[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846] TURNVEREIN ESTRELA: GINÁSTICA E ESPORTES (1907-1930) Cecília Elisa Kilpp 1 Alice Beatriz Assmann 2 Janice Zarpellon Mazo 3 Resumo O objetivo do estudo é interpretar o processo de constituição da Turnverein Estrela (Sociedade Ginástica Estrela), fundada em 1907, no município de Estrela/Rio Grande do Sul, até a década de 1930, quando ocorrem mudanças significativas, advindas da campanha de nacionalização. Por meio desta pesquisa histórica identificou-se que a organização da associação buscava a reunião de teuto-brasileiros para a prática da ginástica e de esportes, bem como, a preservação de sua identidade etno-cultural. A análise documental das fontes impressas revelou que a Turnverein Estrela teve papel basilar na manutenção do germanismo e na implantação de uma cultura esportiva em Estrela. Devido às ações de nacionalização, a associação sofreu reconfigurações, alterou estatutos e introduziu novos esportes, como o basquetebol, e em meados dos anos de 1930, o futebol começou a ser praticado. Palavras-chave: História do Esporte. Ginástica. Clubes. Abstract This study aims to interpret the process of the creation of the Turnverein Estrela (gymnastic association), founded in 1907, and its development until the 1930 decade, when it passes by significant changes. This historic research identified that, in the city of Estrela, the sport associations had as purpose the meeting of German-Brazilians for the practice of gymnastic and sports, as well as the preservation of ethnic and cultural identity. The documentary analysis of printed 1 Mestre em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 2 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH) da Escola de Educação Física da UFRGS; bolsista CNPq. 3 Professora Doutora do PPGCMH da ESEF/UFRGS. 1 [REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846] sources revealed that the Turnverein Estrela had a fundamental role on the maintenance of the Germanism and on the implantation of a culture of sports in Estrela. Because the actions of nationalization, the association suffered reconfigurations, modifying statutes and introducing new sports, like basketball. In mid-1930, football began to be practiced. Key-words: History of sport. Gymnastic. Clubs. INTRODUÇÃO A cidade de Estrela, localizada no estado do Rio Grande do Sul, ainda hoje é marcada pela forte presença de teuto-brasileiros 4 , tendo preservado ao longo do tempo seus costumes, a língua materna e suas práticas culturais e esportivas, especialmente nas associações fundadas pelos imigrantes alemães. As associações são apontadas como lugares para a prática do germanismo 5, de sociabilidade e, ainda, de contatos comerciais e formação de lideranças (LANDO; BARROS, 1980; MAZO, 2003; SILVA, 2006). Esses espaços, juntamente com outros tipos de associações, desempenharam contribuição significativa na construção de identidades étnicas e nacionais. Para este estudo, a identidade étnica é entendida como uma identidade cultural construída historicamente, inserida no contexto social de determinado momento e que, no decorrer das transformações do tempo e do espaço, é modificada, negociada, reconstruída. Como criação cultural e social, fica claro que a identidade cultural não é inerente ao sujeito, não nasce com ele. Ela é produzida em uma relação de interdependência com o diferente (CUCHE, 1999; WEBER, 2006; SILVA, 2000). 4 O termo hifenizado teuto-brasileiros referia-se aos imigrantes alemães que se naturalizaram brasileiros, sendo usado o jargão jurídico jus sanguinis para definir sua naturalidade, ou seja, pertencia ao “povo alemão” todo aquele que possuia “sangue alemão”, mesmo tendo nascido em outro país. No Brasil predominava o jus soli, ou seja, brasileiro é todo aquele que nasce em solo brasileiro (GERTZ, 1994, p. 30). 5 Segundo Gertz (1980), a palavra germanismo, do alemão Deutschtum, se refere ao modo de ser alemão, à ideologia difundida entre os teuto-brasileiros, destinada a preservar sua identidade étnica, sua cultura, sua língua, a lealdade ao país de origem. Para além dos elementos citados pelo autor, a religião e as associações também são apontadas como elementos constituintes deste conjunto de representações de uma identidade teuto-brasileira (NEUMANN, 2006). 2 [REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846] Conforme Neumann (2006, p.35) as associações foram “recursos pedagógicos fortes” utilizados pelos grupos sociais. A pesquisa de Mazo e Gaya (2006, p. 206), apresenta indícios de práticas e representações culturais que se tornaram recursos pedagógicos empregados pelos teuto-brasileiros em um determinado período histórico. Os referidos autores (2006) evidenciaram que “num processo histórico de colonização, o associativismo se constituiu enquanto expressão de consciência coletiva dos teuto-brasileiros e como estratégia de preservação de sua identidade”. Dentre as associações, que visavam a manutenção do sentimento de pertencimento dos teuto-brasileiros, destacou-se a Turnverein Estrela 6 , uma sociedade de ginástica que promovia o Turnen. De acordo com Krüger (2011), o Turnen foi criado como forma específica de exercícios e jogos físicos, na Alemanha do século XIX, em um contexto de formação e consolidação do Estado nacional alemão. Englobava práticas corporais, como corridas, saltos, equitação, lançamento, lutas, esgrima, exercício de escalar, natação, pois também visava a preparação militar. No Brasil, no final do século XIX, o Turnen foi transformado em instrumento pedagógico de preservação da identidade étnica teuto-brasileira. É incluído como disciplina regular nas escolas alemãs por iniciativa dos imigrantes que chegaram ao sul do país no período (KRÜGER, 2011). Tanto nas escolas quanto nas sociedades esportivas teuto-brasileiras, o Turnen constituiu-se num fator basilar da construção de identidades dos teuto-brasileiros ao vincular corpo, disciplina, convívio social, nacionalismo e germanismo. No caso da Turnverein Estrela, identificou-se a prática do Turnen, traduzido por Tesche (1996) como método ginástico alemão, desde a fundação em 1907, tornando-se um dos símbolos da cultura física dos alemães. O presente estudo tem como objetivo interpretar como ocorreu o processo de constituição da Turnverein Estrela, desde sua fundação em 1907, no município de Estrela/Rio Grande do Sul, até a década de 1930, quando ocorrem mudanças significativas nesta associação, advindas da campanha de nacionalização desencadeada pelo governo brasileiro. 6 Atualmente, esta sociedade é denominada Sociedade Ginástica Estrela (SOGES). 3 [REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846] A fim de contemplar o objetivo deste estudo optamos pela coleta e tratamento de fontes documentais e impressas, as quais foram submetidas à análise documental (BACELLAR, 2010). As fontes históricas contemplam edições comemorativas de aniversários do município de Estrela e da Turnverein Estrela, livros editados e impressos por autores locais, exemplares dos jornais “O Paladino” e “O Taquaryense”, além de estatutos, atas e demais documentos do acervo de clubes. Também foram consultados artigos, dissertações, teses e livros que contribuíram fundamentalmente para a revisão bibliográfica do estudo. Justifica-se a realização da pesquisa por considerarmos a importância das associações esportivas para o estudo de uma sociedade, pois são espaços de produção e afirmação de práticas e representações culturais que identificam o indivíduo ao grupo e o diferenciam do todo. Tendo em vista que nestes espaços ocorriam reuniões sociais, culturais e políticas, pondera-se que exerceram o encargo da educação moral da elite urbana 7 (média ou alta), detentora do capital econômico e cultural da sociedade (RAMOS, 2000). Além disso, é inegável a contribuição das sociedades de ginástica na introdução e difusão de várias práticas corporais e esportivas no Rio Grande do Sul (MAZO, 2003). A TURNVEREIN ESTRELA Os imigrantes alemães para além das escolas e igrejas organizaram associações esportivas, nas quais preservaram seus costumes e suas tradições por meio de práticas e representações que simbolizavam as identidades étnicas teutobrasileiras. As associações se constituíram em espaços de sociabilidade, formação de lideranças, estabelecimento de contatos comerciais e de atualização de informações sobre a terra de origem, a Alemanha (SEYFERTH, 1999; SILVA, 2006). Na maioria das associações não era permitida a filiação de pessoas de diferentes etnias, admitindo-se somente teuto-brasileiros. Esta situação favoreceu o distanciamento dos demais grupos étnicos que também imigraram para o Brasil. 7 Esta elite era formada por empresários, donos de indústrias, comerciantes prósperos, pastores, padres e professores/instrutores que atuavam em escolas e associações esportivas. 4 [REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846] No princípio do século XX, jovens da elite teuto-brasileira de Estrela 8 e dois caixeiros viajantes luso-brasileiros 9 , fundaram a primeira sociedade ginástica 10 denominada Turnverein Estrela, no ano de 1907. Os primeiros sócios eram pequenos burgueses industriais, funcionários mais graduados, bancários, hoteleiros, religiosos, professores, enfim, a elite social e cultural de Estrela, que se reunia na sede da sociedade instalada no Hotel Bentz. As práticas eram as mais diversas, como Bolão 11 e teatro, sendo o Turnen o pilar principal desta sociedade, cujo primeiro instrutor foi Arthur Preussler (HESSEL, 2004; SCHIERHOLT, 2002). A Turnverein Estrela, assim como as demais sociedades de ginástica do Rio Grande do Sul, desde o princípio e durante muitos anos adotou o idioma alemão (FLORES, 2004; SILVA, 2006). Este também era o idioma oficial da Turnerschaft (Federação de Ginástica do Rio Grande do Sul), fundada em 1895, com a finalidade de congregar as sociedades e estabelecer diretrizes de funcionamento. Esta entidade promovia a reunião anual das sociedades de ginástica de várias regiões do Estado por meio da realização dos festivais de ginástica, exceto nos períodos de guerras (TESCHE, 1996). Logo após sua criação, a Turnverein Estrela vinculou-se a Turnerschaft e começou a participar das comemorações de datas cívicas relacionadas à Alemanha: homenagens a personalidades alemãs como Wilhelm II, Otto von Bismarck e Friedrich Ludwig Christoph Jahn. As festividades cumpriam a função de afirmar, comunicar e catalisar a identidade etno-cultural dos imigrantes e descendentes fortalecendo o sentimento de pertencimento a um grupo. Entretanto, nesse período, fomentava-se um movimento nacionalista, que visava a formação de uma nação brasileira homogênea, com um discurso voltado à assimilação dos estrangeiros aos parâmetros luso-brasileiros (SEYFERTH, 2011). 8 Alberto Dexheimer, Artur Francisco Preussler, Clemente Ruschel, Conrado Hemb, Cristiano Oscar Doedtel, Filipe LeopoldoDexheimer, Rodolfo Bernhardt e Walter Bernhardt. 9 Adolfo Gonçalves e Alfredo Goulart. 10 A palavra ginástica foi utilizada para substituir o termo Turnen, embora não fosse o mais adequado para englobar todas as atividades desenvolvidas na prática do Turnen. Porém, com a obrigatoriedade do idioma português no Estado Novo, este foi o termo utilizado pelas sociedades na tradução de seus nomes. 11 O bolão, praticado na Alemanha desde 1768, consiste em derrubar o maior número de pinos jogando cinco bolas. Este esporte está presente na cidade desde o último quarto do século XIX, sendo uma prática de lazer encontrada nos armazéns (casas comerciais). 5 [REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846] Esta concepção refletiu na comunidade de Estrela quanto às suas representações de identidade cultural étnica teuto-brasileira. O nacionalismo brasileiro e, consequentemente, a repressão às representações entendidas como “estrangeiras”, vinham em uma crescente desde a Primeira República, foram acirrados com a deflagração do conflito da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), persistiram nas décadas seguintes e foram exacerbados durante a Campanha de Nacionalização no Estado Novo (1937-1945), instituída pelo governo de Getúlio Vargas e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) (SEYFERTH, 1999). As estratégias de assimilação cultural cunhadas pelo governo brasileiro, especialmente quanto à educação, provocaram tensões e dividiram opiniões nos grupos étnicos estabelecidos no Rio Grande do Sul. Uma das estratégias foi a criação de escolas públicas de ensino da língua portuguesa nas localidades de imigrantes europeus. A matrícula nas escolas públicas e o consequente abandono do idioma alemão, inclusive no cotidiano familiar, consistiram em um problema para o germanismo que pretendia preservar a cultura (MEYER, 2000). O Turnen também é marcado pelo protestantismo, visualizado através do valor fromm (devoto) indicado no lema ginástico dos quatro efes: frisch, fromm, froh, frei (vigoroso, devoto, alegre e livre) (KRÜGER, 2011, p. 25). Esta prática estava presente também em escolas católicas e judaicas, mas em menor escala. Diferentemente de várias sociedades teuto-brasileiras do Rio Grande do Sul que foram incorporadas ou fecharam durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Turnverein Estrela manteve-se em atividade e com o nome original, em alemão. Esta evidência foi encontrada nos documentos internos e em divulgações nos jornais locais. Entretanto, alterou o idioma do seu regimento, nas atas e estatuto. De acordo com Müssnich (1921), as mudanças ocorreram de forma “madura” e “espontânea”, que o “meio e o convívio” exigiram. Também foram realizados eventos em datas nacionais brasileiras, como o sete de setembro (TOTH; DINIZ, 1926, p. 87-8). Dentre os documentos da sociedade consultados, o livro de registro de sócios mudou do idioma alemão para a língua portuguesa no ano de 1918. 6 [REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846] Os estatutos desta sociedade somente foram registrados em três de junho de 1911, no idioma alemão, e já em 1917 foram redigidos na língua portuguesa 12. De acordo com o relatório da diretoria, datado de 1928, sobre a história da sociedade, “a maioria esmagadora” dos sócios desta associação resolveu transcrever os estatutos para o português a fim de “despi-lo do seu caráter germânico” e “salvaguardar a sobrevivência do clube”. Em outro fragmento do relatório percebe-se uma justificativa para a posição adotada pela Turnverein Estrela na época: Mas quem conhece as condições políticas e sociais de Estrela, sabendo com quantos sacrifícios e dedicação ímpar a sede fora construída, haverá de concordar e dar razão aos dirigentes de 1917, porque - embora a língua protocolar e oficial sendo atualmente a portuguesa – a vida e o caráter da sociedade conservam suas características fiéis à etnia alemã em modos e costumes, e assim continuará (SOCIEDADE DE GINÁSTICA..., 1928). Este relato, provavelmente, foi feito durante uma assembleia realizada na cidade de São Leopoldo, em 1921, contra a retirada da Turnverein Estrela da relação de sociedades da Turnerschaft, presidida por Aloys Friedrichs. A Turnerschaft “insistiu em confirmar os princípios originais de seus Estatutos 13”, conforme relato do emissário da Turnerveiren Estrela, Affonso Maria Müssnich 14 , e não aceitou a vinculação da Turnverein Estrela a entidade. Este conflito entre a Turnverein Estrela e a Turnerschaft, gerado pelas mudanças que a sociedade fez em razão da forte pressão pela nacionalização no período da Primeira Guerra Mundial, é possível de perceber nas entrelinhas do relatório da diretoria de 1928. Neste está registrado que “algumas pessoas” não aceitaram as alterações sem ressalvas, evidenciando a importância do idioma utilizado pela associação. Provavelmente, a referência a “algumas pessoas” deve estar relacionada aos dirigentes da Turnerschaft e aos presentes na assembleia 12 Relatório sucinto da Turneverein Estrela, no idioma alemão, elaborado pela diretoria da sociedade em sete de agosto de 1928, assinado por Alberto Dexheimer, fundador e primeiro presidente da sociedade. O relatório foi publicado em um jornal de São Leopoldo. 13 Os estatutos admitiam o ingresso na Turnerschaft somente das sociedades ginásticas que usavam em suas expressões técnicas (comandos) e nos protocolos o idioma alemão. 14 Relato da Assembleia da Turnerschaft, realizada em São Leopoldo no dia seis de dezembro de 1921, na qual Affonso Maria Müssnich era “delegado” da Turnverein Estrela. 7 [REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846] que vetaram a adesão da Turnerveiren Estrela a entidade. Mesmo não fazendo parte da Turnerschaft,, a Turnerveiren Estrela permaneceu com o convite de participação nos campeonatos e nas reuniões como convidada, sem direito de voto (SCHINKE, 2007; MÜSSNICH, 1921). Além das ações quanto à preservação das sociedades de Turnen, alguns atos de grupos nacionalistas também foram descritos no relatório de 1928. De acordo com este documento, ocorreu em Estrela um episódio de investida contra a estrutura física da Turnverein Estrela. A sua sede social, que foi inaugurada somente em 11 de novembro de 1916 (HESSEL, 2004), poderia ter sido queimada, se não fosse “um punhado de homens decididos e conscientes da grave situação e que estavam determinados a salvar o patrimônio da sociedade e a sua sobrevivência em si”. De acordo com Gertz (1991, p. 21) poucos arriscariam a vida pela “decantada germanidade”. A Turnverein Estrela passou por momentos difíceis durante a Primeira Guerra Mundial. Além do abalo na sua germanidade, ocasionado pela mudança de idioma na sociedade, a medida preventiva não foi aceita pelas demais sociedades da Turnerschaft. A sociedade passava por uma crise identitária. A origem alemã permanecia, mas não foi aceita nem pela Turnerschaft e nem pelo Estado. Porém, estas dificuldades iriam se atenuar com o fim deste período belicoso. Com o apoio de seus dirigentes e sócios, a Turnverein Estrela se manteve fiel ao Turnen no período entre guerras, porém ainda sem a filiação à Turnerschaft. Tal situação era desfavorável tanto pelo não reconhecimento, quanto pela dificuldade de renovação da prática, realizada através de instrutores alemães e revistas que vinham direto da Alemanha, regalias das sociedades que eram filiadas. Por este motivo, participava intensamente das reuniões da Turnerschaft e dos eventos de ginástica como convidada, sendo assim considerada uma sociedade co-irmã da entidade. O instrutor geral da Turnerschaft, professor George Black, auxiliou a Turnverein Estrela na contratação de um professor formado em cultura física na Alemanha, Leo Joas. A vinda deste instrutor de ginástica mudou as perspectivas da sociedade, pois os 8 [REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846] comandos nas aulas, por exemplo, retornaram a ser proferidos no idioma alemão (SCHINKE, 2007). A presença do novo instrutor conferiu ao movimento ginástico de Estrela um desenvolvimento técnico aferido nos bons resultados dos festivais de ginástica do ano de 1926. Neste mesmo ano, a Sociedade de Ginástica de Cruz Alta convidou a Turnverein Estrela para ser paraninfa na festividade de consagração de sua bandeira. Esses fatos reafirmam a condição de sociedade co-irmã, mesmo não sendo filiada à Turnerschaft (SCHINKE, 2007). O bom desempenho dos jovens ginastas de Estrela nas competições pode ter sua motivação na disciplina imposta por Leo Joas. Nos relatórios manuscritos pelo instrutor, encontrados na Turnverein Estrela, além das correspondências para a Turnerschaft vemos o quão sério era Joas na educação da juventude de Estrela, tarefa consignada ao Turnen nos princípios de Jahn. Esta postura provavelmente influenciou a indicação da Turnverein Estrela pela Turnerschaft para sediar o 1º Gau-Turnfest da Região III (Região Cahy – Taquari) em 1927 (SCHINKE, 2007). O início da década de 1930 marcou uma nova caminhada em prol do germanismo realizada pela Turnverein Estrela, que ensaiou a reconciliação com a Turnerschaft e implantou novos esportes em Estrela. Provavelmente foi George Black que, por meio de uma carta enviada em 25 de julho de 1931 15 ao Turnverein Estrela, propôs a retomada do idioma alemão “no salão de ginástica, no campo de esporte e na correspondência com a Federação” a fim de aderir novamente a Turnerschaft. A diretoria, presidida por Alberto Dexheimer, decidiu acatar a sugestão e filiar-se a entidade. Nos dias 24 e 25 de outubro de 1936 ocorreu o maior evento esportivo da cidade, no âmbito da ginástica: o 1º Gau-Turnfest (1º Campeonato de Ginástica Regional) da Região II Jacuí – Taquari. De acordo com o noticiado no jornal “O Paladino” de 10 de outubro de 1936: “Estrela será o centro das atenções de todos quantos se interessam pelas competições de ginástica em nosso Estado” 15 Carta escrita por George Black, em idioma alemão, para a Turnverein Estrela em 25 de julho de 1931 e traduzida por Werner Schinke (2007). 9 [REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846] (SOCIEDADE GINÁSTICA, 10 out 1936, p. 2). Ainda na mesma reportagem, o jornal afirma a participação de ginastas, de ambos os sexos, das cidades de Santa Cruz do Sul, Cachoeira do Sul e da vizinha Lajeado. Compareceram atletas e membros da Turnerschaft, dentre eles o mestre George Black, “o grande animador da ginástica no nosso estado” (SOCIEDADE GINÁSTICA, 10 out 1936, p. 2). Este evento foi noticiado em todas as edições seguintes do jornal até o dia de realização. Assim como a Turnverein Estrela, as demais associações esportivas de Estrela procuravam afirmar sua identidade étnica constantemente. Tal afirmação despertou um olhar de desconfiança do governo do Estado e do país para o chamado “perigo alemão” 16 . Diante de um cenário de construção e valorização da cultura nacional brasileira, desencadeou-se um forte movimento de nacionalização, o qual repercutiu nas associações esportivas. A TURNVEREIN E OUTRAS PRÁTICAS ESPORTIVAS EM ESTRELA Antes mesmo da criação da Turnverein Estrela já existia a Kriegerverein (Sociedade de Guerreiros), fundada no ano de 1874, em Linha Clara (atual cidade de Teutônia), localidade que na época pertencia a Estrela. Esta sociedade era constituída por ex-combatentes alemães, conhecidos como brummer, oriundos das guerras da Prússia contra a Dinamarca, que migraram para o Brasil (KILPP; MAZO; LYRA, 2010). Os legionários da Kriegerverein atuaram na proteção das colônias, dos bens materiais e famílias dos imigrantes, principalmente durante a Revolução Federalista; além disso, cultivavam o germanismo na região. Há registros da atuação dos associados da Kriegerverein nas revoltas federalistas do final do século XIX, quando as tropas federalistas atacaram as casas comerciais (ROCHE, 1969; SOMMER, 1984; RAMBO, 1999; LANG, 2005). Ressalta-se, que os documentos desta sociedade foram queimados na década de 1930, em decorrência das ações do Estado Novo. Durante muitos anos, a Kriegerverein foi a única associação da região. Em 1910 houve a mudança de nome, passando a denominar-se Schützenverein (Sociedade dos Atiradores), mas mesmo com a alteração na denominação, manteve o idioma 16 A tese do perigo alemão referia-se a uma conspiração alemã, que estaria enviando imigrantes para ocupar o sul do Brasil e dominar as terras colonizadas e o país. Mais detalhes no livro de Gertz (1991). 10 [REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846] alemão nos documentos (LANG, 1995). Tal mudança implicou também na perda do caráter militar de treinamento para defesa fomentada até então na sociedade, que passou a oferecer atividades voltadas para o lazer. Neste caminho, a Schützenverein proporcionou a prática do tiro ao alvo juntamente com o bolão, que até então era apenas praticado nas canchas construídas para este jogo em dois estabelecimentos comerciais da cidade 17. Segundo Schierholt (2002), o primeiro clube de bolão fundado na região foi o Club Unicum no ano de 1921. Provavelmente este clube foi estabelecido exclusivamente para a prática do bolão, diferentemente dos demais. Outro clube de bolão foi citado pelo jornal “O Paladino” (02/10/1921), quando houve uma reunião de constituição da “nova” diretoria do Club Gut-Holz. O jornal ainda registra os nomes de Clemente Ruschel e Alberto Dexheimer, os quais eram vinculados a Turnverein Estrela, local onde era praticado o bolão pelos associados do Club Gut-Holz. De acordo com uma nota comemorativa do aniversário desta associação, o Club Gut-Holz foi fundado em 1908, logo após a organização da Turnverein Estrela. Tais informações sugerem que a prática do bolão passou a ser oferecida pela Turnverein Estrela, juntamente com outras práticas, mas tendo um nome próprio para a associação. O Club Gut-Holz é considerado o mais antigo clube de bolão de Estrela (CLUB GUT-HOLZ, 15 out 1922, p. 1). A prática do bolão, apesar de ser hoje conhecida como tradicional dos grupos étnicos alemães, sempre teve associada a sua nomenclatura a palavra club que era característica norte americana. Apesar disto, poucos clubes dedicavam-se apenas a prática do bolão, sendo, a maioria, vinculados a uma sociedade esportiva. No caso da região de Estrela, o bolão foi impulsionado, principalmente, pela Turnverein Estrela, a qual foi responsável pela formação de oito grupos, porém sua prática principal era o Turnen. 17 Outra prática que se instalou na região foi o turfe, em 24 de dezembro de 1887, com a criação do Prado da Vila de Estrela na fazenda de Felisberto Fagundes Mena Barreto, um dos fundadores de Estrela. Neste prado ocorriam “corridas de cavalo e de velocípedes” (bicicletas) (HESSEL, 2004, p. 76). Os velocípedes apareceram pela primeira vez em Estrela no ano de 1888, mas tiveram vida efêmera, talvez por ser uma cidade rural. O turfe perdurou por mais tempo, mas o prado acabou encerrando suas atividades. 11 [REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846] Além destas práticas, o futebol era outro esporte que começava a ganhar mais expressividade na região no começo da década de 1920. Havia os clubes Grêmio Esportivo Estrelense e Sport Club Oriental (SCHIERHOLT, 2002, p. 319). O futebol na região teve sua organização a partir de associações fundadas pela iniciativa de moradores de bairros com maior desenvolvimento na época, grupos ou empresas. Seguindo o exemplo desses, outros clubes, representando bairros menores, foram criados e para estes foi transferida toda a carga cultural dos teuto-brasileiros, do germanismo. Através dos torneios de futebol de final de semana, continuaram realizando kerb (festas), reuniões, cantorias de músicas e outras práticas alusivas às tradições germânicas. Assim, preservaram seus costumes ao cultivarem a brasilidade junto com a germanidade por meio do esporte, construído como “nacional” de maneira que não fosse completamente visível aos olhos das autoridades (KILPP; MAZO; LYRA, 2010). Na década de 1930, foi fundada a Liga de Futebol do Alto Taquari, envolvendo as cidades de Estrela, Lajeado Corvo, Teutônia, Roca Sales, Muçum, Encantado e Arroio do Meio (HESSEL, 2004, p. 98). Esta Liga congregou associações de cidades colonizadas por diferentes etnias, o que demonstra que o futebol se difundiu como um esporte “nacional”, praticado por diferentes grupos. Dentre os 10 clubes fundados entre as décadas de 1930 e 1940 (MAZO e col., 2012), em Estrela, dois clubes tiveram maior popularidade: o Estrela Futebol Clube, fundado em 17 de novembro de 1931 (DIEL, 1951, p. 16), e o Grêmio Esportivo e Recreativo Canabarrense, fundado em 24 de junho de 1931 com o nome de Sport Club Teutônia em Teutônia. Além do esporte que se coligou à identidade nacional brasileira, o futebol, os clubes começaram a incluir a prática de esportes anglo-saxões como o basquetebol e o voleibol. A Turnverein Estrela, no dia sete de outubro de 1931, fundou o Departamento de Basquetebol. O jornal “O Paladino” de 1932 (BASQUETE, 15 out 1932), registrou que o introdutor do basquetebol em Estrela e encarregado do departamento deste esporte foi Rudolfo Maria Rath, mestre de ginástica da Turnverein Estrela. A quadra foi instalada nos fundos da sociedade, sendo 12 [REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846] posteriormente melhorada com iluminação e arquibancadas, a partir dos fundos arrecadados no “festival em benefício das melhorias da quadra” no ano de seu aniversário (SCHINKE, 2007). A equipe Basketball Estrela da Turnverein Estrela foi um grupo criado para prática recreativa, porém os amistosos logo tiveram lugar na sua sede. Schierholt (2002) cita uma partida contra o time de basquetebol da Sociedade Ginástica de Santa Cruz do Sul, em janeiro de 1933. Neste mesmo ano, a equipe de basquetebol também enfrentou a SOGIPA, que veio com a finalidade de paraninfar a nova equipe formada em Estrela e inaugurar o espaço destinado a primeira quadra deste esporte da região do Vale do Taquari. De fato, a quadra foi construída posteriormente, visto que a compra de terras para esta quadra, junto com um campo de atletismo, se deu em maio de 1933 (TESCHE, 1996; SCHINKE, 2007). A quadra de esportes coletivos ficava na sede central da Turnverein Estrela e na sede campestre tinha duas quadras de tênis. Os esportes individuais também foram surgindo e oportunizando um maior número de práticas esportivas na região, porém foram bem menos expressivos. A fundação do Tênis Clube Estrela se deu em 21 de abril de 1933, como departamento da Turnverein Estrela, porém antes da fundação deste departamento, já se praticava o tênis na cidade sem vínculo associativo (SCHINKE, 2007; SCHIERHOLT, 2002). A Turnverein Estrela foi responsável pela introdução de outro esporte coletivo na região: o Punhobol. A Turnerschaft por meio de uma circular do dia cinco de outubro de 1931 sugeriu que desenvolvesse a prática do “popular” esporte chamado Punhobol, pois juntamente com o campeonato anual de ginástica, aconteceria uma competição de punhobol entre as sociedades. Mesmo com o empenho da Turnverein Estrela, este esporte foi efêmero (SCHINKE, 2007). CONSIDERAÇÕES FINAIS O associativismo esportivo em Estrela foi uma iniciativa dos imigrantes alemães que se instalaram na região. Nos primórdios da fundação das associações, os esportes oferecidos eram, principalmente, o tiro ao alvo, o bolão e a ginástica. Para 13 [REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846] além das práticas esportivas, nas associações ocorriam reuniões para discutir atividades sociais, questões políticas e econômicas. Portanto, nas associações e por meio delas, os teuto-brasileiros preservaram sua identidade etno-cultural exaltando o germanismo e disseminando suas tradições, costumes, idioma e práticas esportivas. Neste cenário, a Turnverein Estrela destacou-se no município. Através da introdução de diversas práticas a Turnverein Estrela proporcionou o incremento esportivo na localidade. Além disso, tal desenvolvimento propiciou um crescimento urbano através das quadras e campos esportivos construídos. Tais equipamentos esportivos também representavam a chegada da modernização na cidade. Para a Turnverein Estrela e as demais associações sul-rio-grandenses distinguidas pela identidade etno-cultural teuto-brasileira, o período de coerção mais crítico foi o Estado Novo, quando houve a radicalização das ações sobre as associações teuto-brasileiras. Devido à relevante função da Turnverein Estrela na preservação da identidade etno-cultural teuto-brasileira, este espaço foi alvo das ações nacionalizadoras no Estado passando por um processo de modificação. Nessa conjuntura emerge uma reconfiguração da identidade etno-cultural esportiva dos teuto-brasileiros por meio da incorporação de esportes, que não faziam parte da tradição germânica. Os esportes coletivos de origem anglo-saxônica passam a integrar as práticas da Turnverein, também produzindo representações de modernização ao incorporar as novidades esportivas. A prática do futebol favoreceu a organização de novas associações na década de 1930, mas não significou uma ruptura com os tradicionais esportes, que continuaram sendo oferecidos aos associados. Os campeonatos de futebol, assim como as disputas de tiro ao alvo, bolão e ginástica se constituíram em uma forma de cultuar o germanismo, porém agregando novos elementos culturais. Além disso, as funções culturais foram salvaguardadas com o foco assumido sobre as práticas esportivas. As associações esportivas desempenharam um papel fundamental neste processo de perpetuação das práticas esportivas e de produção de outras representações culturais. 14 [REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846] Este estudo privilegia a história local/regional com a intenção de assinalar o papel do associativismo esportivo como um dos fenômenos culturais a ser considerado nos estudos sobre a construção das identidades germânicas no Brasil. Por outro lado sugere, como no caso pesquisado, que o esporte não ocupa um lugar único na construção da identidade nacional brasileira, mas sim devemos considerar os diferentes tempos históricos e contextos sociais. No período de fundação da Turverein Estrela, em particular a prática da ginástica, ocupou um papel central para congregar indivíduos e promover a lealdade à matriz cultural da comunidade teuto-brasileira. Contudo, a lealdade de alguns membros da comunidade teuto-brasileira foi abalada pela pressão e ações do governo, especialmente, no período da Primeira Guerra Mundial e nas décadas seguintes, quando foram hostilizados e vistos como estrangeiros. Nestes momentos, a ginástica e outras práticas esportivas identificadas com este grupo étnico são motivos de acirramento de disputas entre grupos, pois podiam comprometer a formação e consolidação da integridade nacional brasileira. Ao ser potencializado pelo governo brasileiro como esporte nacional, o futebol foi um instrumento político de pressão no campo esportivo. Ao promover a prática do futebol, a sociedade de ginástica teutobrasileira passava a produzir representações de abrasileiramento, portanto, de integração nacional. Por fim, consideramos que o esporte teve uma importância significativa diante das demais atividades sociais e culturais conduzidas pelas associações. Inclusive tornando-se uma estratégia de resistência diante das ações opressoras do estado. A incorporação de esportes alheios a tradição germânica pode ser vista como uma estratégia, visando a preservação de alguns costumes, mas ao mesmo tempo produzindo representações de brasilidade. Diante desta “luta de representações” caberia mais estudos em busca de como houve a recepção de tais conflitos identitários e o processo de hibridização cultural. Talvez possa parecer que a prática esportiva foi apenas um pretexto para encontro dos indivíduos discutirem veladamente assuntos diversos nos momentos de forte pressão e tensão política. Contudo, o estudo do caso da Turverein Estrela 15 [REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846] reforça, somando-se a outros estudos desenvolvidos pelas autoras, que o esporte tinha um papel constitutivo central da identidade dos teuto-brasileiros. No que diz respeito a incorporação do futebol no caso do Rio Grande do Sul teve forte influência dos imigrantes alemães que organizaram as primeiras associações em muitas cidades do estado. REFERÊNCIAS BACELLAR, C. “Fontes documentais: uso e mau uso dos arquivos”. In: PINSKI, C. (Org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2 ed., 2010, p. 23-80. CUCHE, D. A noção de cultura nas ciências sociais. Tradução de Viviane Ribeiro. Bauru: EDUSC, 1999. DIEL, Arnaldo. Revista Jubileu Diamante Estrela. Livro comemorativo dos 75 anos do município de Estrela. Estrela, 1951. FLORES, Hilda. História da Imigração Alemã no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EST, 2004. 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