O Ratinho das Amoras O Ratinho vivia na sua casinha no campo. Gostava muito dela porque era quente e aconchegada e tinha o tamanho ideal para um ratinho. Mas, do que gostava mais nela, era o enorme arbusto de amoras que tinha no jardim, e que todos os anos dava uma colheita abundante de belos frutos maduros e sumarentos. Certo Verão, as amoras do Ratinho ainda eram maiores e mais sumarentas do que habitualmente. Começou a colhê-las e já estava transpirado e cansado quando o Pardal apareceu. – Que belas amoras! Posso comer algumas? – chilreou o Pardal. – São todas minhas – respondeu o Ratinho. – Vai-te embora. – Não precisas de falar assim – disse o passarinho voando para longe. As patas do Ratinho já lhe doíam devido ao trabalho, quando reparou no Esquilo encostado ao portão. – Dás-me algumas dessas amoras suculentas? – perguntou o Esquilo. – Se tas der, ficarei com menos para mim – replicou o ratinho. Assim o Esquilo foi embora de mãos a abanar. Tinha o Ratinho parado para descansar das suas tarefas, quando a Coelha apareceu aos saltos. – Essas amoras têm um aspecto apetitosíssimo – disse ela. – E são – respondeu o Ratinho. – E vou comê-las todinhas. – Então é mais que certo que vais ficar doente – respondeu a Coelha, virando-lhe as costas. O sol estava muito quente e o Ratinho estava a ficar estafado. Daí a pouco começou a cabecear de sono. Não reparara que havia alguém a espiá-lo. Era o Senhor Raposo… Quando viu que o Ratinho estava a dormir, esgueirou-se pelo portão e avançou devagarinho até conseguir chegar perto do cesto das amoras. Já se afastava quando CRAC ! Pisou um ramo seco. O Ratinho acordou sobressaltado. – Essas amoras são minhas – guinchou ele. – Experimenta tirar-mas – riu-se o Senhor Raposo. – Vão ser-me bem úteis hoje ao chá. O Ratinho não se surpreendeu por nenhum dos seus amigos o ter avisado de que o Raposo andava por fora naquele dia. – Afinal – pensou – porque é que haviam de me ajudar, se eu não quis partilhar as minhas amoras com eles? Então aconteceu uma coisa muito estranha. Uma bolota acertou na cabeça do Raposo! PIMBA! E mais outra, PIMBA! E outra e outra e mais outra. PIMBA! PIMBA! PIMBA! O Raposo largou o cesto das amoras e fugiu a sete pés! O Ratinho olhou para cima para ver de onde tinham vindo as bolotas. E quem acham vocês que ele viu no alto do velho carvalho? Viu o Esquilo e o Pardal e a Coelha. – Não podíamos deixar o senhor Raposo roubar as tuas amoras – disse o Esquilo. – Apesar de não teres querido dividi-las connosco – acrescentou o Pardal. O Ratinho sentiu-se muito envergonhado. Depois teve uma ideia... Nessa tarde convidou todos os amigos para a festa das amoras. Trabalhou todo o dia a prepará-la. Havia sumo de amora, compota de amora, geleia de amora, torta de amora e muitos outros doces de amora. Os outros animais disseram que estava tudo delicioso. – Afinal – disse Ratinho – talvez as amoras saibam melhor quando as partilhamos. Matthew Grimsdale O Ratinho das Amoras Porto, Ambar