0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONASCENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia - PPG/CASA. ANÁLISE DA GESTÃO DO SERVIÇO MUNICIPAL DA COLETA SELETIVA EM MANAUS - AM. MARIA VENINA SAVEDRA RODRIGUES MANAUS /AM 2010 1 MARIA VENINA SAVEDRA RODRIGUES ANÁLISE DA GESTÃO DO SERVIÇO MUNICIPAL DA COLETA SELETIVA EM MANAUS - AM. Dissertação apresentada ao programa de PósGraduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, da Universidade Federal da Amazonas, como requisito parcial para obtenção do Titulo de Mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. Área de concentração: Ambiental. Orientador: Prof. Dr. João Tito Borges MANAUS /AM 2010 Política e Gestão 2 Ficha Catalográfica (Catalogação realizada pela Biblioteca Central da UFAM) Rodrigues, Maria Venina Savedra R696a Análise da gestão do serviço municipal da coleta seletiva em Manaus - AM / Maria Venina Savedra Rodrigues. Manaus: UFAM, 2010. 116 f. : il. color; 30 cm Dissertação (Mestrado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, área de concentração em Política e Gestão Ambiental) –– Universidade Federal do Amazonas, 2010 Orientador: Prof. Dr. João Tito Borges 1. Resíduos sólidos – Manaus (AM) 2. Coleta seletiva de lixo – Manaus (AM) 3. Reciclagem I. Borges, João Tito (Orient.) II.Universidade Federal do Amazonas III. Título CDU(1997): 628.4.032(811.3)(043.3) 3 MARIA VENINA SAVEDRA RODRIGUES ANÁLISE DA GESTÃO DO SERVIÇO MUNICIPAL DA COLETA SELETIVA EM MANAUS - AM. Esta dissertação foi apresentada ao programa como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, outorgado pela Universidade Federal do Amazonas. Área de concentração: Política e Gestão Ambiental. DISSERTAÇÃO APROVADA EM 08/10/2010 BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. João Tito Borges Universidade Federal do Amazonas-UFAM Prof. Dr. Josias Coriolano de Freitas Instituto Federal do Amazonas- IFAM Prof. Dr. Genilson Pereira Santana de Freitas Universidade Federal do Amazonas-UFAM MANAUS/AM 2010 4 DEDICATÓRIA A minha querida mãe Maria Savedra de Queiroz e ao meu pai, Raimundo Rodrigues dos Santos e meu esposo Francisco Eloy de Oliveira que na superação de cada dia nos presenteia com muita ternura e com exemplos de amor e vida! 5 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus. Ao meu orientador Prof. Dr. João Tito Borges pelo apoio, incentivo, companheirismo, amizade e paciência que foram fundamentais para compreender e continuar minha caminhada. Agradeço pelos conhecimentos aprendidos a partir do contato com a realidade dos profissionais da área de resíduos sólidos da Prefeitura de Manaus e dos catadores, o que foi importante para o meu crescimento profissional. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia - PPG/CASA, pela oportunidade de realizar esse grande sonho. Expresso minha gratidão à Prefeitura de Manaus através dos gestores da Secretaria Municipal de Limpeza Pública - SEMULSP, que permitiram esta oportunidade e me deram a liberdade de realizar a pesquisa. Para a realização desse trabalho contei com valiosas contribuições, e gostaria de agradecer: - Aos professores Doutores do PPG/CASA, pela dedicada atenção, paciência, entusiasmo e orientação durante todo período das disciplinas; - A todos os colegas de curso em especial, Wagner Cabral Pinto, Elitania Mourão, Eduardo Taveira, Jéferson Gil, Heloisa e Francisneide Lourenço pela calorosa amizade e disponibilidade para a orientação nos momentos de dificuldades; - À minha família, meu enorme agradecimento e minha alegria que compartilho pela conclusão de mais uma etapa em minha vida. Agradeço a vocês pela compreensão devido a constante ausência e os momentos que não pude usufruir do vosso convívio por estar me dedicando a esta nobre tarefa. 6 EPIGRAFE Mão do lixo A mão que eu cato o lixo Não e a mão com que eu devia ter. Não tenho para ganhar Na mesa da minha casa O pão bom de cada dia. Como não tenho, aqui estou. Catando lixo dos outros, O resto que vira lixo. Não faz mal se ficou sujo, Se os urubus beliscaram, Se ratos roeram pedaços, Mesmo estragado me serve, Porque fome não tem luxo. A mão com que cato o lixo Não e a que eu devia ter. Mas a mão que a gente tem E feita pela nação. Quando como coisa podre Depois me torço de dor Fico pensando: tomara Que esta dor um dia doa Nos que tem tanto, mas tanto, Que transformam pão em lixo Com meus dedos no monturo Sinto-me lixo também. Não pareço, mas sou criança. Por isso enquanto procuro Restos de vida no chão, Uma fome diferente, Quem sabe é o pão da esperança Esquenta meu coração: Que um dia criança nenhuma Seja mão serva do lixo Tiago de Mello 7 RESUMO Este trabalho teve como objetivo descrever e analisar o sistema de gestão da Coleta Seletiva de resíduos sólidos urbanos, no município de Manaus/AM entre os anos 2001 e 2009. Foi feita uma análise crítica sobre o sistema de gestão, um levantamento da documentação disponível e foram apresentadas e avaliadas as modalidades do Serviço de Coleta Seletiva utilizadas, abordando aspectos quali e quantitativos. Pode-se considerar que entre os anos 2001 e 2005, as ações e as campanhas eram realizadas de forma isoladas, sem uma integração com o sistema tradicional de coleta não havendo programas de inclusão social de catadores de materiais recicláveis, além de uma carência de mobilização da população para o engajamento no programa de coleta seletiva. Entre 2005 e 2009, foram encontradas informações sobre as diversas modalidades de coleta seletiva implantadas, o que permitiu abordar também aspectos quantitativos sobre as mesmas. Todas as quatro modalidades foram avaliadas, como, a modalidade porta a porta, os pontos de entrega voluntária (PEV), a coleta ponto a ponto e a coleta seletiva no Centro comercial, e apresentaram suas vantagens e suas dificuldades. Concluiu-se que todas modalidades são necessárias e complementares e que não é possível estabelecer o Serviço num único modelo de coleta seletiva para a gestão municipal. O que é necessário ressaltar é que, quanto menor a intervenção do município, menores serão os custos. A modalidade PEV é a mais sustentável, se agregada com ações organizadas de catadores. A modalidade “porta a porta” deverá ser reorganizada no sentido de reduzir seus custos. A coleta seletiva no centro comercial deverá ser restabelecida, pois esta modalidade cria a possibilidade de inserir os catadores da área central do município no sistema, reduz o impacto visual do lixo, organiza o trânsito, reduz o desperdício de materiais e auxilia os comerciantes a destinarem as embalagens. O projeto piloto de coleta seletiva para comunidades carentes executado no Bairro de Santa Luzia deverá ser revisto no sentido de promover o fortalecimento da participação comunitária. Quanto maior a participação da comunidade na coleta seletiva, menor a quantidade de resíduos a serem coletados pela municipalidade. Quanto mais autônoma, auto-organizada e incentivada for a coleta seletiva nas comunidades e bairros de difícil acesso, maiores serão os benefícios para a limpeza dos igarapés e menor será a poluição das águas pelos resíduos sólidos, melhor será a drenagem e menores serão os riscos de inundação. Concluiu-se que ainda é bastante frágil o processo de coleta seletiva no município. A pesquisa permitiu verificar que um dos fatores mais preocupantes é a falta de continuidade de políticas de gestão para esta área, apesar de existir uma ampla legislação abordando o tema. Palavras-chave – Resíduos Sólidos, Manaus, Coleta Seletiva, Reciclagem, Amazonas, Lixo 8 ABSTRACT This work aimed to describe and analyze the management system of selective collection of municipal solid waste, in the city of Manaus / AM between 2001 and 2009. We conducted a critical analysis of the management system, a survey of documentation available and were presented and evaluated the methods of selective collection service used, approaching qualitative and quantitative. One can consider that between 2001 and 2005, actions and campaigns were conducted in an isolated without integrating with the traditional system of collection and no social inclusion program for collectors of recyclable materials, and a lack of mobilization population to engage in selective collection program. Between 2005 and 2009, information was found on the various methods of selective collection in place, which also allowed us to analyze quantitative aspects about them. All four modalities were evaluated, as the mode door to door, the points of voluntary surrender (ENP), the collection point to point and the collection at the mall, and showed advantages and difficulties. It was concluded all are necessary and complementary, and that is not possible establish the service in a single model of selective collection for the city administration. What needs to be stressed is that the smaller the municipality intervention, the lower costs. The ENP mode is the most sustainable, if aggregated with shares held scavenger. The modality “door to door” should be reorganized to reduce costs. The collection at the mall should be restored, because this method creates the possibility of inserting the pickers in the area central municipality in the system, reduces the visual impact of trash, organizing traffic, reduces waste of materials and help marketers to target packaging. The pilot of selective collection for needy communities run in Santa Luzia neighborhood should be revised to promote the strengthening of community participation. The greater community participation in selective collection, less the amount waste to be collected by the municipality. The more autonomous, selforganized and incentivated the selective collection in communities and neighborhoods with difficult acess, the greater the benefits for cleaning up streams and lower the water pollution caused by solid waste, the better the drainage and reduce the risk of flooding. It was concluded that it is still very fragile process of selective collection in the municipality. Research has shown that one of the most worrying is the lack of continuity policies for this area, although there is comprehensive legislation adressing this issue. Keywords – Solid waste, Manaus, Waste recycling, Recycling, Amazonas 9 LISTA DE FIGURAS Figura 01: Cores da coleta seletiva............................................................................28 Figura 02. Evolução dos municípios que realizam o serviço da Coleta Seletiva.......32 Figura 3: Evolução da reciclagem no Brasil (% em peso)..........................................46 Figura 4: Evolução populacional do Município de Manaus........................................56 Figura.5: Mapa da cidade de Manaus........................................................................59 Figura 06-Caracterização de resíduos recicláveis arrecadados na usina de triagem na antiga DEMULP no ano de 1991...........................................................................63 Figura 07 - Modelo de caminhão utilizado no Serviço de Coleta Seletiva no ano de 2001............................................................................................................................65 Figura 08 - Composição gravimétrica dos materiais oriundos da coleta seletiva no Município de Manaus no ano de 2001.......................................................................65 Figura 09: Fluxograma da coleta seletiva da modalidade Porta a porta....................66 Figura 10: Mapa do roteiro da coleta seletiva no município de Manaus nos anos de 2005 a 2009................................................................................................................69 Figura 11: Caminhão da concessionária Enterpa que realiza a rota da coleta seletiva atualmente..................................................................................................................70 Figura 12: Caminhão da concessionária Tumpex que realiza a rota da coleta seletiva atualmente..................................................................................................................71 Figura 13: Agentes de Conscientização orientando sobre coleta seletiva porta-porta ....................................................................................................................................71 Figura 14: Quantidade mensal de materiais recicláveis recolhido na Coleta Seletiva na modalidade Porta a Porta......................................................................................73 Figura 15: Ed. Ambiental nas escolas atendida pela Semulsp com mobilização com “Garis da Alegria”.......................................................................................................75 Figura 16: Ed. Ambiental nas escolas atendida pela Semulsp com mobilização com “Garis da Alegria”.......................................................................................................76 Figura 17: Realidade do lixão a céu aberto, catadores na lixeira municipal de 10 Manaus no ano de 2005.............................................................................................78 Figura 18: Realidade do lixão a céu aberto, catadores na lixeira municipal de Manaus no ano de 2005.............................................................................................78 Figura 19: Aterro controlado do município de Manaus desde o ano de 2006...........79 Figura 20: Membros dos núcleos I (esq.) Núcleo II (dir)............................................80 Figura 21: Núcleo III( esq.) Núcleo IV(dir.).................................................................81 Figura 22: Coleta seletiva de materiais recicláveis no ano de 2001..........................83 Figura 23: Modelo de PEVs existente no município de Manaus................................84 Figura 24: Fluxograma da coleta seletiva na modalidade de PEVs, nos anos de 2006 a 2008.........................................................................................................................86 Figura 25: Quantidade de materiais recicláveis (T/mês) arrecadado no PEV do Bairro do D. Pedro................................................................................................................88 Figura 26. Quantidade de materiais recicláveis (T/mês) arrecada no PEV do Bairro do Aleixo.....................................................................................................................90 Figura 27: Coleta Seletiva no Rip Rap do bairro da Compensa................................91 Figura 28: Galpão de beneficiamento de materiais recicláveis da SEMULSP...........92 Tabela 3: Apresenta a quantidade mensal (tonelada) de materiais recicláveis retirados na modalidade Ponto a Ponto.....................................................................94 Figura 30: Área Central de abrangência de atuação do serviço de coleta seletiva no centro da cidade.........................................................................................................96 Figura 31: Ações de coleta seletiva no centro da cidade e apoio à catadores de recicláveis...................................................................................................................98 Figura 32: Materiais recicláveis arrecadados no Centro Comercial de Manaus entre 2006 e 2008..............................................................................................................100 Figura 33: Atividade Sócio educativa dentro da Comunidade Santa Luzia-Japiim II................................................................................................................................103 11 .C LISTA DE QUADROS Quadro 01 - Composição gravimétrica do lixo de alguns países %...........................23 Quadro 02 - Geração de resíduos sólidos urbanos per capita no Brasil e outros países.........................................................................................................................23 Quadro 03 - Roteiro I do Serviço da Coleta Seletiva no município de Manaus entre 1996 e 2001................................................................................................................63 Quadro 04- Roteiro II do Serviço da Coleta Seletiva no município de Manaus entre 1996 e 2001................................................................................................................64 Quadro 05: Roteiro fixo da rota da Coleta Seletiva na modalidade Porta a porta.....67 Quadro 06: Nomes das associações, projetos e grupos de catadores......................81 6 12 LISTAS DE TABELAS Tabela 01: Quantidade mensal de materiais recicláveis recolhidos na Coleta Seletiva na modalidade porta a porta (ton/mês)......................................................................72 Tabela 02. Quantidade por T/ mês de materiais recicláveis que são entregues nos PEVs desde a sua fundação......................................................................................86 Tabela 3: Apresenta a quantidade mensal (tonelada) de materiais recicláveis retirados na modalidade Ponto a Ponto.....................................................................93 Tabela 4: Coleta seletiva no centro comercial (t/mês)...............................................99 13 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABAL - Associação Brasileira de Alumínio. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABRELPE - Associação de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. ACA - Associação Comercial do Amazonas. ACR - Associação de Catadores Recicláveis. AIA - Avaliação de Impacto Ambiental. AMMAR - Associação Manauense de Materiais Recicláveis. ARPA - Associação de Reciclagem e Preservação Ambiental. CCSF - Centro Comunitário de São Francisco. CDLM - Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus. CEAM - Constituição do Estado do Amazonas. CEMPRE - Compromisso Empresarial para a reciclagem. CN - Carbono/Nitrogênio. COMLURB - Companhia Municipal de Limpeza Urbana. CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente CONCITEC - Comissão de Ciência e Tecnologia CRFB - Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 DEMULP - Departamento Municipal de Limpeza Pública. FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Rio de Janeiro). GEAC - Gerência de Articulação Comunitária. GIRSU - Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos. IBAM - Instituto Brasileiro de Administração Municipal. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 14 IPAAM - Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas. ISSQN - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza do Município. LDNSB - Lei de Diretrizes de Saneamento Básico. LEVs - Local de Entrega Voluntária. MPE - Ministério Público Estadual. NUSEC - Núcleo de Sócio Econômico da Universidade Federal do Amazonas. ONU - Organização das Nações Unidas. PDRSM - Plano Diretor de Resíduos Sólidos de Manaus. PEVs - Postos de Entrega Voluntária. PGIRS - Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. pH - Potencial de Hidrogênio PL - Projeto de Lei. SEMINF - Secretaria Municipal de Infra-estrutura. SEMMAS - Secretária Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade. SEMULSP - Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Públicos. SETHAB - Secretaria de Terras e Habitação do Amazonas. SIMUR - Sistema de Informação sobre Resíduos. SMS - Secretaria Municipal de Saúde. SUFRAMA - Superintendência da Zona Franca de Manaus. TAC - Termo de Ajuste de Conduta Ambiental. TJAM - Tribunal de Justiça do Amazonas. VEMAQA - Vara Especializada em meio Ambiente e Questões Agrárias. 15 SUMÁRIO RESUMO................................................................................................................ 7 ABSTRACT ............................................................................................................ 8 LISTA DE FIGURAS............................................................................................... 9 LISTA DE QUADROS .......................................................................................... 11 LISTAS DE TABELAS .......................................................................................... 12 SUMÁRIO............................................................................................................. 15 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 17 OBJETIVOS ........................................................................................................... 18 Objetivo Geral ........................................................................................................ 18 Objetivos Específicos ............................................................................................. 18 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 19 1. RESÍDUOS SÓLIDOS ....................................................................................... 19 1.1. Conceituação e classificação dos Resíduos Sólidos Urbanos ........................ 19 - Características Físicas: ........................................................................................ 21 1.1.2 Características químicas: .............................................................................. 22 1.2 O Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos Urbanos. .......................... 23 2 COLETA SELETIVA........................................................................................... 25 2.1 Coleta Seletiva: Uma Breve Discussão. ........................................................... 25 2.2 Aspectos Legais e Normativos da Gestão da Coleta Seletiva ......................... 33 2.3 Reciclagem como proposta de redução de resíduos sólidos urbanos ............. 44 2.3 1 Reciclagem de Vidro ..................................................................................... 46 2.3.2 Reciclagem de Metais ................................................................................... 47 2.3.3 Reciclagem de Plástico ................................................................................. 49 3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 53 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 55 16 4.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA CIDADE DE MANAUS/AM. ....................... 55 4.2 Análise da Gestão da Coleta Seletiva no Município de Manaus ...................... 61 4.2.1 Período Inicial da Coleta Seletiva – 1991-2001 ............................................ 61 4.2.2 Análise da Coleta Seletiva por Modalidade de Coleta .................................. 65 4.2.2.1 Modalidade da coleta seletiva porta a porta ............................................... 65 4.2.2.2 Participação de Associações e grupos de catadores de materiais recicláveis na cidade de Manaus beneficiadas pela arrecadação de materiais recicláveis pela modalidade porta-a-porta. ............................................................ 75 4.2.2.3 Modalidade da Coleta Seletiva: Ponto de Entrega Voluntária (PEV) ......... 82 4.2.2.4 Modalidade da Coleta seletiva: Ponto a Ponto .......................................... 90 4.2.2.5 Modalidade da Coleta seletiva: Centro Comercial de Manaus. .................. 94 4.2.2.6 Experiências com projetos pilotos de coleta seletiva em comunidades carentes na cidade de Manaus. ........................................................................... 100 5. CONSIDERAÇÕES ........................................................................................ 103 6. CONCLUSÃO ................................................................................................. 106 7. RECOMENDAÇÕES ...................................................................................... 107 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 108 APÊNDICE - LISTA DE EMPRESAS DO SEGEMENTO DA RECICLAGEM NO MUNICÍPIO DE MANAUS .................................................................................... 112 17 17 INTRODUÇÃO O problema com os resíduos sólidos urbanos é mundial. O município de Manaus vem enfrentando um grande desafio que é o de promover uma gestão de forma integrada dos mesmos. Vários estudos acadêmicos e técnicos já foram e vêm sendo desenvolvidos no município abordando as questões relacionadas com os resíduos sólidos, porém muitos deles direcionados ao aterro instalado no município (JUCÁ, 2003) e (SANTOS, 2006); caracterização de resíduos (STROSKI, 2002); resíduos de serviços de saúde (ARAÚJO, 2008), (PINTO, 2010); resíduos industriais (SUFRAMA, 2010a), (NUSEC, 2009), e outros abordando aspectos sociais sobre o tema (CHAVES, 2008). Porém, a relevância do presente estudo no contexto acadêmico é a de proporcionar uma abordagem que compreenda um levantamento de dados abrangente a partir da literatura nacional e local e da vivência pessoal sobre os aspectos da reciclagem de resíduos urbanos, relacionados ao poder público municipal. Com essa pesquisa pretende-se subsidiar futuros trabalhos acadêmicos científicos que venham abordar a gestão pública no sistema de coleta seletiva e poderá também servir de consulta sobre os sistemas de gestão da coleta seletiva durante alguns períodos de governança local. Pretende-se também apresentar e discutir possíveis modelos para o aperfeiçoamento do sistema de coleta seletiva em Manaus-AM, a partir de uma reflexão sobre experiências realizadas em outros municípios do Brasil. A revisão bibliográfica foi estruturada em 3 partes, sendo que, na primeira, foi feita uma conceituação e classificação dos resíduos sólidos urbanos, ressaltando também o Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. Na segunda parte, foi feita uma breve discussão sobre o sistema de coleta seletiva quanto aos aspectos legais e normativos e aborda também a prática da reciclagem como proposta de redução de resíduos sólidos urbanos. Na terceira parte, foram apresentados os resultados quali-quantitativos das modalidades de coleta seletiva executadas pelo poder público em Manaus e realizada uma discussão sobre a experiência do serviço prestado pelo município, quanto aos aspectos gerais da gestão do sistema de coleta seletiva, descrevendo cada modalidade do serviço da coleta seletiva. 18 OBJETIVOS Objetivo Geral O trabalho tem como objetivo, descrever e analisar a gestão e as modalidades da Coleta Seletiva de resíduos sólidos urbanos, tendo como foco o município de Manaus/AM entre os anos 2001 e 2009. Objetivos Específicos - Realizar um levantamento da documentação disponível sobre a coleta seletiva entre os anos 2001 a 2009; - Apresentar e avaliar as modalidades do serviço de coleta seletiva utilizadas no município entre os anos 2001 a 2009, abordando aspectos quali - quantitativos; - Realizar uma análise crítica sobre o sistema de gestão da coleta coletiva dos resíduos sólidos urbanos no município de Manaus-AM. 19 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1. RESÍDUOS SÓLIDOS 1.1. Conceituação e classificação dos Resíduos Sólidos Urbanos De maneira resumida, pode-se definir lixo como, basicamente, todo e qualquer resíduo sólido proveniente das atividades humanas, ou geradas em aglomerações urbanas, como folhas, galhos de árvores, terra e areia espalhados pelo vento, etc. A origem é o principal elemento para a caracterização dos resíduos sólidos (MAGERA, 2005). A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – define o lixo como os "restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis, podendo-se apresentar no estado sólido, semi-sólido ou líquido, desde que não seja passível de tratamento convencional.”. Para os efeitos da NBR 10004 (Brasil, 2004), os resíduos são classificados em: a) resíduos classe I - Perigosos; b) resíduos classe II – Não perigosos; – resíduos classe II A – Não inertes. – resíduos classe II B – Inertes. Resíduos classe I - Perigosos Aqueles que apresentam periculosidade, conforme definido em 3.2, ou uma das características descritas em 4.2.1.1 a 4.2.1.5, ou constem nos anexos A ou B da Norma NBR 10004. Resíduos classe II - Não perigosos Os códigos para alguns resíduos desta classe encontram-se no anexo H, da Norma NBR 10004. Resíduos classe II A - Não inertes Aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I - Perigosos ou de resíduos classe II B - Inertes, nos termos desta Norma. Os resíduos classe II A – Não inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. 20 Resíduos classe II B - Inertes Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007 (Brasil, 2004c), e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006 (Brasil, 2004b), não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G da NBR 10004. Segundo o critério de classificação pela origem, conforme Magera (2005): a. Lixo doméstico - originário da vida diária, produzidos nos domicílios, residências e consiste basicamente de restos de alimentos, cascas de frutas, verduras, embalagens plásticas, metal, vidro, papel e papelão etc; b. Lixo comercial - aquele originário nos diversos estabelecimentos comerciais e de serviços, tais como bancos, instituições financeiras, supermercados, escritórios, hotéis, restaurantes etc., e compõe-se, na maior parte, de materiais inorgânicos (papel, papelão, embalagens, restos de madeira, plásticos etc.); c. Lixo industrial - consiste geralmente de aparas de fabricação, rejeitos de diversos ramos da indústria; d. Lixo Hospitalar - originário de ambulatórios, hospitais, laboratórios de exames clínicos; constitui-se de resíduos sépticos, tais como: seringas, gazes, tecidos removidos culturas, luvas descartáveis, remédios, filme fotográficos de raio X, restos de alimentos de pacientes etc; e. Lixo público- aquele originado dos serviços públicos de limpeza pública urbana, varrição das vias públicas, limpeza de praia, limpeza de feiras livres etc; f. Lixo agrícola - composto de resíduos sólidos das atividades agrícolas e pecuárias pode incluir também as embalagens de fertilizantes e defensivos agrícolas, que, geralmente, são altamente tóxicos e devem possuir um destino diferenciado das demais embalagens utilizadas nas lavouras; g. Lixo nuclear - composto de bastões de combustível radioativos que sobram das usinas nucleares, aos quais, ainda hoje, não se sabe que destino dar. 21 Alguns países já registraram algum tipo de d acidentes com tais usinas nucleares geradores deste tipo de lixo; h. Lixo de construção civil - formado por resíduos normalmente de construção civil, composto por materiais de demolição ou restos de madeiras de construção tais como: pisos azulejos, metais, cimentos, tijolos etc. Outro aspecto importante a ser considerado no gerenciamento dos resíduos é a identificação de suas características. As características do lixo podem variar em função de aspectos sociais, econômicos, culturais, geográficos e climáticos, ou seja, os mesmos fatores que também diferenciam as comunidades entre si e as próprias cidades. Conforme CEMPRE (2008) existem características importantes a serem avaliadas: - Características Físicas: a) Composição gravimétrica, conforme Quadro 1, apresenta o percentual de cada componente em relação ao peso total do lixo; b) Peso específico: é o peso dos resíduos em função do volume por eles ocupados, expresso em kg/m3. Sua determinação é fundamental para o dimensionamento de equipamentos e instalações; c) Teor de umidade: esta característica tem influência decisiva, principalmente nos processos de tratamento e destinação do lixo. Varia muito em função das estações do ano e da incidência de chuvas; utilizados para dimensionamento de equipamentos compactadores; d) Compressividade: também conhecida como grau de compactação, indica a redução de volume que uma massa de lixo pode sofrer, quando submetida a uma pressão determinada. A compressividade do lixo situa-se entre 1:3 e 1:4 para uma pressão equivalente a 4 kg/cm2. Tais valores são utilizados para dimensionamento de equipamentos compactadores; e) geração per capita: relaciona quantidade do lixo gerado diariamente e o número de habitantes de determinada região (Quadro 1). Muitos técnicos consideram de 0,5 a 0, 8kg/habitante/dia como a faixa de variação média para o Brasil (Quadro 2). 22 Quadro 01: Composição gravimétrica do lixo de alguns países % COMPOSTO Mat. orgânica Vidro Metal Plástico Papel BRASIL ALEMANHA HOLANDA EUA 3 4 3 25 61,2 10,4 3,8 5,8 18,8 50,3 14,5 6,7 6 22,5 35,6 8,2 8,7 6,5 41 Fonte: ABES, 2006. Quadro 02:Geração de resíduos sólidos urbanos per capita no Brasil e outros países PAÍS Brasil Uruguai México Estados Unidos Canadá Alemanha Suécia kg/hab/dia 0,70 0,90 0,87 2,00 1,70 0,90 0,90 Fontes: Cempre/Tetra Pak Américas/Pro Europe/EPA (Enviroment Protection Agency) EUA (2002) 1.1.2 http://www.abre.org.br/meio_reci_brasil.php Características químicas: - Características químicas: a) poder calorífico: indica a capacidade potencial de um material desprender determinada quantidade de calor quando submetido à queima; b) potencial de hidrogênio (pH): indica o teor de acidez ou alcalinidade do material; c) teores de cinzas, matéria orgânica, carbono, nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo, resíduo mineral total, resíduo mineral solúvel e gorduras: importante conhecer, principalmente quando se estudam processos de tratamento aplicáveis ao lixo; d) relação C/N ou relação carbono/nitrogênio: indica o grau de decomposição da matéria orgânica do lixo nos processos de tratamento/disposição final. - Características biológicas: O estudo da população microbiana e dos agentes patogênicos presentes no lixo urbano, ao lado das suas características químicas, permite que sejam discriminados os métodos de tratamento e disposição mais adequados. 23 É importante que o poder municipal e seus gestores tenham conhecimento de todas as características dos resíduos urbanos e de outros fatores que influenciam no sistema de gestão como, por exemplo, saber o número de habitantes do município, as condições climáticas, os hábitos e costumes da população e o nível educacional. O conhecimento sobre a influência dos fatores citados é indispensável para se projetar cenários futuros em relação ao tema. 1.2 O Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos Urbanos. O Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos (GIRSU) é, em síntese, o envolvimento de diferentes órgãos da administração pública e da sociedade civil com o propósito de realizar a limpeza urbana, a coleta, o tratamento e a disposição final do lixo, elevando assim a qualidade de vida da população e promovendo o asseio da cidade, levando em consideração as características das fontes de produção, o volume e os tipos de resíduos, para que seja dado tratamento diferenciado e disposição final de acordo com as normas técnicas. Deverão ser levadas em consideração também as características sociais, culturais e econômicas dos cidadãos e as peculiaridades demográficas, climáticas e urbanísticas locais (IBAM, 2001). Segundo relatório produzido em 2008 pela Associação de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais - (ABRELPE, 2008). “O Brasil gera, diariamente, mais de 170 mil toneladas de lixo urbano, onde 60% desses resíduos classificados como domiciliar e comercial são destinados a lixões na maioria, em locais impróprios para recebimento e tratamento de resíduos e acabam promovendo contaminação do solo, da atmosfera e do lençol freático das regiões as quais pertencem, além de proporcionar permanentes riscos de geração de epidemias, incêndios e desmoronamentos” (ABRELPE, 2008). Considerando a complexidade do tema e a heterogeneidade dos resíduos sólidos, na adoção de sistemas integrados, são necessários que sejam adotadas soluções diferenciadas para os resíduos de acordo com as suas características. Assim, podem conviver na gestão integrada, soluções de incineração, reciclagem, compostagem, autoclavagem, tratamentos físico-químicos e aterros sanitários. 24 Pode-se considerar o gerenciamento integrado do lixo quando existir uma estreita interligação entre as ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento das atividades do sistema de limpeza urbana, bem como quando tais articulações se manifestarem também no âmbito das ações de limpeza urbana com as demais políticas públicas setoriais. Deve-se considerar a participação da população, pois esta ocupará papel de significativo destaque, sendo reconhecida sua função de agente transformador no contexto da limpeza urbana. O gerenciamento integrado deve enfatizar a participação dos cidadãos de forma que sejam sensibilizados a não sujar as ruas, a reduzir o descarte, a reaproveitar os materiais e reciclá-los antes de encaminhá-los ao lixo. Para implantar um processo de gerenciamento integrado de resíduos, é necessária a busca contínua de parceiros, especialmente junto às lideranças da sociedade e das entidades representativas na comunidade para comporem o sistema. Também é preciso identificar as alternativas tecnológicas específicas e necessárias para reduzir os impactos ambientais decorrentes da geração de resíduos e os aportes econômicos que possam sustentá-las. A educação ambiental é indispensável para se conseguir alcançar resultados positivos nesta área, pois a tarefa é gigantesca e somente com a participação e sensibilização de todos para o tema, será possível mudar a mentalidade e a cultura ainda conservadora e acomodada. As ações devem ser abrangentes e persistentes, envolvendo vários agentes, com destaque para a juventude. As metas para médio e longo prazo, em geral, visam obter os meios técnicos e financeiros necessários para executar programas de caráter preventivo da poluição, busca-se implantar alternativas de redução e reaproveitamento de resíduos, sensibilizando e promovendo a participação da sociedade nessas ações, bem como consolidando as competências do órgão gestor, de modo a alcançar a universalização e a máxima qualidade e eficácia das atividades de GIRSU. Segundo D'Almeida e Vilhena (2000), o gerenciamento dos resíduos é preconizado com programas da limpeza urbana, enfocando meios para que seja obtida a máxima redução da produção de lixo, o máximo reaproveitamento e a máxima reciclagem de materiais e, ainda, a disposição dos resíduos de forma 25 adequada a partir da universalidade dos serviços. Essas ações contribuem significativamente para a redução dos custos do sistema, além de proteger e melhorar o ambiente. 2 COLETA SELETIVA 2.1 Coleta Seletiva: Uma Breve Discussão. O modo de vida urbano combinado a um pesado marketing (GRIMBERG & BLAUTH, 1998), gera um alto e intenso consumo. O lançamento de novos produtos e objetos com novos acessórios ou sofisticações tecnológicas, torna os modelos anteriores ultrapassados e induz os indivíduos a consumirem mais e mais bens. Estes se tornam obsoletos antes do tempo e cada vez mais funcionalmente inúteis logo após saírem das fábricas (LOUREIRO, 2002). O excesso de embalagens descartáveis é outro causador do aumento de resíduos (FORLIM e FARIA, 2002) somando-se a isso, o desperdício de energia e recursos naturais. Ainda como os autores Grimberg & Blauth (1998) enfatizam, “entre os desperdícios mais notórios encontram se o não aproveitamento dos resíduos sólidos e a quase absoluta inexistência de iniciativas de redução e prevenção de resíduos na sua origem, as indústrias”. Isso mostra a necessidade de mudança do modelo de produção das empresas, buscando a redução de danos ao meio ambiente e promovendo um desenvolvimento socialmente responsável. Existem ferramentas de Gestão para este fim como a Produção mais Limpa (KIPERSTOK, COELHO, et al., 2003), a Avaliação do Ciclo de Vida do Produto (FORLIM e FARIA, 2002) e Sistemas de Gestão Ambiental (BARBIERI, 2007) que quando bem aplicadas, promovem a redução destes impactos. A análise do ciclo de vida de um produto ou serviço (Life Cycle Assessment) compatibiliza os impactos ambientais decorrentes de todas as etapas envolvidas, desde a sua concepção mercadológica, planejamento, extração e uso de matériasprimas, gasto de energia, transformação industrial, transporte, consumo; até o seu destino final (no caso de embalagens), pela disposição destas em aterro sanitário, ou a sua reciclagem (FORLIM e FARIA, 2002). A definição de Produção mais Limpa 26 segundo a UNIDO (www.pmaisl.com.br acesso em: 23/05/2010), significa a “aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, através da não geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados, com benefícios ambientais e econômicos para os processos produtivos, também tem sido aplicada com sucesso em muitos processos fabris”. Como afirmam Grimberg & Blauth (1998): “O atual padrão de desenvolvimento caracteriza-se pela exploração cada vez mais intensa e constante dos recursos naturais do planeta, pela grande produção de resíduos, pela crescente exclusão social. Significa dizer que, estamos vivendo em um enorme desequilíbrio entre o meio ambiente e o desenvolvimento, sem limites de produção e consumo, além de condições básicas para qualidade de vida da população”. A população, através do consumo de produtos, gera resíduos que devem ser coletados e separados. Os resíduos aqui referidos não são simplesmente lixos, ou seja, “... objeto ou substância que se considera inútil ou cuja existência em dado meio é considerada nociva” (CALDERONI, 2003, p. 49), mas sim, materiais com algum valor agregado. Muito significativa é a Resolução N° 275 de 25 de Abril 2001 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, que considera que a reciclagem de resíduos deve ser incentivada, facilitada e expandida no país, para reduzir o consumo de matérias-primas, recursos naturais não-renováveis, energia e água. Segundo a resolução, considera-se a necessidade de reduzir o crescente impacto ambiental associado à extração, geração, beneficiamento, transporte, tratamento e destinação final de matérias-primas, provocando o aumento de lixões e aterros sanitários. A resolução considera que as campanhas de educação ambiental, providas de um sistema de identificação de fácil visualização, de validade nacional, inspiradas em formas de codificação já adotadas internacionalmente, sejam essenciais para efetivarem a coleta seletiva de resíduos, viabilizando a reciclagem de materiais. Neste sentido, a resolução referida estabeleceu um código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva. Os programas de coleta seletiva, criados e mantidos no âmbito de órgãos da 27 administração pública federal, estadual e municipal, direta e indireta, e entidades paraestatais, devem seguir o padrão de cores estabelecido, conforme figura 1. Além disso: § 1o Fica recomendada a adoção de referido código de cores para programas de coleta seletiva estabelecidos pela iniciativa privada, cooperativas, escolas, igrejas, organizações não-governamentais e demais entidades interessadas. § 2o As entidades constantes no caput deste artigo terão o prazo de até doze meses para se adaptarem aos termos desta Resolução. As inscrições com os nomes dos resíduos e instruções adicionais, quanto à segregação ou quanto ao tipo de material, não serão objeto de padronização, porém recomenda-se a adoção das cores preta ou branca, de acordo a necessidade de contraste com a cor base. AZUL VERMELHO VERDE AMARELO PRETO LARANJA BRANCO ROXO MARROM CINZA Papel Plástico Vidro Metal Madeira Resíduos perigosos; Resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde Resíduos radioativos Resíduos orgânicos Resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de separação. Figura 01: Cores da coleta seletiva. Fonte: CONAMA. 2001 A coleta dos resíduos sólidos pode ser precedida de uma separação simples nas fontes geradoras. Em geral, a separação ocorre em categorias, tais como: lixo e material reciclável, material orgânico e material inorgânico, lixo seco e lixo úmido, etc. Esse tipo de coleta é chamado por alguns de coleta diferenciada e não coleta seletiva, pois esta última seria associada a uma separação ou pré-seleção mais rigorosa, como a dos resíduos orgânicos de diversos recicláveis, já separados em plásticos, papéis, vidros e metais. Ocorre que a coleta seletiva de resíduos sólidos não é a separação de materiais em si, mas uma etapa entre esta separação e o processo de reciclagem ou outro destino alternativo aos aterros e incineradores 28 (GRIMBERG e BLAUTH, 1998). Em termos de separação, é importante apenas que haja certa especificação para que a coleta seletiva e a reinserção dos materiais na cadeia produtiva sejam maximizadas. Classificações muito genéricas como lixo seco e lixo úmido não têm muita validade para esta finalidade. A coleta doméstica dos resíduos pode ser realizada pelo meio convencional, com o material reciclável e o não-reciclável, sendo coletados juntos (misturados) ou pela coleta seletiva. A coleta seletiva é a “coleta que se removem os resíduos previamente separados pelo gerador, tais como papéis, latas, vidros e outros.” (NBR 12.980 apud CALDERONI, 2003). Segundo Castilhos Junior (2003), o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos deve ser integrado, englobando etapas articuladas entre si, desde ações visando a não geração de resíduos até a disposição final, compatíveis com os demais sistemas do saneamento ambiental, sendo essencial a participação do governo, iniciativa privada e sociedade civil organizada. Desta forma, um programa de coleta seletiva de lixo deve fazer parte do Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos do Município, articulandose, de maneira integrada, com as demais técnicas a serem adotadas para o tratamento e destinação do lixo. É importante salientar que, qualquer que seja o método eleito para tratamento do lixo: compostagem, incineração, reciclagem, ou combinação destes, sempre haverá uma parcela maior ou menor de rejeitos, não sendo eliminada, em nenhuma das hipóteses, a necessidade de instalação de aterro sanitário. O aterro sanitário é a forma de destinação final dos resíduos sólidos que contempla os requisitos de proteção ambiental, como impermeabilização, coleta e tratamento do chorume, coleta e queima dos gases, cobertura periódica do lixo com terra ou material inerte, conforme NBR 8419 (BRASIL, 1992). Sem estas providências, o lixo se torna foco de doenças, insetos e roedores, além de causar poluição do ar e das águas subterrâneas. Alguns administradores e técnicos argumentam que os programas de coleta seletiva são muito caros, em parte movidos pela idéia errônea de que os mesmos deveriam dar lucros à administração municipal, o que não ocorre em nenhum dos casos estudados. Conforme D'Almeida e Vilhena (2000), quanto maior a participação voluntária em programas de coleta seletiva, menor é seu custo de administração. No entanto, a 29 otimização da vida útil dos aterros sanitários, através da reciclagem de materiais, é de grande interesse para o poder público municipal, por conta dos altos investimentos necessários para a implantação de novos aterros, realização de estudos de impacto ambiental e compra do terreno e instalações de proteção ambiental. Além disso, a cadeia produtiva da reciclagem gera milhares de postos de trabalho, melhorando a distribuição de renda e promovendo o desenvolvimento local, o que justifica a necessidade de investimentos públicos na infra-estrutura de sistemas de coleta seletiva de resíduos, operados por grupos de catadores organizados. Tais investimentos podem ser minimizados pelo estabelecimento de parcerias com o setor privado e, ainda, pela adoção de tecnologias simples e baratas, apropriadas à realidade de cada município. Grippi (2006) cita alguns aspectos favoráveis da coleta seletiva participativa: - A qualidade dos materiais recuperados pode ser boa, uma vez que estes estão menos contaminados pelos outros materiais presentes no lixo. - Estímulos à cidadania, pois a participação popular reforça o espírito comunitário e envolve a população na solução do problema. - Permite maior flexibilidade na execução, uma vez que pode ser feita em pequena escala e ampliada na medida da necessidade. - Permite parcerias com catadores, cooperativas, empresas, associações ecológicas, escolas, sucateiros etc. - Promove a redução do volume do lixo que deve ser disposto no aterro. A coleta seletiva pode ser domiciliar (ou porta a porta a exemplo da coleta convencional), com os recicláveis separados previamente na fonte geradora do resíduo, ou por entrega voluntária, na qual conjuntos de containeres (postos de entrega voluntária – PEVs - ou local de entrega voluntária - LEVs) são instalados em locais estratégicos para depósito dos materiais recicláveis pela população (RUBERG, AGUIAR e PHILIPPI JR., 1998). Segundo D'Almeida e Vilhena (2000), as quatro principais modalidades de coleta seletiva são: porta a porta (ou domiciliar), em postos de entrega voluntária (PEV), em postos de troca e por catadores. A Coleta Seletiva é parte do Gerenciamento Integrado dos resíduos e as primeiras iniciativas organizadas deste serviço, no Brasil, tiveram início em 1986. Destacam-se, a partir de 1990, aquelas nas quais as administrações municipais 30 estabeleceram parcerias com catadores organizados em associações e cooperativas para a gestão e execução dos programas. Essas parcerias, além de reduzir o custo dos programas, se tornaram um modelo de política pública de resíduos sólidos, com inclusão social e geração de renda apoiada por entidades da sociedade civil. “Os movimentos surgem a partir da defesa de interesses e identificações pelos agentes sociais e das necessidades que os atingem. Assim agrupam-se para buscar soluções coletivas com a formação de quadros (membros, lideranças), através de mobilizações, manifestações pra fazer reivindicações, protestos, denúncias e campanhas” . (CHAVES, 2008, pag.44) A implantação da Coleta Seletiva no Brasil ainda é incipiente. São poucos os municípios que já implantaram este sistema, conforme dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, do IBGE 2007. Para traçar um breve cenário da situação atual da Coleta Seletiva no Brasil, pode-se dizer que 7% dos municípios brasileiros têm programas de Coleta Seletiva (CEMPRE, 2008). Destes municípios, 2% se localizam na Região Norte; 4% no Centro Oeste; 11% no Nordeste; 35% no Sul e 48% no Sudeste do País. Segundo Abrelpe (2008) são coletados diariamente 149.094 toneladas de lixo no Brasil, sendo que 59,03% vão para os lixões, 16,78% vão para aterros sanitários, 2,62 % são dispostos em aterros especiais e 5,44% são destinados a reciclagem. Apenas 1,76% vão para sistemas de compostagem e incineração. Apenas 525 municípios do Brasil, o que representa aproximadamente (10%), com mais de 50 mil habitantes, geram 80% do total do lixo coletado, sendo que as 13 maiores cidades são responsáveis por 32% de todo o lixo urbano coletado no país (ABRELPE, 2008). Ainda que incipiente, no Brasil tem havido uma evolução na implantação de coleta seletiva nos municípios. De 2002 a 2008 houve um aumento de mais de 100% na quantidade de municípios que vem implantando o sistema, conforme figura 02. 31 Figura 02. Evolução dos municípios que realizam o serviço da Coleta Seletiva. Fonte: Abrelpe, 2008 No Brasil uma primeira experiência de Coleta Seletiva de Lixo, iniciou-se no bairro de São Francisco em Niterói, RJ, nos anos de 1985/1986. É considerado o primeiro trabalho sistemático do gênero no Brasil, e serve como modelo e incentivam a disseminação da coleta seletiva no país. Essa experiência é fruto de uma parceria entre o Centro Comunitário de São Francisco (CCSF), a associação de moradores local e a Universidade Federal Fluminense (UFF). No início contou também com técnicos da FEEMA (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente - RJ) e da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana - Rio de Janeiro). O modelo da coleta seletiva em Niterói (MMA, 2009) é realizado através do sistema porta-a-porta. Com micro tratores munidos de carretas de madeira recolhem uma vez por semana, de cerca de 1300 residências e de várias escolas e unidades comerciais, não só os tradicionais materiais recicláveis ou reutilizáveis como papel, vidro, plástico e metais, como também roupas, livros, remédios, material de construção, etc. O CCSF dispõe também de um veículo que atende pessoas de outros bairros interessadas em doar livros. 32 Os tratores são apropriados para este programa, pois são resistentes (um deles opera há 15 anos) e percorrem pequenas distâncias, sem enfrentar vias de fluxo intenso. Segundo o site da Prefeitura de Niterói (2009), são recolhidas cerca de 25 toneladas mensais de materiais recicláveis e reaproveitáveis. Os materiais, após serem triados em uma área de apoio localizada no próprio bairro, são vendidos para fábricas e intermediários. Muita coisa é doada, como eletrodomésticos e materiais de construção. Os livros são enviados para bibliotecas, vendidos em sebos e, quando não aproveitados, são destinados para reciclagem. A Área de Apoio possui um galpão amplo com divisórias internas não-fixas e porões largos que facilita o escoamento dos materiais. A proximidade da cidade do Rio de Janeiro também facilita a comercialização dos materiais. Hoje a experiência conta com seis empregados registrados. Tem-se buscado nos últimos anos diminuir os custos: o tamanho das carretas foi aumentado e diversos procedimentos operacionais foram racionalizados. O CCSF obtém recursos da venda dos recicláveis e do apoio da Ambev, vital para a continuidade do trabalho. Em Niterói esse trabalho tem como norte duas fontes de renda: a da comercialização dos materiais em si, e do pagamento da Prefeitura por tonelada de material vendido. O valor pago seria o equivalente ao que é gasto pela Prefeitura na coleta regular da cidade, o que seria justo, uma vez que os catadores realizam o trabalho de coleta. Com estas duas fontes de receita e com uma estrutura de cooperativa apoiada por entidades sem fins lucrativos, este modelo de coleta vem sendo economicamente viável. Grande parte dos moradores se sente bem informada sobre coleta seletiva e reciclagem, sendo assim a educação informal é enfocada principalmente nas questões referentes ao desperdício e à redução dos materiais. A Área de Apoio recebe visitas das escolas do município, principalmente do bairro de São Francisco. No município de Curitiba a experiência é considerada modelar para o país, tem credibilidade da ONU, onde ganhou prêmio especial pelo modelo em relação ao tratamento e à disposição do lixo (CALDERONI, 2003). O que diferencia o modelo de Curitiba dos demais programas de Coleta 33 Seletiva, é a forma de mobilização da população por toda a cidade onde o serviço abrange todas as zonas da cidade. O que chama atenção no programa é a destinação dos resíduos coletados. Em Curitiba todo material é doado para entidades assistenciais, é feita sua triagem e posteriormente é vendido, 20% do valor apurado é da instituição responsável e os 80% são distribuídos para outras instituições. Com esse tipo de gestão foi prolongada a vida útil do aterro sanitário da cidade. Segundo site Caderno de Brasília Ambiental (2009), o serviço de Coleta Seletiva em Brasília abrange toda a cidade. A coleta é realizada em dias alternados, cumprindo um roteiro fixo com dias quando só se coleta materiais reciclados e em outros o lixo orgânico. A participação das associações e cooperativas de catadores de matérias recicláveis é bastante efetiva apoiada por força de lei, onde Decreto nº 5940/06 institui a separação dos recicláveis descartados pelos órgãos da administração pública federal direta e indiretamente. Outras iniciativas são bastante positivas como a de Belo Horizonte, onde há uma participação efetiva das cooperativas de catadores, local onde estão mais bem organizadas no país. Desde 1993, a Prefeitura da cidade realiza a coleta seletiva. A população separa em casa o papel, o plástico, o vidro e o metal depositando-os nos Locais de Entrega Voluntária de Material Reciclável (LEVs - conjunto de quatro contêineres). Já há instalados 558 contêineres em toda a cidade. Além do ganho ambiental, existem benefícios sociais porque a coleta gera renda para a Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável - ASMARE, para onde é repassado o papel, metal e o plástico (http://www.sucatas.com/localbh.html). 2.2 Aspectos Legais e Normativos da Gestão da Coleta Seletiva Segundo Monteiro e Zveibil (2001), como um retrato desse universo de ação, há de se considerar que mais de 70% dos municípios brasileiros possuem menos de 20 mil habitantes, e que a concentração urbana da população no país ultrapassa a casa dos 80%. Isso reforça as preocupações com os problemas ambientais urbanos e, entre estes, o gerenciamento dos resíduos sólidos, cuja atribuição pertence à esfera da administração pública municipal, que vem determinada através A Constituição 34 Federal, promulgada em 1988, estabelece em seu artigo 23, inciso VI, que “compete à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer das suas formas”. No artigo 24, estabelece a competência da União, dos Estados e do Distrito Federal em legislar concorrentemente sobre “(...) proteção do meio ambiente e controle da poluição” (inciso VI) e, no artigo 30, incisos I e II, estabelece que caiba ainda ao poder público municipal “legislar sobre os assuntos de interesse local e suplementar a legislação federal e a estadual no que couber”. A Lei Federal 6.938, de 31/8/81, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, institui a sistemática de Avaliação de Impacto Ambiental para atividades modificadoras ou potencialmente modificadoras da qualidade ambiental, com a criação da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). A AIA é formada por um conjunto de procedimentos que visam assegurar que se realize exame sistemático dos potenciais impactos ambientais de uma atividade e de suas alternativas. Também no âmbito da Lei 6.938/81 ficam instituídas as licenças a serem obtidas ao longo da existência das atividades modificadoras ou potencialmente modificadoras da qualidade ambiental (IPT/CEMPRE, 2000). No Brasil a competência é do Município sobre a gestão dos resíduos sólidos produzidos em seu território, com exceção dos de natureza industrial e os provenientes dos serviços de saúde. No que se refere à competência para o licenciamento de atividades poluidoras e ao controle ambiental, o art. 30, I, já mencionado, estabelece a principal competência legislativa municipal, qual seja: "legislar sobre assuntos de interesse local", e dá, assim, o caminho para dirimir aparentes conflitos entre a legislação municipal, a federal e a estadual. O Município tem competência para estabelecer o uso do solo em seu território. Assim, é ele quem emite as licenças para qualquer construção e o alvará de localização para o funcionamento de qualquer atividade, que são indispensáveis para a localização, construção, instalação, ampliação e operação de qualquer empreendimento em seu território. Portanto, o Município pode perfeitamente estabelecer parâmetros ambientais para a concessão ou não destas licenças e alvará. A lei federal que criou o licenciamento ambiental, quando menciona que a 35 licença ambiental é exigível "sem prejuízo de outras licenças exigíveis", já prevê a possibilidade de que os municípios exijam licenças municipais. Além da Constituição Federal, o Brasil já dispõe de uma legislação ampla (leis, decretos, portarias, etc.) que, por si só, não tem conseguido equacionar o problema do GIRSU. A falta de diretrizes claras, de sincronismo entre as fases que compõem o sistema de gerenciamento e de integração dos diversos órgãos envolvidos com a elaboração e aplicação das leis possibilita a existência de algumas lacunas e ambigüidades, dificultando o seu cumprimento. Nas diferentes esferas governamentais, ainda são iniciativas recentes ou inexistem leis específicas de Políticas de Gestão de Resíduos Sólidos que estabeleçam objetivos, diretrizes e instrumentos em consonância com as características sociais, econômicas e culturais de Estados e municípios. A Lei de Crimes Ambientais (9605 de fevereiro de 1998) dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências. Em seu artigo 54, parágrafo 2º, inciso V, penaliza o lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos. No parágrafo 3º do mesmo artigo, a lei penaliza quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreparável Conforme a Folha de São Paulo de 02 de agosto de 2010 (http://www1.folha.uol.com.br), a lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos 12.305 de 02 de agosto de 2010 que tramitou durante 19 anos no Congresso foi sancionada no dia 02 de Agosto de 2010. Um dos objetivos é acabar, em longo prazo, com os lixões e obrigar municípios e empresas a criarem programas de manejo e proteção ambiental. A lei 12.305 é não só de preservação ambiental, como de saúde pública preconiza a regulamentação disciplinar o manejo de resíduos, sendo uma revolução em termos ambientais. Segundo o mesmo site, os Estados e municípios terão prazo para apresentar um plano de manejo de resíduos sólidos. Depois de apresentarem os planos, poderão receber recursos da União para obras nessa área. 36 Haverá obrigações para consumidores, comerciantes e fabricantes. Todos estarão sujeitos a penalidades da Lei de Crimes Ambientais, caso não destinem corretamente os produtos após o consumo. As fábricas, por exemplo, terão de recolher os "resíduos remanescentes" após o uso. Os fabricantes de produtos com maior degradação ambiental (agrotóxicos, pilhas, lâmpadas fluorescentes e eletroeletrônicos) ficam obrigados a implementar sistemas que permitam o recolhimento dos produtos após o uso pelos consumidores. Segundo o site AMBIENTE BRASIL (www.ambientebrasil.com.br acessado em 25/08/2010) de acordo com o Ministério do Meio Ambiente a produção diária de lixo nas cidades brasileiras chega a 150 mil toneladas. Deste total, 59% vão para lixões e apenas 13% são reaproveitados. O ministério informou ainda que Orçamento de 2011 prevê R$ 1 bilhão para financiamentos e incentivos do governo a reciclagem. Além disso, a Caixa Econômica Federal terá R$ 500 milhões disponíveis em crédito para cooperativas de catadores e projetos que tratam de manejo de resíduos. Uma das preocupações dessa lei é a inclusão social de trabalhadores que durante anos foram esquecidos e maltratados pelo poder público. A lei determina que sejam desenvolvidos programas que visem a estimular a não geração e a preservação de resíduos; a reutilização e a reciclagem de resíduos, as mudanças nos padrões de produção e de consumo. Além disso, prevê a adoção de sistema de gestão ambiental; universalização do acesso da população aos serviços de limpeza pública urbana; a auto-sustentabilidade dos serviços de limpeza pública urbana; a coleta, transporte, armazenamento, tratamento e disposição final ambientalmente adequado dos resíduos; a recuperação ou revitalização de áreas degradadas em decorrências da disposição inadequada de resíduos; a formação, ampliação e consolidação dos mercados de produtos reciclados; a melhoria das condições sociais das comunidades que trabalham com o aproveitamento de resíduos; e a educação ambiental. A nova legislação define responsabilidade para geradores de resíduos industriais; prestadores de serviço de saúde; responsáveis pelas atividades rurais; (sujeitas o licenciamento ambiental); fabricantes, importadores e comerciantes 37 (produtos objeto de sistema pós-consumo obrigatório); para os responsáveis por atividade de extração e beneficiamento mineral; prestadores de serviço de transporte para o Poder Público Municipal e Distrito Federal, quanto aos resíduos domiciliares, comerciais e públicos, exceto os sujeitos a um sistema de retorno pósconsumo obrigatório. Todos os seguimentos definidos como responsáveis pela legislação serão obrigados a elaborar e implantar um Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PGIRS), dentro dos princípios e diretrizes estabelecidos na lei e em consonância com os PGIRS dos municípios e do Distrito Federal. Pela lei, todos serão obrigados a manter atualizadas e disponíveis para consulta pelos órgãos ambientais competentes, informações completas sobre a implantação do plano, além de permitir, a qualquer tempo, a inspeção de suas instalações e procedimentos relacionados à implantação do PGIRS pelos órgãos ambientais competentes. Com relação às responsabilidades pós-consumo, a lei determina ainda que todos os agentes envolvidos, que desenvolvam, fabriquem, elaborem, transformem ou comercializem produtos, têm responsabilidades. Isso abrange a colocação no mercado de produtos que sejam reutilizáveis, duradouros, que possam ser recuperados após o uso, eliminados ou dispostos de forma segura e ambientalmente adequada. Além disso, determina o desenvolvimento de processo de fabricação e uso que gerem menor quantidade de resíduos e a menor periculosidade possível. As indústrias deverão priorizar a utilização de resíduos recicláveis ou materiais secundários. Entre outras questões, a nova lei define que os responsáveis terão que promover campanhas educativas para a preservação e controle da poluição e minimização de risco causado pelo descarte inadequado dos resíduos. Todos os fabricantes, importadores e distribuidores de produtos e embalagens, que após consumo, constituem em resíduos perigosos ou especiais, deverão apresentar estruturar, implantar, monitorar e manter sistema de retorno pósconsumo aprovados pelos órgãos ambientais competentes. Isso inclui produtos como pilhas, baterias, pneus, lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio ou mercúrio e de luz mista; equipamentos eletroeletrônicos; produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas e de vidro. 38 Já os resíduos de serviços de saúde não perigosos, que não entrarem em contato com resíduos perigosos, deverão ser classificados e gerenciados como domiciliares. De acordo com a lei é de responsabilidade dos estabelecimentos geradores de resíduos de serviço de saúde a segregação dos mesmos, o condicionamento e a identificação adequada do local, armazenamento intermediário e temporário, de seus resíduos, de forma sanitária e ambientalmente adequada. O principal foco da lei, que normatizará todas as ações do país no gerenciamento dos resíduos sólidos, é criar incentivos às “políticas dos três R” (Redução, Reutilização e Reciclagem) Em segundo lugar, a proposta coloca a importância da implantação do conceito da” Logística Reversa” que responsabiliza os geradores, os consumidores e os intermediários (comerciantes) pelos seus resíduos gerados por determinados produtos. Isto mostra que o sistema de Logística Reversa requer que cada produto tenha especificidade própria. Nesse caso, as prefeituras enquanto responsáveis constitucionalmente pela coleta do lixo, precisam e devem se articular para participar de todo o processo dessa logística. Maior parte do lixo produzido no país vai para os lixões e que, por isso o PL destaca como importante o apoio aos municípios para a produção de Planos Integrados de Resíduos Sólidos e para capacitação profissional de seus funcionários, de forma a possibilitar o efetivo funcionamento do sistema de gestão municipal. (MMA, 2009) Existem também outras legislações em nível de resoluções federais de interesse que são: - Resolução Conama no. 005, de 31 de março de 1993 – Dispõe sobre o tratamento de resíduos gerados em estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos e terminais ferroviários e rodoviários. - Lei ordinária 787, de 1997 – Dispõe sobre o Programa de Prevenção de Contaminação por Resíduos Tóxicos, a ser promovido por empresas fabricantes de lâmpadas fluorescentes, de vapor de mercúrio, vapor de sódio e luz mista e dá outras providências. - Resolução Conama 237, de 19 de dezembro de 1997 – Estabelece norma geral sobre licenciamento ambiental, competências, listas de atividades sujeitas a 39 licenciamento, etc. - Resolução Conama no. 257, de 30 de junho de 1999 que define critérios de gerenciamento para destinação final ambientalmente adequada de pilhas e baterias, conforme especifica. - Resolução Conama no 283/2001 que dispõe sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos dos serviços de saúde. Esta resolução visa aprimorar, atualizar e complementar os procedimentos contidos na Resolução Conama n.05/93 e estender as exigências às demais atividades que geram resíduos de serviços de saúde. Da normalização técnica da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) são citadas somente algumas mais específicas ao tema tratado: - NBR 7500, de 1994: Símbolos de riscos e manuseio para o transporte e armazenamento de materiais. - NBR 7501, de 1989: Transporte de produtos perigosos – Terminologia. - NBR 9190, de 1993: Sacos plásticos – Classificação. - NBR 9191, de 1993: Sacos plásticos – Especificação. - NBR 9800, de 1987: Critérios para lançamento de efluentes líquidos industriais no sistema coletor público de esgoto sanitário: Procedimento. - NBR 10004/ 2004: Resíduos sólidos – Classificação. - NBR 10005/2004 Lixiviação de resíduos. - NBR 10006/2004 Solubilização de resíduos. - NBR 10007/2004 Amostragem de resíduos. - NBR 11174, de 1990: Armazenamento de resídua classe II, não-inertes, e III, inertes – Procedimentos. - NBR 12245, de 1992: Armazenamento de resíduos sólidos perigosos; Procedimentos. - NBR 12807, de 1993: Resíduos de serviço de saúde – Terminologia. - NBR 12808, de 1993: Resíduos de serviço de saúde – Classificação. - NBR 12809, de 1993: Manuseio de resíduos de serviço de saúde; Procedimento. - NBR 13055, de 1993: Sacos plásticos para acondicionamento de lixo; Determinação da capacidade volumétrica. - NBR 13221, de 1994: Transporte de resíduos; Procedimento. 40 - NBR 13463, de 1995: Coleta de resíduos sólidos; Classificação. - NBR 8419, de 1992: Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos. - NBR 13896, de 1997: Aterros de Resíduos não Perigosos; Critérios para Projeto, Implantação e Operação. Deve-se ressaltar que, até o momento, não há legislação específica sobre o procedimento de licenciamento ambiental ou da ABNT para aterros de disposição de resíduos em municípios de pequeno porte. Esta falta de regulamentação faz com que alguns órgãos ambientais questionem a adoção de tecnologias como a do aterro sustentável, que, apoiado em métodos científicos, apresente a simplificação de alguma etapa clássica de dimensionamento ou de operação sem implicar a redução da eficácia da solução. No contexto estadual, no que se refere aos serviços de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos à luz da legislação estadual pertinente, aparentemente, o ordenamento jurídico estadual não traz um conceito pronto e acabado do serviço de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; o que se deve ao fato de não ter uma política estadual de saneamento básico, especialmente de resíduos sólidos, ainda que haja lei de Saneamento Federal. A Constituição do Estado do Amazonas de 1989 (CEAM/89) reitera a competência administrativa do Estado em promover, juntamente com a União e os Municípios, ações em prol da melhoria das condições de saneamento, observadas as normas fixadas em lei complementar federal, a qual, porém, ainda não foi editada (art. 17, inc., IX). Sem prejuízo do exposto, o art. 136, da CEAM/89 consagra a política de desenvolvimento urbano, que será formulada pelo Município e, quando couber, pelo Estado, segundo as diretrizes da CRFB/88, objetivando ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da Cidade – que abrange, dentre outros direitos do cidadão, o saneamento básico (§1º, do art. 136) -, a fim de garantir padrões satisfatórios de qualidade de vida e bem-estar de seus habitantes. Vale ressaltar que o §7º, do art. 233, da CEAM/89 atribui ao Estado, por meio do COMCITEC, expedir normas para integrar a eficácia das normas relativas ao meio ambiente, especialmente o combate à poluição. Entretanto, parece-nos que o 41 dispositivo em questão resta gravado de inconstitucionalidade formal por observar a competência do Governador para dispor sobre os órgãos e as entidades que lhe são subordinados (art. 61, §1º, inc. II, alínea “e”, da CRFB/88) e, por conseguinte, violar o princípio da separação de Poderes (art. 2º, da CRFB/88), posto que a Assembléia Legislativa não pode, por meio da CEAM/89, impor atribuições ao Executivo, ainda mais que este último não sancionou a Constituição Estadual já aprovada. Em que pese o Estado possuir competência suplementar para legislar sobre saneamento básico, ainda não há em seu ordenamento legislativo uma política estadual de saneamento básico, assim como de resíduos sólidos. Em que pese essa omissão legislativa, o Estado vem editando leis esparsas sobre saneamento básico, inclusive resíduos sólidos, ou, ainda, incluindo dispositivos a respeito da matéria em diplomas. Afora isso, existem leis, decretos e demais atos normativos que tratam sobre concessão de serviços públicos, tributação, urbanismo, vigilância sanitária, recursos hídricos, meio ambiente, que orientarão a gestão do serviço de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, uma vez que esta tem relação direta com ordenamento da Cidade, proteção da saúde e preservação dos recursos hídricos e do meio ambiente. Na esfera municipal conforme já mencionado no (art. 23, inc. IX, da CRFB/88), o Município, no exercício de sua competência constitucional para dispor sobre interesse local e suplementar a legislação federal e estadual sobre saneamento básico, já podia legislar sobre a matéria para adequar a sua realidade local, antes mesmo do advento da LDNSB. Entretanto, com a edição desta última, os diplomas legais municipais que conflitassem com ela, teriam a sua eficácia suspensa. Sem contar que, após a edição da LDNSB, as leis municipais que a contrariarem restarão gravadas de inconstitucionalidade quanto à forma por não observarem a competência da União para dispor sobre a matéria. A Lei Orgânica Municipal de Manaus (disponível no site da Prefeitura de Manaus) reitera a competência reservada do Município para organizar e prestar, direta ou indiretamente, por meio de permissão ou de concessão, dentre outros, os seguintes serviços: (1) abastecimento de água e esgotamento sanitário; e, (2) limpeza pública, coleta, tratamento e disposição final de lixo (art. 8º, inc. VII, alíneas “b” e “f”). Compete, ainda, ao Município fixar as tarifas dos serviços públicos, nos 42 termos do art. 8º, inc. XX, alínea “a”, da LOMM que dispõem das seguintes atribuições: Art. 302 - A limpeza pública, coleta, tratamento e destinação do lixo, serviço de caráter essencial, é competência do Município, conforme estabelece o artigo 30, I, da Constituição da República. Já no Art. 312 diz que a taxa de serviço de limpeza pública, devida pelo usuário, será diferenciada por tipo e natureza do lixo ou resíduo, definida e corrigida pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico. Art. 313 - O Município, através do órgão competente, manterá, nos bairros postos de permuta de lixo domiciliar por tíquetes de vale-transporte. Parágrafo Único - O lixo consistirá de madeira, papel, papelão, plásticos, tecidos, vidro, metais e restos vegetais, convenientemente embalados, cuja condição de permuta será estabelecida pelo Poder Executivo. No tocante ao gerenciamento dos serviços de limpeza urbana nas cidades de médio e grande porte, vem se percebendo a chamada privatização dos serviços, modelo cada vez mais adotado no Brasil e que se traduz na realidade, numa terceirização dos serviços, até então executados pela administração na maioria dos municípios. Essa forma de prestação de serviços se dá através da contratação, pela municipalidade, de empresas privadas, que passam a executar, com seus próprios meios (equipamentos e pessoal), a coleta, a limpeza de logradouros, o tratamento e a destinação final dos resíduos. Algumas prefeituras de pequeno e médio porte vêm contratando serviços da limpeza urbana, tanto de coleta como de limpeza de logradouros, com cooperativas ou microempresas, o que se coloca como uma solução para as municipalidades que têm uma política de geração de renda para pessoas de baixa qualificação técnica e escolar. O Código Sanitário do Município de Manaus, tendo em vista que a gestão de resíduos sólidos tem relação com aspectos da vigilância sanitária, o Município, por meio da Lei municipal nº 392/97, atribuiu à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) competência para execução de medidas que vise assegurar, em relação ao homem, a promoção, preservação e recuperação da saúde, incluída a realização de ações 43 de inspeção e vigilância sanitária (art. 1º, inc. IV, alíneas “a” a “f”). Competiu ao Decreto municipal nº 3.910/97, ao dispor sobre normas de promoção, preservação e recuperação da saúde do homem, trazer, de forma pormenorizada, disciplinamento sobre vigilância sanitária, inclusive normatização de resíduos de serviços de saúde. O Código Tributário do Município de Manaus (disponível no site www.cmm.am.gov.br, acesso em: 23/05/2010), rege a Lei municipal nº 1697/83, em seu art. 41, institui a taxa de serviços públicos, que possui como fato gerador a prestação, dentre outros serviços, da coleta de lixo e da limpeza pública. Além disso, a Lei municipal nº 714/0363 dispõe sobre o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza do Município (ISSQN) de Manaus, que tem como fato gerador a prestação de serviços constante na sua lista, dentre eles, o de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. Até 2009 o Município de Manaus não possuía nenhum diploma legal específico sobre a gestão de resíduos sólidos, mas, como apresentado ao longo da análise do marco regulatório do setor, já conta com vasto rol legislativo que disciplina o serviço como um todo. Nada impede, porém, que o Município edite uma legislação específica, que normatize de forma ampla, estruturada e profunda a gestão da limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos, especialmente a responsabilidade do gerador de resíduos sólidos especiais; o que não há de forma expressa. Segundo o Plano Diretor de Resíduos Sólidos de Manaus (IBAM, 2009) aprovado no ano de 2010, o município deve estimular e promover a sensibilização da População quanto aos valores ambientais, naturais e culturais e à necessidade de sua proteção e recuperação, divulgando a legislação específica, assim como suas técnicas e diretrizes de proteção. O (PDRSM) destaca no sistema de informações municipal em resíduos sólidos em conformidade com o modelo proposto que é necessário ser concebido um procedimento que permita o acompanhamento permanente do setor. Assim, as operações de limpeza urbana e de manejo dos resíduos ficam sujeitas a um procedimento administrativo que asseguram o efetivo monitoramento das atividades. Neste contexto, a estruturação do Sistema de Informação sobre Resíduos (SIMUR), georeferenciado, aperfeiçoará o processamento da informação estatística 44 neste setor. É neste enquadramento que o SIMUR uniformizará o registro e acesso a dados sobre todos os tipos de resíduos gerados no âmbito municipal. Para efeito, a obrigatoriedade de efetuar o registro permanece a cargo dos gestores e operadores dos serviços, de maneira integrada, o que permitirá a interação entre a PMM e os demais órgãos de Meio Ambiente, o tratamento dos dados e a otimização dos procedimentos e validação da informação, bem como a disponibilização ao público de informação atualizada sobre o setor. 2.3 Reciclagem como proposta de redução de resíduos sólidos urbanos Considerando que a coleta seletiva é uma etapa essencial para a implantação de um sistema de reciclagem (papel, papelão, vidro, metal, plástico e outros), é importante ressaltar a evolução deste processo no Brasil (Figura 03). Neste capítulo será discutido como vêm sendo reciclados os diversos materiais encontrados no lixo e quando separados na fonte geradora e recolhidos pelas municipalidades, por catadores isolados ou associados em cooperativas, podem retornar ao processo produtivo. 45 120 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 100 % em peso 80 60 40 20 rgâ nic o Co mp os to O Vid a ng a Lo Pn eu Vid ro de Aç o íni o La tas eA lum La tas d Pe t tico Plá s Pa pe lão Pa pe l 0 Figura 3: Evolução da reciclagem no Brasil (% em peso). (Fonte: Revista Limpeza Pública, 2009) A solução para os problemas da limpeza urbana encontra-se na efetiva redução da geração dos resíduos, o que somente será alcançado com embalagens menos poluentes e recicláveis, ou com uma menor utilização das mesmas. Entretanto, a industrialização dos alimentos propicia a distribuição de gêneros alimentícios mais saudáveis para uma maior parcela da população e permite que as donas de casas, livres das tarefas de produzir as refeições para as suas famílias, possam desenvolver trabalhos externos e assim auxiliar no orçamento doméstico. Porém, é inevitável com a utilização de mais alimentos industrializados, que estas mesmas embalagens sejam descartadas em maiores quantidades o que aumenta o volume dos resíduos domiciliares. Apesar da grande quantidade de embalagens no lixo residencial, 46 aproximadamente metade é composta por restos de frutas ou de alimentos e folhas verdes, portanto, matéria orgânica que pode ser reutilizada na adubação das terras agricultáveis. O processo de reutilização, isto é, de reciclagem da matéria orgânica, retornará para o campo uma parte dos nutrientes que foram retirados da terra no processo de crescimento das plantas. Além disso, a matéria orgânica retém a umidade do solo, o que é essencial para as plantas e reduz as exigências de irrigação. Por outro lado, a reciclagem é importante para o sistema de limpeza urbana uma vez que reduz as quantidades de lixo que devem ser dispostas nos aterros sanitários. Ressaltando-se que são devido à decomposição da matéria orgânica contida no lixo que são gerados os gases e os odores indesejáveis nos aterros e lixões. Os demais componentes dos resíduos são embalagens, papéis e utensílios metálicos que podem ser reciclados e reutilizados na fabricação de novos materiais. Na sequência, será feita uma breve discussão sobre a reciclagem dos materiais mais frequentemente encontrados nos resíduos sólidos urbanos, que são vidro, metais, plásticos, papel e papelão. Não serão abordados outros materiais como pneus, resíduos de construção civil, resíduos de serviços de saúde resíduos eletro-eletrônicos e resíduos industriais, etc. 2.3 1 Reciclagem de Vidro Segundo CEMPRE (2010), o Brasil produz em média 800 mil toneladas de embalagens de vidro por ano, usando cerca de um quarto de matéria-prima reciclada na forma de cacos. Parte deles foi gerada com refugo das fábricas e parte retornou por meio da coleta seletiva. O principal tipo de vidro encontrado no resíduo domiciliar é o de embalagens como garrafas para bebidas alcoólicas, água, refrigerantes, sucos, potes e frascos para alimentos. Encontra-se também no resíduo domiciliar o vidro, que é parte ou componente de outros produtos domésticos, como, por exemplo, pratos, tigelas, panelas, fogões televisores, lâmpadas, entre outros. A composição química desses vidros, normalmente é bem diferente do vidro comum usado para a fabricação de embalagens e do vidro plano e, efetivamente, são muito difíceis a sua separação e seu aproveitamento em função principalmente da inviabilidade econômica. 47 O vidro voltará a ganhar importância no segmento de embalagens, principalmente, nos setores de alimentos e de bebidas. Exemplo: a Coca-Cola, para reduzir o custo de seu produto ao consumidor voltou a usar as garrafas retornáveis de vidro, com a meta de chegar a 30% das vendas. Hoje é de 10% essa participação em embalagens de 200 ml, 600 ml, 1 litro e 2 litros. No Brasil, assim como na Europa, em breve, alimentos como ervilhas, milhos e salsichas serão embalados em vidro, como são hoje comercializados em vários paises europeus, ou seja, a transparência trabalha a favor do vidro. Em Manaus não há recicladoras de vidro e nem a coleta deste material, por problemas de logística este material não é recolhido e enviado para recicladoras em outros estados. 2.3.2 Reciclagem de Metais As empresas que reciclam metais utilizam como matéria-prima as sucatas de latas provenientes dos resíduos domiciliares e aparas metálicas de indústrias. Os metais, na forma de sucata, têm grande importância na indústria metalúrgica brasileira. A quantidade de metal recuperado corresponde à cerca de 50% da produção de chumbo, 25% de cobre, 14% de alumínio de 20% de aço. As sucatas devem ser separadas de acordo com o tipo de metal que se quer aproveitar como o aço e o alumínio, e então, encaminhadas às indústrias interessadas. A reciclagem de latas de alumínio usadas no Brasil é uma importante atividade econômica, que foi iniciada em 1990 e cresceu de forma notável, atingindo hoje, um dos maiores índices do mundo. Em termos econômicos, no ano de 1996 foram dispostos no mercado os equivalentes a cerca de US$ 100 milhões, correspondentes a 66.000 toneladas de alumínio. Desse total US$ 70 milhões foram recuperados pela reciclagem, os restantes US$ 30 milhões foram enterrados em aterros em conjunto com o lixo. A lata de alumínio é o material mais valioso dos resíduos urbanos. Com a evolução tecnológica, já é possível que uma lata de bebida seja colocada na prateleira do supermercado, vendida, consumida, reciclada, transformada em nova lata, envasada, vendida e novamente exposta na prateleira em apenas 42 dias. A 48 lata, em média, contém 35% de alumínio. Desnecessário comentar os benefícios da reciclagem para o país, como geradora de empregos pela nascente atividade econômica, minimizadora de resídua e ecológica (CEMPRE, 2010). Cerca de 100 mil pessoas em todo o país estão sobrevivendo e/ou completando seus orçamentos graças à coleta de latas de alumínio de cerveja e refrigerante, segundo levantamento feito pelas indústrias de alumínio. A quantidade recolhida de latas para venda como sucata passa de 40 mil toneladas por ano, o equivalente a 2,5 bilhões de latinhas. Tem-se que 65 latas de alumínio pesam 1kg, a um valor médio de R$ 3,50/kg. Mas, há indícios que a consciência ambiental está melhorando. A pesquisa feita pela ABAL revelou que 53% dos consumidores que levam latas usadas aos postos de coleta de sucata fazem isso por uma questão de consciência ecológica. No caso dos catadores que percorrem as ruas, o motivo é unicamente econômico. Graças ao trabalho destas pessoas, o Brasil está entre os países com o mais alto índice de reaproveitamento de embalagens de alumínio. O material comprado dos catadores é prensado, moído e derretido, voltando para o ciclo produtivo na forma de lingotes que depois são convertidos em chapas para a indústria de embalagens metálicas. A economia obtida com a reciclagem é expressiva. O alumínio é um produto que exige grande quantidade de eletricidade no seu processo produtivo. Para cada tonelada de alumínio produzido a partir da bauxita (matéria-prima mineral usada pelas indústrias de alumínio) são necessários 17.600 quilowatt hora (kWh). Para reciclar uma tonelada, o gasto é de 750 kWh. Uma única lata reciclada representa uma economia de eletricidade equivalente a de uma televisão ligada por três horas. As latas de aço, produzidas com chapas metálicas conhecidas como folhas de flandres, têm como principais características a resistência, inviolabilidade e opacidade. São compostas por ferro e uma pequena quantidade de estanho ou cromo. As latas de aço são usadas quase que exclusivamente para conservação de alimentos e, quando recicladas, transformam-se em formas de automóveis, ferramentas, vigas para construção civil, arames, vergalhões, utensílios domésticos e outros produtos. 49 No Brasil são consumidas cerca de 600 mil toneladas de latas de aço sendo que da ordem de 18% são recicladas, o que equivale à cerca de 110 mil toneladas anuais. O Brasil não é auto-suficiente em sucata de aço, precisando importar matéria-prima para atender sua demanda. O principal mercado associado à reciclagem de aço é formado pelas aciarias que derretem a sucata transformando-a em produtos ou novas chapas de aço. O percentual de sucata de aço utilizada pelas usinas siderúrgicas nas suas aciarias é cerca de 30% do consumo aparente de folhas para embalagem, que gira em torno de 739 mil toneladas. (CEMPRE, 2010) Se o Brasil reciclasse todas as latas de aço que consome atualmente, seria possível evitar a retirada de 900 mil toneladas de minério de ferro, anualmente. Além disso, deixaria de ocupar 8,6 milhões de metros cúbicos em aterros todos os anos. Somente na cidade de São Paulo são jogadas diariamente no lixo 460 toneladas de aço usado, nas 12.000 t/dia de resíduos domiciliares coletados em 2.006. (CEMPRE, 2010). Em Manaus existe uma rede de reciclagem de metais. 2.3.3 Reciclagem de Plástico O plástico é utilizado em quase todos os setores da economia como a construção civil, lazer, telecomunicações, indústrias eletroeletrônica, automobilística, médico-hospitalar etc. O processo de evolução na utilização do plástico tem trazido a oportunidade de reduzir o consumo de energia e água, além de contribuir para a qualidade dos produtos alimentícios e diminuir a poluição ambiental. Devido ao seu peso, inferior aos demais materiais, o plástico proporciona uma redução do consumo de combustível para o transporte. O setor de plásticos recicla 15% dos plásticos rígidos e filmes consumidos no Brasil, que representam 3% do volume de lixo urbano das principais capitais do país. Deste total, 60% provêm de resíduos industriais e 40% do lixo urbano. Calculase que existam no Brasil cerca de cinco mil instalações industriais de reciclagem de plástico, sendo 98% pequenas e micro empresas que faturam cerca de R$ 250 milhões anuais e geram até 20 mil empregos diretos. (CEMPRE, 2010) Brasil ainda é um país que consome pouco plástico em comparação aos 50 países mais desenvolvidos. A reciclagem e reutilização de materiais plásticos são umas condições essenciais para o gerenciamento da limpeza urbana, pois esses significam, em volume, cerca de 20% de todo o lixo urbano e seu não envio para aterros contribuirá significativamente para o melhor aproveitamento dos recursos e conseqüente melhoria da vida dos cidadãos. Embora haja algumas limitações e restrições para a utilização do plástico oriundo do resíduo urbano (não pode ser usado para embalagens de alimentos, produtos farmacêuticos e hospitalares), se adequadamente tratado, esta matériaprima pode ser utilizada na fabricação de muitos produtos, mantendo-se quase as mesmas propriedades dos produtos feitos com matéria-prima virgem. A reciclagem de plásticos vem contribuindo efetivamente para o desenvolvimento de artefatos de boa qualidade e de baixo custo, tornando possível a sua utilização por uma boa parte da população de baixo poder aquisitivo, tais como condutores elétricos, mangueiras, sacos de lixo, brinquedos, etc., e produtos industriais de alto desempenho, tais como pallets, tábuas, mourões e perfis de madeira plástica, e um sem número de outros produtos. Em Manaus, de acordo com estudos realizados pelo IBAM (2009) com o aumento previsto, pela avaliação estatística, na fração de resíduos plásticos ao logo dos 20 anos de vigência do Plano Diretor de Limpeza Pública apontam para dois caminhos possíveis. O primeiro diz respeito ao aumento do poder calorífico dos resíduos e conseqüentemente da sua utilização como combustível em fornalhas para geração de vapor e energia. O segundo caminho é a ampliação da coleta seletiva e ao aumento da quantidade de plásticos segregados e reciclados. Neste sentido, várias empresas já estão instaladas em Manaus há mais de vinte anos atuando na reciclagem de plásticos. 2.3.4 Reciclagem de Papel e Papelão Segundo Associação Brasileira de Celulose e Papel/Bracelpa (2006), a Reciclagem de Papel/Papelão no Brasil chega a 46,9% só de papelão. O Brasil supera o índice de reciclagem de papelão dos Estados Unidos e de diversos outros países na reciclagem de papel, sem contar que tem espaço para atingir os níveis 51 dos países europeus que são os campeões globais na reciclagem de papel. De acordo com dados da Recycling International (de outubro de 2006), na Europa, um esforço de 12 setores já trabalha para atingir um índice de 66% até 2010. Mais da metade dos papéis usados pelos europeus é produzido a partir de papel reciclado. As fábricas chinesas de papel são importantes compradoras. O consumo das fibras de papel divide-se principalmente entre: China (31%), Europa Ocidental (25%) e América do Norte (21%). No setor de papelão, os Estados Unidos reciclaram 24,7 milhões de toneladas em 2005, enquanto o Brasil reaproveitou 2,24 milhões de toneladas para o consumo aparente de 2,89 milhões de toneladas, o que explica a taxa de 77,4%. Segundo NUSEC (2009), a cadeia produtiva local de embalagens de papel e papelão envolve as fontes de entrada, e de circulação de saída no Pólo Industrial de Manaus/PIM. O papel reciclado produzido é vendido aos fabricantes de chapas de papelão locais ou externos ao Pólo Industrial de Manaus (PIM). Os fabricantes locais de papel não reciclado adquirem as placas de celulose para a fabricação de papel, usado como camada externa de algumas embalagens, sendo repassado para as fabricantes locais de chapas de papelão. As empresas do PIM representam as consumidoras locais de embalagens de papelão. O papelão entra nessas empresas através da aquisição de componentes industriais (que são acondicionados em embalagens de papelão e adquiridos de fabricantes externos ao PIM). O papelão sai dessas empresas através da venda aos comerciantes locais e exportação de seus produtos, que são acondicionados em embalagens de papelão, e da coleta dos resíduos sólidos gerados no processo produtivo (pré-consumo). As coletoras locais de aparas de papelão correspondem às empresas coletoras, associações e núcleos de catadores de papelão. As empresas coletoras atuam diretamente no PIM, enquanto as associações de catadores atuam no PIM e na área urbana de Manaus. Os núcleos de catadores trabalham com resíduos sólidos advindos da coleta seletiva pública, que após seleção e prensagem, as aparas (fragmentos) de papelão são vendidas para as recicladoras. Desse modo, as empresas coletoras contribuem para que o papelão não saia do sistema de circulação e, ainda, (re) introduzem no 52 sistema os resíduos provenientes da coleta seletiva nas demais zonas da área urbana de Manaus. As fontes de saída de papelão do Pólo Industrial de Manaus (PIM) são representadas por todas as formas de retirada de papelão do sistema de circulação, ou seja, pela comercialização de produtos produzidos no PIM (exportação e comércio local) e geração de resíduos sólidos na comercialização e pós-consumo. O comércio local de produtos fabricados no PIM, que são acondicionados em embalagens de papelão, envolve comerciante e consumidor desses produtos no Município de Manaus. O papelão como resíduo sólido gerado na comercialização e no pósconsumo, pode voltar ao sistema de circulação por meio de catadores e empresas de coleta pública de lixo. Estas últimas são contratadas pela Prefeitura Municipal de Manaus (PMM) para realizar a coleta pública de resíduos sólidos urbanos. Na maior parte da cidade, a coleta não é seletiva; os resíduos da coleta seletiva são encaminhados aos núcleos de catadores cadastrados na PMM. A transformação do papelão em lixo corresponde às ações de coleta convencional e disposição no Aterro Municipal, bem como a disposição em local inapropriado (vias públicas, terrenos baldios e outros), implicando no não recolhimento pela coleta pública. Ao fim da identificação dos fluxos de entrada e saída das embalagens de papelão provenientes das indústrias do PIM, verificou-se que a logística reversa após uso ou descarte deste material só é possível, graças ao trabalho das empresas coletoras que fazem a separação deste material possibilitando seu reuso no processo de fabricação de novas embalagens por empresas recicladoras. 53 3. MATERIAIS E MÉTODOS Para atingir os objetivos propostos nesta pesquisa, foi realizado um levantamento de informações sobre a gestão de resíduos sólidos no município de Manaus junto a Secretaria de Municipal de Limpeza e Serviços Públicos SEMULSP, Prefeitura Municipal, Bibliotecas Públicas e trabalhos acadêmicocientíficos. A partir do levantamento de informações sobre a gestão de resíduos sólidos no município de Manaus, os dados quantitativos sobre a coleta seletiva foram tabulados, quanto ao roteiro, quanto à quantidade de resíduos recicláveis coletados e quanto à abrangência dos sistemas de coleta entre os anos de 2001 a 2009. Na pesquisa dos documentos foi dada ênfase aos seguintes aspectos: - Identificação dos roteiros da coleta seletiva de resíduos na cidade de Manaus; - Levantamento de dados quantitativos de massa (toneladas) de reciclados obtidos do processo de coleta seletiva entre os anos 2001 e 2009; - Identificação e apresentação das diferentes modalidades de coleta seletiva que foram implantadas no município no período do estudo; - Identificação e informação sobre os grupos de catadores de materiais recicláveis que participaram do processo no período. Após levantar, organizar e revisar os dados existentes a respeito da gestão do Serviço da Coleta Seletiva foi realizada uma tabulação dos dados em função do tempo, de forma a propiciar a comparação entre os diferentes anos e as diferentes formas de gestão do sistema de coleta seletiva da cidade de Manaus. Como os dados de interesse, limitam-se aos anos de 2001 a 2009, os dados sobre os roteiros, os dados quantitativos e as informações sobre os catadores atendidos pelo sistema municipal, foram apresentados de forma integral. Para efeito de contribuições e sugestões, no presente trabalho foi abordada uma reflexão sobre experiências em outros municípios do Brasil de forma que possam servir como referências a partir de suas dificuldades e de seus alcances para que possam contribuir para o aperfeiçoamento do sistema de coleta seletiva em Manaus-AM. É importante ressaltar que o acesso aos arquivos públicos municipais foi 54 autorizado, mas em determinadas ocasiões muitos documentos não puderam ser resgatados, pois foram perdidos em formato eletrônico. Ainda em relação às fontes primárias, foram utilizados dados do Plano Diretor de Resíduos Sólidos do Município de Manaus–AM e informações obtidas em publicações de órgãos como o IBGE, Ministério das Cidades, IBAM, CEMPRE (Centro Empresarial para a Reciclagem), entre outros. Dados financeiros e contábeis não foram disponibilizados, por serem de responsabilidade de outras secretarias e o acesso não foi permitido. Outra técnica utilizada para atingir os objetivos do estudo foi a documentação direta, através da pesquisa de campo, com visitas aos locais de reciclagem de resíduos sólidos e ao atual aterro e também, às áreas onde ficam instaladas as pequenas unidades de catadores. A participação, como funcionária da Prefeitura Municipal e pesquisadora, proporcionou o contato próximo com as pessoas envolvidas diretamente na execução dos projetos e programas citados no presente trabalho. 55 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA CIDADE DE MANAUS/AM. A modernidade trazida pelo processo de industrialização afetou rapidamente o modo de vida cotidiana dos amazonenses. O marco histórico destas transformações ocorreu em 1967, quando foi implantado o modelo econômico Zona Franca de Manaus no âmbito da política regional de integração nacional dos governos militares. A fisionomia da cidade modificou-se, com o processo de urbanização. O espaço urbano ganhou outra visibilidade com o crescimento populacional (Figura 4) decorrente do processo migratório que ocorreu e ocorre com a constituição de inúmeros bairros que passaram a formar a periferia da cidade. 2000000 1800000 1600000 1400000 População 1200000 1000000 800000 600000 400000 200000 0 1880 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 Ano Figura 4: Evolução populacional do Município de Manaus. Fonte: Prefeitura Municipal de Manaus, 2010 e IBGE-Censos. 56 Segundo Scherer e Mendes Filho 2006 (...) Formaram-se e redefiniram-se novas classes sociais, configuradas pela dinâmica do capital na região. Foi composta uma nova força de trabalho constituída por levas de pessoas, advindas do interior do Estado e de outros estados vizinhos que migraram para a cidade de Manaus. Além de trabalhadores do sul e sudeste que vieram transferidos de unidades fabris daquelas regiões para atuarem nas novas fábricas do Distrito Industrial. As normas urbanísticas nos meados da década de 70, não foram capazes de controlar a expansão urbana, desde então, a cidade convive com vários problemas sócio-ambientais, como a ocupação desordenada do solo, a destruição das coberturas vegetais, a poluição dos corpos d‟água e a deficiência de saneamento básico (BORGES, 2006). A intervenção do poder público na construção da infra-estrutura pública e na expansão dos serviços coletivos, sempre esteve longe de atender às demandas sociais colocadas pelas classes subalternas que vivem nos bairros periféricos da cidade. Seja do ponto de vista habitacional, da saúde, da educação, seja dos serviços coletivos mínimos necessários ao cidadão. Segundo Scherer e Mendes Filho ( ) Como as demais cidades brasileiras, Manaus é composta por inúmeros bairros periféricos sem infra-estrutura de bens coletivos e áreas ambientalmente degradadas. Somente nos anos de 2002 e 2003, foram contabilizadas mais de 100 novas ocupações no perímetro urbano de Manaus, segundo dados da Secretaria de Terras e Habitação do Amazonas – SETHAB. Em 2004 foram contabilizadas em torno de 3,5 ocupações (SETHAB, 2004). Os segmentos mais pobres das classes subalternas foram empurrados para as margens de igarapés e para as periferias ambientalmente precárias. Razão para se concordar com Acselrad (2001), que a desigualdade ambiental é sem dúvida uma das expressões da desigualdade social que marca a história do nosso país, onde os pobres estão mais expostos aos riscos decorrentes da localização de suas residências, da vulnerabilidade destas moradias a enchentes, desmoronamentos e à ação de esgotos a céu aberto. Em Manaus, as dimensões de resíduos sólidos são latentes e o processo de favelização em toda área da cidade, agrava os problemas relacionados à falta de saneamento básico adequado. O lixo representa um dos maiores desafios para 57 questões que dizem respeito a um planejamento integrado que priorize saúde, preservação ambiental e sustentabilidade do serviço. 58 MAPA DA CIDADE DE MANAUS. I FONTE. IPAAM-2008 Figura.5: Mapa da cidade de Manaus Fonte- Ipaam,2008. 59 Por outro lado, o presente trabalho avalia a gestão de resíduos sólidos em uma época onde muitos empreendimentos foram estabelecidos no município. Por exemplo, entre os anos 2005 e 2009 houve uma mudança significativa na área central da cidade com o programa PROSAMIM – Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus. O Pólo de Indústrias de Manaus teve um aumento de investimentos significativo (SUFRAMA, 2010b), além da expansão imobiliária notória no município. Manaus, com aproximadamente 1,7 milhões de pessoas deposita grande parte de seus resíduos em um aterro. Segundo o órgão municipal de gerenciamento dos resíduos sólidos Semulsp (2009), o total de resíduos coletados que adentram o aterro municipal de Manaus varia entre 60 -100 T/dia, onde a produção kg/hab/dia é de 0,80. Esses indicadores variam de acordo com o período escolar, com a ocorrência de grandes eventos e períodos festivos. Ressaltam-se também a existência de grandes empresas de reciclagem industrial (plásticos, papelão, metais), incineradores de resíduos industriais e de sistemas de coleta de latas de alumínio pela própria população. Os resíduos de serviços de saúde (públicos) são destinados ao aterro municipal, enquanto algumas empresas privadas da área de saúde destinam os seus resíduos para uma empresa de incineração. Não existe ainda no município um aterro de resíduos industriais licenciado. Quanto aos recicláveis comuns como, vidro, papel, papelão e plásticos, no município de Manaus o sistema de compra no seguimento do vidro ainda se resume no reaproveitamento de apenas de alguns tipos de embalagens como leite de coco, cachaça, suco de caju, e "long neck", pois não existem ainda empresas recicladoras do vidro com processo industrial estabelecido. Atualmente essas embalagens são higienizadas e reutilizadas para outros fins, sem um controle sobre este tipo de material. Algumas empresas do município de Manaus vêm atuando no processo de reciclagem principalmente nos segmentos do plástico, metal, papel e papelão. Serão relacionadas algumas destas e no apêndice 1 (SUFRAMA, 2010) encontra-se uma lista completa das empresas recicladoras no Estado do 60 Amazonas. Destacam-se pelo porte e pelo volume de resíduos processados as recicladoras que prestam serviços para as empresas do Distrito Industrial de Manaus e recebem e compram resíduos já beneficiados das Associações de Catadores: - Benaion Ind. de Papel e Celulose S/A, essa empresa atua na compra, reciclagem e transformação do papel, produzindo papel higiênico, papel toalha e guardanapos; - Sovel - atua na compra de aparas de papelão e na fabricação de novas caixas que distribui na capital amazonense e para outros estados; - P.C.E: Papel e Embalagem S/A, Indústria de Papel e Celulose da Amazônia, atua na compra de aparas de papelão e na fabricação de novas caixas que distribui na capital amazonense e para outros estados; - Rio Limpo Ind. e Comércio de Resíduos LTDA., atua na compra de papel, papelão, ferro, pneu, os pneus são vendidos para a fábrica de cimento, o papelão é exportado; - Plást Tech: Fabrica de telhas atua na compra e fabricação de telhas e tubos para encanamento oriundo do material do PET. - Coplast: Desenvolve estratégias que possibilitem a transformação de resíduos de plástico. Atua na área de indústria e comércio de resíduos plásticos, onde dá destinação final de resíduos sólidos gerados pelas indústrias instaladas no Pólo Industrial de Manaus. Atua também no ramo de transporte, coleta e beneficiamento de resíduos industriais provendo soluções inovadoras. - Cometais: Comércio de Metais Ltda – empresa recicladora de metais em geral. - A.J. Comércio de Metais Ltda., atua na compra de materiais ferrosos e não ferrosos como é o caso das latinhas de alumínio - Cetram - Central de Energia e Tratamento de Resíduos da Amazônia presta serviços de soluções tecnológicas para a área de resíduos industriais. A empresa implementou um aterro, porém ainda não foi licenciado. -Tecal Alumínio da Amazônia Ltda. – recicla alumínio a partir da fusão de materiais recicláveis. As associações que entregam resíduos de papel e papelão nas empresas recicladoras precisam estar funcionando legalmente para terem 61 cadastro nas mesmas. Essas associações legalizadas servem de apoio aos pequenos grupos de catadores (como é o caso dos quatro grupos AMMAR). Estas associações vendem os papéis e papelões coletados, separados e beneficiados para as processadoras (Sovel, Rio Limpo e PCE, além de outras). Para os resíduos de PET, os pequenos grupos de catadores vendem diretamente para as empresas. No caso das latas de alumínio e materiais ferrosos são vendidos por compradores individuais para a empresa AJ. e outras. 4.2 Análise da Gestão da Coleta Seletiva no Município de Manaus 4.2.1 Período Inicial da Coleta Seletiva – 1991-2001 No período analisado entre os anos 1991 e 2001, muitos documentos relativos à gestão dos resíduos sólidos não foram publicados e também não foram encontrados junto à documentação de arquivos dos órgãos responsáveis pelo serviço de limpeza urbana. Segundo STROSKI (2002), o sistema de coleta seletiva no município de Manaus deu inicio em 1991, quando foi implantado o sistema porta-a-porta, nos conjuntos D. Pedro I e II. Na época o munícipe não se mostrou interessado em manter esse serviço e ao final do mesmo ano a coleta foi suspensa. Assim somente os materiais recicláveis coletados em bancos, secretarias, órgãos e outros estabelecimentos eram direcionados para a antiga Usina de Tratamento de Lixo, localizada no Bairro da Compensa II no então DEMULP (Depto. Municipal de Limpeza Pública), atual SEMULSP (Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Públicos). Todos os materiais arrecadados eram triados e conforme caracterização de resíduos feita naquela época (1991), o papelão e os plásticos somavam juntos apenas 4% dos materiais recicláveis segregados, conforme figura 6. Entre os anos 1991 e 1995 não foi possível resgatar informações qualitativas e quantitativas dos serviços de coleta seletiva no município. Entre 1996 a 2001, os roteiros da coleta seletiva no município seguiam conforme quadros 3 e 4, segundo informações internas da SEMULSP, não publicadas. 62 Figura 6: Caracterização de resíduos recicláveis arrecadados na usina de triagem na antiga DEMULP no ano de 1991. Fonte: Stroski, 2002. adaptada pela autora. Quadro 03 - Roteiro I do Serviço da Coleta Seletiva no município de Manaus entre 1996 e 2001. Pref. Dia da Semana Abrangência CS 01 LIMPEL-Sábado Conj. Castelo Branco I, Conj. Tropical, Conj. Meridional, Conj. Pindorama, Conj. Jd. Belo Horizonte e C.S.U – P. 10 CS 02 TUMPEXSegunda-feira CS 03 Conj. D. Pedro I e Conj. D. Pedro II. Conj. Kissia, Conj. Deborah, Conj. Abraham Pazzuello, Conj. TUMPEX-TerçaEncontro das Águas, Vila Militar Guararape, Vila Plácido de Castro feira e Vila Marechal Dutra. CS 04 TUMPEXQuarta-feira CS 05 LIMPEL-Quintafeira (T) Conj. Adrianópolis, Conj. Morada do Sol, Conj. Ica Paraíba, Conj. Vila Municipal, Conj. Abílio Nery, Conj. Celetramazon, Conj. Jardim Espanha II e III. CS 06 LIMPEL-Sextafeira Conj. Barra Bela, Conj. Vila do Rei, Conj. Icaraí, Conj. Nova Friburgo, Conj. Jardim Amazonas, Conj. Sausalito, Conj. Castelo Branco II, Parque do Mindu, Itas, Malibu, Novo Horizonte e Parque Imperial, Pizzaria Loppiano (Pq. 10) Fonte: SEMULSP, 2008 Conj. Vieralves, Conj. Ica Maceió e Conj. Manauense. 63 Quadro 04- Roteiro II do Serviço da Coleta Seletiva no município de Manaus entre 1996 e 2001. Pref. Dia da -Semana Abrangência CS 21 TUMPEX-Sábado Conj. Eldorado (casas), Murici, Samambaia e Uirapuru CS 22 LIMPEL-Segunda- Conj. Rio Maracanã, Conj. Beija-Flor I e II e Conj. Duque de feira Caxias. Nº ? LIMPEL -Quartafeira Conj. Jardim Paulista, Conj. Jardim Petrópolis, Conj. Huascar Angelim, Cond. Sol Nascente. CS 25 LIMPEL-Quintafeira (M) Conj. Acariquara, Villar Câmara, Tiradentes, Petros, Oásis, Luiza Maria, Ouro Negro, SEMESP ( Sec. Mun. de Esporte e Lazer) CS 26 TUMPEX-Sextafeira Conj. Augusto Montenegro, Conj. Vista Bela e Belvedere (parte), Mini-shopping da Compensa, PAC-Compensa, 8.º DP Compensa, CECMA, Prefeitura Municipal de Manaus. Nº ? LIMPEL-Terçafeira Japiim I e II, Conj. Atílio Andreazza, CETEF ( Centro Federal de Educação e Tecnologia ), Esc. Mun. Izabel Angarita, Esc. Mun. Prof. José Wandemberg Ramos Leite, Esc. Est. Natália Uchoa e Esc. Est. Ondina de Paula Ribeiro. Fonte: SEMULSP, 2008 O processo com este modelo de roteiro foi implantado no mês de agosto do ano de 1998, no DEMULP e é o que se mantém até 2010, mas de forma ampliada, como será apresentado na sequência. Durante este período, a coleta era executada com uma freqüência de duas vezes na semana, depois, após uma avaliação feita pelos técnicos, ficou restrita a uma vez na semana. Em 2001, a coleta seletiva era executada com caminhão Mercedes Benz 709, ¾, carroceria em madeira, com as laterais ampliadas, tendo as dimensões 4,30 m de comprimento, 2,13 m de largura e 1,23 m de altura. Uma capacidade, portanto, de 11,3 m³. A coleta era realizada com 03 ajudantes como mostra figura 7. Esses caminhões atuavam somente em alguns bairros do município (Quadro 3 e 4), e todo material arrecadado era direcionado para a usina de triagem nas dependências da Secretaria de Limpeza Pública, entre os anos de 1996 a 2001 (STROSKI, 2002). 64 . Figura 7: Modelo de caminhão utilizado no Serviço de Coleta Seletiva no ano de 2001. Fonte: Stroski, 2001. Na ocasião foi realizada uma nova composição gravimétrica dos resíduos da coleta seletiva, conforme figura 8. Figura 8: Composição gravimétrica dos materiais oriundos da coleta seletiva no Município de Manaus no ano de 2001. Fonte: Stroski, 2002. 65 4.2.2 Análise da Coleta Seletiva por Modalidade de Coleta Nos próximos tópicos serão abordadas individualmente as cinco modalidades de coleta seletiva adotadas no município de Manaus e avaliadas no presente estudo: - Porta a porta; - Pontos de entrega voluntária (PEV); - Ponto a ponto; - Centro comercial; - Coleta seletiva em comunidades carentes. 4.2.2.1 Modalidade da coleta seletiva porta a porta Figura 9: Fluxograma da coleta seletiva da modalidade Porta a porta. Fonte: IBAM, 2009. Essa modalidade de coleta seletiva e transporte de materiais recicláveis vem sendo realizada por 02 empresas concessionárias utilizando caminhões conforme (Figura 11 e Figura 12). Por meio de roteiros previamente 66 estabelecidos que não atende todo município (conforme Quadro 07), estes caminhões passam nos domicílios recolhendo os resíduos recicláveis (papel, plástico, vidro, e metal), os quais são encaminhados aos quatro Núcleos da Associação Manauense de Materiais Recicláveis (AMMAR) situados no bairro de Santa Etelvina (Zona Norte de Manaus), formados por catadores que residiam no antigo lixão. Estes núcleos comercializam os resíduos no mercado de reciclagem da cidade, e os resíduos não recicláveis provenientes desta coleta são destinados ao aterro sanitário conforme fluxograma da Figura 09. A coleta Seletiva porta-a-porta é realizada seguindo uma rota estabelecida de segunda a sábado abrangendo apenas alguns bairros como mostra o Quadro 05 e o mapa na figura 10. Quadro 05: Roteiro fixo da rota da Coleta Seletiva na modalidade Porta a porta. Dia da Semana TUMPEX Segunda-feira ENTERPA Segunda-feira TUMPEX Terça-feira Abrangência Dom Pedro I e Conj. Dom Pedro II, Escola Estadual Petrônio portela,Esc. Est. Francisca Botinelle Cond. BervelyHills-Rua 01,Le Village Blanc,Conj.Bervely Hills-Rua 02. Conj. Sub-Tenentes e Sargentos Esc. Mul. República do México, Conj. Beija-Flor II, Conj. Rio Maracanã Laranjeiras, Residencial Laranjeiras Premium Residencial, , Conj. Beija-Flor I, , Parque das Laranjeiras Conj. Duque de Caxias –, Mercantil Nova Era(torquato Tapajós). SEMED, EMTU, Conj. Andirá, Encontro das Águas, Cond. Abraão Pazuello, Conj. Advogados, Vila do ASA, Vila Plácido de Castro, Vila do CIGS, Vila Marechal Dutra, Vila Militar Guararape, Esc.Est. Maria Amélia do Espirito Santo, Conj. Kissia II, Cond.Aripuanã, Conj. Kissia I, Déborah, Conj. House Ville. SEMULSP Fundação NOKIA, Vila Buriti, Conj. Atilio Andreazza, Japiim II. Terça-feira ENTERPA Terça-feira TUMPEX Quarta-feira Japiim I, II, Esc. Est. Ondina de:Paula Ribeiro, , Esc. Mun. Izabel Angaritta , Esc. Mun. Prof. José Wandemberg Ramos Leit, Escola Renasce ( desativadas) Conjunto Andeazza, (Caminhão Semulsp. Cond.Sant'Andre(rua rio içá), SEMPLAD, Escola Est. Leonor Santiago Mourão, Conj. Vieiralves, Ed. Porto Belo, Coliseu Pizzaria, Conj. Manauense, Conj. Ica Maceió, Ed. Saint Roman, Ed. El Grecco, Monet Residence, Saint Patrick, Hotel Partennon, Escola mun. Waldir Garcia, Edificio Palmares, Conj. Santos Dumont, CEMEI Rachel de Queiroz, Cond.Haydéa III, Cond. Solar Maria de Nazaré (R. Rortaleza), Esc. Maria imaculada (R. Recife ), Esc. Est. Angelo Ramazotte. 67 Dia da Semana ENTERPA Quarta-feira TUMPEX Quinta-feira ENTERPA Quinta-feira TUMPEX Sexta-feira ENTERPA Sexta-feira TUMPEX Sábado ENTERPA Sábado Abrangência Ed. Ópera Prima, ED. Belini (Rua Recife). Rua Fortaleza, Parque do Idoso, Dr Thomas, Escola Gilberto Mestrinho, INPAVale do Sol I e II, Jardim Petropólis, Conj.Huascar Angelim, Jardim Paulista ( rota an sequancia) , .SEMOSBH, SEMASC SEMSA, , SEDEMA, INCRA, INPA I. INPA II, Escola Munic.Rosa Tereza Aguiar Abtibol, Cond.Monte Clair, Ed.Geneve,(Av. Ephigênio Salles), Cond. Oásis, Conj. Luiza Maria , Conj. Ouro Negro, Conj. Conj. João Bosco I, Acariquara I e II, Conj. João Bosco II, Colina do Aleixo, Conj. Villar Câmara, Condomínio Rio Amazonas, Conj. Tiradentes, Conj. Petros, Clube de Golfe, Conj. Joaquim Ribeiro. Conj. Abílio Nery , Conj. Celetramazon, Conj. Ica Paraíba Cond. Ouro Preto, Conj. Vila Municipal Conj. Adrianópolis, Cond. Rosa Smaniotto Conj. Jardim Espanha I, II e III Conj. Morada do Sol, Condomínio Sol Nascente I e II Cond Cond. Sol Morar, Tribunal de Contas. Residencial Portal do Sol, CPRM(Av. André Araújo nº 2160-Aleixo), TCE – V-8, DLS. – Informática, Anexo Semed (torquato tapajós),Conj. Augusto Montenegro , Conj. Vista Bela, conj. Belvedere, Cia de Comando do 2º Agrupamento e Engenharia, Cond. Ponta Negra Village. CECMA, Conj. Vila Verde(santo agostinho). Cond. Maestro Claúdio Santoro, Cond. Varandas Av-A, Rua 2-Shangri-lá-IV, Conj. Barra Bela, Conj. Jardim primavera I e II, Conj. Vila do Rei, Sausalito, Malibu, Novo horizonte, Icaraí, Parque Imperial, Pq res. Verdes Mares 1, Conj. Nova Friburgo, Conj. Jardim Amazonas, Conj. Castelo Branco. Parque 10 II, Loja Sunsix, Todas as escolas se encontra no Bairro Compensa-Escolas: Patronato Santa Terezinha, São Vicente de Paula, Teresinha Moura Brasil, Prof. Eliana Lúcia, Monsenhor Francisco, Carlos Gomes, Pe. Pedro Gislandy, José Ribeiro, N. Sra. De Nazaré, Alberto Makaren, Sebastião Norões, Maria Fernanda, Elvira Borges e São José, Centro Educacional Francisca Gomes Mendes, Escola Prof º Percília do Nascimento Souza, Amélia Bitencout. Cond. Parque São Miguel, Uirapuru, Conjunto Eldorado, Ed. Ópera Prima, Rua Ivo Amazonas, Rua Cinco, Rua Silva Avarenga, Rua Três, Rua Dois e Rua André Limongi, Conj. Murici, Conj. Samambaia, IPAAM. Edifício Solar Maria de Nazaré (Rua Fortaleza prox. a praça), Conj. Castelo Branco I, C.S.U do P-10- Rest.Costelão do Paraíba – P. 10. Conj. Pindorama, Conj. Pq. Tropical, Conj. Meridional, Conj. Jd. Belo Horizonte. 68 Figura 10: Mapa do roteiro da coleta seletiva no município de Manaus nos anos de 2005 a 2009 Fonte: Semulsp, 2008. 69 Este serviço, conforme roteiro no Quadro 6, foi estabelecido em 2005 e vem sendo utilizado até o presente momento e não tem sido fiscalizado por parte dos responsáveis, no caso a SEMULSP, porém vem se mantendo. O município paga às empresas por este serviço e não foi possível obter os valores pagos aos fornecedores. Esse roteiro abrange 28 escolas públicas e privadas, 16 bairros, 78 conjuntos residenciais, 15 vilas residenciais, 27 instituições públicas e privadas e 29 condomínio e edifícios fechados Desde 2006 a coleta seletiva porta-a-porta é realizada pela empresa Enterpa e vem sendo executada com caminhão Tipo Baú, marca Ford 712, 5.5 m de comprimento, 2,20 m de largura. A coleta é feita com um motorista e 2 ajudantes como mostra figura 11. Figura 11: Caminhão da concessionária Enterpa que realiza a rota da coleta seletiva atualmente. Fonte: SEMUSLP, 2009. Na empresa Tumpex, o carro que realiza o serviço de coleta seletiva é um modelo de caminhão tipo gaiola com capacidade de 20 m3, marca Ford, modelo F- 14000D, conforme Figura 12. 70 Figura 12: Caminhão da concessionária Tumpex que realiza a rota da coleta seletiva atualmente. Foto: Nina Savedra, 2010. Para a efetivação da coleta seletiva porta-a-porta, a SEMULSP dispõe de equipes de sensibilizadores ambientais que atuam antes, durante e depois da implantação do serviço de coleta seletiva. Estes funcionários desenvolvem um trabalho educativo/informativo junto aos moradores destas áreas orientando sobre a forma correta de segregar e acondicionar os resíduos em suas residências e informando quanto ao dia e horário de coleta dos materiais recicláveis. Para compor esse roteiro era realizado um levantamento de alguns aspectos como localidade e outras informações necessárias à implantação e manutenção do serviço, a partir de um formulário preenchido pelos agentes. Figura 13: Agentes de Conscientização orientando sobre coleta seletiva porta-porta. Fonte: SEMULSP, 2009. 71 Não foi possível obter dados oficiais e técnicos sobre a coleta seletiva da cidade de Manaus entre os anos de 2001 a 2004 junto à secretaria competente. Segundo os gestores das mesmas não existem dados quantitativos e qualitativos sobre o serviço da época. Na Tabela 01 são apresentadas às quantidades mensais de materiais recicláveis recolhidos na Coleta Seletiva na modalidade porta a porta entre os anos 2005 e 2009. Tabela 01: Quantidade mensal de materiais recicláveis recolhidos na Coleta Seletiva na modalidade porta a porta (ton/mês). Mês 2005 2006 2007 2008 2009 Jan. Fev. Mar. Ab. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Média Ton/mês Total/ano 22,633 48,684 43,716 25,022 45,130 41,136 47,130 46,590 61,350 67,560 74,390 46,86 75,703 66,590 67,960 61,407 68,62 61,08 73,81 69,93 64,68 70,75 80,87 84,6 69,275 84,08 67,77 71,71 60,34 70,84 63,95 68,76 73,08 65,69 75,96 62,16 69,82 69,135 67,45 61,68 62,54 64,61 67,43 66,48 77,2 73,74 72,95 78,48 76,78 87,61 72,18 37,1 187,58 254,43 252,09 356,31 173,97 165,86 101,09 177,37 139,53 128,44 191,46 178,905 570,911 916,5 903,67 928,36 2345,67 Fonte: Adaptada da Semulsp, 2008. Como se pode observar, somente nos anos de 2005, foi arrecadado um total de 46,86 t/mês, em 2006 69,275 t/mês em 2007 69,135 t/mês já no ano de 2008, houve um aumento na arrecadação com média para 72,18 t/mês e no ano de 2009 essa media aumentou para 178,905 t/mês. As variações entre os meses são justificadas por fatores naturais como chuva e períodos escolares e épocas festivas entre outros. 72 2500 2005 2006 2007 2008 2009 Quantidade (toneladas) 2000 1500 1000 500 De z Mé dia /m ês To tal /an o No v Ou t Se t Ag o Ju l Ju n Ab r Ma io Ma r Fe v Ja n 0 Figura 14: Quantidade mensal de materiais recicláveis recolhido na Coleta Seletiva na modalidade Porta a Porta. Fonte: Adaptado pela autora. No ano de 2005, a arrecadação desses materiais ainda era tímida em relação aos demais anos posteriores, a pesquisa mostra que esses indicadores baseiam-se pelo fato de estar iniciando uma nova gestão e um ajustamento do modelo da gestão da coleta porta a porta anterior. Com a ampliação do serviço para outros bairros e incluindo mais órgãos e escolas no processo de arrecadação, nos anos de 2008 a 2009 foram os anos que mais foram arrecadados materiais recicláveis nesse modelo de coleta chegando a alguns meses de 2009 a valores acima de 350 t/mês. No ano de 2009 o serviço de coleta porta a porta chegou a um aumento de mais de duas vezes em relação ao ano de 2008. A causa desse resultado vem do reflexo do modelo de gestão entre os anos de 2005 a 2009. Nesta ocasião foram realizadas parcerias institucionais, com trabalho contínuo de implantação, execução e fiscalização do serviço junto 73 a população e as empresas responsáveis pela coleta. Além disso, o setor responsável, a Semulsp, gerava dados oficiais desse serviço como: pesagem mensal e anual de materiais arrecadados pelas empresas, avaliação da qualidade de serviço com pesquisa junto a população, avaliação da qualidade dos materiais junto aos núcleos de catadores, fiscalização de agentes nos bairros atendidos pelo serviço. O serviço recebia um reforço com orientações educativas sobre a participação no serviço de Coleta Seletiva, onde os caminhões utilizados pelo recolhimento e transporte também eram fiscalizados e acompanhados até o destino final. Os núcleos de catadores eram incluídos no programa de responsabilidade socioambiental da Prefeitura, sempre em parcerias na época dos grandes eventos (Boi Manaus, Manaus Folia, Carnaboi e Expoagro e shows diversos) onde os mesmos eram responsáveis pela retirada dos materiais recicláveis nos eventos, aumentando a renda e a inclusão social nesse processo. Neste modelo porta a porta são incluídas as escolas localizadas no roteiro estabelecido pela secretaria. Em relação à Coleta Seletiva nas escolas da cidade de Manaus, no ano de 2001, a rota só atendia escolas municipais de 1º grau e somente o Bairro da Compensa era beneficiado com o serviço de coleta seletiva, que iniciou essa coleta com apenas três escolas. O programa foi ampliado para quinze unidades escolares. Até 2004, a rota era realizada nos dias de sexta–feira, os resíduos recicláveis recolhidos nestas instituições pesavam em média de 300 kg por rota. Conforme pesquisa bibliográfica em relatórios de 2001 sem identificação dentro dos órgãos de limpeza pública, o papel/papelão era vendido para a empresa Sovel da Amazônia que na época só comprava papel branco e misto e outras empresas, THOTEN PAC, RECIPLAST, que na época compravam também esses materiais. No mesmo ano, 1490 toneladas de materiais recicláveis eram vendidos por mês. Até 2004 o serviço de coleta seletiva no município continuou no mesmo modelo, porém sem regularidade e com poucos pontos de coleta, (sem dados quantitativos registrados). 74 Somente em 2005, a coleta e o transporte dos materiais recicláveis passaram por uma reestruturação associada ao sistema operacional da coleta seletiva. Segundo a secretaria na época, eram realizadas atividades de educação e informação socioambiental à população em geral e escolas e de fomento à inclusão social e econômica dos catadores de materiais recicláveis. A coordenação dessas ações ficava a cargo do Setor de Educação e Conscientização-SEC/SEMULSP. Entre os anos de 2005 a 2008 eram parceiras fixas da Semulsp, junto ao serviço de coleta seletiva, um total de 52 escolas, incluindo as de administração municipal, estadual e particulares, recebendo com frequência atividades socioambientais e educativas correlacionadas com as questões ambientais com ênfase ao manuseio adequado dos resíduos sólidos e à prática da coleta seletiva no âmbito escolar, com dinâmicas pedagógicas de envolvimento da comunidade do entorno e a participação direta dos pais dos educandos conforme figuras 15 e 16. Figura 15: Ed. Ambiental nas escolas atendida pela Semulsp com mobilização com “Garis da Alegria” Fonte: Semulsp, 2009. 75 Figura 16: Ed. Ambiental nas escolas atendida pela Semulsp com mobilização com “Garis da Alegria” Fonte: Semulsp, 2009. 4.2.2.2 Participação de Associações e grupos de catadores de materiais recicláveis na cidade de Manaus beneficiadas pela arrecadação de materiais recicláveis pela modalidade porta-a-porta. Sempre houve uma política de pressão, exclusão e preconceito com esses atores sociais que eram encarregados por tarefas como recolhimento do lixo, limpeza e recuperação de materiais inservíveis. A atividade da catação sempre foi originária da exclusão social proveniente da grande migração populacional gerada pelos atrativos da Capital do Estado e pela industrializada cidade de Manaus. As atividades que proporcionavam a catação eram limitadas, bem como os materiais, que na época não eram reciclados e sim reaproveitados como, latas de óleo grandes (que na época eram quadradas) e serviam para as funilarias fazerem lamparinas e utensílios domésticos, embalagens de caixas de madeira que eram vendidas para locais que fabricavam malas para viagem e as embalagens de papelão utilizadas no transporte de mercadorias de outros estados industrializados, estas eram vendidas para as transportadoras que serviam 76 para empacotar mudanças. Enfim, sempre houve a reutilização de materiais que designamos de lixo. O primeiro lixão a céu aberto de Manaus foi no Horto Municipal nos anos de 1964 e 1965. Os materiais depositados no local como, alumínio, cobre, ferro e chumbo eram aproveitados pela população e vendidos para as funilarias da cidade. No ano de 1966 veio para Manaus a Companhia de Reciclagem FACEPA, vinda de Belém que trabalha com seguimento de papel e papelão. Com implantação da Zona Franca de Manaus, no final dos anos 1960, era necessária a implantação de sistemas para tratamento de resíduos e aterros industriais, mas isso não ocorreu. As empresas aumentaram a geração de resíduos sólidos no município e em determinado momento, a grande maioria dos resíduos eram depositados no aterro sanitário de Manaus, no km 18 da rodovia estadual AM-010. As atividades de catação de material reciclável e de coleta seletiva na cidade intensificaram com a instalação da Zona Franca de Manaus, onde se instalaram grandes empresas recicladoras como: SOVEL, BIPACEL, COPLAST e COPELRIO e outras. Por outro lado, o aterro ficou ocupado por moradores por muitos anos (Figuras 17 e 18), até que o programa da UNICEF, denominado “Criança no Lixo Nuca Mais” alertou para esta questão em todo o Brasil e Manaus foi uma das capitais que passavam por este problema, segundo o site da UNICEF. Lançada a campanha Em 1999, Criança no Lixo, Nunca Mais, houve um apelo nacional pela erradicação do trabalho infantil nos lixões e na coleta de lixo nas ruas. A campanha deu visibilidade a esse tema até então oculto no País. Mais de 15 mil crianças que viviam essa realidade passaram a participar do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, com pagamento de bolsaescola para suas famílias. Em Janeiro de 2005 a SEMULSP, sob a ótica da Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos, iniciou um programa de erradicação do trabalho clandestino na Lixeira Municipal. A partir de uma denúncia de trabalho infantil dentro do aterro, aconteceu uma ação conjunta emergencial entre a SEMULSP, SEMINF e SEMASC onde foram cadastrados cerca de 130 catadores, divididos em 4 grupos denominados pela prefeitura como núcleos. 77 Figura 17: Realidade do lixão a céu aberto, catadores na lixeira municipal de Manaus no ano de 2005. Fonte- Arquivo SEMULSP, 2005. Figura 18: Realidade do lixão a céu aberto, catadores na lixeira municipal de Manaus no ano de 2005. Fonte- Arquivo SEMULSP, 2005. 78 A reestruturação do programa da coleta seletiva na cidade de Manaus, segundo a SEMULSP que oficialmente funcionava desde 2001, porém sem regularidade, iniciou-se em fevereiro de 2005. Antes deste ano, apenas 30 pontos de coleta existiam em poucos bairros da capital. A reestruturação do programa serviu de base para o projeto de inclusão social de catadores que viviam naquela época no aterro municipal. Essas pessoas passaram a se organizar em grupos, denominados por núcleos, residentes no bairro de Santa Etelvina representados pela Associação Manauense de Materiais Recicláveis (AMMAR) e são beneficiadas com todo material reciclável da rota da coleta seletiva de Manaus atendendo uma rota especifica por semana. Figura 19: Aterro controlado do município de Manaus desde o ano de 2006. Fonte: Arquivo SEMULSP, 2008. Em 2008, a Prefeitura de Manaus realizou um levantamento sócioeconômico para a verificação da situação da renda que cada um dos catadores desenvolvia com o trabalho de coleta seletiva. Foi realizado um cadastramento socioeconômico dos integrantes dos núcleos. Os núcleos estavam organizados em grupos denominados pela Prefeitura de Núcleos I, II, III e IV da seguinte forma: 79 - O Núcleo I fica estabelecido na Travessa nove, Lagoa Azul no Bairro Santa Etelvina. - O Núcleo II fica localizado na AM 010, Km 18, Ramal do Janjão, Beco Nossa Senhora de Fátima, no Bairro Santa Etelvina - O Núcleo III é situado no Beco Curimatã, nº. 06, Santa Etelvina, - O Núcleo IV fica situado na Rua Jasmim, 359 - Santa Etelvina. Todos os membros dos quatro núcleos são oriundos do aterro, após a sua reestruturação. As características desses núcleos não são muito diferentes, basicamente se resumem nas seguintes características: - São formados por famílias no máximo de oito pessoas; - A maioria dos membros dos núcleos é do sexo feminino; - Os materiais são vendidos em grandes quantidades e o lucro é dividido entre os membros do núcleo em partes iguais; - Os terrenos que ocupam na maioria são próprios, sem estruturas básicas para a atividade; Figura 20: Membros dos núcleos I (esq.) Núcleo II (dir). Foto: Venina Savedra, 2010. A maioria das pessoas que trabalha nesse seguimento recebe o beneficio do Governo Federal, o programa “Bolsa Família”. O espaço utilizado para o manejo dos resíduos fica no próprio terreno e a presença de árvores ao lado do núcleo é bem significativa, mesmo assim, o local onde os mesmos 80 manuseiam os resíduos é bastante quente, sendo que o chão é apenas de barro batido, sem uma estrutura adequada para atividade, dessa forma, o trabalho torna-se fisicamente desgastante. Figura 10: Núcleo III (esq.). Núcleo IV (dir.) Foto: Venina Savedra, 2010. Além dos núcleos, a Prefeitura de Manaus também apoiava nestes anos através da Semulsp outros projetos, Associações e Grupos que atuavam no seguimento, conforme quadro 6. Quadro 06: Nomes das associações, projetos e grupos de catadores. Nomes das instituições Localidade Associação Manauense de Materiais Recicláveis (AMMAR) Associação de Reciclagem e Preservação Ambiental (ARPA) Associação de Catadores de Resíduos Recicláveis de Manaus (ALIANÇA) Catadores Associados para a Limpeza do Meio Ambiente (CALMA) Associação de Catadores de Resíduos (ACR) Rede de Catadores e Reciclagem Solidária (ECO RECICLA) Projeto Reciclar dá vida- ONG- Nymuendaju Instituto Ambiental Dorothy Stang Grupo Maria do Bairro Bairro de Santa Etelvina Centro da cidade Centro da cidade Bairro de Educandos Bairro Santa Inês Av. Rio Piorini Bairro Campos Salles. Bairro Santa Etelvina Bairro da paz Continuação do quadro 06. Nomes das instituições Localidade 81 Projeto lixo e cidadania Grupo Somando Projeto de reciclagem Projeto de reciclagem Projeto Reciclar dá Vida Bairro Japiim Bairro de Petrópolis Bairro Lagoa Verde Bairro de Betânia Campos Salles Fonte: Rodrigues. 2009. Segundo o Semulsp (2008), uma média de sessenta famílias vem sendo beneficiada em diferentes formas de arrecadação e venda de resíduos recicláveis, diminuindo significativamente a dependência de programas de assistência sociais do governo federal, estadual e municipal, principalmente, gerando trabalho e melhorando a qualidade de vida e inclusão social destas pessoas. Até dezembro de 2008 as associações de catadores de materiais recicláveis recebiam apoio do poder publico municipal incluindo estes grupos em eventos realizados na cidade, por exemplo, Boi Manaus, Carnaboi, Expoagro, Feiras, apoiando com vale transporte, lanche, uniforme e disponibilizava transporte até as empresas e fábricas recicladoras. Isto facilitava muito na arrecadação destes grupos. No momento atual praticamente é inexistente o apoio por parte do poder público responsável referente aos núcleos de catadores que recebem de forma direta a coleta seletiva da cidade de Manaus. O serviço hoje (2010) se encontra sem fiscalização e sem reforço de campanhas educativas (orientação porta a porta). As demais associações de Catadores de Recicláveis existentes na cidade também se encontram sem qualquer apoio por parte do poder público. 82 Figura 22: Coleta seletiva de materiais recicláveis no ano de 2001. Fonte: Semulsp, 2008 4.2.2.3 Modalidade da Coleta Seletiva: Ponto de Entrega Voluntária (PEV) Os Pontos de Entregas PEVs foram criados a partir de um Termo de Ajuste de Conduta Ambiental (TAC) firmado em 26/10/2001 entre o Sindicato das Indústrias de Bebidas de Manaus, a Prefeitura, o Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas (IPAAM), o Ministério Público Estadual (MPE) e a VEMAQA, com a finalidade de evitar que resíduos recicláveis fossem lançados nas ruas e nos cursos d‟água que formam as microbacias da cidade de Manaus. Com design moderno, enfatizando as cores e símbolos da reciclagem: amarelo (metal), azul (papel), vermelho (plástico) e verde (vidro), o PEV inova o conceito tradicional da coleta seletiva porta a porta, favorecendo aqueles que adotam uma postura pró-ativa direcionada à preservação ambiental com responsabilidade social, ou seja, por livre vontade segregam seus resíduos e entregam nesses pontos que serão operados por catadores organizados, demonstrado na Figura 23. 83 Figura 23: Modelo de PEVs existente no município de Manaus. Fonte: SEMULSP, 2009. O primeiro PEV foi instalado em 20/09/2006 e fica localizado na Praça Desembargador Mário Verçosa, no bairro Dom Pedro, que lhe dá o nome, na zona Oeste. Entre os anos de 2006 a 2008, a Associação de Catadores Recicláveis (ACR) recebia o material dos voluntários no PEV, manuseava e triava o material recebido após a pesagem e registro, a SEMULSP proporcionava o transporte destes materiais até as empresas recicladoras. A venda do material era realizada pelos membros da Associação, sem intervenção do órgão gestor. Desde 2009 está sob a administração da SEMULSP. O segundo PEV foi implantado 22/08/2007 nas proximidades do Fórum Ministro Henoch Reis, na Rua Valério Botelho de Andrade, no Aleixo, zona Centro-Sul da cidade de Manaus. Este PEV foi administrado desde o inicio de seu funcionamento até fevereiro de 2010 pela Associação de Reciclagem e Preservação Ambiental (ARPA), atuando com dois trabalhadores no local e semanalmente transportava os materiais para o galpão da associação (Figura 22). Atualmente este PEV está desativado. O PEV foi demolido no dia 27 de fevereiro de 2010. Segundo a SEMINF. Secretaria Municipal de Infra-estrutura foi demolido por questões de segurança, pois o local era inadequado e o não 84 cumprimento do acordo com a associação responsável foi um dos fatores que levou a sua demolição. No Site http:// www.manaus.am.gov.br/noticias/coleta seletiva, acessado dia 07/03/ 2010, a matéria esclarece o fato da demolição do PEV, onde foi informado pela Secretária Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMMAS) que o mesmo seria transferido para o Parque do Mindú e continuará sendo administrado pela prefeitura. Segundo a mesma matéria, o motivo da retirada do PEV das proximidades do Fórum Henoch Reis veio através de uma determinação do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) e a pedido da Vara Especializada em Meio Ambiente e Questões Agrária (VEMAQA), responsável pelo projeto PEV. Essa decisão pegou a população de Manaus de surpresa, pois segundo dados da Semulsp, o PEV arrecadava média de 48 toneladas de PET por mês em 2009. Na tabela 2 são apresentados os dados relativos às quantidades de materiais recicláveis coletados nos dois PEVs. O projeto visava à implantação de mais 10 unidades de PEV na cidade. Segundo a VEMAQA o novo projeto de PEV será construído com tijolos fabricados com garrafas PET e a fabricação será realizada por detentos dentro das unidades prisionais. Segundo a mesma fonte terá maior capacidade de armazenagem com 60 metros quadrados, a área disponível atual é de 30 metros quadrados. Até o ano de 2008 o fluxograma funcionava da forma como apresentado na figura 24. 85 COLETA SELETIVA PEV ALEIXO PEV DOM PEDRO ASSOCIAÇÃO DE RECICLAGEM E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL (ARPA) ASSOCIAÇÃO DE CATADORES RECICLAVEIS (ACR) INDÚSTRIAS Figura 24: Fluxograma da coleta seletiva na modalidade de PEVs, nos anos de 2006 a 2008. Fonte: SEMULSP, 2009. Adaptado pela autora. Como apresentado na tabela 02, a modalidade de PEV é uma alternativa interessante de coleta e os dois pontos existentes no município de Manaus, arrecadavam praticamente a mesma quantidade. Um dos fatores mais interessantes é a localização estratégica da instalação destes sistemas, onde há o trânsito de automóveis e rotatividade de pessoas que passam nesses locais. Ainda assim a pesquisa identificou uma deficiência em divulgação e campanha educativa referente ao serviço prestado por parte dos órgãos responsáveis, isso faz com que seja baixa a participação da população do entorno desses pontos. Tabela 02. Quantidade por T/ mês de materiais recicláveis que são entregues nos PEVs desde a sua fundação. MÊS PEV DOM PEDRO PEV ALEIXO Janeiro Fevereiro 2006 2007 2008 2009 - 23,60 46,88 15,00 26,97 26,45 nd - 2007 - 2008 2009 32,17 0 24,37 23,03 86 Continuação da Tabela 02. MÊS PEV DOM PEDRO PEV ALEIXO 2006 2007 2008 2009 2007 2008 2009 Março - 24,53 32,10 4.0 - 34,43 64,82 Abril - 16.25 27,86 - - 29,43 32,54 Maio - 28,61 19,97 4,0 - 25,74 42,44 Junho - 24,6 30,65 20,05 - 23,10 29,87 Julho - 12,38 30,65 12,26 - 25,44 96,41 Agosto - 26,81 12,99 48,28 - 23,29 71,06 Setembro - 19,2 nd 15,00 - nd 47,25 Outubro 12,19 17,21 nd 15,00 11,23 nd 27,58 Novembro nd nd nd nd nd nd Nd Dezembro 52,34 48,09 nd nd 24,56 nd 45,80 Soma 64,53 252 227,55 129,59 35,79 217,97 480,8 Média (ton.) 32,26 22,90 28,44 16,19 17,89 27,24 48,08 Fonte: Semulsp, 2009. Adaptado pela autora Obs. Nd – Não determinado naquele mês. 87 300 2006 2007 2008 2009 Quantidade (Ton) 250 200 150 100 50 Mé dia a So m Ag os to Se tem bro Ou tub ro No ve mb ro De ze mb ro o Ju lh ho Ju n Ma io Ab ril Ma rç o 0 Figura 25: Quantidade de materiais recicláveis (T/mês) arrecadado no PEV do Bairro do D. Pedro. Fonte: Adaptado pela autora. O PEV do D. Pedro foi inaugurado no mês de outubro do ano de 2006, A figura 25, mostra que a arrecadação nesse mesmo ano chegou a 52,34 t/mês. Percebe-se assim que no primeiro ano de funcionamento o sistema foi bastante utilizado pela população, pois no inicio do projeto essa modalidade foi bastante divulgada, tanto pela mídia como pela Semulsp através de campanhas de educação ambiental e mobilização social. No inicio a administração do PEV era da responsabilidade da Semulsp e os funcionários do órgão eram responsáveis pelo seu funcionamento. Somente em 2007 foi firmado um acordo entre Semulsp, Vemaqa, e a Associação de Catadores (ACR), ficou responsável pela administração do ponto e todo material arrecadado ficava para a mesma. A Semulsp ficou responsável pelo apoio técnico e logístico com caminhão para a retirada e controle dos materiais 88 arrecadados e com atividades de educação ambiental junto à população do entorno. Em 2007 a 2008 a arrecadação permaneceu com média entre 22 e 28 t/mês. A população continuou participando de forma efetiva da entrega de materiais recicláveis. No ano de 2009 teve uma baixa na arrecadação (16,19 t/mês) e também na participação da população. A pesquisa aponta que essa baixa se deu devido à transição e troca de governo onde essas mudanças afetaram diretamente o processo. Nessa época o trabalho que vinha sendo realizado com freqüência foi suspenso. Sendo assim, somente a associação ficou responsável pela administração dos pontos, onde infelizmente não obteve o mesmo sucesso, sendo que a categoria ainda encontra-se desorganizada e enfraquecida e depende diretamente do poder público municipal. Hoje somente este ponto encontra-se em funcionamento. PEV: Bairro do Aleixo: O segundo PEV esteve situado no Bairro do Aleixo, tendo como ponto de referência o Fórum Enoq Reis, foi inaugurado no mês de outubro no ano de 2007, sua arrecadação nesse período chegou a uma média de aproximadamente 17 t/mês, conforme tabela 2 e figura 26. Esse indicador se deu devido a pouca divulgação do serviço. Nos anos subseqüentes houve um aumento significativo nas médias de arrecadação. 89 600 2007 2008 2009 Quantidade (Ton) 500 400 300 200 100 ia Mé d a So m bro bro De ze m ro ro No ve m Ou tub mb sto Se te Ag o lho Ju nh o Ju Ma io Ab ril Ma rç o 0 Figura 26. Quantidade de materiais recicláveis (T/mês) arrecada no PEV do Bairro do Aleixo. Fonte: Adaptado pela autora. Esses valores oscilam devido a vários fatores como, ausência de campanhas educativas, período escolar, gestão ativa por parte das associações responsáveis pelos PEVs, datas festivas e outros. De acordo com a SEMULP a modalidade PEV de serviço de coleta seletiva, funciona com a participação efetiva da população local e da população de outras localidades da cidade que não dispõem de nenhum tipo de serviço nesse seguimento. Os locais onde foram instalados os PEVs, foram estudados e analisados e instalados, priorizando-se alguns critérios como segurança, luminosidade e rotatividade de pessoas no local. Esse critério foi fundamental para a escolha do local onde se encontram os pontos, pois os PEVs são estratégicos para a visibilidade e a divulgação dos programas de coleta seletiva nos municípios. 90 A pesquisa mostrou que os PEVs praticamente estão desativados, apenas o ponto localizado no bairro de Dom Pedro está em funcionamento, ainda que insipiente. 4.2.2.4 Modalidade da Coleta seletiva: Ponto a Ponto Essa modalidade de coleta seletiva é desenvolvida em áreas onde não existe a rota fixa executada pela modalidade “porta a porta”. Esses pontos são distribuídos em diversas zonas de Manaus, principalmente em órgãos públicos e empresas que estão fora da rota do serviço da Coleta Seletiva. A SEMULSP desenvolveu no inicio do ano de 2007, o sistema "ponto a ponto”, que vem sendo implantado para atender demandas específicas com é o caso do prédio da Prefeitura e outros órgãos públicos e em áreas de Rip Rap‟s, (margens de igarapés e becos). Os materiais recicláveis são coletados em pequenos carrinhos, ou por meio de solicitação direta do gerador que possua grande quantidade de materiais recicláveis para recolhimento. Diante da solicitação, a secretaria, dependendo da localidade, dispõe de um caminhão tipo baú para a retirada dos materiais recicláveis em dias específicos. Figura 27: Coleta Seletiva no Rip Rap do bairro da Compensa. Fonte: SEMULSP, 2009. 91 O início dessa modalidade, que é umas das mais antigas, foi reformulada e incentivada no ano de 2007, quando foi implantada a coleta seletiva na Comunidade Santa Luzia, no bairro do Japiim. Hoje atende à seguinte programação de coleta: Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia INPA (segundas quartas e sextas); Lojas do Vieiralves (segundas quartas e sextas); Distrito Educacional da zona Oeste (uma vez por semana); Gari Comunitário São Jorge (uma vez por semana); Gari Comunitário São Raimundo (uma vez por semana); e outros locais quando demandam e geram quantidade significativa que justifique a logística para recolhimento. Os materiais coletados por meio dessa modalidade são encaminhados ao galpão de reciclagem localizado nas dependências da SEMULSP, no Bairro da Compensa. Na sequência, são transportados em fardos (figura 28) paras as associações de catadores que a prefeitura apóia, conforme descrito no 4.2.2.2. Figura 28: Galpão de beneficiamento de materiais recicláveis da SEMULSP Fonte: SEMULSP, 2009. Na tabela 03 são apresentados os valores de quantidade mensal de materiais recolhidos nesta modalidade. Esses valores variam de acordo com locais de arrecadação, muitos desses pontos deixam de entregar seus materiais, outros fecham as portas, alguns órgãos desativam por não conseguirem manter a qualidade desses materiais. 92 Esta é uma modalidade que apresenta maiores dificuldades de logística. Seria necessário, para o bom funcionamento que houvesse campanhas, educativas e formas de fazer com que houvesse uma maior participação dos fornecedores. Um dos grandes gargalos nessa modalidade é o custo pela coleta e a ausência de retorno financeiro para o município, ainda que seja interessante para a categoria dos catadores. Seria interessante agregar a participação mais efetiva destes no processo. Tabela 3: Apresenta a quantidade mensal (tonelada) de materiais recicláveis retirados na modalidade Ponto a Ponto. Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Total 2007 20,45 7,97 25,29 10,00 10,00 10,00 12,61 28,60 15,00 14,90 57,20 21,30 225,35 2008 16,80 14,40 17,30 18,60 16,50 17,40 20,60 10,20 16,40 12,70 14,40 7,30 182,6 2009 5,60 Nd Nd 12,84 73,89 22,10 12,86 16,30 Nd Nd Nd Nd 143,64 Média 18,78 15,22 11,97 Fonte: Semulsp 2009. Adaptado pela autora Nd – Não determinado naquele mês 93 250 2007 2008 2009 Quantidade (ton) 200 150 100 50 lho Ag os to Se tem bro Ou tub ro No ve mb ro De ze mb ro So ma Mé dia Ju nh o Ju Ab ril Ma io iro Ma rç o ve re Fe Ja ne iro 0 Figura 29: Quantidade de materiais recicláveis arrecadados na modalidade Ponto a ponto. Fonte: Adaptado pela autora. Essa modalidade de arrecadação é a mais antiga entre as demais existentes no município de Manaus, porém não houve um registro técnico quantitativo e qualitativo. Somente no ano de 2007 foi iniciado o registro técnico desse serviço. Na figura 29, pode-se observar que no ano de 2007 foi o ponto mais elevado dessa coleta. Em 2008 e 2009 se obteve baixa arrecadação nessa modalidade. Este serviço permaneceu até agosto de 2009. Atualmente tem sido feito um estudo no sentido de retomá-lo. Tem sido feitas algumas inserções neste sentido, mas ainda tímidas. 94 4.2.2.5 Modalidade da Coleta seletiva: Centro Comercial de Manaus. Segundo a SEMULSP a Coleta Seletiva de materiais recicláveis no Centro da Cidade acontece dentro de um processo de intervenção urbana restabelecendo princípios éticos para o uso funcional e saudável da área em questão, a partir do reconhecimento de uma postura em relação ao resíduo gerado pelos estabelecimentos locais. A partir de setembro de 2006, a SEMULSP, através da GEAC (Gerência de Articulação Comunitária) em parceria com a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus-CDLM e Associação Comercial do Amazonas-ACA iniciou-se um projeto piloto na região central (figura 30) onde foi firmado um compromisso por parte destas associações em aderir ao projeto de coleta seletiva de materiais recicláveis. Esta era uma ação que pretendia, além de minimizar os impactos do lixo, fazer a inclusão social de catadores, que já atuavam na área central da Cidade. Estes catadores trabalhavam exclusivamente na coleta de papel, mas a intenção era estimulá-los na arrecadação de outros resíduos (plásticos, isopor, ferro). Na figura 28 é apresentada a Área Central de abrangência de atuação do serviço de coleta seletiva no centro da cidade: Rua Dr. Moreira e Marcílio Dias, entre Rua José Paranaguá e Rua Theodoreto Souto e Rua Quintino Bocaiúva entre Floriano Peixoto e Guilherme Moreira. 95 Figura 30: Área Central de abrangência de atuação do serviço de coleta seletiva no centro da cidade. Fonte: Semulsp , 2008. No centro da cidade concentra-se o maior fluxo comercial e grande rotatividade de pessoas e veículos, a SEMULSP implantou rotas específicas para a coleta seletiva e buscou estimular a maior participação dos lojistas. Essa modalidade visou organizar a operacionalização do espaço urbano do Centro, com a participação das associações de catadores ARPA e Aliança que já atuavam na área, estimulando a geração de trabalho e renda. As associações que participavam da coleta seletiva no centro da cidade contavam com 33 trabalhadores, responsáveis pela coleta, beneficiamento e comercialização dos materiais recicláveis. A implantação da coleta seletiva na área central da cidade de Manaus iniciou-se no mês de setembro do ano de 2006. Durante o tempo em que ocorreu esse serviço, o mesmo teve foi grande a aceitação e participação por parte dos comerciantes. A ação mostrou-se bastante positiva. Inicialmente as áreas foram divididas conforme a rota dos catadores de duas Associações, sendo a ACR e Associação de Reciclagem e Preservação Ambiental (ARPA). Cada fiscal da GEAC acompanhou o catador na sua rota habitual apresentando-o ao lojista e informando sobre a importância da coleta 96 seletiva e procurando estabelecer um horário para entrega do resíduo ao catador, evitando a violação dos sacos, o acúmulo de lixo e diminuindo o preconceito em relação à atividade da “catação de lixo”. A Semulsp e os catadores determinavam um ponto único de coleta onde pesagem e recolhimento do material era realizado diariamente. Na SEMULSP, o material era segregado, pesado e periodicamente comercializado pelo respectivo representante da Associação ou Grupo executor da coleta e uma testemunha legal. Em seguida foi proposta uma nova estratégia. Cada Agente assumia um Ponto de Coleta fixo onde os lojistas assumiam o compromisso de entregar seus resíduos ao ponto mais próximo do seu estabelecimento (pontos demarcados por grandes sacos denominados por Big Bag). Segundo a Semulsp, a setorização do Ponto de Coleta teve como objetivo gerenciar as respectivas áreas de abrangência de cada Ponto, informando, orientando, fiscalizando cada setor, permitindo eficácia e controle na adesão dos estabelecimentos. Cada Ponto era monitorado por um Fiscal da GEAC e um Catador de uma Associação, responsável pela coleta do Papelão, levados diariamente às Associações, sendo os demais levados para a SEMULSP, onde era feita a segregação, pesagem e comercialização desses materiais em conjunto com as associações. A ação contribuiu na diminuição da quantidade de lixo espalhado nas ruas pela violação dos sacos, além de otimizar o tempo das rotas de varrição além da promoção da Inclusão Social. Na época essa modalidade precisou de maior envolvimento por parte dos comerciantes das áreas. Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas a secretaria conseguiu fomentar uma mudança de postura em relação à destinação correta dos resíduos recicláveis. Nesse sentido, a consolidação da coleta seletiva no centro da cidade despertou o interesse de outras secretárias em apoiar esta ação, como foi o caso da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Básicos-SEMOSBH. Na época esta secretaria solicitou um levantamento das áreas onde houvesse necessidade de limpeza dos dutos de escoamento de água nas quadras onde o programa era realizado. Portanto, a soma dos esforços dos atores envolvidos tornou eficiente a comunicação entre 97 Prefeitura e comunitários, refletindo em melhoria direta do meio ambiente no local. A cobertura total das áreas setorizadas no centro da cidade bem como a expansão foi feita por uma ação interdisciplinar que somou esforços de todos os envolvidos no processo com o comprometimento dos lojistas na adesão da Coleta Foram atribuídas funções para cada um dos atores: - O Lojista, separar o resíduo reciclável e entregar no respectivo Ponto; - O Catador – recebe e separa o papelão; - O Agente Ambiental – responsável pelo Ponto de Coleta, fiscalização e monitora, recebendo os demais resíduos. Figura 31: Ações de coleta seletiva no centro da cidade e apoio à catadores de recicláveis Fonte: Semulsp 2007. Segundo o relatório da SEMULSP (2007), no ano em que houve esse serviço, o órgão contava com uma equipe de 12 agentes de conscientização (nomenclatura utilizada pela secretaria) responsáveis pela orientação e acompanhamento da coleta de resíduos recicláveis recolhidos no centro da cidade. Esses materiais eram selecionados e pesados no galpão dentro das dependências da SEMULSP em seguida retornavam para as associações, responsáveis como ARPA e ACR localizadas na área central desta cidade. 98 As principais dificuldades encontradas nessa modalidade, segundo a secretaria, foram no momento da implantação, quando foi grande a resistência por parte das associações, pois, com a implantação do sistema mudaria parte de sua rotina que já existia há anos no processo de recolhimento dos materiais recicláveis. Outros problemas identificados foram: - A falta de preparo e capacitação dessas pessoas para gerenciar o novo processo; - Intimidação dos agentes devido „as questões de segurança. Mesmo com todas as dificuldades encontradas na época, o serviço alcançou resultados positivos como a demarcação da área através de GPS, realizada pelo setor de Geoprocessamento da Semulsp, reorientação dos estabelecimentos comerciais que não participavam da coleta dentro da Área Piloto e expansão da área de Coleta com a implantação de 12 para 20 pontos de entrega. Como apresentado na tabela 4, e figura 32 a coleta seletiva no Centro comercial de Manaus iniciou-se em setembro do ano de 2006 com arrecadação média de 9,39 kg/mês. No ano de 2007 atingiu-se uma média de 50,335 kg/mês. Esses indicadores foram alcançados pelas ações voltadas a orientações educativas constantes por parte da Semulsp junto comerciantes do local, visto que essas atividades eram diárias. Tabela 4: Coleta seletiva no centro comercial (t/mês). MÊS Janeiro 2006 2007 2008 - 33,060 52,840 39,000 48,320 47,490 55,190 40,130 54,440 69,190 63,580 57,840 49,380 46,400 604,020 50,335 37,420 40,870 38,870 46,470 11,670 64,920 71,560 364,620 45,578 Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro 12,329 Outubro 10,353 Novembro 8,442 Dezembro 6,437 Total 37,561 Média 9,390 Fonte: SEMULSP, 2008.,adaptado pela autora. aos 99 A partir de setembro do ano de 2008 foi retirada a participação dos Agentes de Conscientização da Semulsp, deixando assim somente os catadores responsáveis pelo serviço. Essa modalidade atualmente está desativada, restando apenas à atuação dos catadores na retirada de papel e papelão, porém sem o controle e apoio dos órgãos públicos. 700 Quantidade (toneladas) 600 2006 2007 2008 500 400 300 200 100 tal Mé dia To Ju nh o Ju lho Ag os to Se tem bro Ou tub ro No ve mb ro De ze mb ro Ab ril Ma io Ja ne iro Fe ve rei ro Ma rç o 0 Figura 32: Materiais recicláveis arrecadados no Centro Comercial de Manaus entre 2006 e 2008. Fonte: Adaptado pela autora. A explanação sobre este programa, seus objetivos, suas etapas, suas dificuldades e seus resultados parciais induzem a uma necessária reflexão sobre a continuidade e sobre a evolução da organização espacial nos grandes centros urbanos. A implantação do programa permitiu de certo modo um controle sobre diversos outros temas ocorrentes na região central de Manaus, que apresenta suas características peculiares. Um espaço onde nem sempre é definido um plano ou uma direção. A desordem na área central é reflexo da ausência de relações sociais, onde deveriam haver diferentes relações de 100 convivência, diante do processo acelerado de crescimento, cabe à sociedade definir um ponto de convergência de harmonia em relação a esse espaço urbano. A coleta seletiva pode ser um aspecto que venha organizar estas várias relações de espaço, lixo, trânsito e comércio. 4.2.2.6 Experiências com projetos pilotos de coleta seletiva em comunidades carentes na cidade de Manaus. Dentre as modalidades de coleta seletiva executadas no município de Manaus, existiram também projetos voltados para essa questão do Gerenciamento dos Resíduos Sólidos, desenvolvidos pela Semulsp. Um dos projetos pilotos nesse seguimento foi o projeto “Lixo e cidadania como responsabilidade social” o mesmo iniciou em 2007 e foi desativado em 2008 na comunidade Santa Luzia no Bairro do Japim, na zona sul do município. O objetivo do projeto era implantar o serviço de coleta seletiva dentro de comunidades de difícil acesso do equipamento coletor de lixo, dando ênfase à participação direta dos moradores, envolvendo comunidade escolar, empresas e comerciantes do entorno da comunidade. O projeto também buscou fortalecer as associações de moradores das comunidades, com isso os moradores se organizavam, formando grupos de agentes ambientais para coletar e vender esses materiais, gerando trabalho e renda para famílias envolvidas no projeto, geralmente sem nenhuma fonte de renda. Na época da implantação do projeto foi grande a demanda de ofícios recebidos no setor, GEAC- Gerência de Articulação Comunitária- Semulsp referentes aos atendimentos dentro das comunidades e lideranças comunitárias. A Semulsp disponibilizava equipe técnica que se reunia com as lideranças e assim elaborava uma proposta ou um plano de ação específico para atender as demandas das comunidades solicitantes. O apoio fornecido pela prefeitura através da Secretaria de Limpeza e Serviços era de assistência técnica permanente para articular e firmar as parcerias entre escolas e empresas; disponibilidade de Big-Bag (grandes sacos) para armazenar materiais recicláveis, disponibilidade de materiais, 101 informativos e educativos referentes à questão do manuseio adequado do lixo, coleta seletiva e limpeza do Rip-Rap ( pequenos córregos que recebe o esgoto da cidade) O resultado positivo projeto, com indicadores sólidos,como por exemplo: - quantitativo de moradores e alunos envolvidos no projeto; ações educativas permanentes dentro da comunidade e escolas do entorno; execução de diversas campanhas junto aos moradores enfatizando o manuseio adequado dos resíduos sólidos e a prática da coleta seletiva; realizações de reuniões periódicas com comunitários para aperfeiçoar o projeto, envolvimento direto de instituições de ensino que desenvolveram projetos acadêmicos juntos a essa comunidade (monografia realizada pela autora para o curso de especialização em responsabilidade social na FUCAPI, em 2008). Um ponto bastante relevante no projeto, segundo Semulsp, foi a aceitação e a participação por parte da comunidade. Durante o desenvolvimento do projeto, as famílias envolvidas criaram mecanismos de organização para praticar a coleta seletiva domiciliar, criando instrumentos coletivos incluindo o respeito ao horário do coletor de lixo passar. Na verdade, a comunidade utilizou-se da seguinte estratégia: alguns moradores adaptaram em um poste uma sirene com o objetivo de avisar os comunitários que o coletor estava adentrando na rua principal da comunidade, com essa iniciativa, os comunitários evitam colocar seu lixo fora do horário, evitando o acúmulo presença de animais famintos e proliferação de vetores. Verifica-se que a participação dos cidadãos facilita na implantação de sistemas como este. As ações realizadas na comunidade Santa Luzia eram freqüentes, sendo semanais ou mensais e sempre enfatizando as principais datas comemorativas (Figura 33). Todas as datas eram comemoradas com atividades que geravam brindes e lanche sempre adquirido com a venda de materiais recicláveis. Dentre as campanhas que ficaram marcadas no projeto foi o „ (”Troque seu PET por ”din din”, onde cada três garrafas de pet eram trocadas por um din din, geladinho). Essa dinâmica funcionou bem entre as crianças, essas ações eram realizadas com freqüência e principalmente em datas comemorativas, sempre planejadas e agendadas no intuito de incentivar a prática da coleta dos recicláveis, principalmente garrafas PET. 102 O projeto foi bem aceito e chamou atenção das empresas do entorno, da imprensa, principalmente dos jornais locais. ( anexo) Figura 33: Atividade Sócio educativa dentro da Comunidade Santa Luzia-Japiim II. Fonte: Semulsp, 2008 103 5. CONSIDERAÇÕES Grande parte da documentação obtida durante a pesquisa não estava plenamente disponível. Foi necessário organizar os documentos existentes e consultar antigos funcionários que fizeram parte do processo para que os mesmos pudessem auxiliar na obtenção de informações. Muitas informações estavam individualizadas e não publicadas. As diversas publicações encontradas sobre resíduos sólidos em Manaus, não traziam um histórico sobre estes programas. Pode-se considerar que entre os anos 2001 e 2005 existiram várias iniciativas para se implantar programas de coleta seletiva, como exemplo, no ano 2000 foi lançado o programa “Recicla Manaus” pela Prefeitura Municipal, porém, estes programas consistiam de ações bastante fragmentadas. As ações e as campanhas eram realizadas de forma isoladas sem uma integração com o sistema tradicional de coleta e não havia programas de inclusão social de catadores materiais recicláveis, além de uma carência de mobilização da população para o engajamento no programa de coleta seletiva. Entre 2005 e 2009, foram encontradas informações sobre as modalidades, o que permitiu abordar aspectos quantitativos sobre as mesmas. Neste período, a administração municipal reformulou o Programa, repassando grande parte das iniciativas e mobilizações inserindo os grupos de catadores, transferindo algumas atribuições aos mesmos, no sentido de estimular a separação e comercialização dos materiais recicláveis com o objetivo de promover renda e inclusão social. A estratégia de envolver os catadores nos Programas de Coleta Seletiva, possibilitou de imediato, solucionar o problema da permanência (lê-se moradia) de catadores que residiam há mais de vinte anos dentro da Lixeira Municipal. A partir da iniciativa, grupos de catadores foram formados para receberem o material recolhido pelo Programa de Coleta Seletiva da Prefeitura. Nesta mesma ocasião, além da implantação da modalidade de coleta seletiva porta a porta, foi implantada a coleta ponto a ponto, ou seja, a inserção do programa em locais de difícil acesso à coleta convencional. 104 Todos os quatro sistemas avaliados: Porta a porta; Pontos de entrega voluntária (PEV); Ponto a ponto e Centro comercial, apresentam suas vantagens e suas dificuldades. Na verdade, todos são necessários, pois não é possível estabelecer um único critério de coleta seletiva para a gestão municipal. Cada uma dessas modalidades descritas acima apresenta suas características. O que é necessário ressaltar é que quanto menor a intervenção do município na operação, menores serão os custos dos mesmos. O município através dos diversos órgãos tem que fornecer a infra-estrutura inicial, dar as condições para que sejam estabelecidas redes de fornecedores, para que se crie e fortaleça todas as modalidades descritas na gestão municipal. Ainda assim, é necessário estimular por todos os meios à participação da sociedade, incrementando o sistema de entrega voluntária (PEVs), pois, esta modalidade é que apresenta menor custo de manutenção. As outras modalidades têm de ser ampliadas. A coleta seletiva no centro comercial deverá ser reorganizada, para que não seja desacreditada. Como discutido anteriormente, esta modalidade cria a possibilidade de inserir os catadores da área central no sistema, reduz o impacto visual do lixo, organiza o trânsito, reduz o desperdício de materiais e auxilia os comerciantes a destinarem as embalagens. A modalidade “porta a porta” deverá ser reorganizada no sentido de reduzir os custos com a mesma. Será necessário repensar o formato de transporte utilizado e otimizar a logística nesta modalidade. O projeto piloto executado no Bairro de Santa Luzia poderia ser reestruturado no sentido de promover o fortalecimento da participação comunitária, pois enquanto a administração municipal estava à frente do programa, o mesmo venha tendo um bom desempenho, a partir do momento em que os comunitários precisaram se organizar, observou-se o enfraquecimento do projeto. Quanto maior a participação da comunidade na coleta seletiva menor a quantidade de resíduos a serem coletados pela municipalidade. Quanto mais autônoma e auto-organizada for a coleta seletiva nas comunidades, bairros de difícil acesso, áreas de rip-rap, maiores serão os benefícios para a limpeza dos igarapés e menor será a poluição das águas pelos resíduos sólidos, melhor 105 será a drenagem de águas e menores serão os riscos de inundação. Estes fatores estão intimamente integrados, quanto menos gestão de resíduos em áreas de risco, maiores se tornam estes riscos. São muitas as áreas de difícil acesso à coleta convencional do lixo. Se houver incentivo à coleta seletiva nestas áreas haverá um ganho ambiental significativo. 106 6. CONCLUSÃO Ainda é bastante frágil o processo de coleta seletiva no município de Manaus. A pesquisa permitiu concluir que um dos fatores mais preocupantes é a falta de continuidade de políticas de gestão para esta área, apesar de existir uma ampla legislação abordando o tema, incluindo Lei Orgânica Municipal de Manaus, o Plano Diretor do Município, a Lei de Saneamento, a recente Lei de Resíduos Sólidos. Um programa de coleta seletiva de Resíduos sólido (lixo) deve fazer parte do Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos do Município e deve ser articulado com as demais técnicas a serem adotadas para o tratamento e destinação de Resíduos sólido (lixo). As iniciativas de coleta seletiva devem estar previstas no Sistema Integrado visando à redução de material destinado ao tratamento do Resíduos sólido (lixo) como compostagem, incineração ou destinação para aterros sanitários. É preciso incentivar a reciclagem em todos os setores da sociedade. No meio industrial já são estabelecidos sistemas econômicos que sustentam o processo de coleta seletiva. Para os outros setores é preciso que se estabeleçam políticas permanentes para a Gestão do Serviço de Coleta Seletiva e o incentivo à criação de cooperativas e grupos organizados. A reciclagem de materiais (plásticos, metais, papéis, vidros e plásticos), somada à compostagem de resíduos orgânicos, precisa se somar para reduzir a quantidade de material a ser coletado pelo sistema tradicional de coleta. A compostagem traria um grande benefício à população, pois devido à acidez do solo, o composto vegetal poderia estar sendo utilizado como fertilizante orgânico. No caso do municio de Manaus, é preciso fortalecer as modalidades já existentes, tendo como meta a universalização, o envolvimento e a organização dos catadores autônomos. 107 7. RECOMENDAÇÕES Por final são propostas algumas recomendações e ações que podem e devem ser desenvolvidas, englobando toda a cadeia de resíduos: - Desenvolver um Censo dos Catadores de Lixo, buscando compreender suas necessidades, expectativas e aspirações, visando proporcionar meios para que os mesmos possam se organizar; - Ampliar o raio de abrangência da coleta seletiva do lixo, por meio de diversas ações como, campanhas de sensibilização em escolas e na mídia, ampliação do número de bairros atingidos, criação de novos pontos de coleta seletiva e fortalecimento as modalidades existentes; - Capacitar os atores envolvidos no sistema para o trabalho, através de cursos e treinamentos; - Promover programas sociais para beneficiar a população dos bairros que se envolvem na coleta seletiva; - Desenvolver atividades sistemáticas específicas com relação à educação ambiental, com vistas à redução da produção de resíduos e à adesão aos programas de coleta seletiva. É importante ressaltar o dinamismo do tema “Resíduos Sólidos”. Enquanto estava em processo de redação da dissertação, uma série de acontecimentos paralelos e importantes para o presente trabalho acontecia. No período final da redação, foi aprovada a política de resíduos sólidos, foi publicada a pesquisa nacional de saneamento básico de 2008, além da discussão sobre o Plano Diretor de Resíduos Sólidos de Manaus. Neste sentido, buscou-se manter atualizada a redação do texto dentro das possibilidades, quando foi necessário recorrer às informações disponíveis na rede mundial de computadores. 108 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMBIENTE BRASIL. Disponível em consultado em 03 de agosto de 2010. http://noticias.ambientebrasil.com.br, ARAÚJO, Maria Elizete de Almeida. Gerenciamento de resíduos de serviço de saúde: do papel à prática. Dissertação (Mestrado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia) – Universidade Federal do Amazonas, 2008. ASHER KIPERSTOK; Arlinda Coelho, et al. 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Comércio de Metais Ltda 2 AGA COMERCIO DE RECICLAVEIS 3 Alfa Comércio e Representações Ltda. Rua Delfim de Souza, 344. Raiz 3613-6262 / 3613-6400 [email protected] / [email protected] Rosângela Cavalcante 4 Alfatec Indústria e Comércio Ltda Av Cosme Ferreira, 3164. Coroado 3303-3000 s/e-mail Mauro Colombarolli 5 Alô Entulho Rua Buenos Aires, 21, Planalto 3238-7724 [email protected] Aleixandre Oliveira 6 Amazon Imp. e Exp. de Reciclagem Ltda. Rua Tambaqui, 457, Lote 113 EPCV-B. Distrito Industrial 8119-2230 S/e-mail Mingen Fulgi Cokimique 7 Amazongás Distribuidora de Gás Liquefeito Rua Rio Quixito, 1223. Distrito de Petróleo Ltda. Industrial 2127-2007 / 2127-2018 / 36152985 / 3617-2000 [email protected] / [email protected] José Anselmo Garcia Rodrigues 8 ARAM - Associação dos Revendedores de Agrotóxicos do Amazonas Rua Flamboyant, Lote 15 B9. Distrito Industrial II 9152-3735 / 2127-1700 / 21278159 [email protected] Joice Oliveira Lima 9 Astral Comércio de Resíduos Recicláveis Ltda. Rua Codajás, 452. Cachoeirinha 3082-4525 / 3611-7717 s/e-mail Alex Alves do Reis 3182-6100 / 3618-8089 / 36185108 [email protected] Ana Julia de Campos Cardoso 11 Caribe Com. de Comp. Eletrônicos Ltda. Rua Flamboyant, 637. Distrito Industrial II Rua Rio Mutuzinho, 04, Qd. 04. Loteamento Itacolomy, Armando Mendes 3615-1298 / 3615-3935 [email protected] Francisco Carlos Pereira 12 Cookson Electronics Amazonia Ltda. Rua Tucunaré, 40 - Sala E. Distrito Industrial 3614-7400 / 3613-1557 / 36147400 [email protected] Paulo Renato Dewes Scherer Credie Ambiental Serviços de Transporte 13 ltda. Av. Torquato Tapajós, 8137, km 08, Tarumã 3182-2120 / 3182-2100 [email protected] / [email protected] Miramoron Carvalho Costa EMAS - Empresa de Embalagens 14 Moldadas da América do Sul Ltda. Av. dos Oitis, 7530, Lote 7-B5. Distrito Industrial II 2129-5510 / 2129-5500 [email protected] Eduardo Arzhambeuaid Av. Urucará, 1296. Cachoeirinha C.T.R. Central de Tratamento de Resíduos 10 da Amazônia Ltda. Sérgio Eduardo Gomes Amauri da Conceição 113 15 Empório de Metais Ltda. Rua Delfim de Souza, 68 A. Raiz 3664-1475 / 3663-4158 [email protected] Marcos Casado Rua Padre Monteiro de Noronha, 453. Parque das Nações 3653-0677 [email protected] Antonio Carlos Gouveia Rua Guiana Francesa I, Estrada do Aleixo, km 12. Mauazinho 3618-5222 / 3616-4700 [email protected] Jaime Chaves 18 Expram-Exp. e Repres. Amazonas Ltda. Av. Torquato Tapajós, 5120, Loja 04. Flores 36542144 / 36548376 / 36510636 / 36510461 / 21258000 [email protected] Dogras dos Santos 19 Fabritec Saneamento Ltda. Rua Maués, 1352. Cachoeirinha 36634141 [email protected] Euclides Roberto Faleiros 20 Feitosa Serviços Ltda. Rua Palmeira do Meriti, 735. Distrito Industrial II 3618-9308 [email protected] Alex Picancio 21 G7 Comércio de Transporte Av Grande Circular, 2827. Armando Mendes 3615-1259 [email protected] Givaldo Gomes de Souza Gari Serv. de Limpeza Empresarial Ltda. / 22 Ativa Terceirização Av. Manicoré, 85, Cachoeirinha 3622-5578 [email protected] Gerson Kleber Brito Risuenho 23 Gr Cartuchos Av. Joaquim Nabuco, 706 A. Centro 3622-2634 [email protected] Luiz Gonzaga Tomais Industria de Papel Sovel da Amazônia 24 Ltda. Rua. Dr. João de Paula, 600, Galpão A. 3616-2700 / 3615-2779 / 3615Colônia Antônio Aleixo 2884 [email protected] Eyade Iacub 25 JLN Entulhos Av. Brasil, 3800, Compensa 3625-7777/ 3672 - 2400 [email protected] Socorro Lopes 26 Jorge Cavalcante da Silva - ME - Aguanort Av. Carvalho Leal, 733. Cachoeirinha 3233-4642 / 3232-2564 [email protected] Jorge Cavalcante da Silva 27 JR da Silva Reciclagem Rua das Camélias, 37. Jorge Teixeira 3681-9206 [email protected] João Ribeiro da Silva 28 Jurua Plastico Reciclagem da Amazônia Rua 27, 3 LT 1, Amazonino Medes 3645-6180 s/e-mail Lucivaldo Nonato Carvaleira 29 K.L. Reciclagem de Madeira Ltda. Rua Itauba, 38, Qd. C, Lote I. Jorge Teixeira 3248-8139 / 3634-4717 [email protected] Lurdes Ribeiro Paiva KOMPAC Serviços Engenharia e 30 Desenvolvimento Ltda. Rua Balata, 180. Distrito Industrial 3615-1773 [email protected] Antônio Luis 16 Enterpa Engenharia Eternal-Indústria Comércio Serviços e Tratamento de Resíduos da Amazônia 17 Ltda. 114 Limpeza Total Com. Serv. e Reciclagem 31 Ltda. Av. Desembargador João Machado, 1005. Alvorada 3657-5758 [email protected] Márcio Rebelo 32 Logpack da Amazônia Ltda Av presidente Kennedy, 651, Galpões C1, C2 e C3. Morro da Liberdade 3629-3535 / 3629-4444 / 36291616 [email protected] Rui Olavo Chaves 33 Lorene Importadora e Exportadora Ltda. Rua Rio Mutuzinho, 68. Armando Mendes 8134-8736 [email protected] Fúlvio Oreste Stelli 34 M.S. do Nascimento Sucatas-ME Av. Autaz Mirim, 2092. Distrito Industrial 3615-8117 s/e-mail Jones Marcos 35 Masseg Rua Desembargador Cesar Rego, 270A. Colônia Antônio Aleixo 8128-4869 / 3618-6868 S/e-mail Altair Germano 36 Moss 4M Rua Ponta Grossa, nº 54, Colônia Oliveira Machado 3624-1669 [email protected] João Moss 37 Multiplas Resinas da Amazônia Ltda. Rua Cor. Conrado Niemeyer, 1106. Petrópolis 3663-3812 [email protected] Heleonildo Moda 38 Pata da Onça Av. Laguna, 22A. Planalto 3239-2911 s/e-mail Marcos Aurélio Carlos Feira 39 PCE - Papel Caixas e Embalagens S.A. Av. Grande Circular, 1000. Armando Mendes 3615-3777 [email protected] Mário Estravate 40 Pemaza Amazônia S.A. Av. Silves, 18. Crespo 2125-4500 [email protected] Savio Caldeira Purilub Comércio Purificação de 41 Lubrificantes e Transporte Ltda. Rua Flamboyant, 286. Distrito Industrial II 3183-1100 [email protected] João Castorino 42 Raça Transportes Ltda. Av. Tefé, 2881. Japiim 3237-5167 expmaoracatransporte@expmaoracatransp orte.com.br Fernando Santiago RBA-Reciclagem Brasileira de Alumínio 43 Ltda. Av. Castelo Branco, 503. Cachoeirinha 3622-4027 / 3622-4231 [email protected] João Luis de Simone 44 Reciclagem Amazonas Rua J, 7. Conjunto Sucupira. Ouro Verde 9136-1195 [email protected] Tiago Neto 45 Reciclagem Belemo Av. Brigadeiro Hilário Gurjão, 206. Jorge Teixeira 3682-3753 s/email Antônio Pereira da Silva 46 Refiam Reciclagem e Fibras da Amazônia Av. Rodrigo Otavio, 1866. Distrito Industrial 3237-6039 [email protected] Maria Selete Rocha 115 Rio Limpo Indústria e Comércio de 47 Resíduos Ltda. Av. Buriti, 4021. Distrito Industrial 3617-2500 / 3615-2772 [email protected] Reginaldo Pizzonia 48 Sacopel Industria de Plastico e Papel Av. André Araujo, 453. Aleixo 2101-5100 s/e-mail Davi Carlos Fernandes 49 Saniteck Rua Maués, 1352. Cachoerinha 3612-1212 [email protected] Euclides Faleiro Sassuman - Sacos e Sucatas da Amazônia 50 Ltda-ME Rua Brasil, 42/50. Educandos 8151-0302 / 3629-2749 [email protected] Adriana de Souza 51 Severiano Rimeiro Matos-Me Av. Grande Circular, 47. Distrito Industrial 3615-1802 s/e-mail Severiano Matos 52 TCG da Amazônia Ltda. Av. Desembargador João Machado, 240. Alvorada - 69.043-000 3653-2576 [email protected] Fabiano Dutra 53 Tecal Alumínio da Amazônia Ltda Rua Bambuzinho, 831. Zona de expansão do Distrito Indústrial 2101-6302 / 2101-6300 / 21016303 / 2101-6309 [email protected] / [email protected] Edvaldo Teixeira 54 Tecolite (Rio Limpo) Rua Sumaré, 1349, Chico Mendes. Jorge Teixeira 2101-0220 [email protected] Joaquim Carlos Buemerade TUMPEX- Empresa Amazonense de 55 Coleta de Lixo Estrada Torquato Tapajós, 1292 9602-4430 [email protected] José Nelson Rosa WS-Ind. e Com. Repres. e Serv. de 56 Produtos Químicos Ltda. Rua Desembargador César Rego, 1703. Colônia Antônio Aleixo 3618-5417 / 3618-5428 / 36185429 [email protected] Woney Marcos Silva 57 A. da Silva Leite Serviços Rua Monte Castelo, 05. Estrada da Ponta Negra 3658-5037 / 3658-3364 [email protected] Aluízio da Silva 58 Amazomix Ltda. Alameda Cosme Ferreira, 12.640. Colônia Antônio Aleixo 3618-5203 / 3618-5203 / 36185203 / 3615-3222 [email protected] Herculano Bandeira 3656-2328 / 3234-7673 [email protected] / [email protected] Estela Alves 3625-5772 / 3625-3671 / 91169040 / 3625-5772 [email protected] Mário Souza Silva 60 Israel Transporte e Comércio Ltda. Av. Desembargador João Machado, 201. Alvorada I Av. Brasil, 3139. Compensa I Obs. 2 endereço escritorio fica Av Brasil, 3216. Santo Antônio 61 Itautinga Agro Industrial S.A. Estrado do Aleixo, km 10. Aleixo 3617-5500 / 3617-5596 [email protected] José Emidio Campos 62 Marcodiesel Imp. e Exp. Ltda. Av. Djalma Batista, 122. Chapada 2123-4200 [email protected] Ana Maria Braga Rodrigues 59 Disbauto Ind. e Com. Ltda. 116 A. da Silva Leite Serviços - Manaus Limpa 63 (Depósito) Rua 13 de maio, 24. Colônia Terra Nova I 3658-5037 / 3658-3364 [email protected] Aluízio da Silva Amazon Sand Indústria e Comércio de 64 Areia de Fundição Ltda. Rua Desembargador César Rego, 150. Colônia Antônio Aleixo 3618-5140 [email protected] Lazaro Gomes Ribeiro 65 Assef Transporte Ltda. Rua Abelardo Barbosa, 64 A. Aleixo 3644-4749 [email protected] José Afonso de Lima 66 Barinda Coleta de Resíduos Ltda. Rua Barão de Jacicoaí, 13. Parque das Laranjeiras 9116-0441 / 3642-0888 [email protected] Tarcísio Frota Júnior 67 C.A. Braz de Oliveira Rua Elizabeth, 12. Flores 9985-7641 / 3651-2966 [email protected] Carlos Braz de Oliveira 68 Copy Shop Informatica Rua do Comercio, 48. Pq. 10 3236-9757 [email protected] Davi Rubim E.F. Amazônia Recuperação de Solventes 69 Ltda. Rua 7 de Setembro, 24-B. Colônia Terra Nova 9622-6411 / 3232-9799 / 32324742 [email protected] Fernando Dala Rosa e Hemerson Hofsmanna 70 Ecoplast da Amazônia Ind. e Com. Ltda. Rua Visconde de Sinimbu, 19, Qd. 16. Flores, Pq. das Laranjeiras 3642-2233 / 3642-3641 / 36344293 [email protected] Luzmarina Santos Campos 71 Maria de Fátima Rodrigues Dantas Araújo Rua B, 101. Comunidade Santa Inêz 9132-7354 [email protected] Maria de Fátima Araújo Nortlub Reciclagem de Óleos Minerais 72 Ltda. Rua Francisco Arruda, 465. Conjunto Petro, Aleixo 3248-5532 S/e-mail Sérgio Ricardo de Oliveira Garcia Plasvel Indústria e Comércio de Resíduos 73 Plásticos Ltda. Rua Aramaça, 82. Novo Reino II 8802-5420 / 3682-3986 [email protected] / [email protected] Claudemir Ribeiro Paulo