ECONOMIA SOLIDÁRIA: O CASO DO PROGRAMA “PROJETO ESPERANÇA/COOESPERANÇA”, SANTA MARIA,RS [email protected] Apresentação Oral-Políticas Sociais para o Campo LEARA DAMBRÓSIO ------; RITA INÊS PAETZHOLD PAULI. UFSM, SANTA MARIA - RS - BRASIL. ECONOMIA SOLIDÁRIA: O CASO DO PROGRAMA “PROJETO ESPERANÇA/COOESPERANÇA”, SANTA MARIA,RS Grupo de Pesquisa: Políticas Sociais para o Campo Resumo O presente artigo tem como objeto de estudo, fazer a diferenciação entre economia popular e economia popular solidária, mostrar alguns aspectos acerca da formação e o desenvolvimento da economia solidária no Brasil a partir dos anos de 1980, e caracterização histórica do desenvolvimento do programa “Projeto Esperança/Cooesperança” em Santa Maria, RS. A partir de informações da Secretaria Nacional de Economia Solidária, do Ministério do Trabalho e Emprego, realiza-se o Mapeamento de Economia Solidária no Brasil, mostrando a distribuição dos empreendimentos em todo o território nacional. O Programa “Projeto Esperança/Cooesperança”, Santa Maria, RS, inicia a partir de 1980, através da iniciativa de lideranças e pesquisadores da Diocese de Santa Maria, UFSM, EMATER e outras organizações, e é fundamentado no Livro “A Pobreza, Riqueza dos Povos”, obra de Albert Tévoédjré. Foi realizada uma pesquisa de campo junto às pessoas e famílias que compõem os grupos do Programa, sendo que os resultados e análises contribuíram para um conhecimento maior da situação sócio-econômica dos integrantes. Palavras-chaves:Economia Solidária; Renda; Inclusão Social; Programa “Projeto Esperança/Cooesperança. Abstract The proposal of the work is to distinguish the popular economy and the solidary popular economy, and some consideration. It also shows the formation and the development of the solidary economy in Brasil since the years 1980, and the historic characterization of the development of the program “Project Esperança/Cooesperança” in Santa Maria – R.S. The mapping of the Solidary Economy in Brasil is done through the National Secretary of Solidary Economy and the Ministery of Job, showing the distribution of the enterprises in all the national territory. The program “Project Esperança/Cooesperança”, Santa Maria – R.S, begins from 1980 on, through the Diocese of Santa Maria, UFSM, Emater and other organizatoions, and it is base on the book “A Pobreza, Riqueza dos Povos”, from Albert Tévoédjré. A search with the families and people who are part the groups of the Program was done and its results and analysis contributed to a larger knowledge of the socio-economic situation of the participants. Key Words :Solidary Esperança/Cooesperança. Economy; revenue; Social Inclusion; Program “Project 1. INTRODUÇÃO É sabido que o capitalismo atual, que tem como afirmação o pensamento neoliberal, que consiste na reestruturação dos meios e os modos de produção, adotadas nos últimos 15 anos, levou a uma forte redução sistemática do emprego/trabalho. Poderiam ser citadas algumas destas modificações no modo de produção capitalista, como o forte investimento em novas tecnologias de ponta: informática, micro eletrônica, micro mecânica, robótica, biotecnologia, etc., novas formas de gestão: qualidade total, círculos de controle de qualidade, reengenharia, etc. que na sua grande maioria, foram importadas do modelo japonês – o Toyotismo, a flexibilização financeira e das relações de trabalho, que na sua grande maioria financiadas e idealizadas pelo Banco Mundial, FMI, BIRD, etc, e as políticas econômicas adotadas tendo como objetivo a estabilização dos preços, levaram, consequentemente, a criação de um exército de reserva tanto industrial quanto terciário. Diante da crise estrutural do desemprego e das urgências por ele provocadas, surge um cenário que tem levado os setores populares a desenvolverem as mais variadas formas e atividades como alternativas de geração de renda e trabalho. A economia popular cresce, representando uma alternativa de sobrevivência a milhões de pessoas que se encontram excluídas do mercado de trabalho. O principio da solidariedade surge como uma saída para um sistema individualista competitivo que caracteriza a sociedade capitalista. As iniciativas de geração de trabalho e renda que tem como base a forma solidária e associativa tem se multiplicado em todo o território nacional e em outros países, chamando atenção dos poderes públicos, entidades de classe, ONG´s e Igrejas. A economia solidária utiliza-se dos instrumentos como desenvolvimento endógeno e sustentável, com iniciativas da autogestão, confiança mútua, cooperação, democracia, autosustentação, desenvolvimento humano e a responsabilidade social. Princípios fundamentais utilizados por organizações urbanas ou rurais, de produtores, de consumidores e de crédito. A economia solidária vem se transformando em um mecanismo gerador de trabalho e renda, pois as pessoas que participam destes empreendimentos são predominantemente trabalhadores de segmentos sociais de baixa renda, desempregados, ou em via de desemprego, trabalhadores do mercado informal ou subempregados e pelos empobrecidos. Na primeira subseção apresentam-se a diferenciação entre economia popular e economia popular solidária, pois a tendência a generalização destes conceitos pode levar-nos a equívocos de análise de determinadas iniciativas econômicas, principalmente na elaboração de políticas públicas para este setor, o da economia popular e solidária, pois como afirma Razeto ( 1993, p. 45) “ ...nem toda economia popular é economia solidária e nem toda a economia solidária é parte da economia popular.” Na segunda subseção é tratado a temática comercialização direta e a importância que assumem as feiras para a economia solidária no Brasil e RS, culminando com um traçado do perfil que apresenta a Economia Solidária no Brasil. Na terceira subseção é efetuada uma caracterização histórica do desenvolvimento do programa “Projeto Esperança/Cooesperança” em Santa Maria.-RS, deste a sua constituição até a atualidade, analisando à situação sócio-econômicas dos cooperados, após terem ingressado no programa. 2. CONCEITOS SOLIDÁRIA E CONSIDERAÇÕES SOBRE A ECONOMIA POPULAR 1.1 Economia Popular Economia popular é o conjunto de atividades econômicas e práticas sociais desenvolvidas pelos setores populares no sentido de garantir, com a utilização de sua própria força de trabalho e dos recursos disponíveis, a satisfação de necessidades básicas. A economia popular é composta por um determinado público, que abrange desde desempregados qualificados ou não, aos totalmente excluídos dos processos de desenvolvimento de tecnologias, dos programas sociais oficiais (saúde, habitação, educação, aposentadoria, etc), da distribuição de renda e do sistema econômico oficial. Trata-se de um setor autônomo, que muitas vezes passa por dificuldades, não apenas por serem pouco numerosos, mas em função de seu isolamento. A economia popular é fortemente heterogênea, podendo-se afirmar, segundo Tiriba apud Corrêa (1997) que são cinco os principais segmentos econômicos em que se encontram representados: 1) Soluções assistenciais e filantrópicas (mendicância, Programas Oficiais de assistência, etc); 2) Atividades ilegais e pequenos delitos (venda de drogas, prostituição, pequenos furtos,etc); 3) Iniciativas individuais não estabelecidas e informais (vendedores em geral, camelôs, etc); 4) Microempresas e pequenas oficinas e negócios de caráter familiar, individual ou de dois ou três sócios (as mais diversas formas de associativismo) ; 5) Organizações econômicas coletivas, populares e solidárias, como as Cooperativas. Segundo Razeto (1993), a economia popular é uma estratégia de sobrevivência à escolha de cada individuo que opta por uma ou mais das atividades acima citadas, sendo esta atividade geralmente encarada de forma transitória. Alguns não têm intenção de realizá-la para o resto de sua vida, é apenas uma “estratégia de sobrevivência”, que irá suprir suas necessidades básicas e imediatas. Observa-se de forma cada vez mais presente, sobretudo em grandes centros urbanos, uma grande parcela de jovens, crianças e adultos, que “inventam” qualquer atividade para sobreviver, como exemplos tem-se desde os malabarismos nos sinais de trânsito, homem-estátua nas praças, catadores de materiais recicláveis, vendedores de lanches, doces, salgados, etc. Essas pessoas, de forma individual ou associativa, contam somente com sua própria força de trabalho. 1.2 Economia Solidária A economia solidária é uma estratégia de luta dos excluídos, contra o desemprego, distribuição de renda e a exclusão social, em que seu processo “...aproveita a mudança nas relações de produção provocadas pelo grande capital para lançar os alicerces de novas formas de organização da produção, à base de uma lógica oposta àquela que rege o mercado capitalista, Tudo leva a acreditar que a economia solidária permitirá dar a muitos, que esperam em vão um novo emprego, a oportunidade de se reintegrar à produção por conta própria, ou coletivamente [...] ( FARID, 2002, p.23. apud SINGER, 1998). A economia solidária busca uma melhora na qualidade de vida, isto é, que essas pessoas através de seu conhecimento e trabalho tenham o básico necessário para a sua sobrevivência, desenvolvendo-se em valores éticos, de solidariedade, onde o capital, deixa de ser o agente que determina as relações sociais. O trabalho está fundamentado na solidariedade, na organização popular, na tecnologia das universidades e construção de políticas públicas, a caminho do desenvolvimento sustentável. As ações sociais são transformadoras, onde a teoria e a prática devem estar interligadas, sendo que mulheres e homens constroem um projeto novo de sociedade. A intenção dos projetos de economia solidária é a construção de uma sociedade justa, economicamente viável, ambientalmente sadia, organizada de forma cooperativa e politicamente democrática. Há que se pressupor uma compreensão mais ampla dos movimentos de economia solidária, que devem ser vistos como formas de resistência pois nem sempre vem acompanhados de apoio financeiro. Arruda, afirma que a economia almejada está começando a ser construída em muitos espaços no Brasil. É a economia em que o valor central não é mais o capital, mas sim o ser humano, a sua capacidade criativa, o seu conhecimento, o seu trabalho [...] ( ARRUDA, 2000, p.11 ) Singer, afirma que a economia solidária pode ser realmente uma alternativa e é uma estratégia de luta do movimento popular e operário contra o desemprego e a exclusão social. Para o autor:”... ela aproveita a mudança nas relações de produção provocada pelo grande capital para lançar os alicerces de novas formas de organização da produção, à base de uma lógica oposta àquela que rege o mercado capitalista. Tudo leva a acreditar que a economia solidária permitirá, ao cabo de alguns anos, dar a muitos, que esperam em vão um novo emprego, a oportunidade de se reintegrar à produção por conta própria individual ou coletivamente...”(SINGER, 2000 p. 138). Singer mostra que unidades básicas que compõem as economias solidárias são geralmente associações e cooperativas de produção, consumo, comercialização e crédito: economia solidária são formas de organização da produção, do consumo e do crédito feitas de forma democrática. Ou seja, as unidades são de posse coletiva e gerida por seus trabalhadores onde os direitos de decisão sobre a unidade ou sobre a empresa são idênticos. É a inclinação ao igualitarismo, onde o trabalho é claramente prioritário. ( SINGER, 1999, p. 01 ) 1.3 Economia Popular Solidária O conceito de Economia popular solidária aparece no inicio de 1990, Razeto define da seguinte maneira: [...] no campo da produção, comércio, financiamento de serviços etc. – que compartilham alguns traços constitutivos essenciais de solidariedade, mutualismo, cooperação e autogestão comunitária, que definem uma racionalidade especial, diferente das outras realidades econômicas ( RAZETO, 1993, p. 40 ) Economia Popular Solidária é a soma dos valores populares e solidários, centrada no desenvolvimento humano e voltada para o atendimento das necessidades coletivas, onde a pratica da autogestão e cooperação é fator em permanente construção, Gaiger (2000) descreve as seguintes características da economia popular solidária: a)compreende as alternativas econômicas para as quais acorrem indivíduos que vivem ordinariamente da venda da sua força de trabalho e nas quais encontram guarida as categorias sociais postas à margem dos sistemas convencionais de geração e distribuição da riqueza, ausentes no mercado e no Estado. b) essas práticas expressam uma reapropriação da experiência operária do trabalho, reconvertida por princípios de socialização e autogestão; majoritariamente, estão ancoradas na economia familiar dos setores populares, da qual são um prolongamento e onde encontram primariamente seu substrato e sua funcionalidade. [...] c) essas práticas econômicas populares inserem-se no fenômeno mais amplo da economia solidária ou alternativa, a qual abrange uma multitude de segmentos sociais, agentes e instituições. A economia solidária alinha-se como um movimento de crítica global ao sistema capitalista, porém de acentuada tendência a encetar iniciativas concretas, direcionadas ao desenvolvimento humano integral, isto é, individual, social e ecológico. (GAIGER, 2000. p. 5 ) A Economia Popular Solidária busca consolidar-se dentro de uma nova concepção de desenvolvimento baseado na integralidade e na sustentabilidade, na produção de bens úteis para a vida ou que atendam às necessidades básicas. É uma alternativa popular e democrática, contrapondo-se à lógica capitalista que incentiva a competição e o lucro desenfreado. Não é um empreendimento baseado na caridade e na filantropia, mas sim, em empreendimentos onde prevaleça uma nova prática nas relações de trabalho, centrada no desenvolvimento humano e voltada para o atendimento das necessidades coletivas, onde a pratica da autogestão e cooperação é o fator em permanente construção. A economia popular solidaria ultrapassa o econômico, promovendo o desenvolvimento de redes de solidariedade, que exerçam o preço justo, repartindo os benefícios entre todos de maneira eqüitativa. Atualmente a economia popular solidária expande-se de diferentes formas, como clubes de troca. Pois todo o negócio para o seu investimento precisa de um capital de giro, mas as condições de crédito oferecido pela rede bancária são com altas taxas de juros e um conjunto de exigências impostas, impossíveis de serem satisfeitas por um pequeno empreendedor. Outro motivo que impede o crescimento do empreendedorismo a restrição da oferta de moeda, a fim de evitar a inflação. A característica desses clubes de troca a emissão de moeda própria. A moeda adotada passa a assumir nomes e regras próprias. Mas, o que tem direcionado a organização e gestão do trabalho nos empreendimentos populares e solidários é a Autogestão. Autogerir não é uma tentativa de democratizar a economia capitalista ou a forma de gestão dos empreendimentos capitalistas, mas mudar seus fundamentos. A autogestão pressupõe a participação de todos os envolvidos no empreendimento, a discutirem e realizarem todos os processos que envolvem a organização e produção do trabalho (seja prestação de serviços ou produção de bens), conduzindo a um outro patamar não se trata de apenas empregados ou trabalhadores assalariados, mas gestores de empreendimentos. É necessário recuperar o saber acumulado dos trabalhadores, resignificando os processos de trabalho que até então estavam nas mãos dos gerentes e, agora, sob outra ótica: a do trabalho coletivo, cooperado e solidário. Neste sentido a autogestão pode vir a ser um elemento fundamental para uma nova forma de organizar os processos de trabalho, podendo ser rompida com: a) alienação do processo de trabalho (com a autogestão todos os envolvidos no empreendimento devem e podem participar das discussões e decisões a virem ser tomadas); b) fetiche do conhecimento (com a participação de todos, num processo de educação continuada, o conhecimento poderá ser reconstruído com a participação de todos, não sendo um privilégio de apenas alguns); c) a estrutura hierarquizada e vertical (com a autogestão não temos distribuição de poder, mas sim de responsabilidades, onde todas possuem sua devida importância nas várias interfaces que se entrelaçam). A autogestão tem o difícil papel de tornar os empreendimentos solidários em centros de integração democrática e igualitária, além de economicamente produtiva. 2. COMERCIALIZAÇÃO DIRETA E A IMPORTÂNCIA DAS FEIRAS PARA A ECONOMIA SOLIDÁRIA NO BRASIL As Feiras são grande espaço de formação, articulação, integração, organização e fortalecimento da proposta da Economia Solidária, entre grupos, entidades, organizações e políticas públicas. Reforça a integração do produtor e do consumidor e dos grupos organizados entre si, fortalecendo a rede das organizações solidárias, na perspectiva da construção de um novo modelo de cooperativismo e desenvolvimento sustentável, alternativo e autogestionário. É importante salientar, também, que as feiras podem fortalecer a inclusão no trabalho, a agricultura familiar, a agroecologia, a cooperação, a cultura da solidariedade, a agroindústria familiar, a cidadania, e a geração de trabalho e renda, as políticas públicas contribuindo na construção de um novo modelo de desenvolvimento sustentável, formando os trabalhadores rurais e urbanos como integrantes no verdadeiro exercício da cidadania e inclusão social, com gestão participativa. Há que se ressaltar outro aspecto não menos importante que diz respeito ao resgate da auto-estima do trabalhador Urbano e Rural, que dialoga diretamente com o consumidor, e se torna sujeito desta forma de gestão e comercialização direta. Decorre desse processo a viabilização da formação de redes de comercialização direta e de redes do consumo justo, ético e solidário, onde produtores e Consumidores constroem sintonia e integração entre si. Cria uma nova consciência e novas relações nas questões de gênero e a integração do Urbano e Rural. A Eliminação do vício do consumismo, do consumo dos produtos de “marcas” e fortalece a consciência do consumo dos produtos locais e regionais, produzidos pela Economia Popular Solidária. Estabelece uma nova consciência sobre os cuidados com a saúde, do meio ambiente, da agroecologia e cidadania. É um amplo processo participativo em construção. Integra a Sociedade Civil e o Poder Público. Busca sintonia no projeto de transformação e integração do meio urbano e rural, segundo informações obtidas em entrevista com a Coordenadora do Programa “Projeto Esperança/Cooesperança. No Brasil existem inúmeras feiras de economia solidária, e no Estado do Rio Grande do Sul são o principal movimento de articulação da economia solidária . A história das feiras de economia solidária no RS, são mobilizadas pelos fóruns para a comercialização dos seus produtos, que iniciaram em 1998, e foi neste ano que também deu-se inicio em torná-las locais, dividindo-se em quatro pólos: Santa Maria, Porto Alegre, Passo fundo e Pelotas. No presente trabalho, será apresentado as feiras realizadas pelo Programa “Projeto Esperança/Cooesperança em Santa Maria-RS. 2.1 Mapeamento da Economia Solidária no Brasil A economia popular solidária tem sido uma importante resposta a grande parcela da população, em situação de exclusão social, em relação às transformações ocorridas no mundo do trabalho. São milhares de organizações coletivas, organizadas sob forma de autogestão que realizam atividades de produção de bens, serviços, consumo, crédito e finanças solidárias. Sabe-se que o Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES) desenvolve um conjunto de ações para o fortalecimento da economia solidária. Neste sentido a SENAES, em 2004, inicia o desenvolvimento e a divulgação da economia solidária, através do Programa Economia Solidária em Desenvolvimento, ( Plano Plurianual 2004 – 2007, do Governo Federal ), onde prevê um mapeamento da economia solidária no Brasil. Todos esses dados irão constituir o Sistema Nacional de Informações da Economia Solidária (SIES), um banco de dados eletrônico, com acesso facilitado ao público. São considerados empreendimentos econômicos solidários, pelo SENAES, para fins do mapeamento as organizações: a) coletivas-organizações suprafamilires, singulares e complexas, tais como: associações, cooperativas, empresas autogestionárias, grupos de produção, clubes de trocas, redes e centrais, etc. b) participantes ou sócios são trabalhadores dos meios urbano e rural que exercem coletivamente a gestão das atividades, assim como a alocação dos resultados; c) permanentes, incluindo os empreendimentos que estão em funcionamento e aqueles que estão em processo de implantação, com o grupo de participantes constituído e as atividades econômicas definidas; d) que realizam atividades econômicas de produção e de bens, de prestação de serviços, de fundos de crédito , de comercialização e de consumo solidário. O Atlas da Economia Solidária no Brasil (2006), que é a primeira apresentação mais geral das informações colhidas no mapeamento, fortalece este segmento econômico, dando-lhe mais reconhecimento e tornando visível seu perfil, abrangência e potencialidades. 2.2 O Perfil da Economia Solidária no Brasil Foram identificados até o ano de 2006, 14.954 Empreendimentos Econômicos Solidários (EES) em 2. 274 municípios do Brasil, sendo que 44% dos EES estão concentrados na região Nordeste e 56 % distribuídos nas demais regiões. O quadro abaixo mostra a distribuição dos EES no Brasil: Tabela 1: Quantidade de EES no Brasil por UF/Região – Atlas da Economia Solidária no Brasil – Fonte: SENAIS UF RO AC AM RR PA AP TO NORTE MA PI CE RN PB PE AL SE BA NORDESTE MG ES RJ SP SUDESTE PR SC RS SUL MS MT GO DF CENTRO-OESTE Nº de EES 240 403 304 73 361 103 400 1.864 567 1006 1249 549 446 1004 205 367 1096 6.549 521 259 723 641 2.114 527 431 1634 2592 234 543 667 341 1785 Nº de Municípios 40 20 32 14 51 13 84 254 73 83 134 77 101 129 48 63 153 861 101 59 82 147 389 109 133 270 512 25 91 127 15 258 TOTAL 14954 2274 Observando a tabela 1, verifica-se que o Rio Grande do Sul tem o maior numero de empreendimentos econômicos solidários e o maior número de cidades com empreendimentos econômicos solidários. A distribuição desses 1634 empreendimentos mapeados no Rio Grande do Sul, 614 (38%) se encontram na área rural, 664 (41%)na área urbana e 334(21%) na área rural e urbana. Gráfico 1: Área de atuação dos empreendimentos no RS – Fonte: Atlas da Economia Solidária no Brasil, Ministério do Trabalho e Emprego rural Urbana Rural e Urbana Na forma de organização da economia solidária o Rio Grande do Sul se distingue nitidamente do perfil nacional, no qual a maior parte dos empreendimentos está organizada sob forma de associações ( 54%), depois vêm os grupos informais (33%) e as organizações cooperativas (11%). 3. PROGRAMA “PROJETO ESPERANÇA/COOESPERANÇA” 3.1 Fundamentos Teóricos do Programa “Projeto Esperança/Cooesperança” Os principais fundamentos teóricos do Programa “Projeto Esperança/Cooesperança” são apresentados na obra de Albert Tévoédjré, escreve no livro “A Pobreza, Riqueza dos Povos”, a reinvenção de uma nova economia, onde ele afirma: Trata-se de retomar os próprios fundamentos da ciência econômica para mudar alguns pressupostos implícitos como o da prioridade da luta egoística pela vida. O saber econômico não deve se estabelecer sobre as premissas da vontade de poder e da busca do lucro, mas sobre os precipícios da boa organização da vida dos grupos humanos, segundo a própria etimologia do termo “economia” (TÉVOÉDJRÉ, 2002, p. 70 ) Para Tévoédjré, reinventar a economia significa retornar à fonte do conceito de economia, privilegiar as necessidades sociais e não a produtividade em função do lucro dos monopólios. O escritor dá ênfase às pequenas empresas, pequenas profissões, que fazem parte da vida cotidiana na cidade, como artesões, vendedores ambulantes e o setor rural, onde merecem serem protegidos a fim de que se organize e se integre na economia, tornando-se setores essenciais e dinâmicos para o desenvolvimento social. Mas isto tudo exige um planejamento para ser eficaz, um planejamento de recursos naturais, de produção e dos recursos humanos. Tévoédjré afirma que: Os meios de desenvolvimento são certamente de ordem técnica: fala-se de planejamento dos recursos naturais, de planejamento da produção. Mas somente o homem é o promotor do desenvolvimento; só ele é o seu objeto e a sua razão de ser; só ele tem capacidade de fazer com que as riquezas produzam frutos. São os homens que inventam, criam, organizam, constroem. Portanto, é necessário dar prioridade ao planejamento dos recursos humanos. ( TÉVOÉDJRÉ, 2002, p. 117 ) O espírito cooperativo é o que emerge e prevalece neste planejamento, com relações diretas de responsabilidade em relação aos outros, solidariedade assumida no trabalho e na organização do trabalho. Tévoédjré afirma que: “Quando me perguntam como imagino concretamente tal sociedade, tomo a liberdade de indicar a minha preferência por um verdadeiro projeto cooperativo”, [...] ( TÉVOÉDJRÉ, 2002, p. 135 ) Dessa forma, o autor explora aspectos relacionados a um projeto de sociedade alternativa, na qual a solidariedade e o “espírito de iniciativa” são capazes de fazer emergir conjuntamente a comunidade e permitir a união dos pobres em função de um enriquecimento coletivo. Também enfatiza o potencial de mudança social que a população pobre pode ter a partir de práticas de ajuda mútua, já enfatizava naquela oportunidade a busca do equilíbrio ambiental, via produção ecológica sustentável. Ao se reportar à importância dos Sindicatos, afirma que entre os parceiros de solidariedade, em uma perspectiva de desenvolvimento social, é fundamental privilegiar todos aqueles agrupamentos que podem ajudar a perceber melhor as preocupações, os interesses, as necessidades dos mais humildes. Entre estes grupos,incluem-se as organizações sindicais e profissionais – desde que não sejam o refúgio de privilégios egoístas contrapostos a uma maioria miserável. ( TÉVOÉDJRÉ, 2002, p. 156 ) O aumento do desemprego é conseqüência da situação das empresas mergulhadas na globalização, sendo que não é conjuntural, temporário e transitório, Singer (1998) defende que para resolver o problema do desemprego, é necessário oferecer aos excluídos uma oportunidade real para reinserir na economia por sua própria iniciativa. A maneira de reinserção produtiva é fundar cooperativas de produção e consumo, para que ofereça a estes uma chance real de trabalhar com autonomia e de ganhar rendimentos suficientes para ter um padrão de vida digno. As unidades são de posse coletiva e gerida pelos trabalhadores onde os direitos de decisão sobre a unidade ou sobre a empresa são idênticos, sendo trabalho a prioridade. Singer argumenta a favor da economia solidária: A construção da economia solidária é uma destas alternativas. Ela aproveita a mudança nas relações de produção provocadas pelo grande capital para lançar os alicerces de novas formas de organização da produção, à partir de uma lógica oposta àquela que rege o mercado capitalista. Isto remete a crença de que a economia solidária permitirá, ao cabo de alguns anos, dar a muitos, que esperam em vão um novo emprego, a oportunidade de se reintegrar à produção por conta própria individual ou coletivamente (SINGER, 1998, p. 138 ). O “Projeto Esperança” surgiu do estudo do Livro “A POBREZA RIQUEZA DOS POVOS” do autor Africano Albert Tévoèdjeré, cujos estudos e Seminários iniciaram em 1982, e no 3º Congresso da Cáritas - RS em 1984. Na oportunidade, Dom José Ivo Lorscheiter, Bispo Diocesano de Santa Maria, com base no estudo “A POBREZA, RIQUEZA DOS POVOS”, “A TRANSFORMAÇÃO PELA SOLIDARIEDADE”, que valoriza as “pequenas coisas” e que tem como fundamento a solidariedade. Dom Ivo desafiava a Cáritas - RS a criar e desenvolver os PACs (Projetos Alternativos Comunitários), como um novo jeito de construir o desenvolvimento e encontrar soluções para os grandes problemas sociais, entre eles o desemprego, o êxodo rural, a fome, a miséria e a exclusão social. Foi a partir desta reflexão que se fortaleceu e se difundiu o modelo da caridade organizada, através dos PACs ( Projetos Alternativos Comunitários), da Economia Popular Solidária e a “Reivenção da Economia”, que coloca como pano de fundo, a solidariedade, geração de trabalho e renda e as diferentes formas de organização Associativa, Cooperativada e de Autogestão. Nesta perspectiva, e de forma especifica para o caso do programa tem-se que a missão do “Projeto Esperança/Cooesperança” é promover, incentivar, desencadear e construir o desenvolvimento urbano, rural e regional sustentável, com base nos princípios da solidariedade, cooperativismo alternativo, autogestão, para gerar trabalho e renda, mediante processos educativos, participativos e transformadores, com o fortalecimento da agricultura familiar, agroindústria familiar, comercialização direta, o consumo justo, ético e solidário, no trabalho de parcerias e políticas públicas, com incentivo a melhoria da qualidade de vida, geração de trabalho e renda, na construção de uma sociedade socialmente justa, economicamente viável, ambientalmente sadia, organizadamente cooperativada, politicamente democrática. O programa tem como objetivo a valorização do trabalho acima do capital. 3.2 Histórico do Programa “Projeto Esperança/ Cooesperança - ( 1980-2007) A partir de 1980, a Diocese de Santa Maria, a UFSM ( Universidade Federal de Santa Maria), a EMATER Regional – RS e outras organizações iniciaram o estudo do livro, promoveram Seminários e Jornada de Estudos na região Centro – RS, no qual se juntaram professores da área de cooperativismo e das ciências sociais da UFSM, militantes da igreja e técnicos da EMATER, cuja articulação regional deu a origem aos PACs (Projetos Alternativos Comunitários) junto com a Cáritas Regional – RS. Em 1984 foram surgindo as primeiras experiências de Grupos Comunitários e Associações. Em 1987, foi criado o PROJETO ESPERANÇA e o início do seu funcionamento a partir dos grupos organizados que se integraram desde o início, neste Programa. Em 1986 a Diocese de Santa Maria iniciou o diálogo com a MISEREOR e a KATHOLISCHE ZENTRALSTELLE FÜR ENTWICKLUNGSHILEFE e.v. – Alemanha, que garantiu o apoio inicial para o Projeto Esperança. Apoiou muitos grupos, no contexto do Fundo de Crédito. A MISEREOR, financiou o primeiro prédio do Terminal de Comercialização Direta e já renovou 7 (sete) Convênios Consecutivos com a Diocese de Santa Maria, para o Programa do Projeto Esperança. Em 15 de agosto de 1987, é fundado o “Projeto Esperança”, com a função de congregar todos os pequenos projetos econômicos comunitários em um grande projeto. A primeira ação do projeto, foi o da fábrica de cuias, onde envolveram-se professores de economia, engenharia civil, mecânica e artes. Com os recursos da MISEREOR/KZE, pode-se criar um fundo de financiamento de novos PACS em Santa Maria e pôde ser construído um terminal de comercialização direta na cidade, inaugurado em 5 de junho de 1989. Neste terminal de comercialização a idéia era dar ênfase à venda direta pelo produtor, através de feiras de comercialização direta. A UFSM passa a atuar como importante parceira no Projeto “Esperança”, através da participação de jovens profissionais, e professores economistas, engenheiros agrônomos, colaboradores do núcleo de agroecologia,. A equipe do curso de Tecnólogo em Cooperativismo da UFSM, foi contratada para assessorar a gestão de empreendimento trouxe vários funcionários que tinham trabalhado na Cooperativa de consumo da Universidade. Essa aproximação que deu-se na década de 80, no qual juntavam professores da área de cooperativismo e das Ciências sociais da UFSM, militantes da igreja e técnicos da EMATER, era para realizar uma reflexão conjunta na busca de alternativas ao modelo de desenvolvimento. Surge a proposta de construir uma cooperativa de comercialização, o que de fato aconteceu em 29 de setembro de 1989, data de fundação da Cooperativa Mista de Pequenos produtores Rurais e Urbanos vinculados ao Projeto Esperança, com o nome de COOESPERANÇA. A COOESPERANÇA é uma Central, que juntamente com o Projeto Esperança, congrega e articula os grupos organizados e viabiliza a comercialização direta dos produtos produzidos pelos empreendimentos solidários no campo e na cidade e que fortalecem juntos, com todos os grupos um novo modelo de cooperativismo, na proposta alternativa, solidária, transformadora e autogestionária e do desenvolvimento sustentável. A COOSPERANÇA, trabalha, junto com o Projeto Esperança de forma integrada, proposta da economia solidária em vista de um desenvolvimento sustentável, fortalecendo a cultura da solidariedade. No inicio optou-se pela estratégia da comercialização onde buscava-se os produtos nas propriedades rurais dos cooperados, pagando 70 % no ato da entrega e os outros 30 % depois, mas não deu certo, visto a reduzida dimensão do capital de giro. Surgiram crises de caráter político-administrativo, questionava-se a forma como a cooperativa estaria sendo administrada. Os três primeiros anos do Programa, foram pautados por crises e grandes dificuldades. O centro de comercialização foi fechado e reaberto por quatro vezes, com quatro diretorias diferentes. Vários grupos deixaram de participar do Programa, visto a incredubilidade na viabilidade da proposta. A equipe de professores e técnicos da UFSM foram se afastando, e o Programa “Projeto Esperança/Coopesperança, passa a ser dirigida pela Irmã Lourdes Dill e técnicos da EMATER. Mas durante todas estas dificuldades a equipe do Projeto Esperança/Cooesperança trabalhava na formação e estimulo dos grupos., mantendo a linha original de desenvolvimento dos PACs. A partir do ano de 1992, houve uma reativação da comercialização direta e realização das primeiras Feiras do Cooperativismo, assumindo assim a bandeira da economia popular solidária. Em 1994, inicia-se o Feirão Ecológico e é realizada a primeira feira do Cooperativismo. A partir de 1999 com o apoio governamental, o Programa atinge novos patamares, como a criação da Teia Esperança. A Teia Esperança, é uma rede dos Empreendimentos solidários, associados ao Programa “Projeto Esperança/Cooesperança, que foi criada no dia 14 de janeiro de 2003, com o objetivo principal de articular os empreendimentos solidários, para um maior escoamento da produção, qualidade dos pontos de comercialização direta em vários municípios da região centro e a articulação dos empreendimentos entre si. São vários espaços fixos de comercialização direta, onde é uma forma eficaz e muito eficiente de fortalecer os grupos, consolidar a articulação e construir políticas públicas articulado em rede solidárias. A teia também permitiu uma maior aproximação com o consumidor. A coordenadora da Feira Mensal da Praça Saldanha Marinho, Ivonete Tonato ( Abr 2006, p. 81) , declara: “ As vendas melhoraram com o fato de deixar nossos produtos nos pontos fixos. Há um complemento entre a feira e o ponto fixo, que é vantajoso para o produtor. Pagamos 20% de comissão, o que acho justo.” Atualmente, o programa, tem o apoio, participação e parceria de várias entidades como: Misereor e a Katlolische Zentralstelle für Entwicklungshilefe e.v., da Alemanha, Cáritas Brasileira, Cáritas Regional/RS, Emater Regional e municipal, Governo do Estado/RS, Saa/RS-Dacc-Departamento de Agroinsdustria Familiar, Sedai-Depsol/EPS, SENAES, SEBRAE, UNIFRA, UNISINOS, Governo Federal, Prefeitura Municipal de Santa Maria, UFSM, Movimentos populares e sociais, as pastorais sociais e os veículos de comunicação. O Programa “Projeto Esperança/Cooesperança tem aumentado o número de participantes em torno de 10% a 16 %, ano após ano, conforme mostra a tabela abaixo: Tabela 2: Número de participantes de 2001 a 2007 – Fonte: Banco da Esperança 2001 2003 2006 Grupos Formalmente Urbanos 76 96 130 Associados Rurais 69 80 90 Total 145 176 220 Famílias beneficiadas diretamente 3000 350 4000 Beneficiados indiretos 13.000 15.000 18.000 3.2.1 2007 136 94 230 4500 20.000 As Feiras realizadas no Programa “Projeto Esperança/Cooesperança O Feirão Colonial Ecológico foi criado em 1º de abril de 1992 com a participação efetiva dos Produtores Rurais e urbanos, associados ao Programa “Projeto Esperança/Cooesperança e dos consumidores. O funcionamento do FEIRÃO COLONIAL se realiza no Terminal de Comercialização, espaço destinado para esta atividade. Funciona todos os sábados das 7.15 hs. às 12 hs. e nos outros dias em horário comercial. Comercializa-se produtos ecológicos, bem como os chamados “coloniais”, artesanatos, lanches, floricultura e produtos de extrativismo vegetal. A Gestão do Feirão Colonial é feita de forma Colegiada entre a Equipe de Coordenação Geral e os representantes dos grupos associados. Cada grupo contribui com uma porcentagem sobre as vendas, para a manutenção do trabalho e a melhoria dos Feirões Coloniais, bem como da Formação dos Grupos Associados. A Feira da Praça Saldanha Marinho, também tem grande importância. Organizada mensalmente no centro da cidade, onde fica instalada durante uma semana inteira, sendo um importante ponto de divulgação do Programa, dos trabalhos e dos produtos dos grupos para a população santamariense. A FEICOOP – Feira Estadual do Cooperativismo, espaço de divulgação de visibilidade do Programa e da economia solidária, ocorre anualmente no segundo final de semana de julho, no Terminal de Comercialização Direta. Esta feira de articula a nível de Mercosul. Registrando uma trajetória crescente. Conforme declarou ao Jornal da FEICOP-2005, Paul Singer, está certo de que as Feiras da Economia Solidária do Programa “Projeto Esperança/Cooesperança são muito valiosas, não só para viabilizar a comercialização dos produtos da economia popular, hoje dos países do Mercosul, mas para estabelecer novos laços de cooperação entre os empreendimentos, o que os fortalece economicamente e eleva a visibilidade da economia solidária. Os dados abaixo referem-se a FEICOOP realizada no ano de 2007, no período de 06 a 08 de julho de 2007: - Representantes de 3 continentes e 18 Países: 1- ÁSIA:Tailândia, Myanmar, Philipinas, Malasya, Vietnan e Indonésia 2 - EUROPA: Itália e Alemanha 3 - Todos os países do MERCOSUL e alguns da AMÉRICA LATINA como: Uruguai, Argentina, Bolívia, Paraguai, Perú, Chile, Brasil, Colômbia Equador e México - Total de países representados: 18 Países - Total de Estados representados: +/- 21 Estados - Total de Municípios representados: +/- 372 Municípios - Total de empreendimentos e expositores: +/- 730 Stands e Empreendimentos Solidários das Feiras em Rede. - Total de empreendimentos solidários representados da economia solidária do Brasil e América Latina em redes de economia solidária : 1.500 Empreendimentos em Redes Latino Americanas, através das 25 redes de Economia Solidária da América Latina. - Total de redes continentais e intercontinentais da economia solidária do Brasil, da América Latina: 25 Redes da América Latina em Articulação Internacional com os Continentes. - Total de comissões na organização e realização de 2007: 50 Comissões de Trabalho de Organização da Feira, que realizaram mais de 250 reuniões das diversas Comissões preparatórias aos Eventos do MERCOSUL e da América Latina. - Público visitante da feira : +/- 102.000 mil pessoas visitantes (durante os 3 dias) e os Encontros e Seminários que antecederam a Feira em Santa Maria. 3.3 Resultados Obtidos na Realização de Pesquisa de Campo Junto aos Grupos que fazem parte do Programa “Esperança/Cooesperança Nesta parte da monografia aborda-se, primeiramente, os aspectos metodológicos que norteiam o estudo e num segundo momento são apresentados os resultados da pesquisa. 3.3.1 Aspectos Metodológicos O estudo compreende a aplicação de questionários a pessoas, que fazem parte dos Grupos do Programa. A escolha da amostra foi definida da seguinte maneira: sabe-se que o número de grupos são de 230. Teve-se o cuidado de aplicar 60 questionário a um componente ou família de cada grupo, escolhido de forma que sejam residentes na cidade e nos distritos de Santa Maria, objetivando com esse procedimento alguma representatividade, sendo que obtivemos o retorno de 34 questionários respondidos. Além disso, efetuou-se entrevistas com as pessoas-chave vinculadas ao Programa, como a Coordenadora do Programa “Projeto Esperança/Cooesperança”, Irmã Lourdes Dill, Coordenadora da Feira da Praça Saldanha Marino, Ivonete Tonato e a Secretária Carmem Possebon. 3.3..2 Análise dos Resultados Obtidos na Pesquisa de Campo Das 34 pessoas entrevistadas, 47% são do sexo masculino e 53% do sexo feminino, sendo que a idade média dos entrevistados fica em torno dos 45 anos, onde 68% são casados, 18% solteiros, e 14% outras situações. Do levantamento efetuado sobre a localização, se rural ou urbana, e as condições de moradia, se são imóveis próprios, alugados ou cedidos, das pessoas entrevistadas, foi constatado: Tabela 3 Localização e condições de moradia dos entrevistados Rural Urbana Moradia Própria Moradia Alugada Moradia Cedida 32 % 68 % 49 % 39 % 12 % Verificou-se que as pessoas que moram na área rural, todos responderam que possuem casa própria, isto é, 32 % das 49 % moradias própria. Em média as residências possuem 6 cômodos, onde residem em média 4 pessoas, onde todas as residências possuem energia elétrica e água encanada, e 52 % possuem fossa séptica. Todos os entrevistados sabem ler e escrever, sendo que 33% dos entrevistados possuem o ensino médio completo ( antigo 2º Grau ), 23 % o antigo ginásio ( 1ª a 4ª série ), 18 % o ginásio ( 5ª a 8ª Serie ) e 15 % possuem ensino superior. Concluindo que este nível de escolaridade das pessoas, permite que tenham mais condições de acesso aos níveis de informação, gerando maior participação econômica, cultural e política. Dos entrevistados, 59 % responderam que não tem pessoas inativas, isto é, menor que 10 anos e mais de 60 anos, morando junto com a família. Do total dos entrevistados, 65% têm na família pessoas que não recebem benefícios da Previdência Social ( INSS), 32% um recebe benefícios da Previdência Social, portando, mais de 1/3 do total das famílias podem contar com um incremento na renda da família em função do recebimento da aposentadoria. O Programa “Esperança/Cooesperança” existe a mais de 20 anos, mas os entrevistados, participam do programa em média a 5 anos. Do total de entrevistados, 59 % responderam que antes de ingressar no Programa tinham uma renda certa no mês com o que produziam e/ou comercializavam, 41% não tinham esta renda. O fato de que mais da metade dos entrevistados possuíam uma renda regular antes de ingressar no Programa, quer dizer que muitas vezes a participação, vendo do ponto de vista da renda, buscam um Programa que lhes dêem segurança para a comercialização de seus produtos e a garantia da produção e um aumento na renda. Confirma esta teoria, o fato de que 53% responderam que se não fosse o Programa “Esperança/Cooesperança” não conseguiriam manter-se produzindo ou comercializando e 88 % conseguiram aumentar a produção e a comercialização. O fato de serem pequenos proprietários, e se não estivessem organizados desta forma, estariam fora do mercado, devido à escala de produção ser baixa. Muitos respostas obtidas nos questionários, informaram que um componente da família, como marido, esposa, filhos, tem outras atividades fora do programa, como trabalho em mecânica, participação em outras atividades econômicas, salários de outros empregos, e 88% responderam que não comercializam seus produtos somente nas feiras e teias do Programa, pois 65 % dos entrevistados responderam que com o que produzem e / ou comercializam não atendem as suas necessidades básicas. A renda que eles obtém no Programa auxilia na manutenção/ reprodução familiar. Apesar de 65 % dos entrevistados responderem que com o que produzem e/ou comercializam não atendem as sua necessidades básicas, 97 % responderam que vêem o Programa “Projeto Esperança/Cooesperança como algo permanente em suas vidas, que ira não só suprir as necessidades básicas, mas proporcionar melhores condições de vida e de inserção econômica e social. Em relação a renda recebida mensalmente da produção e comercialização, dos 34 entrevistados, 25 responderam, sendo que em média a renda mensal das pessoas que comercializam sua produção no Programa e de R$612,00. Os rendimentos médios são, portanto inferiores aos rendimentos médios mensais nominais das pessoas residentes em Santa Maria que é R$801,27 (www.ibge.gov.br-IBGE-cidades@ - População e domicílios – Censo 2000 com divisão territorial 2001) . A renda mensal que recebem da produção e/ou comercialização, em termos de salário mínimo nacional, das pessoas que integram o Programa e responderam o questionário, assim distribuído: Tabela 4 Distribuição da Renda em Termos do Salário Mínimo Nacional – R$380,00 Menos de um Salário Mínimo 32 % Entre 1 a 2 Salários Mínimos 44 % Entre 3 a 4 Salários Mínimos 12 % Acima de 4 Salários Mínimos 12 % 4. CONCLUSÃO O estudo realizado procurou mostrar a importância da economia solidária como alternativa de emprego e renda para milhares de pessoas e famílias que encontram-se desempregados e acabam migrando para o setor informal, e famílias que procuram um aumento da renda familiar para terem melhores condições de vida. Esta alternativa econômica tem tido um crescimento numérico expressivo, como demonstram os dados coletados no “Atlas da Economia Solidária do Brasil (2006), em que há um total de 14.954 empreendimentos, em 2.274 municípios do Brasil, correspondendo a 41% dos municípios brasileiros, sendo que o Rio Grande do Sul é o estado com o maior número de empreendimentos solidários e tem a maior participação de municípios. Os empreendimentos da economia solidária compreendem uma grande diversidade de práticas econômicas e sociais, podendo ser organizados através de empresas autogestionárias, cooperativas populares, incubadoras, clubes de troca, redes, em que são produzidos e comercializados diversos produtos da agropecuária, extrativismo, alimentos, bebidas, produtos artesanais, e outros diversos produtos. Com relação ao estudo realizado junto ao Programa “Projeto Esperança/Cooesperança, em Santa Maria-RS, pode-se observar que o Programa passou por 3 fases distintas. Período de 1082 à 1987, em que surgiu as primeiras idéias e as primeiras experiências, inspiradas no livro A Pobreza, Riqueza dos Povos, de Albert Tévoédjrè. De 1987 à 1992, ocorre a fundação do Projeto Esperança e a criação do Cooesperança. Neste período ocorrem as crises, em que a cooperativa fecha e reabre quatro vezes o terminal de comercialização, com várias mudanças na diretoria. A partir de 1992, o terminal de comercialização é reaberto e inicia o processo de recuperação e crescimento, vinculando-se à proposta da economia solidária. Este período pode ser considerado como o da consolidação do Programa, no qual ocorre uma sistematicidade de ações tais como: Feirão Ecológico, FEICOOP e criação da Teia Esperança. Os resultados obtidos com a realização de pesquisa de campo junto a 34 cooperados, mostrou que mais de 2/3 dos entrevistados moram na área urbana, no qual o nível de emprego é menor, e o emprego informal é a saída para a obtenção de uma renda. Os cooperados que moram na área rural, todos tem imóveis próprios, como casas, terras, mas são pequenas propriedades, com uma produção de pequena escala. Em torno de 59% dos entrevistados, responderam que possuíam uma renda regular no mês com o que produziam ou comercializam, mas 53% responderam que se não fosse o programa não teriam condições de permanecer no mercado, pois a produção é pequena, sendo que 88% dos entrevistados responderam que aumentaram a produção e a comercialização de seus produtos. Depreende-se disso, que o fato de poderem contar com um local de comercialização adequado é, sem dúvidas, um elemento de fundamental importância na viabilização da produção desses pequenos empreendimentos urbanos e rurais. Em relação à renda obtida pelos cooperados (percapita) com a comercialização da produção, em média R$612,00 mensais, 65 % responderam que com o que produzem ou comercializam não atendem suas necessidades básicas, sendo necessário o complemento da renda através de outras atividades econômicas. Estas atividades econômicas são o salário do esposo, da esposa, filhos, beneficio previdenciário, pois 1/3 dos que responderam podem contar com um incremento na renda em função de recebimento da aposentadoria. Mas mesmo assim 97 % dos entrevistados vêem o programa como algo permanente em suas vidas, e que irá proporcionar melhores condições de vida econômica e social. Em relação às políticas públicas, verifica-se que a maioria tem acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS), sistema previdenciário, saneamento básico, educação, mas não tem os beneficios que os trabalhadores que encontram-se na formalidade possuem, como auxiliasaúde, seguro-desemprego. Enfim, as pessoas vinculadas ao Programa, não buscam somente condições de vida semelhantes àquelas vinculadas ao mercado formal, no que tange aos aspectos quantitativos de ganhos monetários para o consumo das mercadorias que necessitam para a sobrevivência e bem-estar, mas, também, em relação à qualidade de vida. Neste sentido, o conhecimento acerca de produção e consumo de produtos sem agrotóxicos e a ênfase ao estímulo de formas coletivas de gestão na forma cooperativada são de crucial importância. A participação no Programa “Projeto Esperança/Cooesperança, permite aos cooperados um resgate da auto-estima, aumento da renda familiar, implicações do ponto de vista da ampliação da possibilidade de permanência dos produtores agropecuários no meio rural, diminuindo o êxodo rural, melhora o conhecimento em relação à autogestão dos seus empreendimentos, aumentando a escala de produção, acesso aos financiamentos diferenciados e adaptados às características dos seus empreendimentos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ARRUDA, Marcos. Globalização e Sociedade Civil Repensando o Cooperativismo no Contexto da Cidadania Ativa. Perspectiva Econômica. São Leopoldo: Unisinos, 2000. ASSEBURG, hans Benno; OGANDO, Cláudio Barcelos. A Economia Solidária no Rio grande do Sul – Cartilha da Economia Solidária. 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ANEXOS ANEXO 1: Apresentação das distribuição das incubadoras no Brasil e as incubadoras vinculadas a universidades no Rio Grande do Sul: fonte: ANPROTEC. a) UNILASALLE, Incubadora: CECAN/UNILASALLE - Canoas b) UNISINOS, Incubadora: TECNOSOCIAIS – São Leopoldo c) FURG, Incubadora: ITCP-FURG – Rio Grande d) UCPEL, Incubadora: ITCP-UCPEL – Pelotas e) UFRGS, Incubadora: NEA/INCOOP – Porto Alegre f) UNIJUÍ, Incubadora: INES – Ijuí