CLEBER RODRIGUES BANDEIRA POR UMA PEDAGOGIA DO ESPORTE: O processo de iniciação e formação esportiva no Centro Educacional Unificado Campo Limpo – entre a realidade e a utopia. São Paulo 2007 ii CLEBER RODRIGUES BANDEIRA POR UMA PEDAGOGIA DO ESPORTE: O processo de iniciação e formação esportiva no Centro Educacional Unificado Campo Limpo – entre a realidade e a utopia. Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. Orientador: Profª. Ms. Ricardo Ducatti Colpas São Paulo 2007 iii BANDEIRA, Cleber Rodrigues Por uma pedagogia do Esporte. São Paulo, 2007. (49 p.) Monografia (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007. 1. Iniciação 2. Formação 3. Esporte iv CLEBER RODRIGUES BANDEIRA POR UMA PEDAGOGIA DO ESPORTE: O processo de iniciação e formação esportiva no Centro Educacional Unificado Campo Limpo – entre a realidade e a utopia. Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores: Presidente: Professor Mestre Ricardo Ducatti Colpas Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP ... Membro: Professor Mestre ou Doutor Luiz Cezar dos Santos Universidade de Brasília Rio Claro, 05 de maio de 2007. 9 A Profa. Dra. Silvana Venâncio por acreditar no meu desempenho acadêmico e pela a oportunidade dada na UNICAMP, em estudos anteriores. 10 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente aos meus pais, especialmente a Dona Nice, pela compreensão, determinação, caráter, e exemplos a serem seguidos pelo resto de minha vida. Agradeço também aos meus alunos e colegas de trabalho, pelos constantes ensinamentos e a todos aqueles que, direta ou indiretamente contribuíram para a elaboração desta monografia e, de modo especial ao professor Ricardo Ducatti Colpas, pelo incentivo constante e pela orientação. 11 “os maiores avanços na compreensão cientifica da base intrapsíquica e os processos interpessoais do desenvolvimento humano requerem uma investigação em ambientes reais, tanto imediatos quanto remotos, nos quais os seres humanos vivem”. Urie Bronfenbrenner 12 RESUMO Relacionamos neste estudo as políticas públicas delineadas para o processo de iniciação e formação esportiva nos Centros Educacionais Unificados (CEUs) da prefeitura municipal de São Paulo (PMSP), com as pesquisas acadêmicas da área denominada: Pedagogia do Esporte. O presente trabalho teve como objetivo expor a real prática pedagógica aplicada no CEU Campo Limpo, apontando as relações com a política pública idealizada para o processo e o que preconizam diversos acadêmicos da ciências do esporte. Este estudo utilizou como metodologia à pesquisa bibliográfica sobre a temática e também como instrumento de medida apoiou-se no uso de entrevistas semi-estruturadas para a obtenção de dados. Verificamos a necessidade do embasamento teórico para as práticas pedagógicas no processo de iniciação e formação esportiva, bem como na formulação de políticas públicas alinhadas ao pensamento acadêmico vigente. Palavras-chave:pedagogia do esporte, políticas públicas, iniciação, formação, esporte. 13 LISTA DE SIGLAS CAIC – Centro de Atenção Integral a Criança e ao Adolescente CEI – Centro de Educação Infantil CEU – Centro Educacional Unificado CIAC – Centros Integrados de Atendimento a Criança CIEP – Centro Integrado de Educação Pública COTP – Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa DUED – Departamento de Unidades Educacionais EMEF – Escola Municipal de Ensino Fundamental EMEI – Escola Municipal de Ensino Infantil NEL – Núcleo de Esporte e Lazer PMSP – Prefeitura Municipal de São Paulo PROFIC - Programa de Formação Integral da Criança SEME – Secretaria Municipal de Esportes e Lazer SME – Secretaria Municipal de Educação TEFs – Técnicos de Educação Física 14 SUMÁRIO LISTA DE SIGLAS ........................................................................................................ 13 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3 MÉTODO 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 34 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS (OU CONCLUSÃO) .................................................. 42 ............................................................................. 18 ................................................................................................................... 33 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 43 APÊNDICES E ANEXOS ........................................................................................ 47 15 INTRODUÇÃO: Na atualidade são emergentes as questões referentes aos estudos pedagógicos na área da ciência do esporte 1 , as discussões acadêmicas florescem em congressos, encontros, simpósios e na própria academia. Profissionais em busca de conhecimento sobre a temática das relações pedagógicas aplicadas ao esporte, são a demanda e talvez um dos principais motivos por essa efervescência acadêmica. Temos então, um quadro instalado onde o poder público não pode mais abdicar sua responsabilidade social em fomentar a pesquisa, estimular a atualização profissional e responder por todas estas necessidades da sociedade contemporânea. Para tanto, neste estudo estamos preocupados em relacionar as políticas públicas delineadas para o processo de iniciação e formação esportiva (PIFE) nos Centros Educacionais Unificados (CEUs) da prefeitura municipal de São Paulo (PMSP), com as pesquisas acadêmicas da área denominada por diversos autores como Pedagogia do Esporte (BAYER, 1994; BENTO & GARCIA & GRAÇA, 1999; GRAÇA & OLIVEIRA, 1998; PAES, 2001; TUBINO, 2005), e a real prática pedagógica aplicada no CEU Campo Limpo, sendo este amostra deste estudo, levaremos em consideração também estudos sobre aprendizagem e desenvolvimento motor elaborados por (GALLAHUE & OZMUN, 2005). Ao adotarmos a terminologia iniciação esportiva concordamos com o que preconiza Arena (2000, p.7): “Iniciação esportiva: refere-se ao processo inicial de um treinamento esportivo, seja este realizado em instituições de ensino regular, escolas de esportes gerais ou específicas, fazendo parte do processo de formação esportiva global.” E com o que Tani, define sobre a iniciação esportiva: “A iniciação esportiva refere-se ao momento do primeiro contato da criança com a prática sistemática de alguma modalidade esportiva.” (TANI, 2002 p. 144). Neste estudo pensaremos a iniciação esportiva como um processo pedagógico complexo de aproximação do individuo com as práticas desportivas, individuais ou coletivas, de maneira sistêmica, estruturada e intencional, visando o aprendizado histórico-cultural, tático e técnico sobre o fenômeno esportivo 2 , proporcionando um desenvolvimento sobre os aspectos cognitivos, motores, sociais, biológicos e afetivos. Concordamos com Arena ao definir o processo de formação esportiva: 1 2 Adotamos a terminologia conforme os estudos de Tubino (2005). Adotamos a terminologia conforme os estudos de Betti (1991). 16 Formação esportiva: refere-se a um processo que compreende desde a fase de iniciação no esporte, até a formação na idade adulta, que proporcione o devido desenvolvimento esportivo em diferentes aspectos, visando um treinamento esportivo a longo prazo. (ARENA, 2000 p. 8) O processo de iniciação e formação esportiva e suas implicações são amplamente discutidos por pesquisadores da pedagogia do esporte, dados relevantes sobre a necessidade organizacional, administrativa, pedagógica deste processo devem ser levados em consideração pelos diversos profissionais envolvidos na formulação e execução de políticas públicas voltadas para tal processo, bem como os profissionais de atuação direta na prática pedagógica (GRECO & BENDA, 1998). A iniciação esportiva pedagogicamente estruturada pode contribuir no desenvolvimento global da criança e do adolescente, tal consideração é ponto de partida para qualquer prática pedagógica compromissada e coesa na Pedagogia do Esporte (BENTO & GARCIA & GRAÇA, 1999). Para (SCAGLIA, 1996) as práticas esportivas podem contribuir para um desenvolvimento pleno da criança e do adolescente, sendo assim são primordiais estudos que investiguem como crianças e adolescentes estão sendo iniciados na prática esportiva e se as formas utilizadas condizem com as características e necessidades, correspondendo ou não ao respectivo estágio de desenvolvimento. Conforme (ARENA, 2000) são imprescindíveis estudos que relatem os processos de iniciação e formação esportiva na sociedade brasileira. A atual literatura pouco descreve sobre estes processos de iniciação e formação esportiva de futuros atletas brasileiros. O estudioso português Jorge Olimpio Bento ao citar que as práticas pedagógicas acontecem nos mais diversos locais, e estes processos educativos são desencadeados também em locais da prática desportivo-corporal, afirma que: “Conhecer e reflectir sobre esses processos de educação e formação latentes, elaborar normas critérios para a configuração pedagógica desses locais – eis tarefas a que a pedagogia do desporto não se pode subtrair.” (BENTO, 1999 p. 83). Para (PAES, 2001) a Pedagogia do Esporte deve rever e discutir o processo de ensino e aprendizagem desta área do conhecimento, um novo rumo ao ensino do esporte deve ser delineado. Greco & Benda (1998) ao discutir o sistema de formação esportiva, declara: “Qualquer sistema de formação esportiva depende da concepção filosófica e política que o Estado e a sociedade civil organizada possuem” p.27. Kunz (2000) afirma que: “Precisamos de muitos avanços teóricos que contribuam para a compreensão do esporte num sentido muito além da mera atividade prática, ou seja, da aquisição de 17 um saber em relação às realizações objetivas dele, bem como das formas de melhorar a efetividade de sua prática com suas especificidades”.(p.76) Portanto este estudo alicerça-se em uma necessidade urgente da sociedade brasileira, refletir sobre estes processos de iniciação e formação esportiva em um dos grandes equipamentos públicos da PMSP, destinados também ao desenvolvimento desportivo-corporal das camadas populares da cidade, tornando-se também, referência para mudanças, reorganizações e aperfeiçoamentos de programas e políticas públicas destinadas a classes populares. Delimitaremos o presente estudo a análise das políticas públicas delineadas no âmbito da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (SEME) e transmitidas em orientações técnicas aos Núcleos de Esporte e Lazer (NELs) dos CEUs, especificamente estamos preocupados em identificar como tais orientações servem como auxilio para a prática pedagógica e ações desenvolvidas pelo NEL do CEU Campo Limpo, e se tais orientações tem fundamentação teórica nas áreas da Pedagogia do Esporte e da Aprendizagem e Desenvolvimento Motor. Para o desenvolvimento deste estudo “Por uma Pedagogia do Esporte: O Processo de Iniciação e Formação Esportiva no Centro Educacional Unificado Campo Limpo – Entre a Realidade e a Utopia”, estabelecemos um plano de redação composto de quatro capítulos. No primeiro capítulo, discutiremos a origem, a missão, os princípios e fundamentos dos CEUs da PMSP, serão explicitados subsídios de como o projeto CEUs foi pensado pela gestão municipal 2001 – 2004. No segundo capítulo, apresentaremos a política pública delineada pela SEME da PMSP, em forma de orientações técnicas aos NELs dos CEUs, sobre o processo de iniciação e formação esportiva. No terceiro capítulo, apresentaremos os dados coletados no CEU Campo Limpo, referentes ao processo de iniciação e formação esportiva, expondo como de fato ocorre tal processo neste cenário, a partir de eixos temáticos que posteriormente serão definidos. No quarto capítulo, abordaremos as discussões no campo acadêmico, especificamente nas áreas da Pedagogia do Esporte, Aprendizagem e Desenvolvimento Motor, para uma reflexão sobre o pensado nos dois últimos capítulos. 18 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: Capítulo 1: Caracterizando os Centros Educacionais Unificados: “As primeiras idéias sobre os CEUs começaram a circular na Secretaria Municipal de Educação em 2002. No final deste ano o projeto já havia sido discutido no interior do governo.” (GADOTTI & PEREZ, 2004 p. 1) Segundo (GADOTTI & PEREZ, 2004), após diversas experiências que visavam a instituição de projetos pedagógicos voltados para as classes populares, como os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), concebidos por Darcy Ribeiro, à “Escola Parque” idealizada por Anísio Teixeira, os Centros Integrados de Atendimento à Criança (CIACs) e os Centros de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (CAICs) criados pelo Governo Federal em 1994, além dos Programas de Formação Integral da Criança (PROFICs) desenvolvidos pelo Governo do Estado de São Paulo em 1986. A gestão municipal 2001 – 2004 concebe, com base nestas experiências de outrora, o projeto CEUs. No projeto CEUs não foram deixadas de lado estas experiências anteriores, mas sim, foram considerados todos os avanços e erros cometidos destas, na estruturação do planejamento deste novo projeto pedagógico para as classes populares, conforme afirmações de (GADOTTI & PEREZ, 2004). Os CEUs surgiram de uma necessidade da sociedade contemporânea globalizada, onde o capitalismo propaga um modelo excludente, especialmente na cidade de São Paulo, onde é facilmente observável esta diferenciação social. No centro urbano da capital paulista, as ofertas de lazer e entretenimento são abundantes, existe a maior concentração de centros culturais e esportivos oferecendo atividades como: dança, teatro, cinema, artes plásticas, música e eventos esportivos, em contrapartida as opções de lazer e entretenimento nas regiões periféricas são poucas ou quase inexistentes em comparação a região central da cidade (GADOTTI & PEREZ, 2004). Com base em estudos técnicos da Professora Doutora Aldaíza Sposati, denominado “Mapa de Exclusão/Inclusão Social da Cidade de São Paulo - 2000”, dados do mapeamento realizado pela Fundação para o Bem Estar do Menor e os estudos de outros institutos de 19 pesquisa brasileiros, foram escolhidos os locais onde seriam construídos os primeiros CEUs 3 , tais locais apresentavam características de exclusão social latente, onde foram constatadas a pouca presença do poder público, a grande concentração de pobreza e a inexistência de equipamentos públicos de lazer, voltados principalmente para jovens e crianças (GADOTTI & PEREZ, 2004). Os relatos institucionais da Secretária Municipal de Educação (SME) em sua Revista EducAção 4 – Cidade Educadora – Educação Inclusiva Um sonho possível - PMSP/SME de 2003, declara como os objetivos específicos dos CEUs: I – Desenvolvimento integral das crianças, dos adolescentes, dos jovens e adultos 4 . A concepção do CEU pressupõe oferta de Educação de qualidade, possibilitando o desenvolvimento integral para crianças, adolescentes, jovens e adultos. Estão incluídas a Educação formal, não-formal e as atividades sócio-culturais, esportivas e recreativas como outras formas de aprendizagem. O trabalho envolve educação, cultura, esporte, lazer, assistência social e todas as ações que impliquem inclusão social, integrando os aspectos cognitivos, socioculturais, físicos e afetivos. II – Pólo de desenvolvimento da comunidade 5 O trabalho no CEU propõe uma gestão compartilhada com a comunidade local, atuando como pólo de desenvolvimento e poderá promover a articulação e organização no que se refere aos programas sociais e às ações de interesse local. Os CEUs têm, também, enorme potencial de integração entre as diversas secretarias municipais representadas nas subprefeituras. A Educação, quando considerada sob a perspectiva da aprendizagem, identifica e reconhece todos os espaços da comunidade. Nem toda aprendizagem é resultado dos ensinos sistematizados. Nesse sentido, todos os espaços devem ser considerados de aprendizagem, mesmo que não tenham propósito pedagógico formal, isso implica promover a integração entre experiências culturais e de lazer da população. Uma comunidade de aprendizagem é uma proposta educativa da base local comunitária, territorializada e solidária, auxiliando na criação da identidade local. III - Pólo de inovação de experiências educacionais 6 . O desenvolvimento de experiências educativas inovadoras nos diferentes níveis e modalidades de ensino permite que o CEU atue como centro de referência, estendendo o conhecimento adquirido para as demais escolas da região. Além de oferecer mais 50 mil novas vagas, o alcance social do CEU irá muito além dos 13 mil metros quadrados de área construída. Cada unidade foi pensada para incluir não apenas seus quase 2.500 alunos, mas toda a família e comunidade de modo geral. Cada CEU será composto por Centro de Educação Infantil – CEI –, Escola de Educação Infantil – EMEI – e Escola de Ensino Fundamental – EMEF – e um conjunto cultural, com teatro, biblioteca, oficina de dança música e demais iniciações artísticas, e outro esportivo, dotado de quadras poliesportivas, salão de ginástica e um complexo de três piscinas. (PMSP/SME, 2003) Assumindo a missão de proporcionar educação com qualidade social e desenvolvimento comunitário, o projeto CEUs desde sua concepção assume a proposta intersetorial, abarcando a atuação de diversas áreas, como: educação, esporte, cultura, meio 3 Ver Mapa de Localização dos CEUs. Grifo nosso. 5 Grifo nosso. 6 Grifo nosso. 4 20 ambiente, saúde, emprego e renda, participação popular, desenvolvimento local e lazer (GADOTTI & PEREZ, 2004). No exemplar da Revista EducAção 5 – Gestão, currículo e diversidade – PMSP/SME de 2004, são apontadas como as principais características do projeto CEUs, quanto a sua intersetorialidade: A concepção de Centro Educacional Unificado integra no mesmo espaço físico, equipamentos das Secretarias de Educação, de Cultura e de Esporte Lazer e Recreação, com a presença efetiva ainda das Secretarias de Assistência Social, da Saúde e da Segurança Urbana, na construção do conceito de intersetorialidade, demonstrando como o poder local das Subprefeituras, de forma integrada, pode atuar mais próximo das comunidades locais e mais sintonizado com as reais necessidades do cidadão. Dentro da nossa concepção de educação para a cidade, o Centro Educacional Unificado propõe a articulação de uma rede de relações, que promova o diálogo entre os diferentes equipamentos que o compõem: as Unidades Educacionais, as Unidades da Cultura e do Esporte e o Telecentro, concretizando em seu projeto o currículo proposto para a Rede Municipal de Ensino. (PMSP/SME, 2004 p.41) Nesta mesma revista são declarados os princípios e fundamentos que orientam o funcionamento de cada CEU, sendo estes: 1- Garantia dos direitos constitucionais de acesso aos bens e serviços socialmente produzidos: educação, lazer, cultura e esporte. 2- Fortalecimento de uma política pública regionalizada, no contexto da descentralização da gestão municipal, articulada nos vários setores da administração pública e da sociedade civil, no atendimento às necessidades das crianças, jovens, adultos e idosos da localidade. 3- Constituição de uma Rede de Proteção Social e de educação permanente, articulando o poder público e as organizações da sociedade civil na sua área de abrangência. 4- Oferta de educação com qualidade social que pressupõe a conjugação de diferentes espaços de aprendizagem e de gestão democrática. 5- Constituição de pólo de desenvolvimento humano e social da comunidade na qual está inserido como projeto de educação popular inclusiva e, portanto, para uma Cidade Educadora. (PMSP/SME, 2004 p.42) Segundo dados obtidos no site 7 da Secretaria Municipal de Educação (SME), para a construção de cada unidade CEU foram gastos em média R$ 17 milhões, houve também um custo adicional de R$ 2 milhões com o mobiliário e equipamento. Investimentos da ordem de R$ 60 milhões foram destinados em equipamentos de tecnologia educacional e laboratórios de informática e R$ 3 milhões em acervo bibliográfico. Para o atendimento do seu público alvo, os CEUs, desenvolvem atividades em três grandes áreas: educação, cultura e esporte. Conforme (PADILHA & SILVA, 2004) a gestão de cada CEU se compõe de Gestor, Conselho Gestor, Secretaria Geral, Núcleo Educacional, Núcleo de Ação Cultural e Núcleo de Esporte e Lazer. 7 Disponível em: <http://educacao.prefeitura.sp.gov.br/WebModuleSme/itemMenuPaginaConteudoUsuarioAction.do?service=Pag inaItemMenuConteudoDelegate&actionType=mostrar&idPaginaItemMenuConteudo=184> Acesso em 9 fev. 2007. 21 Este estudo atentará a área esporte, o objetivo será refletir sobre a prática pedagógica a luz da teoria e das orientações técnicas ou políticas públicas para este eixo. A preocupação recai sobre o NEL, composto por um Coordenador de Ação Esportiva assumindo o cargo de maior hierarquia no NEL, seguido pelo Coordenador de Projetos Internos e Coordenador de Projetos Externos, além dos Técnicos de Educação Física (TEFs) 8 . Capítulo 2: As políticas públicas para a iniciação e formação esportiva: Este capitulo abordará a política pública pensada para o processo de iniciação e formação esportiva dentro dos CEUs, tal proposta foi formulada no Departamento de Unidades Educacionais 01 (DUED 01), da SEME. Atendendo a intersetorialidade proposta na concepção do projeto CEUs, esta secretaria inicialmente assumiria como uma das funções o apoio técnico aos NELs, na formulação das atividades a serem desenvolvidas para a comunidade freqüentadora, para as escolas adjacentes e para o CEI, a EMEI e a EMEF, localizadas nas próprias unidades CEUs. Na ocasião da implementação do projeto CEUs, a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer foi incumbida de preparar e atualizar os recursos humanos dos Núcleos de Esporte e Lazer promovendo a formação continuada através de reuniões técnicas, discussões e debates no âmbito da própria SEME e na Secretaria Municipal de Educação, proporcionou também cursos de extensão e especialização em Pedagogia do Esporte Escolar, por intermédio do convênio firmado com o Programa Segundo Tempo do governo federal. A oportunidade oferecida abrangeria desde estagiários ao Coordenador de Ação do Núcleo de Esportes e Lazer. O pensado pela equipe técnica da SEME para o processo de iniciação e formação esportiva ficou claro através de uma orientação técnica transmitida diretamente aos Gestores e Coordenadores de Ação dos Núcleos de Esporte e Lazer, que teriam a responsabilidade de orientar todos os indivíduos envolvidos em tal processo. Transcreveremos agora os principais objetivos desta política pública: PROGRAMA BÁSICO: desenvolvimento de uma programação de tempo livre para as crianças e adolescentes estudantes dos CEUs e das escolas adjacentes. As atividades serão destinadas à faixa etária de 04 a 16 anos de idade. 8 Silva (2004) descreve as funções e atribuições de cada cargo do NEL. 22 Objetivo Geral: ¾ Ampliar a cultura motriz dos alunos, direcionando-os para a utilização proveitosa do seu tempo livre diário; ¾ Oferecer programa com atividades esportivas, culturais e recreativas para crianças e adolescentes em período complementar de aulas; ¾ Possibilitar o desenvolvimento do potencial esportivo do jovem ¾ Oportunizar o encaminhamento dos atletas que se destacarem para o COTP. Tal proposta subdividiria o público a ser atendido em 5 grupos a saber: G1 de 04 a 06 anos, alfabetização motora, G2 de 07 a 09 anos, iniciação esportiva, G3 de 10 a 12 anos, aperfeiçoamento esportivo, G4 de 13 a 16 anos treinamento esportivo e G5 sem idade definida, para o atendimento de adultos e terceira idade. Elucidaremos os objetivos, a quantidade de tempo dedicado à prática, e a indicação para a freqüência semanal de cada grupo na proposta da equipe técnica da SEME, no texto transcrito do site da Secretaria Municipal de Educação: Grupos atendidos, por faixa etária: 1º grupo – de 4 a 6 anos: alfabetização motora Objetivos: promoção do autoconhecimento dos movimentos fundamentais por meio de atividades lúdicas. Programação: duas sessões semanais de 45 minutos. 2º grupo – de 7 a 9 anos: iniciação esportiva Objetivos: realizar atividades lúdicas, cooperativas e diversificadas, visando a ampliação do acervo motor infantil. Programação: duas sessões semanais de uma hora e oficinas complementares. 3º grupo – de 10 a 12 anos: aperfeiçoamento esportivo Objetivos: proporcionar vivências e aprendizagens fundamentais de diversas modalidades esportivas e jogos pré-desportivos. Programação: duas sessões semanais de uma hora e oficinas complementares. 4º grupo – de 13 a 16 anos: treinamento esportivo Objetivos: refinamento dos movimentos e aprendizado tático da modalidade esportiva praticada. Programação: duas sessões semanais de uma hora e oficinas complementares. 5º grupo – terceira idade: atividades esportivas e sócio-culturais Objetivos: proporcionar qualidade de vida e integração social do segmento. Programação: caminhada, ginástica e outras atividades. 9 9 Disponível em: <http://educacao.prefeitura.sp.gov.br/WebModuleSme/itemMenuPaginaConteudoUsuarioAction.do?service=Pag inaItemMenuConteudoDelegate&actionType=mostrar&idPaginaItemMenuConteudo=184> Acesso em 9 fev. 2007. 23 Esta orientação técnica teria como finalidade ser subsidio na implementação das atividades desenvolvidas por cada NEL em cada CEU, seria a base para o atendimento dos públicos alvos, porém não são declarados diretamente quais autores e quais princípios teóricos foram utilizados na formulação deste documento, não oferecendo as referências bibliográficas utilizadas. Capítulo 3: A realidade pedagógica do NEL do CEU Campo Limpo: Neste capítulo discorreremos sobre a real prática pedagógica aplicada no Núcleo de Esportes e Lazer do Centro Educacional Unificado Campo Limpo, nosso propósito é a identificação da conduta e critérios iniciais utilizados no processo de iniciação e formação esportiva, analisando os procedimentos atuais da equipe do NEL Campo Limpo. Para tanto, desenvolvemos um plano de redação a partir de eixos temáticos, pesquisados no roteiro de entrevista semi-estruturada 10 , sendo eles: A concepção sobre o projeto CEUs; A concepção sobre o processo de iniciação e formação esportiva; Os programas desenvolvidos: conteúdo básico, formas de avaliação e resultados obtidos; As formas de seleção esportiva inicial. Trataremos os indivíduos pesquisados como atores deste processo, quer sejam eles de atuação direta na prática pedagógica: Técnicos de Educação Física, quer sejam eles de atuação indireta na prática pedagógica: Coordenadores, em ambos os casos apresentados, os cargos descritos exercem influências sobre o processo de iniciação e formação esportiva. Para Kunz (2000, p.75) “O profissional da Educação Física entende-se, em geral, como um profissional do esporte, isso em qualquer âmbito em que ele atuar...”. Portanto, para o entendimento do leitor e para clarificar as influências exercidas em questão, descreveremos primeiramente as atribuições e competências de cada cargo, conforme o disposto no regimento interno dos CEUs, sendo este o principal documento sobre as atribuições e questões da administração e gestão deste equipamento da PMSP: Subseção I Do Coordenador de Esporte e Lazer 10 Observar o roteiro de entrevista no anexo 2. 24 Art. 74. São competências e atribuições do Coordenador do Núcleo de Esporte e Lazer, dentre outras que lhe forem incumbidas pelo Gestor do CEU, ouvidas as orientações técnicas da Secretaria Municipal de Esportes: I- coordenar o funcionamento geral do Núcleo de Esporte e Lazer, respeitadas as diretrizes da SME, implementando as diretrizes da SEME, definindo as linhas gerais de atuação esportiva e de lazer do núcleo, coordenando o planejamento, a organização e a promoção de todas as atividades esportivas e de lazer no CEU, levando em consideração o perfil sócio-cultural da região e garantindo a integração com as diretrizes da SMC e do Conselho Gestor no CEU; II- elaborar e planejar a execução do plano de trabalho do Núcleo de Esporte e Lazer, coordenando, facultativamente, a consolidação dos planos de trabalho oriundos das unidades e espaços do núcleo; III- coordenar a equipe do Núcleo de Esportes e Lazer, compreendendo técnicos de educação física, oficineiros, salva-vidas, monitores aquáticos, estagiários, tratadores de piscina e, quando couber, voluntários; IV- fazer a interlocução direta com o Gestor do CEU, a Subprefeitura e a Secretaria Municipal de Esportes, participando de reuniões, planejamentos e capacitações pertinentes ao projeto; V- incentivar e promover a prática e a fruição de atividades esportivas e de lazer junto aos alunos, professores e demais funcionários do CEU, bem como escolas da região; VI- definir linhas gerais de atuação esportiva e de lazer, de acordo com o perfil sócio-cultural da região, bem como supervisionar o planejamento, a organização, a promoção e avaliação de todas as atividades desenvolvidas no Núcleo de Esporte e Lazer do CEU; VII- organizar o processo de inscrições nos cursos e atividades esportivas do CEU, garantindo a formação de turmas, proporcionalidade e acesso aos diferentes públicos; VIII- conhecer e apoiar os projetos setoriais das unidades educacionais, dos núcleos e equipamentos do CEU; IX- participar e assessorar o (a) Gestor (a) no processo de elaboração do Projeto Educacional do CEU, zelando pela articulação entre os três núcleos, de forma a assegurar a unicidade e organicidade das ações; X- participar da execução, acompanhamento e avaliação do Projeto Educacional juntamente com os demais coordenadores de núcleos e equipamentos; XI- assessorar e cooperar com o (a) Gestor (a) e com o Coordenador de Ação Educacional na elaboração, acompanhamento e avaliação dos projetos estratégicos relacionados aos objetivos específicos do CEU, negociando com os coordenadores de projetos a disponibilização e regras de aproveitamento dos recursos solicitados pelo Núcleo de Esporte e Lazer; XII- designar e orientar tecnicamente o trabalho do Coordenador de Projetos Estratégicos de Integração do Núcleo de Esporte e Lazer, que estará especificamente dedicado ao desenvolvimento e execução de projetos estratégicos de integração sob a coordenação do Coordenador de Ação Educacional; XIII- orientar o planejamento, a execução e a difusão das experiências esportivas e de lazer desenvolvidas no CEU, bem como avaliar as experiências esportivas e de lazer de outras escolas e instituições que devam ser consideradas no CEU; XIV- coordenar as atividades de articulação e de integração com a comunidade local e com equipamentos esportivos existentes na área da Subprefeitura; XV- apreciar as propostas de estágio e de monitoria de alunos de graduação, de sua área de atuação, em atividades no CEU; XVI- apreciar as propostas de pesquisa esportiva desenvolvidas por instituições de ensino superior, institutos de pesquisa, entidades governamentais e organizações da sociedade civil; XVII- manter e disponibilizar informações referentes à sua área de atuação, enquanto instrumento de apoio às atividades de planejamento; 25 XVIII- controlar o orçamento, adequando-o às necessidades do Núcleo, e a execução de contratos e de serviços pertinentes às atividades esportivas e de lazer; XIX- zelar pela guarda e conservação dos materiais esportivos que lhe forem confiados; XX- participar das reuniões do Conselho Gestor do CEU, sem direito de voto caso não seja membro eleito; XXI- compor o Colegiado de Integração. Subseção II Do Coordenador de Projetos Estratégicos ou Estruturantes de Esporte e Lazer Art. 75. Compete ao Coordenador de Projetos do Núcleo de Esportes e Lazer designado para atuar como Coordenador de Projetos Estratégicos de Integração, dedicado especialmente à coordenação dos projetos estratégicos de integração do CEU, dentre outras atribuições que lhe forem incumbidas pelo Coordenador do Núcleo de Esporte e Lazer e pelo Coordenador de Ação Educacional: I- participar do processo de planejamento, execução, acompanhamento e avaliação do Projeto Educacional do CEU; II- responsabilizar-se, de forma prioritária, pela elaboração, coordenação e execução dos projetos estratégicos do CEU, previstos no Capítulo II do Título VII deste regimento; III- propor, elaborar, organizar, implementar, e avaliar as atividades de formação esportiva para os alunos do CEU e das escolas do entorno; IV- manter canais de comunicação com o público do CEU, incentivando a participação na elaboração de propostas esportivas relevantes aos processos pedagógicos; V- analisar as propostas de desenvolvimento de atividades esportivas e de lazer encaminhadas ao CEU, respeitada a sua área de atuação. Subseção III Do Coordenador de Projetos Dedicado Especialmente à Programação do Núcleo de Esporte e Lazer Art. 76. Compete ao Coordenador de Projetos dedicado especialmente ao desenvolvimento das atividades típicas do Núcleo de Esporte e Lazer, dentre outras atribuições que lhe forem incumbidas pelo Coordenador do Núcleo de Esporte e Lazer: I- assistir ao Coordenador do Núcleo de Esporte e Lazer, apoiando-o e assessorando-o em suas funções; II- participar do processo de planejamento, execução, acompanhamento e avaliação do Projeto Setorial do Núcleo de Esporte e Lazer do CEU; III- acompanhar o desenvolvimento de projetos sob sua responsabilidade, mantendo informações atualizadas e disponíveis quando solicitadas; IV- analisar as propostas de desenvolvimento de atividades esportivas e de lazer encaminhadas ao CEU, respeitada a sua área de atuação; V- manter a interlocução com os representantes da sociedade organizada, incentivando sua participação, dentro e fora do CEU; VI- supervisionar os serviços técnicos-operacionais e de manutenção e montagem específicos de cada atividade; VII- organizar a utilização dos espaços, equipamentos, mobiliário e materiais para a plena execução de programação de atividades esportivas e de lazer. Subseção IV Dos Técnicos de Educação Física Art. 77. Compete ao Técnico de Educação Física do Núcleo de Esporte e Lazer do CEU, dentre outras atribuições que lhe forem incumbidas pelo Coordenador do Núcleo de Esporte e Lazer: 26 I- coordenar, planejar, supervisionar, dirigir, organizar, orientar, ensinar, treinar, implementar, analisar, avaliar e executar atividades, estudos, trabalhos, programas, planos, projetos e pesquisas em sua área de atuação; II- planejar e executar, em conjunto com seus superiores e pares, inclusive de outros núcleos, unidades, espaços e equipamentos, uma programação ampla e que cubra todos os dias e horários de funcionamento do CEU; III- executar treinamentos especializados; IV- participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares; V- elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos; VI- prestar assistência e educação corporal a indivíduos ou grupos de alunos do CEU, de escolas do entorno e usuários em geral; VII- organizar, supervisionar, executar e ministrar cursos e atividades de orientação, reciclagem e treinamento profissional nas áreas da atividade física e desportiva. (PADILHA & SILVA, 2004 p. 161-164) Esta análise da real pratica pedagógica aplicada no processo de iniciação e formação esportiva pelos atores do Núcleo de Esportes e Lazer do Centro Educacional Unificado Campo Limpo, sintetiza somente o que ocorre nesta unidade CEU, não sendo passível de generalizações ou comparações entre outras unidades CEUs, para fins de delimitar este estudo elencamos como amostra o NEL do CEU Campo Limpo. O Núcleo de Esportes e Lazer do Centro Educacional Unificado Campo Limpo, dispõe em seu quadro de profissionais de três Coordenadores e seis Técnicos de Educação Física, este NEL desenvolve atualmente atividades de iniciação esportiva, lazer, festivais e apresentações de práticas desportivas ou relacionadas as mais diferentes atividades físicas. O NEL Campo Limpo atualmente atende no total declarado nas entrevistas 1769 pessoas que freqüentam as turmas de iniciação esportiva, com faixa etária compreendida dos 4 anos aos 18 anos, e também em turmas de atividades físicas direcionadas ao público adulto e idoso. Nesta coleta de dados houve a participação de dois Coordenadores e seis Técnicos de Educação Física, somente um Coordenador alegou para a sua não participação na coleta de dados motivos pessoais por ocupar um cargo em comissão e ter receio da divulgação dos dados, foram explicados a este Coordenador os princípios da ética cientifica e mesmo assim este não aceitou participar. Todos estes profissionais entrevistados possuem formação acadêmica em Educação Física, um Coordenador e cinco TEFs possuem curso de especialização em diversas áreas conexas da Educação Física e Esporte como a maior titulação acadêmica, todos os indivíduos pesquisados declaram que participaram de cursos de extensão universitária nas mais diversas áreas ligadas a prática profissional, e declaram também a participação em reuniões técnicas, capacitações e formações continuadas na SEME e SME nos últimos 5 anos. A partir do primeiro eixo temático: a concepção do Projeto CEUs, traçamos o perfil do NEL sobre o entendimento destes atores em assuntos relativos as propostas educacionais para 27 as áreas esporte e lazer, educação e cultura, concretizadas através de políticas públicas pensadas nas secretarias municipais correlatadas, ou seja, propostas e diretrizes da gestão municipal para a atuação na base, respeitando princípios constitucionais. O entendimento sobre a concepção das propostas educacionais do projeto CEUs, pelo NEL Campo Limpo, de modo geral, recai sobre dois objetivos declarados na Revista EducAção 4 – Cidade Educadora – Educação Inclusiva Um sonho possível - PMSP/SME de 2003: Desenvolvimento integral das crianças, dos adolescentes, dos jovens e adultos e pólo de desenvolvimento da comunidade. Os atores acrescentam como objetivos do projeto CEUs o atendimento elevado de pessoas e a oportunização de vivências culturais, de lazer e esportivas como forma de colaborar na educação integral do individuo. As propostas educacionais para cada área: educação, cultura e esporte e lazer, não são do conhecimento dos atores de atuação direta, TEFs, estes sintetizam que não tem nenhum conhecimento ou um conhecimento superficial das propostas para cada segmento, vinculando como a maior proposta, a dedicação exclusiva da Gestão do CEU Campo Limpo ao Programa “São Paulo é uma escola”, idealizado pela atual gestão municipal. Estes também declaram que não participam efetivamente no planejamento das propostas educacionais, nem mesmo no segmento esporte e lazer, sendo que a participação destes atores estaria relacionada somente a preparação das suas próprias aulas. Os Coordenadores do NEL revelam que o CEU Campo Limpo tem como concepção de proposta educacional para as diferentes áreas, tornar acessível aos alunos e a comunidade o contato com os diferentes meios de cultura (teatro, música, poesia, etc...), as diferentes e diversas modalidades esportivas, possibilitando a ampliação educacional e de formação de caráter do individuo, ampliando seus conhecimentos, desenvolvendo a cidadania ativa. A concepção sobre o processo de iniciação e formação esportiva, pensada pela equipe do NEL Campo Limpo, assumem como objetivos: oferecer atividades esportivas a crianças e adolescentes de forma orientada, que possam contribuir de maneira positiva no seu processo de maturação e nas características emocionais, tem também como intuito diminuir a ociosidade. Outro aspecto importante declarado é que as atividades desenvolvidas no CEU Campo Limpo favorecem o processo de inclusão esportiva, não tendo como objetivo principal à formação de atletas, estas atividades são livres para todos os indivíduos, conforme as declarações dos atores do NEL. O NEL Campo Limpo em seu processo de iniciação e formação esportiva, oferece a iniciação esportiva em turmas de esportes específicos, sendo elas: natação, ginástica artística, judô, karatê, futebol, futsal, voleibol para comunidade geral, e no atendimento ao programa 28 “São Paulo é uma escola”, são desenvolvidas também turmas de mini-tênis e basquete, além das turmas já elencadas. Com relação aos programas desenvolvidos, estes profissionais declaram como conteúdos básicos são desenvolvidos aspectos relativos ao aprendizado técnico e tático, aquisição de habilidades motoras básicas, desenvolvimento das qualidades físicas, eles utilizam como metodologia estímulos variados de acordo com a faixa etária levando em consideração a estratégia de aquisição de conhecimentos simples para conhecimentos mais elaborados, até a aprendizagem de habilidades motoras especificas das modalidades por eles ministradas, supervisionadas ou coordenadas. Nenhum entrevistado declarou as formas de avaliação do processo de iniciação e formação esportiva do NEL Campo Limpo, no que se refere aos resultados obtidos, os atores afirmam que são positivos, levando os indivíduos ao conhecimento das suas potencialidades, ao aumento da auto-estima, à formação cidadã, a aprendizagem de movimentos, a melhoria das habilidades motoras básicas e a aquisição de habilidades motoras especificas, ao aumento do respeito às regras, aos pares e professores. As formas de seleção esportiva inicial aplicadas pelo NEL do CEU Campo Limpo são baseadas prioritariamente em faixas etárias, justificando que o CEU Campo Limpo teria como meta à inclusão social, uma vez o individuo sendo portador da carteirinha de usuário do CEU, estando interessado em alguma turma de esportes poderia se inscrever desde que atenda aos critérios faixa etária, motivação pessoal e número de vagas disponibilizadas para a turma em questão, onde são inscritos somente os primeiros elementos de acordo com a quantidade de vagas oferecidas e que se dispuseram a participar das turmas, estas por sua vez, são formadas baseando-se em critérios de interesses e competências de cada TEF. Capitulo 4: A base de fundamentação teórica, autores da Pedagogia do Esporte e da Aprendizagem e Desenvolvimento Motor: No decorrer deste capítulo abordaremos o que preconizam diversos autores conceituados da Pedagogia do Esporte, da área da Aprendizagem e Desenvolvimento Motor, tanto no território brasileiro, como autores internacionais, no tocante ao processo de iniciação e formação esportiva. Estudiosos da Pedagogia do Esporte, descrevem o esporte como um fenômeno historicamente construído, com suas características educativas desde que se tenha dado o 29 devido tratamento pedagógico para tal, suas possibilidades pedagógicas são extensas e devemos atentar para este tratamento nos processos de iniciação e formação esportiva. Tani (2000) considera o esporte como um patrimônio cultural da humanidade, ou seja, algo criado, transmitido e modificado através dos tempos, o que lhe confere uma natureza extremamente dinâmica. E devido à ênfase a determinados aspectos, o esporte pode assumir peculiaridades diferenciadas, podendo ser, ora, esporte de rendimento, ora, esporte como conteúdo da educação física, tanto escolar como não escolar. Ao pensarmos a concepção da Pedagogia do Esporte, nos reportamos a Scaglia (1996): ... esta concepção tem como função básica proporcionar um desenvolvimento harmonioso e global ao educando, respeitando sempre os seus estágios de crescimento e desenvolvimento, possibilitando um aumento do seu vocabulário motor...(p.37) ...aplicação de conhecimentos de pedagogia de esportes, terá a finalidade e a responsabilidade de possibilitar um desenvolvimento ao aluno, onde o esporte não se restringe a um “fazer” mecânico, visando um rendimento exterior ao indivíduo, mas torna-se um compreender, um incorporar, um aprender atitudes, habilidades e conhecimentos, que o levem a dominar os valores e padrões da cultura esportiva...(p.37) Segundo Scaglia (1996) vários autores apresentam o fato de que a prática pedagógica destinada ao ensino dos esportes se materializa quando o processo está preocupado com o desenvolvimento global dos alunos, respeitando o estágio de crescimento e desenvolvimento físico e cognitivo e que essa práxis pedagógica contemple diversas possibilidades como: educacionais, intelectuais, sociais, motoras e também esportivas. Freire (2000) aponta para algumas indicações de como uma pedagogia do esporte deve ser pautada, orientando que as experiências lúdicas motoras acumuladas pelas crianças, devem ser o referencial para esta pedagogia, acreditando que as brincadeiras do universo infantil são constituídas pelos mesmos princípios que integram os esportes, portanto, para ensinar esportes o autor indica que lancemos mão do patrimônio lúdico das crianças, utilizando suas brincadeiras, adaptando-as para a aprendizagem dos esportes. No pensamento de Paes (2001, p. 18-19) “o esporte é aquilo que fazemos dele”, sendo este um fenômeno cultural-social, onde a sua prática pode ter diversos objetivos, “o seu ensino deve ser proposto de forma organizada e planejada”. Paes (2006, p.171) afirma “O Esporte pode contemplar o contexto mercadológico, entretanto qualquer que seja a motivação do praticante, a sua natureza será sempre Educacional.” Para Kunz (2000, p.78) o esporte tradicional diferencia-se do esporte educacional, em suas palavras: o esporte deve sofrer uma “transformação didático-pedagógica”, devendo desenvolver-se a partir da alegria e da vontade dos seus praticantes, a partir das inúmeras possibilidades de um “movimentar-se” em diversos contextos e formas. 30 Nas palavras de Betti (1991), o ato de ensinar qualquer esporte decorre a possibilidade do ensino de uma prática que o aluno levará para toda a sua existência, então ensinando bem, o aluno só alcançará proveitos e satisfações de sua prática esportiva e aprenderá a assumir uma posição crítica diante do fenômeno esportivo. Bento (1991) declara que o esporte é pedagógico e conseqüentemente educativo, quando propicia desafios, obstáculos, exigências, promovendo o desenvolvimento esportivo, contemplando a generosidade e o respeito às regras e adversários, além da tomada de consciência sobre a prática do esporte e sua ideologia, o esporte mostrar-se-á seu viés educativo. Bayer (1994) e Garganta (1998) afirmam que coexistem duas linhas ou correntes pedagógicas para o processo de ensino-aprendizagem de esportes. A primeira marcada pela tendência tecnicista utilizando métodos tradicionais de fragmentação do saber esportivo, valendo-se da premissa da fragmentação das partes para a obtenção do todo, a utilização de inúmeras repetições como forma de alcançar o rendimento esportivo adequado. A segunda linha considera os interesses dos educandos, a partir de situações vivenciadas, promovendo a cooperação, a integração ao saber esportivo, a resolução de problemas de maneira eficaz e eficiente, ampliando a compreensão das situações do jogo, além da reflexão crítica sobre as situações vividas durante a prática desportiva, esta segunda corrente tem a visão humanista sobre o processo de ensino-aprendizagem dos esportes. Segundo Darido (2005), atualmente na área Educação Física, coexistem diversas concepções teóricas de abordagem de ensino, todas elas no entanto tem como objetivo comum o rompimento com o modelo mecanicista-tradicional. Para a autora essas tendências de algum modo influenciam a formação do profissional da Educação Física e também as suas práticas pedagógicas, Darido alerta para outra questão, dificilmente os profissionais seguem uma única abordagem de ensino. Para Gallahue & Ozmun (2005) os educadores ao adotar preceitos da abordagem desenvolvimentista incorporam experiências de aprendizado que são apropriadas não somente a idades cronológicas, mas também, de modo mais significativo, aos níveis de desenvolvimento dos educandos. Tomando como base este pensamento ao ensinarmos esporte, devemos ter como prioridade o conhecimento do estágio de desenvolvimento dos alunos, independentemente à idade cronológica vivida, a observação deste fator é prioridade e compromisso em uma prática pedagógica coesa e respaldada em teoria cientifica. Diferentes autores preconizam que a iniciação esportiva deve acontecer priorizando a aquisição de habilidades motoras gerais, vivenciando as mais diferentes modalidades 31 esportivas para tal obtenção (GALLAHUE & OZMUN, 2005; GRECO & BENDA, 1998; PAES & BALBINO, 2005; TANI et al 1988). A busca precoce por habilidades motoras especificas não respeitando o estágio de desenvolvimento e crescimento desencadeia o que definiremos como especialização esportiva precoce, que para (MARQUES, 1991) apud (ARENA, 2000): “Refere-se a um treinamento de uma única modalidade esportiva prematuramente especializado ou a todo processo de preparação esportiva iniciado mais cedo do que a idade apropriada para tal.” (p. 7). Portanto não podemos cometer o erro pedagógico de especializar precocemente qualquer individuo, independentemente da cultura esportiva onde esta prática pedagógica está inserida, seus efeitos são prejudiciais e rotineiramente levam ao abandono da prática desportiva, conforme (DARIDO & FARINHA, 1995; DE ROSE JUNIOR, 1995; MARQUES, 1991, PAES, 1992). Conforme a literatura vigente o processo de iniciação esportiva deve sim priorizar a aquisição de todas as habilidades motoras gerais, todas as formas de locomoção e nãolocomoção e de manipulação, anteriormente ao aprendizado das habilidades motoras especificas das modalidades esportivas, a prioridade seria oportunizar estímulos que permitam que o educando desenvolva esquemas, percepções, imagens de movimentos variados, como base de sustentação da aquisição e controle de novas habilidades motoras mais complexas (BALBINO, 2001; GALLAHUE & OZMUN, 2005; GRECO & BENDA, 1998; PAES & BALBINO, 2005; TANI et al 1988). Greco & Benda (1998) alicerça seu trabalho denominando este processo de iniciação e formação esportiva, como processo de ensino-aprendizagem-treinamento em sua Iniciação Esportiva Universal, sua obra está preocupada em discutir como se dá este processo em esportes coletivos, para isso discorre com embasamento teórico, conceitos da psicologia educacional, da coordenação e da aprendizagem motora, do treinamento técnico e do treinamento tático, integrando conceitos de diferentes teorias do desenvolvimento humano. Esta obra é referencial para práticas pedagógicas aplicadas ao ensino-aprendizagem do fenômeno esportivo. Greco & Benda, (1998) indicam que um sistema de formação esportiva deve ater-se a um processo planejado e sistemático iniciando-se na infância, neste contexto torna-se primordial a aquisição de experiências motoras e de jogo nesta fase da vida, que serão significativas para posterior aprendizagem de habilidades esportivas complexas, como também a aquisição de hábitos motores essenciais para a existência do ser humano. 32 Ao pensarmos um sistema de formação esportiva 11 recorremos a Greco (1997) e Greco & Benda (1998) que declara a importância dos conhecimentos teóricos na organização, administração, estruturação e também a concepção filosófica e política sobre o sistema desejado, os autores propõe um sistema de formação esportiva fundamentado em um critério multidisciplinar. Sendo assim, nota-se o tão complexo e as mais diferentes variáveis a serem consideradas na formulação de um sistema esportivo condizentes com prescrições acadêmicas. Greco (1997) ao demonstrar graficamente 12 o rendimento esportivo em função da idade, freqüência de treinamentos ou aulas e a devida duração na fase da Iniciação Esportiva Universal, elabora um modelo acadêmico baseado em teorias para o processo de iniciação e formação esportiva. Nesta concepção ampla sobre o fenômeno esportivo, seu viés pedagógico e as preocupações com o processo de iniciação e formação esportiva sob o olhar humanista de renomados pesquisadores brasileiros, europeus e norte-americanos, demonstramos as discussões acadêmicas acerca do objetivo deste estudo. Sabemos que aqui não se enceram as dúvidas e possibilidades, pois a ciência do esporte e seus pesquisadores ampliam a cada dia esta área de conhecimento com novas evidências e novos dados. 11 12 Observar o anexo 3, onde apresentamos o sistema de formação esportiva pensado por Greco & Benda (1998). Observar o anexo 4. 33 MÉTODO A amostra deste estudo foi constituída pelos membros do Núcleo de Esportes e Lazer do CEU Campo Limpo, ou seja, dois Coordenadores, e seis Técnicos de Educação Física. A escolha da amostra foi intencional e realizada utilizando-se como critério, este NEL apresentar propostas de atividades voltadas para o processo de iniciação e formação esportiva. Conforme (FINK & KOSECOFF, 1985) denomina-se como procedimento metodológico utilizado nesta pesquisa o método “survey”, empírico-analítico, sendo este um procedimento para coletar informações diretamente das pessoas sobre seus sentimentos, motivações, planos, crenças, formação profissional, desenvolvimento pessoal e base financeira. Como instrumentos de medida utilizamos um roteiro de entrevista semi-estruturada com os recursos humanos do NEL do CEU Campo Limpo, responsáveis pela coordenação, supervisão e prática pedagógica das turmas de iniciação e formação esportiva. Para garantir a confiabilidade dos registros no decorrer da análise dos dados, as entrevistas realizadas foram anotadas e gravadas (gravação sonora). Desta maneira, foram questionados os seguintes aspectos: a) Identificação do entrevistado: nome, cargo e formação; b) Concepção sobre o projeto CEUs; c) Concepção sobre o processo de iniciação e formação esportiva; d) Programas desenvolvidos: conteúdo básico, formas de avaliação e resultados obtidos; e) Formas de seleção esportiva inicial. Na fase de pesquisa: análise dos dados, após a realização das entrevistas, as repostas foram comparadas com as gravações sonoras e após a confirmação da confiabilidade dos registros foi possível elaborar um mapa geral com todos os dados importantes para o estudo, agrupando-se as respostas em eixos temáticos. Esta pesquisa caracteriza-se conforme os estudos de (BAIN, 1989) e (LOCKE 1989), em uma pesquisa de caráter qualitativo interpretativo, sendo assim, foram descritos os fatos de maneira clara e compreensiva, evitando-se julgamentos de valor e manipulações. Discorremos sobre os dados no capitulo 3, aonde apresentamos a realidade pedagógica do NEL do CEU Campo Limpo e retomamos no item resultados e discussão deste presente estudo. 34 RESULTADOS E DISCUSSÃO No decorrer do presente estudo, procuramos apresentar a política pública pensada para o processo de iniciação e formação esportiva no âmbito da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer, relacionando-a com a prática pedagógica real aplicada em uma unidade CEU da Prefeitura Municipal de São Paulo, a luz da teoria acadêmica. Buscamos traçar um perfil do Núcleo de Esportes e Lazer do CEU Campo Limpo, analisando como estes profissionais da Educação Física compreendem primeiramente a concepção do Projeto CEUs, posteriormente as compreensões sobre o processo de iniciação e formação esportiva que ocorrem em sua própria unidade, descrevendo as ações desencadeadas com relação aos aspectos pedagógicos em turmas por eles ministradas, coordenadas ou supervisionadas. Sabemos que os objetivos e as propostas educacionais da Educação Física ainda hoje influenciam a formação do profissional e suas práticas pedagógicas, não existindo uma única forma de pensar, mas quando conhecemos os pressupostos pedagógicos que estão por trás da atividade de ensino, é possível melhorar a coerência entre o que se pensa estar fazendo e o que realmente realizamos. Portanto como podemos constatar, analisar qualquer prática pedagógica não consiste em uma tarefa de fácil execução, e ao analisar a pratica pedagógica de um Núcleo de profissionais e procurar meios para traçar um perfil, foi uma tarefa desafiadora. Com relação à concepção do projeto CEUs, constatamos que os profissionais convergem no mesmo pensamento da gestão municipal 2001 – 2004, idealizadora do projeto, que pensou como objetivos o desenvolvimento integral das crianças, dos adolescentes, dos jovens e adultos e tornar cada unidade CEU um pólo de desenvolvimento da comunidade e também um pólo de inovação de experiências educacionais. Suas declarações a esse respeito são: Coordenador 1: Contribuir para aquisição de uma formação rica em termos de recursos educacionais, culturais, esportivos e de lazer, de forma integrada com a realidade da comunidade em geral, envolvendo os usuários para tornarem-se cidadãos participantes nas ações do CEU. Coordenador 2: Atendimento de inclusão social, com integração em educação, cultura, esporte e lazer – não somente aos alunos da EMEF, EMEI e CEI dos CEUs, mas das escolas municipais do entorno e comunidade, oportunizando vivências e ampliando a cultura em áreas de exclusão. TEF 1: O Projeto CEU visa integrar as áreas da educação, cultura e esporte, oferecimento atividades para crianças, adolescentes, adultos e idosos. As atividades são oferecidas aos alunos e à comunidade local. 35 TEF 2: Atender um número elevado de crianças desde a creche até a 8ª série do ensino fundamental. TEF 3: Tirar a criança da rua mantendo-a na escola, oferecendo diversos cursos complementares. TEF 4: Em termos de proposta educacional, eu particularmente não vejo nenhuma proposta especifica, talvez o CEU tenha sido feito para uma interação entre a comunidade e a educação formal, mas é só um “achismo”, não sei se é essa função do projeto, não tenho idéia nenhuma TEF 5: Na minha concepção as propostas educacionais do projeto CEUS seriam de oferecer oportunidades não somente de Educação na escola (dentro da sala de aula e apenas durante o período escolar), mas sim do aluno vivenciar as diversas formas da Educação utilizando-se da cultura, do lazer atingindo o educando no máximo de sua totalidade TEF 6: Educação integral do indivíduo Sobre a concepção e a participação individual no processo de iniciação e formação esportiva aplicado nesta unidade CEU, os profissionais declararam que: Coordenador 1: Que todos tenham oportunidade na medida do possível, inclusive os portadores de deficiências. Faço a coordenação das atividades desenvolvidas. Coordenador 2: Em nosso CEU (Campo Limpo), foi dado o inicio para atividades desde o CEI (creche); as aulas de natação para bebês; cuja preocupação era a de que o esporte acontecesse desde os primeiros anos de vida a criança possa ter inicio a pratica esportiva, levando-se em conta fatores de amadurecimento motor; e cujas aulas devem ter ao menos um profissional da área Educação Física. TEF 1: Nosso objetivo no CEU Campo Limpo é oferecer atividades esportivas à criança e adolescente de forma orientada que possam contribuir de maneira positiva no seu processo de maturação. Outro aspecto importante das atividades desenvolvidas no CEU é que elas favorecem o processo de inclusão esportiva. As atividades são abertas a todas as crianças, mesmo as portadoras de necessidades especiais. TEF 2: Na minha concepção o objetivo é dar oportunidade às crianças de desenvolverem algum tipo de atividade esportiva, mas não com o intuito de formar algum atleta. Minha participação é ministrar aulas de modalidades específicas para crianças. TEF 3: planejo minhas aulas, determino a faixa etária que vou atender, número de alunos, atividade que vou desenvolver TEF 4: Não tem nenhum processo de iniciação e formação esportiva, tudo está ligado, nos não temos nenhuma proposta educacional, não tem nenhum processo, não tem nada só tem a oferecer atividades esportivas sem ligação com nada, com nenhuma proposta, com nenhum processo. TEF 5: O processo de iniciação e formação esportiva dos CEUS visa oportunizar a vivencia dos alunos a aulas e atividades sem o objetivo de formar atletas, mas sim de diminuir a ociosidade e ajudar na formação da criança. TEF 6: Oferta de atividades adequadas de acordo com a maturação física e emocional do indivíduo. Observamos nestas afirmações, a preocupação em declarar a importância de aspectos de inclusão social, conforme o pensado pelos idealizadores do projeto CEUs, onde o processo 36 de iniciação e formação esportiva desta unidade CEU desenvolve-se sobre este foco, proporcionando vivências de práticas desportivas para crianças e adolescentes indiscriminadamente, a maior ênfase recai sobre o fato desta unidade CEU ter como pretensão o favorecimento da inclusão esportiva. Somente um entrevistado afirmou que nesta unidade CEU não ocorreria nenhum processo de iniciação e formação esportiva, não tendo portanto nenhuma concepção ou participação individual no processo. Em relação ao que preconizam os diversos autores da Pedagogia do Esporte, estes profissionais do NEL Campo Limpo, em suas declarações não se preocuparam em afirmar que o processo desencadeado nesta unidade CEU, pauta-se em desenvolver o individuo globalmente em todas as suas potencialidades e aspectos de desenvolvimento e crescimento, apenas um entrevistado declara que o processo preocupa-se em ajudar na formação do individuo, a prioridade do processo de iniciação e formação esportiva desta unidade CEU seria: a inclusão esportiva, a diminuição da ociosidade, a adesão à prática esportiva desde a mais tenra idade, e teriam também preocupações com a maturação dos indivíduos inseridos no processo. Ao serem questionados como são desenvolvidas as ações pedagógicas no processo de iniciação e formação esportiva, quanto aos aspectos metodológicos e didáticos, estes profissionais responderam da seguinte forma: Coordenador 1: Fica a critério de cada TEF. Coordenador 2: As ações pedagógicas são dirigidas pelo TEF, que ao montar suas turmas para as atividades esportivas, tem a preocupação quanto divisão por faixa etária, modalidade e freqüência. Método e didática fica também a cargo do Professor. TEF 1: Durante as aulas procuro me utilizar e brincadeiras e jogos para o desenvolvimento dos conteúdos. Sempre que possível utilizo materiais diversificados como: bambolês, cordas, colchões, etc. Alguns momentos das aulas são reservados para explicação ou troca de opiniões com os alunos. TEF 2: Cada professor escolhe como quer trabalhar, nunca foi falado em métodos de trabalho. TEF 3: uso a metodologia que convém a cada turma, do mais fácil para o mais difícil TEF 4: Voltando não tem ação pedagógica, então não tem aspectos metodológicos nem didáticos. TEF 5: São duas aulas semanais de 50 minutos com atividades de iniciação esportiva, jogos e atividades lúdicas dependendo da idade da turma. TEF 6: Procuro oferecer atividades com estímulos variados visando o desenvolvimento de todo repertório do aluno e aquisição das novas habilidades e não somente o esporte específico. 37 Em nenhuma declaração dos profissionais do NEL, foi mencionada a utilização da política pública pensada pela equipe técnica da SEME, e todos os entrevistados participaram de reuniões técnicas e capacitações nesta secretaria da PMSP, nos últimos cinco anos. Nesta política pública, está declarada a divisão de grupos para o atendimento do público em cada unidade CEU, há também a indicação da freqüência semanal para cada grupo, os objetivos almejados, sendo um eixo norteador para os NELs da cidade de São Paulo, porém sem utilização neste NEL pesquisado. Portanto, questionamos quais seriam então os referenciais teóricos utilizados no processo de iniciação e formação esportiva, adotados nesta unidade CEU e obtivemos como respostas: Coordenador 1: Fica a critério de cada TEF. Coordenador 2: Maturação psico-motora, faixa etária, para que haja turmas homogêneas. Nas faixas etárias com idade pré-escolar existem turmas de iniciação esportiva, onde a criança passa a ter contato lúdico com atividades esportivas diversas que trabalhem as qualidades físicas básicas – preparando-as para um trabalho mais especifico. TEF 1: Gosto muito de utilizar o jogo e a brincadeira no desenvolvimento das aulas, procuro assim desenvolver meu trabalho próximo do pensamento de autores como Freire. Mas não fico preso a uma determinada metodologia, utilizo muitas vezes o recurso da “dica”, apoiado nas idéias de Go Tani. TEF 2: Nas minhas aulas eu utilizo um pouco de cada abordagem (desenvolvimentista, crítico superadora e construtivista). TEF 3: são anotações de aulas, experiências, troca de experiências, pesquisa... TEF 4: Que me conste não tem nenhum referencial teórico, já que não tem nenhuma ação pedagógica, enfim é isso. TEF 5: Faço pesquisas sempre que possível na internet buscando novas formas de se trabalhar e novas pesquisas. TEF 6: Go Tani, Piaget, Gallahue Conforme mencionado anteriormente na Educação Física contemporânea, coexistem diversas abordagens de ensino, tendo em comum o objetivo de romper com o modelo mecanicista-tecnisista ou tradicional. Algumas dessas abordagens de ensino, influenciam as práticas pedagógicas no processo de iniciação e formação esportiva do NEL Campo Limpo, sendo estas declaradas nas respostas acima elencadas, ao diretamente cita-las ou simplesmente indicar quais autores utilizam como referencial em suas práticas pedagógicas. Não entraremos no mérito da discussão sobre estas abordagens, pois isto ultrapassa a nossa delimitação de estudo, para isso indicamos os estudos de Darido (2005). No tocante aos critérios adotados para a formação de turmas e se estas turmas de iniciação esportiva eram em esportes gerais ou em esportes específicos, tivemos como respostas: 38 Coordenador 1: Faixa etária . Coordenador 2: Por faixa etária. TEF 1: As turmas são formadas a critério do professor. Ele forma turmas de acordo com seus interesses e competências. TEF 2: Cada TEF quando assume seu cargo escolhe as modalidades que mais gostam de trabalhar e forma suas turmas. TEF 3: faixa etária e número de alunos que a piscina comporta TEF 4: Na verdade é um único critério que é a separação por faixa etária. TEF 5: Ordem de chegada. Quando as turmas lotam, formam-se as listas de espera TEF 6: Faixa etária, estágio de desenvolvimento Coordenador 1: Turmas de esporte especifico. Coordenador 2: No momento estamos com turmas de iniciação em modalidade especifica como: ginástica olímpica, natação e futsal. TEF 1: As turmas são voltadas para o desenvolvimento de uma modalidade esportiva específica. TEF 2: São turmas de uma única modalidade esportiva TEF 3: única modalidade- natação TEF 4: São turmas de iniciação em uma única modalidade. TEF 5: Turmas de esportes específicos. TEF 6: Especifico. Os entrevistados afirmaram que o NEL Campo Limpo, adota como critérios para a formação das turmas de iniciação esportiva a divisão por faixas etárias, os interesses e competências de cada Professor e a inscrição por ordem de chegada de acordo com a quantidade de vagas disponibilizadas, apenas um entrevistado indica que as turmas são formadas pautadas no estágio de desenvolvimento. Pesquisas da área Aprendizagem e Desenvolvimento Motor, consultados neste estudo, afirmam que se basear somente no critério divisões por faixas etárias não seria um procedimento adequado, os estágios de desenvolvimento e crescimento seriam, sim, critérios respaldados em teoria cientifica. Os profissionais do NEL Campo Limpo declaram que a iniciação esportiva nesta unidade CEU ocorre somente em turmas de esportes específicos, divergindo da literatura vigente sobre o processo de iniciação esportiva, que recomenda a iniciação em diversas modalidades esportivas, buscando a ampliação do repertório motor e aquisição de habilidades motoras básicas gerais. 39 É primordial salientarmos que ao iniciarmos crianças em uma única modalidade esportiva especifica, podemos estar precocemente especializando indivíduos, se não tivermos como objetivos principais de nossa ação pedagógica: a experimentação de diversas habilidades motoras básicas, a ampliação do acervo motor e o prazer pela prática esportiva, desencadeando o processo de iniciação esportiva conforme indicam os autores da Pedagogia do Esporte e da Aprendizagem e Desenvolvimento Motor, aqui consultados. São inúmeros estudos que apontam como um dos principais motivos para a evasão esportiva, a especialização precoce de crianças, portanto, não basta simplesmente ter o enfoque na inclusão esportiva conforme o pensado pela gestão municipal 2001 – 2004, temos sim que ir além, outros aspectos como a organização e a administração do processo de iniciação e formação esportiva, devem ser contemplados em políticas públicas respaldadas em teoria cientifica, a visão holística deste sistema é primordial, observe no anexo 3 a complexidade de um sistema esportivo com base cientifica. A base de atuação direta, responsável pela implementação das políticas públicas para este processo deve ser preparada e consultada, princípios da gestão democrática devem realmente ocorrer. Um dos indícios de que os responsáveis pela implementação do processo de iniciação e formação esportiva não estão a par das propostas educacionais na sua própria unidade CEU, e mais especificamente na sua devida área de atuação, encontramos nas respostas a seguir: Coordenador 1: Coordenar a elaboração, execução e avaliação nas atividades de esporte e lazer desenvolvidas no CEU. Coordenador 2: Coordenar e dar apoio aos projetos esportivos e atividades do NEL, que compreende as aulas frequenciais dos TEFs, dos oficineiros do esporte – para a viabilidade de implantação de novos projetos. Organização e ação de eventos na área esportiva. TEF 1: Praticamente nenhuma. Apenas escolho as modalidades e a faixa etária em que atuarei. TEF 2: Nenhuma TEF 3: proposta educacional nenhuma, apenas programo minhas aulas TEF 4: Como não tem proposta educacional, não tem formulação, organização e nem implementação. TEF 5: A minha participação é de planejar e executar as aulas a mim destinadas vinculadas ao núcleo esportivo TEF 6: Pelo que tenho conhecimento à proposta já é pré-formulada e nossa atuação é somente na organização e implementação da proposta de acordo com a atividade oferecida. 40 Com relação aos conteúdos programáticos desenvolvidos nas turmas de iniciação esportiva, os entrevistados afirmaram que: Coordenador 1: Fica a critério de cada TEF. Coordenador 2: Iniciação, formação e desenvolvimento do aluno na atividade esportiva levando-o a aperfeiçoar técnicas e conduzindo-o ou não a grupos de competição e festivais. TEF 1: Nas turmas de futsal: Fundamentos básicos da modalidade, regras, tática, trabalho em equipe e participação em torneios e campeonatos. Ginástica Artística: Rolamentos, saltos, paradas em 3 e 4 apoios, estrela, postura e proteções. Voleibol: Fundamentos básicos, regras e sistemas de jogo. TEF 2: O conteúdo começa com a iniciação básica e ao longo da trajetória vai sendo desenvolvido graus de dificuldades maiores. TEF 3: Natação TEF 4: Não tem nenhum conteúdo programático, não tem nenhuma programação, agente vê de acordo com o desenvolvimento da turma, mais não tem nada que eu possa especificar, falar como uma coisa programada. TEF 5: Sigo os processos de ensino-aprendizagem normalmente empregados no ensino de natação (respiração, flutuação, batimento de perna do crawl, respiração lateral, braçada do crawl, etc.). TEF 6: Desenvolvimento das qualidades físicas e habilidades básicas, aquisição e desenvolvimento de habilidades específicas, de acordo com a faixa etária. Conforme os apontamentos citados no capitulo anterior, o repertório motor que a criança já traz consigo deveria ser contemplado. Todas as estruturas das brincadeiras infantis são facilmente adaptáveis para o ensino dos esportes, e nesta fase de iniciação esportiva deveria ser um dos principais recursos para o aprendizado, porém somente um entrevistado declarou utilizar este saber que o aluno traz em sua bagagem cultural, mas, referindo-se ao referencial teórico utilizado em suas aulas e não como conteúdo programático a ser desenvolvido. Os conteúdos declarados restringiram-se em aspectos de melhoria da condição física, aspectos técnicos, aspectos táticos e conhecimentos sobre as regras esportivas, os autores da Pedagogia do Esporte consultados neste estudo, vislumbram a criticidade do educando sobre o fenômeno esporte, mas para isso ocorrer em práticas pedagógicas, devemos ter uma compreensão ampla sobre este fenômeno, contemplando conteúdos além dos meros tradicionais, toda a historicidade e os aspectos sócio-culturais deste fenômeno deveriam ser trabalhados, assim como os aspectos mercadológicos e o envolvimento da mídia na propagação de determinados valores seriam também apreciados. No decorrer deste tópico, estabelecemos uma análise entre as respostas dos profissionais do NEL Campo Limpo, com o que preconizam os autores da Pedagogia do 41 Esporte e da Aprendizagem e Desenvolvimento Motor. Observamos também a não aplicação dos preceitos delineados na política pública originada na SEME, por este NEL, ficou evidente que esta política pública está alheia aos processos pedagógicos aplicados por estes profissionais, que respaldam suas práticas em determinadas tendências da Educação Física contemporânea. 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste estudo objetivamos relacionar as políticas públicas delineadas para o processo de iniciação e formação esportiva nos CEUs da prefeitura municipal de São Paulo, com as pesquisas acadêmicas da área Pedagogia do Esporte, e a real prática pedagógica aplicada no CEU Campo Limpo, além de levarmos em consideração também estudos sobre aprendizagem e desenvolvimento motor elaborados por (GALLAHUE & OZMUN, 2005). Abordamos neste estudo o processo de iniciação e formação esportiva, aplicado no CEU Campo Limpo, aprofundamos em questões de âmbito pedagógico, com o objetivo de melhor compreendê-lo e de analisar como estes profissionais compreendiam as concepções de princípios e objetivos ligados as políticas públicas da PMSP e o conhecimento cientifico atrelado as suas práticas profissionais. Observamos que a política pública proposta pela a equipe técnica da SEME, não é atualmente utilizada pelo NEL Campo Limpo, estes profissionais respaldam suas práticas pedagógicas em tendências da Educação Física contemporânea. Este resultado, apesar de apresentar em alguns aspectos, uma amostra pouco representativa, conseguiu demonstrar que um NEL não está alinhado as diretrizes municipais, por desconhecer, por ter pouca informação, ou simplesmente por atender a princípios de especificidades da unidade em questão. Verificamos a complexidade em idealizar políticas públicas alinhadas ao pensamento cientifico e a realidade vivida na base de implementação de propostas pensadas. Sugerimos o tratamento da questão de modo a contemplar todas as fases e indivíduos que fazem parte do processo de iniciação e formação esportiva, o olhar sistêmico deve ser prioridade, torna-se necessário a re-formulação, a re-organização, a re-administração e o repensar sobre estas políticas públicas e as realidades práticas dos equipamentos CEUs. Será que estamos sugerindo uma nova utopia, ou simplesmente uma re-aproximação humanística entre estado e a população, fica aqui a dúvida e a possibilidade de novos estudos que contemplem esta possibilidade ou devaneio utópico. 43 REFERÊNCIAS BAYER, C. O ensino dos desportos coletivos. Paris: Vigot, 1994. BETTI, M. Educação Física e Sociedade. São Paulo: Movimento, 1991. BRONFENBRENNER, U. A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados. 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Anais eletrônicos...São Paulo: USP, 2006. Disponível em: <http://www.usp.br/eef/xipalops2006/48_Anais_p171.pdf>. Acesso em: 10 fev 2007. ARENA, S.S. Iniciação e especialização esportiva na grande São Paulo. 2000. 141 f. Dissertação (mestrado) – Faculdade de Educação Física e Esportes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000. BALBINO, H. F. Jogos Desportivos coletivos e os estímulos das Inteligências Múltiplas. 2001. 142 f. Dissertação (mestrado)- Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001. 47 APÊNDICES E ANEXOS FIGURA 01- Adaptado do site da SME disponível em: <http://educacao.prefeitura.sp.gov.br/WebModuleSme/itemMenuPaginaConteudoUsuarioActi on.do?service=PaginaItemMenuConteudoDelegate&actionType=mostrar&idPaginaItemMenu Conteudo=185>, Acesso em: 10 fev. 2007 48 ANEXO 2: Questionário/Entrevista: Nome:______________________________________________________________________ Cargo:____________________________Lotação:___________________________________ Formação: Responda S para afirmar positivamente e N para afirmar negativamente. _____ Profissional Provisionado _____ Graduação _____ Licenciatura _____ Bacharelado _____ Cursos de Extensão _____ Especialização _____ Mestrado _____ Doutorado _____ Participou de Capacitações, Formações Continuadas ou Reuniões Técnicas na SME ou SEME nos últimos 5 anos. 1) Na sua concepção quais seriam as propostas educacionais do Projeto CEUs? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 2) Você tem conhecimento sobre as políticas públicas delineadas e articuladas para as propostas educacionais do Projeto CEUs? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 49 3) Na sua unidade CEU, quais são as propostas educacionais, para as áreas: esporte e lazer, cultura e educação? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 4) Qual a sua participação na formulação, organização e implementação das propostas educacionais na sua unidade CEU, na sua devida área de atuação? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 5) Qual a sua concepção e participação sobre o processo de iniciação e formação esportiva desenvolvida na sua unidade CEU? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 6) Você coordena, supervisiona ou desenvolve ações pedagógicas em quais modalidades esportivas? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 7) Como são desenvolvidas as ações pedagógicas no processo de iniciação e formação esportiva em sua unidade CEU, quanto aos aspectos metodológicos e didáticos? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 50 8) Qual o referencial teórico utilizado no processo de iniciação e formação esportiva nas turmas por você coordenadas, supervisionadas ou ministradas? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 9) Qual o conteúdo programático básico desenvolvido em cada turma, por você coordenada, supervisionada ou ministrada? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 10) Existe um controle ou supervisão dos critérios de conteúdo programático a ser desenvolvido no processo de iniciação e formação esportiva na sua unidade CEU? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 11) Quais os resultados do atual processo de iniciação e formação esportiva adotados na sua unidade CEU? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 12) Qual o número de crianças e adolescentes envolvidos no processo de iniciação e formação esportiva por você coordenado, supervisionado ou ministrado? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 51 13) Quais critérios são adotados para a formação de turmas no processo de iniciação e formação esportiva na sua unidade CEU? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 14) As turmas de iniciação esportiva por você coordenada, supervisionada ou ministrada, assumem o ensino geral das diversas modalidades esportivas (turmas de esportes gerais) ou são turmas de iniciação em uma única modalidade esportiva (turmas de esporte especifico)? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 15) A sua unidade CEU adota como critérios para a composição das turmas de iniciação esportiva e modalidades específicas às divisões por faixas etárias, estágios de desenvolvimento ou níveis maturacionais, baseando-se em que referenciais? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 16) Existe algum tipo de seleção das crianças ou adolescentes para fazerem parte do quadro de alunos das turmas de iniciação ou modalidades esportivas especificas? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 17) Na sua unidade CEU quais são os critérios adotados para o inicio das participações em competições esportivas? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 52 ANEXO 3: Concepção Filosófica Concepção Política Sistema deFormação Esportiva ESTRUTURAS Temporal Conteúdos Áreas de Aplicação Administrativa Instituições Administrativa Instituições: Fase: Capacidades: Esporte: Aspectos de administração, gerenciamento e marketing da atividade física e esportiva Ministérios; Secretarias; Confederações; Federações; Clubes; Ligas; Escolas; Academias. Pré-escolar Universal Orientação Direção Especialização Aproximação Alto-nível/rend. Recuperação Recreação Físicas (motoras, coordenativas e mistas); Técnicas; Táticas; Biotipológicas; Psíquicas; Socioambientais. Lazer; Prevenção da saúde; Escolar; Rendimento Recuperação/ Reabilitação; Rendimento; Alto Rendimento ou esporte profissional. FIGURA 02- As estruturas inerentes ao sistema de formação e treinamento esportivo. Adaptado de Greco & Benda (1998) p.28. 53 ANEXO 4: NÍVEL DE RENDIMENTO Fase Alto Nível I: 21 anos D:4 anos F: 6-8 vezes Fase Aproximação/ integração I: 18-21 anos D:4-5 anos F: 3-6 vezes Fase Especialização I: 16-18 anos D:4-5 anos F: 3-4 vezes Fase Pré-Escolar I: 2-3 anos D:4-5 anos F: 2-3 vezes Fase Universal I: 6-12 anos D:6 anos F: 2-3 vezes Fase Orientação I:12-14 anos D:2-4 anos F: 2-3 vezes Fase Direção I:14-16 anos D:2-4 anos F: 3-4 vezes I = Idade D = Duração da Fase F = Freqüência de atividades. Fase Recreação/Saúde I: 16-18 anos D:2 anos F: 2-3 vezes Fase Readaptação I: 18 anos D: 2 anos F: 2-3 vezes IDADE FIGURA 3- Fases do rendimento esportivo, sua duração, relação com a idade, e a freqüência de treinamento. Adaptado de (GRECO, 1997. p.24).