19 TOPOGRAFIA - UFRA CAPÍTULO 3 INSTALAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS 3.1. INTRODUÇÃO Diversos procedimentos de campo em Topografia são realizados com o auxílio de equipamentos como estações totais e teodolitos. Para que estes equipamentos possam ser utilizados, os mesmos devem estar corretamente “estacionados” sobre um determinado ponto. Estacionar um equipamento significa que o mesmo deverá estar nivelado e centrado sobre o ponto topográfico. As medições somente poderão iniciar após estas condições serem verificadas. É muito comum diferentes profissionais terem a sua forma própria de estacionar o equipamento, porém, seguindo algumas regras simples, este procedimento pode ser efetuado de forma rápida e precisa. Este roteiro não visa normatizar ou interferir no seu método de instalação do instrumento sobre o ponto topográfico, mas sim de auxiliá-lo numa seqüência lógica para evitar que se perca tempo executando ações que podem facilmente serem executadas num número minimizado ou apenas para facilitar as ações do processo de estacionar equipamentos topográficos com prumo ótico. Monitor: Eduardo Valério Amaral Cavalcante 20 TOPOGRAFIA - UFRA 3.2. INSTALAÇÃO DO EQUIPAMENTO O exemplo a seguir demonstra os procedimentos para o estacionamento de equipamentos que possuam prumos óticos ou laser. 3.2.1. Instalando o tripé Para estacionar o equipamento de medida sobre um determinado ponto topográfico, o primeiro passo é instalar o tripé sobre o ponto. Um ponto topográfico pode ser materializado de diversas maneiras, como por piquetes, pregos ou chapas metálicas, entre outros. A figura 3.1 ilustra um exemplo de ponto materializado através de uma chapa metálica engastada em um marco de concreto de forma tronco de pirâmide. Figura 3.1 – Marco de concreto Na chapa metálica será encontrada uma marca (figura 3.2), que representa o ponto topográfico. Teoricamente, após o equipamento estar devidamente calado e centrado sobre o ponto, o prolongamento do eixo principal do equipamento passará por esta marcação sobre a chapa. Monitor: Eduardo Valério Amaral Cavalcante TOPOGRAFIA - UFRA 21 Figura 3.2 – Chapa metálica com a indicação do ponto topográfico O tripé possui parafusos ou travas que permitem o ajuste das alturas das pernas (figura 3.3). Figura 3.3 – Movimento de extensão das pernas do tripé Inicialmente o tripé deve ser aberto e posicionado sobre o ponto. Deve-se procurar deixar a base do tripé numa altura que posteriormente, com a instalação do instrumento de medida, o observador fique em uma posição confortável para manuseio e leitura do equipamento. Dois pontos devem ser observados nesta etapa, para facilitar a posterior instalação do equipamento: I. a base do tripé deve estar o mais horizontal possível (figura 3.4.a); Monitor: Eduardo Valério Amaral Cavalcante TOPOGRAFIA - UFRA 22 II. através do orifício existente na base do tripé deve-se enxergar o ponto topográfico (figura 3.4.b). Figura 3.4 – Cuidados a serem seguidos na instalação do tripé Terminada esta etapa o equipamento já pode ser colocado sobre o tripé. 3.2.2. Retirando o instrumento da caixa O mesmo deve ser retirado com cuidado do seu estojo (conforme item 2.2.4). 3.2.3. Fixando o instrumento ao tripé Após posicionado sobre a base do tripé, o equipamento deve ser fixo (conforme item 2.2.5). 3.2.4. Centragem do equipamento Após o equipamento estar fixo sobre o tripé é necessário realizar a centragem do mesmo. Centrar um equipamento sobre um ponto significa que, uma vez nivelado, o prolongamento do seu eixo vertical (também chamado principal) está passando exatamente sobre o ponto (figura 3.5). Para fins práticos, este eixo é materializado pelo fio de prumo, prumo ótico ou prumo laser. Monitor: Eduardo Valério Amaral Cavalcante TOPOGRAFIA - UFRA 23 Figura 3.5 – Eixo principal do equipamento passando pelo ponto Para centragem do equipamento, proceder da seguinte maneira: I. inicialmente, posicione a marca central do prumo laser (para prumos óticos não se deve esquecer de realizar a focalização e centrar os retículos sobre o ponto) sobre o ponto topográfico utilizando duas pernas do tripé; II. quando a marca estiver perfeitamente sobre o ponto topográfico, crave o tripé no solo; III. com o auxílio dos parafusos calantes, posiciona-se o prumo laser sobre o ponto (figura 3.6). Monitor: Eduardo Valério Amaral Cavalcante TOPOGRAFIA - UFRA 24 Figura 3.6 – Posicionando o prumo sobre o ponto 3.2.5. Nivelamento do equipamento Nivelar o equipamento é um dos procedimentos fundamentais antes da realização de qualquer medição. O nivelamento pode ser dividido em duas etapas, uma inicial ou grosseira, utilizando-se o nível esférico, que em alguns equipamentos está associado à base dos mesmos, e a outra de precisão ou "fina", utilizando-se níveis tubulares, ou mais recentemente, níveis digitais (figura 3.7). Figura 3.7 – Níveis esférico, tabular e digital I. Nivelamento inicial: O nivelamento grosseiro é realizado utilizando o nível esférico, este nivelamento deve ser feito da seguinte maneira: Monitor: Eduardo Valério Amaral Cavalcante TOPOGRAFIA - UFRA i. 25 prestar muita atenção na direção formada pela bolha e o círculo (figura 3.8). Esta direção irá definir com qual perna você deverá subir ou abaixar a base do tripé; Figura 3.8 – Vista superior da bolha circular ii. com o movimento de extensão das pernas do tripé (figura 3.9), observase o deslocamento da bolha no nível esférico; Figura 3.9 – Ajustando o nível de bolha utilizando os movimentos de extensão do tripé iii. realiza-se a calagem do mesmo (figura 3.10). Monitor: Eduardo Valério Amaral Cavalcante TOPOGRAFIA - UFRA 26 Figura 3.10 – Calagem da bolha do nível esférico Ao terminar este procedimento, verifica-se a posição do prumo. Se o mesmo não está sobre o ponto, solta-se o parafuso de fixação do equipamento e desloca-se o mesmo com cuidado até que o prumo esteja coincidindo com o ponto. Deve-se tomar o cuidado de não rotacionar o equipamento durante este procedimento, realizando somente uma translação do mesmo. Feito isto, deve-se verificar se o nível esférico está calado e caso isto não seja verificado, realiza-se novamente o nivelamento grosseiro. Este procedimento deve ser repetido até que o equipamento esteja perfeitamente centrado e o nível esférico calado. II. Nivelamento de precisão: O nivelamento "fino" ou de precisão é realizado com auxílio dos parafusos calantes e níveis tubulares ou digitais, para iniciar o nivelamento da bolha tabular deve-se: i. alinhar o nível tubular a dois dos parafusos calantes (figura 3.11); Monitor: Eduardo Valério Amaral Cavalcante TOPOGRAFIA - UFRA 27 Figura 3.11 – Nível alinhado a dois calantes ii. atuando nestes dois parafusos alinhados ao nível tubular, faz-se com que a bolha se desloque até a posição central do nível. Vale lembrar que os parafusos devem ser girados em sentidos opostos, a fim de calar a bolha do nível (figura 3.12); Figura 3.12 – Movimentação dos dois calantes ao mesmo tempo, em sentidos opostos iii. após a bolha estar calada, gira-se o equipamento a 90º, de forma que o nível tubular esteja agora ortogonal à linha definida anteriormente (figura 3.13); Monitor: Eduardo Valério Amaral Cavalcante 28 TOPOGRAFIA - UFRA Figura 3.13 – Alinhamento do nível ortogonalmente à linha inicial iv. atuando-se somente no parafuso que está alinhado com o nível (figura 3.14), realiza-se a calagem da bolha. Figura 3.14 – Calagem da bolha atuando no parafuso ortogonal a linha inicial Repete-se o procedimento até que, ao girar o equipamento, este esteja sempre calado em qualquer posição. Caso isto não ocorra, deve-se verificar a condição de verticalidade do eixo principal e se necessário, retificar o equipamento. Depois de feito, verifique se a marca central do prumo ótico saiu do ponto. Caso tenha saído afrouxe o instrumento do tripé e posicione novamente a marca sobre o ponto topográfico. Então, deve-se verificar se o instrumento está calado e caso isto não seja verificado, realiza-se novamente o nivelamento Monitor: Eduardo Valério Amaral Cavalcante fino. Este TOPOGRAFIA - UFRA 29 procedimento deve ser repetido até que o equipamento esteja perfeitamente calado e centrado. Ao final desta etapa, o equipamento estará pronto para a realização das medições. As etapas para instalação do equipamento podem ser resumidas em: 1. Posicionar o tripé sobre o ponto tomando o cuidado de deixar o prato o mais horizontal possível sendo possível enxergar o ponto através do orifício existente na base do tripé; 2. Fixar o equipamento sobre o tripé; 3. Com o auxílio dos parafusos calantes, posicionar o prumo sobre o ponto; 4. Nivelar a bolha esférica com o auxílio do movimento de extensão das pernas do tripé; 5. Realizar o nivelamento fino utilizando o nível tubular ou digital; 6. Verificar se o prumo sai do ponto. Caso isto ocorra, soltar o equipamento e deslocar o mesmo até que o prumo esteja posicionado sobre o ponto; 7. Repetir os dois últimos procedimentos até que o equipamento esteja perfeitamente nivelado e centrado. Monitor: Eduardo Valério Amaral Cavalcante