro em que sempre viveu perde suas características; a praça pode ceder lugar a um grande empreendimento imobiliário, o joão-de-barro assiste a tudo: um passarinho me contou... Um dia, quase por acaso, Ophélia reencontra Araújo, antigo colega de escola e ex-namorado da juventude. A partir daí, a vida dos dois amigos passa por uma inesperada reviravolta: lutar pela preservação da praça, reconstruir as próprias vidas. Cheios de planos, Araújo e Ophélia partem para descobrir o Brasil, levando na bagagem esperança e alegria. Como o príncipe-pássaro da história, Ophélia deixa sua casa para trás. Enfrentando o espanto, a 5 Enc chega de saudade.indd 1 1. O título do livro Chega de saudade faz referência a uma linda canção de Tom Jobim com letra do poeta Vinicius de Moraes: Vai minha tristeza e diz a ela que sem ela não pode ser... Você pode encontrar toda a letra no endereço: http://tom-jobim.letras.terra.com. br/letras/49028 Ouça a canção com a turma e soltem a voz para cantá-la! Na seção “Autor e obra”, Ricardo nos conta uma outra história: a de como produziu este livro a partir de Araújo ama Ophélia, de 1981, e da versão de Chega de saudade, de 1984. Escrever, reescrever... a busca do escritor pela palavra mais justa. Ou será o desejo de encontrar de novo personagens queridas, matar as saudades, como também acontece com os leitores após a palavra “fim”? Como o escritor, Ophélia precisa contar e recontar a mesma história — a sua própria —, relembrar e reinventar-se a cada perda. Um passarinho nos conta sua história, Ophélia conta a Araújo sua história, Ophélia remói internamente sua história: a das pessoas que amou, a do bairro em que vive... As crianças, netos de Ophélia, vão, a seu modo, reunindo os fragmentos da história da avó; que é outra aos olhos de André, seu único filho; outra ainda aos olhos de Solange, a nora. Cartas. E-mails. Cada um se escreve e escreve ao outro nas mal-traçadas linhas... Em meio a esse mosaico de vozes, o leitor é convidado a aproximar-se das personagens e de suas emoções, pois, como o príncipe-pássaro da história, jovens ou idosos, todos precisam encontrar seus caminhos de viver. 2. Estimule os estudantes a explicitarem as expectativas que o título e a letra da canção projetam em relação ao enredo do livro: é provável que esperem encontrar uma história de amor, de um casal que se separou e depois se reencontra... 3. Mostre a capa que reproduz um belo trabalho de Rogério Borges. O detalhe das duas mãos entrelaçadas sugere um encontro. Certamente, os alunos devem notar as rugas que riscam as mãos. Que casal será esse? Que efeito produz o contraste da figura das mãos com o fundo, que representa um céu estrelado? Detenham-se na observação da imagem da borboleta e no lirismo que introduz à composição. A borboleta, como algumas espécies de animais, passa por transformações. O que será que essa história nos reserva? QUADRO-SÍNTESE 4. Leia o texto da quarta capa e promova o ajuste das expectativas levantadas tanto pela análise do título quanto da capa do livro. Gênero: novela Palavras-chave: velhice, amor, família, meio ambiente Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Educação Artística Temas transversais: Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural Público-alvo: alunos da 7a e 8a séries do Ensino Fundamental cer e morrer. Que imagem os vários idosos, que fazem parte de nossa vida pessoal, afetiva e intelectual, nos transmitem sobre o envelhecimento? revelar a fonte. Mas em Chega de saudade é mesmo um passarinho, um joão-de-barro, uma das vozes que narram os acontecimentos. Descobrir quem está narrando os acontecimentos é uma das estratégias que Ricardo Azevedo emprega para manter a atenção do leitor: quem é esse “eu”? Não revele quem é esse narrador, mas chame a atenção para o fato e estimule-os a descobrir quem está narrando a história. Após a revelação, volte atrás para justificar alguns detalhes. Por exemplo, a implicância do narrador com os gatos etc. 4. Os diálogos de que participam Júlia e Beto (Alberto), netos de Ophélia, são muito divertidos, principalmente pela maneira pessoal com que interpretam o mundo dos adultos. Localize os trechos no livro e encarregue alguns alunos de prepararem uma leitura expressiva das passagens. Se desejarem, vale transformá-las em cenas para representação teatral. 2. Há no livro uma variedade de fontes e estilos de fonte: Garamond, Courier New, itálico, negrito... Peça aos alunos que tentem descobrir a função que esses recursos gráficos têm no texto. 5. No capítulo 11, Júlia ensina a Beto como falar uma estranha língua maluca falada pela avó. Veja como é: A = aus E = enter I = inis O = omber U = ufter Vombercenter gomberstomberufer domber linisvromber chentergaus denter sausufterdausdenter? Há várias “línguas secretas”. A mais conhecida é, sem sombra de dúvida, a “língua do pê”: Pêvopêcê pêgospêtou pêde pêler pêo pêlipêvro pêChepêga pêde pêsaupêdapêde? É só dividir a palavra em sílabas e, antes de cada uma, acrescentar “pê”: Pêé pêfápêcil! Há ainda esta outra versão: Vopôcêpê gospôtoupô depê lerpê opô lipivropô Chepêgapá depê saupádapádepê? Depois de cada sílaba, é só acrescentar a consoante “p” com a vogal que é o núcleo daquela sílaba. Que tal organizar um torneio? Organize a turma em equipes. Em homenagem ao título do livro, cada uma deve tentar adivinhar títulos de canções falados em uma língua secreta. Depois da leitura ✦ nas tramas do texto 1. Os capítulos em que o livro é dividido são apenas numerados, não receberam títulos. Organize a turma em duplas e sorteie entre elas um ou mais capítulos, para que, a partir de uma releitura atenta, criem um bom título para ele. Concluída a atividade, peça aos grupos para apresentar suas propostas para serem avaliadas pela turma. Ao final, terão elaborado um sumário para Chega de saudade. 2. Aproveite as cartas e os e-mails que aparecem no livro e sugira aos alunos que escolham um deles para responder, assumindo as características de uma das personagens. Promova a leitura dos textos e avalie com o grupo se os pontos de vista das personagens foram preservados na resposta. 6. No capítulo 18, o leitor encontra a partitura do chorinho “Monte Alegre”, composto por Vicente Alves Araújo, o simpático namorado de Ophélia. Verifique se alguém toca algum instrumento para conhecer a melodia. Aproveite para introduzir os es- Durante a leitura 1. Você certamente conhece a expressão um “passarinho me contou”. Em geral, a empregamos quando queremos contar a alguém uma história que nos contaram sem 6 3. O tema do livro permite discutir a velhice com os jovens. Certamente, para eles o envelhecimento apresenta-se como uma realidade muito distante, pois, em geral, se vive como se só os outros fossem envelhe- tudantes nesse estilo musical. Aí vão alguns endereços para ajudá-lo em sua pesquisa: • http://www.chorinhonet.hpg.ig.com.br/ index.htm • http://www.cliquemusic.com.br/br/resgate/resgate.asp?Nu_Materia=3751 • http://almanaque.folha.uol.com.br/choro. htm 7. Ophélia é uma avó que é muito apreciada pelas histórias que conta. O leitor teve o prazer de “escutar” uma delas no capítulo 8. Que tal presentear seus alunos com a leitura do conto em voz alta? 8. Ricardo Azevedo, como sua personagem Ophélia, é também um excelente contador de histórias. Graças a suas pesquisas de cultura popular brasileira, os leitores podem saborear outras lindas histórias como esta. Leve a turma à biblioteca e estimule-a a selecionar um outro conto tradicional recontado pelo autor, para ler em voz alta. Aí vão alguns títulos do escritor em que encontrarão lindas histórias: • Histórias de bobos, bocós, burraldos e paspalhões –– Porto Alegre, Projeto • No meio da noite escura tem um pé de maravilha –– São Paulo, Ática • Contos de enganar a morte –– São Paulo, Ática • Contos de bichos do mato –– São Paulo, Ática • Contos de espanto e alumbramento –– São Paulo, Scipione Após ensaiarem a leitura, os alunos poderão ler as histórias para os colegas menores, com a idade de Júlia e Beto, por exemplo. Ou então organizar uma visita a um asilo para ler as histórias aos idosos que lá estão e que certamente irão apreciar a história, a visita e a conversa. ✦ nas telas do cinema História real, dirigido por David Lynch, conta a história de um viúvo que vive em uma comunidade rural com a filha e que, numa noite, recebe a notícia de que seu irmão sofreu um derrame. Decide então visitá-lo antes que morra. Mas sem dinheiro e orgulhoso para pedir ajuda, resolve fazer a viagem com o único meio de transporte de que dispõe: um cortador de grama. (Distribuição: Buena Vista Pictures / Lumière Brasil.) DICAS DE LEITURA ◗ do mesmo autor Trezentos parafusos a menos –– São Paulo, Companhia das Letras Lúcio vira bicho –– São Paulo, Companhia das Letras Três lados da mesma moeda –– São Paulo, Ática Coração maltrapilho –– São Paulo, FTD ◗ sobre o mesmo assunto Os amigos –– Kazumi Yumoto, São Paulo, Martins Fontes O outono do álamo –– Kazumi Yumoto, São Paulo, Martins Fontes Vá aonde seu coração mandar –– Susanna Tamaro, Rio de Janeiro, Rocco ◗ leitura de desafio Leia com a turma dois contos de Clarice Lispector que também discutem o tema da velhice: “Feliz aniversário”, do livro Laços de família, que narra o mergulho trágico em uma festa familiar nos 89 anos da matriarca; “Viagem a Petrópolis”, do livro A legião estrangeira, que narra a profunda solidão de uma velhinha que, sem lugar para morar, é empurrada de uma casa para outra. Os dois livros são publicados pela Editora Rocco. 7 6/29/06 11:21:06 AM PROPOSTAS DE ATIVIDADES preocupação e a raiva de André, seu único filho, mas recebendo o carinho encantado e risonho do resto da família. Antes da leitura COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA RICARDO AZEVEDO Chega de saudade UM POUCO SOBRE O AUTOR literatura, inclusive a infantil, é, sem dúvida, uma forma de tentar compreender a vida e o mundo. Ricardo Azevedo nasceu em São Paulo, em 1949. É formado em Comunicação Visual pela Faculdade de Artes Plásticas da Faap e doutor em Letras, na área de Teoria Literária, pela Universidade de São Paulo. Casado, pai de três filhos, gosta de ler, ouvir música e conversar com os amigos. Começou a produzir livros infantis em 1980, com O peixe que podia cantar, e até o ano de 2005 já publicou mais de cem títulos. Destaca-se em seu trabalho a pesquisa em literatura popular, que resultou em publicações como Meu livro do folclore, além de sua saborosa produção poética para crianças, como Dezenove poemas desengonçados. A respeito da literatura diz: Acho que a literatura deve tratar sempre daqueles assuntos meio vagos, sobre os quais ninguém pode ensinar, só compartilhar: as emoções, os medos, as paixões, as alegrias, as injustiças, o cômico, os sonhos, a passagem inexorável do tempo, a dupla existência da verdade, as utopias, o sublime, o paradoxal, as ambigüidades, a busca do autoconhecimento, coisas banais que fazem parte do dia-a-dia de todas as pessoas. Para mim, a RESENHA Ophélia tem quase oitenta anos de idade, perdeu o marido, vai se aposentar. Todas essas mudanças desencadeiam uma grande crise pessoal. Sente-se velha, desprezada, doente, acabada. O que fazer agora? Ao fundo, como um cenário, o velho bairro em que sempre viveu perde suas características; a praça pode ceder lugar a um grande empreendimento imobiliário, o joão-de-barro assiste a tudo: um passarinho me contou... Um dia, quase por acaso, Ophélia reencontra Araújo, antigo colega de escola e ex-namorado da juventude. A partir daí, a vida dos dois amigos passa por uma inesperada reviravolta: lutar pela preservação da praça, reconstruir as próprias vidas. Cheios de planos, Araújo e Ophélia partem para descobrir o Brasil, levando na bagagem esperança e alegria. Como o príncipe-pássaro da história, Ophélia deixa sua casa para trás. Enfrentando o espanto, a 5 Enc chega de saudade.indd 1 1. O título do livro Chega de saudade faz referência a uma linda canção de Tom Jobim com letra do poeta Vinicius de Moraes: Vai minha tristeza e diz a ela que sem ela não pode ser... Você pode encontrar toda a letra no endereço: http://tom-jobim.letras.terra.com. br/letras/49028 Ouça a canção com a turma e soltem a voz para cantá-la! Na seção “Autor e obra”, Ricardo nos conta uma outra história: a de como produziu este livro a partir de Araújo ama Ophélia, de 1981, e da versão de Chega de saudade, de 1984. Escrever, reescrever... a busca do escritor pela palavra mais justa. Ou será o desejo de encontrar de novo personagens queridas, matar as saudades, como também acontece com os leitores após a palavra “fim”? Como o escritor, Ophélia precisa contar e recontar a mesma história — a sua própria —, relembrar e reinventar-se a cada perda. Um passarinho nos conta sua história, Ophélia conta a Araújo sua história, Ophélia remói internamente sua história: a das pessoas que amou, a do bairro em que vive... As crianças, netos de Ophélia, vão, a seu modo, reunindo os fragmentos da história da avó; que é outra aos olhos de André, seu único filho; outra ainda aos olhos de Solange, a nora. Cartas. E-mails. Cada um se escreve e escreve ao outro nas mal-traçadas linhas... Em meio a esse mosaico de vozes, o leitor é convidado a aproximar-se das personagens e de suas emoções, pois, como o príncipe-pássaro da história, jovens ou idosos, todos precisam encontrar seus caminhos de viver. 2. Estimule os estudantes a explicitarem as expectativas que o título e a letra da canção projetam em relação ao enredo do livro: é provável que esperem encontrar uma história de amor, de um casal que se separou e depois se reencontra... 3. Mostre a capa que reproduz um belo trabalho de Rogério Borges. O detalhe das duas mãos entrelaçadas sugere um encontro. Certamente, os alunos devem notar as rugas que riscam as mãos. Que casal será esse? Que efeito produz o contraste da figura das mãos com o fundo, que representa um céu estrelado? Detenham-se na observação da imagem da borboleta e no lirismo que introduz à composição. A borboleta, como algumas espécies de animais, passa por transformações. O que será que essa história nos reserva? QUADRO-SÍNTESE 4. Leia o texto da quarta capa e promova o ajuste das expectativas levantadas tanto pela análise do título quanto da capa do livro. Gênero: novela Palavras-chave: velhice, amor, família, meio ambiente Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Educação Artística Temas transversais: Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural Público-alvo: alunos da 7a e 8a séries do Ensino Fundamental cer e morrer. Que imagem os vários idosos, que fazem parte de nossa vida pessoal, afetiva e intelectual, nos transmitem sobre o envelhecimento? revelar a fonte. Mas em Chega de saudade é mesmo um passarinho, um joão-de-barro, uma das vozes que narram os acontecimentos. Descobrir quem está narrando os acontecimentos é uma das estratégias que Ricardo Azevedo emprega para manter a atenção do leitor: quem é esse “eu”? Não revele quem é esse narrador, mas chame a atenção para o fato e estimule-os a descobrir quem está narrando a história. Após a revelação, volte atrás para justificar alguns detalhes. Por exemplo, a implicância do narrador com os gatos etc. 4. Os diálogos de que participam Júlia e Beto (Alberto), netos de Ophélia, são muito divertidos, principalmente pela maneira pessoal com que interpretam o mundo dos adultos. Localize os trechos no livro e encarregue alguns alunos de prepararem uma leitura expressiva das passagens. Se desejarem, vale transformá-las em cenas para representação teatral. 2. Há no livro uma variedade de fontes e estilos de fonte: Garamond, Courier New, itálico, negrito... Peça aos alunos que tentem descobrir a função que esses recursos gráficos têm no texto. 5. No capítulo 11, Júlia ensina a Beto como falar uma estranha língua maluca falada pela avó. Veja como é: A = aus E = enter I = inis O = omber U = ufter Vombercenter gomberstomberufer domber linisvromber chentergaus denter sausufterdausdenter? Há várias “línguas secretas”. A mais conhecida é, sem sombra de dúvida, a “língua do pê”: Pêvopêcê pêgospêtou pêde pêler pêo pêlipêvro pêChepêga pêde pêsaupêdapêde? É só dividir a palavra em sílabas e, antes de cada uma, acrescentar “pê”: Pêé pêfápêcil! Há ainda esta outra versão: Vopôcêpê gospôtoupô depê lerpê opô lipivropô Chepêgapá depê saupádapádepê? Depois de cada sílaba, é só acrescentar a consoante “p” com a vogal que é o núcleo daquela sílaba. Que tal organizar um torneio? Organize a turma em equipes. Em homenagem ao título do livro, cada uma deve tentar adivinhar títulos de canções falados em uma língua secreta. Depois da leitura ✦ nas tramas do texto 1. Os capítulos em que o livro é dividido são apenas numerados, não receberam títulos. Organize a turma em duplas e sorteie entre elas um ou mais capítulos, para que, a partir de uma releitura atenta, criem um bom título para ele. Concluída a atividade, peça aos grupos para apresentar suas propostas para serem avaliadas pela turma. Ao final, terão elaborado um sumário para Chega de saudade. 2. Aproveite as cartas e os e-mails que aparecem no livro e sugira aos alunos que escolham um deles para responder, assumindo as características de uma das personagens. Promova a leitura dos textos e avalie com o grupo se os pontos de vista das personagens foram preservados na resposta. 6. No capítulo 18, o leitor encontra a partitura do chorinho “Monte Alegre”, composto por Vicente Alves Araújo, o simpático namorado de Ophélia. Verifique se alguém toca algum instrumento para conhecer a melodia. Aproveite para introduzir os es- Durante a leitura 1. Você certamente conhece a expressão um “passarinho me contou”. Em geral, a empregamos quando queremos contar a alguém uma história que nos contaram sem 6 3. O tema do livro permite discutir a velhice com os jovens. Certamente, para eles o envelhecimento apresenta-se como uma realidade muito distante, pois, em geral, se vive como se só os outros fossem envelhe- tudantes nesse estilo musical. Aí vão alguns endereços para ajudá-lo em sua pesquisa: • http://www.chorinhonet.hpg.ig.com.br/ index.htm • http://www.cliquemusic.com.br/br/resgate/resgate.asp?Nu_Materia=3751 • http://almanaque.folha.uol.com.br/choro. htm 7. Ophélia é uma avó que é muito apreciada pelas histórias que conta. O leitor teve o prazer de “escutar” uma delas no capítulo 8. Que tal presentear seus alunos com a leitura do conto em voz alta? 8. Ricardo Azevedo, como sua personagem Ophélia, é também um excelente contador de histórias. Graças a suas pesquisas de cultura popular brasileira, os leitores podem saborear outras lindas histórias como esta. Leve a turma à biblioteca e estimule-a a selecionar um outro conto tradicional recontado pelo autor, para ler em voz alta. Aí vão alguns títulos do escritor em que encontrarão lindas histórias: • Histórias de bobos, bocós, burraldos e paspalhões –– Porto Alegre, Projeto • No meio da noite escura tem um pé de maravilha –– São Paulo, Ática • Contos de enganar a morte –– São Paulo, Ática • Contos de bichos do mato –– São Paulo, Ática • Contos de espanto e alumbramento –– São Paulo, Scipione Após ensaiarem a leitura, os alunos poderão ler as histórias para os colegas menores, com a idade de Júlia e Beto, por exemplo. Ou então organizar uma visita a um asilo para ler as histórias aos idosos que lá estão e que certamente irão apreciar a história, a visita e a conversa. ✦ nas telas do cinema História real, dirigido por David Lynch, conta a história de um viúvo que vive em uma comunidade rural com a filha e que, numa noite, recebe a notícia de que seu irmão sofreu um derrame. Decide então visitá-lo antes que morra. Mas sem dinheiro e orgulhoso para pedir ajuda, resolve fazer a viagem com o único meio de transporte de que dispõe: um cortador de grama. (Distribuição: Buena Vista Pictures / Lumière Brasil.) DICAS DE LEITURA ◗ do mesmo autor Trezentos parafusos a menos –– São Paulo, Companhia das Letras Lúcio vira bicho –– São Paulo, Companhia das Letras Três lados da mesma moeda –– São Paulo, Ática Coração maltrapilho –– São Paulo, FTD ◗ sobre o mesmo assunto Os amigos –– Kazumi Yumoto, São Paulo, Martins Fontes O outono do álamo –– Kazumi Yumoto, São Paulo, Martins Fontes Vá aonde seu coração mandar –– Susanna Tamaro, Rio de Janeiro, Rocco ◗ leitura de desafio Leia com a turma dois contos de Clarice Lispector que também discutem o tema da velhice: “Feliz aniversário”, do livro Laços de família, que narra o mergulho trágico em uma festa familiar nos 89 anos da matriarca; “Viagem a Petrópolis”, do livro A legião estrangeira, que narra a profunda solidão de uma velhinha que, sem lugar para morar, é empurrada de uma casa para outra. Os dois livros são publicados pela Editora Rocco. 7 6/29/06 11:21:06 AM