Infecção Materna e Risco de
Paralisia Cerebral em RecémNascidos a Termo e Pré-termos
(Maternal Infection and Risk of Cerebral
Palsy in Term and Preterm Infants)
Michael D Neufeld
Chantal Frigon
Alan S. Graham
Beth A. Mueller
Journal of Perinatology 2005; 25: 108 – 113
Apresentação: Dra. Carolina Carvalho do Amaral (R2)-Coordenação: Dra. Ana Lúcia
Moreira do Nascimento (HRAS/SES/DF)
Introdução

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
Paralisia cerebral (PC) é um desenvolvimento crônico e
não progressivo de deficiência motora e cognitiva
Afeta 15 de cada 1000 crianças com peso de
nascimento abaixo de 2.500g.
Aumento da prevalência nos anos 70 e 80.
Etiologia é pouco compreendida, mas está associada a
alguns fatores de risco: asfixia perinatal, idade
gestacional baixa, gestação múltipla, infecção viral intrauterina, malformações congênitas, distúrbio da
coagulação e crescimento intra-uterino restrito.
Introdução



Recentemente infecção materna tem sido
implicada como causa potencial de PC
O mecanismo é pouco compreendido e pode
ser diferente no RN prematuro e no RN de
termo.
Objetivo: testar a hipótese de que nos RN de
termo e prematuros expostos a infecção materna
no momento do parto tem risco aumentado para
desenvolver paralisia cerebral
Material e Método



Estudo caso-controle
A população: pacientes com história de
internação nos hospitais de Washington,
identificados através de pesquisa em relatórios
de todas as internações ocorridas durante 1987 a
1999.
Caso: crianças de menos de 6 anos, identificada
durante uma internação com o código de PC do
CID 9 (343.0 – 343.9) – 688 crianças
Material e Método


Controle: escolhidos na mesma população
crianças que não tinham o CID 9 de PC,
escolhidos de forma randomizada – 3068
crianças ( relação 4:1)
Foi avaliada a presença de infecção materna
durante o parto através do relatório de
internação, sendo dividida em 4 grupos:
Corioamnionite , ITU, febre materna e infecção
na gravidez e infecção generalizada.
Resultados
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



Raça, paridade e diabetes: sem alteração
significativa entre caso e controle.Maior
prevalência nos RN com PC em relação aos
controles:
Idade materna < 18 anos (8 x 3%),
Não casada: ( 32 x 22%)
IG < 37s : (38 x 6%); peso <2500g (39 x 4%)
Outros fatores: baixa escolaridade materna, uso
de álcool na gestação, sexo masculino e fumo
Resultados

O risco de desenvolver PC é três vezes maior na
presença de qualquer infecção materna (OR 3,1
(95% CI: 2.3 a 4.2)
Termo – OR 1.8 (95% CI: 1.1 a 2.8 )
(neste grupo de RN, a corioamnionite ou infecção
urinária materna foram associadas com o aumento de
PC, no entanto, não significativo
 Prematuro – OR 2.3, 95% CI: 1.3 a 4.2)
(neste grupo a corioamnionite e a infecção urinária
materna foram associadas significativamente com o
aumento da PC)

Resultado
caso
Todos
nº
%
controle
nº
%
OR
IC 95%
Sem infecção
600
87,2 2935 95,7 1
-
Infecção
88
12,8 133
4,3
3,1
2,3 – 4,2
Corioamnionite 40
6,3
34
1,2
5,8
3,7 – 9,1
ITU
22
3,5
24
0,8
4
2,2 – 7,0
Febre materna
22
3,5
50
1,7
2
1,1 – 3,5
Resultado
caso
Termo
nº
%
controle
nº
%
OR
IC 95%
Sem infecção
368
93,2 2563 95,8 1
-
Infecção
27
6,8
112
4,2
1,8
1,1 – 2,8
Corioamnionite 7
1,9
25
1
1,8
0,8 – 4,4
ITU
7
1,9
22
0,9
2,2
0,9 – 5,1
Febre materna
6
1,6
43
1,7
1,2
0,5 – 2,8
Resultado
caso
controle
nº
%
Prematuros
nº
Sem infecção
189
76,5 161
86,1 1
Infecção
58
23,5 19
10,6 2,3
1,3-4,2
Corioamnionite 33
14,9 9
5,3
3,6
1,5-8,4
ITU
14
6,9
2
1,2
4,8
1,2-18,3
Febre materna
15
7,4
7
4,2
1,1
0,4-3
%
OR
IC 95%
-
Resultado
IG
Infecção
Caso (%)
Controle (%)
OR (95% IC)
≥ 37s
não
368 (57,3)
2563 (89,9)
1
≥ 37s
sim
27 (4,2)
112 (3,9)
1,8 (1,1-2,8)
< 37s
não
189 (29,4)
161 (5,6)
8,3 (6,6-10,5)
< 37s
sim
58 (9)
19 (0,7)
19,7 (12,8-30,2)
33 – 36s
não
77 (31,1)
132 (73,3)
4,4 (3,2-5,9)
33 – 36s
sim
9 (3,6)
12 (6,7)
4,4 (1,8-10,6)
≤ 32s
não
112 (45)
29 (16,1)
24,3 (17,4-34)
≤ 32s
sim
49 (19,8)
7(3,9)
49 (28,6-83,7)
Discussão





A infecção materna está associada a um aumento
aproximado de 2 vezes no riso de PC.
O efeito parece ser maior no prematuro
Corioamnionite e ITU parecem estar relacionadas com
aumento do risco em prematuros, mas não em termo
Febre materna não está associada a PC, tanto em RN a
termo como em RN prematuro
Uma finalidade deste trabalho é contribuir com os
escassos trabalhos sobre PC e crianças nascidas a
termo.
Discussão


Em um estudo caso – controle, Grether and
Nelson relataram que 1 ou mais indicadores de
infecção materna estão presente em 3% do
controle e 22% das crianças com PC (OR 9,3 ,
95% CI 3,7-23) e 37% das crianças com
quadriplegia espástica.
Estudos recentes em RN<=36s associando PC
com corioamnionite evidenciaram um aumento
de 4x no risco.
Discussão


Há vários estudos sobre a associação entre
infecção materna e PC em pacientes prematuros.
Vários mostram um aumento de 2 a 4 vezes no
risco de desenvolver PC.
Wu and Colford – Meta-analise
- prematuro: RR 1,9 ( 95% CI 1,4 – 2,5)
- termo:
RR 4,7 (95% CI 1,3 - 16,2)
Discussão





É complexa relação entre infecção materna e prematuridade (o
efeito da infecção materna na PC parece ser maior no RN
prematuro)
Baixa idade gestacional é um conhecido fator de risco para PC. (
maior suscetibilidade dos precursores dos oligodendrócitos entre
23 e 32 semanas)
Lesão dos oligodendrócitos pode levar a deficiente mielinização
resultando nos achados de leucomalácia periventricular ao ultrasom
A combinação prematuridade e infecção materna aumenta o
risco de PC em 24x
Febre materna é um fraco determinante de infecção.
Discussão

Limitações do estudo:
- População composta apenas pelas crianças
que já necessitaram de internação
- Uso do CID no relatório de internação para
definição de caso, não-caso e infecção.
- Dificuldade na definição de corioamnionite
- Considerar apenas a exposição à infecção
materna durante o parto
Discussão

Infecção materna é um fator de risco para PC com um
aumento de duas vezes no risco. Esse resultado dá
suporte a hipótese de que uma resposta inflamatória
fetal a uma infecção materna resultaria em lesão
cerebral fetal/neonatal, relacionado possivelmente a
aumento dos níveis de citocinas no líquido amniótico e
sangue.
NOTA: Para melhor compreensão de Odds Ratio (OR),
consulte Entendendo Bioestatística Básica, Parte 3, em
www.paulomargotto.com.br
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Infecção materna e o risco de paralisia cerebral nos recém