2015-02-21 Drª. Brigite Margarete de Jesus Ferreira Alameda Juiz Conselheiro Nunes Ribeiro 3200-389 Vilarinho - Lousã [email protected] 926949408 Interno da Especialidade Medicina Geral e Familiar USF Serra da Lousã Esclerodermia - um diagnóstico obtido da articulação dos Cuidados de Saúde Primários e Secundários Brigite Ferreira, interna do 3º ano de Medicina Geral e Familiar, USF Serra da Lousã Joana Oliveira Ferreira, interna do 1º ano de Medicina Geral e Familiar, USF Serra da Lousã Introdução: A esclerose sistémica (ES) é uma doença auto-imune que afecta sobretudo mulheres entre os 30-50 anos, com uma prevalência de 20 casos/milhão/ano, de etiologia desconhecida. As manifestações iniciais da doença são frequentemente dor e edema nas extremidades e o fenómeno de Raynaud. Posteriormente podem surgir alterações cutâneas com hiperpigmentação, cicatrizes calcificantes e telangiectasias; artralgias com poliartrite migratória; gastrointestinais, etc. Os eventos primários surgem de lesão endotelial. Pode ter formas de apresentação e gravidade diversa pelo que é imperativa uma abordagem global do doente, com avaliação do seu impacto físico, psicológico e social. Caso clínico: Utente do sexo feminino, 57 anos, caucasiana, casada, inserida numa família nuclear na fase VIII do ciclo de Duvall, altamente funcional com Apgar 10. Pertencente a classe média alta (Graffar 11). Na escala de Holmes e Rahe pontua 79, e as escalas de risco familiar (Segovia-Dryer e Imperatori) são nulas. Antecedentes pessoais e familiares irrelevantes. Recorreu ao Médico de Família (MF) por dor, deformação das articulações interfalangicas e edema nas mãos. Revela ainda alteração trifásica da coloração das polpas digitais por períodos intermitentes. A sintomatologia tem mais de 6 meses com agravamento recente. Identificado o fenómeno de Raynaud, a utente realiza capilaroscopia que confirma o diagnóstico de ES. Os anticorpos anti-centrómero positivos reforçam o diagnóstico. É seguida actualmente pela Medicina Interna - consulta de doenças auto-imunes, em articulação com os cuidados de saúde primários (CSP). Discussão: A ES é uma doença caracterizada por alterações inflamatórias, fibróticas e atróficas com envolvimento cutâneo-músculo-articular e de órgãos internos. Este caso reflete a importância do diagnóstico diferencial, na presença de sintomas comuns a várias patologias. Este caso é ainda um exemplo de articulação muito competente entre os CSP e secundários, com diagnóstico e orientação terapêutica em tempo útil. Conclusões: A intercomunicação e partilha de dados entre a consulta hospitalar e o MF, com um seguimento regular intercalado revela-se uma mais-valia para os utentes. Permite diminuir as ausências laborais, transmite confiança ao doente, facilita uma discussão do caso entre as especialidades, diminuindo o ruído de meios de comunicação intermediários e agiliza o tratamento. Assim é possível uma decisão terapêutica partilhada e individualizada.