UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL TÉCNICAS ALTERNATIVAS PARA A CONSTRUÇÃO DE BASES DE PAVIMENTOS RODOVIÁRIOS LILIAN RIBEIRO DE REZENDE ORIENTADOR: PROF. JOSÉ CAMAPUM DE CARVALHO, PhD DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM GEOTECNIA PUBLICAÇÃO: G.DM-055A/99 BRASÍLIA/DF : MARÇO DE 1999 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL TÉCNICAS ALTERNATIVAS PARA A CONSTRUÇÃO DE BASES DE PAVIMENTOS RODOVIÁRIOS LILIAN RIBEIRO DE REZENDE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS. APROVADA POR: _____________________________________________ PROF. JOSÉ CAMAPUM DE CARVALHO, PhD (UnB) (ORIENTADOR) ___________________________________________ PROF. ENNIO MARQUES PALMEIRA, PhD (UnB) (EXAMINADOR INTERNO) ________________________________________________ PROF. RAIMUNDO LEIDIMAR BEZERRA, DSc. (UFPB) (EXAMINADOR EXTERNO) ii FICHA CATALOGRÁFICA REZENDE, LILIAN RIBEIRO DE Técnicas Alternativas para a Construção de Bases de Pavimentos Rodoviários. xxiii, 169p., 210 mm x 297 mm (ENC/FT/UnB, Mestre, Geotecnia, 1999). Dissertação de Mestrado - Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil. 1. Pavimentação 3. Solos Tropicais I. ENC/FT/UnB 2. Técnicas Alternativas 4. Ensaios de Campo II. Título (Série) REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA REZENDE, L. R. (1999). Técnicas Alternativas para a Construção de Bases de Pavimentos Rodoviários. Dissertação de Mestrado, G.DM-055A/99, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 169p. CESSÃO DE DIREITOS NOME DO AUTOR: Lilian Ribeiro de Rezende TÍTULO DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: Técnicas Alternativas para a Construção de Bases de Pavimentos Rodoviários GRAU/ANO: Mestre/1999 É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação de mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor. _______________________________________ Lilian Ribeiro de Rezende Rua 9, no 1496, Setor Marista CEP: 74150-130 Goiânia/GO - Brasil iii DEDICATÓRIA A Deus. Aos meus queridos pais Aloísio e Lúcia, irmãos, Luciane e Paulinho, Luiz Carlos e Andréia, Marcinha, e sobrinhos, Paulo Sérgio e Rafael. Aos meus estimados tios Edson e Idê, e primos, Ana Paula e Jorge, Thiago e Matheus. iv AGRADECIMENTOS Ao Prof. José Camapum de Carvalho pelo interesse em desenvolver trabalhos na área de pavimentação, incentivo, orientação e ensinamentos ministrados durante todas as etapas da dissertação. Aos professores André Pacheco de Assis, José Henrique Feitosa Pereira, Ennio Marques Palmeira e Newton Moreira de Souza por todo o apoio e ajuda fornecidos durante o desenvolvimento desse projeto. Ao técnico Alessandro da Silva Barbosa da Universidade de Brasília pelo auxílio na realização dos ensaios campo. Ao professor e colega Maurício Martins Sales por ter incentivado estudos na área de Geotecnia. À Universidade Federal de Goiás pelo fornecimento da bolsa PICDT e à CAPES, pelo suporte financeiro. À Universidade de Brasília e ao Programa de Pós-Graduação em Geotecnia. Ao Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF). Ao engenheiro Clauber Santos Campelo da Divisão de Tecnologia do DER-DF que, como pesquisador, acreditou no desenvolvimento do projeto e viabilizou a execução do trecho experimental junto ao DER-DF. Aos engenheiros do DER-DF Carlos Alberto Mundim Pena, Carmo Augusto de Campos Curado, Paulo Roberto da Silva Júnior, Fauzi Naifur Júnior e Elcy Ozório dos Santos que apoiaram toda a pesquisa. v Aos técnicos Geraldo Alves de Oliveira e Amilton de Paula Pereira dos laboratórios de solo e de asfalto do DER-DF, que com suas respectivas equipes possibilitaram a realização dos ensaios de laboratório e de campo. Ao motorista Dirceu Antônio Balestreri (Gaúcho) do DER-DF pela boa vontade e ajuda indispensáveis para a realização dos ensaios de campo. À Prodesivo Indústria e Comércio pelo fornecimento dos geotêxteis. À FAP-DF pelo apoio na compra de equipamentos. Aos colegas Priscilla Vieira Mourão, André Luiz Francisco da Silva Vital, Maria das Graças Gardoni Almeida e Evaldo Matheus. Aos amigos Paola e Marcos, Alessandra e Lucas, sempre presentes. Aos colegas Edson, Rideci, Marilene, Marisaides, Lindomar, Álvaro, Luciana Torres, Jefferson e Luciana Michèlle que fizeram parte da inesquecível turma de mestrado do primeiro semestre de 1997. vi RESUMO Este trabalho apresenta o estudo de técnicas alternativas para a construção de bases de pavimentos rodoviários. Sua metodologia envolve a execução de um trecho experimental (440 metros de extensão) numa rodovia com baixo volume de tráfego do Distrito Federal (N = 7,6 x 105 número de operações do eixo simples padrão). Procura-se analisar a viabilidade técnica e econômica dos materiais utilizados na camada de base do pavimento. Dentre os materiais estudados tem-se: expurgo de pedreira, argila laterítica, misturas da mesma argila com brita e com cal. Além disso, analisa-se o uso do geotêxtil impregnado com betume como material de reforço e impermeabilizante de bases de solo fino. Neste caso foram executados três subtrechos utilizando a argila laterítica como camada de base. No primeiro, a base foi construída sobre o geotêxtil impregnado, no segundo ela foi totalmente envelopada e no terceiro ela foi recoberta com geotêxtil. Todo o estudo é baseado em resultados obtidos com a realização de ensaios de laboratório e de campo. Em laboratório, caracteriza-se e classifica-se os materiais com sistemas tradicionais e com a metodologia MCT. Além disso, determina-se suas características de compactação e sua capacidade de suporte. No campo, avalia-se o comportamento tensão versus deslocamento da estrutura do pavimento e determina-se parâmetros como o módulo de elasticidade dos materiais. Finalmente, são apresentadas considerações e conclusões sobre os resultados dos ensaios realizados e sobre os materiais que melhor atenderam aos aspectos técnicos e econômicos em uma primeira avaliação. Ressalta-se que as análises e conclusões obtidas restringem-se ao período de tempo observado, no qual os materiais utilizados mostraram-se, em princípio, tecnicamente viáveis, mas com diferenças de custos significativas. vii ABSTRACT This study presents some alternative techniques on the use of non- conventional materials as base layers of pavements. An experimental programme of field and laboratory tests was conducted along a segment (about 440 meters in length) of a low traffic road (N = 7,6 x 105) located in the Federal District, Brazil, with the main objective of analyzing the viability, from both technical and economical viewpoints, of using different materials to construct the base layer of pavements. The materials tested were: a quarry waste, a lateritic fine soil and a mixture of the latter, crushed-stone and lime. A bituminous impregnated geotextile was also used as a soil reinforcement and an impermeable material. Three road segments, of 40 meters in length each, were constructed combining the lateritic fine soil as a base material and the geotextile. In the first segment the base was constructed over the impregnated geotextile. In the second one the base layer was enveloped by the geotextile while in the third segment the geotextile was used as a covering material. The results of the laboratory and field tests were used here as references for the present research. The soils of the different layers of the pavement were characterized and classified in the laboratory by using traditional systems of classification and the MCT methodology. The compaction characteristics and the California Bearing Ratio (CBR) of the materials were also evaluated by laboratory tests. The stress-strain behavior of the paving structure was evaluated by “in-situ” testing. The stress-strain curves were utilized to obtain the elastic modulus of the pavement layers. Discussions and conclusions are presented and concentrate on the results obtained as well as on the choice of the materials which have presented the best performances, in terms of mechanical behavior. The definition of performance involved both technical and economical aspects. It is important to emphasize that the conclusions presented are limited to the results obtained during the development of the present study. In general, all the materials showed technical viability, however they present different aspects in relation to the costs. viii ÍNDICE Capítulo Página 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................... 4 2.1 - ENSAIOS DE LABORATÓRIO ................................................................................... 5 2.1.1 - Convencionais .......................................................................................................... 5 2.1.2 - Triaxial Cíclico......................................................................................................... 6 2.1.3 - Classificação MCT.................................................................................................10 2.2 - INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS DE CAMPO............................................................12 2.2.1 - Sondagem ...............................................................................................................13 2.2.2 - Métodos Geofísicos de Eletrorresistividade e Sísmicos ........................................13 2.2.3 - Penetrômetro Dinâmico de Cone (DCP)................................................................14 2.2.4 - Pressiômetro ...........................................................................................................14 2.3 - CONTROLE TECNOLÓGICO....................................................................................16 2.4 - AVALIAÇÃO DO PAVIMENTO ...............................................................................17 2.4.1 - Prova de Carga .......................................................................................................17 2.4.2 - CBR “in situ” .........................................................................................................18 2.4.3 - Viga Benkelman.....................................................................................................18 2.4.4 - Falling Weight Deflectometer (FWD) ...................................................................19 2.5 - PAVIMENTAÇÃO DE BAIXO CUSTO ....................................................................20 2.6 - MATERIAIS ALTERNATIVOS E TÉCNICAS CONSTRUTIVAS..........................21 2.6.1 - Breve Histórico sobre Uso de Solos Tropicais na Pavimentação ..........................21 2.6.2 - Características dos Solos Lateríticos......................................................................23 2.6.3 - Utilização de Aditivos em Solos Finos Lateríticos ................................................25 2.6.3.1 - Mistura de argila laterítica com brita descontínua...........................................26 2.6.3.2 - Mistura de argila laterítica com cal..................................................................26 2.6.3.3 - Mistura de argila laterítica com betume ..........................................................28 ix 2.6.3.4 - Mistura de argila laterítica com cimento .........................................................29 2.6.3.5 - Base de argila laterítica com material fresado .................................................30 2.6.4 - Utilização de Rejeitos ............................................................................................30 2.6.5 - Utilização de Geotêxtil...........................................................................................32 3 - MATERIAIS E MÉTODOS UTILIZADOS NA CONSTRUÇÃO DAS ESTRUTURAS DE PAVIMENTO ................................................................................. ..34 3.1 - MATERIAIS ............................................................................................................ ..36 3.2 - MÉTODOS .............................................................................................................. ..41 3.2.1 - Base de Solo-Brita .............................................................................................. ..42 3.2.2 - Base de Expurgo ................................................................................................. ..42 3.2.3 - Base de Solo Fino ............................................................................................... ..43 3.2.4 - Base de Solo-Cal................................................................................................. ..43 3.2.5 - Base de Solo Fino com Geotêxtil ....................................................................... ..45 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .....................................................51 4.1 - ENSAIOS DE LABORATÓRIO .................................................................................51 4.1.1 - Caracterização ........................................................................................................51 4.1.2 - Compactação, Expansão e CBR.............................................................................60 4.1.3 - Classificação MCT.................................................................................................78 4.1.4 - Comparações com outros solos ..............................................................................80 4.2 - ENSAIOS DE CAMPO................................................................................................87 4.2.1 - Frasco de Areia.......................................................................................................88 4.2.2 - CBR “in situ” .........................................................................................................93 4.2.3 - Viga Benkelman.................................................................................................. 101 4.2.4 - Prova de carga sobre placa .................................................................................. 115 4.2.5 - Pressiômetro ........................................................................................................ 128 4.3 - CORRELAÇÕES OBTIDAS ENTRE OS PARÂMETROS DOS ENSAIOS DE CAMPO .............................................................................................................. 134 5. ORÇAMENTO DAS ESTRUTURAS DO PAVIMENTO............................................... 138 6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS................................. 140 x 6.1 - CONCLUSÕES ......................................................................................................... 140 6.2 - SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ....................................................... 143 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 144 A. BACIAS DE DESLOCAMENTOS DOS ENSAIOS DE VIGA BENKELMAN ........... 152 B. CURVAS DE CALIBRAÇÃO DO PRESSIÔMETRO ................................................... 163 C. TABELAS DE COMPOSIÇÃO DE CUSTO DAS BASES............................................ 166 xi LISTA DE FIGURAS Figura Página Figura 2.1 - Ábaco da classificação MCT (Nogami & Villibor, 1995) .................................................................11 Figura 3.1 - Localização da rodovia DF-205 Oeste ...............................................................................................35 Figura 3.2 - Localização do trecho experimental na rodovia DF-205 Oeste .........................................................36 Figura 3.3 - Caixa de empréstimo de solo fino ......................................................................................................37 Figura 3.4 - Utilização do geotêxtil impregnado na pista ......................................................................................39 Figura 3.5 - Área de empréstimo do expurgo ........................................................................................................40 Figura 3.6 - Seção transversal da base com solo fino envelopada .........................................................................41 Figura 3.7 - Mistura do solo fino com a brita ........................................................................................................42 Figura 3.8 - Espalhamento do expurgo na pista.....................................................................................................43 Figura 3.9 - Trincamento da base de solo fino.......................................................................................................44 Figura 3.10 - Mistura do solo cal na jazida de solo fino ........................................................................................44 Figura 3.11 - Colocação do geotêxtil sobre o subleito...........................................................................................45 Figura 3.12 - Bases compactadas antes da imprimação .........................................................................................46 Figura 3.13 - Colocação do geotêxtil sobre a base ................................................................................................47 Figura 3.14 - Detalhe das dobras laterais do geotêxtil ...........................................................................................48 Figura 3.15 - Seção transversal geral dos subtrechos com geotêxtil: (a) Estaca 157 a 159 (geotêxtil entre base e revestimento); (b) Estaca 159 a 161 (geotêxtil entre subleito e base); Estaca 161 a 163 (base envelopada)......................................................................49 Figura 3.16 - Execução do tratamento superficial duplo no trecho experimental..................................................50 Figura 4.1- Curvas granulométricas dos materiais obtidas através do ensaio sem sedimentação........................................................................................................................................53 Figura 4.2 - Comportamento do subleito quanto à plasticidade.............................................................................53 Figura 4.3 - Comportamento do subleito quanto à porcentagem passante na peneira no 200 .....................................................................................................................................54 Figura 4.4 - Curvas granulométricas do solo fino e do expurgo utilizados na base...............................................56 Figura 4.5 - Curvas granulométricas do solo fino compactado na energia Proctor normal ................................................................................................................................................56 Figura 4.6 - Curvas granulométricas do solo fino compactado na energia Proctor intermediário .......................................................................................................................................57 Figura 4.7 - Curvas granulométricas do solo fino compactado na energia Proctor modificado ..........................................................................................................................................57 Figura 4.8 - Curvas granulométricas do solo fino compactado na umidade ótima em xii diferentes energias ..............................................................................................................................58 Figura 4.9 - Curvas granulométricas do solo fino compactado na umidade ótima menos 2% em diferentes energias.........................................................................................................................58 Figura 4.10 - Curvas granulométricas do solo fino compactado na umidade ótima mais 2% em diferentes energias.......................................................................................................................59 Figura 4.11 - Curvas de compactação do subleito .................................................................................................61 Figura 4.12 - Curvas de CBR do subleito ..............................................................................................................62 Figura 4.13 - Correlação entre CBR max e inclinação do ramo seco considerando os sete pontos.........................................................................................................................................63 Figura 4.14 - Correlação entre CBR max e inclinação do ramo seco considerando apenas cinco pontos ......................................................................................................................................64 Figura 4.15 - Correlação entre CBR max e inclinação do ramo úmido considerando os sete pontos..........................................................................................................................................65 Figura 4.16 - Correlação entre CBR max e inclinação do ramo úmido considerando seis pontos.........................................................................................................................................65 Figura 4.17 - Curvas de compactação do solo fino para diferentes energias .........................................................66 Figura 4.18 - Curvas de CBR do solo fino para diferentes energias de compactação ...........................................67 Figura 4.19 - Correlação entre o CBR máximo e a inclinação do ramo úmido para diferentes energias de compactação .....................................................................68 Figura 4.20 - CBR x peso específico aparente seco máximo (solo fino) ...............................................................69 Figura 4.21 - CBR x umidade ótima (solo fino) ....................................................................................................69 Figura 4.22 - Curvas de compactação na energia intermediária para diferentes teores de cal ......................................................................................................................................70 Figura 4.23 - Curvas de CBR para os diferentes teores de cal...............................................................................71 Figura 4.24 - Comportamento do peso específico aparente seco máximo para os diferentes teores de cal ......................................................................................................................................72 Figura 4.25 - Comportamento da umidade ótima para os diferentes teores de cal ................................................72 Figura 4.26 - Comportamento do CBR para os diferentes teores de cal ................................................................72 Figura 4.27 - Variação da inclinação do ramo seco para os diferentes teores de cal .............................................73 Figura 4.28 - Variação da inclinação do ramo úmido para os diferentes teores de cal..........................................73 Figura 4.29 - Curvas de compactação para comparação entre o solo fino e o solo com 2% de cal...................................................................................................................................75 Figura 4.30 - Curvas de CBR para comparação entre o solo fino e o solo com 2% de cal....................................................................................................................................75 Figura 4.31 - CBR x peso específico aparente seco para o solo fino e o solo com 2% de cal...................................................................................................................................76 Figura 4.32 - Curvas de compactação do expurgo e da mistura solo-brita ............................................................77 Figura 4.33 - Curvas de CBR do expurgo e da mistura solo-brita.........................................................................77 xiii Figura 4.34 - Curvas de e x w para o expurgo e a mistura solo-brita ..................................................................78 Figura 4.35 - Curvas de deformabilidade (MCT) ..................................................................................................79 Figura 4.36 - Curvas de compactação (MCT)........................................................................................................80 Figura 4.37 - Perda da massa por imersão (MCT) .................................................................................................80 Figura 4.38 - Classificação MCT dos solos do Distrito Federal ............................................................................81 Figura 4.39 - Comparação entre o coeficiente c’ e wL ...........................................................................................84 Figura 4.40 - Correlação entre o coeficiente c’ e a porcentagem que passa na peneira no 200 ....................................................................................................................................85 Figura 4.41 - Correlação entre o coeficiente d’ e o peso específico aparente seco máximo .....................................................................................................................................86 Figura 4.42 - Correlação entre PI e γdmax dos solos do Distrito Federal.................................................................87 Figura 4.43 - Características do subleito ao longo do trecho quanto à umidade de compactação de campo .....................................................................................................................89 Figura 4.44 - Características do subleito ao longo do trecho quanto ao peso específico aparente seco de campo .....................................................................................................................89 Figura 4.45 - Comportamento do subleito ao longo do trecho quanto ao grau de compactação......................................................................................................................................90 Figura 4.46 - Relação entre umidade e peso específico aparente seco de campo e de laboratório dos materiais de subleito ................................................................................................91 Figura 4.47 - Características das bases ao longo do trecho quanto à umidade de compactação de campo ......................................................................................................................92 Figura 4.48 - Características das bases ao longo do trecho quanto ao peso específico aparente seco de campo ....................................................................................................................92 Figura 4.49 - Características das bases ao longo do trecho quanto ao grau de compactação......................................................................................................................................93 Figura 4.50 - Ensaio de CBR “in situ”...................................................................................................................94 Figura 4.51 - Curvas pressão x penetração do subleito..........................................................................................95 Figura 4.52 - Características do subleito ao longo do trecho quanto às umidades ................................................95 Figura 4.53 - Características do subleito ao longo do trecho quanto aos valores médios de CBR .................................................................................................................................96 Figura 4.54 - Características do subleito ao longo do trecho quanto aos valores médios dos módulos de reação...........................................................................................................96 Figura 4.55 - Curvas pressão x penetração nas bases dos diversos pavimentos ....................................................98 Figura 4.56 - Características das bases ao longo do trecho quanto às umidades ...................................................99 Figura 4.57 - Características das bases ao longo do trecho quanto aos valores médios de CBR .................................................................................................................................99 Figura 4.58 - Características das bases ao longo do trecho quanto aos valores médios dos módulos de reação........................................................................................................100 xiv Figura 4.59 - Execução do ensaio de Viga Benkelman .......................................................................................101 Figura 4.60 - Bacias de deslocamentos - ensaio sobre o subleito - curvas médias ..............................................103 Figura 4.61 - Bacias de deslocamentos sobre as bases - curvas médias ..............................................................105 Figura 4.62 - Valores de Do para os ensaios realizados sobre o subleito e a base ao longo do trecho................................................................................................................106 Figura 4.63 - Valores de R para os ensaios realizados sobre o subleito e a base ao longo do trecho................................................................................................................106 Figura 4.64 - Valores de kVIGA para os ensaios realizados sobre o subleito e a base ao longo do trecho................................................................................................................107 Figura 4.65 - Bacias de deslocamentos - ensaio sobre revestimento (ensaio 1) curvas médias..................................................................................................................................107 Figura 4.66 - Bacias de deslocamentos - ensaio sobre revestimento (ensaios 1 e 2) curvas médias...................................................................................................................................113 Figura 4.67 - Valores de Do para os ensaios realizados sobre o revestimento ao longo do trecho...........................................................................................................................114 Figura 4.68 - Valores de R para os ensaios realizados sobre o revestimento ao longo do trecho...........................................................................................................................114 Figura 4.69 - Valores de kVIGA para os ensaios realizados sobre o revestimento ao longo do trecho...........................................................................................................................115 Figura 4.70 - Prova de carga realizada no pavimento..........................................................................................116 Figura 4.71 - Prova de carga realizada no subleito com inundação.....................................................................117 Figura 4.72 - Curvas pressão x deslocamento do subleito ...................................................................................118 Figura 4.73 - Características do subleito ao longo do trecho quanto à umidade..................................................119 Figura 4.74 - Características do subleito ao longo do trecho quanto ao deslocamento máximo ...........................................................................................................................................119 Figura 4.75 - Características do subleito ao longo do trecho quanto ao módulo de reação .........................................................................................................................................119 Figura 4.76 - Curvas pressão x deslocamento das bases......................................................................................120 Figura 4.77 - Características dos materiais da base ao longo do trecho quanto à umidade ........................................................................................................................................121 Figura 4.78 - Características dos materiais da base ao longo do trecho quanto ao deslocamento máximo................................................................................................................122 Figura 4.79 - Características dos materiais da base ao longo do trecho quanto ao módulo de reação ........................................................................................................................122 Figura 4.80 - Curvas pressão x deslocamento do revestimento (ensaio 1) ..........................................................124 Figura 4.81 - Curvas pressão x deslocamento do revestimento (ensaio 2) ..........................................................126 Figura 4.82 - Características do pavimento ao longo do trecho: (a) quanto ao deslocamento máximo; (b) quanto ao módulo de reação.....................................................................................127 Figura 4.83 - Execução do ensaio pressiométrico no campo ...............................................................................129 xv Figura 4.84 - Ensaios pressiométricos no subleito natural a uma profundidade pequena (11,5 a 20,5 cm)................................................................................................................131 Figura 4.85 - Ensaios pressiométricos no subleito saturado a uma profundidade pequena (11,5 a 17,5 cm)................................................................................................................131 Figura 4.86 - Ensaios pressiométricos no subleito natural a uma profundidade maior (31,5 a 44,5 cm)....................................................................................................................132 Figura 4.87 - Ensaios pressiométricos nas bases .................................................................................................133 Figura 4.88 - Correlação entre Ep e kPLACA..........................................................................................................134 Figura 4.89 - Correlação entre Ep e kVIGA............................................................................................................135 Figura 4.90 - Correlação entre PL e kPLACA ..........................................................................................................135 Figura 4.91 - Correlação entre PL e kVIGA ............................................................................................................136 Figura A.1 - Bacias de deslocamentos - ensaio sobre o subleito (corte)..............................................................152 Figura A.2 - Bacias de deslocamentos - ensaio sobre o subleito (aterro) ............................................................153 Figura A.3 - Bacias de deslocamentos - base de solo-brita..................................................................................153 Figura A.4 - Bacias de deslocamentos - base de expurgo....................................................................................154 Figura A.5 - Bacias de deslocamentos - base de solo fino...................................................................................154 Figura A.6 - Bacias de deslocamentos - base de solo-cal ....................................................................................155 Figura A.7 - Bacias de deslocamentos - base de solo fino com geotêxtil entre subleito e base................................................................................................................................................155 Figura A.8 - Bacias de deslocamentos - ensaios sobre o revestimento (ensaio 1) - base em solo-brita .....................................................................................................................................156 Figura A.9 - Bacias de deslocamentos - ensaios sobre o revestimento (ensaio 1) - base de expurgo........................................................................................................................................156 Figura A.10 - Bacias de deslocamentos -ensaios sobre o revestimento (ensaio 1) - base de solo fino......................................................................................................................................157 Figura A.11 - Bacias de deslocamentos - ensaios sobre o revestimento (ensaio 1) - base de solo-cal .......................................................................................................................................157 Figura A.12 - Bacias de deslocamentos - ensaios sobre o revestimento (ensaio 1) - base de solo fino com geotêxtil entre base e revestimento......................................................................158 Figura A.13 - Bacias de deslocamentos - ensaios sobre o revestimento (ensaio 1) - base de solo fino com geotêxtil entre subleito e base ............................................................................158 Figura A.14 - Bacia de deslocamentos - ensaio sobre o revestimento (ensaio 1) - base solo fino envelopado ......................................................................................................................159 Figura A.15 - Bacias de deslocamentos - ensaios sobre o revestimento (ensaio 2) - base de solo-brita ....................................................................................................................................159 Figura A.16 - Bacias de deslocamentos - ensaios sobre o revestimento (ensaio 2) - base em expurgo ....................................................................................................................................160 Figura A.17 - Bacias de deslocamentos - ensaios sobre o revestimento (ensaio 2) - base de solo fino......................................................................................................................................160 Figura A.18 - Bacias de deslocamentos - ensaios sobre o revestimento (ensaio 2) - base xvi de solo-cal ......................................................................................................................................161 Figura A.19 - Bacias de deslocamentos - ensaios sobre o revestimento (ensaio 2) - base de solo fino e geotêxtil entre base e revestimento...........................................................................161 Figura A.20 - Bacias de deslocamentos - ensaios sobre o revestimento (ensaio 2) - base de solo fino e geotêxtil entre subleito e base .................................................................................162 Figura A.21 - Bacias de deslocamentos - ensaios sobre o revestimento (ensaio 2) - base de solo fino envelopado ......................................................................................................................162 Figura B.1 - Curvas de calibração do pressiômetro - ensaios realizados no subleito (1) ..........................................................................................................163 Figura B.2 - Curvas de calibração do pressiômetro - ensaios realizados no subleito (2) ..........................................................................................................164 Figura B.3 - Curvas de calibração do pressiômetro - ensaios realizados no subleito (3) ..........................................................................................................164 Figura B.4 - Curvas de calibração do pressiômetro - ensaios realizados nas bases ....................................................................................................................165 xvii LISTA DE TABELAS Tabela Página Tabela 2.1 - Propriedades e recomendações dos grupos de solo segundo a metodologia MCT (Nogami & Villibor, 1995).......................................................................................................12 Tabela 3.1 - Características físico-químicas da cal hidratada ................................................................................38 Tabela 3.2 - Características dos geotêxteis ............................................................................................................39 Tabela 4.1 - Caracterização dos materiais do subleito............................................................. 51 Tabela 4.2 - Caracterização dos materiais constituintes da base............................................................................52 Tabela 4.3 - Resultado do ensaio de compactação do subleito Energia Proctor Normal .....................................................................................................................61 Tabela 4.4 - Resultados do ensaio de compactação do solo fino nas três energias................................................66 Tabela 4.5 - Resultados obtidos para a mistura solo cal (Energia Proctor Intermediário).....................................70 Tabela 4.6 - Comparações entre o solo fino e o solocom 2% de cal......................................................................74 Tabela 4.7 - Resultado do ensaio de compactação para o expurgo e a mistura solo-brita .....................................76 Tabela 4.8 - Resultados dos ensaios da Metodologia MCT...................................................................................78 Tabela 4.9 - Caracterização dos solos analisados (Curado, 1998; Paranhos, 1998) ..............................................82 Tabela 4.10 - Compactação e metodologia MCT dos solos analisados (Curado, 1998; Paranhos, 1998) .......................................................................................................83 Tabela 4.11 - Resultados do ensaio de frasco de areia realizado no subleito ........................................................88 Tabela 4.12 - Resultados do ensaio de frasco de areia realizado nas bases ...........................................................91 Tabela 4.13 - Resultado do ensaio de CBR “in situ” no subleito...........................................................................94 Tabela 4.14 - Resultado dos ensaios de CBR “in situ” nas bases ..........................................................................97 Tabela 4.15 - Resultados do ensaio de viga Benkelman no subleito ...................................................................102 Tabela 4.16 - Resultados do ensaio de viga Benkelman nas bases ......................................................................104 Tabela 4.17 - Resultados do ensaio de viga Benkelman no revestimento logo após a execução (ensaio 1)..............................................................................................................108 Tabela 4.18 - Resultados do ensaio de viga Benkelman no revestimento quatro meses após sua execução (ensaio 2) ....................................................................................110 Tabela 4.19 - Resultado das provas de carga sobre o subleito.............................................................................118 Tabela 4.20 - Resultado das provas de carga sobre as bases ...............................................................................120 Tabela 4.21 - Resultado das provas de carga sobre o revestimento (ensaio 1) ....................................................123 Tabela 4.22 - Resultado das provas de carga sobre o revestimento (ensaio 2) ....................................................125 Tabela 4.23 - Resultados dos ensaios pressiométricos no subleito ......................................................................130 Tabela 4.24 - Resultados dos ensaios pressiométricos na base............................................................................133 xviii Tabela 5.1 - Custo final das bases......................................................................................................................138 Tabela C.1 - Custo da base de solo-brita (4:1).....................................................................................................166 Tabela C.2 - Custo da base de expurgo de pedreira.............................................................................................167 Tabela C.3 - Custo da base de solo fino...............................................................................................................167 Tabela C.4 - Custo da base de solo cal (2%) .......................................................................................................168 Tabela C.5 - Custo da base de solo fino com geotêxtil entre base e revestimento...............................................168 Tabela C.6 - Custo da base de solo fino com geotêxtil entre subleito e base.......................................................169 Tabela C.7- Custo da base de solo fino envelopada ............................................................................................169 xix LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURA E ABREVIAÇÕES AASHO - American Association of State Highway Officials AASHTO - American Association of State Highway and Transportation Officials ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas ASTM - American Society for Testing and Materials CAP - cimento asfáltico de petróleo CBUQ - concreto betuminoso usinado a quente CBR - California Bearing Ratio c’ - coeficiente de deformabilidade da classificação MCT DCP - penetrômetro dinâmico de cone DN - índice de penetração DO - deflexão real do pavimento no ponto de prova DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem DER-DF - Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal DER-SP - Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo dL - variação de altura d’ - inclinação da parte retilínea do ramo seco da curva de compactação na metodologia MCT E - módulo de deslocamentos ou elasticidade Ep - módulo pressiométrico Er - módulo de deslocamentos no trecho de recompressão e’ - índice de classificação MCT FWD - Falling Weight Deflectometer Test HRB - Highway Research Board ISC - Índice de Suporte Califórnia IP - índice de plasticidade IPT/SP - Instituto de Pesquisa Tecnológica do Estado de São Paulo iSECO - inclinação do ramo seco iÚMIDO - inclinação do ramo úmido k - constantes dos modelos de comportamento resiliente xx kCBR - módulo de reação do ensaio de CBR “in situ” kVIGA - módulo de reação do ensaio de viga Benkelman kPLACA - módulo de reação do ensaio de placa LVDT - Linear Variable Differential Transformer MCT - Miniatura, Compactado, Tropical MCV - Moisture Condition Value Mini-CBR - ensaio de suporte da metodologia MCT Mini-MCV - ensaio MCV da metodologia MCT Mini-Proctor - ensaio de compactação de energia constante da metodologia MCT MR - módulo de resiliência N - número equivalente de operações do eixo simples padrão NMCT - número de golpes da metodologia MCT NBR - Norma Brasileira Registrada PCA - Portland Cement Association PI - perda de massa por imersão PL - pressão limite R - raio de curvatura SPT - Standard Penetration Test s - desvio padrão UnB - Universidade de Brasília USCS - Unified Soil Classification System VDM - número diário médio de veículos wot - umidade ótima wL - limite de liquidez wP - limite de plasticidade x - média δ - massa específica dos grãos de solo ε1 - deslocamentos maior ε3 - deslocamentos menor γd - peso específico aparente seco µ - coeficiente de Poisson σd - tensão desvio σ1 - tensão principal maior xxi σ3 - tensão principal menor xxii CAPÍTULO 1 1. INTRODUÇÃO Na década de quarenta, com a aplicação dos princípios da Mecânica dos Solos nas construções rodoviárias, encontrou-se certa dificuldade para a execução de pavimentos no Brasil. Isto ocorreu pois o comportamento e as particularidades dos solos tropicais ainda não eram conhecidas e estes não se enquadravam nas especificações adotadas, que foram baseadas nas normas estabelecidas pelos países mais desenvolvidos. Estas especificações foram elaboradas pelos países situados na zona temperada, sendo que as mais utilizadas eram as normas americanas da “American Association of State Highway and Transportation Officials” (AASHTO) e “American Society for Testing and Materials” (ASTM) que se baseavam nas propriedades índices (limite de liquidez, limite de plasticidade, índice de plasticidade e granulometria) para definir o tipo de solo ideal a ser usado nas obras rodoviárias. Os materiais naturais conhecidos como solos lateríticos ou solos tropicais, abundantemente encontrados no País, apresentavam características diferentes daquelas especificadas para uso rodoviário, como elevados valores de limite de liquidez, de índice de plasticidade e da porcentagem que passa na peneira no 200 (0,075 mm). Posteriormente, com a utilização mais generalizada do ensaio CBR (“California Bearing Ratio”), observou-se que os materiais tropicais apresentavam elevada capacidade de suporte, chegando a superar os valores encontrados nos materiais tradicionais. Como os materiais que atendem as especificações tradicionais não são facilmente encontrados em todas as regiões do Brasil e principalmente devido a sua escassez junto aos grandes centros urbanos, tornou-se necessário estudar materiais alternativos que, mesmo não atendendo as especificações de norma, mostram comportamento estrutural satisfatório. Com isto, vários estudos foram iniciados utilizando-se os solos tropicais como material de construção em diversas obras de engenharia, principalmente em pavimentação de estradas e pistas de aeroportos, com o objetivo de avaliar as características relacionadas com suas propriedades físicas e comportamento mecânico. Além disso, quando são usados 1 materiais locais, o custo das obras é reduzido. Os solos tropicais e sua utilização em pavimentação também vêm sendo pesquisados em várias regiões do mundo, sendo obtidos ótimos resultados como, por exemplo, na África, segundo Gidigasu et al. (1987). A escassez de materiais granulares apropriados que se enquadrem nas especificações tradicionais para o uso em pavimentação e as barreiras ambientalistas crescentes para sua exploração conduzem à necessidade de se estabelecer outras técnicas para a construção rodoviária, estudando-se materiais alternativos que, mesmo não atendendo as especificações de norma, podem mostrar comportamento estrutural satisfatório. Dentre estes materiais pode-se destacar o uso de solos finos aditivados ou não, rejeitos de mineração e capeamentos asfálticos fresados e incorporados ao solo. Cabe destacar que um dos principais aspectos que diferenciam o comportamento estrutural dos solos finos em relação aos solos granulares é a sua grande sensibilidade em relação à variação no teor de umidade. Este trabalho objetiva pesquisar técnicas alternativas para a construção de pavimentos rodoviários com o uso de materiais não tradicionais na camada de base como expurgo de pedreira, argila laterítica, misturas com brita e com cal, além do geotêxtil com função impermeabilizante. Visa encontrar técnicas que minimizem os custos e assegurem os critérios de segurança, qualidade e durabilidade, sendo todas as análises realizadas com base em ensaios de laboratório e de campo. Isto impõe a necessidade de mudanças nos procedimentos experimentais e métodos de projeto de modo a aproximar os estudos da situação do solo na obra. Essa dissertação apresenta no Capítulo 1 uma breve introdução sobre o trabalho e seus objetivos. No Capítulo 2 tem-se a revisão bibliográfica onde são apresentados os ensaios de laboratório e de campo utilizados para a execução do projeto, controle tecnológico e avaliação do pavimento. Aborda-se ainda os conceitos da classificação MCT, pavimentação de baixo custo, características de solos lateríticos e a utilização de materiais alternativos em pavimentação. O Capítulo 3 descreve a localização da rodovia estudada, os materiais e os métodos executivos usados na estrutura do pavimento do trecho experimental. 2 No Capítulo 4 tem-se os resultados e as análises dos ensaios de laboratório realizados com os materiais utilizados, ensaios de campo executados sobre a estrutura do pavimento e possíveis correlações entre os parâmetros determinados. O Capítulo 5 apresenta o orçamento dos trechos executados e uma análise comparativa de custo entre as bases. No Capítulo 6 são apresentadas as conclusões do trabalho e sugestões para futuras pesquisas. 3 CAPÍTULO 2 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Segundo a norma brasileira de pavimentação NBR-7207 (ABNT, 1982), o pavimento é uma estrutura construída após a terraplanagem e destinada, econômica e simultaneamente, em seu conjunto, a: • Resistir e distribuir ao subleito os esforços verticais produzidos pelo tráfego; • Melhorar as condições de rolamento quanto à comodidade e segurança; • Resistir aos esforços horizontais que nela atuam, tornando mais durável a superfície de rolamento. Para iniciar o projeto de um pavimento é necessário conhecer principalmente a região de localização da construção, as características e parâmetros dos materiais que serão empregados na obra e o volume de tráfico que a rodovia deve suportar. Logo, é preciso adotar uma série de procedimentos que correspondam à realização de ensaios de laboratório e investigações de campo, bem como à avaliações durante a construção e ao longo da vida útil da obra. A seguir são apresentados os ensaios de laboratório utilizados para a caracterização dos materiais, as investigações de campo que auxiliam na determinação de parâmetros e no desenvolvimento do projeto, o controle tecnológico de campo realizado durante a execução de rodovias, os métodos para avaliação estrutural do pavimento e a utilização de materiais não tradicionais em obras rodoviárias. 2.1 - ENSAIOS DE LABORATÓRIO 4 2.1.1 - Convencionais Os ensaios de laboratório são normalmente utilizados para a caracterização, classificação dos materiais, compactação e determinação da capacidade de suporte. Todos os ensaios utilizam amostras deformadas e suas metodologias são definidas por normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Dentre os ensaios mais usados tem-se: • Análise Granulométrica NBR - 7181 (ABNT, 1984a); • Limite de Plasticidade NBR - 7180 (ABNT, 1981); • Determinação do Limite de Liquidez NBR - 6459 (ABNT, 1984b); • Ensaio de Compactação NBR - 7182 (ABNT, 1986a); • Expansão e Índice de Suporte Califórnia NBR - 9895 (ABNT, 1987). Os ensaios de caracterização (granulometria, limite de liquidez e limite de plasticidade) oferecem resultados que permitem a classificação dos solos nos sistemas tradicionais. As duas classificações mais utilizadas são a da AASHO e a Unificada, sendo a primeira a mais utilizada em projetos rodoviários. Já o ensaio de compactação se baseia na execução de corpos de prova moldados em diferentes condições de umidade e compactados em uma determinada energia (Proctor normal, intermediário ou modificado). Com um mínimo de cinco corpos de prova determina-se uma curva através da qual obtém-se as condições ótimas de compactação do solo (peso específico aparente seco máximo e umidade ótima). Atualmente, não são raros os estudos que trabalham com apenas quatro corpos de prova. Com os mesmos corpos de prova compactados é possível determinar a expansão e o Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR) do solo para as diferentes condições de compactação. A expansão é determinada pela imersão dos corpos de prova em água durante quatro dias. O CBR determina a resistência à penetração do solo compactado e é dado pela medida da penetração de um pistão padrão no corpo de prova após o período de imersão. Para os solos finos, embora a expansão deva ser verificada mesmo sendo rara a presença de argilominerais expansivos na maioria dos solos brasileiros, o procedimento de execução de 5 ensaio de CBR quanto à imersão deve ser revisto já que esses solos apresentam grande sensibilidade em presença de água. Esses parâmetros auxiliam na definição dos materiais usados em cada camada da estrutura do pavimento. Utilizando-os, Souza (1979) apresenta a classificação dos materiais granulares empregados nas camadas do pavimento: • Materiais de subleito: expansão menor ou igual a 2%; • Materiais para reforço do subleito: CBR maior que o do material componente do subleito e expansão menor ou igual a 2%; • Materiais para sub-base: CBR maior ou igual a 20, índice de grupo igual a 0 e expansão menor ou igual a 1%; • Materiais para base: CBR maior ou igual a 80 (ou 60 no caso em que o número equivalente de operações do eixo simples padrão N seja menor ou igual a 106), limite de liquidez menor ou igual a 25 e índice de plasticidade menor ou igual a 6. Caso os valores para o limite de liquidez e/ou índice de plasticidade não sejam obedecidos, o material pode ser empregado em bases se o equivalente de areia for superior a 30%. No entanto, Baptista (1979) admite CBR de 40 para a base quando existe carência de materiais e a fiscalização aceita adotar este critério. 2.1.2 - Triaxial Cíclico Sabe-se que o pavimento sofre a ação de cargas de diferentes intensidades e freqüências variáveis ao longo do tempo. A simulação desta solicitação dinâmica em laboratório é difícil, mas mesmo assim são realizados ensaios de carga repetida onde a força aplicada atua no sentido de compressão, variando de zero até um valor máximo, e diminuindo até anular-se ou atingir valores inferiores. Depois de um pequeno intervalo de tempo a força atua novamente, procurando, dessa forma, obter uma aproximação das condições de campo (Medina, 1997). Este ensaio foi normatizado pelo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem através da ME 133 (DNER, 1986). 6 No ensaio triaxial de carga repetida tem-se para um elemento de solo localizado numa camada do pavimento: σ1 = σ 3 + σ d (2.1) onde: • σ3 = tensão principal menor (constante); • σ1 = tensão principal maior (variável); • σd = tensão desvio (variável). O equipamento geralmente consiste num sistema de ar comprimido com manômetros e válvulas que permitem aplicar a carga confinante (σ3) e a tensão desvio (σd). Um temporizador atua numa válvula de três vias regulando o tempo de atuação da pressão de ar e o intervalo de aplicações sucessivas. Para medir os deslocamentos verticais utiliza-se transdutores de deslocamentos eletromagnéticos (LVDT) presos em braçadeiras no terço médio do corpo de prova, moldado com 5 cm de diâmetro e 10 cm de altura e envolvido por uma membrana de borracha. As deformações horizontais são medidas da mesma forma, mudando apenas a posição dos transdutores que acompanham a variação do diâmetro do corpo de prova. Outros equipamentos são adaptados para realizar ensaios em corpos de prova de 10 e 15 cm de diâmetro. Os ensaios comumente realizados são os do tipo drenado. Mas, como os materiais são não saturados, torna-se difícil medir a poropressão, sendo os resultados obtidos em termos de tensões totais. Através deste ensaio determina-se o módulo de resiliência MR: MR = onde: • ε1 = ∆h/ho; • ∆h = deslocamento vertical máximo; 7 σd ε1 (2.2) • ho = comprimento inicial de referência do corpo de prova cilíndrico. Segundo Medina & Preussler (1980), os solos arenosos têm o módulo de resiliência dependente da tensão confinante e seu valor é pouco afetado pela tensão desvio. Já os solos argilosos têm o módulo dependente da tensão desvio, sendo pouco influenciados pela tensão confinante. Geralmente, no primeiro caso MR cresce com o aumento da tensão confinante e no outro, o módulo decresce com o aumento da tensão desvio. Os solo arenosos podem ter esses efeitos minimizados através de ciclos de carregamento e descarregamento. Os solos arenosos têm deformações resilientes que diminuem com o número de aplicações de cargas. Em geral, o módulo resiliente diminui muito com o aumento da umidade. O ganho tixotrópico de resistência ou rigidez pela alteração da estrutura em período de repouso não é significativo, principalmente após algumas repetições de carga. Para um material elástico linear pode-se aplicar a lei de Hooke generalizada e determinar o módulo de elasticidade (E) e o coeficiente de Poisson (µ), conhecendo-se σ1 e σ3 e medindo-se ε1 e ε3, conforme apresentado nas Equações 2.3 e 2.4 e demonstradas por Medina (1997): E= µ= (σ (σ 1 1 − σ 3 )(σ1 + 2σ 3 ) + σ 3 )ε1 − 2σ 3ε 3 σ1ε 3 − σ 3ε1 2σ 3ε 3 − (σ1 + σ 3 )ε1 (2.3) (2.4) No entanto, nem sempre o solo comporta-se dentro da elasticidade linear, tornando-se conveniente determinar relações empíricas entre o módulo de resiliência e o estado de tensões. McVay et al. (1985) realizaram ensaios em areias da Flórida com variação no carregamento (extensão e compressão) para uma solução elástica. Observaram que esta variação resulta num comportamento anisotrópico do material. 8 Medina & Preussler (1980) apresentaram resultados de ensaios triaxiais dinâmicos em vários solos de subleitos e camadas de pavimentos flexíveis. Nesse trabalho os autores buscaram correlações entre o módulo resiliente e o índice CBR, além de tentativas de classificação de solos quanto às propriedades resilientes. Medina & Motta (1988) observaram quatro diferentes modelos de comportamento resiliente: granular, coesivo, combinado (granular + coesivo) e constante, determinados através de ensaios triaxiais cíclicos usando-se solos tropicais. Nesses modelos são estabelecidas expressões matemáticas que representam relações entre o módulo resiliente e as tensões atuantes, conforme a natureza dos materiais e suas condições de umidade e densidade. Essas relações dependem de constantes (k) determinadas experimentalmente através de ensaios dinâmicos. Elevados valores de módulo resiliente foram obtidos para amostras indeformadas de areia fina e baixos valores para corpos de prova de silte residual micáceo compactados. O modelo combinado adequou-se bem para a maioria dos corpos de prova de areia fina laterítica compactados. Motta & Macêdo (1998) discutem a realização do ensaio triaxial adequando as tensões aplicadas ao tipo de camada para a qual o material se destina. Os autores concluem que ainda não há consenso quanto ao modelo mais adequado para representar o comportamento tensão versus deformação dos variados tipos de solo usados numa estrutura de pavimento. Gehling et al. (1998) mostram a influência da sucção nos módulos de resiliência obtidos em campo e em laboratório para um solo típico de subleitos do Rio Grande do Sul. Conclui-se que os módulos resilientes são significativamente reduzidos com a saturação. Mesmo com estudos ainda sendo desenvolvidos, o módulo resiliente é considerado mais um parâmetro que auxilia no dimensionamento de reforços e de estruturas de pavimentos. 2.1.3 - Classificação MCT A metodologia MCT (Miniatura, Compactado, Tropical) desenvolvida por Nogami & Villibor (1981) utiliza corpos de prova miniatura, compactados por meio de 9 procedimento especial e destinados aos solos tropicais finos. Ela surgiu devido às limitações dos procedimentos tradicionais de classificação dos solos com base nas propriedades índices, que não eram capazes de caracterizar de forma satisfatória o seu comportamento. Os ensaios de compactação desta metodologia caracterizam-se pelo uso de moldes cilíndricos de 50 mm (miniatura) ou 26 mm (subminiatura) de diâmetro, soquetes de seção plena com peso variável de 2.270 g (tipo leve) a 4.500 g (tipo pesado) com queda livre de 30 cm para o cilindro miniatura e soquete de 1.000 g com queda de 20 cm para o subminiatura, base do tipo pistão e dispositivo manual para extração dos corpos de prova. Existem dois métodos distintos de compactação. O primeiro corresponde ao Proctor ou Mini-Proctor, onde se procura fixar uma energia de compactação (normal, intermediária ou modificada) e compactar uma série de corpos de prova com diferentes teores de umidade. O segundo método é o MCV (“Moisture Condition Value”) ou Mini-MCV, em que, para cada umidade de compactação, são aplicadas energias crescentes, sucessivamente, até se obter um aumento mínimo da densidade, resultando ao final do ensaio uma família de curvas de compactação. A capacidade de suporte é determinada através do ensaio Mini-CBR, onde é possível caracterizar melhor as peculiaridades dos solos tropicais realizando o ensaio sem imersão em água, com vários tipos de sobrecarga, teores de umidade e energias de compactação e com lâmina d’água durante a penetração do pistão. Para a determinação das propriedades dos solos tropicais são realizados, ainda, ensaios de expansão por imersão dos corpos de prova compactados, contração por perda de umidade dos corpos de prova, infiltrabilidade, permeabilidade, penetração de imprimadura betuminosa, perda de massa por imersão, resistência à compressão axial, resiliência e outros. Mediante os resultados dos ensaios em corpos de prova compactados é possível classificar o solo através do ábaco da Classificação MCT apresentado na Figura 2.1. A Tabela 2.1 apresenta as propriedades mais significativas dos grupos MCT e recomendações quanto à utilização rodoviária. 10 2 ,0 L = L A T E R ÍT IC O N = N Ã O L A T E R ÍT IC O A = A R E IA A '= A R E N O S O G '= A R G IL O S O S '= S IL T O S O N S' Índice e' NA 1 ,5 NA' 1 ,0 NG' LA LG' LA' 0 ,5 0 ,0 0 ,5 1 ,0 1 ,5 2 ,0 C o e fic ie n te c ' 2 ,5 3 ,0 Figura 2.1 - Ábaco da classificação MCT (Nogami & Villibor, 1995) O coeficiente c’ é obtido a partir das curvas de deformabilidade resultantes do ensaio de compactação; e o índice e’ é calculado em função da perda de massa por imersão e da inclinação do ramo seco da curva de compactação, valores estes encontrados através do ensaio Mini-MCV. Segundo Nogami et al. (1993), é possível obter o grupo MCT em que os solos tropicais se enquadram através de um procedimento expedito táctil-visual, aproveitando-se a boa correlação entre o coeficiente c’ e a contração de pastilhas de solo moldadas de maneira padronizada. Villibor (1981) observou que nos solos lateríticos os valores máximos de MiniCBR com imersão situam-se nas proximidades da umidade ótima e os valores de Mini-CBR sem imersão são crescentes com a diminuição do teor de umidade de compactação. Tem-se, ainda, a drástica queda do valor do suporte no ramo seco, devido ao aumento de umidade do corpo de prova no processo de imersão, sendo que no ramo úmido essa queda é muito pequena, aproximando-se dos valores obtidos sem imersão. Tabela 2.1 - Propriedades e recomendações dos grupos de solo segundo a metodologia MCT (Nogami & Villibor, 1995) 11 M, E B, M B, M B, M M,E E E B B B, M B B, M M, E E E M, E B, M E E E M, E M, E B, M M, E E B B B B, M B E, EE B B B, M B B E B B M, E B B n 4o n n 2o 1o 3o Reforço do subleito compactado 4o 5o n n 2o 1o 3o Subleito compactado 4o 5o 7o 6o 2o 1o 3o o o o 6 7 o 2 o 1 o 3o n n n 2o 1o 1o 2o SP SC SC MH ML CH A-2 A-2 A-4 A-6 A-7-5 Aterro (corpo) compactado 4 5 Proteção à erosão n 3o Revestimento primário 5o 3o U t i l z Base de pavimento i ã EE = muito elevado E = elevado M = médio B = baixo ç o P r o p r i e d a d e A = argilas S = Siltes AS = areias siltosas SA = siltes arenosos AA = argilas arenosas A AS S (k,m) A, AA AS AA A, AA S (q,s) SA AS, SA AS, SA N = Não Laterítico L = Laterítico NA NA' NS' NG' LA LA' LG' a GRANULOMETRIAS TÍPICAS Designações do T1-71 do DER-SP k = caolinítico m = micáceo s = sericítico q = quartzoso COMPORTAMENTO GRUPO MCT MINI-CBR (%) sem imersão perda por imersão EXPANSÃO CONTRAÇÃO COEF. DE PERMEABILIDADE (k) COEFICIENTE DE SORÇÃO (s) Corpos de prova compactados na massa específica aparente seca máxima da energia normal Grupos tradicionais obtidos de amostras que se classificam nos grupos MCT discriminados nos topos das colunas USCS SP SM AASHO A-2 MS SC ML A-2 A-4 A-7 n n 4o n = não recomendado SM,CL MH ML, MH CH A-4 A-6 A-5 A-7-5 A-7-5 A-7-5 2.2 - INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS DE CAMPO Para os projetos de estradas devem ser realizados estudos geológicos e geotécnicos, onde são empregados diversos tipos de investigações que dependem da variedade dos materiais presentes ao longo do traçado e dos objetivos visados. Geralmente, na fase inicial, são empregados os métodos de superfície (mapas) que irão auxiliar na seleção de alternativas de projeto. Já na fase final, torna-se necessário o uso de métodos de subsuperfície, além de ensaios de campo e de laboratório (Rodrigues & Lopes, 1998). 12 A seguir são apresentados os ensaios de campo comumente utilizados. 2.2.1 - Sondagem Além da execução de poços, trincheiras e escavações para reconhecimento e amostragem dos solos com finalidade rodoviária, são executadas sondagens a trado cavadeira ou concha (10 a 15 cm de diâmetro). As sondagens a trado permitem obter amostras deformadas, a classificação das camadas de solo e a definição da posição do lençol freático. Auxiliam também na definição de volumes em áreas de empréstimo. Neste processo deve-se observar o uso de técnicas especiais com avanços abaixo do nível d’água. Pode ocorrer dificuldade de avanço para profundidades maiores que 10 metros, bem como problemas na obtenção de amostras e contaminação de camadas. Os furos de trados devem ser executados em distâncias que gerem um certo grau de confiança sobre as diversas camadas detectadas. Cuidados especiais devem ser tomados na identificação da linha de seixos nas regiões tropicais. As sondagens à percussão destinam-se a estudar áreas de cortes profundos e fundações de aterro nos locais onde outras investigações revelaram a ocorrência de solos de baixa capacidade de suporte. Outros tipos de sondagens podem ser executadas: sondagem a trado espiral contínuo motorizado e sondagem com uso de penetrômetro. 2.2.2 - Métodos Geofísicos de Eletrorresistividade e Sísmicos Apresentam como vantagens a rapidez e o baixo custo de execução. Indicam a espessura da camada do material superficial, a profundidade do nível d’água e as condições da rocha em subsuperfície, definindo as categorias para escavação. Os métodos geofísicos de eletrorresistividade e sísmicos de refração são mais utilizados na determinação e extrapolação das camadas do substrato rochoso, localizadas abaixo das camadas de solo. Possuem vantagens e limitações, sendo que para o caso de solos tropicais devem ser observados alguns tópicos que são apresentados a seguir (Nogami & Villibor, 1995). 13 Para os métodos geofísicos ocorrem dificuldades de interpretação quando a passagem do solo saprolítico para a rocha sã é gradual ou acontece por alternância de camadas de solo e rocha. Alguns solos superficiais lateríticos possuem elevada resistividade, podendo interferir na detecção da presença de camadas de rocha. Podem ocorrer também baixa resistividade em intercalações de camadas saprolíticas, contendo águas ricas em cátions. Para os métodos sísmicos podem ocorrer problemas com camadas saprolíticas muito intemperizadas. Estruturas xistosas inclinadas podem induzir à reflexão de ondas sísmicas. 2.2.3 - Penetrômetro Dinâmico de Cone (DCP) O Penetrômetro Dinâmico de Cone (DCP) é um equipamento que permite realizar ensaios de penetração dinâmica em estruturas de pavimentos. O tipo de equipamento geralmente utilizado no Brasil consiste numa barra de aço de 16 mm de diâmetro, que possui um cone de aço com 20 mm de base e ângulo de 60o com a horizontal fixado na ponta. O conjunto barra-cone é introduzido no solo pelo impacto de um martelo de aço com peso de 8 kg colocado a uma altura de queda de 575 mm. Este equipamento permite medir a capacidade de suporte do solo de fundação “in situ” e é de fácil operação. Nogami & Villibor (1995) afirmam que sua faixa de trabalho é bastante ampla, abrangendo desde solos moles ou pouco consistentes até camadas de bases de brita graduada ou pedregulho. Como resultado obtém-se o índice de penetração (DN) a partir da curva DCP que representa o número de golpes acumulados para a penetração do cone com a profundidade. Com este índice torna-se possível a determinação de correlações. Atualmente, tenta-se relacionar o DN com o CBR (Cardoso & Trichês, 1998; Vertamatti & Oliveira, 1998). 2.2.4 - Pressiômetro O uso do pressiômetro em pavimentação é diferente do seu uso em obras de fundação. O pressiômetro de Ménard é usado para obtenção imediata de parâmetros de pressão limite e módulo pressiométrico que são aplicáveis para o cálculo da capacidade de carga e recalque das fundações para diversos tipos de solos. Com esses resultados determina14 se também, através de correlações, a resistência ao cisalhamento não drenada do solo (Cavalcante et al., 1998). Na estrutura do pavimento normalmente preocupa-se mais com a deformação do que com a capacidade de carga última. Existem diferenças na tolerância das deformações e nos limites do fator de segurança usados em fundação e em pavimentação. Em fundações, consideram-se fatores de segurança variando entre 1,5 e 3,0 e deformações de até 25 mm. Em pavimentos, a pressão geralmente está entre 200 kPa para carros e 550 kPa para caminhões, sendo que a deformação vertical é da ordem de 0,001 metros (Briaud, 1992). Logo, neste caso é importante a avaliação do módulo das camadas para pequenas deformações. Como resultado do ensaio pressiométrico tem-se a determinação do módulo de elasticidade em função da deformação e da pressão limite. Briaud & Shields (1979) desenvolveram um novo pressiômetro menor e mais prático que o de Ménard para a avaliação de pavimentos. A empresa Roctest, em 1984, iniciou sua comercialização como pressiômetro Pencel. O equipamento consiste numa sonda monocelular que expande com água, num tubo e numa pequena caixa que contém a unidade de controle. Segundo Clarke (1995), pode-se encontrar diâmetros de sondas bem pequenos (26 mm), sendo que a relação entre o comprimento e o diâmetro da sonda deve ser aproximadamente 7,2. O ensaio é realizado com a medida da expansão radial dentro de uma cavidade cilíndrica no solo, visando também verificar as características de tensãodeformação. A norma geral que explica este ensaio para seus diversos usos é a D 4719 (ASTM, 1987). Os ensaios pressiométricos podem ser realizados antes, durante e depois da construção do pavimento, sendo utilizados tanto para avaliação de pavimentos existentes e projeto de reforços, como também no projeto e no controle de pavimentos em execução (Nuñez & Schnaid, 1994). Briaud et al. (1983) constataram que o modelo hiperbólico de tensão-deformação representa, de forma satisfatória, os ciclos de carregamento e descarregamento de um ensaio pressiométrico. Logo, pode-se obter o módulo para qualquer nível de deformação, a partir de um ensaio com apenas um ciclo de carregamento e descarregamento. O equipamento possui vantagens e desvantagens. Briaud (1992) apresenta uma tabela de comparação dos ensaios de FWD (Falling Weight Deflectometer), pressiômetro e 15 triaxial cíclico. O FWD tem um excelente desempenho para avaliações rápidas em áreas maiores, mas é mais caro. Já o pressiômetro é ideal para análises uma pequena zona específica, além de possuir custo inferior. No Brasil, este equipamento vem sendo largamente utilizado em pesquisas para avaliação de materiais aplicados nas camadas do pavimento, determinação de correlações e comparação com outros ensaios de campo como CBR “in situ”, prova de carga sobre placa e SPT (Lucena et al., 1988, Vieira Filho & Lucena, 1995; Santana et al., 1995; Santana et al., 1998). Rodrigues et al. (1996) concluem que a interpretação teórica de ensaios realizados com o uso do pressiômetro pode permitir estimativas de módulo de elasticidade de solos na compressão a partir da teoria da elasticidade. Finalmente, pode-se destacar como vantagem deste equipamento a obtenção de módulos horizontais, enquanto os ensaios convencionais de viga Benkelman e prova de carga sobre placa medem módulos verticais. No caso de solos compactados pode existir anisotropia. Logo, torna-se um ensaio complementar importante. 2.3 - CONTROLE TECNOLÓGICO O controle tecnológico mais usado durante a execução da estrutura do pavimento consiste na realização do ensaio de frasco de areia e teor de umidade. Nesta etapa determina-se a umidade e o peso específico de campo, compara-se com os resultados de compactação do material em laboratório, determina-se o grau de compactação e o desvio de umidade. O ensaio é descrito na NBR - 7185 (ABNT, 1986). A camada do pavimento é geralmente considerada com qualidade quando o grau de compactação é superior ao especificado em projeto e a compactação foi executada na faixa de umidade pré-fixada. Quando a camada compactada encontra-se fora das especificações de projeto é comum que se efetue a abertura, gradeamento e recompactação do trecho. No entanto, Guimarães et al. (1997) mostram, através do estudo de um solo fino do Distrito Federal, que embora a técnica de recompactação possa conduzir ao enquadramento do solo nas condições especificadas em projeto, também poderá proporcionar queda na sua capacidade de suporte. Para trechos subseqüentes a este não é raro que se realize o umedecimento do solo com certa antecedência em relação à sua compactação. Essa técnica 16 tem sido eficiente na obtenção do grau de compactação desejado, mas novamente existe o risco de se obter materiais com capacidade de suporte inferior, já que o aumento do grau de compactação ocorre como conseqüência de uma maior quebra nas agregações. Outra técnica disponível para a determinação dos pesos específicos e umidades de campo é o uso do densímetro nuclear. Com o uso desse equipamento é possível obter resultados de forma mais rápida. 2.4 - AVALIAÇÃO DO PAVIMENTO Para melhor entender o comportamento estrutural do pavimento torna-se necessária a realização de ensaios de campo. Através da execução destes ensaios é possível determinar a resistência e a deformabilidade do material no próprio local. Dentre os ensaios mais utilizados tem-se: Prova de carga, CBR “in situ”, Viga Benkelman e “Falling Weight Deflectometer” (FWD). 2.4.1 - Prova de Carga A prova de carga, também denominada ensaio de placa, é descrita por Barata (1984) como sendo o mais antigo ensaio de campo realizado nas obras de engenharia geotécnica. Foi utilizado por Mcleod em 1948 para avaliar o desempenho de pavimentos flexíveis em aeroportos do Canadá. No Brasil, este ensaio vem sendo usado em várias pesquisas na área de pavimentação e seus resultados comparados com outros ensaios de campo (Vieira Filho & Lucena, 1995; Santana et al., 1995; Santana et al., 1998). Este ensaio objetiva simular as condições de carregamento e solicitações que ocorrem no pavimento. As cargas aplicadas produzem recalques pequenos que são parte devido ao recalque elástico e parte devido a um aumento na massa específica do solo, pois as provas de carga para fins rodoviários raramente atingem recalques que possam ser atribuídos à plastificação do solo (Souza, 1980). O ensaio consiste na determinação da curva tensão versus deslocamento, através da aplicação de um determinado carregamento. Geralmente esta carga é aplicada em campo pela reação de um caminhão carregado ou pela colocação de uma cargueira. Sobre a 17 superfície do pavimento coloca-se uma placa ou um conjunto de placas com diâmetros conhecidos, que irão distribuir o carregamento. Entre as placas e o sistema de carregamento coloca-se um macaco hidráulico que tem a função de controlar a aplicação das tensões. Este controle é, geralmente, realizado por meio de um manômetro calibrado. Outra alternativa mais precisa para a leitura da carga é o uso de uma célula de carga colocada entre o macaco e o sistema de reação, ou entre o macaco e a placa. As deformações são medidas através da colocação de, no mínimo, três deflectômetros sobre a placa. Com os resultados do ensaio pode-se determinar o módulo de elasticidade estático (E) das camadas componentes da estrutura do pavimento, através da realização de análises numéricas ou de fórmulas analíticas assumindo valores para o coeficiente de Poisson (µ). 2.4.2 - CBR “in situ” O ensaio de CBR “in situ” pode ser considerado uma prova de carga em miniatura. Consiste na medida da penetração de um pistão padrão na superfície da camada ensaiada de forma semelhante ao ensaio de CBR realizado em laboratório. Neste caso, a prensa é presa a um sistema de reação (caminhão, por exemplo), a pressão é aplicada manualmente com um macaco hidráulico e lida através de um anel dinamométrico. A penetração é medida através de um deflectômetro. São anotadas leituras padrões e traçados gráficos através dos quais determina-se o valor do CBR de campo. O ensaio é normalmente realizado nas condições de umidade existentes. Devido ao pequeno diâmetro do pistão (50 mm) este ensaio torna-se pouco recomendável para camadas de solos granulares cujo diâmetro da maior partícula ultrapasse o valor máximo admitido para o ensaio de laboratório (19 mm). 2.4.3 - Viga Benkelman Consiste na medida de deformação através de uma viga padrão e da movimentação de um caminhão carregado com 8,2t. São realizadas leituras em um extensômetro preso na viga em distâncias fixadas pela norma ME 24 (DNER, 1975). Como resultado obtém-se a bacia de deformações da camada do pavimento. 18 Através de uma análise numérica torna-se possível determinar o módulo de elasticidade (E) das camadas do pavimento. Albernaz (1994) apresenta uma metodologia de determinação por retroanálise de módulos de resiliência efetivos de pavimentos flexíveis e de subleitos para fins de anteprojeto, análise estrutural e gerência de pavimentos. Essa metodologia permite também a determinação das espessuras e dos números estruturais efetivos de pavimentos, a partir das bacias de deformação obtidas pelo ensaio de viga Benkelman. 2.4.4 - Falling Weight Deflectometer (FWD) É um equipamento que simula o efeito da passagem de uma carga de roda em movimento no pavimento. Essa situação é obtida pela queda de um conjunto de massas, a partir de uma altura pré-fixada, sobre um sistema de amortecedores de borracha, especialmente projetadas de modo a tornar o pulso de carga recebido pelo pavimento o mais próximo possível de uma senóide (Cardoso, 1995a). Para determinar a força de pico exercida sobre o pavimento, iguala-se a energia potencial de massa antes da queda com o trabalho desenvolvido pelos amortecedores de borracha depois da queda (Equação 2.5): F = ( 2 Mghk ) (2.5) onde: • F = força de pico; • M = massa do corpo que cai; • g = aceleração da gravidade; • h = altura de queda; • k = constante da mola do sistema de amortecedores. A carga é transmitida ao pavimento por meio de uma placa de 30 cm de diâmetro e é medida por célula de carga. A duração de aplicação da carga é bastante rápida e 19 varia de 25 a 30 milisegundos, correspondendo a uma roda com velocidade de 60 a 80 km/h. As deflexões são obtidas geralmente através de geofones. Todo o sistema é ligado a um computador que registra as deflexões, a distância percorrida e as temperaturas do pavimento e do meio ambiente. Andreatini (1995) apresenta os aspectos básicos do mecanismo do ensaio e desenvolve modelos decorrentes da aplicação da teoria clássica da vibração de sistemas elásticos. Cardoso (1995b) apresenta faixas de módulos dinâmicos obtidos por retroanálises de ensaios de viga Benkelman e FWD. Duarte et al. (1996) estabelecem correlações entre as deflexões recuperáveis, características de segmentos homogêneos de pavimentos flexíveis medidos com a viga Benkelman e o FWD. 2.5 - PAVIMENTAÇÃO DE BAIXO CUSTO Santana & Gontijo (1987) definem pavimento de baixo custo como sendo “aquele que utiliza ao máximo os materiais locais, visando um custo mínimo, segundo especificações consagradas pela experiência regional em detrimento de especificações ortodoxas.” Nogami & Villibor (1995) consideram o pavimento como de baixo custo, no caso dos solos do Estado de São Paulo, quando caracterizado por: • Utilizar bases constituídas de materiais cujos custos de execução são substancialmente menores por m3 em relação às bases convencionais, que mais foram utilizadas na década de setenta (pedra britada ou solo cimento). Neste período, o custo de uma base de solo arenoso fino laterítico considerada do tipo baixo custo representava cerca de 15 a 25% do custo das bases tradicionais; • Utilizar revestimento betuminoso do tipo tratamento superficial com espessura variando entre 1 e 3 cm; • Considerar o trânsito da rodovia do tipo leve a médio, com volume diário médio (VDM) da ordem de 500 veículos e cerca de 30 a 40% de caminhões e ônibus. 20 Segundo Serra & Bernucci (1990), a utilização do solo arenoso fino laterítico em bases e sub-bases de pavimentos submetidos a baixo e médio volume de tráfego tornou possível a expansão da rede rodoviária de estradas vicinais e de vias urbanas periféricas devido à redução dos custos de construção. No Estado de São Paulo, mais de 4.000 km de estradas vicinais e 2.000.000 m2 de pavimentos urbanos já foram construídos com este tipo de solo, seguindo uma tecnologia particular que abrange a classificação, escolha do material local e processos construtivos adequados. Assim, na década de noventa, o uso de pavimentos de baixo custo passou a ter um elevado significado econômico e social, sendo empregados em rodovias vicinais, ruas residenciais, aeródromos para aviões de pequeno porte e onde a utilização de pavimentos tradicionais é financeiramente inviável. 2.6 - MATERIAIS ALTERNATIVOS E TÉCNICAS CONSTRUTIVAS 2.6.1 - Breve Histórico sobre Uso de Solos Tropicais na Pavimentação Segundo Vargas (1994), a importância dos solos tropicais como material de construção rodoviária no Brasil foi reconhecida no fim da década de trinta, quando foi criada a Seção de Solos de Fundação no Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT/SP). Foram iniciados os primeiros trabalhos no campo rodoviário em convênio com o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER-SP) através do programa de estabilização de solos, visando o revestimento das estradas de terra de sua rede rodoviária. Pelo fato dos procedimentos de estudos geotécnicos e de construção se basearem na tecnologia norte-americana, das peculiaridades dos solos tropicais, da falta de materiais granulares naturais, do clima tropical e do trânsito dessas rodovias ser muito elevado, os resultados não foram considerados satisfatórios. Segundo Villibor & Nogami (1990), o primeiro especialista em Mecânica dos Solos que valorizou a elevada capacidade de suporte e a baixa expansibilidade das argilas lateríticas foi o Engenheiro Francisco Pacheco e Silva do IPT. Através de suas idéias foram construídos alguns trechos experimentais com base de argila vermelha compactada, selada de 21 todos os lados por pintura betuminosa, os quais mostraram ótimo desempenho quando comparados com base constituída essencialmente de pedra britada. Com o avanço das pesquisas observou-se que as argilas lateríticas só não possuíam bom comportamento durante períodos de chuva prolongados e em rodovias de trânsito muito pesado. Uma das soluções empregadas na época foi a incorporação de brita a essas argilas, resultando em uma camada denominada “virado paulista”, que contrariava as recomendações da estabilização granulométrica tradicional. O Plano de Pavimentação Paulista de 1956/60, criado pelo governo Jânio Quadros, incentivou o uso de solos lateríticos em pavimentação. Substituiu-se o uso exclusivo do macadame hidráulico como base pela utilização de solo laterítico como componente das bases estabilizadas granulometricamente, das bases de solo-cimento e nas sub-bases e reforços do sub-leito. Tolerâncias consideráveis foram permitidas aos valores das propriedades índices tradicionais, sendo que, pela primeira vez, foi usado solo com IP acima de 10% em grande escala. No fim da década de sessenta verificou-se o bom desempenho das bases de solo arenoso fino laterítico em trechos experimentais no Estado de São Paulo. Como esses solos não se enquadravam nas especificações de norma, teve-se a necessidade de desenvolver novos procedimentos laboratoriais que possibilitassem uma melhor caracterização. Procurouse relacionar estes novos critérios com as propriedades mecânicas e hidráulicas dos solos compactados. Assim, no início da década de oitenta, desenvolveu-se uma nova metodologia de ensaios geotécnicos denominada MCT (Miniatura, Compactado, Tropical) e uma nova classificação dos solos tropicais (Villibor, 1981; Nogami & Villibor, 1981). Desde então, várias pesquisas vêm sendo realizadas através de ensaios de laboratório e execução de trechos experimentais, com os objetivos de melhor caracterizar os solos tropicais e analisar seus comportamentos em várias regiões do País. 2.6.2 - Características dos Solos Lateríticos Segundo Lucena & Cabrera (1990), o termo laterita foi empregado inicialmente por Buchanan em 1807 para descrever um material avermelhado, não estratificado, existente na região sul da Índia que podia ser cortado em blocos e apresentava a 22 característica particular de endurecimento quando exposto ao ar. Por esta ser uma definição restrita e pelo fato de existirem solos semelhantes em outras regiões tropicais que são influenciados por diferentes fatores ligados ao meio ambiente, rocha de formação, temperatura, precipitação e umidade, surge a necessidade de definições mais gerais para os solos lateríticos. Conforme Melfi (1994), o que Buchanan chamou de laterita não era um perfil completo de solo, mas sim somente um horizonte. Maignein em 1966, citado por Melfi (1994), mostra a ambigüidade existente na utilização do termo laterita, sendo que geólogos, engenheiros e pedólogos nem sempre definem o mesmo objeto. Schellmann (1982) definiu laterita como sendo acumulações superficiais ou sub-superficiais de produtos provenientes do intenso intemperismo de rochas, desenvolvidos sob condições favoráveis a uma maior mobilidade dos elementos alcalinos, alcalinos-terrosos e sílica e imobilização de ferro e de alumínio. Apesar de serem formadas a partir de um único processo, as lateritas podem englobar vários tipos de produtos que se diferenciam, por exemplo, pela intensidade e tempo de atuação deste processo e pelo tipo de material de origem. Sendo assim, as lateritas apresentam propriedades físicas, químicas, físico-químicas e mineralógicas diferentes. De uma forma geral, em um perfil de solo tropical são normalmente encontrados dois tipos de solo: o laterítico, residual ou não, intemperizado e rico em minerais de argila e sesquióxidos formando a camada superficial e o saprolítico, localizado na camada mais profunda, mantendo a estrutura da rocha de origem. Várias classificações foram propostas com o objetivo de agrupar os diferentes tipos de lateritas. Algumas se basearam na porcentagem de sesquióxidos, outras nas propriedades químicas e mineralógicas e algumas nos aspectos físico-morfológicos. Gidigasu (1976) confirma que estudos em grãos finos tipicamente lateríticos e não lateríticos que sofreram processo de lixiviação e laterização de vários graus de intensidade e que se diferenciam pelos tipos de rocha de origem, condições climáticas, vegetação, topografia e condições de drenagem, têm mostrado que a relação entre o teor de argila por um lado e as características geotécnicas do outro são governadas pelo grau de lixiviação e laterização a que são submetidos, como também pela mineralogia da argila. Queiroz de Carvalho (1987) analisou a microestrutura de solos lateríticos no Brasil e observou solos em cuja composição mineralógica existe argilomineral do tipo 23 haloisita e também outros solos com características de agregações de partículas finas cimentadas por sesquióxidos de ferro e/ou alumínio. As micrografias apresentadas mostram que os solos lateríticos estudados neste caso contêm alto grau de cimentação devido quase que exclusivamente aos óxidos de ferro e de alumínio hidratados. Já Cardoso (1995a), estudando solos lateríticos do Distrito Federal, observou uma microestrutura em que os solos apresentaram níveis de cimentação por óxidos de ferro e alumínio bastante baixos. Villibor (1981) mostra as limitações da avaliação das propriedades dos solos lateríticos baseadas nas classificações HRB-AASHO e USCS. Existe dificuldade em se conseguir repetibilidade nos ensaios de limites de consistência. Para os solos lateríticos, as propriedades previstas nestas classificações levam a um comportamento geralmente inferior ao verificado na realidade, quando relacionado com a construção de rodovias. Já para os solos não lateríticos, o comportamento previsto pode ser superior ao que ocorre na prática. Nogami & Villibor (1985) observaram que solos de mesmos índices podem ter propriedades mecânicas e hídricas, tanto em estado natural como compactado, bem diferentes, conforme se tenha comportamento laterítico ou não. Além disso, no caso de solo laterítico, as propriedades índices apresentam muitas vezes resultados discordantes dos observados através da análise táctil-visual proposta por Casagrande. Lima et al. (1986) apresentam uma avaliação dos métodos de ensaios para determinação da distribuição granulométrica e limites de liquidez e plasticidade para os solos lateríticos do Norte e Nordeste do Brasil. Algumas modificações foram introduzidas nos ensaios, sendo que no método do peneiramento reduziu-se para 1.000 gramas a quantidade da amostra a ser ensaiada e eliminou-se a secagem prévia em estufa após a lavagem e antes do peneiramento. O limite de liquidez (wL) foi determinado usando o aparelho de Casagrande e através do cone de penetração. Com os resultados obtidos observou-se que as adaptações introduzidas para a determinação da distribuição granulométrica mostraram-se adequadas, pois houve uma faixa estreita de variação. Quanto ao wL, os dois métodos de ensaio apresentaram resultados satisfatórios, sendo que os valores encontrados pelo cone de penetração tiveram melhor repetibilidade. Souza et al. (1984) mencionam a necessidade de especificações especiais para o emprego adequado dos solos tropicais em pavimentação e apresentam um resumo da especificação do DNER para a construção de bases granulares com emprego de solos lateríticos. 24 Vasconcelos Costa & Lucena (1987) realizaram estudos de laboratório para definir a influência do desvio de umidade na resistência dos solos lateríticos compactados, após a saturação dos mesmos. Concluiu-se que desvios de umidades, em relação à ótima, maiores que 0,5% do lado úmido ou 1,0% do lado seco podem modificar substancialmente os valores de resistência, em termos de CBR, dos solos lateríticos ensaiados após quatro dias de imersão. Nogami et al. (1993) concluem que os solos lateríticos, quando compactados, geralmente apresentam o ramo seco da curva de compactação muito inclinado, elevado grau de saturação quando compactados na densidade máxima, valores de suporte elevados, baixa perda de suporte por imersão, baixa permeabilidade, lento deslocamento da frente de umidade, baixa perda de massa por imersão, baixa expansibilidade quando em contato com água livre, contração apreciável por perda de umidade e possibilidade de elevado módulo de resiliência. Nogami & Villibor (1995) analisam o uso de solos lateríticos em pavimentação como subleito, reforço de subleito, sub-base e base. Dentre as bases estudadas estão as misturas estabilizadas granulometricamente, solo arenoso fino laterítico, solo arenoso fino laterítico e brita, solo arenoso fino laterítico e cimento, argila laterítica, argila laterítica e brita, argila laterítica e outros estabilizantes. No Estado de São Paulo observou-se o intenso uso do solo arenoso fino laterítico. Já no Estado do Paraná, foram executados estudos significativos sobre o uso da argila laterítica “in natura”, com adição de cimento e/ou cal em base de pavimentos e colocação de geotêxtil, conforme relatos de Aranovich & Ogurtsova (1987). De uma forma geral, obteviveram-se resultados satisfatórios para trechos com tráfego variando entre médio a leve. 2.6.3 - Utilização de Aditivos em Solos Finos Lateríticos Para melhorar o comportamento do solo fino laterítico usado com finalidade rodoviária vários processos de misturas com aditivos foram e estão sendo estudados. Nesses processos procura-se melhorar determinadas características do solo através da incorporação de outros materiais. 25 2.6.3.1 - Mistura de argila laterítica com brita descontínua O uso de bases de argila incorporadas com brita precedeu o uso do solo arenoso fino laterítico, misturado ou não com brita descontínua. Essa mistura foi muito utilizada na região da Grande São Paulo devido ao seu bom desempenho e facilidade de construção. Barros (1978, 1981) executou estudos de laboratório e analisou sub-bases e bases de argila laterítica misturada com brita de graduação descontínua, obedecendo a granulometria das britas comerciais designadas de no 1 (passando na peneira 19,6 mm) e no 2 (passando na peneira 25,4 mm). Através de determinações de CBR optou-se por usar 25% de brita sobre a massa total seca. Os desempenhos de trechos construídos foram considerados satisfatórios. Segundo Nogami & Villibor (1995) têm sido feitos estudos com elevada quantidade de argila laterítica (ultrapassando até cerca de 50%) para justificar o interesse econômico, apesar das especificações tradicionais aceitarem apenas porcentagens da ordem de 15%. Tem-se utilizado muito a brita descontínua devido a sua facilidade de mistura. As análises em laboratório vêm sendo realizadas através de ensaios de CBR, observando-se a interferência da brita nas condições de compactação da argila. Além disso, a brita colocada numa mistura rica em argila laterítica contribui para o desenvolvimento de trincas menos abertas. Tem-se observado que em campo as sucessivas molhagens e secagens auxiliam para a melhoria de desempenho. 2.6.3.2 - Mistura de argila laterítica com cal Em geral a cal reage com um solo de granulometria média a fina para produzir reduções na sua plasticidade e expansão, e aumento na sua trabalhabilidade e resistência ao cisalhamento (Lima et al.,1993a). Dentre os solos mais reativos à ação da cal estão as argilas, argilas siltosas, cascalhos argilosos, solos classificados pela AASHO como A-5, A-6 e A-7 e solos classificados pelo sistema unificado como CH, CL, MH, ML, SC, SM, GC e GM (Lima, 1981). Quando a cal é misturada ao solo ocorrem várias reações químicas simultaneamente. As reações geralmente identificadas são: troca catiônica, floculação, carbonatação e reações de sedimentação (Herrin & Mitchel, 1961). 26 A troca catiônica e a floculação processam-se rapidamente e produzem alterações imediatas na resistência não curada. Quando a cal é adicionada a um solo uma troca de cátions ocorre com o cálcio da cal substituindo os cátions trocáveis (K, Mg e H) na superfície do argilomineral. Além disso, os cátions da cal tendem a agrupar na superfície do argilomineral mudando a concentração eletrolítica em torno das partículas, provocando a floculação e a aglomeração das partículas. Podem ocorrer reações pozolânicas entre o solo e a cal, dependendo das características naturais dos solos, que resultam na formação de vários compostos cimentantes. Esses compostos são desenvolvidos ao longo do tempo e aumentam a resistência e a durabilidade da mistura. Na carbonatação, o dióxido de carbono da atmosfera reage com a cal para formar carbonatos de cálcio ou de magnésio, dependendo do tipo de cal (cálcica ou dolomítica). No entanto, este carbonato é um composto cimentante muito fraco e deletério não interferindo muito no ganho de resistência. As reações pozolânicas correspondem à reação entre cal, água e sílica. A cal reage com a sílica e/ou alumina do solo para formarem um gel. A troca de cátions, floculação e aglomeração são as reações responsáveis pela mudança na plasticidade, contração e trabalhabilidade do solo, enquanto que a reação pozolânica é responsável pelo aumento da resistência. No caso de solos lateríticos, os componentes livres de sílica, alumina e ferro participam ativamente do processo de estabilização. Queiroz de Carvalho (1988) apresenta resultados obtidos com a estabilização com cal de vários solos lateríticos do Brasil. Conclui-se que os componentes do solo são as características mais importantes para avaliar a interação da cal com o solo, observando-se a atividade pozolânica dos solos lateríticos. Thomasi et al. (1993) confirmam as conclusões já obtidas sobre a influência da cal nas características de compactação (aumento no teor de umidade ótima e queda no peso específico aparente seco máximo) sobre um solo fino da região de Viçosa, além de analisar misturas de solo-cal-cimento. Observou-se melhoria na resistência das misturas que apresentam crescimentos ao longo do tempo de cura. Medina et al. (1986) avaliaram um trecho experimental de pavimento construído com um solo do tipo latossolo amarelo incorporado com 4% em peso de uma cal hidratada magnesiana. Concluiu-se que a estabilização é válida e pode ser estendida para 27 outros solos como argilas mais expansivas ou muito plásticas de gênese diferente. Costa et al. (1986) apresentaram estudos de solos lateríticos de Estados do Norte e Nordeste estabilizados com cal. Silveira (1986) analisou a influência da incorporação de até 6% de uma cal calcítica na plasticidade de solos vermelhos tropicais. Já Amorim et al. (1996) analisaram a resistência a compressão simples de solos tropicais vermelhos do Estado da Paraíba com a incorporação de até 10% de cal. Observou-se que o excesso de cal aumenta consideravelmente o valor da resistência à compressão simples e que o uso da área específica da fração fina é pouco satisfatório para a previsão da atividade pozolânica dos solos. A técnica executiva normalmente adotada para a realização da mistura solo-cal consiste no espalhamento do solo na pista, distribuição de cal em sacos por m2 e posterior gradeamento ou distribuição da cal a granel, com veículos apropriados e velocidade fixada conforme o valor do teor de cal a ser incorporado. Executada a mistura, realiza-se o umedecimento com adição progressiva de água e posterior homogeneização. Compacta-se e espera-se a cura final (Pinto et al., 1978). Observa-se que no campo é difícil obter completa homogeneização dos materiais, sendo que a porcentagem de cal determinada em laboratório pode não ser encontrada em todos os locais da pista. Provavelmente, algumas regiões apresentam maior concentração de cal do que outras. Este fato pode explicar diferenças que geralmente são encontradas nos resultados de ensaios executados no campo sobre esses materiais. 2.6.3.3 - Mistura de argila laterítica com betume A estabilização de solo fino com betume tem como finalidade garantir a constância do teor de umidade da mistura após a compactação. O betume incorporado tem uma ação impermeabilizante que ocorre devido a dois fatores: o primeiro refere-se ao obturamento dos canalículos do solo por onde poderia haver ação capilar da água; o segundo trata da criação de partículas hidrorrepelentes envolvendo agregações de partículas finas e impedindo que a água exterior penetre na mistura. Guarçoni et al. (1988) apresentam resultados obtidos em laboratório para misturas de solo-fase aquosa e solo-emulsão asfáltica. Concluiu-se sobre a validade do estudo teórico desenvolvido e foi sugerido um modo prático para a dosagem de mistura de solobetume com utilização de emulsão asfáltica. Winterkorn (1975) afirma que solos coesivos obtêm capacidade de suporte satisfatória com baixos valores de incorporação de betume. Agra 28 et al. (1992) concluem que teores entre 2% e 4% de betume incorporados aos solos do Nordeste geralmente apresentam melhores resultados para a resistência à compressão simples e peso específico aparente seco máximo. 2.6.3.4 - Mistura argila laterítica com cimento A mistura solo-cimento é mais uma alternativa para melhorar as propriedades dos solos lateríticos e viabilizar o uso de materiais não tradicionais na estrutura de pavimento. Consiste na mistura de solo, cimento e água, em proporções determinadas por ensaios de laboratório. Na dosagem deve-se atender a critérios técnicos (resistência e durabilidade) e econômicos. Os métodos de dosagem geralmente utilizados se baseiam em publicações da “Portland Cement Association” (PCA) e adaptações da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). Existem duas normas: a Norma Geral e a Norma Simplificada que é mais adequada para solos granulares e onde a dosagem se processa em um tempo menor. Segundo Casanova et al. (1992), quando a água entra em contato com a mistura solo-cimento, inicia-se o processo de hidrólise dos minerais do clinquer que é acelerado pela ação físico-química da argila. Os íons Ca+2 e OH- gerados são absorvidos pela sílica provocando atraso na saturação da solução em relação ao hidróxido de cálcio. A carga elétrica superficial dos grãos de clinquer reage eletrostaticamente com a argila e, já com 24 horas, observa-se intensa estruturação. O volume sofre uma variação brusca indicando a ação de forças de atração. Ao fim de 48 horas a variação volumétrica tende a aumentar, mas verifica-se que este processo ocorre de forma mais lenta. Casanova & Rodrigues (1993) mostraram que, para um solo laterítico argiloso, a variação volumétrica aumentou em amostras com até 9% de teor de cimento incorporado. Para teores maiores essa variação sofreu redução. A maioria dos estudos de misturas foi realizada com solos arenosos. Neste caso cria-se ligações nos contatos intergranulares, garantindo resistência mais efetiva do material às solicitações externas. Nos solos finos os grãos de cimento comportam-se como núcleos aos quais aderem pequenas partículas, formando regiões de material floculado devido ao processo de cimentação (Lima et al.,1993b). Lucena et al. (1986) realizaram estudos de laboratório com o objetivo de definir a influência da ação do cimento na resistência à compressão simples e na durabilidade 29 por molhagem e secagem de solos lateríticos estabilizados com vários teores de cimento. Observaram que o ensaio de durabilidade por molhagem e secagem parece ser mais adequado para definir o teor de cimento e mais econômico para ser usado na estabilização de solos lateríticos, quando comparado com o da resistência à compressão simples aos sete dias de cura. 2.6.3.5 - Base de argila laterítica com material fresado Dependendo das condições de degradação do pavimento a reciclagem pode se tornar uma alternativa viável para a restauração. Geralmente esse sistema é usado nos locais em que o greide já sofreu elevações devido à realização de recapeamentos. Segundo Momm & Domingues (1995), a reciclagem de pavimentos refere-se a reutilização total ou parcial dos materiais do revestimento e/ou da base e/ou da sub-base em uma mistura homogênea. Nesse processo os materiais são misturados no estado em que se encontram após a desagregação mecânica ou após tratamento térmico e/ou químico com uso de aditivos com ligantes novos e/ou regeneradores. A maioria do estudos de laboratório e de campo refere-se ao uso de misturas de material fresado com brita graduada (Ramos et al., 1993; Ferreira et al., 1994; Beligni, 1995). Mourão (1998) realizou estudos em laboratório das seguintes misturas para serem usadas como componentes de base: cascalho laterítico com material fresado, cascalho laterítico com material fresado e cal, argila laterítica com material fresado e argila laterítica com material fresado e cal. Nesse estudo observa-se que a incorporação do revestimento betuminoso fresado melhora o comportamento da argila laterítica, gerando redução na umidade ótima e aumento no peso específico aparente seco máximo. No entanto, o comportamento do solo granular tende a piorar com a incorporação do revestimento betuminoso. 2.6.4 - Utilização de Rejeitos Tem sido estudada a aplicação de rejeitos produzidos em diversos tipos de indústrias para uso como material na pavimentação. Além da preocupação com a execução de pavimentos de baixo custo com desempenho satisfatório, procura-se também nesses casos amenizar danos ambientais que ocorrem com a estocagem de rejeitos. Silva (1988, 1994) realizou estudos de laboratório com utilização de escórias de Aciária e misturas com solo 30 argiloso do tipo A-7-6, visando seu emprego em obras de pavimentação no Estado do Espírito Santo. A escória analisada corresponde a um agregado siderúrgico de alta produção que ocupa grandes áreas de estocagem de usinas. Pode ser usada nas diversas camadas do pavimento: reforço do subleito, base e no revestimento betuminoso em substituição aos agregados pétreos. Verificou-se que o material atende às especificações granulométricas, possui elevado valor de CBR, baixo Los Angeles, boa adesividade para emulsões e cimento asfáltico de petróleo (CAP). No Rio Grande do Sul tem-se estudado a utilização da cinza volante em misturas com solos arenosos. A cinza volante é obtida de usinas termoelétricas que utilizam carvão pulverizado na produção de vapor ou da queima da casca de arroz. Quando misturada com cal e água gera as reações pozolânicas com formação de silicatos e aluminatos que funcionam como agentes cimentantes. Gonçalves et al. (1986) e Dias (1995) executaram estudos em trechos experimentais com base composta de solo arenoso, cinza volante e cal. Fogaça & Ceratti (1995, 1996) realizaram estudos considerando também a incorporação de cimento à mistura de solo e cinza. Em todos os casos tem-se verificado bom comportamento. Parreira & Oliveira (1995) realizaram estudo de desempenho em misturas de solo e fosfogesso visando a sua utilização em obras rodoviárias. O fosfogesso é um resíduo industrial obtido da fabricação de adubos, sendo identificado como um gesso químico proveniente da produção de ácido fosfórico. Através de estudos de laboratório, concluiu-se que o comportamento em termos de resistência à compressão simples de misturas de solos tropicais e fosfogesso anidro é satisfatório quando comparado com o comportamento de algumas misturas como solo-cal e solo-cimento. Bodi et al. (1995) estudaram a utilização de entulho de construção civil reciclado na pavimentação urbana em São Paulo. Este material já foi usado na região como revestimento primário do subleito, visando minimizar a ocorrência de lama nos períodos chuvosos ou poeiras nos períodos de estiagem, e também como reforço de subleito. Nesse estudo analisou-se a utilização de entulhos na estabilização de solos. Verificou-se que os grãos de entulho britado apresentam boa resistência à compressão quando comparados ao entulho bruto, pois na britagem a fragmentação se dá no plano de menor resistência do material. Logo, as frações menos resistentes são reduzidas às granulometrias de areias ou 31 solos e a curva de capacidade de suporte cresce com o aumento da porcentagem de entulho na mistura. 2.6.5 - Utilização de Geotêxtil Dependendo do caso analisado o geotêxtil pode ser considerado uma solução para os problemas que geralmente ocorrem na estrutura do pavimento. Aranovich & Ogurtsova (1987) estudaram a possibilidade de utilização de geotêxtil impermeabilizado com betume, tendo sua resistência à abrasão incrementada com um tratamento superficial de penetração e colocado sobre a superfície de uma base de argila vermelha compactada. A função da manta era proteger a base de solo fino contra a água, a abrasão do tráfego e a penetração dos agregados dos tratamentos superficiais. Foram realizados alguns experimentos em rodovias paranaenses de baixo volume de tráfego. Basicamente, o método construtivo consistiu na compactação de uma camada de argila vermelha de 15 cm de espessura, na energia Proctor normal ou intermediário e na umidade ótima. Depois estendeu-se a manta de poliéster (Bidim VP-75) e executou-se a imprimação com emulsão catiônica de cura rápida (RR-1C), diluída com cerca de 10% de água e distribuída numa taxa de 1,2 l/m2. Depois espalhou-se o agregado (diâmetro máximo de 19 mm) e realizou-se o tratamento superficial convencional. A grande dificuldade encontrada foi a execução de um controle de compactação severo em segmentos muito longos. No entanto, o objetivo principal de proteger a base de solo fino foi atingido, viabilizando seu uso em rodovias de tráfego baixo. Atualmente o geotêxtil vem sendo utilizado como reforço das camadas do pavimento evitando a propagação de trincas. Lopes (1992) analisa sua aplicação num trecho experimental de uma rodovia no Distrito Federal. O geotêxtil foi impregnado com asfalto e colocado como uma camada intermediária entre o revestimento antigo e o recapeamento executado com concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ), retardando a reflexão de trincas. Através de uma avaliação estrutural concluiu-se que o uso do geotêxtil pode permitir uma redução de espessura da camada de reforço em CBUQ. Neste caso observou-se também que o geotêxtil funcionou como impermeabilizante, por impedir o bombeamento de finos de solo da camada de base pelas trincas. Maroni & Montez (1995) apresentam um relato sobre a 32 utilização do geotêxtil como retardador da propagação de fissuras em recapeamentos asfálticos. Lemos et al.(1995) apresenta o uso do geotêxtil em pavimentos sobre solo mole. Neste caso ele é colocado na interface pavimento e solo mole e tem como função o reforço. 33 CAPÍTULO 3 3. MATERIAIS E MÉTODOS UTILIZADOS NA CONSTRUÇÃO DAS ESTRUTURAS DE PAVIMENTO Esta pesquisa foi desenvolvida através da execução de um trecho experimental entre as estacas 126 e 163 da rodovia DF-205 Oeste, localizada no Distrito Federal (DF), próxima à cidade de Sobradinho (Figuras 3.1 e 3.2). Esta rodovia já estava em funcionamento como uma via não pavimentada. Durante a execução da pavimentação utilizou-se no trecho experimental, subtrechos de materiais alternativos como componentes da base do pavimento. Os subtrechos, todos constituídos apenas de subleito, base (20 cm de espessura) e revestimento em tratamento superficial duplo com capa selante (3 cm de espessura), foram estudados e analisados através de ensaios de laboratório e de campo. Dentre os materiais citados no Capítulo 2 foram utilizados solo fino laterítico encontrado no local da obra, solo fino estabilizado com cal e solo fino misturado com brita. Procurou-se avaliar a utilização do geotêxtil como material impermeabilizante da base de solo fino nas seguintes posições: interface subleito-base, interface base-revestimento e uma união desses dois casos originando a base de solo fino envelopada. Além disso, nas proximidades da rodovia funcionam pedreiras e indústrias de cimento. Logo, utilizou-se também como material de base o rejeito produzido por este tipo de indústria denominado de expurgo ou refugo de pedreira. Através de análise do volume de tráfego verificou-se que a rodovia em estudo apresenta tráfego do tipo leve com N = 7,6 x 105 operações do eixo padrão, com volume médio diário (VDM) de aproximadamente 200 veículos, viabilizando o uso de materiais não tradicionais. O Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) considera que, para rodovias com baixo volume de tráfego pode-se adotar base de 20 cm de espessura como padrão. Logo, o projeto de toda a rodovia fixava a estrutura do pavimento em subleito, base em solo-brita com 20 cm de espessura e revestimento em tratamento superficial duplo. Foi mantida a espessura da base para todo o trecho experimental, executando a via com 34 duas faixas de rolamento de 3,5 m de largura e acostamento de 1,5 m de cada lado. Pretendese, a partir da construção do trecho e desses resultados iniciais, dar continuidade ao projeto de pesquisa verificando-se o comportamento das bases em função de N e do tipo de material utilizado. Os métodos de ensaios utilizados para as análises dos materiais empregados correspondentes aos ensaios de laboratório (caracterização e compactação) e de campo (frasco de areia, CBR “in situ”, viga Benkelman, prova de carga sobre placa e pressiômetro) estão apresentados juntamente com seus resultados no Capítulo 4. Figura 3.1 - Localização da rodovia DF-205 Oeste 35 Figura 3.2 - Localização do trecho experimental na rodovia DF-205 Oeste 3.1 - MATERIAIS Para a execução do trecho experimental foram utilizados nas bases dos subtrechos os seguintes materiais: solo fino, cal, geotêxtil, expurgo de pedreira e brita. O solo fino consiste em um solo argiloso encontrado no próprio local da obra classificado no Sistema Unificado como MH, na AASHO como A-7-5 e no sistema MCT como LG’. A caixa de empréstimo utilizada (Figura 3.3) está localizada junto à estaca 190 da DF-205 Oeste ao lado do bordo direito. O uso de solo local visa a economia com transporte de material, devendo-se evitar perda na qualidade e na capacidade de suporte da estrutura de pavimento. Os principais problemas que podem ocorrer com o uso da argila laterítica são os baixos valores da capacidade de suporte e o desenvolvimento de trincas que podem refletir na superfície do pavimento e causar a sua degradação acelerada. Um dos procedimentos adotados para aumentar a capacidade de suporte consiste na utilização de energias de compactação maiores, tendo sido adotada, neste caso, a energia equivalente ao Proctor intermediário com grau de compactação mínimo de 100% e umidade variando entre 21,0 e 25,0%, ou seja, entre wot - 2% e wot + 2%. 36 Figura 3.3 - Caixa de empréstimo de solo fino Outra solução estudada para melhorar a capacidade de suporte da argila sem aumentar muito o custo da base consiste na utilização da cal. Nesta pesquisa a cal utilizada foi a do tipo hidratada CH - I da marca Itaú (São José da Lapa/MG). A partir de estudos de laboratório optou-se por incorporar 2% em peso de cal ao solo fino, tendo a mistura sido feita previamente na jazida de solo fino. As características da cal estão apresentadas na Tabela 3.1 e foram fornecidas pelo fabricante. Segundo Castro & Vaine (1977), a condição mínima para uma cal dolomítica ou calcítica ser usada em estabilizações de materiais rodoviários é que a soma dos teores de óxido de cálcio (CaO) e óxido de magnésio (MgO) seja maior do que 70%. Neste caso esta condição é verificada e pelo fato da cal utilizada ser do tipo cálcica tem-se que esta produz menor resistência do que a outra, mas apresenta variações menores entre si. São também mais finas, necessitam de maior teor de água para a densificação apropriada e possuem peso específico menor. Lilli (1977) afirma, baseando-se em casos práticos, que a cal do tipo cálcica 37 mostra maiores benefícios quando a quantidade adicionada ao solo é pequena (1 a 3%), como é o caso desta pesquisa (2%). Tabela 3.1 - Características físico-químicas da cal hidratada Parâmetros CaO total MgO Perda ao fogo CO2 CaO disponível Fe2O3 Al2O3 SiO2 S SO3 Óxidos totais Óxidos não hidratados Retido na peneira 0,6 mm Retido na peneira 0,075 mm Valores (%) 72,80 0,50 24,60 1,50 66,10 0,30 0,40 1,20 0,09 0,40 97,50 0,20 0,00 3,50 Com o objetivo de reforçar a estrutura do pavimento, evitar a penetração de água na base por infiltração ou ascensão capilar e a reflexão de trincas, estudou-se o uso do geotêxtil envelopando toda a base ou apenas nas superfícies inferior ou superior da base. Para tanto optou-se por geotêxteis com gramatura menor como o Bidim OP-20, Bidim XT-4 e o Geogrim GR-06. Suas principais características estão apresentadas na Tabela 3.2 e foram fornecidas pelo fabricante. Todos eles correspondem a geotêxteis não tecidos, agulhados de filamentos contínuos, 100% poliéster. A principal diferença entre eles é que o Geogrim, identificado pela cor verde, é composto de material reciclado. Para exercer a função de impermeabilizantes eles foram impregnados com asfalto diluído de petróleo (CM-30) onde o querosene é o diluente, ou emulsão asfáltica (RR-2C) onde a água é o diluente. Os três tipos de geotêxtil foram utilizados de modo a atender o fornecedor que pretendia testar os três produtos neste tipo de obra. A Figura 3.4 ilustra a utilização do geotêxtil impregnado. Tabela 3.2 - Características dos geotêxteis Propriedade Gramatura (g/cm2) Espessura nominal (mm) OP-20 200 2,0 38 XT-4 180 1,9 GR-06 200 2,0 93 2,0 Porosidade (%) Retenção de asfalto (l/m2) 93 2,0 93 2,0 Figura 3.4 - Utilização do geotêxtil impregnado na pista Como a rodovia em estudo está localizada próxima a pedreiras e indústrias de fabricação de cimento tornou-se interessante utilizar o material chamado de expurgo ou refugo das mesmas. Este material consiste numa mistura de fragmentos de rocha e solo que não são aproveitados pelas indústrias e pedreiras. Exclui-se do material utilizado as frações com diâmetro superior a 10 cm. O expurgo utilizado foi retirado da pedreira Contagem - DF, localizada aproximadamente a 12 km da obra. A área de empréstimo é mostrada na Figura 3.5. Pela falta de jazida de cascalho disponível para a construção da rodovia o DER-DF, através de estudos, decidiu utilizar a mistura solo-brita como base para toda a rodovia a ser pavimentada. Optou-se pela mistura na proporção de 80% de pedrisco, pó de 39 pedra e brita de menor graduação (1,2 a 9,5 mm) com 20% do solo fino local. A mistura foi executada na jazida de solo fino e em seguida transportada para a pista. Figura 3.5 - Área de empréstimo do expurgo O tipo de revestimento utilizado foi o tratamento superficial duplo com capa selante e com penetração direta. Este revestimento possui uma espessura final de aproximadamente 3 cm e sua execução consiste na aplicação de emulsão (RR-2C), espalhamento de brita comercial no 2 (9,5 a 25,0 mm), segunda aplicação da emulsão, espalhamento de brita 1 (4,8 a 19,0 mm) e última camada de emulsão seguida da distribuição de brita 0 (1,2 a 9,5 mm). Posteriormente, executa-se a compactação com rolo liso. 40 3.2 - MÉTODOS Para a realização dos estudos foi executado um trecho experimental de 440 m dividido em subtrechos que se diferenciam pelo material utilizado na base compactados na energia Proctor intermediário. Esse trecho experimental se localiza entre as estacas 126 e 163 da rodovia DF-205 Oeste, sendo dividido da seguinte forma: • Estaca 126-130 (80 m): base em solo-brita sobre subleito em corte; • Estaca 145-149 (80 m): base de expurgo sobre subleito em aterro; • Estaca 149-153 (80 m): base de solo fino sobre subleito em aterro; • Estaca 153-157 (80 m): base de solo-cal sobre subleito em aterro, sendo que a mistura foi executada na própria caixa de empréstimo de solo fino; • Estaca 157-159 (40 m): base de solo fino com geotêxtil entre a base e o revestimento sobre subleito em corte; • Estaca 159-161 (40 m): base de solo fino com geotêxtil entre o subleito e a base sobre subleito em corte; • Estaca 161-163 (40 m): base de solo fino envelopada com geotêxtil sobre subleito em corte, conforme a Figura 3.6. 4a i3a i 2a ia 1 i Revestimento i i ã ã i ã i ã Base de solo fino Subleito 41 2a camada de geotêxtil 20 cm 1a camada de geotêxtil Figura 3.6 - Seção transversal da base com solo fino envelopada 3.2.1 - Base de Solo-Brita Como o restante da base da rodovia é de solo-brita escolheu-se o trecho entre as estacas 126 e 130 (80 m) para a realização dos ensaios e análises deste material. A mistura da brita com o solo fino foi realizada na própria jazida de solo fino (Figura 3.7). Figura 3.7 - Mistura do solo fino com a brita 3.2.2 - Base de Expurgo A base de expurgo foi executada segundo procedimentos tradicionais de construção rodoviária, tendo sido eliminada a fração de granulometria superior a 10 cm. A Figura 3.8 ilustra o espalhamento do expurgo na pista. 42 Figura 3.8 - Espalhamento do expurgo na pista 3.2.3 - Base de Solo Fino Na base de solo fino seguiu-se o procedimento proposto por Nogami & Villibor (1995), esperando um tempo de cura de 48 h após a compactação e observando o trincamento que ocorre por retração. Durante a execução, evitou-se o excesso de compactação e de água, prevenindo a formação de placas soltas ou lamelas que degradam o pavimento. A Figura 3.9 ilustra o trincamento na base. Após a cura de 48 h foi removida a camada superficial trincada (aproximadamente 2 cm) através de uma raspagem realizada com a motoniveladora, objetivando o preenchimento das trincas mais profundas. Logo após, executou-se a imprimação da base. 3.2.4 - Base de Solo-Cal Na base de solo cal esperou-se o tempo de cura de sete dias depois da base compactada, evitando-se a passagem de veículos pesados. A mistura do solo cal foi realizada previamente na jazida de solo fino (Figura 3.10). 43 Figura 3.9 - Trincamento da base de solo fino Figura 3.10 - Mistura do solo cal na jazida de solo fino 44 3.2.5 - Bases de Solo Fino com Geotêxtil Nos subtrechos onde existe geotêxtil entre o subleito e a base (Estacas 159 a 163), o subleito foi imprimado com CM-30 a uma temperatura de 65o C numa taxa de 0,9 l/m2. A abertura do geotêxtil na pista foi feita de forma manual em três faixas longitudinais com bobinas de 4,30 m de cada tipo de material. Observou-se a sobreposição de aproximadamente 15 cm entre as faixas e as sobras de 50 cm nas laterais da pista, para a posterior dobra no subtrecho envelopado. Depois das mantas totalmente abertas e sem rugas executou-se a segunda imprimação com CM-30 a uma temperatura de 40o C e taxa de 1,2 l/m2. A utilização dessa taxa de CM-30 impossibilitou a compactação do geotêxtil tanto com rolo liso como com rolo pneumático. Após a cura (24 horas), executou-se o espalhamento do solo fino e posterior compactação. A Figura 3.11 ilustra a colocação do geotêxtil sobre o subleito, sendo que os três tipos foram aplicados da direita para a esquerda na seguinte ordem: OP-20, XT-4 e GR-06. Figura 3.11 - Colocação do geotêxtil sobre o subleito 45 Depois de compactada a base de solo fino e executados os ensaios de campo, realizou-se a imprimação de todas as bases do trecho experimental com CM-30 e esperou-se a cura de 72 h. A Figura 3.12 mostra as bases compactadas antes da imprimação. Figura 3.12 - Bases compactadas antes da imprimação 46 Nos subtrechos que receberam o geotêxtil entre a base e o revestimento (Estacas 157 a 159 e Estacas 161 a 163) aplicou-se a emulsão RR-2C numa taxa de 0,5 l/m2 para promover a ligação entre a manta e a base imprimada. O geotêxtil foi colocado em três faixas com sobreposição de 15 cm e compactado através do rolo liso CA-15. Nas Estacas 157 a 159 os rolos de geotêxtil foram aplicados da direita para a esquerda, na seguinte ordem: OP-20, GR-06 e XT-4. Nas Estacas 161 a 163 aplicou-se, da direita para a esquerda, o OP-20, o XT-4 e o GR-06 observando-se as sobras nas laterais para concluir o envelopamento com a camada de geotêxtil, que já havia sido colocada entre o subleito e a base. A colocação do geotêxtil sobre a base é mostrada na Figura 3.13 e a Figura 3.14 mostra o detalhe das dobras laterais no subtrecho envelopado (Estacas 161 a 163). Figura 3.13 - Colocação do geotêxtil sobre a base 47 XT-4 GR-06 OP-20 Base de solo fino 20 cm Subleito Figura 3.14 - Detalhe das dobras laterais do geotêxtil Com a finalidade de melhor ilustrar o subtrecho de base de solo fino executado com o uso de geotêxtil são apresentadas na Figura 3.15 as seções transversais dos subtrechos. 48 (a) (b) 20 cm Base de solo fino XT-4 GR-06 OP-20 Subleito GR-06 (c) XT-4 OP-20 Base de solo fino 20 cm GR-06 Figura 3.15 - Seção transversal geral dosXT-4 subtrechosOP-20 com geotêxtil: (a) Estaca 157 a 159 (geotêxtil entre base e revestimento); (b)Subleito Estaca 159 a 161(geotêxtil entre subleito e base); (c) Estaca 161 a 163 (base envelopada) Depois de finalizada a colocação do geotêxtil sobre a base aplicou-se novamente a emulsão numa taxa maior (1,2 l/m2) e iniciou-se a execução do tratamento superficial duplo em todo o trecho experimental (Figura 3.16). Inicialmente, executou-se o revestimento sobre a faixa de rolamento, sendo que o revestimento do acostamento foi realizado posteriormente por possuir uma camada a menos de brita. 49 CAPÍTULO 4 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1 - ENSAIOS DE LABORATÓRIO 4.1.1 - Caracterização É necessário conhecer as características e as propriedades tradicionais dos materiais empregados na construção de pavimentos rodoviários de modo a classificá-los quanto ao potencial de uso. Com esta finalidade, foram realizados ensaios para determinação da granulometria, limite de liquidez, limite de plasticidade e índice de plasticidade. Para os materiais em que se realizou ensaio de sedimentação determinou-se também a massa específica dos grãos de solo (ρ). Os resultados obtidos são apresentados nas Tabelas 4.1 e 4.2 para o subleito e para a base respectivamente. No caso do subleito os ensaios foram realizados segundo metodologia do DER-DF que fixa a coleta de amostras a cada dez estacas, ou seja, a cada 200 metros em locais de regularização, corte e aterro. Tabela 4.1 - Caracterização dos materiais do subleito Propriedades wL (%) wP (%) IP (%) Pedregulho(%) Areia (%) Silte+Argila(%) Classificação AASHO Sistema Unificado Classificação expedita Estaca 117 Estaca 127 Estaca 137 Regular. Corte Aterro Estaca 147 Estaca 157 Estaca 167 Aterro Corte Regular. 45,6 32,8 12,8 2,5 12,3 85,2 A-7-5 44,0 29,0 15,0 1,4 4,3 94,3 A-7-6 48,6 34,8 13,8 3,4 10,6 86,0 A-7- 5 45,0 31,1 13,9 2,8 11,3 85,9 A-7-5 46,9 35,5 11,4 2,8 9,1 88,1 A-7-5 52,3 35,7 16,6 2,2 8,9 88,9 A-7-5 ML ML ML ML ML MH argila escura silte amarelo argila vermelha argila escura argila vermelha argila vermelha 51 Os resultados apresentados na Tabela 4.1 mostram que o trecho de corte (Estaca 127) atingiu o solo saprolítico denominado na classificação expedita de silte amarelo e que, segundo a classificação da “American Association of State Highway Officials” (AASHO), foi o único a se enquadrar no subgrupo A-7-6. Os demais se enquadraram no subgrupo A-7-5. Pela Tabela 4.2 observa-se que nenhum material estudado obedeceu às limitações especificadas para base de wL menor que 25% e IP menor que 6% (Souza, 1979). Logo, quanto à caracterização, são considerados materiais não tradicionais. No entanto, a maioria dos materiais apresenta IP maior que 10% como os materiais empregados no Plano de Pavimentação de 1956/60. Na Tabela 4.2 os resultados de plasticidade do solo-cal e do solobrita correspondem aos ensaios realizados com as misturas. Tabela 4.2 - Caracterização dos materiais constituintes da base Propriedades Solo Fino wL (%) wP (%) IP (%) Pedregulho (%) Areia (%) Silte+Argila (%) ρ (g/cm3) Classificação AASHO Sistema Unificado Classificação MCT 57,6 38,6 19,0 0,6 3,1 96,3 2,78 A-7-5 MH LG’ Solo-Cal (2%) 52,0 37,0 15,0 0,3 10,1 89,6 A-7-5 MH - Expurgo 32,9 24,5 8,5 65,9 12,0 22,1 3,00 A-2-4 GM - Solo-Brita (4:1) 29,0 18,1 10,9 54,3 19,4 26,2 2,72 A-2-4 SC - A Figura 4.1 mostra as curvas granulométricas dos materiais de subleito e base obtidas através de ensaios de peneiramento sem sedimentação. As características de plasticidade e granulometria do subleito ao longo do trecho experimental podem ser observadas nas Figuras 4.2 e 4.3 respectivamente. Estas figuras mostram que tais características são bastantes homogêneas no trecho experimental. 52 100 E s ta c a 1 1 7 - S u b le ito E s ta c a 1 2 7 - S u b le ito E s ta c a 1 3 7 - S u b le ito E s ta c a 1 4 7 - S u b le ito E s ta c a 1 5 7 - S u b le ito E s ta c a 1 6 7 - S u b le ito S o lo B r ita ( 4 :1 ) S o lo C a l ( 2 % ) E x p u rg o S o lo F in o F a ix a D F a ix a B 90 80 60 50 40 30 % que passa 70 20 10 0 0 ,0 0 1 0 ,0 1 0 ,1 1 10 D iâ m e tr o d o s g r ã o s ( m m ) 100 Figura 4.1 - Curvas granulométricas dos materiais obtidas através de ensaio sem sedimentação Observa-se que o solo do subleito e o solo fino utilizado como base possuem características semelhantes, sendo que o último possui maior teor de finos e maior plasticidade. Com a incorporação de cal ao solo fino obteve-se redução na plasticidade do solo, sem que esta fosse, no entanto, inferior às plasticidades obtidas para o solo do subleito. O expurgo e o solo-brita constituem materiais mais granulares. Pela forma da curva granulométrica observa-se que o solo-brita é melhor graduado que o expurgo e se enquadra na faixa D, definida pelo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), enquanto o wL, wP e IP (%) expurgo se enquadra melhor na faixa B (Figura 4.1). 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 wL wP IP 115 120 125 130 135 140 145 150 155 160 E stac as 53 165 170 Figura 4.2 - Comportamento do subleito quanto à plasticidade 96 % que passa na #200 94 92 90 88 86 84 82 80 115 120 125 130 135 140 145 150 155 160 165 170 Estacas Figura 4.3 - Comportamento do subleito quanto à porcentagem passante na peneira no 200 Realizou-se a análise granulométrica dos solos naturais incluindo sedimentação apenas para o solo fino (Amostra 1) e para o expurgo (Amostra 11) utilizado como material de base. Foram executados ensaios de sedimentação com e sem o uso do defloculante hexametafosfato de sódio. Nos ensaios com defloculante seguiu-se a NBR-7181 (ABNT, 1984a). A metodologia utilizada nos demais ensaios distinguiu-se apenas pelo não uso do defloculante. Para verificar a eventual interferência da energia de compactação na desestruturação do solo fino foram realizados ensaios de sedimentação em amostras naturais e compactadas nas condições a seguir: • Amostra 1A: solo fino natural com defloculante; • Amostra 1B: solo fino natural sem defloculante; • Amostra 2: solo fino compactado na energia Proctor normal e umidade ótima, sem defloculante; • Amostra 3: solo fino compactado na energia Proctor normal e umidade ótima menos 2%, sem defloculante; • Amostra 4: solo fino compactado na energia Proctor normal e umidade ótima mais 2%, sem defloculante; 54 • Amostra 5A: solo fino compactado na energia Proctor intermediário e umidade ótima, sem defloculante; • Amostra 5B: solo fino compactado na energia Proctor intermediário e umidade ótima, com defloculante; • Amostra 6A: solo fino compactado na energia Proctor intermediário e umidade ótima menos 2%, sem defloculante; • Amostra 6B: solo fino compactado na energia Proctor intermediário e umidade ótima menos 2%, com defloculante; • Amostra 7A: solo fino compactado na energia Proctor intermediário e umidade ótima mais 2%, sem defloculante; • Amostra 7B: solo fino compactado na energia Proctor intermediário e umidade ótima mais 2%, com defloculante; • Amostra 8: solo fino compactado na energia Proctor modificado e umidade ótima, sem defloculante; • Amostra 9: solo fino compactado na energia Proctor modificado e umidade ótima menos 2%, sem defloculante; • Amostra 10: solo fino compactado na energia Proctor modificado e umidade ótima mais 2%, sem defloculante; • Amostra 11A: expurgo com defloculante; • Amostra 11B: expurgo sem defloculante. As curvas granulométricas obtidas através dos ensaio são mostradas nas Figura 4.4 a 4.10, onde os valores colocados na legenda entre parênteses correspondem às umidades de compactação das amostras. 55 % que passa 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 Diâmetro dos grãos (mm) Amostra 1A (2,5%) Amostra 11A (2,3%) 100 Amostra 1B (2,5%) Amostra 11B (2,3%) Figura 4.4 - Curvas granulométricas do solo fino e do expurgo utilizados na base % que passa 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,001 0,01 0,1 1 Diâmetro dos grãos (mm) Amostra 2 (25,6%) Amostra 4 (27,6%) 10 Amostra 3 (21,7%) Amostra 1B (2,5%) Figura 4.5 - Curvas granulométricas do solo fino compactado na energia Proctor normal 56 % que passa 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,001 0,01 0,1 1 10 Diâmetro dos grãos (mm) Amostra 5A (25,3%) Amostra 5B (25,5%) Amostra 6A (23,2%) Amostra 6B (23,4%) Amostra 7A (26,8%) Amostra 7B (27,0%) Amostra 1A (2,5%) Amostra 1B (2,5%) Figura 4.6 - Curvas granulométricas do solo fino compactado na energia Proctor intermediário % que passa 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,001 0,01 0,1 1 Diâmetro dos grãos (mm) Amostra 8 (22,3%) Amostra 10 (24,4%) 10 Amostra 9 (19,9%) Amostra 1B (2,5%) Figura 4.7 - Curvas granulométricas do solo fino compactado na energia Proctor modificado 57 % que passa 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,001 0,01 0,1 1 10 Diâmetro dos grãos (mm) Amostra 2 (25,6%) Amostra 5A (25,3%) Amostra 5B (25,5%) Amostra 8 (22,3%) Amostra 1B (2,5%) Figura 4.8 - Curvas granulométricas do solo fino compactado na umidade ótima em diferentes energias % que passa 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,001 0,01 0,1 1 Diâmetro dos grãos (mm) Amostra 3 (21,7%) Amostra 6B (23,4%) Amostra 1B (2,5%) 10 Amostra 6A (23,2%) Amostra 9 (19,9%) Figura 4.9 - Curvas granulométricas do solo fino compactado na umidade ótima menos 2% em diferentes energias 58 % que passa 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,001 0,01 0,1 1 Diâmetro dos grãos (mm) Amostra 4 (27,6%) Amostra 7B (27,0%) Amostra 1B (2,5%) 10 Amostra 7A (26,8%) Amostra 10 (24,4%) Figura 4.10 - Curvas granulométricas do solo fino compactado na umidade ótima mais 2% em diferentes energias Pelas Figuras 4.4 a 4.10 tem-se que: • O uso do defloculante hexametafosfato de sódio no ensaio de sedimentação tem como principal função a destruição das concreções do solo argiloso fino laterítico. Conforme observado por Guimarães et al. (1997), verifica-se na Figura 4.4 uma grande diferença entre as curvas granulométricas obtidas nos ensaios realizados com defloculante (Amostra 1A) e com água destilada (Amostra 1B), mostrando que o solo fino natural apresenta-se bastante agregado e que estas agregações são na maioria estáveis em presença de água; • Este fato é confirmado quando são comparadas na Figura 4.6 as curvas das amostras compactadas na energia Proctor intermediário com e sem defloculante (Amostra 5A x Amostra 5B, Amostra 6A x Amostra 6B, Amostra 7A x Amostra 7B); • Ao comparar a curva granulométrica do solo fino obtida sem o uso de defloculante (Figura 4.4) com as do solo fino compactado e ensaiado na mesma condição (Figuras 4.5 a 4.7), observa-se que o processo de compactação gera agregados estáveis em presença de água; • Quando se compara as curvas do solo fino natural (Amostra 1A) com as do solo fino compactado com o uso de defloculante (Amostras 5B, 6B e 7B), observa-se que o solo 59 compactado apresenta menor teor de finos indicando assim que os agregados gerados pela compactação não são, em sua totalidade, desfeitos pelo uso do defloculante; • Entre as umidades ótima e ótima menos 2% praticamente não se registra diferenças entre as curvas granulométricas. No ramo úmido (umidade ótima mais 2%) a compactação quebra parte das agregações existentes nas frações silte e areia gerando um material mais fino (Figuras 4.5 a 4.7); • Nas Figuras 4.8 a 4.10 observa-se que o solo fino compactado na energia Proctor modificado apresenta uma pequena tendência à maior desestruturação; • De uma forma geral, verifica-se que o aumento da umidade influencia mais no processo de desestruturação do solo fino do que o aumento da energia de compactação; • No caso do expurgo, que apresenta granulometria mais grossa, observa-se pequena diferença entre as curvas com e sem defloculante (Amostras 11A e 11B), sendo que esta se concentra na faixa entre os diâmetros de 0,001 e 0,05 mm. 4.1.2 - Compactação, Expansão e CBR Foram realizados, segundo a NBR-7182 (ABNT, 1986a), ensaios de compactação na energia Proctor normal para os solos do subleito, nas três energias para o solo fino utilizado na base (Proctor normal, intermediário e modificado) e na energia Proctor intermediário para os demais materiais de base. Ensaios de expansão e CBR segundo NBR9895 (ABNT, 1987) também foram feitos sobre estes materiais compactados, onde o índice CBR corresponde à capacidade de suporte do material na condição ótima e CBR max indica o maior valor de CBR obtido no ensaio. Além dos parâmetros tradicionais, calculou-se as inclinações da parte retilínea do ramo seco e do ramo úmido das curvas de compactação. Estas foram definidas como a relação entre a variação do peso específico aparente seco em kN/m3 e a variação da umidade em porcentagem. A escolha do local para a execução do trecho experimental levou em consideração a ausência de curvas na pista e a possibilidade de se ter um subleito homogêneo, evitando-se, dessa forma, interferências nos resultados das análises de campo. Mesmo assim, 60 algumas variações nas características de compactação e no comportamento dos solos podem ser observadas para o subleito através da Tabela 4.3 e das Figuras 4.11 e 4.12. É importante destacar que o solo da Estaca 127 que apresenta menor CBR e maior expansão foi classificado como pertencente ao subgrupo A-7-6, enquanto os demais foram classificadas no subgrupo A-7-5. Observa-se também que todas as estacas apresentaram expansão inferior a 2% obedecendo o critério de Souza (1979) para subleito. Tabela 4.3 - Resultado do ensaio de compactação do subleito - Energia Proctor Normal Propriedades Estaca 117 Regular. Estaca 127 Corte Estaca 137 Aterro Estaca 147 Aterro Estaca 157 Corte Estaca 167 Regular. γd max (kN/m3) wot (%) CBR (%) Expansão (%) wCBR max (%) CBR max (%) Inclinação do ramo seco (kN/m3/%) 14,7 23,5 7,0 0,14 23,5 7,0 0,32 16,0 20,4 2,2 1,34 20,4 2,2 0,14 16,0 22,0 13,0 0,09 21,5 14,5 0,45 15,9 18,5 6,3 0,67 21,4 9,0 0,77 14,9 23,1 8,3 0,08 22,9 8,5 0,42 14,7 25,6 12,8 0,22 25,6 12,8 0,18 Inclinação do ramo úmido (kN/m3/%) 0,23 0,33 0,15 0,19 0,22 0,28 18,0 3 γd (kN/m ) 17,0 16,0 15,0 14,0 13,0 12,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0 26,0 28,0 30,0 w (%) Estaca 117- Regularização Estaca 127 - Corte Estaca 137 - Aterro Estaca 147 - Aterro Estaca 157- Corte Estaca 167 - Regularização Curva de saturação Figura 4.111 - Curvas de compactação do subleito 61 16,0 14,0 CBR (%) 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0 26,0 28,0 30,0 w (%) Estaca 117- Regularização Estaca 137 - Aterro Estaca 157- Corte Estaca 127 - Corte Estaca 147 - Aterro Estaca 167 - Regularização Figura 4.112 - Curvas de CBR do subleito As análises granulométricas do solo fino compactado em diferentes condições de umidade e energia de compactação mostraram que no ramo seco a textura é muito preservada. Já no ramo úmido ocorre quebra importante das partículas. Portanto, enquanto a inclinação do ramo seco constitui um indicativo do grau de agregação dos solos lateríticos, a do ramo úmido indica a fragilidade dessas agregações. Assim sendo, quanto mais suave é a inclinação do ramo úmido mais frágeis são as agregações. Com base nessas considerações, tentou-se correlacionar os valores de CBR máximo com as inclinações do ramo seco e do ramo úmido (Equações 4.1 a 4.4 e Figuras 4.13 a 4.16). As correlações abrangem seis pontos correspondentes aos ensaios com o material do subleito e um ponto do ensaio com o solo fino usado como base compactado na energia Proctor normal (Tabela 4.4). Para a inclinação do ramo seco observa-se que os resultados não são bons, mas existe uma certa tendência de que com o aumento da inclinação do ramo seco ocorra aumento no valor de CBR máximo (Equação 4.1 e Figura 4.13). Quando despreza-se do cálculo da linha de tendência os dois pontos mais extremos do subleito que não apresentam 62 comportamento semelhante aos demais, obtém-se uma melhor correlação (Equação 4.2 e Figura 4.14). CBRmax = 17,39 iSECO 0,68 (4.1) R 2 = 0,37 CBRmax = 35,63iSECO1, 43 (4.2) R 2 = 0,97 onde: • CBR max = máximo valor de CBR (%); • iSECO = inclinação do ramo seco (kN/m3/%); CBRmax (%) • R2 = coeficiente de correlação. 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 Inclinação do ramo seco (kN/m3/%) 0,7 0,8 Figura 4.113 - Correlação entre CBR max e inclinação do ramo seco considerando os sete pontos 63 CBR max (%) 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 Inclinação do ramo seco (kN/m3/%) 0,7 0,8 Figura 4.114 - Correlação entre CBR max e inclinação do ramo seco considerando apenas cinco pontos Na correlação com o ramo úmido os resultados já são melhores. Considerandose todos os pontos a correlação ainda ficou ruim (Equação 4.3 e Figura 4.15). Mesmo assim observa-se que a inclinação do ramo úmido diminui com o valor do CBR. Quando desprezase apenas um ponto, observa-se um melhor ajuste (Equação 4.4 e Figura 4.16): CBRmax = 38,42e −6,94 i UMIDO R 2 = 0,61 CBRmax = −68,81i UMIDO + 23,30 R 2 = 0,96 onde: • iÚMIDO = inclinação do ramo úmido (kN/m3/%). 64 (4.3) (4.4) CBRmax (%) 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 Inclinação do ramo úmido (kN/m3/%) Figura 4.115 - Correlação entre CBR max e inclinação do ramo úmido considerando os sete CBRmax (%) pontos 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 Inclinação do ramo úmido (kN/m 3 /%) 0,35 Figura 4.116 - Correlação entre CBR max e inclinação do ramo úmido considerando seis pontos As Figuras 4.14 e 4.16 mostram que comparativamente aos demais materiais estudados o solo fino da base apresenta um bom grau de agregação e que estas agregações são relativamente mais estáveis. Os resultados dos ensaios de compactação do solo fino utilizado como base são mostrados na Tabela 4.4 e nas Figura 4.17 e 4.18. Na energia Proctor modificado o 65 material apresentou valor de CBR maior que 40, sendo aceito pelo critério de Baptista (1979). Geralmente, as bases tradicionais no DER-DF são compactadas na energia intermediária. Portanto, optou-se por compactar a base de solo fino também na energia intermediária, obtendo-se assim uma base com capacidade de suporte maior que a do subleito. Tabela 4.4 - Resultados do ensaio de compactação do solo fino nas três energias Propriedades γd max (kN/m3) wot (%) CBR (%) Expansão (%) wCBR max (%) CBR max (%) Inclinação do ramo seco (kN/m3/%) Inclinação do ramo úmido (kN/m3/%) Normal Intermediária Modificada 15,2 24,0 17,0 0,24 23,9 17,1 0,62 16,0 23,7 23,0 0,00 22,5 25,0 0,76 16,7 21,4 43,0 0,35 20,7 45,0 0,63 0,08 0,38 0,61 18,0 17,0 3 γ d (kN/m ) 16,0 15,0 14,0 13,0 12,0 11,0 14,0 Normal 16,0 18,0 20,0 Intermediária 22,0 24,0 w (%) Modificada 26,0 28,0 30,0 Curva de Saturação Figura 4.117 - Curvas de compactação do solo fino para diferentes energias 66 CBR (%) 50,0 45,0 40,0 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0 26,0 28,0 30,0 w (%) Normal Intermediária Modificada Figura 4.118 - Curvas de CBR do solo fino para diferentes energias de compactação Dos resultados apresentados na Tabela 4.4 tem-se que a inclinação do ramo seco para as três energias possui valores aproximados e, mesmo assim, o valor de CBR varia de modo significativo. No entanto, observa-se que a inclinação do ramo seco é crescente com o aumento do valor de CBR máximo (Figura 4.19 e Equação 4.5). CBRmax = 51,34 i UMIDO + 10,72 R 2 = 0,90 onde: • CBRmax = valor máximo de CBR (%); • iÚMIDO = inclinação do ramo úmido (kN/m3/%). 67 (4.5) CBRmax (%) 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 Inclinação do ramo úmido (kN/m3/%) 0,7 Figura 4.119 - Correlação entre o CBR máximo e a inclinação do ramo úmido para diferentes energias de compactação Os resultados das análises granulométricas mostraram que apenas umidades superiores à ótima permitiam a desestruturação das agregações através do processo de compactação e que o simples aumento da energia não gerava desagregações significativas. Tais resultados são coerentes com as inclinações dos ramos secos para as três energias, ou seja, as inclinações são praticamente constantes para as diferentes energias o que indica que as agregações foram igualmente preservadas. Já no ramo úmido observa-se a ocorrência de grandes variações na inclinação indicando que houve quebra dos grãos com o aumento da energia de compactação. Pode-se afirmar ainda que, apesar do número limitado de ensaios, para este solo, o CBR correspondente à umidade ótima depende do peso específico aparente seco e da umidade de compactação conforme o esperado. As Figuras 4.20 e 4.21 ilustram esse comportamento. 68 45 40 35 CBR (%) 30 25 20 15 10 5 0 15,0 15,2 15,4 15,6 15,8 16,0 16,2 16,4 16,6 16,8 3 γd máx (kN/m ) Normal Intermediária Modificada Figura 4.20 - Curva CBR x peso específico aparente seco máximo (solo fino) 45 40 CBR (%) 35 30 25 20 15 10 21,0 21,5 22,0 22,5 23,0 wot (%) Normal Intermediária 23,5 24,0 Modificada Figura 4.21 - Curva CBR x umidade ótima (solo fino) 69 24,5 Em geral a adição da cal provoca redução no peso específico aparente seco máximo, aumento no teor de umidade ótima e melhoria na capacidade de suporte (Pinto et al., 1978). A Tabela 4.5 e Figura 4.22 mostram que, para o solo estudado, as tendências quanto às variações de peso específico e teor de umidade não se confirmam, devendo-se ressaltar o tempo de cura considerado consistiu apenas na imersão do molde em água por um período de quatro dias para a realização do ensaio de CBR e expansão. Já o CBR apresentou um aumento significativo e crescente com a incorporação de 1 e 2% de cal, atingindo posteriormente valores aproximadamente constantes (Figura 4.23). Tabela 4.5 - Resultados obtidos para a mistura solo-cal (Energia Proctor Intermediário) Propriedades γd max (kN/m3) wot (%) CBR (%) Expansão (%) wCBR max (%) CBR max (%) Inclinação do ramo seco (kN/m3/%) Inclinação do ramo úmido (kN/m3/%) 0% 1% 2% 3,5 % 5% 16,2 23,4 22,0 0,00 22,2 25,0 0,73 15,6 24,7 58,0 0,00 23,4 70,0 0,76 16,2 23,2 90,0 0,06 22,5 93,0 0,53 15,9 23,7 82,0 0,00 23,1 93,0 0,33 15,6 23,8 88,0 0,00 23,1 94,0 0,26 0,39 0,25 0,31 0,19 0,26 18,0 3 γ d (kN/m ) 17,0 16,0 15,0 14,0 13,0 12,0 15,0 17,0 19,0 21,0 23,0 25,0 27,0 29,0 31,0 w (%) 0% 1% 2% 3,5% 5% Curva de Saturação Figura 4.22 - Curvas de compactação na energia intermediária para diferentes teores de cal 70 100,0 90,0 CBR (%) 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0 26,0 28,0 30,0 32,0 w (%) 0% 1% 2% 3,5% 5% Figura 4.23 - Curvas de CBR para os diferentes teores de cal As Figuras 4.24 a 4.26 ilustram melhor as influências do teor de cal no peso específico, na umidade ótima e no CBR do solo estabilizado. A Figura 4.27 mostra que a inclinação do ramo seco diminui com o aumento do teor de cal o que contradiz a expectativa de uma maior agregação do solo pela cal. Já na Figura 4.28 observa-se uma tendência na redução da inclinação do ramo úmido, sendo que o maior valor é verificado para o solo fino sem incorporação de cal. Logo, no ramo úmido tem-se agregações mais estáveis. É importante notar nestas cinco figuras que os pontos de máximo ou mínimo, conforme o caso, não correspondem a um único teor de cal. Analisando-se técnica e economicamente os resultados dos ensaios optou-se por usar no campo 2% em peso de cal misturado com o solo fino, já que a partir deste ponto não observou-se aumento na capacidade de suporte da mistura. Além disso, para esse teor de incorporação de cal observa-se maior valor para o peso específico aparente seco máximo e estabilidade no valor da umidade ótima a partir dele. Cabe lembrar que quanto menor o teor de cal maior é a dificuldade de se obter uma mistura homogênea no campo. 71 3 γd máx (kN/m ) 16,2 16,1 16,0 15,9 15,8 15,7 15,6 15,5 15,4 15,3 0,0 1,0 2,0 3,5 Teor de cal (%) 5,0 w ot (%) Figura 4.24 - Comportamento do peso específico aparente seco máximo para os diferentes teores de cal 24,8 24,6 24,4 24,2 24,0 23,8 23,6 23,4 23,2 23,0 22,8 22,6 0,0 1,0 2,0 3,5 Teor de cal (%) 5,0 CBR (%) Figura 4.25 - Comportamento da umidade ótima para os diferentes teores de cal 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,0 1,0 2,0 3,5 Teor de cal (%) 5,0 Figura 4.26 - Comportamento do CBR para os diferentes teores de cal 72 Inclinação do ramo seco (kN/m3/%) 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 0,0 1,0 2,0 3,5 Teor de cal (%) 5,0 Figura 4.27 - Variação da inclinação do ramo seco para os diferentes teores de cal Inclinação do ramo úmido (kN/m3/%) 0,4 0,4 0,3 0,3 0,2 0,2 0,1 0,1 0,0 0,0 1,0 2,0 3,5 Teor de cal (%) 5,0 Figura 4.28 - Variação da inclinação do ramo úmido para os diferentes teores de cal Para melhor entender a influência da água no comportamento do solo fino com e sem adição de cal foram realizados ensaios de laboratório sobre amostras inundadas e não inundadas. Após ensaios de compactação na energia Proctor intermediário foram realizados ensaios de expansão e de CBR sobre corpos de prova curados por quatro dias com imersão em água e de CBR sobre corpos de prova sem cura e sem imersão. Neste estudo utilizou-se o solo natural e a mistura com 2% de cal. Os resultados são apresentados na Tabela 4.6 e nas Figuras 4.29 a 4.31. É importante salientar que os valores de peso específico aparente seco máximo e umidade ótima encontrados na Tabela 4.6 para o solo fino são diferentes dos apresentados na Tabela 4.5. Este fato é explicado pela nova coleta de material na jazida de solo fino para a 73 realização desses ensaios. Logo, esta variação observada está dentro da repetibilidade da jazida. Tabela 4.6 - Comparações entre o solo fino e o solo com 2% de cal Propriedades γd max (kN/m3) wot (%) CBR (%) Expansão (%) wCBR max (%) CBR max (%) Inclinação do ramo seco (kN/m3/%) Solo Fino com imersão 15,7 24,8 18,0 0,14 23,6 19,6 0,32 Solo Fino sem imersão 15,8 24,4 27,0 23,5 38,4 0,48 Solo-Cal com imersão 15,7 23,6 109,0 0,09 23,0 112,0 0,41 Solo-Cal sem imersão 15,6 25,7 58,0 22,5 61,0 0,35 Pelas Figuras 4.29 a 4.31 conclui-se que neste solo, devido à coincidência dos ramos úmidos dos dois materiais no estado natural e inundado, a contribuição da sucção é desprezível a partir da umidade ótima. Observa-se também que as agregações eventualmente formadas pela ação da cal durante a homogeneização podem, no ramo úmido, ser destruídas pelo processo de compactação conforme já visto na análise granulométrica realizada para o solo não estabilizado compactado. Tal fato estaria conduzindo os solos natural e estabilizado à mesma curva CBR x γd (Figura 4.31) no ramo úmido. As inclinações médias dos ramos secos e as umidades ótimas do solo com e sem cal são muito próximas. Isto indica que a cal não está gerando a agregação do solo. Para o solo fino natural o ensaio realizado com imersão apresenta no ramo seco redução no valor de CBR em relação ao ensaio sem imersão. Já no caso do solo fino com incorporação de 2% de cal verifica-se o contrário. No primeiro caso a sucção pode ser responsável pelo maior valor de CBR obtido sem imersão. No segundo, as reações químicas e/ou trocas catiônicas e/ou floculação geram maior ganho que o originado pela sucção. Recomenda-se, no entanto, a realização de ensaios de sucção em amostras com e sem adição de cal. 74 16,0 15,6 3 γd (kN/m ) 15,2 14,8 14,4 14,0 13,6 13,2 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0 26,0 28,0 30,0 32,0 w (%) Solo fino com imersão Solo cal com imersão Solo fino sem imersão Solo cal sem imersão Figura 4.29 - Curvas de compactação para comparação entre o solo fino e o solo com 2% de cal 120,0 100,0 CBR (%) 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0 26,0 28,0 30,0 32,0 w (%) Solo fino com imersão Solo cal com imersão Solo fino sem imersão Solo cal sem imersão Figura 4.30- Curvas de CBR para comparação entre o solo fino e o solo com 2% de cal 75 1 2 0 ,0 CBR (%) 1 0 0 ,0 8 0 ,0 6 0 ,0 4 0 ,0 2 0 ,0 0 ,0 1 3 ,2 1 3 ,6 1 4 ,0 1 4 ,4 1 4 ,8 3 γ d (k N /m ) S o lo fin o c o m im e rsã o S o lo c a l co m im ersão 1 5 ,2 1 5 ,6 1 6 ,0 S o lo fin o sem im e rsã o S o lo c a l se m im e rsão Figura 4.31 - CBR x peso específico aparente seco para o solo fino e o solo com 2% de cal Os resultados dos ensaios realizados com o expurgo e o solo-brita estão na Tabela 4.7 e nas Figuras 4.32 e 4.33. Observa-se que o peso específico seco máximo e a umidade ótima dos dois materiais são próximos, mas a diferença na capacidade de suporte é grande, sendo que a mistura solo-brita apresenta maior resistência. A Figura 4.34 mostra, no entanto, que ao substituir o peso específico aparente seco (γd) pelo índice de vazios (e) na relação com o teor de umidade de compactação, a diferença entre as curvas do expurgo e do solo-brita é ampliada. Verifica-se assim, que dependendo da massa específica dos grãos do solo (ρ), a análise do comportamento com base em γd fica comprometida por não considerar a porosidade do solo. Tabela 4.7 - Resultado do ensaio de compactação para o expurgo e a mistura solo-brita Propriedades γd max (kN/m3) wot (%) CBR (%) Expansão (%) wCBR max (%) CBR max (%) Inclinação do ramo seco (kN/m3/%) Expurgo 21,2 8,3 27,0 0,30 8,2 28,0 0,44 76 Solo-Brita 21,8 7,8 77,0 0,00 7,4 85,3 1,00 22,0 21,0 3 γ d (kN/m ) 21,5 20,5 20,0 19,5 19,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 w (%) Solo Brita (4:1) Expurgo Figura 4.32 - Curvas de compactação do expurgo e da mistura solo-brita 90,0 80,0 70,0 CBR (%) 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 w (%) Solo Brita (4:1) Expurgo Figura 4.33 - Curvas de CBR do expurgo e da mistura solo-brita 77 0,60 0,55 0,50 e 0,45 0,40 0,35 0,30 0,25 0,20 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 w (%) Solo-Brita (4:1) Expurgo Figura 4.34 - Curvas de e x w para o expurgo e a mistura solo-brita 4.1.3 - Classificação MCT Foram realizados ensaios da Metodologia MCT apenas com o solo fino constituinte da camada de base. Os resultados são apresentados na Tabela 4.8 e nas Figuras 4.35 a 4.37. Tabela 4.8 - Resultados dos ensaios da Metodologia MCT Solo Fino No de Golpes 12 γd (kN/m3) 15,8 wot (%) 24,9 c’ d’ 1,51 35 PI (%) 46 e' 1,01 Grupo MCT LG’ Por esta metodologia o solo fino estudado é classificado como um solo argiloso de comportamento laterítico do tipo I. Nogami e Villibor (1995) observam que estes solos geralmente apresentam c’ (coeficiente angular da curva de deformabilidade correspondente a mini-MCV igual a 10) elevado, d’ (inclinação da parte retilínea do ramo seco da curva de compactação correspondente a 12 golpes) acima de 20 e PI (perda por imersão correspondente a mini-MCV igual a 15) menor que 100. O coeficiente e’, 78 determinado em função de d’ e PI, indica se o solo tem comportamento laterítico ou não. Geralmente, se e’ é menor que 1,15 o solo pode ser considerado de comportamento laterítico. As seqüências de 1 a 5 das curvas de deformabilidade mostradas no gráfico dL (variação da altura) x NMCT (número de golpes) da Figura 4.35 correspondem respectivamente aos corpos de prova moldados nos teores de umidade de 29,1%, 27,2%, 24,9%, 23,0% e 20,0%. A Figura 4.36 mostra as curvas de compactação determinadas para cada número de golpes e a Figura 4.37 apresenta o resultado do ensaio de perda de massa por imersão para cada amostra. Para este estudo observa-se que o ensaio de mini-CBR não foi realizado pelo fato de já se conhecer o valor de CBR pelo ensaio convencional. Seqüência 1 (29,1%) 12 Seqüência 2 (27,2%) Seqüência 3 (24,9%) dL (mm) 10 Seqüência 4 (23,0%) 8 Seqüência 5 (20,0%) Curva com mini-MCV = 10 6 4 2 0 1 10 NMCT (golpes) 100 1 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Mini-MCV Figura 4.35 - Curvas de deformabilidade (MCT) 79 2 golpes 1700 3 golpes 1600 4 golpes 1500 6 golpes 1400 8 golpes 3 Massa Específica Seca (kg/m ) 1800 12 golpes 1300 16 golpes 1200 32 golpes 1100 64 golpes 1000 19,0 20,0 21,0 22,0 23,0 24,0 25,0 26,0 27,0 28,0 29,0 30,0 128 golpes Umidade (%) Figura 4.36 - Curvas de compactação (MCT) 140,0 120,0 P.I. (%) 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 Mini-MCV Figura 4.37 - Perda de massa por imersão (MCT) 4.1.4 - Comparações com outros solos A Divisão de Tecnologia do DER-DF realizou um estudo de 16 jazidas do Distrito Federal através de ensaios de caracterização, compactação (Proctor normal) e metodologia MCT. Os resultados são apresentados em um relatório (Curado et al., 1998) onde o objetivo principal foi determinar uma correlação entre o mini-CBR e o CBR. Paranhos (1998) também apresenta estudos sobre solos do Distrito Federal, visando a classificação geotécnica dos solos da região situada entre Samambaia e Gama. 80 Para melhor entender o comportamento dos solos tropicais da região busca-se também neste trabalho correlacionar outras propriedades destes solos e situar o solo fino utilizado na base em relação a eles. Para tanto utilizou-se os resultados do solo fino aplicado no trecho experimental (jazida 1), os dos 16 solos apresentados por Curado et al. (1998) (jazidas 2 a 17) e 16 amostras estudadas por Paranhos (1998) (jazidas 18 a 33). As Tabelas 4.9 e 4.10 mostram as características destes solos e a Figura 4.38 apresenta a classificação MCT. Ressalta-se que para o caso dos solos das jazidas 18 a 33 não se tem resultados referentes às porcentagens que passam em todas as peneiras, ensaio de compactação, CBR e mini-CBR. Observa-se na Figura 4.38 que o solo fino utilizado na camada de base é aqui classificado como LG’ na fronteira com LA’. É importante destacar que a grande maioria dos solos estudados por Paranhos (1998) se classifica como LA enquanto os estudados por Curado (1998) são predominantemente LG’. Logo, os solos finos superficiais do Distrito Federal até aqui estudados são ,na quase totalidade, lateríticos com textura variando de arenosa a argilosa. NS’ NA 2 Jazida 1 NG’ Índice e' NA’ 1,5 LA’ Jazidas 2 - 17 (Curado et al.,1998) Jazidas 18 -33 (Paranhos,1998) LG’ LA 1 0,5 0 0,5 1 1,5 Coeficiente c' 2 2,5 Figura 4.38 - Classificação MCT dos solos do Distrito Federal 81 3 Tabela 4.9 - Caracterização dos solos analisados (Curado, 1998; Paranhos, 1998) Jazida % passando No Local 3/4" 3/8" 1 - 2 DF-205 (Oeste) DF-001 3 Propriedades Classificação no 10 99,4 no 40 97,9 no 200 96,3 wL (%) 57 IP (%) 19 IG AASHO - no 4 100,0 15 A-7-5 Unifi cada MH - - 100,0 99,7 97,5 89,9 46 12 10 A-7-5 ML DF-405 - - 100,0 98,8 93,2 85,3 50 14 11 A-7-5 ML 4 DF-130 - - 100,0 99,6 98,4 90,9 54 17 13 A-7-5 MH 5 DF-260 - - 100,0 95,4 88,9 83,4 48 11 10 A-7-5 ML 6 DF-205 - - 100,0 98,9 92,9 74,1 44 10 9 A-5 ML 7 BR-070 - - 100,0 97,9 95,8 91,7 43 10 9 A-5 ML 8 DF-290 - - 100,0 98,9 95,4 71,1 43 9 8 A-5 ML 9 DF-001 - - 100,0 98,1 95,6 89,5 46 10 9 A-5 ML 10 DF-345 - - - 100,0 96,7 41,1 NP NP 0 A-4 - 11 DF-001 - - 100,0 99,7 97,3 88,7 46 15 11 A-7-5 ML 12 DF-445 - - 100,0 99,3 97,6 82,9 50 14 11 A-7-5 ML 13 DF-430 - - 100,0 98,4 91,8 76,7 47 11 10 A-7-5 ML 14 DF-100 100,0 99,9 98,5 90,7 83,4 76,2 52 17 13 A-7-5 MH 15 DF-100 - - 100,0 97,9 95,2 92,6 49 13 12 A-7-5 ML 16 DF-100 - - 100,0 98,1 95,1 91,1 52 13 11 A-7-5 MH 17 DF-330 - - 100,0 98,8 97,2 90,1 51 14 12 A-7-5 MH 18 P05-1m - - - - - 75,0 45 16 13 A-7-6 ML 19 P05-5m - - - - - 62,0 49 17 10 A-7-5 ML 20 P06-1m - - - - - 82,0 49 18 17 A-7-5 ML 21 P07-1m - - - - - 67,0 36 10 6 A-4 ML 22 P07-5m - - - - - 19,0 18 - 0 A-3 - 23 P08-1m - - - - - 72,0 47 12 10 A-7-5 ML 24 P08-5m - - - - - 90,0 65 21 26 A-7-5 MH 25 P08-9m - - - - - 91,0 63 19 24 A-7-5 MH 26 P09-1m - - - - - 85,0 48 11 13 A-7-5 ML 27 P09-5m - - - - - 68,0 59 19 15 A-7-5 MH 28 P10-1m - - - - - 65,0 40 14 8 A-7-6 ML 29 P10-3m - - - - - 73,0 35 13 8 A-7-5 CL 30 P10-5m - - - - - 77,0 35 16 11 A-7-6 CL 31 P11-1m - - - - - 86,0 43 13 13 A-7-5 ML 32 P11-3m - - - - - 75,0 47 14 12 A-7-5 ML 33 P11-5m - - - - - 60,0 44 13 7 A-7-5 ML 82 Tabela 4.10 - Compactação e metodologia MCT dos solos analisados (Curado, 1998; Paranhos, 1998) Jazida γdmáx wot CBR Expansão no (kN/m3) (%) (%) (%) 1 15,2 24,0 17,0 0,2 1,51 35 46 2 14,0 28,3 13,3 0,0 1,80 35 3 13,3 31,2 9,1 0,0 1,99 4 13,4 30,6 10,7 0,0 5 14,5 28,0 10,9 6 14,1 25,1 7 14,1 8 c’ d’ PI e’ Mini- Grupo CBR MCT 1,01 - LG’ 3 0,85 10,9 LG’ 69 13 0,75 10,1 LG’ 1,83 55 29 0,87 9,3 LG’ 0,0 1,56 35 32 0,96 9,2 LG’ 13,4 0,1 1,51 21 17 1,03 9,5 LG’ 29,0 13,4 0,0 1,89 11 10 1,24 - NG’ 14,3 27,7 11,8 0,1 1,80 84 29 0,81 11,1 LG’ 9 14,4 28,9 19,4 0,0 1,65 89 6 0,66 20,7 LG’ 10 18,2 13,4 14,5 0,0 0,86 22 103 1,24 - NA’ 11 14,0 30,4 5,4 0,0 1,54 39 13 0,86 6,0 LG’ 12 13,7 30,1 13,6 0,2 1,48 6 0 1,50 - NS’ 13 14,3 29,8 11,0 0,0 1,66 54 0 0,72 7,7 LG’ 14 15,3 25,8 13,1 0,1 1,28 51 27 0,87 10,4 LA’ 15 14,3 29,0 11,7 0,0 1,74 20 0 1,00 8,2 LG’ 16 14,6 28,1 8,9 0,0 1,69 92 7 0,66 8,5 LG’ 17 13,1 29,2 10,3 0,0 1,60 66 19 0,79 8,5 LG’ 18 - - - - 0,23 39 93 0,48 - LA 19 - - - - 0,27 27 90 0,56 - LA 20 - - - - 0,11 09 80 1,04 - NA 21 - - - - 0,32 13 120 0,69 - LA/NA 22 - - - - 1,25 09 150 1,24 - NS’ 23 - - - - 0,45 08 50 1,05 - NA 24 - - - - 0,42 16 100 0,76 - LA 25 - - - - 0,40 74 78 0,35 - LA 26 - - - - 0,43 37 122 0,59 - LA 27 - - - - 1,98 10 90 0,97 - NS’ 28 - - - - 0,65 12 105 0,92 - NA’ 29 - - - - 0,91 05 274 2,20 - NS’ 30 - - - - 0,88 03 315 3,47 - NS’ 31 - - - - 0,44 14 100 0,81 - LA 32 - - - - 0,20 34 70 0,43 - LA 33 - - - - 0,34 44 108 0,51 - LA (%) 83 As correlações realizadas entre as propriedades índices tradicionais e os coeficientes encontrados na metodologia MCT podem ajudar a entender melhor o comportamento dos solos lateríticos. Além disso, quando estas correlações são consideradas simples, é possível prever algumas propriedades do solo sem que seja necessário executar ensaios específicos mais complicados ou de maior custo. Nogami e Villibor (1995) verificam que existe razoável correlação entre o coeficiente c’ e o limite de liquidez (wL) e sugerem a possibilidade de desenvolver uma classificação dos solos tropicais substituindo c’ por wL. Para os solos do Distrito Federal verifica-se que esta substituição não seria de um modo geral possível, pois estas duas propriedades quando correlacionadas conjuntamente para os solos arenosos e argilosos apresentaram grande dispersão (Figura 4.39). No entanto, é possível perceber que tal correlação seria em princípio aceitável para os solos arenosos e siltosos em que c’ aumenta com a redução de wL (R2 = 0,90 ). O coeficiente c’ pode não apresentar boa correlação com as propriedades índices tradicionais, pois corresponde a uma medida particular de deformação durante a compactação. 70 60 wL (%) 50 40 30 20 10 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 Coeficiente c' LG' (Jazida 1) NG' (Curado et al.,1998) NA (Paranhos,1998) NG' (Paranhos,1998) LG' (Curado et al.,1998) NS' (Curado et al.,1998) NA' (Paranhos,1998) LA' (Curado et al.,1998) LA (Paranhos,1998) NS' (Paranhos,1998) Figura 4.39 - Comparação entre o coeficiente c’ e wL 84 Tem-se buscado ainda, relacionar c’ com o tamanho dos grãos. Nogami et al. (1989) observam que um c’ elevado (maior que 1,5) caracteriza os solos argilosos e que c’ baixo (menor que 1,0) corresponde às areias e siltes não plásticos. Já para valores de c’ compreendidos entre 1,0 e 1,5 tem-se solos com uma grande variedade granulométrica como as areias siltosas, areias argilosas, argilas arenosas, argilas siltosas e outros. Quando se compara c’ com a porcentagem de finos passando na peneira 200 (0,075 mm) observa-se uma grande dispersão no caso dos solos tropicais tanto de São Paulo como do Distrito Federal (Figura 4.40). Tal fato pode ser explicado pela interferência da granulometria, forma dos grãos e mineralogia nos valores de c’. No entanto, é importante observar que, apesar dos solos estudados por Paranhos (1998) e Curado (1998) apresentarem teores semelhantes da fração que passa na peneira de malha no 200, a classificação dos dois quanto à natureza da textura, arenosa e argilosa respectivamente, é coincidente nos dois casos (Figura 4.38 e 4.40). % passando na #200 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0 0,5 1 1,5 Coeficiente c' Mistura 1 (Nogami et al.,1989) Mistura 3 (Nogami et al.,1989) Distrito Federal (Jazida 1) Distrito Federal (Paranhos,1998) Misturas 1 2 3 2,5 Mistura 2 (Nogami et al.,1989) São Paulo (Nogami et al.,1989) Distrito Federal (Curado et al., 1998) Finos NS’ LG’ LG’ 2 Peneiras limites 0,42-0,21 mm 0,42-0,21 mm 1,19-0,075 mm Areias Graduação Má Má Boa Cu 1,2 1,2 4,3 Cc 1,1 1,1 0,9 Figura 4.40 - Correlação entre o coeficiente c’ e a porcentagem que passa na peneira no 200 85 A literatura mostra que o coeficiente d’ relaciona-se diretamente com o peso específico seco máximo (γdmax). Este fato pode ser visualizado na Figura 4.41 para os solos dos Estados de Ohio (Road Research Laboratory, 1952) e Nova Iorque (Peak, 1976). Já para os solos tropicais esta relação não é verificada. Na mesma figura, observa-se que tanto para os solos do Estado de São Paulo (Nogami et al., 1989) como para os do Distrito Federal não é possível obter um comportamento homogêneo. Cabe destacar que os três solos de comportamento não laterítico estudados para o Distrito Federal se aproximam dos resultados obtidos para Ohio e Nova Iorque. Além disso, conforme já observado, as argilas lateríticas apresentam valores de d’ superiores a 20. Este valor está relacionado com as particularidades de agregação desse solo e ao elevado teor de óxido de ferro e alumínio que ele apresenta. 21 Distrito Federal - Laterítico (Jazida 1) Distrito Federal - Laterítico (Curado et al.,1998) Distrito Federal - Não Laterítico (Curado et al.,1998) São Paulo - Não Laterítico (Nogami et al.,1989) São Paulo - Laterítico (Nogami el al.,1989) Ohio (Road Research Laboratory,1951) Nova Iorque (Peak,1976) 20 3 γ dmáx (kN/m ) 19 18 17 16 15 14 13 1 10 Coeficiente d' 100 Figura 4.41 - Correlação entre o coeficiente d’ e o peso específico aparente seco máximo A perda de massa por imersão (PI) pode ser relacionada com muitas propriedades. Para a classificação MCT o valor de PI considerado corresponde a uma determinada condição que varia se o solo tem baixa ou elevada massa específica. Em vários trabalhos tem-se observado que o valor de PI diminui com o aumento da massa específica seca em solos lateríticos. Para os solos lateríticos do Distrito Federal este fato não pode ser 86 visualizado (Figura 4.42). Já para os solos não lateríticos, mesmo com número limitado de pontos, observa-se que com o aumento de PI tem-se o aumento da massa específica seca. Este fato não corresponde aos resultados esperados, sendo necessário um número maior de ensaios e solos estudados para que se conclua sobre o assunto para os solos regionais. 20,0 L aterítico (C urado et al.,1998) N ão L aterítico (C urado et al.,1998) 19,0 3 γ d max (kN/m ) 18,0 y = 0,0016x 2 - 0,0514x + 14,339 R 2 = 0,3045 17,0 y = 0,0438x + 13,682 R 2 = 0,9999 16,0 15,0 14,0 13,0 12,0 0 10 20 30 40 50 60 PI (% ) 70 80 90 100 110 Figura 4.42 - Correlação entre PI e γdmax dos solos do Distrito Federal 4.2 - ENSAIOS DE CAMPO Os ensaios de campo realizados nas camadas do trecho experimental foram: frasco de areia, CBR “in situ”, viga Benkelman, prova de carga sobre placa e pressiômetro. A seguir são apresentadas as metodologias usadas para a realização dos ensaios e os seus resultados com as respectivas análises. Nas provas de carga e nos ensaios de viga Benkelman, devido à maior área de aplicação das cargas, as tensões atuam em mais de uma camada. Nesses casos, as análises a serem apresentadas levam em conta somente a rigidez global da estrutura do pavimento. No entanto, ressalta-se que, na continuidade da pesquisa, serão realizadas análises numéricas para a determinação do módulo de deformação (E) de cada material. Com o conhecimento dos módulos das camadas de revestimento, base e subleito tornar-se-á possível avaliar o comportamento da estrutura do pavimento, verificando-se, através da realização de ensaios periódicos, a velocidade de deterioração em função de cada tipo de base. 87 4.2.1 - Frasco de Areia Este ensaio foi executado conforme a NBR-7185 (ABNT, 1986b) através do qual determina-se a umidade e o peso específico aparente seco de campo. Utilizando-se esses resultados e os oriundos dos ensaios de laboratório torna-se possível avaliar o grau de compactação e o teor de umidade de campo em relação as especificações de projeto para que se efetue a liberação do trecho compactado. Os resultados obtidos nos ensaios realizados no subleito são apresentados na Tabela 4.11 e nas Figuras 4.43 a 4.45, ressaltando que foram inicialmente especificados para a compactação de campo um grau de compactação mínimo de 100% e uma faixa de umidade compreendida entre menos 2% e mais 2% da ótima correspondente ao Proctor Normal. O método de ensaios do DER-DF prevê a execução do frasco de areia de cinco em cinco estacas (100 em 100 metros), sendo que no trecho experimental foram feitos ensaios em estacas intermediárias. Portanto, quanto ao grau de compactação as estacas 120, 135, 152 e 160 ficaram fora da especificação de projeto. Quanto à umidade de campo apenas as estacas 120, 125, 135 e 156 ficaram dentro da faixa estabelecida. Tabela 4.11 - Resultados do ensaio de frasco de areia realizado no subleito Estaca Posição w (%) γd (kN/m3) wot (%) GC (%) γd máx 3 (kN/m ) direito 16,0 17,50 19,0 17,20 106 115 eixo 19,7 16,12 20,5 16,75 96 120 esquerdo 21,6 16,68 20,5 16,75 100 125 esquerdo 17,4 17,43 21,0 16,20 104 128 eixo 10,3 19,73 18,5 17,30 114 130 esquerdo 17,8 16,81 18,5 17,30 97 135 eixo 14,4 17,85 19,0 16,85 106 140 esquerdo 15,4 17,93 19,0 16,85 106 144 direito 16,4 17,78 19,0 16,85 106 145 esquerdo 11,9 19,07 20,5 16,75 114 148 eixo 13,2 17,72 20,5 16,75 106 150 direito 13,9 16,47 20,5 16,75 98 152 direito 16,7 17,24 21,0 16,20 106 155 direito 18,6 18,16 20,5 16,75 108 156 eixo 17,4 16,05 21,0 16,20 96 160 direito 17,4 17,43 21,0 16,20 108 162 esquerdo 18,3 17,30 21,5 15,80 107 165 eixo 19,0 16,64 21,5 15,80 103 170 88 Apesar da maioria dos pontos se encontrarem em uma umidade de compactação inferior a faixa especificada (Figura 4.43), apenas quatro pontos não satisfazem o critério estabelecido para o peso específico e grau de compactação (Figuras 4.44 e 4.45). Isto mostra que pode ter ocorrido perda de umidade após a compactação do solo. A Figura 4.46 mostra a tendência de alinhamento dos pares de valores γd x w para laboratório e campo . Verifica-se que os pontos estão localizados entre as curvas correspondentes a 65% e a 90% de w (%) grau de saturação. 25 23 21 19 17 15 13 11 9 7 110 115 120 125 130 Umidade de campo 135 140 145 150 155 160 165 170 Estacas Faixa de variação de umidade especificada 175 d 3 (kN/m ) Figura 4.43 - Características do subleito ao longo do trecho quanto à umidade de compactação de campo 22 21 20 19 18 17 16 15 14 110 115 120 125 130 135 140 145 150 155 Estacas Peso específico aparente seco de campo 160 165 170 175 Limite mínimo para o peso específico Figura 4.44 - Características do subleito ao longo do trecho quanto ao peso específico aparente seco de campo 89 115 GC (%) 110 105 100 95 110 115 120 125 130 Grau de compactação 135 140 145 150 155 160 165 170 175 Estacas Limite mínimo para o grau de compactação Figura 4.45 - Características do subleito ao longo do trecho quanto ao grau de compactação Observa-se também na Figura 4.46 que os pontos de laboratório apresentam uma tendência linear (Equação 4.6) paralela à curva de saturação, enquanto que os pontos de campo apresentam uma regressão polinomial (Equação 4.7) mostrando que o material na sua maior parte foi compactado no ramo seco ou se encontrava no ramo seco quando foi realizada a determinação da umidade de campo. γ d = −0,39 w + 24,55 R 2 = 0,78 γ d = 0,02 w 2 − 0,91w + 26,95 R 2 = 0,81 onde: • γd = peso específico aparente seco em kN/m3; • w = umidade em %. 90 (4.6) (4.7) 3 γd (kN/m ) 24 23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 w (%) Laboratório Campo Curva de saturação (90 %) Curva de saturação (65 %) Polinômio (Campo ) Linear (Laboratório ) Figura 4.46 - Relação entre umidade e peso específico aparente seco de campo e de laboratório dos materiais de subleito Para as diferentes bases executadas e compactadas na energia Proctor intermediário, os resultados são apresentados na Tabela 4.12 e nas Figuras 4.47 a 4.49. Destaca-se que foram especificados em projeto um grau de compactação mínimo de 100% e uma faixa de umidade variando de mais 2% a menos 2% da ótima. A Tabela 4.12 mostra que, quanto ao grau de compactação, as estacas 125, 130, 147 e 152 ficaram fora das especificações de projeto. Quanto ao teor de umidade o mesmo ocorreu para as estacas 125, 152, 153, 155 e 157. Tabela 4.12 - Resultados do ensaio de frasco de areia realizado nas bases Estaca Material w (%) γd (kN/m3) w ot (%) γd máx (kN/m3) Solo Brita 4,3 22,50 7,2 22,66 125 Solo Brita 5,2 21,72 7,2 22,66 130 Expurgo 8,2 21,15 8,6 21,27 147 Solo Fino 19,8 15,82 24,0 16,00 152 Solo Fino 19,9 15,82 24,0 16,00 152 Solo Cal 20,0 17,07 25,1 15,40 153 Solo Cal 20,7 16,44 25,1 15,40 155 Solo Cal 20,8 16,80 25,1 15,40 157 Solo Fino 24,5 16,22 24,0 16,00 160 91 GC (%) 97 97 99 99 99 111 107 109 101 Observa-se que a maioria dos pontos da base de solo fino, solo-cal e de solobrita se encontram em uma umidade de compactação inferior a faixa especificada (Figura 4.47). Quanto ao peso específico e ao grau de compactação as bases de solo-brita, expurgo e um ponto da base de solo fino não se encontram dentro dos critérios estabelecidos (Figuras 4.48 e 4.49). Logo, no campo esses materiais podem apresentar comportamento pior do que o previsto em laboratório. Nas figuras os subtrechos estão identificados por letras cujos significados são: SB (solo-brita), EX (expurgo), SF (solo fino), SC (solo-cal), S (geotêxtil superior), I (geotêxtil inferior) e E (base envolopada). SB EX SF SC S I E 30 w (%) 25 20 15 10 5 0 120 125 130 135 Umidade de campo 140 145 Estacas 150 155 160 165 Faixa de variação de umidade especificada Figura 4.47 - Características das bases ao longo do trecho quanto à umidade de compactação de campo SB EX SF SC S I E 24 16 3 (kN/m ) 20 d 22 18 14 12 120 125 130 135 140 145 Estacas Peso específico aparente seco de campo 150 155 160 165 Limite mínimo Figura 4.48 - Características das bases ao longo do trecho quanto ao peso específico aparente seco de campo 92 GC (%) SB EX SF SC S I E 112 110 108 106 104 102 100 98 96 94 120 125 130 135 G rau de co mpactação 140 145 E stacas 150 155 160 165 Limite mínimo para o grau de co mpactação Figura 4.49 - Características das bases ao longo do trecho quanto ao grau de compactação 4.2.2 - CBR “in situ” O CBR “in situ” foi baseado na norma NBR - 9895 (ABNT, 1987) para laboratório, sendo que no campo o pistão padrão é fixado num caminhão carregado com 8,2 t e a umidade de ensaio é a determinada em campo. Este sistema pode ser melhor visualizado na Figura 4.50. Como resultado obtém-se o Índice de Suporte Califórnia (ISC) ou “California Bearing Ratio” (CBR) da camada da mesma forma que é determinado em laboratório e o módulo de reação (kCBR) definido pela Equação 4.8: k CBR = Pr r (4.8) onde: • Pr = pressão aplicada no pistão necessária para produzir um determinado recalque; • r = recalque (considerando metade das penetrações padrões: 1,27 e 2,54 mm). Os resultados encontrados para o subleito são apresentados na Tabela 4.13 e nas Figuras 4.51 a 4.54. 93 Figura 4.50 - Ensaio de CBR “in situ” Tabela 4.13 - Resultado do ensaio de CBR “in situ” no subleito Estaca 128 (1) 128 (2) 128 (3) 144 (1) 144 (2) 144 (3) 148 (1) 148 (2) 152 (1) 152 (2) 156 (1) 156 (2) 162 (1) 162 (2) GC (%) w (%) 104 14,5 103 16,0 114 10,5 98 16,4 108 14,8 104 13,0 CBR (%) 36,0 45,5 34,1 48,4 52,6 55,0 53,1 54,0 56,9 59,7 55,9 57,8 47,4 49,3 94 kCBR1,27 (MPa/m) 944,9 1023,6 787,4 1339,6 1417,3 1732,3 1574,8 1653,5 1732,3 1811,0 1653,5 1732,3 1102,4 944,9 kCBR2,54 (MPa/m) 905,5 1023,6 748,0 1181,1 1417,3 1456,7 1456,7 1496,1 1535,4 1653,5 1535,4 1535,4 1102,4 944,9 Na Figura 4.51 são mostradas as curvas da pressão x penetração do subleito. Em algumas estacas foram realizados ensaios mudando a posição de aplicação (cerca de 20 cm) para verificar se ocorriam grandes variações. Os números 1 a 3 dispostos entre parênteses diferenciam os ensaios realizados na mesma estaca. Tanto a Tabela 4.13 como a Figura 4.51 mostram que a repetibilidade do ensaio de campo não é pior que a do ensaio de laboratório. As Figuras 4.52 a 4.54 mostram o comportamento do subleito ao longo do trecho experimental utilizando-se valores médios dos ensaios para cada estaca. 8 Pressão (MPa/m) 7 6 5 4 3 2 1 0 0 1 2 Estaca 128 (1) Estaca 144 (2) Estaca 152 (1) Estaca 162 (1) 3 4 5 6 Penetração (mm) Estaca 128 (2) Estaca 144 (3) Estaca 152 (2) Estaca 162 (2) 7 Estaca 128 (3) Estaca 148 (1) Estaca 156 (1) 8 9 10 Estaca 144 (1) Estaca 148 (2) Estaca 156 (2) Figura 4.51 - Curvas pressão x penetração do subleito 25,0 20,0 w (%) 15,0 10,0 5,0 0,0 125 130 135 140 145 150 Estacas 155 160 w CBR de campo w ot laboratório w do ensaio de frasco de areia w CBR max 165 170 Figura 4.52 - Características do subleito ao longo do trecho quanto às umidades 95 60,0 CBR (%) 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 125 130 135 140 145 150 Estacas 155 160 165 170 CBR campo CBR de laboratório em w ot na condição inundada CBR máximo de laboratório na condição inundada k CBR (MPa/m) Figura 4.53 - Características do subleito ao longo do trecho quanto aos valores médios de CBR 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 125 130 135 140 145 150 Estacas 155 160 165 170 k CBR1,27 de campo k CBR2,54 de campo k CBR1,27 de laboratório em wot k CBR2,54 de laboratório em wot kCBR1,27 máximo de laboratório na condição inundada kCBR2,54 máximo de laboratório na condição inundada Figura 4.54 - Características do subleito ao longo do trecho quanto aos valores médios dos módulos de reação 96 Observa-se que as umidades do subleito são menores que as umidades ótimas determinadas para as estacas. Nas estacas 128, 148, 156 e 162 as umidades do ensaio de CBR “in situ” são menores do que as umidades determinadas durante a compactação no campo. O CBR de campo apresenta em todas as estacas valores superiores aos encontrados em laboratório. Esse fato pode ser explicado pelo ensaio em laboratório ser realizado sobre corpos de prova que foram inundados durante quatro dias em água. No campo esta condição não acontece. Isto mostra que para os solos finos a condição inundada é muito severa para os projetos de pavimento, onde a umidade de equilíbrio é normalmente menor ou igual a de compactação. Os módulos de reação kCBR acompanham a tendência do CBR, sendo que os valores de campo são maiores que os de laboratório. Observa-se que, em geral, os módulos encontrados para a penetração de 1,27 mm não são muito maiores que os determinados para a penetração de 2,54 mm indicando, assim, um comportamento bastante elástico linear até 2,54 mm de penetração. A Tabela 4.14 apresenta os resultados do ensaio de CBR “in situ” para as bases. A Figura 4.55 mostra as curvas de pressão x penetração, sendo que as letras apresentadas na legenda indicam o tipo de base: SB (solo-brita), EX (expurgo), SF (solo fino) e SC (solo-cal). Cabe destacar que o solo fino a um grau de compactação de 109% apresenta valores de CBR e kCBR compatíveis com o do solo brita a 97% de grau de compactação e superior ao expurgo com 99% de grau de compactação. Nas bases a repetibilidade dos ensaios foi muito boa, mesmo para os materiais granulares como o expurgo e solo-brita. Tabela 4.14 - Resultados dos ensaios de CBR “in situ” nas bases Estaca Material GC (%) w (%) CBR (%) 129 (1) 129 (2) 146 (1) 146 (2) 152 (1) 152 (2) 156 (1) 156 (2) 158 (1) 158 (2) Solo-Brita 97 5,2 Expurgo 99 3,5 Solo Fino 96 20,7 Solo-Cal 107 21,3 Solo Fino 109 19,1 56,9 55,0 49,3 50,3 34,8 35,7 39,8 38,9 58,0 54,1 97 kCBR1,27 (MPa/m) 1968,5 1496,1 1496,1 1259,8 787,4 944,9 866,1 944,9 1732,3 1732,3 kCBR2,54 (MPa/m) 1574,8 1496,1 1259,8 1259,8 629,9 826,8 866,1 944,9 1574,8 1456,7 Pressão (MPa) 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 0 1 2 Estaca 129+10 (1) - SB Estaca 146 (2) - EX Estaca 156 (1) - SC Estaca 158 (2) - SF 3 4 5 6 Penetração (mm) Estaca 129+10 (2) - SB Estaca 152 (1) - SF Estaca 156 (2) - SC 7 8 9 10 Estaca 146 (1) - EX Estaca 152 (2) - SF Estaca 158 (1) - SF Figura 4.55 - Curvas pressão x penetração nas bases dos diversos pavimentos Devido a mudanças da localização inicialmente determinada para a execução do trecho experimental e da divisão do mesmo em subtrechos os ensaios da base não foram realizados sobre as mesmas estacas ensaiadas no subleito. De uma forma geral essas mudanças não devem interferir na análise final a que esse projeto se propõe, mesmo porque o trecho estudado para as bases encontra-se dentro do estudado para o subleito. Nas Figuras 4.56 a 4.58 são mostradas as características das bases quanto à umidade, CBR e módulo de reação. Os tipos de bases para cada subtrecho são identificadas pelas seguintes abreviações: SB (solo-brita), EX (expurgo), SF (solo fino), SC (solo-cal) e S (solo fino com geotêxtil superior). Os teores de umidade para os quais foram realizados os CBR de campo são inferiores aos que correspondem em laboratório à umidade ótima e ao CBR máximo (Figura 4.56). Apenas o solo-brita e o solo-cal apresentaram CBR de campo inferiores ao de laboratório, apesar da condição não inundada (Figura 4.57). Tal constatação aponta para a 98 maior dificuldade em se obter no campo uma boa mistura para estes materiais. No caso do solo-cal, os resultados concordam com os obtidos em laboratório com relação ao efeito da inundação SB EX SF SC S 25,0 w (%) 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 125 130 135 w CBR campo 140 145 Estacas w ot laboratório 150 w campo (frasco de areia) 155 160 w CBR máx Figura 4.56 - Características das bases ao longo do trecho quanto às umidades SB EX SF SC S 100,0 CBR (%) 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 125 130 135 140 145 Estacas 150 155 160 CBR campo CBR de laboratório em w ot na condição inundada CBR máximo de laboratório na condição inundada Figura 4.57 - Características das bases ao longo do trecho quanto aos valores médios de CBR 99 SB EX SF SC S k CBR (MPa/m) 3000 2500 2000 1500 1000 500 125 130 135 140 145 150 155 160 Estacas k C BR1,27 de campo k C BR2,54 de campo k C BR1,27 de laboratório em wot k C BR2,54 de laboratório em wot kC BR1,27 máximo de laboratório na condição inundada kC BR2,54 máximo de laboratório na condição inundada Figura 4.58 - Características das bases ao longo do trecho quanto aos valores médios dos módulos de reação Para uma umidade de campo (3,5%) bem menor do que a ótima (8,3%), a base de expurgo teve um valor para o CBR de campo (50,3%) maior que o valor do CBR de laboratório (27%). Tal comportamento se deve à condição não inundada de campo que pode gerar uma contribuição significativa da sucção. Para a base de solo fino da Estaca 152 a umidade de campo estava 3% abaixo da ótima e o CBR de campo (35,3%) foi maior que o CBR de laboratório (23%). Já para a base de solo fino da Estaca 158 a umidade de campo estava cerca de 4,5% menor que a ótima e o CBR de campo apresentou valores da ordem de 54%, sendo maior do que o valor determinado em laboratório (23%). O fato da base da Estaca 158 estar mais seca que a base de solo fino da Estaca 152 pode explicar o valor mais elevado do seu CBR de campo. Isso mostra a importância de se evitar infiltração de água em bases de solos finos argilosos. 100 4.2.3 - Viga Benkelman Este ensaio foi executado de acordo com a especificação ME 24 (DNER, 1975). A Figura 4.59 ilustra a sua realização, onde é possível determinar as deflexões no pavimento ocorridas devido a ação de um caminhão carregado com 8,2 t. Dentre os resultados obtidos tem-se a deflexão real do pavimento no ponto de prova (Do), o raio de curvatura (R) e a bacia de deslocamento. O módulo de reação do ensaio de viga kVIGA foi definido pela Equação 4.9: k VIGA = P Do sendo: • P = pressão aplicada no pavimento pelo pneu do caminhão. Figura 4.59 - Execução do ensaio de Viga Benkelman 101 (4.9) Os resultados obtidos para o subleito são apresentados na Tabela 4.15 e nas Figuras A.1 e A.2 do Apêndice A. Com os resultados do ensaio determinou-se a média ( X ) dos parâmetros analisados e o desvio padrão (s) correspondente. Fixando-se um intervalo com a soma e a diferença entre a média e o desvio padrão, desconsiderou-se os valores que não se enquadravam nessa faixa e calculou-se a média final ( X FINAL) e o desvio padrão final (s FINAL). A Figura 4.60 apresenta as bacias de deslocamentos médias para os materiais de corte e aterro. Tabela 4.15 - Resultados do ensaio de viga Benkelman no subleito Estaca Local Do ( x 0,01mm) R (m) RDo (m.mm) 126 + 10 127 + 10 128 + 10 129 + 10 157 + 10 158 + 10 159 + 10 160 + 10 161 + 10 corte corte corte corte corte corte corte corte corte 72,3 36,1 40,2 84,3 56,2 82,3 70,3 70,3 64,3 64,0 17,0 66,7 6,6 84,3 104,4 70,3 50,2 80,3 152,6 32,1 74,3 38,2 74,3 96,4 64,3 98,4 30,1 70,3 71,8 34,2 71,9 259,4 311,2 222,3 222,3 259,4 311,2 259,4 311,2 155,6 256,9 51,9 244,6 20,3 222,3 311,2 259,4 194,5 155,6 155,6 311,2 155,6 259,4 172,9 155,6 172,9 155,6 259,4 259,4 200,6 55,8 164,8 18750,0 11250,0 8928,6 18750,0 14583,3 25625,0 18229,2 21875,0 10000,0 16314,8 18750,0 32500,0 18229,2 9765,6 12500,0 23750,0 10000,0 11562,5 9895,8 12847,2 15000,0 11111,1 15312,5 7812,5 18229,2 11849,1 X s X FINAL s FINAL 142 + 10 143 + 10 144 + 10 145 + 10 146 + 10 147 + 10 148 + 10 149 + 10 150 + 10 151 + 10 152 + 10 153 + 10 154 + 10 155 + 10 156 + 10 X s FINAL aterro aterro aterro aterro aterro aterro aterro aterro aterro aterro aterro aterro aterro aterro aterro 102 kVIGA (MPa/m) 774,6 1549,2 1394,3 663,9 995,9 680,1 796,7 796,7 871,4 947,0 315,7 797,0 113,2 663,9 536,3 796,7 1115,4 697,1 366,9 1742,9 753,7 1467,7 753,7 581,0 871,4 569,1 1859,0 796,7 964,6 480,5 767,3 19,5 s FINAL 14,3 - 174,1 Pode-se observar que, no subleito, Do variou entre 32,1x10-2 mm e 152,6x10-2 mm, mostrando a não homogeneidade do material. O raio de curvatura (R) mostrou valores maiores que 100 m em todas as estacas, chegando ao valor máximo de 311,2 m. Segundo a norma PRO-11(DNER, 1979), R > 100 m indica bom comportamento estrutural. Moreira (1977) sugere que valores superiores a 5500 m.mm para o produto RDo significam pavimentos sem problemas estruturais. Neste caso, RDo variou de 7812,5 m.mm a 32500,0 m.mm sendo que a média no trecho em corte foi de 16314,8 m.mm e no aterro foi de 11849,1 m.mm. No entanto, a Figura 4.59 mostra que as bacias de deformação média dos trechos em corte e em aterro são bastantes próximas, o que é bom para a análise comparativa dos resultados. Já o módulo de reação do subleito apresentou valores variando entre 366,9 MPa/m e 1859,0 MPa/m. Logo, pelo ensaio de viga Benkelman pode-se concluir que o subleito analisado possui comportamento estrutural satisfatório apesar dos valores de desvio padrão elevados. 0 25 50 Distância (cm) 75 100 125 150 175 200 225 Deslocamento ( x 0,01 mm) 0 10 20 30 40 50 60 Aterro Corte 70 80 Figura 4.60 - Bacias de deslocamentos - ensaio sobre o subleito - curvas médias 103 A Tabela 4.16 mostra os resultados encontrados para as bases, sendo que os ensaios foram realizados sobre a base já imprimada. Para a análise dos dados considerou-se a média e o desvio padrão de todos os pontos sem delimitar uma faixa de variação e sem calcular uma média final pelo fato de se ter um número limitado de pontos. Nas Figuras A.3 a A.7, apresentadas no Apêndice A, tem-se as curvas médias e as curvas limites para cada tipo de material da base. A Figura 4.61 apresenta as curvas médias para todos os materiais de base. Tabela 4.16 - Resultados dos ensaios de viga Benkelman nas bases Estaca Material Do R RDo ( x 0,01 mm) (m) (m.mm) 70,3 172,9 12152,8 126 + 10 Solo-Brita 98,4 172,9 17013,9 127 + 10 70,3 172,9 12152,8 128 + 10 96,4 155,6 15000,0 129 + 10 83,9 168,6 14145,5 X 15,7 8,7 s Expurgo 52,2 311,2 16250,0 145 + 10 70,3 259,4 18229,2 146 + 10 56,2 259,4 14583,3 147 + 10 54,2 311,2 16875,0 148 + 10 58,2 285,3 16604,5 X 8,2 29,9 s Solo Fino 54,2 311,2 16875,0 149 + 10 84,3 259,4 21875,0 150 + 10 94,4 389,0 36718,8 151 + 10 70,3 311,2 21875,0 152 + 10 54,2 259,4 14062,5 157 + 10 80,3 311,2 25000,0 158 + 10 73,0 306,9 22754,9 X 16,5 87,6 s Solo-Cal 86,4 518,7 44791,7 153 + 10 82,3 311,2 25625,0 154 + 10 52,2 389,0 20312,5 155 + 10 90,4 259,4 23437,5 156 + 10 77,8 369,6 28754,9 X 17,4 112,8 s 90,4 311,2 28125,0 159 + 10 Solo Fino* 84,3 311,2 26250,0 160 + 10 86,4 389,0 33593,8 161 + 10 87,0 337,1 29327,7 X 3,1 44,9 s *existe uma camada de geotêxtil entre o subleito e a base 104 kVIGA (MPa/m) 796,7 569,1 796,7 581,0 685,9 128,1 1072,5 796,7 995,9 1032,8 974,5 122,6 1032,8 663,9 593,3 796,7 1032,8 697,1 802,8 189,8 648,5 680,1 1072,5 619,7 755,2 213,0 619,7 663,9 648,5 644,0 22,4 Quanto à deflexão Do, a base de expurgo apresentou menor valor e as demais bases tiveram valores aproximados. O raio de curvatura das bases foi maior do que 100 m, sendo que a base de solo brita obteve menor valor e a de solo-cal o maior. Os valores do produto RDo foi superior a 5500 m.mm em todos os casos, sendo que a base de solo-brita apresentou pior comportamento. Já as bases de solo cal e de solo fino com geotêxtil na camada inferior (entre subleito e base) mostraram valores elevados. Quanto ao módulo de reação, a base de expurgo mostrou maior valor e as demais bases apresentaram valores semelhantes. Pelas bacias de deslocamentos médias (Figura 4.61) observa-se que a base de expurgo se destaca das demais, apresentando melhor comportamento. As demais bases apresentam comportamento semelhante. Deslocamento ( x 0,01 mm) 0 25 50 Distância (cm) 75 100 125 150 175 200 225 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Solo Brita Solo Fino Solo Fino (geotêxtil inferior) Expurgo Solo Cal Figura 4.61 - Bacias de deslocamentos sobre as bases - curvas médias 105 As Figuras 4.62 a 4.64 apresentam os resultados dos parâmetros Do, R e kVIGA ao longo da via para os materiais de subleito e base. Para as bases os subtrechos são identificados para cada tipo de material: SB (solo-brita), EX (expurgo), SF (solo fino), SC (solo-cal), S (solo fino com geotêxtil superior), I (solo fino com geotêxtil inferior) e E (base de solo fino envelopada). Observa-se nessas figuras que os resultados obtidos para as bases tendem a ser melhores que o do subleito. Do ( x 0,01 mm) SB EX SF SC S I 160 140 120 100 80 60 40 20 0 E Subleito Base 125 130 135 140 145 Estacas 150 155 160 165 Figura 4.62 - Valores de Do para os ensaios realizados sobre o subleito e a base ao longo do trecho SB EX SF SC 600 I E Subleito Base 500 R (m) S 400 300 200 100 0 125 130 135 140 145 Estacas 150 155 160 165 Figura 4.63 - Valores de R para os ensaios realizados sobre o subleito e a base ao longo do trecho 106 SB EX SF SC kVIGA(MPa/m) 2200 S I E Subleito Base 1700 1200 700 200 125 130 135 140 145 Estacas 150 155 160 165 Figura 4.64 - Valores de kVIGA para os ensaios realizados sobre o subleito e a base ao longo do trecho A Tabela 4.17 e as Figuras A.8 a A.14 apresentam os resultados obtidos pelo ensaio de viga logo após a execução do revestimento (ensaio 1). A Figura 4.65 mostra as curvas médias das bacias de deslocamentos dos subtrechos. Deslocamento ( x 0,01 mm) 0 25 50 Distância (cm) 75 100 125 150 175 200 225 0 20 40 60 80 100 Solo Brita Solo Fino Solo Fino (geotêxtil superior) Solo Fino (envelopado) Expurgo Solo Cal Solo Fino (geotêxtil inferior) Figura 4.65 - Bacias de deslocamentos - ensaio sobre revestimento (ensaio 1) - curvas médias 107 Tabela 4.17 - Resultados do ensaio de viga Benkelman no revestimento logo após a execução (ensaio 1) Estaca 126 + 10 127 + 10 128 + 10 129 + 10 Materiais de base Solo-Brita X s 145 + 10 146 + 10 147 + 10 148 + 10 Expurgo X s 149 + 10 150 + 10 151 + 10 152 + 10 Solo Fino X s 153 + 10 154 + 10 155 + 10 156 + 10 Solo-Cal X s 157 + 10 158 + 10 Solo Fino geotêxtil entre base e revestimento X s 159 + 10 160 + 10 Solo Fino geotêxtil entre subleito e base X s 161 + 10 Solo Fino envelopado Do ( x 0,01mm) 58,2 64,3 70,3 54,2 61,8 7,1 62,3 54,2 80,3 58,2 63,8 11,5 104,4 94,4 88,4 90,4 94,4 7,1 62,3 76,3 82,3 66,3 71,8 9,2 80,3 82,3 R (m) RDo (m.mm) 311,2 389,0 259,4 259,4 304,8 61,3 389,0 311,2 311,2 311,2 330,7 38,9 259,4 259,4 311,2 194,5 256,1 47,8 259,4 311,2 311,2 259,4 285,3 29,9 389,0 259,4 22656,3 20000,0 18229,2 14062,5 18836,6 24234,7 16867,0 24989,1 18111,8 21098,7 27081,4 24487,4 27510,1 17582,8 24175,8 16160,6 23744,6 25611,8 17198,2 20484,5 31236,7 21348,6 kVIGA (MPa/m) 961,6 871,4 796,7 1032,8 915,6 103,2 899,5 1032,8 697,1 961,6 897,8 144,4 536,3 593,3 633,8 619,7 595,8 43,1 899,5 733,8 680,1 845,0 789,6 100,4 697,1 680,1 81,3 1,4 74,3 78,3 324,2 91,6 259,4 311,2 26357,5 19273,4 24367,0 688,6 12,0 753,7 715,0 76,3 2,8 52,2 285,3 36,6 311,2 21768,4 16244,6 734,4 27,4 1072,5 No ensaio realizado sobre o revestimento de tratamento superficial duplo com espessura aproximada de 3 cm a deflexão Do variou entre 52,2 x 10-2 mm e 104,4 x 10-2mm. 108 O raio de curvatura (R) mostrou valores maiores que 100 m em todas as estacas, chegando ao valor mínimo de 194,5 m e máximo de 389,0 m. O produto RDo apresentou valores satisfatórios, variando de 14062,5 m.mm a 31236,7 m.mm. O módulo de reação variou entre 536,3 MPa/m e 1072,5 MPa/m. Desta forma, conclui-se que, por este ensaio, toda a estrutura do pavimento apresenta bom desempenho, pois atende aos limites de R > 100 m e RDo > 5500 m.mm. Apesar do número limitado de pontos, o ensaio de viga executado nesta etapa permite uma melhor visualização da influência do material da base sobre o comportamento estrutural do pavimento. Pelas bacias de deslocamentos médias apresentadas na Figura 4.64 observa-se que o subtrecho em base de solo fino envelopado, seguido dos subtrechos em solobrita e expurgo, apresentam os melhores comportamentos. Em seguida tem-se os subtrechos em solo- cal, solo fino com geotêxtil entre subleito e base, solo fino com geotêxtil entre base e revestimento e por último, o trecho em solo fino. Para melhor entender o comportamento das estruturas de pavimento foi realizada mais uma série de ensaios após o período de quatro meses de funcionamento da rodovia, durante o início da estação chuvosa (dezembro de 1998). Até a data do ensaio a estação climatológica da Universidade de Brasília (UnB) já havia registrado uma precipitação acumulada de 322,3 mm. Os resultados dos ensaios de viga são apresentados na Tabela 4.18 e nas Figuras A.15 a A.21. A Figura 4.66 mostra as bacias de deslocamentos médias para os ensaios realizados sobre cada tipo de base. Nesta nova etapa aumentou-se o número de pontos ensaiados objetivando encontrar resultados mais representativos. Observa-se que, devido ao equilíbrio de umidade com o tempo, os resultados em cada subtrecho se tornaram muito mais homogêneos permitindo, assim, além do acompanhamento do desempenho, uma melhor comparação entre os diferentes tipos de estruturas de pavimento executadas. Tabela 4.18 - Resultados do ensaio de viga Benkelman no revestimento quatro meses após sua execução (ensaio 2) Estaca Materiais de Do R (m) 109 RDo kVIGA 126 126+5 126+10 126+15 127 127+5 127+10 127+15 128 128+5 128+10 128+15 129 129+5 129+10 129+15 130 base Solo-Brita X s X FINAL 145 145+5 145+10 145+15 146 146+5 146+10 146+15 147 147+5 147+10 147+15 148 148+5 148+10 148+15 149 Expurgo X s X FINAL ( x 0,01 mm) 52,2 78,3 62,3 70,3 64,3 74,3 78,3 78,3 70,3 80,3 64,3 74,3 64,3 70,3 80,3 68,3 86,4 71,6 8,5 72,0 76,3 88,4 74,3 90,4 70,3 92,4 62,3 84,3 70,3 84,3 72,3 98,4 64,3 86,4 70,3 94,4 78,3 79,9 10,9 79,9 311,2 311,2 311,2 311,2 259,4 311,2 311,2 389,0 389,0 259,4 311,2 311,2 389,0 259,04 389,0 311,2 222,3 315,1 50,0 311,2 311,2 259,4 259,4 259,4 259,4 311,2 311,2 259,4 289,0 311,2 311,2 311,2 259,4 259,4 259,4 311,2 259,4 282,5 25,8 262,4 Continuação da Tabela 4.18 110 (m.mm) 16250,0 24375,0 19375,0 21875,0 16666,7 23125,0 24375,0 30468,8 27343,8 20833,3 20000,0 23125,0 25000,0 18229,2 31250,0 21250,0 19196,4 22406,4 23750,0 22916,7 19270,8 23437,5 18229,2 28750,0 19375,0 21875,0 20316,7 26250,0 22500,0 30625,0 16666,7 22395,8 18229,2 29375,0 20315,5 20965,8 (MPa/m) 1072,5 715,0 899,5 796,7 871,4 753,7 715,0 715,0 796,7 697,1 871,4 753,7 871,4 796,7 697,1 820,2 648,5 793,6 102,9 776,5 733,8 633,8 753,7 619,7 796,7 606,2 899,5 663,9 796,7 663,9 774,6 569,1 871,4 648,5 796,7 593,3 715,0 713,9 99,1 730,5 Estaca 149+5 149+10 149+15 150 150+5 150+10 150+15 151 151+5 151+10 151+15 152 152+5 152+10 152+15 153 Materiais de base Solo Fino X s X FINAL 153+5 153+10 153+15 154 154+5 154+10 154+15 155 155+5 155+10 155+15 156 156+5 156+10 156+15 157 X s X FINAL Solo-Cal Do ( x 0,01 mm) 90,4 92,4 84,3 88,4 82,3 90,4 92,4 68,3 94,4 120,5 90,4 78,3 86,4 86,4 88,4 88,4 88,9 10,6 86,8 94,4 112,5 76,3 82,3 84,3 60,2 78,3 72,3 78,3 66,3 90,4 76,3 84,3 96,4 88,4 74,3 82,2 12,6 81,7 Continuação da Tabela 4.18 Estaca Materiais de Do base ( x 0,01 mm) R (m) 259,4 311,2 259,4 389,0 311,2 311,2 311,2 259,4 311,2 311,2 259,4 359,0 222,3 222,3 311,2 311,2 295,0 45,2 293,9 259,4 259,4 311,2 259,4 311,2 222,3 389,0 311,2 259,4 259,4 311,2 222,3 259,4 311,2 311,2 311,2 285,5 42,7 287,8 R (m) 111 RDo (m.mm) 23437,5 28750,0 21875,0 34315,0 25625,0 28125,0 28750,0 17708,3 29375,0 37500,0 23437,5 38109,7 19196,4 19196,4 27500,0 27500,0 25510,5 24479,2 29166,7 23750,0 21354,2 26250,0 13392,9 30468,8 22500,0 20312,5 17187,5 28125,0 16964,3 21875,0 30000,0 27500,0 23125,0 23513,3 kVIGA (MPa/m) 619,7 606,2 663,9 633,8 680,1 619,7 606,2 820,2 593,3 464,8 619,7 715,0 648,5 648,5 633,8 633,8 638,0 71,6 631,3 53,3 498,0 733,8 680,1 663,9 929,5 715,0 774,6 715,0 845,0 619,7 733,8 663,9 581,0 663,8 753,7 697,8 103,9 701,6 RDo (m.mm) kVIGA (MPa/m) 157+5 157+10 157+15 158 158+5 158+10 158+15 159 Solo Fino com geotêxtil entre base e revestimento X s X FINAL 159+5 159+10 159+15 160 160+5 160+10 160+15 161 Solo Fino com geotêxtil entre subleito e base X s X FINAL 161+5 161+10 161+15 162 162+5 162+10 162+15 163 X s X FINAL Solo Fino envelopado 74,3 106,4 80,3 68,3 84,3 74,3 116,5 84,3 86,1 16,8 77,6 94,4 92,4 102,4 96,4 84,3 84,3 94,4 84,3 91,6 6,7 90,1 102,4 98,4 74,3 102,4 96,4 96,4 122,5 82,3 96,9 14,4 99,2 311,2 222,3 259,4 311,2 389,0 311,2 222,3 311,2 292,2 55,6 300,8 311,2 259,4 194,5 222,3 311,2 259,4 259,4 359,0 272,1 52,9 270,5 194,5 311,2 259,4 259,4 311,2 311,2 311,2 311,2 283,7 43,0 296,4 23125,0 23660,0 20833,3 21250,0 32812,5 23125,0 25892,9 26250,0 23342,1 29375,0 23958,3 19921,9 21428,6 26250,0 21875,0 24479,2 30263,7 24372,1 19921,9 30625,0 19270,8 26562,8 30000,0 30000,0 38125,0 25625,0 29402,9 753,7 526,1 697,1 820,2 663,9 753,7 480,8 663,9 669,9 115,8 706,5 593,3 606,2 546,8 581,0 663,9 663,9 593,3 663,9 614,0 44,7 593,5 546,8 569,1 753,7 546,8 581,0 581,0 457,1 680,1 589,5 90,2 564,9 Quando compara-se os resultados obtidos com os da etapa anterior para os diferentes subtrechos, observa-se que os valores dos parâmetros analisados estão agora bastantes próximos. Pode-se considerar a seguinte ordem crescente de qualidade: base de solo-brita, expurgo, solo fino com geotêxtil entre base e revestimento, solo-cal, solo fino, solo fino com geotêxtil entre subleito e base e finalmente base de solo fino envelopada. Observa-se ainda que, de um modo geral, todas as bases apresentaram comportamento pior durante o período chuvoso (após quatro meses de uso) quando 112 comparado com o término da construção. De qualquer modo considera-se prematuro a elaboração de uma análise comparativa a respeito do comportamento dos diferentes tipos de estruturas de pavimento executadas. A Figura 4.66 apresenta as curvas médias das bacias de deformação tanto do ensaio realizado logo após a execução (ensaio 1) como do ensaio realizado quatro meses depois (ensaio 2), onde os tipos de bases são indicados pelas seguintes abreviações: SB - solo brita, EX - expurgo, SF - solo fino, SC - solo cal, S - solo fino com geotêxtil superior (entre a base e o revestimento), I - solo fino com geotêxtil inferior (entre subleito e base), E - solo fino envelopado. 0 25 50 75 100 Distância (cm) 125 150 175 200 225 250 0 10 Deslocamento (x 0,01 mm) 20 30 SB(1) EX(1) SF(1) SC (1) S (1) I (1) E (1) SB (2) EX(2) SF (2) SC (2) S (2) I (2) E(2) 40 50 60 70 80 90 100 Figura 4.66 - Bacias de deslocamentos - ensaios sobre o revestimento (ensaios 1 e 2) - curvas médias Com base em todos os ensaios de viga realizados sobre o revestimento são apresentadas nas Figuras 4.67 a 4.69 o comportamento de Do, R e kVIGA ao longo do trecho experimental. Os tipos de bases são identificados por: SB (solo-brita), EX (expurgo), SF (solo 113 fino), SC (solo-cal), S (solo fino com geotêxtil superior), I (solo fino com geotêxtil inferior) e E (base de solo fino envelopada). SB EX SF SC S I E Do ( x 0,01 mm) 140 120 100 80 60 40 20 125 130 135 140 145 Estacas Revestimento (Ensaio 1) 150 155 160 165 Revestimento (Ensaio 2) Figura 4.67 - Valores de Do para os ensaios realizados sobre o revestimento ao longo do trecho R (m) SB EX SF SC S I E 500 450 400 350 300 250 200 150 100 125 130 135 140 145 150 155 160 165 Estacas Revestimento (Ensaio 1) Revestimento (Ensaio 2) Figura 4.68 - Valores de R para os ensaios realizados sobre o revestimento ao longo do trecho SB EX 114 SF SC S I E kVIGA(MPa/m) 1200 1100 1000 900 800 700 600 500 400 125 130 135 140 145 Estacas Revestimento (Ensaio 1) 150 155 160 165 Revestimento (Ensaio 2) Figura 4.69 - Valores de kVIGA para os ensaios realizados sobre o revestimento ao longo do trecho 4.2.4 - Prova de carga sobre placa O ensaio de placa foi realizado utilizando-se um sistema consistindo de uma placa metálica com 25 cm de diâmetro e 2,54 cm de espessura, apoiada sobre a superfície regularizada e nivelada da camada a ser ensaiada. Sobre a placa foi colocado um macaco e sobre este uma célula de carga para medir a carga aplicada. Sobre a placa foram colocados quatro deflectômetros diametralmente opostos, presos por meio de bases magnéticas a uma viga metálica medindo 3 m de comprimento e apoiada fora da área de interferência do ensaio. Como sistema de reação foi utilizado um caminhão carregado com 8,2 tf. A prova de carga realizada foi a do tipo rápida com estágios de carregamento e descarregamento a cada 5 minutos. A Figura 4.70 ilustra o esquema da prova de carga. Deve-se ressaltar que optou-se pela realização da prova de carga rápida por ser problemático bloquear a rodovia durante uma período de tempo maior. Além disso, já foi verificado em experiências anteriores que os resultados apresentados pelos ensaios do tipo lento ou rápido não são muito diferentes quando se trata de solos compactados no ramo seco, onde a maioria dos recalques se processa de modo imediato. 115 Figura 4.70 - Prova de carga realizada no pavimento Como resultados do ensaio obtêm-se a curva de tensão x deslocamento e o módulo de reação do ensaio de placa (kPLACA) definido pela Equação 4.10: k PLACA = P r r (4.10) onde: • Pr = pressão aplicada na placa necessária para produzir um determinado recalque (pressão máxima adotada igual a 0,8 MPa); • r = recalque. Os parâmetros determinados pelos ensaios realizados no subleito são apresentados na Tabela 4.19 e nas Figuras 4.72 a 4.75. Nos ensaios executados nas estacas 116 128, 144 + 10 e 152 foi realizada, através de uma cava superficial feita em volta da placa, a saturação do subleito após a aplicação da carga máxima durante a fase de carregamento (Figura 4.71). Posteriormente, após estabilização das deformações oriundas da saturação, executou-se o descarregamento. Figura 4.71 - Prova de carga realizada no subleito com inundação Tabela 4.19 - Resultados das provas de carga sobre o subleito Estaca Característica wnatural winundad (%) (%) Deslocamento máximo (mm) kPLACA sem com (MPa/m) a 117 corte aterro aterro aterro aterro corte 128 144 148 152 156 162 14,5 16,0 10,5 16,4 14,8 13,0 19,2 23,1 24,8 - inundação inundação 0,98 1,46 0,67 1,10 0,88 1,40 1,14 2,87 0,94 - 831,5 558,1 1216,7 740,8 926,0 582,1 Tensão (kPa) 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 0,00 Deslocamento (mm) 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 Estaca 128 Estaca 152 Estaca 144 Estaca 156 Estaca 148 Estaca 162 Figura 4.72 - Curvas pressão x deslocamento do subleito As curvas tensão x deslocamento do subleito são bastante lineares até as cargas limites ensaiadas. Cabe destacar o grande recalque por inundação verificado na estaca 144 e a expansão registrada para a estaca 152 em aterro. As Figuras 4.73 a 4.75 apresentam o comportamento do subleito ao longo do trecho quanto à umidade (w), deslocamento máximo e módulo de reação oriundo do ensaio de placa (kPLACA). 118 20,0 w (%) 15,0 10,0 5,0 0,0 120 125 130 135 140 145 150 155 160 165 Estacas umidade do ensaio umidade de compactação Deslocamento máximo (mm) Figura 4.73 - Características do subleito ao longo do trecho quanto à umidade 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 120 125 130 135 140 145 Estacas 150 155 160 165 kPLACA (MPa/m) Figura 4.74 - Características do subleito ao longo do trecho quanto ao deslocamento máximo para uma tensão de 0,8 MPa 1400,0 1200,0 1000,0 800,0 600,0 400,0 200,0 0,0 120 125 130 135 140 145 Estacas 150 155 160 165 Figura 4.75 - Características do subleito ao longo do trecho quanto ao módulo de reação 119 Na Tabela 4.20 e nas Figuras 4.76 a 4.79 são apresentados os resultados obtidos nos ensaios de placa realizados sobre as bases. Nesta fase, devido ao processo executivo, não foi possível ensaiar as camadas de base com geotêxtil. Na Figura 4.76 os materiais de base identificados na legenda estão abreviados e possuem os seguintes significados: SB - solo brita, EX - expurgo, SF - solo fino e SC - solo cal. Tabela 4.20 - Resultado das provas de carga sobre as bases Estaca Material w Deslocamento kPLACA (%) máximo (mm) (MPa/m) Solo-Brita 3,5 1,15* 779,1 127 + 10 5,2 0,90 905,4 129 + 10 Expurgo 5,6 1,18 690,6 146 Solo Fino 20,7 2,66 306,4 152 19,1 2,46 331,3 158 Solo-Cal 19,8 1,17 696,5 155 + 10 21,3 2,78 293,1 156 *Neste caso foi aplicado um carregamento maior; para a mesma carga máxima dos demais ensaios a deformação foi de 1,07 mm. Tensão (kPa) 0 100 200 300 400 500 600 700 800 0,00 Deslocamento (mm) 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 Estaca 129 +10 (SB) Estaca 156 (SC) Estaca 146 (EX) Estaca 158 (SF) Estaca 127 + 10 (SB) Estaca 152 (SF) Estaca 155 + 10 (SC) Figura 4.76 - Curvas tensão x deslocamento das bases 120 900 A base de expurgo mostrou resultado ligeiramente inferior aos da base de solobrita. A base de solo fino apresentou maiores deslocamentos chegando a atingir valores da ordem de 2,66 mm, no caso em que o solo estava mais úmido. A base de solo-cal acompanhou o comportamento da base de solo fino, sendo que no ensaio realizado na Estaca 155 + 10 observou-se comportamento bastante diferente, mas próximo dos obtidos para o expurgo e o solo-brita. Uma das prováveis causas dessa diferença pode ser a eventual maior concentração de cal neste ponto ou ausência no outro. Observa-se que quanto maior é o deslocamento menor é o valor de módulo de reação. A princípio as comparações foram realizadas levando-se em conta a rigidez de cada estrutura. Ressalta-se, no entanto, que devem ser realizadas análises numéricas para a determinação do módulo de deformação (E) de cada material, como conforme já comentado. O comportamento dos materiais da base ao longo do trecho quanto à umidade, deslocamento máximo e módulo de reação pode ser visualizado pelas Figuras 4.77 a 4.79, onde: SB (solo-brita), EX (expurgo), SF (solo fino) e SC (solo-cal). SB EX SF SC SF 25,0 w (%) 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 120 125 130 135 140 145 150 155 160 165 Estacas umidade do ensaio umidade de compactação Figura 4.77 - Características dos materiais da base ao longo do trecho quanto à umidade SB EX 121 SF SC SF 3,0 Deslocamento máximo (mm) 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 120 125 130 135 140 145 Estacas 150 155 160 165 Figura 4.78 - Características dos materiais da base ao longo do trecho quanto ao deslocamento máximo SB EX SF SC SF kPLACA (MPa/m) 1000 800 600 400 200 0 120 125 130 135 140 145 150 155 160 165 Estacas Figura 4.79 - Características dos materiais da base ao longo do trecho quanto ao módulo de reação Os resultados das provas de carga realizadas logo após a execução do revestimento estão apresentados na Tabela 4.21 e na Figura 4.80. Estes resultados, devido a melhor distribuição das tensões sobre a camada de base, forneceram valores relativos mais coerentes com os materiais de base. Em princípio, parece estranho que os resultados de 122 kPLACA aqui obtidos sejam inferiores aos encontrados para os ensaios de placa realizados diretamente sobre a camada de base (Tabela 4.20). No entanto, observando-se os resultados obtidos para o subleito (Tabela 4.19) constata-se que eles são superiores aos obtidos para a base. Com a realização do ensaio sobre o revestimento fica minimizada a influência do subleito nos resultados das provas de carga. Cabe destacar que os melhores resultados obtidos para o subleito se devem provavelmente ao fato da rodovia ter sido recoberta com uma camada de cascalho na sua fase não pavimentada, sendo esta camada preservada durante a pavimentação. Observa-se que na Figura 4.80 os tipos de bases são indicados pelas seguintes abreviações: SB - solo brita, EX - expurgo, SF - solo fino, SC - solo cal, S - solo fino com geotêxtil superior (entre a base e o revestimento), I - solo fino com geotêxtil inferior (entre subleito e base), E - solo fino envelopado. Tabela 4.21 - Resultado das provas de carga sobre o revestimento (ensaio 1) Estaca 127 + 10 129 + 10 146 152 155 + 10 158 160 162 Material de base solo-brita solo-brita expurgo solo fino solo-cal solo fino com geotêxtil entre base e revestimento solo fino com geotêxtil entre subleito e base solo fino envelopado Deslocamento máximo (mm) 1,43 1,79 1,87 2,89 2,00 2,54 kPLACA (MPa/m) 569,8 455,2 435,8 282,0 407,4 320,8 1,89 431,2 2,42 336,7 123 Tensão (kPa) 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 0,0 Deslocamento (mm) 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 Estaca 127+10 (SB) Estaca 146 (EX) Estaca 155+10 (SC) Estaca 160 (I) Estaca 129+10 (SB) Estaca 152 (SF) Estaca 158 (S) Estaca 162(E) Figura 4.80 - Curvas tensão x deslocamento do revestimento (ensaio 1) No revestimento, as provas de carga mostraram valores com deformações variando entre 1,43 e 2,89 mm. Observa-se que, conforme verificado no ensaio de viga Benkelman (ensaio 1), nos subtrechos que possuem o mesmo material de base e geotêxtil impregnado entre as camadas de base e revestimento (Estacas 158 e 162), as deformações são maiores do que no trecho que possui geotêxtil apenas entre o subleito e a base (Estaca 160). Estes valores, comparados com o resultado da prova de carga do revestimento sobre a base de solo fino sem geotêxtil (Estaca 152), mostram que a colocação do geotêxtil impregnado em qualquer posição provoca redução nas deformações. Esta redução foi mais significativa com o geotêxtil colocado entre o subleito e a base. No ensaio realizado no revestimento sobre a base de solo cal (Estaca 155 + 10) observou-se valor de deformação menor do que o ensaio realizado no revestimento sobre a base de solo fino (Estaca 152), mas, no entanto, superior ao da base de solo fino com geotêxtil inferior (entre subleito e base). Quando comparado com as duas outras formas de utilização 124 do geotêxtil (envelopado e entre base e revestimento), o solo-cal apresentou melhor comportamento. Os ensaios realizados no revestimento sobre a base de solo-brita (Estacas 127 + 10 e 129 + 10) e sobre a base de expurgo (Estaca 146) apresentaram resultados semelhantes, sendo que na Estaca 146 foi observada a maior deformação. Mas mesmo assim, as deformações encontradas são menores do que as determinadas nos revestimentos executados sobre as bases de materiais mais finos. Com exceção do solo envelopado, os comportamentos das diferentes estruturas de pavimento variam entre si de modo semelhante ao registrado no ensaio de viga Benkelman. Seguindo a mesma metodologia adotada para o ensaio de viga Benkelman foi realizado outra série de ensaios de placa após quatro meses de funcionamento da rodovia. É importante destacar que esta segunda etapa de ensaios foi realizada no início do período chuvoso (precipitação acumulada de 322,2 mm). Os resultados são apresentados na Tabela 4.22 e na Figura 4.81. Tabela 4.22 - Resultado das provas de carga sobre o revestimento (ensaio 2) Estaca 127 + 10 146 152 155 + 10 158 160 162 Material de base solo-brita expurgo solo fino solo-cal solo fino com geotêxtil entre base e revestimento solo fino com geotêxtil entre subleito e base solo fino envelopado Deslocamento máximo (mm) 1,02 2,45 2,85 2,27 2,57 kPLACA (MPa/m) 798,9 332,6 285,9 359,0 317,1 2,64 308,7 3,32 245,4 125 Tensão (kPa) 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 0,0 Deslocamento (mm) 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 Estaca 127+10 (SB) Estaca 152 (SF) Estaca 158 (S) Estaca 162 (E) Estaca 146 (EX) Estaca 155+10 (SC) Estaca 160 (I) Figura 4.81 - Curvas tensão x deslocamento do revestimento (ensaio 2) Nesta segunda etapa, observa-se que a faixa de variação das deformações aumentou (1,02 a 3,32 mm). O ensaio realizado nas bases de solo-brita e solo-cal apresentaram melhorias quando comparado com o ensaio realizado nas mesmas estacas logo após a execução do revestimento. Na base de solo fino o comportamento se manteve enquanto as bases de solo fino com geotêxtil e a base de expurgo pioraram seus comportamentos. Esse fato também foi observado no ensaio de viga Benkelman (ensaio 2). A Figura 4.82 mostra o comportamento da estrutura do pavimento quanto ao ensaio de placa realizado sobre o revestimento logo após a construção (ensaio 1) e após quatro meses de funcionamento da via (ensaio 2). Os tipos de base são identificados por: SB (solo-brita), EX (expurgo), SF (solo fino), SC (solo-cal), S(base de solo fino com geotêxtil superior), I (base de solo fio com geotêxtil inferior) e E (base de solo fino envelopada). 126 SB EX SF SC S I E Deslocamento máximo (mm) 3,5 Ensaio 1 Ensaio 2 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 120 125 130 135 140 145 Estacas 150 155 160 165 (a) kPLACA (MPa/m) SB 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 EX SF SC S I E Ensaio 1 Ensaio 2 120 125 130 135 140 145 Estacas 150 155 160 165 (b) Figura 4.82 - Características do pavimento ao longo do trecho: (a) quanto ao deslocamento máximo; (b) quanto ao módulo de reação 127 4.2.5 - Pressiômetro O pressiômetro utilizado no trecho experimental foi o da marca Roctest com capacidade de 2500 kPa e é composto de uma unidade de controle, sonda cilíndrica, tubo para a saturação do sistema e tubo de ligação entre a unidade e a sonda. A sonda tem 35 mm de diâmetro e comprimento inflável de 230 mm. É importante salientar que o equipamento foi previamente saturado e calibrado antes de iniciar a fase de ensaio. No campo, a sonda é colocada dentro de um furo com diâmetro inferior a 1,03 vezes o seu diâmetro e na profundidade desejada, sendo que todos os cálculos têm como referência o centro da parte expansiva. A cada variação de volume de 5 cm3 é feita a leitura da pressão. O equipamento é de fácil manuseio e o ensaio é rápido. Com as curvas de pressão x volume injetado definidas determina-se a pressão limite (PL) e o módulo de deformação (E). A pressão limite é definida como a pressão necessária para duplicar o volume inicial da cavidade. Logo (Equação 4.11): VL = 2 v o + Vo (4.11) onde: • VL = volume correspondente à pressão limite (PL); • vo = volume correspondente ao início da fase pseudo-elástica do ensaio; • Vo = volume inicial da sonda (192 cm3). O módulo de deformação é calculado pela Equação 4.12: E= 2(1 + µ ) ( Vo + Vm )P 1000xV (4.12) onde: • E = módulo de deformação em MPa; • µ = coeficiente de Poisson, sendo considerado 0,33 para o solo natural e 0,45 para o solo saturado; • Vo = volume inicial da sonda em cm3; 128 • Vm = volume injetado no meio do trecho pseudo-elástico da curva em cm3; • P = variação da pressão em kPa; • V = variação do volume em cm3. A Figura 4.83 mostra a realização do ensaio pressiométrico no campo. Durante a realização dos ensaios no trecho experimental foram realizadas quatro calibrações no equipamento, sendo as três primeiras quando se ensaiava o subleito e a última quando se realizava ensaios nas bases. Os gráficos das correções de volume são apresentados nas Figuras B.1 a B.4 no Apêndice B. De uma forma geral, observa-se que não ocorreram diferenças significativas entre as curvas de calibração. Figura 4.83 - Execução do ensaio pressiométrico no campo 129 Os resultados obtidos para o material de subleito são apresentados na Tabela 4.23 e as curvas da pressão aplicada x volume injetado são mostradas nas Figuras 4.84 a 4.86. Para o subleito foram consideradas duas condições: uma para o material natural e outra para o material saturado, através da adição de água ao furo antes da realização do ensaio. A profundidade de ensaio é determinada em relação ao centro da parte expansiva da sonda. Alguns ensaios foram executados com “looping”, ou seja, com carregamento, descarregamento e recarregamento. Ao ser observado que com o aumento do volume injetado não ocorria acréscimo de pressão, realizou-se o descarregamento e posterior recarregamento. O módulo de deformação encontrado é então dividido em duas categorias distintas: Ep que corresponde ao módulo pressiométrico propriamente dito, encontrado na fase de carregamento e o Er que corresponde ao módulo de deformação do trecho de recompressão determinado nos ensaios, onde foi realizado o descarregamento e recarregamento. Tabela 4.23 - Resultados do ensaio pressiométrico no subleito Estaca Tipo de Furo Profundidade Condição Ep material (cm) (MPa) corte 1 11,5 Natural 32,8 128 1 41,5 Natural 51,4 2 13,5 Natural 15,1 3 11,5 Saturado 16,2 aterro 4 16,5 Natural 22,5 144 4 44,5 Natural 24,3 5 14,5 Natural 20,5 6 14,5 Saturado 12,4 aterro 7 13,5 Natural 25,2 148 7 31,5 Natural 67,0 8 15,5 Natural 15,3 9 16,5 Saturado 3,5 aterro 10 13,5 Natural 6,4 152 10 31,5 Natural 8,5 11 34,5 Natural 16,4 12 12,5 Saturado 7,5 aterro 13 12,5 Natural 47,0 156 13 37,5 Natural 41,2 14 28,5 Natural 36,2 15 11,5 Saturado 1,8 corte 16 20,5 Natural 25,1 162 16 41,5 Natural 22,7 17 17,5 Saturado 7,2 18 11,5 Saturado 8,2 19 31,5 Natural 34,8 130 Er (MPa) 30,3 23,4 70,9 30,6 15,4 6,9 44,3 11,3 62,9 15,4 43,3 PL (kPa) 2150 2500 1875 1600 2500 2125 1550 2300 2500 1750 1875 1600 - 2250 2000 1750 Pressão (kPa) 1500 1250 1000 750 500 250 0 0 20 40 60 80 100 3 Volume Injetado (cm ) Estaca 128-corte Estaca 148-aterro Estaca 156-aterro 120 140 Estaca 144-aterro Estaca 152-aterro Estaca 162-corte Figura 4.84 - Ensaios pressiométricos no subleito natural a uma profundidade pequena (11,5 a 20,5 cm) 1200 Pressão (kPa) 1000 800 600 400 200 0 0 20 40 60 80 100 3 Volume Injetado (cm ) Estaca 128 Estaca 152 Estaca 144 Estaca 156 120 140 Estaca 148 Estaca 162 Figura 4.85 - Ensaios pressiométricos no subleito saturado a uma profundidade pequena (11,5 a 17,5 cm) 131 2500 2250 Pressão (kPa) 2000 1750 1500 1250 1000 750 500 250 0 0 20 40 60 80 100 120 3 Volume Injetado (cm ) Estaca 128 Estaca 152 Estaca 144 Estaca 156 Estaca 148 Estaca 162 Figura 4.86 - Ensaios pressiométricos no subleito natural a uma profundidade maior (31,5 a 44,5 cm) Observa-se que os valores dos módulos Ep aumentaram com a profundidade com exceção das Estacas 156 e 162. Em todos os casos os módulos Er apresentaram valores superiores aos módulos Ep. Nos ensaios realizados com saturação verifica-se uma brusca redução nos módulos em relação aos obtidos para o solo na umidade “in situ”. No caso da estaca 152, que durante o ensaio de placa com inundação apresentou expansão, observa-se que, para profundidades pequenas e próximas, o valor de Ep do material natural (6,4 MPa) é menor que o valor de Ep para o material saturado (7,5 MPa). Este fato pode ser explicado pelo aumento do confinamento do solo que pode ocorrer se a expansão do solo não tiver sido completada antes do início do ensaio. A Tabela 4.24 e a Figura 4.87 apresentam os resultados obtidos pelos ensaios pressiométricos realizados nas bases. 132 Tabela 4.24 - Resultados dos ensaios pressiométricos nas bases Estaca Material 146 152 156 158 Expurgo Solo Fino Solo-Cal Solo Fino Profundidade (cm) 11,5 11,5 11,5 11,5 Umidade (%) 13,6 19,3 18,4 20,6 Ep (MPa) 30,0 25,6 22,2 27,4 Er (MPa) 74,9 53,1 45,3 51,1 PL (kPa) 2200 2000 2000 1900 1400 1200 Pressão (kPa) 1000 800 600 400 200 0 0 10 20 30 40 50 60 3 Volume Injetado (cm ) Estaca 146 - Expurgo Estaca 156 - Solo cal 70 80 90 Estaca 152 - Solo fino Estaca 158 - Solo fino Figura 4.87 - Ensaios pressiométricos nas bases Os materiais utilizados na base apresentaram, na maior parte dos casos, módulos e pressões limites não muito distintos dos obtidos para o subleito. Quanto mais próximo o valor da umidade dos materiais compactados estava do valor definido para a umidade ótima, maior foi o valor de Ep, Er e PL obtidos. É esperado que com o tempo a base de solo cal venha a apresentar melhor característica de resistência. Pelas curvas observa-se que a base de solo cal apresentou módulos e pressão limite inferiores aos do solo fino. Este fato pode ser explicado pela diferença de umidade, sendo que a umidade da base de solo fino (20,6%) está mais próxima da ótima (23,7%) do que a de solo cal (18,4%) em relação à sua umidade ótima (23,2%). 133 Já o expurgo apresentou-se compactado numa umidade acima da ótima (8,3%). Mesmo mostrando valores de Ep, Er e PL maiores do que os outros materiais, se o ensaio fosse realizado sobre o material compactado mais próximo da umidade ótima provavelmente obterse-ia melhores resultados. Observa-se que não foram realizados ensaios pressiométricos na base de solo-brita devido a dificuldade na execução do furo sobre este material compactado. 4.3 - CORRELAÇÕES OBTIDAS ENTRE OS PARÂMETROS DOS ENSAIOS DE CAMPO Tentou-se verificar a possibilidade de existência de correlações entre os parâmetros dos ensaios de campo realizados. Estas análises foram feitas somente para os materiais de subleito, pois neles foram realizados maior número de ensaios. Os resultados da base de solo fino estão apenas indicados nas figuras, mas não fazem parte das correlações. O objetivo de tais correlações é poder avaliar a possibilidade de substituir ensaios mais trabalhosos e caros, como o ensaio de placa, por ensaios mais rápidos, como o ensaio pressiométrico. Tentou-se correlacionar os resultados dos ensaios de CBR “in situ”, pressiométrico, prova de carga e viga Benkelman. O CBR “in situ” não apresentou correlações com nenhum dos ensaios de campo realizados. Já os ensaio de prova de carga e viga Benkelman apresentaram boas correlações quando comparados com o ensaio pressiométrico. Os resultados são apresentados nas Figuras 4.88 a 4.91 e nas Equações 4.13 a 4.16. 1400 kPLACA (MPa/m) 1200 1000 800 600 400 Subleito Base 200 0 0 20 40 Ep (MPa) 134 60 80 kVIGA (MPa/m) Figura 4.88 - Correlação entre Ep e kPLACA 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 Subleito Base 0 10 20 30 40 Ep (MPa) 50 60 70 Figura 4.89 - Correlação entre Ep e kVIGA 1400 k PLACA (MPa/m) 1200 1000 800 600 Subleito Base 400 200 1,25 1,50 1,75 2,00 2,25 PL (MPa) 2,50 Figura 4.90 - Correlação entre PL e kPLACA 135 2,75 kVIGA (MPa/m) 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 1,25 Subleito Base 1,50 1,75 2,00 2,25 PL (MPa) 2,50 2,75 Figura 4.91 - Correlação entre PL e kVIGA As Equações 4.13 a 4.16 apresentam as correlações obtidas entre os parâmetros determinados pelos ensaios de campo: k VIGA = 0,39 E p 2 − 11,79 E p + 786,11 R 2 = 0,84 k PLACA = 0,33E p 2 − 15,96E p + 832,77 R 2 = 0,89 k VIGA = 3379,5PL 2 − 13198PL + 13401 R 2 = 0,85 k PLACA = 177,51e0,70 PL R 2 = 0,82 onde: • kVIGA = módulo de reação do ensaio de viga Benkelman (MPa/m); • kPLACA = módulo de reação do ensaio de placa (MPa/m); • Ep = módulo de deformação pressiométrico (MPa); • PL = pressão limite (MPa). 136 (4.13) (4.14) (4.15) (4.16) Observou-se que para o caso de PL comparado com kVIGA, a correlação apresenta melhor resultado para valores de pressão limite maior que 2 MPa. Pode-se concluir que o ensaio pressiométrico se correlaciona bem com os demais ensaios de campo, mas ressalta-se que devido à anisotropia de comportamento que ocorre nos solos compactados, principalmente no ramo úmido da curva de compactação, o ensaio pressiométrico deve, por enquanto, ser visto apenas como um ensaio complementar. Este ensaio permite avaliar o comportamento na direção horizontal, enquanto os demais ensaios o fazem na direção vertical. 137 CAPÍTULO 5 5. ORÇAMENTO DAS ESTRUTURAS DO PAVIMENTO É necessário ter conhecimento do custo dos materiais utilizados como base visando analisar a sua viabilidade econômica, pois não basta eles terem comportamento satisfatório se o processo executivo e o custo não são adequados à realidade. Nas Tabelas C.1 a C.7 no Apêndice C são apresentadas as composições de cada tipo de material, baseando-se em dados fornecidos pelo DER-DF. A Tabela 5.1 apresenta a síntese do custo final de cada um deles, sendo que os valores em reais foram transformados para dólares segundo a cotação do dia 31 de dezembro de 1998 fornecida pelo Banco Central (US$ 1,00 = R$ 1,20). Tabela 5.1 - Custo final das bases Tipo de Base Custo (R$/m3) Custo (US$/m3) Solo-brita (4:1) 48,53 40,44 Expurgo 5,16 4,30 Solo Fino 7,97 6,64 Solo-cal (2%) 14,24 11,87 Solo fino com geotêxtil entre base e revestimento 27,24 22,70 Solo fino com geotêxtil entre subleito e base 28,32 23,60 Solo fino envelopado 47,44 39,53 Comparando-se os custos dos materiais utilizados verifica-se que as bases de solo-brita e de solo fino envelopado apresentaram valores elevados. A base de expurgo teve o menor valor, sendo que o custo do material foi relacionado apenas ao frete de transporte, já que este ainda não é comercializado e não possui um preço de mercado. A base de solo fino também apresentou custo baixo, sendo que a incorporação de 2% de cal praticamente dobrou 138 o seu valor, no entanto, manteve-se como alternativa de custo bem inferior ao do solo-brita e de solo fino com geotêxtil. Já as bases com geotêxtil entre base-revestimento e entre subleitobase apresentaram valores semelhantes, no entanto, menores que a base de solo-brita. O envelopamento do solo fino com geotêxtil eleva o custo em relação ao solo-brita. Em geral, uma base tradicionalmente executada no Distrito Federal é composta de cascalho, cujo custo mínimo sem considerar distância de transporte é de 8,00 R$/m3 (6,67 US$/m3). Para uma distância de até 5 km o preço do transporte é fixado em 2,71 R$/m3 (2,26 US$/m3). Para distâncias maiores este valor aumenta 0,28 R$/m3/km (0,23 US$/m3/km). Se a jazida de cascalho estiver localizada numa distância da obra superior a 19 km, o seu custo aproximado é de 14,63 R$/m3 (12,19 US$/m3), viabilizando o uso da base de solo fino incorporada com 2% de cal. Observa-se ainda que existe dificuldade de encontrar jazidas de cascalho disponíveis para exploração. Segundo Nogami & Villibor (1995) um pavimento de baixo custo deve ter cerca de 15 a 20% do custo das bases tradicionais. Quando utiliza a base de solo-brita como tradicional, novamente as bases de expurgo e de solo fino atendem ao critério de pavimento econômico. 139 CAPÍTULO 6 6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS 6.1 - CONCLUSÕES Com base nos estudos realizados tem-se que a substituição dos materiais convencionais normalmente utilizados na construção da estrutura de pavimentos por materiais alternativos em rodovias de baixo volume de tráfego do Distrito Federal pode, em certos casos, apresentar vantagens. Por exemplo, na rodovia DF-205 Oeste o uso do expurgo de pedreira como base teria sido economicamente bastante vantajoso para um desempenho, em princípio, semelhante ao solo-brita utilizado. No entanto, ressalta-se que o desempenho e a durabilidade do trecho experimental estudado devem ser analisados ao longo do tempo, considerando variações climáticas e de tráfego para obter-se conclusões definitivas. Através de ensaios de laboratório realizados tem-se que os materiais do subleito e solo fino utilizado na base possuem características de granulometria e plasticidade semelhantes. O solo fino natural apresentou agregações consideradas na sua maioria estáveis em presença de água. Tal estabilidade foi também verificada nas agregações geradas pela compactação. As amostras de solo fino compactadas no ramo úmido (umidade ótima mais 2%) apresentaram maior teor de finos que as compactadas na umidade ótima e na umidade ótima menos 2%. Observou-se também que ao aumentar a energia de compactação o teor de finos variou pouco. Assim, é possível concluir que a variação da umidade interfere mais no processo de desestruturação do que a energia de compactação. O CBR e o CBR máximo do solo fino dependem do peso específico aparente seco e da umidade de compactação. O mais importante, no entanto, é a constatação de que o CBR máximo desses solos está relacionado com a inclinação do ramo úmido da curva de compactação. 140 A incorporação de 2% de cal ao solo fino analisado provocou redução na plasticidade e aumento no valor de CBR, sendo importante destacar que tanto a umidade ótima como o peso específico aparente seco máximo não se comportam em relação ao teor de cal como indicado na literatura. Já a mistura solo-brita e o expurgo de pedreira possuem características de compactação semelhantes, mas CBR e teor de finos diferentes. O expurgo apresentou menor CBR e menor teor de finos. Pela metodologia MCT o solo fino foi classificado como LG’, estando localizado no ábaco na fronteira com LA’. Tentou-se obter correlações entre parâmetros dessa metodologia e propriedades tradicionais usando esse solo fino e demais solos lateríticos estudados no Distrito Federal. De uma forma geral, observa-se que os solos da região não se comportam como outros solos apresentados na literatura. A grande variabilidade verificada nos ensaios de campo mostra a necessidade de trabalhar com um maior número de ensaios visando obter resultados médios mais representativos. No campo, o material de subleito foi compactado na energia Proctor normal e em sua maior parte no ramo seco, mas mesmo assim poucos pontos não obedeceram o limite para o grau de compactação. Esse material apresentou ainda valores de CBR de campo maiores que os de laboratório. Observou-se que a base de solo fino, compactada na energia Proctor intermediário com elevado valor de grau de compactação, pode apresentar CBR de campo melhor que materiais granulares (solo-brita e expurgo) com graus de compactação menores. No caso de materiais que foram misturados no campo (solo-cal e solo-brita) podem existir diferenças nos resultados dos ensaios de campo devido à possíveis falhas no processo de homogeneização. Os ensaios de viga Benkelman realizados diretamente sobre o subleito e sobre as bases apresentaram maior variação nos resultados do que os realizados sobre o revestimento já executado. O subleito apresentou comportamento satisfatório. No ensaio de viga Benkelman realizado logo após a execução do revestimento tem-se que o subtrecho com base de solo fino envelopada, seguido das bases de solo-brita e expurgo apresentaram melhor comportamento. Logo depois tem-se as bases de solo-cal, solo fino com geotêxtil entre 141 subleito e base e solo fino com geotêxtil entre base e revestimento. Por último, tem-se o trecho com base de solo fino. Com os ensaios realizados após quatro meses de funcionamento da via observou-se que o comportamento do trecho experimental piorou, ocorrendo aumento nos deslocamentos medidos e diminuição na rigidez. Nas provas de carga sobre placa realizadas no subleito observou-se numa estaca um grande aumento no deslocamento com a inundação e a existência de material expansivo em outra. Os ensaios sobre as bases apresentaram valores de deslocamento maiores que o subleito. Já com os ensaios realizados sobre o revestimento, os resultados foram mais coerentes devido à melhor distribuição de tensões. Com exceção do solo fino envelopado, o comportamento das diferentes estruturas do pavimento variaram de forma semelhante ao ensaio de viga Benkelman. É importante ressaltar que uma melhor análise deve ser realizada utilizando-se ferramentas numéricas para determinar as relações de módulos de deformação (E) entre as camadas. Com a realização de novos ensaios de campo tornar-se-á possível avaliar a variação dessas relações, permitindo-se concluir sobre o comportamento dos materiais utilizados, sem basear somente na condição de rigidez da estrutura do pavimento como um todo. Através dos ensaios pressiométricos realizados no subleito observou-se que, na maioria dos casos, o módulo de deformação Ep aumentou com a profundidade. Com a saturação os módulos diminuíram bruscamente e em todos os casos o módulo de deformação Er foi maior que o módulo Ep. Para as bases o expurgo apresentou melhores resultados, enquanto o solo-cal e solo fino tiveram valores semelhantes e menores. Para o material de subleito foram determinadas correlações razoáveis entre os resultados do ensaio pressiométrico com viga Benkelman e prova de carga. O objetivo de tais correlações é o de substituir ensaios de campo mais trabalhosos e de custo elevado por ensaios mais simples e rápidos, mas neste caso o ensaio pressiométrico deve, por enquanto, ser usado apenas como complemento. Quanto ao custo das bases utilizadas, observou-se que as bases de expurgo e de solo fino apresentaram os menores valores, ficando inferior ao preço de uma base de cascalho tradicionalmente utilizada no Distrito Federal. A incorporação de cal à base de solo fino dobrou o seu custo e as bases com geotêxtil entre base-revestimento e subleito-base apresentaram valores intermediários e semelhantes. Já as bases de solo-brita e de solo fino envelopada apresentaram custo elevado. 142 Do ponto de vista executivo, considera-se viável a execução dos diferentes tipos de base desde que sejam estabelecidas as rotinas apropriadas. 6.2 - SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS Para a análise final do comportamento da estrutura do pavimento executado nesse trecho experimental é importante que seja feito um acompanhamento periódico da rodovia. Só assim, considerando-se as variações climáticas e de tráfego, torna-se possível concluir sobre a avaliação estrutural e a durabilidade. Para tanto é necessária a realização de ensaios de campo em certos intervalos de tempo. Com os parâmetros encontrados através dos ensaios de campo pode-se, através de análise numérica, analisar o comportamento das estruturas de pavimento em função dos módulos de deformação (E) das camadas. Com a extração de amostras indeformadas seria possível determinar o módulo resiliente dos materiais através de ensaios triaxiais cíclicos. Além disso, considera-se importante a realização de ensaios de laboratório para definir melhor o comportamento do solo fino da região. O conhecimento das características de outros solos lateríticos regionais também ajudaria na tentativa de correlações entre propriedades tradicionais e parâmetros da metodologia MCT. A determinação da sucção dos materiais utilizados na base poderia auxiliar nas conclusões sobre os ensaios e comportamento das estruturas de pavimento. 143 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT (1981). Limite de plasticidade, NBR - 7180, Rio de Janeiro, RJ, 3p. ABNT (1982). Terminologia e classificação de pavimentação, NBR - 7207, Rio de Janeiro, RJ, 3p. ABNT (1984a). Solo - Determinação do limite de liquidez, NBR - 6459, Rio de Janeiro, RJ, 6p. ABNT (1984b). Solo - Análise granulométrica, NBR - 7181, Rio de Janeiro, RJ, 13p. ABNT (1986a). 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