AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 92 AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILOMANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS * PHARYNGEAL AIRWAY SPACE EVALUATION IN PATIENTS WITH DENTOFACIAL DEFORMITY SUBMITTED TO MAXILO-MANDIBULAR ADVANCEMENT SURGERY Marcelo Rodrigues AZENHA ** Cláudio Maldonado PASTORI *** Clóvis MARZOLA **** João Lopes TOLEDO-FILHO ***** Marcelo SAAB ****** Gustavo Lopes TOLEDO ****** Marcos MAURÍCIO CAPELARI ****** Daniel Luiz Gaertner ZORZETTO ****** ______________________________________________________ * Trabalho extraído da monografia apresentada para conclusão do Curso de Residência em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial promovido pelo Hospital de Base da Associação Hospitalar de Bauru e Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial em 2008. ** Autor da monografia e concluinte do Curso de Residência em 2008. *** Coordenador do Curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia BMF da APCD – Regional de Bauru. Professor do Curso e Orientador da monografia. **** Professor Titular Aposentado de Cirurgia da Faculdade de Odontologia de Bauru da USP. Professor do Curso de Especialização e Residência. ***** Professor Titular de Anatomia da Faculdade de Odontologia de Bauru da USP. Professor do Curso de Especialização e Residência. ****** Professores do Curso de Especialização e Residência em Cirurgia e Traumatologia BMF. AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 93 RESUMO O avanço maxilo-mandibular é uma modalidade de tratamento bastante aceita para aqueles pacientes que apresentam a Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono, sendo caracterizada como uma condição médica com períodos de falta de ar durante a noite, podendo estar relacionada a fatores como obesidade, hipotonia muscular da região faríngea e deficiência mandibular. A diminuição do espaço aéreo pode ser observada em três diferentes níveis: posteriormente ao palato mole, posteriormente a base da língua/epiglote e, na região hipofaríngea, sendo esta a posição mais inferior da faringe, também constituída pela naso e orofaringe. A determinação da região da obstrução é essencial para o tratamento, sendo a análise cefalométrica bastante eficaz no planejamento. Para determinar possíveis alterações cefalométricas no espaço aéreo faríngeo nos procedimentos de avanço maxilo-mandibular em pacientes submetidos à cirurgia ortognática, foram realizadas as análises dos traçados convencionais de 5 pacientes nos períodos pré-operatórios, pós-operatório imediato (<15 dias) e pós-operatório tardio (>6 meses). As técnicas cirúrgicas utilizadas foram a osteotomia do tipo Le Fort I e osteotomia sagital bilateral do ramo mandibular. Foram analisados os espaços aéreos faríngeos superior, médio e inferior, sendo observadas diferenças significativas na distância destes espaços nos períodos supracitados. ABSTRACT The maxilo-mandibular advancement surgery is a well accept treatment modality for those patients presented with Obstructive Sleep Apnea Syndrome, been recognized as a medical condition in which periods of cessation of breathing occur during the night associated to obesity, pharyngeal muscular hypotonic and mandibular deficiency. The narrow of the airway space can be seen in three different levels: posterior to soft palate, posterior to tongue/epiglottis base and at hypo pharyngeal region, been this position the most inferiorly space of pharynges, consisting of naso and oropharynge. The definition of the obstruction is essential to the treatment, with the cephalometric analyses helpful to the planning. To determine possible cephalometric alterations to the pharyngeal airway space in 5 patients underwent maxilo-mandibular advancement surgery, conventional cephalometric traces were done before the surgery, right after the surgery (< 15 days) and at least 6 months after the surgery. The Le Fort I osteotomy and the bilateral sagittal split mandibular osteotomy were done in all the patients. The airway spaces were analyzed and significant differences were obtained during the period of evaluation. Unitermos: Cirurgia ortognática; Espaço aéreo faríngeo; Apnéia do sono. Uniterms: Orthognatic surgery; Pharyngeal airway space; Sleep apnea. INTRODUÇÃO A Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS) é caracterizada como sendo uma desordem médica onde o paciente apresenta um colapso periódico do espaço aéreo faríngeo durante o sono, resultando em hipopnéia e AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 94 apnéia. Estas situações são encontradas, freqüentemente durante o sono REM (Rapid Eye Movement), quando os músculos responsáveis pela abertura do espaço aéreo perdem o seu tônus, fazendo com que a SAOS se desenvolva. Fatores como obesidade, deficiência mandibular, hipotomia muscular, deposição excessiva de gordura no palato, língua e faringe, palato mole alongado, ateromas calcificados na artéria carótida, dentre outros tem influencia direta nesta síndrome, que pode acarretar em alterações sistêmicas graves, como hipertensão arterial, hipertensão pulmonar, infarto do miocárdio, disritmias cardíaca noturna e isquemia cardíaca. Conhecida desde o século passado pela obra de Charles Dickens intitulada “The Pickwick Papers”, o menino gordo e preguiçoso do enredo ganhou na medicina o nome de Síndrome de Pickwick, caracterizando a entidade clínica da obesidade e da sonolência excessiva. Os sinais clássicos da SAOS incluem história de sonolência diurna, ronco noturno, hipertensão, diabetes mellitus tipo II, aumento da circunferência do pescoço e achados positivos durante o exame de polissonografia noturna. O período de obstrução das vias aéreas durante a SAOS pode variar de 10 a 30 segundos, resultando em uma redução da saturação de oxigênio dissolvido no sangue, podendo resultar em arritmia cardíaca e angina noturna, com aumento da pressão arterial em até 25%. Estas alterações sistêmicas fazem com que os pacientes acordem rapidamente inúmeras vezes durante a noite para realizarem respirações profundas, causando fadiga, sonolência, cefaléia e diminuição da memória no período diurno. Para que a determinação exata do local de obstrução aérea seja identificada, o exame de nasofaringoscopia de fibra ótica deve ser utilizado, além da ressonância magnética, tomografia computadorizada, endoscopia e cefalometria. A cefalometria é o exame por imagem onde são observadas as características do esqueleto crânio-facial e as dimensões do espaço aéreo faríngeo. Este estudo é obtido com a utlização de radiografias laterais cefalométricas realizadas com o paciente posicionado em pé e com o lado direito da face voltado para o cefalostato, sendo essas radiografias tomadas após o término da expiração, permitindo com isto um posicionamento padronizado do osso hióide. O principal objetivo dos procedimentos de cirurgia ortognática em pacientes com quadro de SAOS é o aumento do espaço aéreo faríngeo no período pós-operatório tardio. Este estudo tem como objetivo determinar possíveis alterações no espaço aéreo faríngeo em pacientes submetidos à cirurgia ortognática de avanço maxilo-mandibular através do estudo cefalométrico convencional de 5 pacientes avaliados nos períodos pré-operatório, pós-operatório imediato e pós-tardio submetidos à osteotomias do tipo Le Fort I, osteotomias sagitais bilaterais mandibulares e mentoplastia. REVISTA DA LITERATURA Anatomia do espaço aéreo faríngeo A faringe é um tubo com cerca de 12 centímetros, de tecido musculoso fibroso, situado a frente das vértebras cervicais e estendendo-se da base do crânio até a porção superior da cartilagem cricóide (GARDNER; OSBURN, 1971). É dividida em três porções, sendo elas: A) nasofaringelocalizada na parte alta da faringe posteriormente às fossas nasais, entre os cornetos e o palato duro; tem a função respiratória. Apresenta o óstio faríngeo da AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 95 tuba auditiva, que é um canal cartilagíneo e ósseo comunicando o ouvido médio com a nasofaringe. Medial e superiormente na nasofaringe encontra-se a tonsila faríngea e junto ao óstio da tuba audititva, as tonsilas tubáricas (ZORZETTO, 1999); B) orofaringe- localizada posteriormente ao istmo da boca estendendo-se do palato mole até o nível da epiglote, sendo uma continuação da boca. Inicia-se nos arcos que limitam a garganta, onde estão localizadas as tonsilas palatinas. Superiormente, a orofaringe é separada da nasofaringe pelo palato mole, estendendo-se inferiormente até a base da língua e cartilagem epiglote, responsável pelo fechamento da faringe. A orofaringe tem a função respiratória e alimentar (JOHNSON; MOORE, 1983 e ZORZETTO, 1999); C) hipofaringe- é a porção mais baixa da faringe, sendo constituída anteriormente pelo osso hióide e pelos músculos que controlam sua posição. O limite posterior da orofaringe e da hipofaringe é composto pelos músculos constritor superior, médio e inferior, sendo que inferiormente a hipofaringe continua-se com o esôfago e anteriormente está em comunicação com a laringe (SCHWAB; GUPTA; GEFTER et al., 1995 e ZORZETTO, 1999). O suprimento sanguíneo da faringe é realizado pelos ramos da artéria lingual, ramos palatinos e tonsilares da artéria facial, pelo feixe faríngeo ascendente, ramos palatinos e faríngeo das artérias maxilares, e pelos ramos laríngeos superiores e inferiores das artérias tireoidianas superiores e inferiores (JOHNSON; MOORE, 1983). Afirmam ainda ser o músculo estilofaríngeo o único inervado pelo nervo glossofaríngeo, sendo os demais inervados pelos ramos do nervo acessório. Os músculos que compõe a faringe são o hipoglosso, estilo-glosso, estilo-hióide, estilofaríngeo, palatoglosso, palatofaríngeo e, os músculos constritores da faringe (GADNER; OSBURN, 1971). O osso hióide está localizado entre a mandíbula e a laringe, apresenta forma de U e não se articula com o resto do esqueleto. É um osso fino, estando suspenso aos processos estilóides pelos ligamentos estilo-hióideos. Os grupos musculares presos ao osso hióide são os infra e supra-hióideos, sendo constituintes do primeiro grupo os músculos esterno-hioideo, omo-hioide, esternotireoideo e tireo-hioideo, com a função de ancorar o osso hióideo na sua porção inferior. Já os músculos do grupo supra-hióideo são responsáveis pela fixação superior do osso hióideo, formando o soalho da boca. São constituídos pelos músculos digástrico, estilo-hioideo, milo-hióideo e geni-hióideo (GARDNER; OSBURN, 1971). A língua origina-se do osso hióideo e este tem a função de inserir os músculos que regulam a respiração, mastigação, deglutição e fonação (ROBERTSON, 2000). Este osso cresce gradualmente com o passar dos anos permanecendo próximo à quarta vértebra cervical, mudando de posição de acordo com a posição da cabeça, com a movimentação da língua e do soalho bucal. Afirma ainda que o osso hióideo pode ser encontrado mais inferiormente durante o crescimento, sendo observado na altura da vértebra C4 no indivíduo adulto e, mais inferiormente durante o envelhecimento. A faringe tem como funções principais controlar a respiração, a fonação e a deglutição, fazendo com que haja um colapso desta estrutura durante a deglutição, protegendo as vias aéreas (GONÇALES, 2006). O diâmetro do espaço aéreo faríngeo superior, em mm2, em indivíduos normais é de 64,4, apresentando-se diminuído em pacientes roncadores e moderadamente apnéicos (40,8). Já as pessoas que apresentam quadros de AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 96 apnéia severa, esse espaço apresenta-se diminuído para 29,3 mm2 em média, determinando uma diminuição maior quanto maior for o grau de apnéia (SCHWAB; GUPTA; GEFTER et al., 1995). Os indivíduos portadores de dentadura permanente devem apresentar valores lineares normais da largura da nasofaringe de 17,4 mm (BARROS, 2001). Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS) A SAOS é caracterizada como sendo uma obstrução das vias aéreas devido a uma diminuição do tônus muscular desta região durante o sono (LI; RILEY; POWELL et al., 2001). Essa perda da função muscular pode produzir uma situação de hipopnéia, sendo caracterizada como uma diminuição de 50% do fluxo de ar inspirado por mais do que 10 segundos, ou ainda, uma parada total de respiração por este mesmo intervalo de tempo (JOHNS, 1991 e MIRANDA, 1999). A principal característica da apnéia do sono é o ronco, que pode ser acompanhado de uma obstrução constante do espaço aéreo e diminuição ou ausência da respiração, resultando em fragmentação do sono e produzindo fadiga diurna excessiva (TURNBULL; BATTAGEL, 2000). A SAOS pode apresentar sérias complicações ao indivíduo, podendo estar associada ao aumento da morbidade e mortalidade, aumentando as chances do aparecimento de quadros de hipertensão arterial, além das complicações cardíacas e pulmonares, devido à redução da saturação de oxigênio no sangue (KLITZMAN; MILLER, 1994). O grau de severidade da apnéia obstrutiva noturna é determinado pelo índice de apnéia / hipopnéia (IAH), caracterizado como sendo o número médio de episódios de apnéia e hipopnéia por hora (JOHNS, 1991). Este índice é obtido através da polissonografia noturna, sendo este exame considerado como “gold standart” no diagnóstico e tratamento da SAOS (DOUGLAS; THOMAS; JAN, 1992). Neste teste são avaliadas as alterações neurofisiológicas, respiratórias e cardiovasculares, sendo uma avaliação complexa, dispendiosa e pouco acessível para grande parte da população (COOPER; VEALE; GRIFFITHS et al., 1991). Um índice IAH maior do que 10 pode ser considerado como sendo patológico, com o melhor tratamento devendo ser instituído o mais precocemente possível. Atualmente diferentes pesquisadores têm utilizado uma metodologia mais simples, porém menos eficaz no diagnóstico da SAOS. Oxímetros de pulso e o monitoramento dos sonos da respiração vêm apresentando resultados satisfatórios no diagnóstico e prevenção da SAOS, não devendo esta terapêutica substituir a polissonografia (SMITHSON; WHITE; GRIFFITHS et al., 1995). A SAOS tem uma prevalência entre 2% e 6% da população, não sendo diagnosticada em 80% dos casos (POWEL; RILEY; ROBINSON, 1998 e LAVIGNE; GOULET; ZUCONNI et al., 1999). Esta síndrome está freqüentemente associada à obesidade, não sendo, entretanto definida a quantidade de peso que um indivíduo obeso e, que apresenta quadros de SAOS deva eliminar, para que esta alteração desapareça ou diminua, isto porque tal patologia pode estar presente em indivíduos não-obesos (SMITH; GOLD; MEYERS et al., 1985). AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 97 A SAOS está presente em 2% das mulheres e 4% dos homens, sendo mais observada em pacientes obesos, em 40% dos homens e 3% das mulheres (FRIEDLANDER; WALKER; FRIEDLANDER et al., 2000; PINTO, 2000 e GOSSETT; PRESTON; DUNFORD et al., 2005). Ainda, de acordo com estes autores, a prevalência de aumento com o passar da idade, está sendo encontrada entre 28% e 67% dos homens e 20% e 54% nas mulheres idosas. As características mais comuns dos pacientes que apresentam SAOS foram definidas como sendo do gênero masculino, obesos, que apresentam aumento da circunferência cervical, deposição excessiva de gordura no palato, na língua e na faringe, um palato mole alongado, discreto retrognatismo mandibular e/ou maxilar e ateromas calcificados na artéria carótida (FRIEDLANDER; FRIEDLANDER; POGREL, 2000). Estes pacientes possuem uma úvula de maior tamanho e com presença excessiva de gordura, sendo a ingestão de álcool, o tabagismo, a congestão nasal e a diminuição dos níveis de estrógeno durante a menopausa como sendo fatores de risco para a SAOS (STAUFFER; BUICK; BIXLER et al., 1989). Um exame físico metódico e meticuloso de todo o espaço aéreo é essencial no diagnóstico e na definição do plano de tratamento mais adequado. As variações anatômicas podem contribuir para a SAOS, com a classificação mais utilizada na determinação das obstruções das vias aéreas, dividindo o espaço velofaríngeo em três níveis: I) obstrução aérea retropalatal, posteriormente ao palato mole ou localizado na velofaringe; II) obstrução aérea retrolingual, localizada posteriormente à base da língua ou na hipofaringe; III) obstrução aérea tanto retropalatal quanto retrolingual, ou velohipofaríngea (FUJITA, 1991). Os episódios de apnéia do sono são comumente encontrados durante o sono do tipo REM, quando ocorre a dilatação das vaias aéreas superiores pela perda do tônus muscular desta região, predominando na segunda metade do período de descanso (PINTO, 2000). Ainda nesta fase do sono há uma dessincronização do eletro cardiograma, atonia muscular, movimentos oculares rápidos, movimentos da musculatura do ouvido médio e oscilação do sistema nervoso autônomo, com variação na freqüência cardíaca e respiratória, alterações na pressão arterial, débito cardíaco, fluxo sanguíneo coronariano anormal e ereções penianas (PINTO, 2000). Estima-se que a sonolência diurna custe aos EUA cerca de US$ 41 bilhões em gastos com cuidados médicos e diminuição da produtividade, com um aumento de 25% na taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares quando os portadores de SAOS são comparados com pessoas saudáveis (FRIEDLANDER; WALKER; FRIEDLANDER et al., 2000). A cefalometria é o exame por imagem mais usado e mais aceito no diagnóstico e na avaliação de possíveis alterações dos espaços aéreos faríngeos, sendo considerado um exame barato, de fácil acesso e realização e obtido com o paciente acordado, possibilitando uma avaliação estática da faringe, do palato mole, da língua e do osso hióide. É uma radiografia padronizada da cabeça e do pescoço que é utilizada na análise das estruturas duras e moles destas regiões (SCHWAB; GOLDBERG, 1998). As radiografias cefalométricas laterais permitem a observação das estruturas bidimensionalmente, sendo utilizadas inclusive para avaliação do padrão de aumento da nasofaringe e adenóides, além de auxiliar no diagnóstico em pacientes que apresentam deformidades dento- AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 98 faciais (SCHWAB; GOLDBERG, 1998 e VILELLA; VILELLA; KOCH, 2006). O planejamento cirúrgico em radiografias cefalométricas laterais foi comparado através dos traçados manual e computadorizado, com ênfase nos tecidos moles (ECKHARDT; CUNNINGHAM, 2004). Concluíram que apesar do grande avanço tecnológico e da facilidade na utilização do sistema informatizado, deve ser usado com cautela na previsibilidade das alterações dos tecidos moles. A precisão das análises dos traçados em radiografias cefalométricas laterais utilizando o programa Dolphin Imagem System 8.0 e, os traçados convencionais foram avaliados, concluindo não haver diferença significante entre os dois métodos de planejamento (GOSSETT; PRESTON; DUNFORD et al., 2005). O tratamento da SAOS deve incluir diferentes profissionais especializados, incluindo otorrinolaringologistas, médicos especializados em doenças do sono, em problemas respiratórios, cirurgiões buco-maxilo-faciais, nutricionistas, fonoaudiologistas entre outros (GONÇALES, 2006). Tratamento Não-Cirúrgico da SAOS A SAOS é uma doença crônica, progressiva, incapacitante, com alta morbidade e mortalidade, cujo diagnóstico definitivo deve ser realizado laboratorialmente através do estudo do sono, ou polissonografia (PINTO, 2000). O tratamento clínico deve incluir o emagrecimento, privação da ingestão de bebidas alcoólicas e sedativos. A utilização de meios físicos também é de grande valia, incluindo o uso de aparelho ortodôntico intra-oral removível ou o aparelho CPAP (Continous Positive Airway Presure), sendo os tratamentos cirúrgicos indicados nas situações onde há a necessidade do aumento definitivo do tamanho da orofaringe e da hipofaringe (PINTO, 2000). Tratamentos Clínicos Obesidade É considerada uma doença de caráter epidêmico, apresentando-se como um grave problema de saúde nos dias atuais. Pacientes obesos apresentam risco acentuado de desenvolverem uma série de doenças crônicas e sistêmicas, como diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e a SAOS (GONÇALES, 2006). Os indivíduos que apresentam quadros de obesidade associados à SAOS apresentam um índice de mortalidade cardiovascular elevado se comparado com indivíduos saudáveis (ROSSNER; LAGERSTRAND; PERRSON et al., 1991). A conscientização por parte do paciente obeso é a melhor maneira de se iniciar o tratamento da SAOS, com a mudança no estilo de vida sendo primordial na obtenção do sucesso do tratamento. Essas mudanças incluem a realização de atividades físicas regulares, diminuição ou completa eliminação na ingestão de bebidas alcoólicas, evitarem o fumo e o uso de sedativos e ainda, de refeições pesadas no período noturno. Essas medidas são extremamente úteis na prevenção e redução da gravidade da SAOS (FAIRBANKS; FAIRBANKS, 1992). AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 99 O tratamento da obesidade pode ser realizado de diferentes formas, sendo o mias aconselhável o acompanhamento médico especializado, que deverá incluir um nutricionista, endocrinologista, psicólogo, médico cirurgião entre outros (ASTRUP; TOUBRO, 1992; KANDERS; BLACKBURN, 1992; HALPERN; GARRIDO; CORDERO, 1996 e SKENDER; GOODRICK; JUNCO et al., 1996). Bebidas Alcoólicas O álcool reduz a hiperatividade neuromuscular influenciando diretamente a musculatura das vias aéreas superiores, que se diminuídas levam o indivíduo com ronco a apresentar eventos apnéicos, aumentando o número e a duração dos episódios de apnéia e caracterizando a SAOS (HORNER, 1996). Sedativos Os benzodiazepínicos e barbitúricos atuam de forma semelhante ao álcool, produzindo uma diminuição da atividade muscular dilatadora das vias aérea superiores com conseqüente colapso, causando hipóxia durante o sono com pausas respiratórias mais longas e freqüentes (HORNER, 1996). Tratamentos com Métodos Físicos Aparelhos Ortodônticos Intra-Orais Os aparelhos ortodônticos intra-orais vêm sendo utilizados com relativo sucesso no tratamento da SAOS (ROBIN, 1934). A função primordial deste aparato é tracionar a mandíbula e a língua para frente com o objetivo de aumentar o espaço aéreo posterior, com o objetivo de diminuir o índice de apnéia (PINTO, 2000). A efetividade da utilização do aparelho ortodôntico intra-oral no tratamento da SAOS foi demonstrada, com redução significativa dos índices de apnéia (GEORGE, 1987), com achados semelhantes que após avaliarem cinco pacientes portadores de SAOS, utilizaram o aparelho intra-oral como tratamento, obtendo uma diminuição acentuada dos quadros de apnéia (VISCOMI; WALKER; FARNEY et al., 1988). Estudo comparativo dos métodos não-cirúrgicos para o tratamento da SAOS foi realizado, com a utilização de aparelhos ortodônticos intra-orais e o CPAP nasal (CLARK; NAKANO, 1989). Encontraram que os aparelhos bucais apresentam maior fidelidade e aceitação por parte do paciente, com melhores resultados em longo prazo. A utilização dos aparelhos bucais e a utilização do CPAP nasal, também foi comparada em 27 pacientes que apresentavam ronco e SAOS, demonstrando que os aparelhos ortodônticos são efetivos no tratamento desta alteração, com menos efeitos colaterais e, maior aceitação do paciente (FERGUSON; ONO; LOWE et al., 1996). Diferentes tipos de aparelhos têm sido utilizados para diferentes situações: a. Retentores linguais, promovendo um aumento da luz da orofaringe e da velofaringe; b. Posicionadores mandibulares que promovem o reposicionamento mandibular com conseqüente aumento da luz das vias aéreas AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 100 superiores, ocorrendo ainda o tracionamento do osso hióide e, c. Elevadores do Palato Mole que são utilizados especificamente para pacientes com ronco noturno, elevando o palato mole e desobstruindo esta região (PINTO, 2000). Os aparelhos intra-orais funcionam basicamente promovendo um aumento das vias aéreas superiores, sendo efetivos em diferentes graus da SAOS e, considerados uma terapia simples, de baixo custo, reversível e indicado para casos de apnéias leves e moderadas (PINTO, 2000). São indicados também nos casos onde não há aceitação por parte do paciente do uso do CPAP nasal (KLOSS; MEIER-KWERT; SCHAFER, 1986 e KRIEGER, 1992) e, em situações onde o procedimento cirúrgico não é indicado (CRAMPETTE; CARLANDER; MONDAIN et al., 1992). CPAP (Continous Positive Airway Pressure) Desenvolvido nos anos 80 é um compressor mecânico constituído de: corpo do aparelho, máscara nasal e mangueira para passagem do ar (SULLIVAN; ISSA; BRETON-JONES et al., 1981). Funciona basicamente pela produção de ar sob pressão que ultrapassa a resistência das vias aéreas, aumentando o seu volume com conseqüente aumento da capacidade respiratória. Há uma eliminação ou diminuição acentuada dos episódios de apnéia, melhorando a qualidade de vida dos indivíduos (STROLLO; SANDERS, 1993). O CPAP é indicado nos casos de SAOS moderada e grave, podendo inclusive ser utilizado em pacientes que apresentam SAOS leve (RAPAPORT, 1996). A pressão de ar que deve ser utilizada durante o tratamento deve ser aquela que elimine totalmente o ronco em todos os estágios do sono e em todos os decúbitos (PINTO, 2000). Os efeitos colaterais do CPAP incluem claustrofobia, alergias, secura na boca e/ou nariz, conjuntivite, sinusite, rinite, outros, estando presente em 10% dos pacientes que utilizam este tratamento. As contra indicações incluem ainda doenças pulmonares obstrutivas crônicas, pacientes com insuficiência respiratória, pacientes psiquiátricos e indivíduos com histórico de traumatismo craniano ou na face (PEPIN; LEGER; VEALE et al., 1995). O uso contínuo do CPAP não leva à cura da SAOS, mas produz uma melhora significativa nos índices de apnéia (PINTO, 2000). Tratamento Cirúrgico da SAOS em Pacientes Sem Deformidades Dento-faciais Os procedimentos cirúrgicos foram as primeiras opções durante muitos anos no tratamento da SAOS. Autores demonstraram o sucesso do tratamento em pacientes com SAOS com a utilização do CPAP e, as técnicas cirúrgicas passaram a ser utilizadas com maior cautela e, somente em casos com indicações precisas (SULLIVAN; ISSA; BRETON-JONES et al., 1981). Altos índices de insucesso com a técnica da Uvulopalatofaringoplastia (UPFP) e problemas sociais causados com a traqueostomia definitiva fizeram com que a cirurgia ortognática fosse considerada uma modalidade de tratamento eficaz e segura nos casos de apnéia do sono (TINER, 1996). Porém, muitos autores têm utilizado as técnicas de traqueostomia e UPFP com sucesso (PINTO, 2000). AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 101 Traqueostomia Essa modalidade de tratamento é descrita como sendo o primeiro procedimento cirúrgico eficaz no tratamento da SAOS (KUHLO; DOLL; FRANCK, 1969), apresentando um índice de sucesso de aproximadamente 100% dos casos. Nesta cirurgia é criada uma via respiratória abaixo da região onde freqüentemente ocorrem as obstruções. A maior desvantagem da traqueostomia permanente é o impacto social negativo aos pacientes, com formação de cicatrizes aparentes, risco elevado de infecção, sangramento, dor, estenose traqueal e bronquite recorrente (CONWAY; VICTOR; MAGILLIGAN et al., 1981 e BOROWIECKI; SASSIN, 1983). A traqueostomia definitiva pode ser utilizada no tratamento de escolha apenas nos pacientes com risco de morte devido a disritmias cardíacas e àqueles que freqüentemente apresentam quadros de diminuição do nível de saturação de oxigênio no sangue menor do que 50% durantes os períodos de apnéia (SIMMONS; GUILLEMINAULT; SILVESTRI, 1983). Uvulopalatofaringoplastia (UPFP) Esta técnica cirúrgica para o tratamento do ronco consiste na excisão do excesso de mucosa nos pilares posteriores, com preservação da musculatura do arco palatino (IKEMATSU, 1964). Após a realização da sutura das porções posterior e anterior do músculo palatofaríngeo, a úvula é excisada e o arco palatino suturado (FUJITA; CONWAY; ZORICK et al., 1981). Este procedimento tem a função de alargar o espaço aéreo da orofaringe, eliminando o ronco em mais de 90% dos casos, estando apenas indicado quando a obstrução respiratória é localizada no nível do palato mole, ou seja, naqueles pacientes com alteração primária na orofaringe e não na hipofaringe (PINTO, 2000). Pode ainda ser realizado nos pacientes com palato mole longo, paredes laterais da faringe redundantes e que apresentam um aumento no volume das tonsilas palatinas (PINTO, 2000). As complicações podem ser divididas em pré-operatórias, intraoperatórias, pós-operatórias imediatas, além das pós-operatórias tardias, sendo encontradas com maior freqüência nos períodos que precedem a cirurgia e durante o ato cirúrgico (SAMELSON, 1990 e FINKELSTEIN; MESHORER; TALMI et al., 1992). A UPFP tem demonstrado resultados que variam de 20% a 50% de sucesso nos índices de apnéia do sono, destacando-se como um procedimento que apresenta bons resultados e que na maioria das vezes deve ser realizado em associação com outras formas de tratamento (PINTO, 2000). Uvulopalatoplastia à Laser (UPPL) É um procedimento cirúrgico indicado para a eliminação de roncos intensos e constantes, classificados como roncadores graus II e III (PINTO, 2000). Foi descrito inicialmente (KAMAMI, 1993) e em seguida modificado (KRESPI; PEARLMAN; KEIDAR, 1994), sendo utilizado nos casos onde se faz necessário o alargamento do espaço aéreo nasofaríngeo e, redução ou eliminação da obstrução aérea no nível do palato mole. Este tratamento pode ser realizado sob anestesia local, utilizando laser de CO2 no remodelamento e reestruturação da úvula, do véu e dos pilares AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 102 faríngeos, podendo ser realizada em diferentes sessões ou em apenas uma, dependendo da espessura do arco palatal e do palato mole, além da quantidade de hipertrofia das tonsilas palatinas (PINTO, 2000). Consiste na ressecção da úvula através de uma incisão horizontal na sua base, com formação de uma úvula menor (TINER, 1996). O índice de sucesso varia de 80%a 85% se considerada a eliminação do ronco noturno, sendo o índice de sucesso menor naqueles pacientes que apresentam quadros de SAOS (PINTO, 2000). Foram avaliados 63 pacientes portadores de SAOS submetidos a UPPL, com cura completa em apenas 30 deles, ou 47% (KAMAMI, 1994). Estes mesmos autores consideram a UPPL uma alternativa viável apenas no tratamento da SAOS cuja obstrução encontra-se na região do palato mole. Tratamentos Adjuntos para a SAOS * Cirurgia Nasal A obstrução nasal não é considerada como o principal problema em pacientes que apresentam a SAOS moderada ou severa, mas esta alteração é um achado comum que pode causar fragmentação do sono, agravando os quadros de apnéia noturna e o cansaço diurno excessivo (SHARP; DRUZ; D´SOUZA et al., 1985). A obstrução nasal pode aumentar em 2,5 vezes a freqüência das apnéias obstrutivas, com diminuição dos estágios profundos do sono, aumentando a ocorrência dos despertares noturnos e, diminuição da oxigenação do sangue (ZWILLICH; PICKETT; HANSON, 1981 e LAVIE, 1987). Tais obstruções podem ser causadas pelo desvio do septo, pólipos nasais ou aumento dos cornetos. Nestes pacientes, a septoplastia corretiva, polipectomia nasal ou turbinectomia são geralmente tratamentos adjuntos satisfatórios na diminuição da resistência aérea nasal no tratamento da SAOS (SHARP; DRUZ; D´SOUZA et al., 1985). É apresentado um estudo em 180 pacientes que foram submetidos à cirurgia nasal e UPFP, com 70% deles sendo submetidos a septoplastia e turbinectomia (PICHE; GAGNON, 1996). Houve uma melhora em 97% dos casos, achados semelhantes (FAIRBANKS, 1984), que encontrou uma melhora em 83% dos pacientes que apresentavam quadros de ronco noturno e que foram submetidos à septoplastia e turbinectomia. * Lingualplastia (LP) A macroglossia é uma alteração freqüentemente observada em pacientes portadores de SAOS, com marcações nas bordas laterais da língua e dificuldade de visualização dos dentes posteriores sendo os achados clínicos mais comuns (PINTO, 2000). Nestes casos, a LP deve ser indicada como tratamento adjunto da SAOS (TINER, 1996). Esta técnica cirúrgica consiste na exérese de um segmento da linha média da língua na região posterior às papilas circunvaladas. Pode acarretar em perda do paladar e da sensibilidade da língua, sendo necessária a realização da traqueostomia para a realização deste procedimento (PINTO, 2000). Foi realizada a LP em 22 pacientes com SAOS severa e comprometimento retropalatal, orofaríngeo e na hipofaringe, demonstrando uma taxa de sucesso de 79% se este procedimento for realizado isoladamente. Demonstrou ainda seis (27%) casos de complicações, incluindo sangramento pós- AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 103 operatório, edema da língua causando dificuldade respiratória, enfisema subcutâneo e odinofagia (PINTO, 2000). A LP deve ser realizada com cautela, apenas em pacientes que apresentam uma anatomia da base da língua desproporcional, além daqueles incapazes de tolerar o CPAP (TINER, 1996). Deformidades Dento-faciais, SAOS e Espaço Aéreo Faríngeo. As deformidades dento-faciais podem ser classificadas de acordo com a sua localização, ocorrendo devido a alterações no crescimento e desenvolvimento dos ossos faciais, podendo ocasionar alterações respiratórias, mastigatórias, de deglutição, nas articulações mandibulares e na estética facial (PINTO, 2000). Tais deformidades são divididas em maxilares, mandibulares ou em ambas, sendo observadas nos sentidos antero-posteriores, verticais, transversais e assimétricas, esta última geralmente associada a síndromes. As deficiências mandibulares que apresentam relação direta com a SAOS apresentam-se de diferentes maneiras. * Retrognatismo Também denominada de micrognatia ou retrusão mandibular, esta alteração pode ser de origem idiopática ou adquirida, com encurtamento do ramo e corpo mandibular, ângulo goníaco aberto e, ângulo mandibular deslocado para trás (MIRANDA, 1999). Na avaliação dos terços da face, podem-se observar as porções superiores e médias com aparências normais, sendo o terço inferior curto. Na análise cefalométrica, é detectada uma discrepância antero-posterior com relação dentária tipo classe II de Angle (ANGLE, 1899), podendo haver “overbite” profundo e dentes inferiores protruídos. Há uma predominância no perfil convexo, podendo representar grandes prejuízos emocionais, estéticos e funcionais devido à aparência. Dentre as principais alterações funcionais deste tipo de deformidade dento-facial, a SAOS pode ser considerada com sendo uma situação constantemente encontrada, com comprometimento respiratório associado a uma diminuição do espaço aéreo faríngeo (GONÇALVES, 2006). Foram avaliados 25 pacientes homens com quadro de SAOS, sendo todos eles portadores de deficiência mandibular e conseqüente diminuição do espaço aéreo faríngeo (LOWE; SANTAMARIA; FLEETHMAN et al., 1986), achados semelhantes aos demonstrados por Riley; Powell; Guilleminault (1989). Após avaliarem 35 pacientes portadores de SAOS, foi observado que havia uma redução do corpo da mandíbula através do estudo cefalométrico, encontrando também uma diminuição das medidas da base do crânio e do espaço aéreo faríngeo (BATTAGEL; L’ESTRANGE, 1996). Foi encontrado que a maxila apresentava um posicionamento mais anterior e o osso hióide estava localizado mais inferiormente em pacientes com SAOS, após comparação cefalométrica de 31 pacientes portadores de SAOS e 37 não portadores desta alteração (HOEKMA; HOVINGA; STEGENGA et al., 2003). Após avaliação de 62 homens portadores de SAOS foi encontrado que estes pacientes apresentavam o osso hióide em posição mais inferior, palato AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 104 mole alargado, retroposicionamento mandibular e um IAH mais severo (YU; FUJIMOTO; URUSHIBATA et al., 2003). Para uma avaliação mais detalhada do posicionamento do osso hióide e a SAOS, 15 pacientes saudáveis e 15 pacientes com apnéia noturna foram analisados, sendo observado um posicionamento mais inferior e posterior deste osso nos pacientes do segundo grupo. Pode esta colocação alterar o posicionamento da língua, causando obstrução das vais aéreas (BUCCHERI; MASTRANGELO; STELLA et al., 2004). Foram avaliados 58 pacientes portadores de SAOS submetidos à cirurgia ortognática de avanço mandibular postural, concluindo que esta técnica cirúrgica acarreta um aumento nas dimensões da orofaringe de proporções consideráveis (BATTAGEL; JOHAL; L’ESTRANGE et al., 1999). * Prognatismo Caracterizada pelo hiperdesenvolvimento mandibular, nesta deformidade os pacientes apresentam um perfil côncavo, com má oclusão do tipo classe III de Angle, doença periodontal freqüentemente associada, mau posicionamento da língua, disfunção das articulações mandibulares, sobremordida horizontal invertida na porção anterior e aparência desagradável (MIRANDA, 1999). Na avaliação cefalométrica é observada uma distância côndilo-gnátio aumentada, ângulo goníaco obtuso, ângulo SNB aumentado, ângulos interincisivos acentuado, ângulo ANB negativo e terço inferior da face alongado. Contrariamente aos pacientes que apresentam retrognatismo, os pacientes deste grupo apresentam um aumento natural do espaço aéreo faríngeo e raramente apresentam quadros de apnéia noturna (PINTO, 2000). Após estudarem as alterações radiográficas na faringe e nas estruturas adjacentes na posição supina, ereta e durante os movimentos de protrusão mandibular, foi encontrado que mesmo na posição supina há um aumento no espaço funcional da língua, com conseqüente aumento do espaço aéreo faríngeo (SMITH; BATTAGEL, 2004). Dentre as deficiências maxilares que influenciam na SAOS, a atresia e a retrusão maxilares têm demonstrado serem situações onde o espaço aéreo faríngeo encontra-se diminuído (GONÇALES, 2006). A atresia maxilar pode ser um fator etiológico para a apnéia noturna (JOHAL; CONAGHAN, 2004), conclusões compartilhadas (TECCO; FESTA; TETE et al., 2005) após avaliação do efeito da expansão rápida da maxila no espaço aéreo faríngeo. Para estes autores, o aumento nas dimensões da nasofaringe pode ser conseguido através dos procedimentos de expansão da maxila, melhorando a permeabilidade das vias aéreas. Foi demonstrado haver uma diminuição do espaço aéreo em pacientes portadores de retrusão maxilar e atresia da maxila após avaliação de 19 crianças com idade média de 10,5 anos e que apresentavam retrognatismo mandibular e, puderam concluir que correções transversais e a protrusão maxilar aumentaram significativamente as dimensões das vias aéreas nasofaríngeas (SAYINZU; ISIK; ARUN, 2006). Cirurgias Buco-maxilo-facias, SAOS e Espaço Aéreo Faríngeo AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 105 Os primeiros relatos da utilização das cirurgias buco-maxilo-faciais no tratamento da SAOS são dos finais da década de 70 (BEAR; PRIEST, 1980 e KUO; WEST; BLOOMQUIST et al., 1979). Nestes dois trabalhos foram realizados os avanços mandibulares na tentativa da eliminação da apnéia do sono, com sucesso em todos os casos estudados. Atualmente, os procedimentos cirúrgicos de avanço maxilo-mandibular e do mento são os tratamentos de escolha para alterações do sono. Estas técnicas cirúrgicas incluem diferentes tipos de osteotomias, sendo as mais utilizadas as do tipo Le Fort I, as osteotomias sagitais e verticais do ramo e corpo mandibular, além dos procedimentos cirúrgicos de osteotomias da base mentual (MIRANDA, 1999). Foram estudados 58 pacientes que apresentavam quadros de SAOS leve ou moderada sendo submetidos à cirurgia ortognática de avanço mandibular (BATTAGEL; JOHAL; L’ESTRANGE et al., 1999). Através de radiografias cefalométricas laterais traçadas e digitalizadas, concluíram que o avanço mandibular proporciona um aumento real nas dimensões da orofaringe, com uma grande variação na quantidade de movimento e posicionamento do osso hióide em resposta ao avanço mandibular. O avanço maxilo-mandibular está indicado aos pacientes com SAOS quando o IAH for maior do que 15, ou naqueles casos onde os tratamentos conservadores como, por exemplo, o CPAP não é indicado ou não obtiveram êxito. Ainda nas situações onde o paciente apresenta condições médicas e psicológicas estáveis ou, quando há concordância por parte dos pacientes na realização dos procedimentos cirúrgicos ou se apresenta quadro de deformidade facial esquelética. Outros pré-requisitos incluem um estreitamento da hipofarínge, classificado como tipo III (FUJITA, 1991) ou ainda a região veloorohipofaríngea classificada com tipo II (PRINSELL, 2002). Foram também comparados 17 pacientes portadores de SAOS, que foram submetidos ao avanço maxilo-mandibular, com 33 pacientes que não apresentavam quadros de apnéia do sono, mas eram portadores de deformidades dento-faciais. Concluíram que o avanço maxilo-mandibular é uma modalidade de tratamento eficaz no tratamento de pacientes com quadros de SAOS, devendo ser seguidas as indicações exatas para o procedimento cirúrgico (GILON; RASKIN; HEYMANS et al., 2001). Através do estudo de radiografias cefalométricas laterais de 32 pacientes submetidos à cirurgia ortognática, pode-se observar que houve uma diminuição significativa nas dimensões do espaço aéreo retrolingual em pacientes submetidos aos procedimentos de recuo mandibular. Nos pacientes onde o avanço mandibular foi realizado pôde ser diagnosticado o aumento desta região aérea. Ainda neste estudo, foram verificadas as mudanças comportamentais dos indivíduos durante o sono, não sendo observadas alterações de comportamento nos pacientes submetidos ao recuo mandibular, mas por outro lado, nos pacientes que apresentavam a necessidade do avanço mandibular, houve uma melhora significativa na qualidade do sono (TURNBULL; BATTAGEL, 2000). Foi desenvolvido um estudo com o propósito de analisar a estabilidade em longo prazo das cirurgias de avanço do complexo maxilomandibular no tratamento da SAOS. Avaliaram radiografias cefalométricas nos períodos pré-operatório, pós-operatório imediato e pós-operatório tardio de 19 pacientes que foram submetidos ao avanço da maxila e da mandíbula, associada à genioplastia. Puderam observar que grandes avanços cirúrgicos nos pacientes com SAOS demonstraram boa estabilidade no período tardio, com manutenção da AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 106 permeabilidade das vias aéreas como planejado (NIMKARN; MILES; WAITE, 1995). Foram estudados 12 pacientes portadores de SAOS submetidos ao avanço maxilar e mandibular, comparando as alterações do espaço aéreo nos períodos pré e pós-operatório de 6 meses. Para tanto, utilizaram os exames de nasofaringoscopia com fibra ótica e radiografias cefalométricas. Os resultados obtidos revelaram uma melhora significativa nas vias aéreas se comparados os dois períodos, com diminuição do colapso das paredes faríngeas laterais durante os movimentos respiratórios (LI; GUILLEMINAULT; RILEY et al., 2002). Estudos recentes têm demonstrado resultados encorajadores quanto à estabilidade pós-operatória em pacientes submetidos à cirurgia ortognática, que apresentavam quadros recorrentes de apnéia do sono. Foram avaliados em longo prazo 19 pacientes que recorreram ao avanço maxilo-mandibular associado à genioplastia como tratamento da SAOS, encontrando um índice de recidiva de apenas 10%, tanto na maxila quanto na mandíbula (NIMKARN; MILES; WAITE, 1995). Achados semelhantes são demonstrados por outros autores após estudo de 20 pacientes, encontrando um índice de recidiva bastante baixo (20% ou menos) nos pacientes avaliados (LOUIS; WAITE; AUSTIN, 1993). Num estudo envolvendo 56 pacientes adultos submetidos aos procedimentos de cirurgia ortognática para reposicionamento anterior dos maxilares através das osteotomias do tipo Le Fort I e sagital bilateral da mandíbula, obtiveram um aumento significativo do espaço aéreo faríngeo superior após acompanhamento de 34 meses. Contudo, não observaram diferenças nos espaços aéreos faríngeos médios e inferior, concluindo que apenas o espaço mais superior apresentou uma diminuição na obstrução respiratória (GONÇALVES; BUSCHANG; GONÇALVES et al., 2006). Um aumento médio no espaço aéreo faríngeo de 47% na região do palato mole e de 76% na base da língua em 30 pacientes submetidos a cirurgia ortognática de avanço maxilo-mandibular foi demonstrado. Foi proposto então que, após a realização destas técnicas cirúrgicas há uma alteração da anatomia da região faríngea, propiciando uma melhora na qualidade respiratória dos pacientes (MEHRA; DOWNIE; PITA et al., 2001). O tratamento de um paciente que apresentava deficiência transversal da maxila e má oclusão classe II divisão 1 de Angle foi efetuado. Após o diagnóstico de SAOS crônica, o mesmo foi submetido à expansão rápida da maxila cirurgicamente assistida, com posterior correção das deformidades no sentido antero-posterior. Com o avanço dos maxilares realizado, pôde-se concluir que houve uma melhora na capacidade e diminuição da resistência respiratória do paciente, com melhora significativa do quadro de SAOS (CONLEY; LEGAN, 2006). Um acompanhamento por 12 anos de 15 pacientes submetidos ao avanço maxilo-mandibular foi realizado, objetivando avaliar o posicionamento do osso hióide e o tamanho do espaço aéreo faríngeo em diferentes espaços de tempo. Através de traçados cefalométricos, demonstraram que a posição do osso hióide estava mais posterior no período pós-operatório do que no período préoperatório e, que as vias aéreas faríngeas superiores e médias encontravam-se mais estreitadas do que no período pré-operatório. Frente a isto, propuseram que a musculatura supra-hióide possa ter contribuído para a recidiva esquelética (EGGENSPERGER; SMOLKA; JOHNER et al., 2005). AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 107 Estes resultados vêm a demonstrar o alto índice de sucesso no tratamento da SAOS através da cirurgia ortognática. PROPOSIÇÃO Avaliar possíveis alterações nos espaços aéreos faríngeos superiores, médios e inferiores após os procedimentos cirúrgicos de avanço maxilo-mandibular em pacientes portadores de deformidades dento-faciais, utilizando traçados cefalométricos manuais nos períodos pré-operatórios, pósoperatório imediato (<15 dias) e pós-operatório tardio (>6 meses). MATERIAL E MÉTODOS Após a obtenção de todos os Termos de Compromisso e de Consentimento Livre e Esclarecido dos pacientes escolhidos para esta pesquisa (Anexos A-E), foi realizada a análise cefalométrica convencional retrospectiva do espaço aéreo faríngeo de 5 pacientes (4 do gênero feminino e 1 do gênero masculino) submetidos a cirurgia ortognática de avanço maxilo-mandibular para correção das deformidades dento-faciais diagnosticadas. Os pacientes incluídos neste estudo não eram portadores de SAOS e todos foram operados pela mesma equipe por meio das osteotomias do tipo Le Fort I, para avanço maxilar, osteotomias do tipo sagital bilateral de mandíbula, para avanço mandibular e osteotomia da base mentual para avanço do mento. Em todos os procedimentos cirúrgicos as técnicas de fixação interna rígida foram utilizadas, com fixação inter maxilar trans-operatória sendo realizada nos momentos das fixações. As avaliações dos espaços aéreos foram realizadas nos períodos pré-operatórios, pós-operatório imediato (<15 dias) e pós-operatório tardio (>6 meses) por um único pesquisador calibrado. Os critérios de inclusão dos pacientes nesta pesquisa foram: 1. Apresentar quadro de retrognatismo maxilar e/ou mandibular. 2. Ter sido submetido ao procedimento cirúrgico de avanço maxilomandibular pela mesma equipe 3. Ter realizado as radiografias nos diferentes períodos em um mesmo centro de radiologia e estes estarem dentro dos padrões definidos para este tipo de radiografia (ÁLVARES; TAVANO, 1998). 4. As radiografias deveriam ter sido realizadas, obrigatoriamente, dentro dos períodos estabelecidos, ou seja, no pré-operatório imediato, no pósoperatório de no máximo 15 dias e no pós-operatório de no mínimo seis meses. 5. Nítida visualização de todas as estruturas anatômicas nas radiografias cefalométricas laterais, facilitando a realização dos traçados manuais. Após a seleção das radiografias, o material necessário para a realização dos traçados cefalométricos foi disponibilizado, incluindo (Fig. 1): 01 negatoscopio; 01 régua milimetrada e esquadro transparente; 01 template; 01 lapiseira com grafite 0.5 mm; Folhas de acetato; 01 borracha; 01 fita adesiva. AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 108 Fig. 1- Material utilizado para a confecção dos traçados cefalométricos. As radiografias foram traçadas em ambiente escuro, iniciando-se nos pontos cefalométricos dos tecidos ósseos e posteriormente nos pontos cefalométricos dos tecidos moles, sempre da porção mais superior para a porção mais inferior das radiografias. Os pontos cefalométricos marcados foram (PINTO, 2000) (Fig. 2): 1. Násio (N): limite anterior da sutura fronto-nasal, marcado na região mais profunda da concavidade; 2. Sela (S): centro geométrico da sela túrcica; 3. Espinha nasal posterior (PNS): ponto mais posterior da maxila; 4. Espinha Nasal Anterior (ANS): ponto mais anterior da maxila; 5. Parede Posterior da Faringe Superior (UPPhW): ponto mais superior do contorno da parede posterior da faringe. É determinado pela extensão da linha ANS/PNS; 6. Palato Posterior 1 (PP1): ponto mais superior do contorno da parede anterior do palato mole. É determinado pela extensão da linha ANS/PNS; 7. Palato Posterior 2 (PP2): ponto marcado no centro da linha PNS-P, projetado no contorno da parede posterior do palato mole, seguindo uma linha paralela ao plano oclusal; 8. PP2`: projeção de PP2 na parede posterior da faringe; 9. AA: ponto mais anterior da vértebra Atlas; 10. Parede Posterior da Faringe Média (MPPhW): ponto do contorno posterior da parede da faringe determinado pela extensão do plano oclusal; 11. Parede Anterior da Faringe Média (MAPhW): ponto do contorno anterior da parede da faringe determinado pela extensão do plano oclusal; 12. Ponto Palato Mole (P): ponto mais inferior da imagem do palato mole; AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 109 13. Ponta da Língua (Tt): ponto mais anterior da ponta da língua; 14. Base da Língua (Tb): ponto onde a base da língua toca o contorno da base da mandíbula; 15. Dorso da Língua (Td): ponto mais superior do contorno da língua; 16. B-Go: ponto localizado na parede faríngea posterior, determinado pela extensão da linha que sai do ponto B ao ponto Go; 17. C3: ponto mais inferior e anterior da terceira vértebra; 18. C3`: é a projeção do ponto C3 na parede posterior da hipofaringe, determinado pela extensão da linha H-C3; 19. Osso Hióide (H): ponto mais superior e anterior no corpo do osso hióide; 20. H`: projeção do ponto H na parede anterior da hipofaringe, determinado pela extensão da linha H-C3; 21. Gônio (Go): ponto anatômico mais póstero-inferior do ângulo da mandíbula, formado pela bissetriz do ângulo da mandíbula, pela tangente do corpo da mandíbula e da borda mais posterior do ramo mandibular; 22. Mentual (Me): ponto mais inferior do contorno da sínfise mentual; 23. B: ponto mais posterior da concavidade da sínfise mandibular; 24. Gônio Cefalométrico (Goc): ponto formado pela união da tangente do corpo mandibular e da borda mais posterior do ramo da mandíbula. Fig. 2- Pontos cefalométricos utilizados nas avaliações. Fonte: PINTO, J. A. Ronco e apnéia do sono. Rio de Janeiro: Ed. Revinter, 2000, p. 69. AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 110 Após a demarcação dos pontos cefalométricos, as linhas e planos de referência na obtenção das medidas lineares foram marcados através da união dos pontos, sendo determinadas 14 linhas para a análise (PINTO, 2000) (Fig. 3): 1. Base Anterior do Crânio (S-N): vai do ponto S ao ponto N linearmente; 2. Linha Biespinhal (PNS-ANS): expressa o comprimento da maxila unindo-se os pontos ANS e PNS; 3. Plano Mandibular (Goc-Me): medida desde o Gônio cefalométrico até o ponto Me, expressando o comprimento linear do corpo mandibular; 4. AA-PNS: distância linear entre a vértebra Atlas e a espinha nasal posterior; 5. Espaço Faríngeo Superior (UPPhW-PP1): espaço faríngeo mais superior relacionado as fossas nasais a partir da projeção da linha biespinhal; 6. Espaço Póstero-Palatal Mediano (PP2-PP2`): expressa a distância do palato mole com relação à parede posterior da faringe; 7. Comprimento do Palato Mole (PNS-P): medida linear do palato mole; 8. Espaço Aéreo Faríngeo Médio (MPPhW-MAPhW): expressa a distância linear da faringe ao nível do plano oclusal; 9. Espaço Aéreo Posterior (PAS): distância linear da base da língua (Tb); 10. C3-H: distância entre a terceira vértebra e o corpo do hióide. Essencial para a verificação do posicionamento do osso hióide; Fig. 3- Traçados cefalométricos utilizados nas avaliações. Fonte: PINTO, J. A. Ronco e apnéia do sono. Rio de Janeiro: Ed. Revinter, 2000, p. 69. AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 111 11. MP-H: distância do hióide (H) a uma perpendicular ao Plano Mandibular (Me-Go); 12. Linha TL: expressa o comprimento da língua. É a distância entre a ponta da língua (Tt) e sua base (Tb); 13. Linha TH: expressa a altura da língua. É uma distância linear de Td perpendicular a TL; 14. Espaço Aéreo Inferior (LAS): distância linear do espaço aéreo inferior determinado pela união dos pontos C3`e H´. RESULTADOS A Tabela 1 expressa o grupo de pacientes estudados (n=5), sendo 01 do gênero masculino e 04 do gênero feminino, com idade média de 32,2 anos, variando de 26-40. Quatro (04) pacientes foram submetidos ao avanço mandibular e impacção maxilar, sendo que em 02 destes o avanço de mento também foi realizado; 01 paciente foi submetido apenas ao avanço maxilar. Em nenhum dos pacientes foi necessária a mudança do plano oclusal para a realização dos procedimentos cirúrgicos. O acompanhamento pós-operatório tardio médio foi de 7 meses e 17 dias, com nenhum dos pacientes apresentando acidentes ou complicações no decorrer do estudo. Tabela 1- Características de cada paciente, tipo de tratamento realizado e período de acompanhamento. PACIENTE 1 IDADE 28 GÊNERO Feminino 2 31 Feminino 3 4 40 36 Masculino Feminino 5 26 Feminino TRATAMENTO Impacção Maxilar + Avanço Mandibular + Mentoplastia de Avanço Impacção Maxilar + Avanço Mandibular Avanço Maxilar Impacção Maxilar + Avanço Mandibular Impacção Maxilar + Avanço Mandibular + Mentoplastia de Avanço ACOMPANHAMENTO 6 meses e 2 dias 10 meses e 29 dias 7 meses e 2 dias 6 meses e 10 dias 7 meses e 12 dias A Tabela 2 expressa as medidas obtidas* nos períodos préoperatório, pós-operatório imediato e pós-operatório tardio no paciente 1 (Gráfico 1): AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 112 Tabela 2- As medidas obtidas no pré-operatório, pós-operatório imediato e tardio no paciente 1. Pré-operatório UPPhW-PP1 20 Pós-operatório imediato 24 Pós-operatório tardio 26 PP2-PP2´ 13 15 15 MPPhWMAPhW MP-H 23 27 23 16 16 16 C3-H 27 29 30 C3´-H´ 15 15 18 * em milímetros 40 30 20 10 0 UPPhW-PP1 Pré-Op. PP2-PP2´ MPPhWMAPhW Pós-Op. Imed. MP-H Pós-Op. Tard. C3-H C3´-H´ Diferença inicial e final Gráfico 1- Valores obtidos nos períodos pré-operatórios, pós-operatório imediato e pós-operatório tardio do paciente 1 (mm). A Tabela 3 expressa as medidas obtidas* nos períodos préoperatório, pós-operatório imediato e pós-operatório tardio no paciente 2 (Gráfico 2): Tabela 3- As medidas obtidas no pré-operatório, pós-operatório imediato e tardio no paciente 2. Pré-operatório UPPhW-PP1 28 Pós-operatório imediato 28 PP2-PP2´ 13 18 21 MPPhWMAPhW 28 25 29 MP-H 19 16 14 C3-H 31 33 33 C3´-H´ 9 8 10 * em milímetros. Pós-operatório tardio 34 AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 40 35 30 25 20 15 10 5 0 -5 -10 UPPhWPP1 PP2-PP2´ Pré-Op. MPPhWMAPhW Pós-Op. Imed. MP-H Pós-Op. Tard. C3-H 113 C3´-H´ Diferença inicial e final Gráfico 2- Valores obtidos nos períodos pré-operatórios, pós-operatório imediato e pós-operatório tardio do paciente 2 (mm). A Tabela 4 expressa as medidas obtidas* nos períodos préoperatório, pós-operatório imediato e pós-operatório tardio no paciente 3 (Gráfico 3): Tabela 4- As medidas obtidas no pré-operatório, pós-operatório imediato e tardio no paciente 3. Pré-operatório Pós-operatório imediato Pós-operatório tardio 22 11 26 30 27 7 30 15 27 28 29 11 29 13 24 30 29 13 UPPhW-PP1 PP2-PP2´ MPPhW-MAPhW MP-H C3-H C3´-H´ * em milímetros 35 30 25 20 15 10 5 0 -5 UPPhW-PP1 PP2-PP2´ Pré-Op. MPPhWMAPhW Pós-Op. Imed. MP-H Pós-Op. Tard. C3-H C3´-H´ Diferença inicial e final Gráfico 3- Valores obtidos nos períodos pré-operatórios, pós-operatório imediato e pós-operatório tardio do paciente 3 (mm). AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 114 A Tabela 5 expressa as medidas obtidas* nos períodos préoperatório, pós-operatório imediato e pós-operatório tardio no paciente 4 (Gráfico 4): Tabela 5- As medidas obtidas no pré-operatório, pós-operatório imediato e tardio no paciente 4. Pré-operatório Pós-operatório imediato Pós-operatório tardio UPPhW-PP1 26 26 29 PP2-PP2´ 16 18 19 MPPhWMAPhW MP-H 19 22 26 15 15 11 C3-H 32 33 37 C3´-H´ 17 17 23 * em milímetros 40 35 30 25 20 15 10 5 0 -5 -10 UPPhW-PP1 Pré-Op. PP2-PP2´ MPPhWMAPhW Pós-Op. Imed. MP-H Pós-Op. Tard. C3-H C3´-H´ Diferença inicial e final Gráfico 4- Valores obtidos nos períodos pré-operatórios, pós-operatório imediato e pós-operatório tardio do paciente 4 (mm). A Tabela 6 expressa as medidas obtidas* nos períodos préoperatório, pós- operatório imediato e pós-operatório tardio no paciente 5 (Gráfico 5): Pré-operatório Pós-operatório imediato Pós-operatório tardio UPPhW-PP1 23 29 29 PP2-PP2´ 14 22 16 MPPhWMAPhW MP-H 22 29 23 8 15 12 C3-H 32 36 36 C3´-H´ 9 20 16 * em milímetros. AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 115 40 35 30 25 20 15 10 5 0 UPPhW-PP1 Pré-Op. PP2-PP2´ MPPhWMAPhW Pós-Op. Imed. MP-H Pós-Op. Tard. C3-H C3´-H´ Diferença inicial e final Gráfico 5- Valores obtidos nos períodos pré-operatórios, pós-operatório imediato e pós-operatório tardio do paciente 5 (mm). A Tabela 7 expressa a quantidade de movimentos realizados em cada paciente durante os procedimentos cirúrgicos*: Segmento Maxila Mandíbula Mento 1 Impacção: 5 Avanço: 7 Avanço: 5 2 Impacção: 4 Avanço: 7 ___ 3 Avanço: 6 ___ ___ 4 Impacção: 6 Avanço: 5 ___ 5 Impacção: 6 Avanço: 8 Avanço: 8 Paciente * em milímetros As análises obtidas demonstram os seguintes resultados: PACIENTE 1 Espaço Aéreo Faríngeo Superior: houve um aumento de 4 mm se comparados os períodos pré-operatório e pós-operatório imediato. Esta distância aumentou mais 2 mm se comparado os períodos pós-operatório imediato e pósoperatório tardio, ocorrendo um aumento total de 6 mm após o procedimento cirúrgico. Distância do Palato Mole à Parede Posterior da Faringe: um aumento de 2 mm pôde ser observado no pós-operatório imediato, permanecendo inalterado na avaliação tardia. Espaço Aéreo Faríngeo Médio: se comparados os períodos précirúrgico e pós-operatório imediato, observa-se uma aumento deste espaço de 4 mm. Porém, a distância observada em um período mais longo foi igual à distância AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 116 encontrada no período inicial, não havendo, portanto mudança neste espaço na avaliação tardia. Distância do Osso Hióide ao Plano Mandibular: permaneceu inalterado por todo o estudo. Posição do Osso Hióide em relação à 3ª vértebra cervical: foi observada uma tendência de aumento desta distância, aumentando 2 mm no período pós-operatório imediato e mais 1 mm na avaliação tardia, com um aumento total de 3 mm entre os períodos pré-operatório e pós-operatório tardio. Espaço Aéreo Faríngeo Inferior: houve um aumento de 3 mm neste espaço, sendo que esta variação só pôde ser observada nas avaliações tardias, permanecendo estável no pós-operatório imediato. PACIENTE 2 Espaço Aéreo Faríngeo Superior: quando comparados os períodos pré e pós imediato não são observadas mudanças neste espaço, permanecendo com 28 mm. Já no pós tardio esta distância aumenta para 34 mm, com nítido aumento da via aérea superior. Distância do Palato Mole à Parede Posterior da Faringe: ocorreu um aumento crescente nesta avaliação, sendo observada uma distância de 13 mm imediatamente antes da cirurgia, de 18 mm logo após o procedimento cirúrgico e 21 mm no acompanhamento de cerca de 11 meses, com um aumento total de 8 mm. Espaço Aéreo Faríngeo Médio: estas medidas variaram bastante possivelmente devido ao edema pós-operatório, com diminuição de 3 mm logo após a cirurgia e um aumento de 1 mm se comparados os períodos pós-operatório tardio e o pré-operatório. Distância do Osso Hióide ao Plano Mandibular: foi observada uma diminuição gradativa desta distância, sendo inicialmente de 19 mm, de 16 mm e de 14 mm nos períodos pré-operatório, pós-operatório imediato e pós-operatório tardio, respectivamente. Posição do Osso Hióide em relação à 3ª vértebra cervical: houve um aumento nesta distância de 2 mm após acompanhamento de aproximadamente 11 meses. Espaço Aéreo Faríngeo Inferior: em um primeiro momento houve uma diminuição deste espaço imediatamente após a cirurgia, sendo observado um aumento de 1 mm no acompanhamento final se levado em consideração a análise pré-operatória. PACIENTE 3 Espaço Aéreo Faríngeo Superior: foi observado um aumento de 8 mm entre os períodos pré-operatório e pós-operatório, com uma diminuição de 1 mm no pós-operatório tardio. A distância inicial era de 22 mm e na avaliação tardio esta medida foi de 29 mm. Distância do Palato Mole à Parede Posterior da Faringe: foi observado um aumento de 2 mm se comparados os períodos pré e pós-operatório tardio. Houve uma diminuição desta distância entre os períodos pós-operatório imediato e tardio de 2 mm, permanecendo em 13 mm. AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 117 Espaço Aéreo Faríngeo Médio: inicialmente foi observado um espaço de 26 mm, que demonstrou um aumento de 1 mm imediatamente após a cirurgia. No acompanhamento maior, esta distância foi de 24 mm, ou seja, houve uma diminuição neste espaço em 2 mm. Distância do Osso Hióide ao Plano Mandibular: permaneceu inalterada se comparado os períodos pré e pós cirúrgico tardio. Posição do Osso Hióide em relação à 3ª vértebra cervical: um aumento de 2 mm na distância do osso hióide à 4ª vértebra foi observado logo após a cirurgia, permanecendo inalterada após cerca de 7 meses. Espaço Aéreo Faríngeo Inferior: após o procedimento de avanço maxilar, este espaço sofreu um aumento de 4 mm durante o acompanhamento de 7 meses, já sendo observado um aumento de 2 mm logo no pós-operatório imediato. PACIENTE 4 Espaço Aéreo Faríngeo Superior: Houve um aumento deste espaço no pós-operatório tardio de 3 mm, sem contudo ser observada alteração se comparados os períodos pré e pós-operatório imediato. Distância do Palato Mole à Parede Posterior da Faringe: Um aumento de 2 mm foi observado no pós-operatório imediato, com ganho de mais 1 mm no pós-operatório tardio, passando de 16 mm no pré-operatório para 19 mm no acompanhamento tardio. Espaço Aéreo Faríngeo Médio: Uma grande mudança foi observada nesta região, com um aumento total de 7 mm. Distância do Osso Hióide ao Plano Mandibular: A distância final foi 4 mm menor, mantendo-se estável no período imediatamente após a cirurgia. Posição do Osso Hióide em relação à 3ª vértebra cervical: Aumento de 1 mm se comparados os dois primeiros períodos de análise, sendo observado um aumento total de 5 mm na distância da terceira vértebra ao osso hióide. Espaço Aéreo Faríngeo Inferior: mesmo mantendo-se estável no período pós-operatório imediato, houve um ganho no espaço aéreo inferior de 6 mm após a cirurgia ortognática. PACIENTE 5 Espaço Aéreo Faríngeo Superior: O aumento de 6 mm observado no pós-operatório imediato manteve-se no acompanhamento tardio. Distância do Palato Mole à Parede Posterior da Faringe: Esta distância mostrou uma mudança significativa no pós-operatório imediato com um aumento de 8 mm, sendo observado um aumento total de apenas 2 mm no pósoperatório tardio. Espaço Aéreo Faríngeo Médio: 7 mm de aumento foi observado no pós-operatório imediato, mas um aumento de apenas 1 mm total foi observado no pós-operatório tardio se comparado com a medida pré-operatória. Distância do Osso Hióide ao Plano Mandibular: Aumento total de 4 mm se comparados os períodos pré e pós-operatório tardio. Posição do Osso Hióide em relação à 3ª vértebra cervical: Aumentou 4 mm no pós-operatório imediato, permanecendo inalterado após 7 meses e 12 dias. AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 118 Espaço Aéreo Faríngeo Inferior: Um aumento final total de 7 mm foi observado, chegando a 11 mm no período pós-operatório imediato. DISCUSSÃO A análise cefalométrica é um instrumento de avaliação do espaço aéreo faríngeo bastante útil, sendo utilizado rotineiramente em pacientes com quadros de SAOS e naqueles que apresentam quadros de deformidade dento-facial (NIMKARN; MILES; WAITE, 1995; BATTAGEL; L’ESTRANGE, 1996; BATTAGEL; JOHAL; L’ESTRANGE et al., 1999; TURNBULL; BATTAGEL, 2000; GILON; RASKIN; HEYMANS et al., 2001; LI; GUILLEMINAULT; RILEY et al., 2002; EGGENSPERGER; SMOLKA; HOEKMA et al., 2003; YU; FUJIMOTO; URUSHIBATA et al., 2003; BUCCHERI; MASTRANGELO; STELLA et al., 2004; JOHAL; CONAGHAN, 2004 e JOHNER et al., 2005). As vantagens da análise cefalométrica incluem sua facilidade de realização, simplicidade e baixo custo (BARROS, 2001 e GOSSET; PRESTON; DUNFORD et al., 2005). No presente estudo foi utilizada a cefalometria como método de avaliação das medições do espaço aéreo faríngeo nos períodos pré, pós-operatório imediato e tardio por ser um método confiável e de fácil realização. O uso da cefalometria convencional na análise do espaço aéreo pode, em determinadas situações não ser um método confiável, por este exame não demonstrar as características reais das dimensões do espaço aéreo por ser realizado com o paciente acordado e em posição ereta, e não nas condições naturais de sono (TURNBULL; BATTAGEL, 2000). Contudo, estudos em indivíduos que apresentavam quadros de SAOS através de análises cefalométricas, tomografias computadorizadas (TC) e ressonâncias magnéticas foram realizados e demonstraram haver uma grande semelhança nas características anatômicas responsáveis pelos sintomas respiratórios noturnos durante o período diurno, com a análise cefalométrica e a TC demonstrando uma relação bastante próxima e confiável para a medição das estruturas faríngeas (RILEY; POWELL; GUILLEMINAULT, 1989; RILEY; POWELL; GUILLEMINAULT, 1993; SCHWAB; GUPTA; GEFTER et al., 1995; POWELL; RILEY; ROBINSON, 1998 e SMITH; BATTAGEL, 2004). Estes achados são semelhantes a outros estudos (LOWE; SANTAMARIA; FLEETHMAN et al., 1986 e SCWAB; GOLDBERG, 1998) e vêm a confirmar os resultados obtidos neste trabalho. O planejamento cirúrgico em radiografias cefalométricas laterais foi comparado através dos traçados manual e computadorizado, com ênfase nos tecidos moles (ECKHARDT; CUNNINGHAM, 2004). Estes autores concluíram que apesar do grande avanço tecnológico e da facilidade na utilização do sistema informatizado, este deve ser usado com cautela na previsibilidade das alterações dos tecidos moles, sendo a cefalometria uma ferramenta de avaliação bastante confiável. A precisão das análises dos traçados em radiografias cefalométricas laterais utilizando o programa Dolphin Imagem System 8.0 e, os traçados convencionais foram avaliados, concluindo não haver diferença significante entre os dois métodos de planejamento, confirmando a boa aplicabilidade da análise através de radiografias cefalométricas (GOSSETT; PRESTON; DUNFORD et al., 2005). AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 119 As análises cefalométricas utilizadas na identificação das alterações do espaço aéreo faríngeo deste estudo foram baseadas em 24 pontos e 14 linhas e planos, que incluíam as dimensões dos espaços aéreos faríngeos superiores, médios e inferiores, além do posicionamento do osso hióide em relação a base da mandíbula, objetivando verificar os locais que naturalmente apresentam as dimensões mais reduzidas, que são a base da língua e a região retropalatina (LOWE; SANTAMARIA; FLEETHMAN et al., 1986; GARDNER; OSBURN, 1971; GUILLEMINAULT, 1993; BATTAGEL; L’ESTRANGE, 1996; ZORZETTO, 1999; RILEY; POWELL; PINTO, 2000 e GONÇALES, 2006), sendo observado um aumento nas dimensões dos espaços estudados e um posicionamento mais anterior e superior do osso hióide se comparados os períodos pré e pós – operatórios. Estudos prévios demonstraram que a mudança no posicionamento do osso hióide tem estreita relação com o avanço mandibular, assim como alterações nos espaços aéreos (RILEY; POWELL, GUILLEMINAULT, 1989; TURNBULL; BATTAGEL, 2000; LI; RILEY; POWELL et al., 2001 e EGENSPERGER; SMOLKA; JOHNER et al., 2005). O avanço maxilo-mandibular é descrito como sendo um procedimento cirúrgico efetivo no tratamento da SAOS, com alguns autores afirmando que esta deva ser a primeira escolha visando a cura total de tal síndrome (WAITE; SHETTAR, 1995). Diferentes autores sugerem que as mudanças causadas no complexo orofaríngeo pelo avanço maxilo-mandibular são temporárias e observadas apenas nos acompanhamentos pós-operatórios curtos, com o osso hióide retornando próximo da sua posição original e o espaço aéreo apresentando uma diminuição após 1 a 2 anos (SCHENDEL; EPKER, 1980; RILEY; POWELL, GUILLEMINAULT, 1989 e LI; RILEY; POWELL et al., 2001). No presente estudo os pacientes foram submetidos ao avanço maxilo-mandibular e 4 (80%) dos 5 casos estudados apresentaram um aumento nas dimensões aéreas faríngeas em todas as regiões estudadas após um período mínimo de 6 meses. Apenas no paciente 3 o espaço aéreo faríngeo médio apresentou-se diminuído no final do acompanhamento sem, contudo comprometer o resultado do procedimento cirúrgico, achados que vem a corroborar com diferentes autores (KUO; WEST; BLOOMQUIST et al., 1979; BEAR; PRIEST, 1980; LOUIS; WAITE; AUSTIN, 1993; LI; RILEY; POWELL et al., 2001; MEHRA; DOWNIE; PITA et al., 2001; PRINSELL, 2002; ECKHARDT, CUNNINGHAM, 2004; CONLEY; LEGAN, 2006; GONÇALVES; BUSCHANG; GONÇALVES et al., 2006 e SAYINZU; ISIK; ARUN, 2006). Após avaliação de 58 pacientes portadores de SAOS submetidos à cirurgia ortognática de avanço mandibular postural, foi observado que esta técnica cirúrgica acarreta um aumento nas dimensões da orofaringe de proporções consideráveis (BATTAGEL; JOHAL; L’ESTRANGE et al., 1999 e GILON; RASKIN; HEYMANS et al., 2001). Foram estudadas radiografias cefalométricas de 32 pacientes que foram submetidos a cirurgia ortognática para o avanço mandibular, diagnosticando o aumento da região aérea. Ainda neste estudo, os pacientes que apresentavam a necessidade do avanço mandibular demonstraram uma melhora significativa na qualidade do sono (TURNBULL; BATTAGEL, 2000). AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 120 Um estudo com o propósito de analisar a estabilidade em longo prazo das cirurgias de avanço do complexo maxilo-mandibular no tratamento da SAOS foi realizado, observando que grandes avanços cirúrgicos nos pacientes com SAOS demonstraram boa estabilidade em acompanhamento pós-operatório tardio, com manutenção da permeabilidade das vias aéreas como planejado, assemelhando-se aos nossos resultados (NIMKARN; MILES; WAITE, 1995). Foi obtido um aumento significativo do espaço aéreo faríngeo superior após acompanhamento de 34 meses em pacientes submetidos ao reposicionamento anterior dos maxilares e avanço mandibular. Contudo, não observaram diferenças nos espaços aéreos faríngeos médios e inferiores, concluindo que apenas o espaço mais superior apresentou uma diminuição na obstrução respiratória, diferentemente dos resultados deste estudo que demonstraram haver um aumento em todos os três espaços aéreos estudados (GONÇALVES; BUSCHANG; GONÇALVES et al., 2006). Diferentes modalidades de tratamento são propostas aos pacientes com quadros de SAOS (CONWAY; VICTOR; MAGILLIGAN et al., 1981; SULLIVAN; ISSA; BRETON-JONES et al., 1981; BOROWIECKI; SASSIN, 1983; FAIRBANKS, 1984; GEORGE, 1987; POWELL; RILEY; GUILLEMINAULT et al., 1988; CLARK; NAKANO, 1989; FUJITA, 1991; CRAMPETTE; CARLANDER; MONDAIN et al., 1992; FAIRBANKS; FAIRBANKS, 1992; FINKELSTEIN; MESHORER; TALMI et al., 1992; KRIEGER, 1992; KAMAMI, 1993; KAMAMI, 1994; KRESPI; PEARLMAN; KEIDAR, 1994; FERGUSON; ONO; LOWE et al., 1996 e HALPERN; GARRIDO; CORDERO, 1996;), sendo o tratamento de escolha em casos de obstrução aérea severa a cirurgia ortognática e nos casos de obstrução leve ou moderada pode ser utilizado o CPAP, que têm apresentado bons resultados, mas com algumas complicações (PEPIN; LEGER; VEALE et al., 1995 e RAPAPORT, 1996) assim como outros procedimentos visando o tratamento da SAOS (SAMELSON, 1990). No presente estudo, nenhum dos pacientes apresentava quadro de SAOS, porém apresentavam quadros de deformidade dento - facial com má oclusão classe II (ANGLE, 1899), pressupondo uma diminuição na capacidade respiratória e sendo indicados à cirurgia ortognática. Um aumento médio no espaço aéreo faríngeo de 47% na região do palato mole e de 76% na base da língua em 30 pacientes submetidos a cirurgia ortognática de avanço maxilo-mandibular foi demonstrado, propiciando uma melhora na qualidade respiratória dos pacientes (MEHRA; DOWNIE; PITA et al., 2001). Neste estudo um aumento no espaço aéreo faríngeo superior foi verificado, assim como no espaço aéreo faríngeo inferior, estando de acordo com os achados da literatura. A SAOS é caracterizada por repetitivos colapsos do espaço aéreo faríngeo, produzindo situações de apnéia e hipopnéia. Alguns estudos têm demonstrado um aumento do espaço aéreo a partir da 6° semana até 14 meses após o procedimento cirúrgico de avanço maxilo-mandibular (LI; RILEY; POWELL et al., 2001 e MEHRA; DOWNIE; PITA et al., 2001), outros afirmam que apenas o avanço mandibular é o suficiente para que um aumento do espaço faríngeo possa ser obtido 6 semanas após a cirurgia ortognática (TURNBULL; BATTAGEL, 2000). Nesta série de pacientes tanto o avanço maxilo-mandibular quanto apenas o avanço mandibular foram realizados, AVALIAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO FARÍNGEO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO AVANÇO MAXILO-MANDIBULAR PARA CORREÇÃO DAS DEFORMIDADES DENTOFACIAIS 121 dependendo da necessidade de cada paciente, com resultados positivos em todos eles. CONCLUSÕES Com base na literatura pesquisada e nos resultados obtidos por este trabalho através da análise das radiografias, pôde-se concluir que: 1. A cirurgia ortognática de avanço maxilo-mandibular para a correção do retrognatismo mandibular produziu um aumento das vias aéreas faríngeas superior, média e inferior. 2. O traçado cefalométrico manual é uma ferramenta confiável para avaliação do espaço aéreo faríngeo. 3. Nos movimentos de avanço mandibular, o osso hióide tende a posicionar-se mais anterior e superiormente. 4. A mentoplastia de avanço não proporcionou um maior aumento das vias aéreas se comparado com os pacientes que não foram submetidos a este procedimento. REFERÊNCIAS * ÁLVARES, L. C.; TAVANO, O. Curso de radiologia em odontologia. 4a ed., São Paulo: Santos, 1998, p. 151-3. ANGLE, E. H. Classification of malocclusion. Dental Cosmos, v. 1, n. 14, p. 248357, 1899. ASTRUP, A.; TOUBRO, S. Pharmacology of thermogenic drugs. Am. J. Clin. Nutr., v. 55, p. 246-8, 1992. BARROS, C. C. Análise Cefalométrica de McNamara. In: FERREIRA, F. V. 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