Cohen Caminhos da POLPA 1 0a E D I Ç Ã O Sobre os Editores KENNETH M. HARGREAVES O Dr. Kenneth M. Hargreaves é professor e Chair do Department of Endodontics da University of Texas Health Science Center, em San Antonio. Concluiu sua residência em endodontia na University of Minnesota em 1993 e também é graduado pelo American Board of Endodontics mantendo suas atividades profissionais em endodontia. É pesquisador, palestrante e professor ativo, além de trabalhar como Editor do Journal of Endodontics. É pesquisador-chefe em diversas subvenções de fundos nacionais que combinam seus interesses pela dor, farmacologia e endodontia regenerativa. O Dr. Hargreaves recebeu diversos prêmios, incluindo National Institutes of Health MERIT Award pela pesquisa relativa à dor, o AAE Louis I. Grossman Award pela publicação crescente de estudos de pesquisa, e dois IADR Distinguished Scientist Awards. STEPHEN COHEN O Dr. Stephen Cohen é um dos mais destacados clínicos de endodontia nos Estados Unidos e confererencista consagrado mundialmente em endodontia. O Dr. Cohen concluiu seus estudos no Endodontic Postgraduate Program na University of Pennsylvania (UOP) em 1969 e iniciou o trabalho em seu consultório particular. De 1970 até 1988, atuou como Chairman do Department of Endodontics na Arthur A. Dugoni School of Dentistry da University of Pacific, em São Francisco, e continuou seu envolvimento com a universidade como Professor Adjunto de Endodontia. Ele também é Professor de Endodontia no Department of Preventive and Restorative Dental Sciences da University of California School of Dentistry, em São Francisco. Foi editor sênior das nove primeiras edições de Caminhos da Polpa e continua a trabalhar como editor da 10a edição. É graduado pelo American Board of Endodontics e manteve cargos de liderança em muitas das principais organizações profissionais e acadêmicas na área de endodontia. Mantém seu consultório particular em tempo integral em São Francisco, onde tem exercido sua prática desde 1969. LOUIS H. BERMAN O Dr. Louis H. Berman tem se dedicado em tempo integral à prática particular de endodontia em Anápolis, Maryland, desde 1983. Concluiu sua residência em endodontia no Albert Einstein Medical Center, na Filadélfia. Anteriormente foi Instrutor Clínico e Professor Assistente na University of Maryland School of Dentistry. Palestrante e autor ativo, foi presidente da Maryland State Association of Endodontics. É membro do Quadro de Consultores Científicos do Journal of Endodontics. O Dr. Berman é o editor sênior do livro-texto Dental Traumatology e é graduado pelo American Board of Endodontics e Fellow do American College of Dentistry. Cohen Caminhos da POLPA 1 0a E D I Ç Ã O Editores Ke n n e t h M . H a rg r e a v e s, D D S, P h D, F I C D, FAC D Professor and Chair Department of Endodontics; Professor Departments of Pharmacology, Physiology (Graduate School), and Surgery (Medical School); President’s Council Endowed Chair for Research University of Texas Health Science Center at San Antonio San Antonio, Texas; Diplomate, American Board of Endodontics S t e p h e n C o h e n , M A , D D S, F I C D, FAC D Clinical Professor (Adjunct) Department of Endodontics The Arthur A. Dugoni School of Dentistry University of the Pacific; Clinical Professor of Endodontics Department of Preventive and Restorative Dental Sciences University of California School of Dentistry San Francisco, California; Diplomate, American Board of Endodontics E d i t o r d e We b L o u i s H . B e r m a n , D D S, FAC D Private Practice of Endodontics Annapolis, Maryland; Diplomate, American Board of Endodontics © 2011 Elsevier Editora Ltda. Tradução autorizada do idioma inglês da edição publicada por Mosby – um selo editorial Elsevier Inc. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. ISBN: 978-85-352-3965-2 Copyright © 2011, 2006, 2002, 1998, 1994, 1991, 1987, 1984, 1980, 1976 by Mosby, Inc., an affiliate of Elsevier Inc. All rights reserved. 2011 Cohen’s Pathways of the Pulp. Published by Elsevier Inc. This edition of Cohen’s Pathways of the Pulp, 10th edition by Kenneth M. Hargreaves, Stephen Cohen and Louis H. Berman is published by arrangement with Elsevier Inc. ISBN: 978-0-323-06489-7 Capa Interface/Sergio Liuzzi Editoração Eletrônica WM Design Elsevier Editora Ltda. Conhecimento sem Fronteiras Rua Sete de Setembro, nº 111 – 16º andar 20050-006 – Centro – Rio de Janeiro – RJ Rua Quintana, nº 753 – 8º andar 04569-011 – Brooklin – São Paulo – SP Serviço de Atendimento ao Cliente 0800 026 53 40 [email protected] Preencha a ficha de cadastro no final deste livro e receba gratuitamente informações sobre os lançamentos e promoções da Elsevier. Consulte também nosso catálogo completo, os últimos lançamentos e os serviços exclusivos no site www.elsevier.com.br. NOTA O conhecimento médico está em permanente mudança. Os cuidados normais de segurança devem ser seguidos, mas, como as novas pesquisas e a experiência clínica ampliam nosso conhecimento, alterações no tratamento e terapia à base de fármacos podem ser necessárias ou apropriadas. Os leitores são aconselhados a checar informações mais atuais dos produtos, fornecidas pelos fabricantes de cada fármaco a ser administrado, para verificar a dose recomendada, o método e a duração da administração e as contraindicações. É responsabilidade do médico, com base na experiência e contando com o conhecimento do paciente, determinar as dosagens e o melhor tratamento para cada um individualmente. Nem o editor nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventual dano ou perda a pessoas ou a propriedade originada por esta publicação. O Editor CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ C191 Caminhos da Polpa / editores Kenneth M. Hargreaves, Stephen Cohen ; tradução Alcir Costa Fernandes Filho... [et al.]. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2011. 928p. : il. ; 28 cm Tradução de: Pathways of the pulp, 10th ed. Inclui bibliografia e índice ISBN 978-85-352-3965-2 1. Endodontia. 2. Polpa dentária. I. Cohen, Stephen, 1938-. II. Hargreaves, Kenneth M. 11-2000. CDD: 617.6342 CDU: 616.31418 Revisão Científica SUPERVISÃO Maurício Santa Cecília Especialista, Mestre e Doutor em Endodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB/ USP) Bauru – SP Professor Adjunto de Endodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Nova Friburgo – RJ REVISÃO CIENTÍFICA Amauri Favieri Ribeiro (Caps. 4, 16, 25) Especialista e Mestre em Endodontia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Rio de Janeiro – RJ Doutor em Clínica Odontológica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rio de Janeiro – RJ Diretor do Polo Universitário de Nova Friburgo – Universidade Federal Fluminense (UFF) Nova Friburgo – RJ Anna Beatriz Mourão (Cap. 21 - parte) Cirurgiã-dentista graduada pela Faculdade de Odontologia da Universidade Veiga de Almeida (UVA) Rio de Janeiro – RJ Carlos Estrela (Cap. 5) Especialista em Endodontia pela Associação Brasileira de Odontologia - GO Mestre em Endodontia pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas (FOUFPel) Pelotas – RS Doutor e Livre-Docente em Endodontia pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP) São Paulo – SP Professor Titular de Endodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás (UFG) Goiânia – GO Professor dos cursos de Pós-graduação (Mestrado e Doutorado) em Odontologia da Universidade Federal (UFG) Goiás – GO e da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Minas Gerais – MG Cássia Monica de Oliveira Costa Rocha (Cap. 12 - parte) Mestre em Morfologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Rio de Janeiro – RJ Professora Assistente de Histologia e Embriologia e Chefe do Departamento de Ciências Básicas da Universidade FederalFluminense (UFF) Nova Friburgo – RJ Cinthya Cristina Gomes (Cap. 7) Especialista em Endodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rio de Janeiro – RJ Doutora em Endodontia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Rio de Janeiro – RJ Professor Adjunto de Endodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Nova Friburgo – RJ Cristiane Audi (Cap. 24) Especialista em Endodontia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) Rio de Janeiro – RJ Mestre em Endodontia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Rio de Janeiro – RJ Eduardo Nunes (Cap. 6 - parte) Especialista em Radiologia pela Associação Brasileira de Odontologia – MG Especialista, Mestre e Doutor em Endodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB/USP) Bauru – SP Professor Adjunto de Endodontia do Curso de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) Belo Horizonte – MG Ernani da Costa Abad (Cap. 17) Especialista em Endodontia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) Rio de Janeiro – RJ Doutor em Clínica Odontológica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rio de Janeiro – RJ Professor Adjunto de Endodontia do Curso de Odontologia da Universidade Estácio de Sá (UNESA) Rio de Janeiro – RJ Professor do Curso de Mestrado e Doutorado em Endodontia da Universidade Estácio de Sá (UNESA) Rio de Janeiro – RJ Esio Vieira (Cap. 18) Especialista, Mestre e Doutor em Periodontia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Rio de Janeiro – RJ Professor Adjunto de Periodontia e Implantodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Nova Friburgo – RJ v vi REVISÃO CIENTÍFICA Frank Ferreira Silveira (Cap. 6 - parte) Mestre e Doutor em Endodontia pela Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP – SP Professor Adjunto de Endodontia do Curso de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) Belo Horizonte – MG Professor Titular de Endodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade de Itaúna – MG Gustavo Ribeiro Alvares (Cap. 8) Especialista, Mestre e Doutor em Endodontia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Rio de Janeiro – RJ Professor Adjunto de Endodontia do curso de Odontologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Rio de Janeiro – RJ Professor Adjunto de Endodontia do curso de Odontologia da Universidade Veiga de Almeida (UVA) Rio de Janeiro – RJ Ivaldo Gomes de Moraes (Cap. 10) Especialista, Mestre e Doutor em Endodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB/USP) Bauru – SP Professor Titular de Endodontia do Departamento de Dentística, Endodontia e Materiais Dentários da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB/USP) Bauru – SP João Ferlini Filho (Cap. 19) Doutor em Endodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB/USP) Bauru – SP Professor Adjunto de Endodontia do curso de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Porto Alegre – RS Karla Bianca Fernandes da Costa Fontes (Cap. 14) Especialista em Estomatologia pela Universidade Grande Rio (UNIGRANRIO) Duque de Caxias – RJ Mestre e Doutora em Patologia Buco-dentária pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Niterói – RJ Professora Adjunta de Estomatologia, Patologia Oral e de Estomatopatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Nova Friburgo – RJ Luciana Moura Sassone (Cap. 15) Especialista, Mestre e Doutora em Endodontia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Rio de Janeiro – RJ Professora Adjunta da Disciplina de Endodontia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Rio de Janeiro – RJ Luciana Pomarico (Cap. 23) Especialista, Mestre e Doutora em Odontopediatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rio de Janeiro – RJ Pós-Doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rio de Janeiro – RJ Professora Adjunta de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Nova Friburgo – RJ Lucíola Rangel de Luca-Fraga (Cap. 12 - parte) Mestre e Doutora em Clínica Odontológica – Dentística pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Piracicaba – SP Professora Adjunta de Dentística e Odontologia Legal da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Nova Friburgo – RJ Luís Claudio Campos (Cap. 9) Especialista e Mestre em Endodontia pela Universidade Estácio de Sá (UNESA) Rio de Janeiro – RJ Doutorando em Endodontia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Rio de Janeiro – RJ Coordenador do Curso de Graduação em Odontologia da Universidade Veiga de Almeida (UVA) Rio de Janeiro – RJ Marco Antonio Hungaro Duarte (Cap. 3) Mestre e Doutor em Endodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB/USP) Bauru – SP Professor de Endodontia do Departamento de Dentística, Endodontia e Materiais Dentários da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB/USP) Bauru – SP Maurício Santa Cecília (Caps. 1, 2 - parte, 20 - parte, 21 - parte) Natália Valli deAlmeida (Cap. 2 - parte) Cirurgiã-dentista graduada pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Nova Friburgo – RJ Natasha Barbosa de Azevedo (Cap. 20 - parte) Especialista em Endodontia pela Odontoclínica Central do Exército – RJ Rogério Fulgêncio (Cap. 22) Especialista, Mestre e Doutor em Dentística pela Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB/USP) Bauru – SP Pós-Doutorado pela Universidad de Granada – Espanha (UGR) Professor Adjunto da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Nova Friburgo – RJ Vanessa Areas (Cap. 11) Especialista e Mestre em Endodontia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Rio de Janeiro – RJ Perito-Legista do Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto – RJ Vanessa Soares Lara (Cap. 13) Mestre em Patologia Bucal pela Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB/USP) Bauru – SP Doutora em Morfologia e Biologia Celular pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP) Ribeirão Preto – SP Livre-Docente pela Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB/USP) Bauru – SP Professora Associada do Departamento de Estomatologia (Disciplina de Patologia) da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB/USP) Bauru – SP Tradução Alcir Costa Fernandes Filho Tradutor pela Universidade Estácio de Sá (UNESA) Rio de Janeiro – RJ Certificado de Proficiência pela University of Michigan, EUA Carlos Romualdo Rueff Barroso Especialista em Anatomia Humana pela Universidade Estácio de Sá (UNESA) Rio de Janeiro – RJ Mestrando em Morfologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Rio de Janeiro – RJ Professor Auxiliar do Departamento de Anatomia Humana da Universidade Estácio de Sá (Unesa)Rio de Janeiro – RJ Danielle Flores da Silva Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rio de Janeiro – RJ Professora do Curso de Atualização em Cirurgia Bucomaxilofacial da Universidade Grande Rio (UNIGRANRIO) Duque de Caxias – RJ Danielle Pereira de Oliveira Especialista em Endodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rio de Janeiro – RJ Mestre em Patologia Oral pela Universidade Federal Fluminense (UFF) Niterói – RJ Danielle Resende Camisasca Barroso Especialista em Estomatologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rio de Janeiro – RJ Mestranda em Patologia Bucodental pela Universidade Federal Fluminense (UFF) Niterói – RJ Débora Rodrigues Fonseca Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rio de Janeiro – RJ Mestre em Ciências Morfológicas (Área de Atuação Anatomia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rio de Janeiro – RJ Eduardo Esberard Favilla Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial Fellow em Dor Orofacial pela University of Maryland, Baltimore Professor Assistente de Oclusão e Desordens Temporomandibulares da Universidade Grande Rio (UNIGRANRIO) Duque de Caxias – RJ Professor do Curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial da Associação Brasileira de Odontologia (ABO) Rio de Janeiro – RJ Professor do Curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial da Faculdade de Medicina de Petrópolis – RJ João Carlos Vicente de Barros Júnior Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Rio de Janeiro – RJ Maiza Ritomy Ide Pós-doutora em Reumatologia pela Universidad de Cantabria, Espanha Doutora em Reumatologia pela Universidade de São Paulo (USP) – São Paulo (SP) Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) – São Paulo (SP) Maria Aparecida Pinho Luz Graduada em Letras (Português-Inglês) pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) Rio de Janeiro – RJ Monica Israel Especialista em Estomatologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rio de Janeiro – RJ Mestre e Doutora em Patologia Bucal pela Universidade Federal Fluminense (UFF) Niterói – RJ Professora de Patologia da Faculdade São José. Rio de Janeiro – RJ Professora de Estomatologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Rio de Janeiro – RJ Nelson Gomes de Oliveira Médico do Trabalho da Petrobras, RJ Patrícia Cavalcante Pedreira dos Reis Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rio de Janeiro – RJ Mestranda em Radiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rio de Janeiro – RJ Professora do Curso de Especialização em Cirurgia Bucomaxilofacial da Associação Brasileira de Odontologia (ABO) Petrópolis – RJ Professora do Curso de Especialização em Implantodontia da Associação Brasileira de Odontologia (ABO) Rio de Janeiro – RJ vii viii TRADUÇÃO Priscila Alves dos Santos Residência em Cirurgia Bucomaxilofacial – Hospital Municipal Miguel Couto (HMMC) Rio de Janeiro – RJ Roberta Loyola Del Caro Pós-graduanda em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pela Faculdade de Odontologia Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rio de Janeiro – RJ Tatiana Robaina Especialista em Estomatologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – Rio de Janeiro – RJ Mestre em Patologia Bucal pela Universidade Federal Fluminense (UFF) – Niterói – RJ Doutoranda em Microbiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – Rio de Janeiro – RJ Cirurgiã-dentista graduada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) – Rio Grande do Sul – RS Colaboradores Bettina Basrani, DDS, PhD Specialist in Endodontics Assistant Professor Program Co-Director MSC in Endodontics Faculty of Dentistry University of Toronto Toronto, Ontario, Canada Ellen Berggreen, DDS, PhD Associate Professor Department of Biomedicine Faculty of Medicine and Dentistry University of Bergen Bergen, Norway Louis H. Berman, DDS, FACD Private Practice of Endodontics Annapolis, Maryland; Diplomate, American Board of Endodontics Serge Bouillaguet, DMD, PhD Head of Endodontic Unit Department of Cariology and Endodontology School of Dental Medicine University of Geneva Geneva, Switzerland B. Ellen Byrne, DDS, PhD Senior Associate Dean Professor of Endodontics Virginia Commonwealth University Richmond, Virginia Joe H. Camp, DDS, MSD Adjunct Professor Department of Endodontics School of Dentistry University of North Carolina Chapel Hill, North Carolina; Private Practice of Endodontics Charlotte, North Carolina Noah Chivian, DDS, FACD, FICD Clinical Professor Department of Endodontics University of Medicine and Dentistry New Jersey Newark, New Jersey; Adjunct Professor Department of Endodontics University of Pennsylvania School of Dental Medicine Philadelphia, Pennsylvania; Attending in Endodontics Newark Beth Israel Medical Center New York, New York; Private Practice Limited to Endodontics West Orange, New Jersey; Diplomate, American Board of Endodontics Stephen Cohen, MA, DDS, FICD, FACD Clinical Professor (Adjunct) Department of Endodontics The Arthur A. Dugoni School of Dentistry University of the Pacific; Clinical Professor of Endodontics Department of Preventive and Restorative Dental Sciences University of California School of Dentistry San Francisco, California; Diplomate, American Board of Endodontics Jeffrey M. Coil, DMD, MSD, PhD, FRCD(C), FADI Director, Graduate Endodontics Program Department of Oral Biological and Medical Sciences Faculty of Dentistry University of British Columbia Vancouver, British Columbia, Canada; Diplomate, American Board of Endodontics Arthur W. Curley, BS, JD Assistant Professor The Arthur A. Dugoni School of Dentistry University of the Pacific; Adjunct Faculty University of California San Francisco, California; Associate, American Board of Trial Advocates Associate California Association of Oral and Maxillofacial Surgeons Didier Dietschi, DMD, PhD, Privat-Docent Senior Lecturer School of Dental Medicine Department of Cariology and Endodontics University of Geneva Geneva, Switzerland; Adjunct Professor School of Dentistry Department of Comprehensive Care Case Western Reserve University Cleveland, Ohio Paul D. Eleazer, DDS, MS Professor and Chair Department of Endodontics and Pulp Biology School of Dentistry University of Alabama Birmingham, Alabama; Diplomate, American Board of Endodontics Mohamed I. Fayad, DDS, MS, PhD Assistant Clinical Professor Department of Endodontics College of Dentistry University of Illinois at Chicago Chicago, Illinois; Diplomate, American Board of Endodontics Ashraf F. Fouad, BDS, DDS, MS Professor and Chair Department of Endodontics, Prosthodontics, and Operative Dentistry Director, Postgraduate Program in Endodontics University of Maryland Baltimore, Maryland; Diplomate, American Board of Endodontics Jared C. Frisbie, DDS Private Practice Limited to Endodontics Portland, Oregon Inge Fristad, DDS, PhD Professor Head and Director Department of Clinical Dentistry Faculty of Medicine and Dentistry University of Bergen Bergen, Norway Anna B. Fuks, CD Professor Emeritus Department of Pediatric Dentistry Hadassah Faculty of Dental Medicine The Hebrew University Jerusalem, Israel ix x COLABORADORES Bradley H. Gettleman, DDS, MS Private Practice of Endodontics Glendale, Arizona; Diplomate, American Board of Endodontics Gerald N. Glickman, DDS, MS, MBA, JD Professor and Chairman Director, Graduate Program in Endodontics Department of Endodontics Baylor College of Dentistry Dallas, Texas; Diplomate, American Board of Endodontics Harold E. Goodis, DDS Professor Emeritus Division of Endodontics Department of Preventive and Restorative Dental Sciences School of Dentistry University of California San Francisco, California; Professor of Endodontics Senior Research Mentor Boston University Institute for Dental Research and Education/Dubai United Arab Emirates; Diplomate, American Board of Endodontics James E. Haddix, DMD Associate Professor and Director of Predoctoral Endodontics College of Dentistry Department of Endodontics University of Florida Gainesville, Florida Kenneth M. Hargreaves, DDS, PhD, FICD, FACD Professor and Chair Department of Endodontics; Professor Departments of Pharmacology, Physiology (Graduate School) and Surgery (Medical School); President’s Council Endowed Chair for Research University of Texas Health Science Center at San Antonio San Antonio, Texas; Diplomate, American Board of Endodontics George T-J Huang, DDS, MSD, DSc Chair and The Herbert Schilder Professor in Endodontics Director, Advanced Specialty Education Program in Endodontics Henry M. Goldman School of Dental Medicine Boston University Boston, Massachusetts; Diplomate, American Board of Endodontics Bradford R. Johnson, DDS, MHPE Director of Postdoctoral Endodontics Associate Professor Department of Endodontics College of Dentistry University of Illinois at Chicago Chicago, Illinois; Diplomate, American Board of Endodontics William T. Johnson, DDS, MS Richard E. Walton Professor and Chair Department of Endodontics College of Dentistry University of Iowa Iowa City, Iowa; Diplomate, American Board of Endodontics Karl Keiser, DDS, MS, FICD, FACD Clinical Associate Professor Department of Endodontics University of Texas Health Science Center San Antonio, Texas; Diplomate, American Board of Endodontics David G. Kerns, DMD, MS Professor and Director of Graduate Periodontics Department of Periodontics Baylor College of Dentistry Texas A & M Health Science Center Dallas, Texas Päivi Kettunen, DDS, PhD Professor Group Leader, Craniofacial Developmental Biology Group Department of Biomedicine Faculty of Medicine and Dentistry University of Bergen Bergen, Norway Gary R. Hartwell, DDS, MS Professor and Chair Department of Endodontics New Jersey Dental School Newark, New Jersey; Diplomate, American Board of Endodontics James C. Kulild, DDS, MS Professor and Program Director Advanced Specialty Education Program in Endodontics School of Dentistry University of Missouri–Kansas City Kansas City, Missouri; Diplomate, American Board of Endodontics Gunnar Hasselgren, DDS, PhD Professor and Director Postdoctoral Endodontics College of Dental Medicine Columbia University New York, New York Alan S. Law, DDS, PhD Private Practice Lake Elmo, Minnesota; Diplomate, American Board of Endodontics Linda Levin, DDS, MS, PhD Adjunct Associate Professor Department of Endodontics University of North Carolina School of Dentistry Chapel Hill, North Carolina; Diplomate, American Board of Endodontics Martin D. Levin, DMD Adjunct Associate Professor Department of Endodontics University of Pennsylvania School of Dental Medicine; Adjunct Associate Professor Department of Postgraduate Endodontics Nova Southeastern University College of Dental Medicine Ft. Lauderdale, Florida; Private Practice Chevy Chase, Maryland; Diplomate, American Board of Endodontics Roger P. Levin, DDS Chairman and Chief Executive Officer Levin Group, Inc. Owing Mills, Maryland Louis M. Lin, BDS, DMD, PhD Professor and Director of Advanced Education in Endodontics New York University College of Dentistry New York, New York; Former Chairman of Division of Endodontics University of California at Los Angeles School of Dentistry Los Angeles, California; Diplomate, American Board of Endodontics Henrietta L. Logan, MA, PhD Professor Department of Community Dentistry and Behavioral Science University of Florida Gainesville, Florida Keijo Luukko, PhD, DDS Professor Department of Biomedicine Faculty of Medicine and Dentistry University of Bergen Bergen, Norway Donna Mattscheck, DMD Private Practice of Endodontics Billings, Montana; Diplomate, American Board of Endodontics Thomas V. McClammy, DMD, MS, PC Private Practice of Endodontics Scottsdale, Arizona Zvi Metzger, DMD Associate Professor, Chair Department of Endodontology The Goldschleger School of Dental Medicine Tel Aviv University Tel Aviv, Israel Dale A. Miles, BA, DDS, MS, FRCD(C) Adjunct Professor University of Texas Health Science Center at San Antonio San Antonio, Texas; Adjunct Professor Arizona School of Dentistry and Oral Health Mesa, Arizona; CEO Digital Radiographic Solutions Fountain Hills, Arizona COLABORADORES Carl W. Newton, DDS, MSD, FACD, FICD Professor of Endodontics Department of Endodontics Indiana University School of Dentistry Indianapolis, Indiana; Diplomate, American Board of Endodontics Donald R. Nixdorf, DDS, MS Assistant Professor Division of TMD and Orofacial Pain School of Dentistry; Adjunct Assistant Professor Department of Neurology University of Minnesota Medical School Minneapolis, Minnesota John M. Nusstein, DDS, MS Assistant Professor and Chair Division of Endodontics The Ohio State University College of Dentistry Columbus, Ohio; Diplomate, American Board of Endodontics Christine I. Peters, DMD Associate Professor Department of Endodontics School of Dentistry University of the Pacific San Francisco, California Ove A. Peters, DMD, MS, PhD, FICD Professor Department of Endodontics Arthur A. Dugoni School of Dentistry University of the Pacific San Francisco, California Al W. Reader, DDS, MS Professor and Program Director, Advanced Endodontics Department of Endodontics College of Dentistry The Ohio State University Columbus, Ohio; Diplomate, American Board of Endodontics Isabela N. Rôças, DDS, MSc, PhD Adjunct Professor Department of Endodontics and Laboratory of Molecular Microbiology Faculty of Dentistry Estácio de Sá University Rio de Janeiro, Brazil Robert S. Roda, DDS, MS Adjunct Assistant Professor Department of Endodontics Baylor College of Dentistry Dallas, Texas; Private Practice Limited to Endodontics Scottsdale, Arizona; Diplomate, American Board of Endodontics Paul A. Rosenberg, DDS Professor and Chair Ignatius N. and Sally Quartararo Department of Endodontics New York University College of Dentistry New York, New York; Private Practice Limited to Endodontics New York, New York; Diplomate and Former Director, American Board of Endodontics Louis E. Rossman, DMD Clinical Professor Department of Endodontics University of Pennsylvania School of Dental Medicine; Private Practice Philadelphia, Pennsylvania; Diplomate, American Board of Endodontics Avishai Sadan, DMD Dean, G. Donald and Marian James Montgomery Professor of Dentistry Herman Ostrow School of Dentistry University of Southern California Los Angeles, California Asgeir Sigurdsson, Cand Odont, MS Adjunct Associate Professor Department of Endodontics University of North Carolina at Chapel Hill Chapel Hill, North Carolina; Honorary Clinical Teacher in Endodontology UCL Eastman Dental Institute London, United Kingdom; Private Practice Reykjavik, Iceland; Diplomate, American Board of Endodontics José F. Siqueira, Jr., DDS, MSc, PhD Professor and Chairman Department of Endodontics and Laboratory of Molecular Microbiology Faculty of Dentistry Estácio de Sá University Rio de Janeiro, Brazil Martin Trope, DMD, FICD, FACD Private Practice Philadelphia, Pennsylvania; Diplomate, American Board of Endodontics Frank J. Vertucci, DMD Professor and Chairman Department of Endodontics College of Dentistry University of Florida Gainesville, Florida; Diplomate, American Board of Endodontics Merlyn W. Vogt, DDS Assistant Professor Department of Endodontics College of Dentistry University of Nebraska Medical Center Lincoln, Nebraska xi Richard E. Walton, DMD, MS Professor Department of Endodontics University of Iowa College of Dentistry Iowa City, Iowa; Diplomate, American Board of Endodontics Paula J. Waterhouse, BDS (Hons), PhD, FDSRCS (Ed), FDS (Paed) RCS, FHEA Clinical Senior Lecturer in Child Dental Health School of Dental Sciences Newcastle University; Honorary Consultant in Pediatric Dentistry Newcastle Dental Hospital Newcastle upon Tyne, Tyne and Wear United Kingdom John M. Whitworth, PhD, BChD, FDS RCSEd, FDS RCS (Rest Dent) Newcastle University; Honorary Consultant in Restorative Dentistry Newcastle Dental Hospital Newcastle upon Tyne, Tyne and Wear United Kingdom Anne E. Williamson, DDS, MS Director, Advanced Education in Endodontics; Associate Professor Department of Endodontics University of Iowa College of Dentistry Iowa City, Iowa; Diplomate, American Board of Endodontics David E. Witherspoon, BDSc, MS Private Practice Dallas, Texas; Diplomate, American Board of Endodontics James Wolcott, DDS Clinical Assistant Professor University of Colorado School of Dentistry; Private Practice Colorado Springs, Colorado; Diplomate, American Board of Endodontics Edwin J. Zinman, DDS, JD Private Practice of Law; Editorial Board Journal of American Academy of Periodontology; Former Lecturer, Department of Stomatology University of California–San Francisco School of Dentistry San Francisco, California Dr. I.B. Bender Para um homem de baixa estatura, I. B. Bender foi um gigante em dar forma ao campo da endodontia. O Dr. Bender iniciou sua notável carreira como educador em 1942 no Medical Center Albert Einstein, na Filadélfia, e continuou com sua atividade apaixonada pelo ensino da endodontia pelos 61 anos seguintes. Foi autor de mais de 130 artigos em medicina e odontologia e coautor do clássico livro The Dental Pulp. Recebeu os prêmios mais prestigiados concedidos a endodontistas, também trabalhou como Presidente da American Association of Endodontists e como Diretor do American Board of Endodontics. Em 1989, o programa de residência em endodontia do Medical Center Albert Einstein, o homenageou batizando seu programa como I. B. Bender Division of Endodontics, e estabeleceu o Fundo I. B. Bender Research Endowment Fund. Extremamente versátil, I. B. era internacionalmente conhecido não apenas por seu conhecimento sem limites sobre literatura endodôntica e extraordinária percepção quanto aos aspectos biológicos de nossa especialidade, mas também por seu espírito e apreciável senso de humor, e a persistente busca por desafiar crenças “convencionais” e deixar a ciência nos levar para o futuro. I. B. era um homem sábio que uma vez disse: “A prática clínica da endodontia de ontem se torna a heresia de hoje, e a prática endodôntica de hoje se torna a heresia de amanhã. Portanto, não sejam rígidos quanto a nossas técnicas ou crenças”. I. B. se orgulhou muito em inspirar e imbuir seus estudantes com a paixão pela excelência da endodontia. Durante as palestras, ele era famoso por elogiar as respostas corretas com seu largo sorriso e uma inclinação da cabeça, enquanto apontava o dedo e dizia: “Você está Benderizado”. Ele sempre recebia bem um desafio ao status quo intelectual, e tinha grande prazer por um duelo de intelectos. I. B. sempre chamava a si mesmo de “o mais velho endodontista funcional vivo ... que ajudou a trazer o status da endodontia de ‘fora de casa’ para ‘dentro de casa’” Ele valorizava suas amizades íntimas e sempre finalizava suas anotações pessoais, com sua caligrafia inconfundível, assinando “Azever, I. B.” Em uma palestra realizada em 1995 na I. B. Bender Conference, “A Base Biológica e A Prática Clínica da Endodontia”, I. B. encerrou, declarando: “A implementação de pesquisa e de ensinamento ampliados é um meio pelo qual a endodontia poderá satisfazer as futuras demandas por seu serviço. O próprio serviço em uma especialidade não pode progredir. Outros desenvolvimentos em nossa disciplina virão de pessoas que podem tocar o amanhã.” E I. B. tocou o amanhã tocando nas vidas de todos nós. I. B. ajudou a modelar nosso passado, a direcionar nosso presente e a fornecer os fundamentos e a visão de nosso futuro dinâmico. Sua paixão inspiradora por conhecimento e excelência estabeleceu os padrões para as legiões de estudantes que sempre permanecerão em dívida com ele por definir o que um médico e um professor devem fazer pelos outros. Para comemorar esse modelo icônico de nossa especialidade, temos o prazer de dedicar esta 10a edição de Caminhos da Polpa ao Dr. I. B. Bender. Kenneth M. Hargreaves Stephen Cohen Louis H. Berman xiii Prefácio Os coeditores e o editor têm o prazer de apresentar a 10a edição de um livro-texto que tem evoluído continuamente desde 1976. Também temos o orgulho de anunciar o título desta nova edição, Cohen – Caminhos da Polpa, refletindo a liderança, a paixão e a capacidade do Dr. Stephen Cohen, que orientou a produção de todas as 10 edições. Esta nova edição foi totalmente atualizada e expandida para oferecer os mais recentes conhecimentos baseados em evidências clinicamente relevantes, enquanto também são introduzidos novos estimulantes capítulos sobre assuntos como Endodontia Regeneradora, Tecnologias de Feixe Cônico e Tratamento da Prática Endodôntica. A versão Expert Consult do livro também foi bastante ampliada, com conteúdo suplementar disponível apenas online. Como editores, sentimo-nos privilegiados e honrados em oferecer esta versão completamente atualizada e expandida do primeiro livro-texto interativo em odontologia que capacita o leitor a permanecer continuamente na “última moda” da endodontia. Seus comentários serão bem-vindos em qualquer ocasião. Kenneth M. Hargreaves Stephen Cohen Louis H. Berman xv Agradecimentos Trabalhar com uma equipe tão talentosa, paciente e altamente profissional na Elsevier tem sido uma experiência enriquecedora. No futuro, quando nos recordarmos do tempo que foi devotado ao desenvolvimento da 10a edição, sempre nos lembraremos com prazer das pessoas especiais com quem forjamos um vínculo por meio do trabalho árduo e como elas nos ajudaram em todos os níveis. Algumas das muitas pessoas a quem gostaríamos de expressar nossa gratidão incluem: ◆ John Dolan, Executive Editor ◆ Courtney Sprehe, Senior Development Editor ◆ Karen Rehwinkel, Senior Project Manager ◆ Jill Norath, Multimedia Producer ◆ Jessica Williams, Designer ◆ Jaime Pendill, Freelance Editor E, às muitas pessoas que ajudaram os colaboradores relacionados anteriormente, estendemos um sincero “Obrigado!” xvii Sobre a 10 a Edição Com a publicação desta 10a edição histórica, a equipe da Elsevier gostaria de agradecer ao Dr. Stephen Cohen os seus muitos anos de dedicação ao Caminhos da Polpa. Em reconhecimento à liderança do Dr. Cohen em fazer deste um texto consagrado mundialmente e por suas diversas contribuições no campo da endodôntica, a nova edição recebeu o nome de Cohen – Caminhos da Polpa. Caminhos da Polpa tem uma longa reputação de proporcionar um conteúdo de alto nível e abrangente que oferece as informações, os materiais e as técnicas mais atualizadas sobre endodontia ao público internacional. A 10a edição se baseia nesta sólida reputação, com um livro que tem mais do que nunca a oferecer! Colaboradores de renome de todo o país e do mundo inteiro oferecem perspectivas de grande conhecimento e expandem as observações realizadas por colaboradores anteriores. Fotografias e ilustrações em cores e uma grande variedade de radiografias demonstram claramente conceitos essenciais e reforçam os princípios e as técnicas fundamentais peculiares à especialidade da endodontia. CAPÍTULOS DESTA NOVA EDIÇÃO Capítulo 14: Patobiologia do Periápice, por Louis M. Lin e George T-J Huang. Este capítulo aborda tópicos como periodontite apical, infecção, periodontite apical assintomática (granuloma apical), a relação entre periodontite apical e doenças sistêmicas e a cura das lesões da periodontite apical. Capítulo 16: Endodontia Regeneradora, por Kenneth M. Hargreaves e Alan S. Law. Este capítulo descreve a base biológica para a regeneração do complexo polpa-dentina de dentes com polpas necróticas e revisa os procedimentos clínicos relatados até hoje sobre esse procedimento recém-surgido. Capítulo 22: Restauração do Dente Tratado Endodonticamente, por Didier Dietschi e Serge Bouillaguet. Os tópicos abrangidos por este capítulo incluem uma descrição das características físicas únicas dos dentes tratados endodonticamente, dos materiais de restauração, da avaliação pré-tratamento e estratégias de tratamento, e uma variedade de procedimentos clínicos, incluindo restaurações compostas diretas, facetamento, seleção de pinos e materiais principais, e muito mais. Capítulo 29: Imagens por Cone Beam em Procedimentos Endodônticos (online), por Dale A. Miles e Thomas V. McClammy. Com o recente advento do uso da tomografia computadorizada de feixe cônico no consultório dentário, este capítulo fornece mais informações sobre as capacidades radiográficas ampliadas disponíveis atualmente para o diagnóstico endodôntico e planejamento do tratamento. Capítulo 30: Princípios Fundamentais do Tratamento da Prática Endodôntica (online), por Roger P. Levin. Fornecendo o discernimento sobre marketing, desenvolvimento de equipe, tratamento do paciente e relações de encaminhamento, este capítulo descreve os sistemas de tratamento de endodontia e as metas necessárias para o desenvolvimento de uma prática endodôntica bem-sucedida. ORGANIZAÇÃO Como na edição anterior, a 10a edição é dividida em três partes: Parte I: A Arte da Endodontia; Parte II: A Ciência Avançada da Endodontia e Parte III: Tópicos Clínicos Relacionados. A Parte I começa com capítulos que se concentram no processo de desenvolvimento de um diagnóstico endodôntico, como efetivamente diagnosticar e tratar a odontalgia aguda e como identificar a dor de origem não odontogênica. O capítulo seguinte estuda o processo de seleção de casos e planejamento de tratamento, que é seguido por capítulos que preparam o clínico para o tratamento endodôntico, incluindo uma revisão completa do instrumental, da esterilização e desinfecção, quando adequado. O capítulo a seguir descreve a morfologia dentária e como ela se relaciona a técnicas cruciais para se obter acesso a todo o sistema do canal radicular. A seguir temos três capítulos que descrevem extensivamente os mais recentes instrumentos, materiais, técnicas e dispositivos usados para limpeza, moldagem e obturação de canal. O capítulo que conclui a Parte I aborda as responsabilidades legais do clínico e fornece orientação para se evitar potenciais problemas legais relativos ao atendimento ao paciente. A Parte II começa com um capítulo que reúne o conhecimento acerca de desenvolvimento, estrutura e função do complexo dentinapolpa e é seguido por um capítulo sobre como a polpa reage a diferentes estímulos, materiais e procedimentos dentários. A seguir, vêm capítulos sobre a patobiologia do periápice e os diversos aspectos de microbiologia endodôntica, com ênfase especial sobre os princípios subjacentes para um tratamento antimicrobiano seguro de infecções endodônticas. A Parte III começa com um novo capítulo sobre o campo da endodontia regeneradora, que está em rápida evolução, e continua com um capítulo que detalha o tratamento endodôntico necessário para otimizar a cura favorável dos diversos tipos de lesões dentárias traumáticas. O capítulo seguinte aborda a relação entre os tecidos pulpal e periodontal e o capítulo posterior apresenta o entendimento sobre os medicamentos utilizados em endodontia, principalmente como eles se relacionam ao tratamento farmacológico da dor odontogênica. O capítulo sobre cirurgia perirradicular estuda como este procedimento evoluiu para constituir um auxílio preciso, com base biológica, à terapia não cirúrgica de canal radicular, sendo seguido por um novo capítulo designado a auxiliar os clínicos a tomar decisões informativas sobre as opções de restaurações disponíveis para os dentes tratados endodonticamente. A Parte III é concluída com um capítulo que estuda as considerações especiais que devem ser apontadas ao se tratar pacientes geriátricos, pediátricos e medicamente comprometidos, seguido por um capítulo que fornece as informações necessárias para considerações adequadas xix xx SOBRE A 10 a EDIÇÃO ao planejamento do tratamento e à conduta de retratamento endodôntico não cirúrgico. Além dos 25 capítulos do texto, ainda existem cinco capítulos incluídos no Odonto Consult (em português) e no Expert Consult (em inglês), os componentes online do livro. Esses capítulos abordam tópicos como o tratamento do paciente odontológico medroso, a lei e a tecnologia odontológica, a função da tecnologia digital na prática, a tomografia computadorizada Cone Beam e o gerenciamento da prática endodôntica. As Referências Bibliográficas, também serão disponibilizadas no Odonto Consult. O Odonto Consult e Expert Consult também oferecem acesso a uma ampla faixa de tópicos essenciais educacionais e baseados na clínica. Introdução Sejam bem-vindos, leitores, a esta 10a edição do Caminhos da Polpa, um livro-texto reconceitualizado que une forma, conteúdo, impressão e formatos digitais para descrever e detalhar o futuro transformacional da endodontia. A primeira edição do Caminhos da Polpa foi publicada em 1976, com o objetivo de descrever em um único volume ilustrado a ciência básica e clínica daquilo que era então a especialidade emergente da endodontia. Nove edições mais tarde, continuamos a refinar e redefinir o escopo e a organização do nosso livro-texto para refletir e representar a ciência da endodontia que está sempre em transformação, e o cenário evolutivo da aprendizagem e comunicação. Agora publicado em 14 idiomas diferentes, Caminhos da Polpa é o mais abrangente e inovador livro-texto disponível sobre endodontia baseado em evidências. A partir da nona edição, Caminhos da Polpa tornou-se disponível a qualquer hora e em qualquer lugar para leitores por meio de uma versão online em inglês. Embora a forma e o formato do desenvolvimento do Caminhos da Polpa definam seu compromisso com a educação, a dedicação constante e abnegada de mais de 150 colaboradores para as 10 edições honra e estende nossa tradição de colaborar com os mais qualificados e respeitados autores, acadêmicos e pesquisadores em nosso campo. Trabalhar com todos os professores e cientistas dedicados que escrevem nossos capítulos continua a ser uma honra e um privilégio para os editores. Somos especialmente agradecidos ao Dr. Lou Berman, que com sua capacidade como webmaster tornou a nossa promessa de disponibilidade online e aspectos digitais uma realidade. Também estamos em débito com a Elsevier por sua disposição em explorar e apoiar maneiras cada vez mais dinâmicas e interessantes de transmitir conhecimento e de nos comunicarmos com nossos leitores. As nove edições anteriores de Caminhos da Polpa começaram com um capítulo sobre a história da endodontia e a história inspiradora da intensa ação recíproca entre a ciência básica e os cuidados clínicos que estabilizaram e certificaram nossa especialidade. A visão e a dedicação de nossos autores, que viveram aquela história, estão agora embutidas no campo e na prática da endodontia e citálos em separado provavelmente os distanciaria, em vez de trazê-los para perto de nós. O que nos conecta agora mais produtivamente e mais efetivamente a nosso passado celebrado é nosso compromisso em redefinir aquelas ações recíprocas críticas entre ciência básica e cuidados clínicos em termos de novas tecnologias, novas possibilidades e novas expectativas. Nesta 10a edição, mediante discussões baseadas em evidências em todos os nossos 30 capítulos, incluindo cinco que estão disponíveis apenas online, detalhamos, meticulosamente, o que uma vez foi encarado como ficção científica nos cuidados clínicos, está se tornando rapidamente um fato clínico de endodontia. A qualidade dos cuidados aos pacientes nunca foi tão aprimorada, desde a eficiência administrativa e a proteção à privacidade oferecidas aos pacientes por meio de registros médicos eletrônicos, até o grande aumento na eficácia no tratamento da infecção, por meio de PCR em tempo real. Uma amostragem dos desenvolvimentos inovadores e modificadores de paradigmas delineados nesta edição inclui o seguinte: ◆ Dispositivos mais precisos para determinar a vitalidade e inflamação da polpa ◆ Controle maior da duração da anestesia local caso a caso ◆ Limpeza e modelagem do canal radicular em menos de 5 minutos com um único dispositivo ◆ Regeneração da polpa para substituir a obturação do canal ◆ Aceleração não cirúrgica da remineralização de lesões periapicais através do forame apical Como clínicos, devemos unir esta rica convergência de descoberta e invenção a um comprometimento igualmente rico de aprendizado contínuo, expondo-nos a toda a ciência que nosso campo tem a oferecer. Esta é nossa tarefa para nossos autores, esta é nossa responsabilidade para nossos pacientes e este é nosso presente para nós mesmos. À medida que concluo esta introdução, recordo-me de meus 35 anos como editor de Caminhos da Polpa. É com completa confiança e grande animação que eu passo a edição deste livro ao Dr. Kenneth Hargreaves, que é um cientista, educador e clínico altamente qualificado e bem-sucedido. Estou profundamente agradecido pelo privilégio da edição e contribuição para Caminhos da Polpa. Ele tem sido um verdadeiro trabalho de amor, que tem me permitido desfrutar minha paixão pela ciência e meu amor pelo ensino. Talvez mais importante, contudo meu trabalho como editor me ensinou o significado da prática da endodontia, uma verdadeira arte que cura. Stephen Cohen xxi Sumário PARTE I: A ARTE DA ENDODONTIA 1 Diagnóstico, 2 Louis H. Berman e Gary R. Hartwell 2 4 14 15 Diagnóstico da Odontalgia de Origem não Odontogênica, 46 Donna Mattscheck, Alan S. Law e Donald R. Nixdorf PARTE III: TÓPICOS CLÍNICOS RELACIONADOS Seleção de Casos e Plano de Tratamento, 66 16 Preparo para o Tratamento, 82 Instrumental e Esterilização, 116 Paul D. Eleazer 7 Morfologia Dentária e Preparo do Acesso Cavitário, 128 Frank J. Vertucci e James E. Haddix 8 Instrumentos, Materiais e Aparelhos, 212 Zvi Metzger, Bettina Basrani e Harold E. Goodis 9 Limpeza e Modelagem do Sistema de Canais Radiculares, 265 Ove A. Peters e Christine I. Peters 10 Obturação do Sistema de Canais Radiculares Limpos e Modelados, 324 William T. Johnson e James C. Kulild 11 Registros e Responsabilidades Legais na Endodontia, 359 Edwin J. Zinman Estrutura e Funções do Complexo DentinoPulpar, 418 Keijo Luukko, Päivi Kettunen, Inge Fristad e Ellen Berggreen Endodontia Regeneradora, 550 Kenneth M. Hargreaves e Alan S. Law 17 O Papel da Endodontia após o Traumatismo Dentário, 565 Asgeir Sigurdsson, Martin Trope e Noah Chivian 18 Inter-relações Endodônticas e Periodontais, 598 David G. Kerns e Gerald N. Glickman 19 Farmacologia em Endodontia, 613 Karl Keiser e B. Ellen Byrne 20 Anestesia Local em Endodontia, 630 Al W. Reader, John M. Nusstein e Kenneth M. Hargreaves 21 Cirurgia Perirradicular, 654 Bradford R. Johnson, Mohamed I. Fayad e David E. Witherspoon 22 Restauração do Dente Tratado Endodonticamente, 702 Didier Dietschi, Serge Bouillaguet e Avishai Sadan 23 Endodontia em Odontopediatria: Tratamento Endodôntico na Dentição Decídua e Permanente Jovem, 731 Paula J. Waterhouse, John M. Whitworth, Joe H. Camp e Anna B. Fuks PARTE II: A CIÊNCIA AVANÇADA DA ENDODONTIA 12 Microbiologia e Tratamento de Infecções Endodônticas, 512 José F. Siqueira, Jr e Isabela N. Rôças Gerald N. Glickman e Merlyn W. Vogt 6 Patobiologia do Periápice, 486 Louis M. Lin e George T-J Huang Paul A. Rosenberg e Jared C. Frisbie 5 Reações Pulpares à Cárie e aos Procedimentos Odontológicos, 464 Ashraf F. Fouad e Linda Levin Controle das Emergências Endodônticas, 38 James Wolcott, Louis E. Rossman e Gunnar Hasselgren 3 13 24 Efeitos da Idade e da Saúde Sistêmica sobre a Endodontia, 776 Carl W. Newton e Jeffrey M. Coil 25 Retratamento não Cirúrgico, 807 Robert S. Roda e Bradley H. Gettleman NOTA DO EDITOR: As referências bibliográficas estão no site www.elsevier. com.br/odontoconsult. Índice, 867 xxiii 66 PARTE I CAPÍTULO • A ARTE DA ENDODONTIA 4 Seleção de Casos e Plano de Tratamento PAUL A. ROSENBERG e JARED C. FRISBIE SUMÁRIO DO CAPÍTULO ACHADOS MÉDICOS ROTINEIROS QUE PODEM INFLUENCIAR NO PLANEJAMENTO DO TRATAMENTO ENDODÔNTICO Doenças Cardiovasculares Diabetes Gravidez Câncer Terapia de Bisfosfonados Vírus da Imunodeficiência Humana e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida Doença Renal em Fase Terminal e Diálise Implantes Protéticos Transtornos Psiquiátricos e Comportamentais Avaliação Psicossocial O processo de seleção de casos e plano de tratamento começa após um clínico ter diagnosticado um problema endodôntico. O clínico deve determinar se, para a saúde bucal do paciente, é melhor a realização do tratamento endodôntico ou a extração do dente afetado. O uso de instrumentos rotatórios, do ultrassom, da microscopia e de novos materiais tornou possível o prognóstico do aproveitamento de um dente que anteriormente não poderia ser tratado. Mesmo dentes em que ocorreram insucessos no tratamento endodôntico inicial podem, na maioria das vezes, ser retratados com sucesso, utilizando-se técnicas cirúrgicas ou não. O crescente conhecimento sobre a importância do controle de ansiedade, da pré-medicação com drogas anti-inflamatórias não esteroidais (AINES), da anestesia local profunda, do ajuste oclusal apropriado e de procedimentos clínicos biologicamente embasados habilita o clínico a realizar procedimentos endodônticos sem a ocorrência de dor durante e após o tratamento. Questões pertinentes ao aproveitamento do dente e a um possível encaminhamento somente podem ser respondidas após uma completa avaliação do paciente. A avaliação deve incluir a coleta de informações médicas, psicossociais e odontológicas, bem como uma consideração da relativa complexidade do procedimento endodôntico. Embora a maioria das condições médicas não contraindique o tratamento endodôntico, algumas podem influenciar o curso desse tratamento e requerer modificações específicas. A literatura disponível é bastante útil para embasar a possibilidade de tratamento em pacientes sistemicamente comprometidos.32,40,78 A American Academy of Oral Medicine (Edmonds, WA) tem um excelente website (http://www.aaom.com/), 66 AVALIAÇÃO ODONTOLÓGICA E DESENVOLVIMENTO DE PLANO DE TRATAMENTO ENDODÔNTICO Considerações Periodontais Considerações Cirúrgicas Considerações Inerentes à Restauração Protética Tratamento Endodôntico ou Implante Caso com Polpa Vital Caso com Polpa não Vital Sessão Única versus Tratamento em Múltiplas Sessões Caso de Retratamento Dentes com Ápices Incompletos Outros Fatores que Podem Influenciar a Seleção do Caso Endodôntico que pode ser consultado para difundir informações sobre pacientes medicamente comprometidos. Talvez o mais importante conselho para o cirurgião-dentista que planeja tratar um paciente sistemicamente comprometido é estar preparado para se comunicar com o médico do paciente. O tratamento proposto pode ser revisto e recomendações médicas devem ser documentadas. A Figura 4-1 descreve um exemplo de carta de consulta ao médico do paciente, que pode ser modificada caso necessário. O sistema de Classificação do Estado Físico do Paciente da Sociedade Americana de Anestesiologia (ASA; Park Ridge, IL) é comumente usado para expressar o risco médico (Quadro 4-1). O sistema de classificação da ASA continua sendo o método mais amplamente usado para classificar pacientes previamente à anestesia e, apesar de algumas limitações inerentes, ele é usado como um indicativo de risco peritratamento. Trata-se de um sistema de classificação geralmente aceito e útil para avaliação pré-tratamento do risco relativo que, no entanto, não sugere modificações apropriadas no tratamento. O clínico prudente, porém, deve ir além do sistema de classificação e obter mais informações do paciente e do médico, incluindo a aderência do paciente à medicação sugerida, a frequência das consultas médicas e a data da consulta mais recente. As perguntas típicas são as seguintes: Você toma a medicação como seu médico prescreveu? Ou Quando foi a última vez que você foi examinado por seu médico? Outros sistemas que têm sido propostos refletem melhor o crescente número de pacientes sistemicamente complexos tratados por clínicos, como os “norte-americanos que vivem mais”.31 Qualquer que seja o sistema de classificação utilizado, é preciso individualizar essas orientações gerais para o paciente a ser cuidado. CAPÍTULO 4 • Seleção de Casos e Plano de Tratamento 67 Michael White, MD 1 Walker Street Brown City, OK Caro Dr. White, Sua paciente, Srta. Mary Smith, apresentou-se para consulta em 10 de agosto de 2009, referente ao elemento 36. O dente está assintomático no momento, mas uma pequena (4 mm × 3 mm) e bem circunscrita área radiolúcida perirradicular associada à raiz palatina foi observada no exame radiográfico. A vitalidade do dente foi testada com uso de testes térmico e elétrico e diagnosticou-se necrose indicando uma causa odontogênica para lesão. O dente necessitará de tratamento endodôntico para ser mantido. O prognóstico de um tratamento endodôntico não cirúrgico neste caso é aconselhável. O plano de medicação para o tratamento deve incluir lidocaína com adrenalina para anestesia e ibuprofeno para controle da dor pós-operatória. Observando a história médica da paciente, há o relato de que ela foi tratada de um tumor maligno na tireoide por radioterapia. Ela não é capaz de fornecer mais informações específicas sobre seu tratamento. Eu gostaria de obter informação a respeito da possibilidade de a paciente submeter-se ao tratamento endodôntico neste momento. Entre em contato comigo caso haja alguma informação adicional em relação à possibilidade de realização do tratamento odontológico. Antecipadamente agradeço. Atenciosamente, Peter Jones, DDS FIG. 4-1 Exemplo de carta de consulta ao médico. QUADRO 4-1 Sistema de Classificação do Estado Físico do Paciente da Sociedade Americana de Anestesiologia P1: Normal, paciente saudável; não há necessidade de nenhuma alteração do tratamento odontológico P2: Paciente com doença sistêmica branda que não interfira na atividade diária ou que tenha um significativo fator de risco à saúde (p. ex., tabagismo, uso excessivo de álcool, obesidade excessiva) P3: Pacientes com doença sistêmica de moderada a grave que não incapacita, mas pode alterar a rotina diária P4: Pacientes com doença sistêmica grave que seja incapacitante e uma constante ameaça à vida De http://www.asahq.org/clinical/physicalstatus.htm Um meio alternativo de considerar a avaliação do risco é rever as seguintes questões: ◆ História de alergias ◆ História de interações medicamentosas, efeitos adversos ◆ Ansiedade (experiências anteriores e estratégia de controle) ◆ Presença de próteses valvares ou articulares, stents, marca-passos etc. ◆ Antibióticos necessários (profiláticos ou terapêuticos) ◆ Hemostasia (normal, esperada, modificação com o tratamento) ◆ Posição do paciente na cadeira ◆ Anestesia por infiltração ou bloqueio, com ou sem drogas vasoconstritoras ◆ Equipamentos significativos (radiografias, ultrassonografia, eletrocirurgia) ◆ Emergências (potencial de ocorrência, preparo) Uma revisão dessas questões fornece ao clínico dados básicos essenciais antes de iniciar o tratamento. ACHADOS MÉDICOS ROTINEIROS QUE PODEM INFLUENCIAR NO PLANEJAMENTO DO TRATAMENTO ENDODÔNTICO Doenças Cardiovasculares Pacientes portadores de algumas doenças cardiovasculares são vulneráveis ao estresse físico e emocional que pode ocorrer durante o tratamento odontológico, inclusive a terapia endodôntica. Os pacientes podem estar confusos ou mal-informados em relação aos aspectos específicos das suas alterações cardiovasculares. Nestas situações, a consulta com o médico do paciente é indispensável antes do início do tratamento endodôntico. Os pacientes que tiveram um infarto no miocárdio (i.e., “ataque cardíaco”) não devem ser submetidos a tratamento dentário eletivo antes de 6 meses após o problema. Isto porque os pacientes têm um aumento de suscetibilidade de repetidos infartos e outras complicações cardiovasculares, e podem estar usando uma medicação capaz de interagir potencialmente com o vasoconstritor do anestésico local. Além disso, o vasoconstritor não deve ser administrado em pacientes com angina pectoris instável ou em pacientes com hipertensão descontrolada, arritmias refratárias, recente infarto do miocárdio (menos que 6 meses), recente acidente vascular cerebral (menos que 6 meses), enxerto recente em artéria coronária (menos que 3 meses), falência cardíaca congestiva não controlada e hipertireoidismo não controlado. Os vasoconstritores podem interagir com alguns medicamentos anti-hipertensivos e devem ser prescritos somente após uma consulta com o médico do paciente. Por exemplo, vasoconstritores devem ser usados com cuidado em pacientes que 68 PARTE I • A ARTE DA ENDODONTIA fazem uso de digitálicos (p. ex., digoxina), porque a combinação destas drogas pode precipitar a ocorrência de arritmias. Os anestésicos locais com ou sem dose mínima de vasoconstritor são usualmente adequados para procedimentos endodônticos não cirúrgicos (Cap. 20).40 Uma revisão sistemática dos efeitos cardiovasculares da epinefrina concluiu que, embora a quantidade e a qualidade dos artigos pertinentes fossem problemáticas, o aumento do risco de eventos adversos em pacientes hipertensos não controlados foi pequeno e os eventos adversos relatados em associação ao uso de epinefrina na anestesia local foram mínimos.6 Outra revisão destacou as vantagens da inclusão de uma droga vasoconstritora na anestesia local e afirmou que “o controle da dor é significativamente diferente naqueles pacientes em que foi utilizado o anestésico local associado a um agente vasoconstritor”.12 Um paciente que tenha uma condição cardíaca específica pode ser suscetível a uma infecção nas válvulas cardíacas, causada por uma bacteremia. Essa infecção é denominada endocardite infecciosa ou bacteriana e é potencialmente fatal. A American Heart Association (AHA; Dallas, TX) fez emendas a suas recomendações em 2007 e recomendou a profilaxia antibiótica em pacientes portadores de próteses valvares cardíacas, com história de endocardite infecciosa e apresentando algumas anormalidades cardíacas congênitas.77 As recomendações específicas foram resumidas num guia referência pela American Association of Endodontists (AAE; Chicago, IL), encontrado on-line em http://www.aae.org/dentalpro/guidelines.htm. Como a AHA revisa periodicamente seu regime antibiótico profilático recomendado para procedimentos dentários, é essencial que o clínico se mantenha atualizado em relação a essa importante questão. Existe uma baixa submissão entre pacientes de risco a respeito do uso da cobertura sugerida por antibióticos antes do procedimento odontológico. Portanto, o clínico deve questionar os pacientes em relação à sua cooperação com a prescrição de uma cobertura antibiótica profilática antes da terapia endodôntica. Se o paciente não fez uso do antibiótico, este pode ser administrado até 2 horas após o procedimento.77 Os pacientes com válvulas cardíacas artificiais são considerados altamente suscetíveis à endocardite bacteriana. Portanto, é essencial a consulta ao médico destes pacientes em relação à pré-medicação antibiótica. Alguns médicos preferem administrar antibióticos por via parenteral além da, ou em vez da, administração por via oral. O enxerto arterial coronariano é uma forma comum de cirurgia cardíaca. Os vasoconstritores devem ser preferencialmente minimizados durante os 3 primeiros meses após a cirurgia, para evitar a possibilidade de precipitar o surgimento de arritmias. De uma forma geral, estes pacientes não requerem profilaxia antibiótica nos meses iniciais do restabelecimento, a não ser que haja outras complicações.77 O cirurgião-dentista pode ser o primeiro a detectar um aumento da pressão arterial se ele rotineiramente avaliar a pressão arterial antes do tratamento. Além disso, os pacientes que fazem tratamento para hipertensão podem não estar controlados adequadamente devido à não cooperação do paciente ou à terapia medicamentosa inadequada. Pacientes com quadros de pressão arterial anormal devem ser indicados para encaminhamento médico. Existem poucas condições em que o tratamento odontológico pode trazer sérios danos ou resultar na morte do paciente. Todavia, um ataque cardíaco agudo durante um procedimento dentário estressante em um paciente com uma desordem valvular significativa e falência cardíaca, ou o desenvolvimento de endocardite bacteriana representam duas semelhantes alterações de risco à vida.67 A avaliação cuidadosa da história médica do paciente, incluindo a situação cardíaca, e o uso de profilaxia antibiótica apropriada e de manobras para redução do estresse minimizarão o risco de sequelas cardíacas mais graves. Há uma crença generalizada entre dentistas clínicos e médicos de que a terapia anticoagulante oral em que os pacientes fazem uso de drogas como a warfarina (Coumadin) deve ser suspensa antes do tratamento dentário para prevenir complicações hemorrágicas graves, especialmente durante e após procedimentos cirúrgicos. A aspirina é uma droga comumente usada como anticoagulante numa base diária sem a supervisão de um médico. Os estudos clínicos não apoiam a suspensão rotineira da terapia anticoagulante antes do tratamento dentário em pacientes que estejam fazendo uso dessas medicações.35,40 Pacientes que relatem estar fazendo uso de uma medicação anticoagulante podem se beneficiar da adoção pelo clínico das seguintes orientações: ◆ Identificar a razão pela qual o paciente está recebendo a terapia anticoagulante ◆ Avaliar o potencial de risco versus o benefício da alteração no regime medicamentoso ◆ Conhecer os testes laboratoriais usados na avaliação dos níveis de anticoagulantes (i.e., valores da razão normalizada internacional [RNI] em pacientes em terapia com warfarina) ◆ Familiarizar-se com os métodos usados para a obtenção da hemostasia, tanto durante quanto após o tratamento ◆ Familiarizar-se com as complicações potencialmente associadas a um tempo de sangramento prolongado ou não controlado ◆ Entrar em contato com o médico do paciente para discutir o tratamento dentário proposto e determinar a necessidade de alterar o regime anticoagulante Outra complicação cardíaca pode ocorrer em pacientes que apresentam doença de Hodgkin ou câncer de mama, que recebem frequentemente radioterapia do tórax como parte do tratamento. Embora frequentemente cure a condição maligna, a terapia foi apontada como responsável por causar uma cardiopatia de início tardio que pode influenciar no desenvolvimento de um plano de tratamento e o tratamento subsequente. A irradiação terapêutica do tórax acarreta a inclusão inadvertida do coração no campo irradiado. Alguns pacientes podem apresentar alterações patológicas nas válvulas cardíacas, que podem predispô-los à endocardite e/ou à aterosclerose acelerada da artéria coronária, que aumenta seu risco de vir a apresentar infarto do miocárdio fatal. Os clínicos precisam identificar os pacientes que receberam radioterapia torácica e consultar seus médicos para determinar se a terapia lesou as válvulas cardíacas ou as artérias coronárias. Pacientes que apresentem uma valvopatia induzida pela radiação podem necessitar do uso de antibióticos profiláticos ao se submeterem a procedimentos dentários específicos que causam reconhecidamente uma bacteremia e risco aumentado de endocardite. Pacientes portadores de doença arterial coronária induzida pela radiação devem receber apenas quantidades limitadas de drogas anestésicas locais associadas a uma droga vasoconstritora. Eles podem necessitar da administração de drogas sedativas e de medicações cardíacas para impedir episódios de isquemia. A consulta ao médico do paciente é uma conduta apropriada no caso de pacientes que tenham uma história que inclua uma radioterapia torácica.27 Diabetes O Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC, Atlanta, GA) relatou um aumento de 6% na incidência de diabetes melito nos Estados Unidos durante o ano de 2006.30 O aumento dramático tem sido associado ao considerável aumento da obesidade entre americanos durante os últimos 10 anos. O diabetes é a terceira maior causa de morte nos Estados Unidos e estima-se que quase 20 milhões de norte-americanos, representando 6,5% da população, tenham a doença.45 Ainda mais alarmante é o fato de que aproximadamente 6 milhões desses casos CAPÍTULO 4 • Seleção de Casos e Plano de Tratamento não foram diagnosticados. É provável que pacientes diabéticos que necessitem de tratamento endodôntico sejam cada vez mais comuns. O diabetes melito parece ter múltiplas causas e vários mecanismos de fisiopatologia.40 Pode ocorrer pela combinação de doenças que compartilham sintomas de tolerância à glicose. Os pacientes com diabetes, mesmo aqueles controlados, requerem cuidado especial durante o tratamento endodôntico. Em um paciente com diabetes controlado, livre de complicações sérias, como doença renal, hipertensão ou ateroscleroses coronárias, o tratamento endodôntico pode ser realizado sem maiores problemas. Entretanto, existem considerações especiais na presença de infecções agudas. O paciente não controlado por insulina pode precisar dela ou alguns pacientes insulino-dependentes podem necessitar de aumento da dose.57 Quando a cirurgia é necessária, o contato com o médico do paciente é recomendável para balancear a dose de insulina, visando à profilaxia antibiótica, e para determinar a dieta necessária durante o período pós-tratamento. O clínico deve pedir aos pacientes diabéticos que monitoram os próprios níveis de glicose que tragam seu aparelho para a medida da glicose a cada consulta. Se os níveis de glicose pré-tratamento estiverem abaixo da faixa normal em jejum (80-120 mg/dL), pode ser apropriada a ingestão de uma fonte de carboidratos.72 Deve-se dispor de uma fonte de glicose (p. ex., comprimidos de glicose, suco de laranja ou refrigerantes) caso ocorram sinais de choque insulínico (reação hipoglicêmica causada pelo controle excessivo dos níveis de glicose).40 Os sinais e sintomas de hipoglicemia incluem confusão mental, tremores, agitação, diaforese e taquicardia.72 O clínico pode evitar uma emergência hipoglicêmica colhendo uma história completa e precisa do momento de administração e da quantidade da insulina do paciente e de suas refeições. As consultas devem ser agendadas de acordo com a alimentação normal do paciente e os horários da dose de insulina.57 O paciente com diabetes controlado que está sob controle glicêmico sem complicações sérias, como doença renal, hipertensão ou aterosclerose coronária cardíaca, pode receber qualquer tratamento odontológico indicado.45 Entretanto, pacientes que têm diabetes com sérias complicações sistêmicas podem necessitar de uma modificação no plano de tratamento.32 Além disso, estudos sugerem que o diabetes está associado à diminuição do sucesso do tratamento endodôntico em casos de lesões perirradiculares pré-tratamento.11,26 Esses pacientes podem precisar de um encaminhamento ao endodontista para considerações de tratamentos alternativos. Gravidez Embora a gravidez não se caracterize como contraindicação ao tratamento endodôntico, é necessário prever uma modificação no plano de tratamento para estes casos. A proteção do feto é uma preocupação primária quando a administração de radiação ionizante ou de drogas é considerada. De todos os cuidados de segurança associados à radiografia dental, tais como uso de filmes de alta velocidade, imagem digital, filtragem e colimação, o mais importante é o avental de chumbo com colar protetor da tireoide.7,76 Embora a administração de drogas durante a gravidez seja um assunto controverso, o Quadro 4-2 apresenta as drogas dentárias de uso comum efetivamente compatíveis tanto com a gravidez quanto com o aleitamento materno.40 A maior preocupação é que a droga possa atravessar a placenta e ser tóxica ou teratogênica ao feto. Somando-se a isso, alguma droga de ação depressiva respiratória pode causar hipóxia maternal, resultando em hipóxia fetal, lesões ou morte do bebê. De preferência, nenhuma droga deve ser administrada durante a gravidez, especialmente durante o primeiro trimestre. Se uma situação específica tornar a aplicação dessa regra 69 QUADRO 4-2 Lista Parcial de Medicamentos Normalmente Compatíveis com Aleitamento Materno ◆ Anestéscos locais, incluindo lidocaína, etidocaína e prilocaína ◆ Muitos antibióticos, incluindo penicilinas, clindamicina e ◆ ◆ ◆ ◆ azitromicina Acetaminofeno Aciclovir Prednisona Drogas antifúngicas, incluindo fluconazol e nistatina difícil, então o clínico deve consultar a literatura atual pertinente e discutir o caso com o médico e com a paciente.10,43,47 Além disso, há considerações para o período pós-parto, caso a mãe amamente o lactente. O dentista deve consultar o médico responsável pela paciente antes de prescrever qualquer medicação à mãe em período de amamentação. Considerações alternativas incluem o uso de doses mínimas de drogas, o armazenamento do leite materno antes do tratamento, a amamentação da criança antes do tratamento ou a sugestão do uso de leite não materno para a criança até que o tratamento com drogas esteja completo. São limitados os dados disponíveis sobre doses de drogas e os efeitos sobre leite materno. Em termos de plano de tratamento, o procedimento odontológico eletivo deve ser evitado durante o primeiro trimestre devido à potencial vulnerabilidade do feto. O segundo trimestre é o período mais seguro, dentro do qual se deve proceder à rotina de tratamento dentário. É melhor que se adiem até após o parto os procedimentos cirúrgicos complexos. Câncer Alguns tipos de câncer podem se difundir para os maxilares e simular lesões endodônticas, enquanto outros podem ser lesões primárias (Fig. 4-2). Uma radiografia panorâmica é útil por oferecer uma visão geral de todas as estruturas dentais. Quando o clínico inicia o tratamento endodôntico em um dente com uma imagem radiolúcida apical bem definida, esta deve ser interpretada como resultado de uma polpa necrótica. Os testes pulpares são essenciais para a confirmação da vitalidade da polpa nesses casos. Uma resposta pulpar positiva nesses casos é indicativa de uma lesão não odontogênica. O exame cuidadoso de radiografias pré-tratamento em diferentes angulações é importante, visto que não ocorre uma mudança na posição de uma lesão perirradicular de origem endodôntica, em relação ao ápice, em várias tomadas radiográficas. Um website muito útil para o diagnóstico diferencial de lesões radiográficas (Oral Radiographic Differential Diagnosis [ORAD] II) foi criado pelo Dr. Stuart White e está disponível on-line em http://www. orad.org/index.html. Um diagnóstico definitivo de osteíte perirradicular somente pode ser feito após a realização de uma biópsia. Quando existe discrepância entre o diagnóstico inicial e os achados clínicos, a consulta a um endodontista é recomendável. Pacientes submetidos à quimioterapia ou à radioterapia em região de cabeça e pescoço podem ter cicatrização lenta. O tratamento deve ser iniciado somente após o médico do paciente ser consultado. A decisão de tratar endodonticamente ou extrair o dente de pacientes pré-irradiados muitas vezes requer o diálogo entre o dentista e os médicos de tais pacientes. O efeito da radiação no osso normal é a diminuição do número de osteócitos, osteoblastos e células endoteliais, causando assim uma redução do fluxo sanguíneo da região. A polpa dental pode se tornar 512 PARTE II CAPÍTULO • A CIÊNCIA AVANÇADA DA ENDODONTIA 15 Microbiologia e Tratamento de Infecções Endodônticas JOS É F. SIQUEIRA JR e ISABELA N. R Ô Ç AS SUMÁRIO DO CAPÍTULO PERIODONTITE APICAL COMO DOENÇA INFECCIOSA VIAS DE INFECÇÃO DO CANAL RADICULAR MECANISMOS DA PATOGENICIDADE MICROBIANA E FATORES DE VIRULÊNCIA BIOFILME E A PATOGÊNESE MICROBIANA BASEADA EM COMUNIDADE Biofilmes e Interações Bacterianas Estilo de Vida da Comunidade de Biofilmes Resistência a Agentes Antimicrobianos Sensor de Quórum – Intercomunicação Bacteriana MÉTODOS PARA A IDENTIFICAÇÃO MICROBIANA Impacto dos Métodos Moleculares na Microbiologia Endodôntica TIPOS DE INFECÇÕES ENDODÔNTICAS DIVERSIDADE DA MICROBIOTA ENDODÔNTICA INFECÇÃO INTRARRADICULAR PRIMÁRIA Composição e Diversidade Microbiana Infecções Sintomáticas A periodontite apical é essencialmente uma doença inflamatória de etiologia microbiana, causada principalmente por infecção do sistema de canais radiculares.233 Embora fatores químicos e físicos possam induzir inflamação perirradicular, um grande corpo de evidência científica indica que a infecção endodôntica é essencial para a progressão e a perpetuação das diferentes formas de periodontite apical.23,110,160,287 A infecção endodôntica se desenvolve em canais radiculares destituídos de defesas do hospedeiro, ou como consequência de necrose pulpar (como sequela de cáries, trauma, doença periodontal ou procedimentos operatórios iatrogênicos) ou por remoção da polpa para tratamento. Embora os fungos e, mais recentemente, as arqueias e os vírus tenham sido encontrados em associação às infecções endodônticas,217,264,273,305 as bactérias são os principais micro-organismos envolvidos na patogênese da periodontite apical. Nos estágios avançados do processo infeccioso endodôntico, podem ser observadas organizações bacterianas similares a biofilmes aderidas às paredes dos canais.161,167,257 Portanto, existe uma tendência atual para incluir a periodontite apical na lista das doenças orais induzidas por biofilmes. As colônias bacterianas situadas no sistema de canais radiculares entram em contato com os tecidos perirradiculares por meio dos forames apical/lateral ou 512 Influência Geográfica Distribuição Espacial da Microbiota — Anatomia da Infecção Ecologia Microbiana e o Ecossistema do Canal Radicular Outros Micro-organismos nas Infecções Endodônticas INFECÇÕES ENDODÔNTICAS PERSISTENTES/ SECUNDÁRIAS Infecções Persistentes/Secundárias e Falha no Tratamento Bactérias no Canal Radicular – Etapa de Obturação Microbiota nos Canais Radiculares de Dentes Tratados INFECÇÕES EXTRARRADICULARES A TEORIA DA INFECÇÃO FOCAL TRATAMENTO DE INFECÇÕES ENDODÔNTICAS – BASE LÓGICA INFECÇÕES DO ESPAÇO FASCIAL TRATAMENTO DE ABSCESSOS E CELULITE ANTIBIÓTICOS SISTÊMICOS PARA INFECÇÕES ENDODÔNTICAS perfurações radiculares. Como consequência do encontro entre as bactérias e as defesas do hospedeiro, ocorrem alterações inflamatórias nos tecidos perirradiculares, originando o desenvolvimento de periodontite apical. Dependendo de vários fatores bacterianos e relativos ao hospedeiro, as infecções endodônticas podem originar periodontites apicais agudas ou crônicas. O objetivo principal do tratamento endodôntico é prevenir o desenvolvimento de periodontite apical ou, em casos nos quais a doença já estiver presente, criar condições adequadas para a regeneração do tecido perirradicular. Como a periodontite apical é uma doença infecciosa, a base lógica para o tratamento endodôntico é, inquestionavelmente, erradicar a infecção e/ou evitar que micro-organismos infectem ou reinfectem o canal radicular ou os tecidos perirradiculares. O princípio primordial de qualquer profissão na área de saúde é o completo entendimento da etiologia e da patogênese da doença, o que proporciona uma estrutura para o tratamento eficaz. Nesse contexto, entender os aspectos microbiológicos da periodontite apical é a base para a prática endodôntica de alta qualidade e fundamentada em sólido critério científico. Este capítulo focaliza os diversos aspectos da microbiologia endodôntica, incluindo aspectos patogênicos, taxonômicos, morfológicos e ecológicos. É dada ênfase especial CAPÍTULO 15 • Microbiologia e Tratamento de Infecções Endodônticas também aos princípios básicos para um tratamento antimicrobiano seguro das infecções endodônticas. PERIODONTITE APICAL COMO DOENÇA INFECCIOSA A primeira observação registrada de bactérias no canal radicular é datada do século XVII, realizada pelo holandês, construtor amador de microscópios Antony van Leeuwenhoek (1632-1723). Ele relatou que os canais radiculares de um dente cariado “estavam repletos de uma matéria amolecida” e que “a coisa toda” parecia estar viva,54 mas o papel dos “animálculos” de Leeuwenhoek na causa da doença era desconhecido na época. Decorreram quase 200 anos antes que essa observação fosse confirmada, e foi sugerida uma relação de causa e efeito entre as bactérias e a periodontite apical. Isso ocorreu especificamente em 1894, quando Willoughby Dayton Miller, um dentista norte-americano que trabalhava no laboratório de Robert Koch em Berlim, na Alemanha, publicou um estudo antológico sobre a associação entre as bactérias e a periodontite apical após a análise de amostras coletadas de canais radiculares.155 Através da bacterioscopia das amostras dos canais, ele encontrou células bacterianas das três morfologias básicas conhecidas na época: cocos, bacilos e espirilos (ou espiroquetas) (Fig. 15-1). Morfologicamente, a microbiota endodôntica estava claramente diferente nas partes coronária, média e apical do canal radicular. Foram encontradas altas incidências de espiroquetas nos casos de abscessos e suspeitou-se do papel etiológico dessas bactérias. A maioria das bactérias vistas por Miller ao microscópio de luz não puderam ser cultivadas utilizando a tecnologia disponível na época. Essas bactérias eram, por definição, anaeróbias, e passaram a ser cultivadas com sucesso cerca de 50 a 100 anos depois, com o advento das técnicas de cultura anaeróbica. Entretanto, atualmente reconhece-se amplamente que um grande número de espécies de bactérias, vivendo em diversos ambientes, ainda está para ser cultivado pela tecnologia atual,6,200 e o canal radicular não é exceção (a ser discutido adiante, neste capítulo). Com base nesses achados, Miller levantou a hipótese de que as bactérias eram os agentes causadores da periodontite apical. Aproximadamente 70 anos após o estudo clássico de Miller, suas suposições foram confirmadas através de um estudo realizado por Kakehashi et al.110 Esses autores investigaram a resposta das polpas dentárias de ratos convencionais e ratos germ-free após exposição às cavidades orais. Realizou-se avaliação histológica que revelou que, se, Fig. 2 Fig. 3 Fig. 4 Fig. 1 a b c FIG. 15-1 Ilustração do documento clássico de Miller mostrando diferentes formas bacterianas em uma amostra de canal radicular observada em microscópio. 513 por um lado, lesões de necrose pulpar e periodontite apical se desenvolveram em todos os ratos convencionais, por outro, as polpas dos ratos germ-free não apenas permaneceram vitais, mas também se regeneraram pela formação de tecido duro. Tecido de aspecto dentinoide selou a área de exposição e novamente isolou as polpas da cavidade oral. O importante papel das bactérias na etiologia da periodontite apical foi ulteriormente confirmado pelo estudo clássico de Sundqvist.287 Este autor aplicou técnicas avançadas de cultura anaeróbica para a avaliação das bactérias presentes nos canais radiculares de dentes cujas polpas se tornaram necróticas após sofrerem trauma. Foram encontradas bactérias apenas nos canais radiculares dos dentes que exibiram evidência radiográfica de periodontite apical, confirmando a etiologia infecciosa da doença. Bactérias anaeróbias foram responsáveis por mais de 90% dos isolados. Os achados do estudo de Sundqvist também serviram para demonstrar que, na ausência de infecção, o tecido pulpar necrótico por si só e o tecido estagnado dentro do canal radicular não podem induzir e perpetuar lesões de periodontite apical. Möller et al.160 também forneceram fortes evidências sobre as causas microbianas da periodontite apical. Seu estudo utilizando dentes de macacos demonstrou que somente polpas desvitalizadas que se apresentavam infectadas induziram lesões de periodontite apical, ao passo que polpas desvitalizadas e não infectadas mostraram a ausência de alterações patológicas significativas nos tecidos perirradiculares. Além de corroborar a importância dos micro-organismos para o desenvolvimento da periodontite apical, esse estudo também confirmou que o tecido pulpar necrótico por si só é incapaz de induzir e manter uma lesão de periodontite apical. VIAS DE INFECÇÃO DO CANAL RADICULAR Em condições normais, o complexo dentina-polpa é estéril e isolado da microbiota oral pelo esmalte e pelo cemento. Caso a integridade dessas camadas naturais seja violada (p. ex., como resultado de cárie, fraturas e rachaduras por trauma, procedimentos restauradores, raspagem e alisamento radicular, atrição, abrasão) ou esteja naturalmente ausente (p. ex., em decorrência da existência de espaços no revestimento de cemento na superfície cervical da raiz), o complexo dentina-polpa é exposto ao ambiente oral e desafiado pelos micro-organismos presentes nas lesões cariosas, na saliva que envolve a área exposta ou na placa dental formada sobre ela. Os micro-organismos oriundos dos biofilmes subgengivais associados à doença periodontal podem também ter acesso à polpa através dos túbulos dentinários na região cervical do dente e nos forames lateral e apical. Ou, ainda, podem ter acesso ao canal radicular em qualquer ocasião durante ou após a intervenção endodôntica profissional. Sempre que a dentina é exposta, a polpa corre risco de infecção como consequência da permeabilidade da dentina normal inerente a sua estrutura tubular (Fig. 15-2). Os túbulos dentinários atravessam toda a largura da dentina e possuem uma conformação cônica, com o diâmetro maior localizado próximo à polpa (medindo em média 2,5 µm) e o menor diâmetro, localizado na periferia, próximo ao esmalte ou ao cemento (medindo em média 0,9 µm).75 O menor diâmetro do túbulo é compatível com o diâmetro celular da maioria das espécies bacterianas orais, que geralmente varia entre 0,2 a 0,7 µm. Pode-se supor que, uma vez exposta, a dentina oferece um caminho de acesso livre para as bactérias atingirem a polpa através dos túbulos. Este não é necessariamente o caso. Demonstra-se que a invasão bacteriana dos túbulos dentinários ocorre mais rapidamente em dentes desvitalizados do que nos dentes vitais.164 Nos dentes vitais, o movimento externo 514 PARTE II • A CIÊNCIA AVANÇADA DA ENDODONTIA A B FIG. 15-2 Micrografias eletrônicas de varredura da dentina mostrando túbulos em secção transversal (A),e longitudinal (B) (A-B, ×850 e ×130, respectivamente). do fluido dentinário e o conteúdo dos túbulos (incluindo processos odontoblásticos, fibrilas de colágeno e a lâmina limitante em formato de bainha que reveste os túbulos) influenciam a permeabilidade dentinária e podem conceitualmente retardar a invasão intratubular pelas bactérias. Em decorrência da presença dos conteúdos tubulares, o diâmetro funcional ou fisiológico dos túbulos é de apenas 5% a 10% do diâmetro anatômico visualizado por microscopia.152 Outros fatores, como uma esclerose dentinária abaixo de uma lesão cariosa profunda, dentina terciária, smear layer e a deposição intratubular de fibrinogênio também reduzem a permeabilidade da dentina e, portanto, limitam ou mesmo impedem a progressão bacteriana para a polpa através dos túbulos dentinários.183 Moléculas de defesa do hospedeiro, como anticorpos e componentes do sistema de complemento, podem também estar presentes no fluido dentinário dos dentes vitais e podem auxiliar na proteção contra a invasão bacteriana profunda da dentina.3,172,173 Enquanto a polpa é vital, a exposição dentinária não representa uma rota significativa para infecção pulpar, exceto quando a espessura da dentina é consideravelmente reduzida e a permeabilidade da dentina é significativamente aumentada. A maior parte das bactérias do processo carioso é do tipo não móvel; elas invadem a dentina pela repetida divisão celular que empurra as células para os túbulos. As células bacterianas também podem ser forçadas para dentro dos túbulos através das pressões hidrostáticas desenvolvidas na dentina durante a mastigação.153 As bactérias dentro dos túbulos sob uma lesão cariosa profunda podem atingir a polpa mesmo antes da clara exposição pulpar.101 Como mencionado, supõe-se que a polpa não será infectada se ela ainda estiver vital e as poucas bactérias que a atingirem poderão ter pouca importância, pois a polpa vital poderá eliminar essa infecção passageira e rapidamente limpar ou remover os produtos bacterianos. Esse eficiente mecanismo de limpeza tende a evitar que agentes prejudiciais atinjam uma concentração suficientemente alta para induzir reações inflamatórias significativas.182 Por outro lado, se a vitalidade da polpa for comprometida e os mecanismos de defesa estiverem enfraquecidos, até mesmo poucas bactérias poderão desencadear infecção. Têm sido isoladas bactérias de dentes traumatizados com polpas necróticas e coroas aparentemente intactas.287,318 Sugere-se que as bactérias oriundas do sulco gengival ou das bolsas periodontais possam atingir os canais radiculares de dentes cujas polpas se tornam necróticas após trauma, através de vasos sanguíneos do periodonto — um fenômeno chamado anacorese.86 Entretanto, essa teoria nunca foi amparada por evidência científica. De fato, o trauma pode induzir exposição dentinária pela fratura da coroa ou pela formação de racha- duras no esmalte. Macro e microrrachaduras no esmalte podem estar presentes na maioria dos dentes (não apenas nos traumatizados), não necessariamente terminando na junção esmalte-dentina, mas aprofundando-se na dentina.142 Um grande número de túbulos dentinários pode ser exposto ao ambiente oral por uma simples rachadura. Essas rachaduras podem ser obstruídas por placa dental e proporcionar um portal de entrada para bactérias. Se a polpa permanecer vital após o trauma, a penetração das bactérias nos túbulos é neutralizada pelo fluido dentinário e pelo conteúdo tubular, como discutido anteriormente, e a saúde da polpa normalmente não é prejudicada. Mas, se a polpa se tornar necrótica como consequência do trauma, ela perderá a capacidade de autoproteção contra a invasão bacteriana e, independentemente da espessura da dentina, os túbulos dentinários se transformarão em verdadeiras avenidas através das quais as bactérias poderão atingir e colonizar a polpa necrótica. A exposição direta da polpa dental à cavidade oral é o caminho mais óbvio para a infecção endodôntica. As cáries são a causa mais comum de exposição pulpar, mas as bactérias também podem atingir a polpa por exposição pulpar direta, como resultado de procedimentos iatrogênicos ou trauma. O tecido pulpar exposto entra em contato direto com as bactérias orais oriundas das lesões cariosas, da saliva e/ ou da placa acumulada sobre a superfície exposta. Quase invariavelmente, as polpas expostas sofrerão inflamação e necrose e se tornarão infectadas. O tempo decorrido entre a exposição pulpar e a infecção de todo o canal é imprevisível, mas normalmente é um processo lento.45 A saída dos micro-organismos e seus produtos dos canais radiculares infectados através dos forames apical, lateral ou da furca, dos túbulos dentinários ou das perfurações radiculares iatrogênicas pode afetar diretamente os tecidos periodontais circundantes e ocasionar alterações patológicas nesses tecidos. Contudo, não existe consenso quanto ao contrário ser verdadeiro, ou seja, se os biofilmes subgengivais associados à doença periodontal podem diretamente causar doença pulpar. Conceitualmente, os micro-organismos presentes nos biofilmes da placa subgengival associados à doença periodontal poderiam atingir a polpa pelos mesmos caminhos pelos quais os microorganismos intracanais atingem o periodonto e poderiam, portanto, exercer efeitos nocivos sobre a polpa. Todavia, tem sido demonstrado que, embora alterações degenerativas e inflamatórias de diferentes graus possam ocorrer na polpa de dentes com periodontite marginal associada, a necrose pulpar, como consequência da doença periodontal, somente se desenvolve se a bolsa periodontal alcançar o forame apical, ocasionando dano irreversível aos vasos sanguíneos principais 598 PARTE III CAPÍTULO • TÓPICOS CLÍNICOS RELACIONADOS 18 Inter-relações Endodônticas e Periodontais DAVID G. KERNS e GERALD N. GLICKMAN SUMÁRIO DO CAPÍTULO INTERCOMUNICAÇÃO ENTRE O TECIDO PULPAR E O PERIODONTAL INFLUÊNCIA DA CONDIÇÃO PATOLÓGICA PULPAR NO PERIODONTO INFLUÊNCIA DA INFLAMAÇÃO PERIODONTAL NA POLPA CAMINHOS TEÓRICOS DA FORMAÇÃO DA LESÃO ÓSSEA Lesões Periodontais Primárias Lesões Periodontais Primárias com Envolvimento Endodôntico Secundário Lesões Combinadas Verdadeiras Lesões Pulpares e Periodontais Concomitantes DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Cistos Periodontais Laterais ALTERNATIVAS DE TRATAMENTO Erupção Forçada ou Extrusão Lesões Endodônticas Primárias Lesões Endodônticas Primárias com Envolvimento Periodontal Secundário As inter-relações entre as doenças pulpar e periodontal ocorrem primariamente devido às íntimas conexões anatômicas e vasculares entre a polpa e o periodonto; essas inter-relações têm sido tradicionalmente demonstradas usando critérios radiográficos, histológicos e clínicos. Os problemas pulpares e periodontais são responsáveis por mais de 50% das perdas dentárias.16 O diagnóstico é frequentemente desafiado, uma vez que estas doenças têm sido estudadas principalmente como entidades separadas, e cada doença primária pode simular características clínicas de outra doença. Alguns estudos sugerem que as duas doenças podem ter influências etiológicas na progressão uma da outra. O tecido pulpar sucumbe à degeneração devido a uma variedade de insultos, como cárie, procedimentos restauradores, agentes químicos e térmicos, trauma e doença periodontal. Quando os produtos da degeneração pulpar atingem o periodonto de suporte, eles podem levar a uma resposta inflamatória rápida caracterizada por perda óssea, mobilidade dentária e, algumas vezes, formação de fístula. Se isto ocorre na região apical, uma lesão perirradicular se forma. Se isto ocorre com extensão da inflamação para a crista óssea, uma periodontite retrógrada, com perda de inserção reversa, é formada. No entanto, a lesão formada tem pouca similaridade anatômica com um defeito induzido, como reposta aos irritantes produzidos pelo biofilme dental formado sobre a superfície radicular, nas periodontites. A doença periodontal, por outro lado, é de progressão lenta, podendo ter um efeito atrófico gradual na polpa dentária. A lesão periodontal indica um processo inflamatório nos tecidos periodontais 598 resultante do acúmulo do biofilme dental nas superfícies externas do dente. As pesquisas têm mostrado que a periodontite é caracterizada pela presença de inflamação localizada com degradação tecidual, diminuição na população celular, reabsorção, fibrose e necrose por coagulação.* A calcificação distrófica pode causar alguma degeneração na polpa e posteriormente influenciar a doença periodontal. Além disso, tratamentos periodontais como alisamento radicular ou curetagem extensos, uso de medicamentos locais e lesões ou feridas gengivais podem acelerar a inflamação pulpar de forma adicional, provocando o processo de doença inter-relacionado.70,76,77 Recentemente, tem sido mostrado que a doença periodontal está relacionada (e possivelmente mesmo é a causa) da doença pulpar, e que a doença pulpar pode causar lesões periodontais que, em última análise, se comportam diferentemente da periodontite destrutiva crônica. Os efeitos da doença periodontal na polpa e o potencial de cicatrização de certas lesões periodontais depois da terapia endodôntica têm sido extensamente documentados.† Este capítulo discute as intercomunicações entre os tecidos pulpar e periodontal, os efeitos da doença pulpar no periodonto, a doença periodontal e seus efeitos na polpa, assim como a classificação, o diagnóstico diferencial, o tratamento e o prognóstico dos problemas endodônticos e periodontais. *Referências 48, 53, 65, 70, 74 e 76. † Referências 7, 18, 45, 52, 67 e 77. CAPÍTULO 18 • Inter-relações Endodônticas e Periodontais T A B E L A 1 8-1 Incidência dos Canais de Furca Pesquisadores Técnicas Incidência Rubach e Mitchell (1965)65 Dentes seccionados 45% Lowman et al. (1973)52 Microscópio de dissecção Molares superiores 59% Molares inferiores 55% Burch e Hulen (1974)13 Corante radiopaco Canais acessórios de furca 76% Vertucci e Williams (1974)81 Corante de hematoxilina 46% Kirkham (1975)43 Corante radiopaco 23% Gutmann (1978)33 Corante de safranina Molares superiores 28,4% Molares inferiores 27,4% INTERCOMUNICAÇÃO ENTRE O TECIDO PULPAR E O PERIODONTAL Diversos possíveis caminhos entre a polpa e o periodonto que levam à interação do processo de doença em ambos os tecidos têm sido sugeridos. Eles incluem intercomunicações através de estruturas neurais (i.e., reflexo), canais laterais, túbulos dentinários, sulcos palatogengivais, ligamento periodontal, osso alveolar, forame apical e caminhos comuns de drenagem vasculolinfática. A via de intercomunicação mais evidente entre os dois tecidos é através do sistema vascular, como ilustrado anatomicamente pela presença do forame apical, dos canais laterais (acessórios) e dos túbulos dentinários.* Essas comunicações, quando existem, podem funcionar como caminhos potenciais para a reciprocidade inflamatória.13,33,45,47,52,65 O forame apical é o caminho mais direto de comunicação para o periodonto, mas não é a única via onde os tecidos pulpares e periodontais se comunicam um com o outro. Os canais laterais e acessórios, principalmente na área apical e na furca dos molares, também conectam a polpa dentária com o ligamento periodontal. A Tabela 18-1 lista a incidência dos canais de bifurcação. Eles têm sido sugeridos como um caminho direto entre a polpa e o periodonto e caracteristicamente contêm tecido conjuntivo e vasos que conectam o sistema circulatório da polpa com o do periodonto. Estudos têm demonstrado que a inflamação nos tecidos periodontais inter-radiculares pode se desenvolver após a indução da inflamação pulpar.69,70 A secção seriada de 74 dentes revelou que 45% dos canais acessórios estão presentes principalmente na região apical.65 Mais significativamente, os canais laterais acessórios em oito dentes estavam localizados mais coronariamente nas raízes. Entre eles, a conexão dos canais acessórios com as bolsas periodontais foi microscopicamente demonstrada em cinco dos espécimes. Um pesquisador introduziu corante de safranina dentro de 102 molares, colocados numa câmara * Referências 7, 18, 45, 52, 67, and 77. 599 a vácuo, e descobriu que 28% dos dentes tinham canais na furca, embora somente 10% do grupo total exibiram canais na superfície radicular lateral.33 Além do forame apical e dos canais laterais acessórios, os túbulos dentinários também têm sido sugeridos como outro caminho comum entre o periodonto e o tecido pulpar. Os túbulos dentinários contêm extensões citoplasmáticas ou processos odontoblásticos que se estendem dos odontoblastos na interface polpa-dentina à junção dentinaesmalte ou junção cemento-dentinária. Tem sido relatado que a câmara pulpar pode se comunicar com a superfície externa radicular através dos túbulos dentinários, especialmente quando o cemento está exposto.33,85 Os sulcos palatogengivais são anomalias de desenvolvimento dos incisivos superiores, sendo os incisivos laterais mais frequentemente afetados do que os centrais (4,4% versus 0,28%, respectivamente).84 Eles geralmente começam na fossa central, atravessam o cíngulo e se estendem apicalmente com distâncias variáveis. Geralmente, a incidência dos sulcos palatogengivais varia de 1,9% a 8,5%.26,84 Investigadores26 relataram que 0,5% dos dentes examinados tinha uma extensão do sulco palatogengival para o ápice radicular, contribuindo, portanto, para uma condição patológica endodôntica. Os sulcos radiculares vestibulares bilaterais também têm sido relatados nos incisivos superiores.41 A perfuração radicular cria uma comunicação entre o sistema de canais radiculares e o ligamento periodontal. Isto pode ocorrer como resultado da sobreinstrumentação durante os procedimentos endodônticos, da reabsorção radicular interna ou externa ou da cárie invadindo através do soalho da câmara pulpar. O prognóstico para dentes com perfuração radicular é, geralmente, determinado pela localização da perfuração, pelo tempo em que ela ficou sem selamento, pela capacidade de selar a perfuração, pela chance da criação de novas inserções e pela acessibilidade dos canais radiculares remanescentes. Os dentes que possuem perfurações no terço médio ou apical da raiz possuem maior chance de cicatrização. Quanto mais próximo a perfuração estiver do sulco gengival, especialmente dentro do terço coronário da raiz ou na região da furca, maior a probabilidade da migração apical do epitélio gengival iniciando uma lesão periodontal.4 Uma fratura vertical da raiz pode produzir radiograficamente um efeito de “rarefação” ao redor do dente.63 Uma bolsa periodontal profunda e a destruição localizada do osso alveolar são, frequentemente, relacionadas com fraturas radiculares de longa duração. A raiz fraturada pode imitar um perfil radiográfico de trauma oclusal, com perda localizada da lâmina dura, padrão trabecular alterado e um aumento do espaço do ligamento periodontal. O local da fratura fornece uma porta de entrada dos irritantes do sistema de canais radiculares para o ligamento periodontal circunjacente. As fraturas radiculares verticais podem contribuir para a progressão da destruição periodontal na presença da terapia endodôntica aparentemente bem-sucedida e de sítios periodontais estáveis. INFLUÊNCIA DA CONDIÇÃO PATOLÓGICA PULPAR NO PERIODONTO A patologia pulpar como causa da doença periodontal tem recebido muita atenção durante a última década. A degeneração pulpar resulta em resíduos necróticos, subprodutos bacterianos e outras toxinas irritantes que podem se mover em direção ao forame apical, causando destruição periodontal na região apical e com potencial de migração em direção à margem gengival. Pesquisadores denominaram este fenômeno de periodontite retrógrada para diferenciá-lo do processo de periodontite marginal, no qual a doença ocorre fisicamente da margem 600 PARTE III • TÓPICOS CLÍNICOS RELACIONADOS gengival em direção ao ápice radicular. Quando a doença pulpar progride além dos limites do dente, a inflamação se estende e afeta o aparato de inserção periodontal adjacente.73 Esse processo inflamatório frequentemente resulta na destruição do ligamento periodontal e na reabsorção do osso alveolar, do cemento e, até mesmo, da dentina. A infecção endodôntica tem sido considerada um fator de risco local modificador na progressão da periodontite, quando não tratada.23 Acredita-se que uma infecção periapical não resolvida pode sustentar o crescimento de patógenos endodônticos, e os produtos da infecção entrariam no periodonto através do ápice e dos canais laterais ou acessórios, assim como estimulariam a atividade osteoclástica. Isso pode levar à perda óssea e à consequente formação de bolsa periodontal. Além disso, os medicamentos (i.e., altas concentrações de hidróxido de cálcio, corticosteroides, antibióticos) usados na terapia do canal radicular podem irritar o aparato de inserção periodontal.10,11 No entanto, a natureza e a extensão da destruição periodontal dependem de diversos fatores, incluindo a virulência do estímulo irritante presente no sistema de canais radiculares (p. ex., microbiota, medicamentos e reações de corpo estranho), duração da doença e os mecanismos de defesa do hospedeiro.16 A pequena prevalência de lesões endo-pério indica que as patologias perirradiculares em geral têm pouco efeito na reabsorção óssea inflamatória localizada, visto que poucas lesões combinadas são vistas nos casos de periodontite apical. A capacidade do periodonto em regenerar o aparato de inserção perdido em dentes despolpados tem sido questionada, especialmente se esses dentes possuem o canal radicular obturado e estiverem desprovidos da camada de cemento. Um pesquisador sugeriu que os dentes tratados endodonticamente podem não responder do mesmo modo que os dentes não tratados aos procedimentos periodontais. Ele encontrou 60% da regeneração óssea dos defeitos periodontais em dentes não tratados endodonticamente, comparados com 33% do preenchimento do defeito em dentes tratados endodonticamente.66 Todavia, num estudo com macacos, outros pesquisadores relataram que todo o tecido do periodonto possui um potencial para regeneração depois da cirurgia periodontal, independentemente do estado da polpa (vital, obturada, com medicação ou aberta).20 Outro estudo relatou que o estado da polpa possui pouca influência na cementogênese inicial e que substâncias liberadas de certos materiais de obturação do canal radicular não alteram a deposição de novo cemento.61 Embora as infecções endodônticas estejam intimamente correlacionadas com as bolsas periodontais profundas e o envolvimento da furca nos molares inferiores, a relação causal entre as duas patologias ainda não foi estabelecida.39 Tem sido sugerido que o tratamento endodôntico deve ocorrer antes do tratamento das lesões de furca (i.e., regeneração óssea) para assegurar resultados bem-sucedidos. Não há evidência extensiva para provar esta hipótese, mas existe uma concordância geral de que, com o tratamento endodôntico adequado, a doença periodontal de origem pulpar pode cicatrizar. A questão de quando as infecções endodônticas exercem um papel importante afetando a saúde do periodonto permanece sem elucidação.57 INFLUÊNCIA DA INFLAMAÇÃO PERIODONTAL NA POLPA Clinicamente, não é incomum observar uma periodontite avançada alcançando o forame apical com necrose pulpar associada. Também se admite que a infecção oriunda de uma bolsa periodontal pode se disseminar para a polpa através dos canais acessórios, o que ocorre mais frequentemente na furca e próximo ao ápice dos dentes. Os pesquisadores demonstraram que a pulpite e a necrose pulpar podem ocorrer como resultado de uma inflamação periodontal envolvendo os canais apicais e acessórios.65 Além disso, os produtos e as toxinas bacterianas também podem ter acesso à polpa através dos túbulos dentinários expostos. A reação pulpar é influenciada não somente pelos estágios da doença periodontal, mas também pelo tipo de tratamento periodontal, como raspagem, alisamento radicular e administração de medicamentos.32 As lesões inflamatórias de severidade variada e o tecido pulpar necrótico são geralmente encontrados em dentes com canais amplos ou em casos em que a perda periodontal se estendeu ao ápice.32 Um pesquisador afirmou que durante a terapia periodontal os vasos sanguíneos que suprem a polpa através dos canais acessórios podem ser lesados.85 Outro estudo realizado em animais descobriu que 70% das raízes examinadas não mostraram alterações patológicas, embora 30% a 40% do periodonto estivesse perdido.8 Das raízes remanescentes, 30% mostraram somente pequeno infiltrado de células inflamatórias e/ou formação de dentina reparadora em áreas onde a polpa estava adjacente à raiz exposta pela destruição do periodonto. Essas mudanças teciduais foram frequentemente associadas com a reabsorção da superfície radicular, sugerindo que os túbulos dentinários devem estar expostos antes que a irritação possa ser transmitida. Essas observações sugerem que a presença de uma camada de cemento intacta é importante para a proteção da polpa de elementos tóxicos produzidos pela placa microbiota, de modo que a doença e os tratamentos periodontais devem ser considerados causas potenciais de pulpite e necrose pulpar. Também tem sido relatado que a polpa dos dentes com doença periodontal de longa duração desenvolve fibrose e várias formas de mineralização. Foi relatado que os canais associados a dentes com problemas periodontais são mais estreitos do que os canais de dentes sem envolvimento periodontal. Acredita-se que esse resultado é mais um processo reparador do que uma resposta inflamatória.7,49 Embora seja consensual a hipótese de que efeito direto da polpa inflamada ou degenerada possa existir sobre o periodonto, nem todos os pesquisadores concordam sobre o efeito da doença periodontal na polpa. Especificamente, as alterações inflamatórias e a necrose pulpar localizada têm sido observadas adjacentemente aos canais laterais em raízes expostas pela doença periodontal.65,69,70 Estudos adicionais falharam em confirmar a correlação direta entre a doença periodontal e as alterações teciduais pulpares.19,56,79 Quando as mudanças patológicas ocorrem na polpa como resultado de uma doença periodontal, a polpa geralmente não degenera enquanto o canal principal não for envolvido.48 Parece plausível admitir que a doença periodontal raramente coloca em risco a função vital da polpa. Geralmente, se o suprimento vascular através do forame apical permanece intacto, a polpa é usualmente capaz de resistir aos insultos fisiológicos induzidos pela doença periodontal. CAMINHOS TEÓRICOS DA FORMAÇÃO DA LESÃO ÓSSEA Para o clínico, a íntima relação entre a polpa e a doença periodontal é razoavelmente estabelecida em níveis clínicos e radiográficos. Como as interpretações variam em qual veio primeiro (o provérbio controverso “galinha ou ovo”), os dados clínicos colhidos nos problemas endodôntico e periodontal são frequentemente complexos, necessitando de revisão da história médica, teste de vitalidade pulpar, sondagem de furca e profundidade de bolsa, determinação da mobilidade dentária e exame minucioso das radiografias. Ao formular um diagnóstico diferencial, o clínico deve primeiro considerar os estados periodontal e pulpar do dente afetado. Se existir uma inter-relação entre as entidades patológicas, o tratamento apropriado deve consistir na remoção dos reais fatores causais e aperfeiçoar o prognóstico para CAPÍTULO 18 • Inter-relações Endodônticas e Periodontais 1o endo 2o perio 1o endo 2o perio 1o perio 601 perio perio endo 1o endo 1o endo, 2o perio A 1o perio 2o endo B Endo-perio combinadas verdadeiras endo Endo-perio concomitantes C FIG. 18-1 Os trajetos endodônticos e periodontais. A, Lesões endodônticas. O caminho da inflamação é através do forame apical, canais acessórios na área de furca e canais acessórios laterais para o periodonto. Isto resulta numa lesão endodôntica primária, algumas vezes progredindo para um envolvimento periodontal secundário. B, Lesões periodontais. Trata-se da progressão da periodontite através dos canais laterais e do ápice para induzir uma lesão endodôntica secundária. C, Lesões endodôntica e periodontal combinadas verdadeiras e lesões endodônticas e periodontais concomitantes. a manutenção do dente.72 A Figura 18-1 lista as inter-relações entre as doenças pulpar e periodontal. Lesões Endodônticas Primárias O processo de doença da polpa dentária frequentemente envolve mudanças inflamatórias. Cáries, procedimentos restauradores e lesões traumáticas são as causas mais comuns. Caracteristicamente, as lesões endodônticas reabsorvem osso apical e lateralmente e destroem o aparato de inserção adjacente a um dente não vital. Os processos inflamatórios no periodonto ocorrem como resultado de uma infecção do canal radicular não somente localizado no ápice, mas também ao longo dos aspectos laterais da raiz (Fig. 18-2) e nas áreas de furca dos dentes com duas e três raízes (Fig. 18-3). A ocorrência desses processos pode estar associada com os sinais clínicos da inflamação: dor, sensibilidade à pressão e à percussão, aumento da mobilidade dentária e edema da gengiva marginal, estimulando um abscesso periodontal. O processo supurativo pode causar um trato sinusal ao longo do espaço do ligamento periodontal ou através dos canais patentes (incluindo o forame apical e os canais laterais acessórios). Isto geralmente resulta numa abertura estreita do trato sinusal dentro do sulco gengival e numa bolsa que pode ser facilmente rastreada com um cone de guta-percha ou com uma sonda periodontal. Tal trato pode ser prontamente sondado até o ápice radicular, onde nenhum aumento da profundidade de bolsa existiria, em outras circunstâncias, ao redor do dente. Em dentes multirradiculares, uma fístula proveniente de lesão endodôntica pode drenar pela área da furca, e se assemelhar a um defeito de furca tranverso Grau III, decorrente do acometimento periodontal. Clinicamente, os procedimentos de teste endodôntico devem revelar uma polpa necrótica ou, em dentes multirradiculares, pelo menos uma resposta anormal, indicando que a polpa está se degenerando. Como a lesão primária é um problema endodôntico que meramente se manifestou através do ligamento periodontal, a resolução completa é geralmente alcançada após a terapia endodôntica não cirúrgica sem nenhum tratamento periodontal. FIG. 18-2 Lesão endodôntica primária. Molar inferior mostrando um material de obturação endodôntico se estendendo para a furca e ao longo da superfície radicular lateral devido ao preparo inadequado do canal. A furca pode ser sondada. Lesões Endodônticas Primárias com Envolvimento Periodontal Secundário Quando uma lesão de origem endodôntica não é tratada, geralmente a doença progredirá, levando à destruição do osso alveolar periapical e à progressão para dentro da área inter-radicular, causando destruição dos tecidos moles e duros adjacentes (Fig. 18-4). Como a drenagem persiste através do sulco gengival, o acúmulo de placa e cálculo na bolsa purulenta resulta em doença periodontal e posterior migração apical do aparato de inserção periodontal. Quando isto ocorre, não somente o diagnóstico se torna mais difícil, mas também o prognóstico e o tratamento podem ser alterados. Para fim de diagnóstico, observa-se