Informe Técnico – MACAL Nutrição Animal
Elaborado por Fernando Luiz de Souza
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Suplementação de Bovinos de corte
Fernando Luiz de Souza
Médico Veterinário, Departamento Técnico MACAL Nutrição Animal
Como já sabemos a pecuária esta embasada naquele famoso tripé, Nutrição-GenéticaSanidade e o componente de maior peso neste contexto certamente e a nutrição.
Para falarmos um pouco sobre nutrição devemos lembrar que, a pecuária de corte no Brasil e
predominantemente extensiva, onde na maior parte dos casos os animais são mantidos
exclusivamente a pastos com algumas exceções onde os animais são terminados em confinamento e
que por sinal e crescente este sistema de produção, lembramos ainda que estamos situados em um
país de clima tropical e que em sua maior parte possui duas estações do ano bem definidas que são,
águas e seca. Sendo que nas águas em boa parte das propriedades temos pastagens com quantidade e
qualidade suficiente para garantir aos animais um desempenho considerado bom, e no período seco a
situação se inverte, pois alem de possuirmos pouca disponibilidade de volumoso ele ainda e de
menor qualidade, pois reduz seus níveis de nutricionais e de digestibilidade, piorando ainda mais
conforme a espécie da forrageira.
Então o que normalmente ocorre e que os animais apresentam um desempenho razoável,
durante o período das águas, pois geralmente recebem somente uma suplementação mineral + pasto,
e durante a seca estes recebem uma suplementação protéica, ou então são arraçoados em
semiconfinamento, que na maioria das vezes seus o resultado econômico e questionável, porem em
qualquer situação o resultado vai depender muito da quantidade de volumoso disponível.
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Em situações de restrição de volumoso que e comum encontrarmos, sempre ocorrera uma
perda de peso dos animais, o que representa um prejuízo e este e maior quanto mais jovem for o
animal exposto a esta restrição e quanto maior for o período de restrição, pois apesar de futuramente
o animal apresentar um ganho compensatório, este não cobrira o prejuízo, pois ao longo do tempo o
desempenho de um animal submetido à restrição será pior que o de um animal que não sofreu esta
restrição.
O reflexo de tudo isto e que prolongaremos a idade media de abate dos animais, assim com
idade ao primeiro parto, etc. Então surge a pergunta. O que fazer para conseguirmos um melhor
desempenho animal médio anual?
Na realidade para pensarmos em promover um melhor desempenho animal sempre o
primeiro passo e nos preocuparmos em garantir uma boa oferta de volumoso, principalmente na
forma natural (capim), pois ainda e o alimento mais barato que possuímos, a partir dai sim
poderemos pensar em algum tipo de suplementação.
O termo “suplementação” deixa bem claro o seu significado, que e oferecer algo mais,
oferecer o que esta faltando, Se a proposta é fornecer algo que esteja faltando, então só pensaremos
em suplementar algum animal, a partir do momento em que houver uma adequação do volumoso X
animal. Então imaginem que em uma propriedade em que a realidade é falta de pasto, não temos
porque nos preocuparmos em suplementar, visto que a primeira suplementação não vai no cocho;
primeiramente teríamos que se preocupar em produzir massa (possuir pastos com boa oferta de
alimento, com razoável qualidade) porque é o básico e a forma mais econômica de obtermos bons
resultados, e como já falamos anteriormente na época das águas na maior parte das propriedades
temos quantidade e qualidade de forrageira disponível, já na época seca a qualidade e muito inferior
e muitas vezes não temos quantidade adequada para pelo menos assegurar a mantença dos animais,
então porque não suplementar o nosso animal nas águas, na época que temos melhores pastos e que a
suplementação terá que ser bem menor, e sem duvida promoveremos melhores ganhos. Mas então o
que fazer para que o animal não perca peso na seca?
Para não perder peso na seca e em algumas situações ate promover um baixo ganho de peso,
e importantíssimo que proporcionamos aos animais uma boa oferta de volumoso, quer seja na forma
natural ou conservado (silagem e feno), pois assim com uma suplementação mineral com uréia ou
ate um protéico de baixo consumo, será o suficiente para que o animal não perca peso.
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A idéia é a seguinte, nós temos que gastar mais dinheiro com o animal quando ele nos dá
melhor retorno e esta época com certeza e a época das águas.
Quando partirmos para uma suplementação além de sal mineral com uréia, área de cocho,
localização dos cochos, freqüência e horário de fornecimento passam a ser os principais
condicionantes para o bom resultado.
Quanto à área de cocho o bom seria trabalhar com no mínimo 12 cm por animal para
protéicos de baixo consumo, e 20 a 40 cm para rações, o cocho sempre deve estar localizado
próximo às aguadas, a freqüência de fornecimento deve ser diária, na quantidade a ser consumida
durante o dia, porque geralmente estes produtos não regulam consumo e assim estaremos
minimizando os problemas com chuva, pois o produto colocado no cocho será consumido
imediatamente o fornecimento ou se for um produto para ser consumido ao longo do dia a
quantidade disponível no cocho será menor e a chuva não devera causar nenhum dano. O horário de
fornecimento também e importantíssimo, o ideal e que seja realizado pela manha e sempre no
mesmo horário porque os animais se condicionam a ir ao cocho naquele horário e se não tiver
suplemento no cocho ele vai ficar ali a redor do cocho esperando e não sairá para pastar.
Para o fornecimento de sal com uréia recomendamos que o cocho seja instalado de forma
inclinada e com um furo para drenar a possível água da chuva para evitar possíveis intoxicações com
uréia.
Pode ocorrer alguma dúvida quanto a este perfil de suplementação, porque podem questionar
da seguinte forma. Se suplementar meus animais durante as águas eles estarão prontos durante o
período das águas, e o ideal não seria que eles estivessem prontos no inverno durante a entressafra,
quando o preço pago pela arroba e melhor? Sim concordamos, e sabemos que e uma realidade, mas
também sabemos que o diferencial da arroba do período seco para o período das águas, vem
reduzindo cada vez mais ao longo dos anos, devido a um aumento no numero de animais terminados
em confinamento e semiconfinamento, mas da forma que propomos também poderemos abater os
animais na entressafra, porque chegaremos com o “Boi” pronto no inicio da seca, ai fica muito mais
fácil e barato manter este animal, do que faze-lo ganhar peso.
Bem como já falamos um pouco sobre estratégias de suplementação e alguma coisa sobre
manejo da suplementação, não podemos nos esquecer de um dos principais componentes do nosso
sistema de produção, o animal.
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Como sabemos, animais mais jovens são os mais ganhadores, porem em um sistema de
produção de cria recria e engorda o que é mais comum é a pessoa se preocupar com a terminação,
via de regra não é a situação que da mais retorno, porém se começarmos a promover altos ganhos na
fase de amamentação, onde o custo é infinitamente mais baixo o resultado certamente será bem
melhor. (ex: um bezerro de 120 Kg recebendo 240 g de ração, eu consigo fazer com que um animal
que estava ganhando 750 g passe a ganhar 1 Kg/ dia, gastando 240g ração e com incremento de
300g de ganho, em um boi de 400 Kg para conseguir este ganho eu iria gastar 800g de ração).
Na situação onde não se suplementa o bezerro, tem um peso baixo de desmama, mesmo não
deixando perder peso ao desmame a tendência é que meu boi vai ter que ficar no pasto por um
período bem maior.
Outra situação é a seguinte, em uma propriedade temos um lote de animais de mesma idade,
no mesmo pasto, nas mesmas condições, porem entre estes animais temos uma diferença de
desempenho, que pode ser muito altíssima ou menor, dependendo da uniformidade do lote, porem
ela existe, isto nos prova que existem animais com diferente potencial de ganho. Agora imaginamos
se conseguíssemos identificar através de pesagens quais são estes animais e de alguma forma
privilegiarmos com uma melhor condição alimentar, ou seja, ao invés de oferecermos um bom
suplemento a todos os animais da propriedade, nós oferecêssemos um ótimo suplemento e o melhor
pasto aos melhores ganhadores, um bom suplemento aos intermediários e o fundo quando muito sal
mineral, mas o bom mesmo seria se mandássemos estes embora, ou seja poderíamos vender o fundo
das nossas boiadas.
O exemplo a seguir comprova que o “ideal” seria melhor volumoso e o melhor suplemento
para o animal de maior potencial, porém isto não é comum.
Ex: Mesmo suplemento, mesmo padrão de volumoso
Animais a pasto
suplementados
Animal com ganho 400g - 520 (30%)
Animal com ganho 600g - 900 (50%)
Animal com ganho 700g - 1100 (70%)
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A tendência é suplementar a fundo para alcançar a cabeceira.
O melhor é trabalhar com média de idade de abate diferenciando qualidade de pastagem e
níveis de suplementação de acordo com o potencial dos grupos de animais.
Controlar os ganhos individuais com 3 pesagens classificar os animais para ganho, e
descartar os animais com pior desempenho.
A partir daí você pode privilegiar o melhor animal para antecipar a sua idade de abate e
certamente conseguira um bom resultado econômico.
Veremos aqui um outro exemplo onde temos um boi de bom potencial em situações
diferentes.
Ex: Boi de bom potencial
Pasto ruim – 300g
Pasto médio – 500g
Pasto ótimo – 800g
Pasto ótimo + suplemento 1,1Kg
Confinamento 1,5Kg
O mesmo boi em cima de um pasto ruim e uma determinada época estaria conseguindo um
ganho de 300g, este mesmo animal em um pasto médio teria um ganho de 500g, em um pasto ótimo
ganho de 800g, em pasto ótimo mais suplemento ganho de 1.100 g, e em um confinamento teria um
ganho de 1.500 Kg.
Isto mostra que o mesmo boi em situações diferentes pode dar mais diversos resultados, vai
depender apenas do seu potencial e do sistema de produção da propriedade.
Esta reflexão serve para nos mostrar que tendo animais de diferentes potenciais de produção,
um boi de bom potencial em pasto ruim pode ser interessante suplementá-lo para promover ganhos
maiores.
Então a veja a seguir como enxergamos que seria a melhor forma de adequarmos o tipo de
suplementação para cada situação.
Suplemento Mineral
Poderia ser usada para o caso animais de bom potencial em pastos ruins.
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Suplemento mineral com uréia
Sempre que tiver menos que 9% de proteína digestível, terá uma boa resposta de produção, e
praticamente o ano todo nossas pastagens tem menos que 9% de PD.
Suplemento protéico de baixo consumo (+ ou - 1g/Kg)
Em situações estratégicas onde se busca mantença no período seco, ou ganhos baixos.
Suplementos protéicos energéticos com 2 - 4 ou 5 g por Kg.
Sempre na melhor época do ano no melhor animal, e se possível nos melhores pastos.
De uma maneira geral as opções de suplementação são varias e depende do objetivo de
produção e da situação em que se encontra o animal e o pasto.
Não podemos nos esquecer que quanto maior o nível de suplementação, mais importante é a
monitoração da suplementação.
Suplementação com nível acima de 5 até 10 g/ Kg vivo chamado semiconfinamento, em
pastagens tropicais os resultados econômicos são duvidosos. (Por ocorrer substituição de volumoso).
Rações de baixa proteína e baixo NDT, além de ocorrer substituição, promovemos interferência
negativa na digestibilidade do volumoso.
Se o alimento mais barato que temos é o capim, então temos que explora-lo ao máximo, o
que geralmente ocorre é o produtor “criar mal”, “recriar mal”, e tentar compensar no boi, e isto sai
muito caro.
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