OS PORTUGUESES E A CIDADANIA EUROPEIA A Comissão Europeia publicou recentemente o Eurobarómetro 78/ Outubro 2012, sobre a Cidadania Europeia, no qual se encontram publicados os dados relativos a Portugal em comparação com os demais países da UE, no que diz respeito à percepção tida pelos cidadãos sobre os direitos de cidadania europeia e os benefícios que esta cidadania proporciona. Segundo os indicadores constantes no mesmo relatório, a maioria dos portugueses expressa um sentimento de cidadania europeia, à semelhança do que acontece com a maior parte dos cidadãos de outros Estados-Membros, embora existam diferenças significativas entre grupos sociais, sendo os mais idosos, as domésticas e os habitantes de zonas rurais os que menos se sentem cidadãos europeus. Porém, este sentimento de cidadania não é acompanhado pelo conhecimento dos direitos associados à cidadania europeia, nem tão pouco pela vontade de saber mais a respeito desses direitos. Para os portugueses, bem como para a generalidade dos europeus, os direitos de cidadania sobre os quais gostariam de ter mais conhecimento, centram-se nas questões relacionadas com a mobilidade (para viver e/ou trabalhar) dentro do espaço europeu, bem como na possibilidade de recorrer aos sistemas de saúde de outros países europeus. Relativamente à livre circulação de pessoas e bens este é considerado, para os portugueses, o aspecto mais positivo da UE, seguido da paz entre os Estados-Membros da Europa e do nível de bem-estar na UE. A amostra portuguesa caracteriza-se por percentagens significativas de inquiridos que não sabem responder à questão dos benefícios alcançados pela adesão à UE, facto que pode estar associado ao baixo usufruto de alguns benefícios por parte dos cidadãos portugueses em comparação com os dos restantes países, a avaliar pelas baixas percentagens de inquiridos que afirmam ter visitado outros países da UE, ter lido jornais desses países, ou mesmo socializado com outros nacionais da UE nos últimos 12 meses. Sendo certo que o sentimento de pertença a uma cidadania europeia efectiva está bastante difundido entre a sociedade portuguesa, não há uma tradução desta pertença afectiva em termos de procura de informação sobre a UE, ou do conhecimento sobre os direitos de cidadania existentes. Daqui se conclui que, se a informação não chegar aos cidadãos, estes tendem a não a procurar. O Ano Europeu dos Cidadãos, que se comemora em 2013, será uma oportunidade para alterar hábitos e mentalidades, rumo a uma cidadania sentida, vivida e partilhada. 1