DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO CENTRO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS
SÓLIDOS URBANOS DA CATURRITA EM SANTA MARIA-RS
Carolina Gaspar Enderle(1)
Aluna do curso Técnico em Segurança do Trabalho do Colégio Técnico Industrial de Santa Maria –
CTISM, da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM.
Lidiane Bittencourt Barroso
Engenheira Civil e de Segurança do Trabalho. Mestre em Engenharia Civil pela UFSM. Doutoranda
em Engenharia Agrícola pela UFSM. Professora de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do
CTISM.
Endereço(1): Avenida Roraima, 1000 – Campus UFSM, Prédio 5, Sala 303 – Santa Maria - RS - CEP:
97105-900 - Brasil - Tel: (55) 3220-8041 - e-mail: [email protected]
DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO CENTRO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS
SÓLIDOS URBANOS DA CATURRITA EM SANTA MARIA-RS
INTRODUÇÃO
Desde o surgimento dos primeiros centros urbanos, a produção do lixo se apresenta como um problema de difícil
solução. A partir da Revolução Industrial, com a intensificação da migração dos trabalhadores do campo para a cidade,
aumentaram as dificuldades referentes à produção de resíduos sólidos de diferentes naturezas (domésticos, industriais,
serviços de saúde, etc.), os quais se constituem atualmente numa das principais fontes de degradação do meio ambiente.
A cidade de Santa Maria, situada na Região Central do Rio Grande do Sul (RS), apesar de ser uma cidade de pequeno
porte, sofre muito com o problema dos resíduos sólidos urbanos. O gerenciamento destes é administrado pela prefeitura
municipal da cidade, no entanto fatores como a falta de sensibilização da população, número insuficiente de contêineres
nas ruas e a falta de um sistema de coleta seletiva, estes influenciam diretamente no problema.
Segundo a Secretaria de Meio Ambiente (SEMA, 2011) os resíduos sólidos são restos das atividades humanas,
consideradas pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis. Apresentam-se geralmente sob estado sólido,
semi-sólido ou semi-líquido.
De acordo com Salomoni et al. (2009), quando os resíduos domiciliares não são gerenciados de forma adequada eles
passam a comprometer e se tornar uma ameaça a saúde pública e principalmente aos recursos naturais.
Portanto, o presente estudo tem como objetivo diagnosticar o impacto ambiental causado pelo desenvolvimento desta
atividade.
MATERIAIS E MÉTODOS
A área de estudo, Centro de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos da Caturrita, está situada no 10º Distrito de Santa
Maria, na localidade de Santo Antão, localizado a 11 km da cidade sede entre as coordenadas 29° 37' 49.20" de latitude
Sul e 53° 51' 37.29" de longitude Oeste, mapa na figura 1, totalizando uma área de 31,5 ha, conforme a figura 2.
Figura 1 – Mapa de Localização do Distrito de Santo Antão.
Fonte: Santo Antão (2005).
2
Figura 2 - Vista aérea do Centro de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos da Caturrita, Santa Maria – RS.
Fonte: Google Earth (2009).
O centro recebe diariamente o resíduo domiciliar de 35 municípios da Região Central do Estado. Atualmente, a empresa
responsável por este serviço desenvolve atividades de coleta domiciliar, aterro sanitário e usina de reciclagem.
A metodologia de amostragem consistiu inicialmente em uma pesquisa bibliográfica objetivando a levantar
características ambientais da área de estudo. Numa segunda fase para o levantamento de dados, foram realizadas visitas
ao local a partir da qual se levantaram informações referentes aos tipos de resíduos coletados, atividades desenvolvidas
pela empresa responsável, utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) pelos funcionários, número de
funcionários, cobertura vegetal e recursos hídricos da área de influência direta e indireta do empreendimento e ocupação
urbana da área de entorno. Para tanto, além da observação visual, foi realizada uma entrevista com o responsável pela
área da segurança do trabalho da empresa e levantamento fotográfico de todo processo de destinação final dada aos
resíduos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Por mais de 28 anos, os resíduos do município de Santa Maria se destinavam anteriormente ao conhecido “Lixão da
Caturrita”. Em março de 2008, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM) concedeu a licença de operação
para que os resíduos, a partir desta data, fossem destinados ao Centro de Tratamento de Resíduos da Caturrita.
Atualmente, além de receber os resíduos de Santa Maria, situada na região central do estado, com 261.031 habitantes
(IBGE, 2011), comporta os dejetos de outros 34 municípios.
A empresa responsável pela coleta e destino final do lixo possui um contrato com a prefeitura municipal de Santa Maria
de coletar 300 toneladas de resíduos por dia. Os resíduos coletados não incluem material hospitalar, material químico,
animais mortos e lâmpadas fluorescentes.
Quando os dejetos chegam ao Centro de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos da Caturrita eles são pesados na
balança da figura 3. Após são encaminhados para um pavilhão da figura 4, onde passam por uma rigorosa seleção, em
que são separados de acordo com a sua natureza. Os resíduos do município de Santa Maria não passam por este
processo devido ao grande número de catadores existentes na cidade, sendo diretamente encaminhados para o aterro
sanitário.
A seleção separa materiais semelhantes como o vidro, plástico (de acordo com a sua cor), alumínio e papel. Os
encarregados por essa seleção são ex-catadores que tiravam o seu sustento do antigo Lixão da Caturrita. Diante dessa
situação, a atual empresa os contratou com o intuito de possibilitar uma melhor condição de trabalho.
3
Atualmente a empresa comporta aproximadamente 100 empregados que trabalham em concordância com as exigências
relativas às normas de higiene e segurança do trabalho.
Figura 3 – Processo de pesagem dos resíduos.
Figura 4 – Pavilhão onde ocorre a separação do material
reciclável.
Depois da separação, o lixo de mesma natureza é prensado e armazenado em um local específico denominado Unidade
de Compostagem, vista na figura 5, até que esse seja vendido para reciclagem. A separação do material reciclável
promove uma maior vida útil ao aterro.
Os dejetos não aproveitados na reciclagem são encaminhados diretamente para o aterro sanitário na figura 6. Segundo a
NBR 8419 (ABNT, 1996), o aterro sanitário consiste na técnica de disposição dos resíduos sólidos urbanos no solo, sem
causar danos ou riscos à saúde pública e a segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza
princípios da engenharia para confinar os resíduos sólidos a menor área possível e reduzi-los ao menor volume
permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho ou a intervalos menores se
for necessário.
Figura 5 – Unidade de Compostagem.
Figura 6 – Aterro sanitário.
O aterro sanitário é um dos processos mais aplicados no mundo, por causa de seu baixo custo se comparado com outros
tratamentos. Outra vantagem deste sistema é a não proliferação de insetos e animais que transmitem doenças, além de
não estar sujeito a interrupções devido a falhas no processo.
Entretanto, o aterro sanitário também apresenta desvantagens, como a desvalorização da região ao redor do aterro, o
risco de contaminação do lençol freático, a produção de chorume e percolados e a necessidade de manutenção e
vigilância após o fechamento do aterro (após o aterro ser desativado ele deve ser monitorado por um período de 20
anos).
4
Estima-se que o aterro sanitário do Centro de Tratamento Sólidos Urbanos da Caturrita tenha uma vida útil de 30 anos,
sendo que ele já está sendo utilizado há 5 anos.
O sistema de armazenamento dos resíduos no aterro é disposto da seguinte forma: a cavidade feita para este
armazenamento é revestida com uma lona reforçada que impede que o lixo tenha contato com o solo. O lixo é coberto
por uma camada de argila seguida por uma camada de filtro de lã ou borracha, mais uma camada de pó de brita e
coberta com pedregulhos, sendo cercado por tubulações que encaminham o chorume para o seu evaporador, sendo que
o próprio gás proveniente da decomposição do lixo é utilizado para evaporá-lo. Estes gases são dissipados para o
ambiente externo, conforme a figura 7.
Cabe ressaltar que existe um projeto para que a este gás seja transformado em energia. A empresa produtora do gás o
encaminharia para a concessionária de energia da cidade, que a transmitiria para o destino final. A produção mensal
deste aterro abasteceria uma empresa do porte de uma indústria de refrigerantes existente em Santa Maria.
O aterro é cercado por uma cortina de vegetação composta por espécies exóticas de Eucaliptus sp., conforme a figura 8,
que tem como objetivo técnico diminuir o impacto ambiental da área de atividade que é o centro, obedecendo às
exigências do órgão ambiental competente. Nos arredores do aterro existem plantações particulares, sendo que as
mesmas não possuem contato com a área de armazenamento de lixo.
Figura 7 – Dissipador de gases.
Figura 8 – Cortina de vegetação.
Como pode ser observada nas figuras 9 e 10, a área de deposição dos resíduos do Centro fica a aproximadamente 500
metros do Arroio Ferreira. Cabe ressaltar que qualquer problema na condução do processo pode vir a ocasionar a
contaminação deste curso d’água.
Figura 9 – Curso d’água (Arroio Ferreira) localizado
a aproximadamente 500 metros do aterro sanitário.
Figura 10 – Curso d’água visto via satélite.
Fonte: Google Earth (2009).
5
CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
Diante do presente estudo verificou-se que o trabalho desenvolvido pela empresa responsável pela coleta e destinação
final dos dejetos do município de Santa Maria é considerado eficiente, pois atende aos requisitos legais quanto a
proteção do meio ambiente, impedindo o contato do lixo com os recursos naturais existentes.
Apesar do trabalho realizado pela empresa ser de extrema importância recomenda-se que seja adotado o sistema de
coleta seletiva do lixo, pois isto diminuiria o volume de lixo armazenado no aterro sanitário, o que aumentaria a vida
útil do mesmo. Além disso, a reciclagem é utilizada como fonte de renda por uma parte significativa da população. O
aproveitamento destes resíduos implicaria uma redução significativa dos níveis de poluição ambiental e do desperdício
de recursos naturais, através da economia de energia e matérias-primas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.
2.
3.
4.
5.
6.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8419: Apresentação de Projetos de Aterros
Sanitários de Resíduos Sólidos Urbanos. 1996.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades@. Santa Maria. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/cidadesat/link.php?uf=rs Acessado em: 11 jul. 2011.
Google Earth. Santa Maria-RS. Disponível em: http://maps.google.com.br/maps?hl=pt-BR&tab=wl
Acessado em: 2009.
SEMA.
Secretaria
do
Meio
Ambiente.
RESÍDUOS
SÓLIDOS
Disponível
em
<http://www.votorantim.sp.gov.br/sema/residuos_solidos/residuos_solidos.html>. Acessado em: 11 jul.
2011.
SALAMONI, Rafael Hollweg; et al. Processo operacional da Central de Tratamento de Resíduos da
Caturrita. Teoria e prática na Engenharia Civil. Santa Maria, 2009.
SANTO
ANTÃO
(DISTRITO
DE
SANTA
MARIA).
Disponível
em
<http://pt.wikipedia.org/w/index.php?oldid=20953813>. Acessado em: 2005.
6
Download

Diagnóstico ambiental do Centro de Tratamento de