Manejo da produção leiteira familiar em
assentamento de reforma agrária na Zona
da Mata Mineira - Brasil
Paula Lima Romualdo
Irene Maria Cardoso, Daniely Deliberali, Renato Tonini, Ivo
Jucksch, Marcus Vinicius da Costa,Rogerio de Paula Lana
Lima, setembro de 2013
INTRODUÇÃO GERAL
PASTAGENS  componente essencial das paisagens:
173 milhões de hectares
PASTAGENS NATURAIS E PLANTADAS:
BR: 48 % da área total dos estabelecimentos agropecuários
MG: 65% da área rural
Boa parte destas pastagens está em avançado grau de
degradação
(IBGE, 2006)
ZONA DA MATA MINEIRA
Desmatamento da Mata Atlântica : estabelecimento de cultivos agrícolas
Declividade do terreno e do manejo empregado : esgotamento, através da
erosão da camada superficial do solo e da excessiva exportação de
nutrientes pelas culturas, agravada pela ausência de práticas para a
melhoria da qualidade do solo (CARVALHO & ALVIM, 2000).
Resultado: substituição da matriz florestal
Pecuária extensiva: manejada em especial pela agricultura familiar
Severa degradação: áreas com ausência de vegetação, normalmente
localizadas no terço superior das elevações, com influência nas partes
menos declivosas
A vegetação de topo e do terço superior : infiltração e escoamento
com menor velocidade, evitando que ocorra a perda de solo e nutrientes
desta área (BARUQUI et al., 1985)
Com a retirada da vegetação:
• dificulta-se a infiltração da água
• formação de enxurradas que levam ao assoreamento dos mananciais e,
consequentemente, redução na capacidade de drenagem, impedindo
novamente a recarga de aquíferos (SOUZA, 2004)
Compactação : leva a redução na porosidade do solo, afeta na infiltração de água e
mudanças indesejáveis na composição florística (SOUZA, 2004; KHATOUNIAN,
2001)
Estação seca : período mais crítico durante os meses de junho a setembro, a
quantidade e a qualidade do alimento a ser consumido pelo gado ficam
comprometidas
Relevo acidentado :degradação mais intensa e associado a processos erosivos
Manejo das pastagens que não as degradem
Planejamento da produção: COM ANTECEDÊNCIA
ASSENTAMENTO OLGA BENÁRIO
29 famílias, 80% originárias de outras regiões do Brasil e 20% da região do
assentamento (MANCIO, 2008)
Fazenda Santa Helena: histórico processo de degradação (cana e gado de leite)
16 famílias: grupo do leite
Alimentação animal: como produzir alimento na seca?
como manejar as encostas?
como recuperar as pastagens degradadas?
OBJETIVOS
Identificar e analisar os principais desafios e
potencialidades na alimentação do rebanho leiteiro no
assentamento
Especificamente procurou-se investigar:
i)o planejamento e as alternativas adotadas para a
produção de alimentos no período da seca;
ii)como a água é fornecida nas áreas de pastagem e
iii)o manejo das áreas de encostas
MATERIAL E MÉTODOS
No município de Visconde do Rio Branco localiza-se o
assentamento Olga Benário. Criado em 2005, possui área de
759,9060 ha e é organizado pelo Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) (AESCA, 2008).
MATERIAL E MÉTODOS
Pesquisa-ação, orientou o estudo dos problemas da
comunidade de forma participativa, com a integração do
conhecimento empírico popular das famílias, no objetivo de
encontrar soluções subsidiadas cientificamente e adaptadas ao
contexto sócio cultural do grupo, promovendo a troca de
conhecimentos (THIOLLENT, 2002) entre os participantes da
pesquisa com a proposta de resolver, ou compreender melhor
o problema pesquisado (TRIPP, 2005).
VISITAS
TRAVESSIAS
ELABORAÇÃO DO MAPA DA PROPRIEDADE E
ENTREVISTAS SEMIESTRUTURADAS
Elaboração do mapa da propriedade: grupo do leite.
Entrevistas semiestruturada: grupo do leite.
SISTEMATIZAÇÃO E DEVOLUÇÃO PARCIAIS DOS
RESULTADOS
•
•
Grupo de 6 a 7 famílias visitadas: sistematização parcial
Sistematização parcial  devolução parcial
SISTEMATIZAÇÃO PARCIAIS
Adaptação do Círculo de Cultura do Paulo Freire (1967)
FACILITADORA
Palavra
sugerida
Palavra
geradora
Discussão
INSTALAÇÕES PEDAGÓGICAS
Grupos
temáticos
ENCONTROS DE DEVOLUÇÃO
Apresentação
Histórico de vida da família anfitriã
Travessia
Visitas as instalações pedagógicas
Debate final
Lanche
Total de 4 devoluções parciais
SISTEMATIZAÇÃO E DEVOLUÇÃO FINAL
Mesma metodologia das sistematizações parciais, porém
agregou todas as famílias
Casa Sede
Metodologias lúdicas (teatro, música, jogo e instalações)
2 Perguntas: i) “o que você quer mudar em seu lote?”; e ii) “o que
você quer aprender?”
Oficinas
RESULTADOS
• 13 a 18 ha, 65 a 90% correspondem a pastagens
• Dentre outras atividades destaca-se a horta
• Queijos, quitandas, criação de porcos e galinhas caipiras,
mel, frutas, milho, feijão, mandioca, abóbora...
• Família direcionada para o leite: monocultura do leite
• Rebanho variável: 3 a 40 animais
• Integração: esterco na lavoura
ALIMENTAÇÃO DO GADO DE LEITE
• A base da alimentação bovina : pasto
• A gramínea mais presente nas pastagens do assentamento é a
braquiária (Brachiaria decumbens). Na opinião dos assentados, é
uma gramínea mais resistente, principalmente na época da seca.
• Capim-colonião (preferência)
• Capim-gordura
• Cana-de-açúcar: 70 %
• Capineiras: 30 %, capim Cameron e Napier
• Ração: 50%
• Sal
ENCOSTAS
• 70% das propriedades os animais têm acesso ao morro durante
todo ano
• Degradação das pastagens: perda de vigor como também perda
de parte da cobertura do solo
• Caminho do gado
• Enxurradas
• Voçorocas
ÁGUA
• Ausência de água para os animais nas encostas/degradação
destas áreas: deslocamento, pisoteio, compactação
• Ausência de água: afeta produção de leite
• Fontes naturais: córrego e nascentes
• Nascentes desprotegidas
• Barraginha e bebedouros (experiência alternativa)
SECA E PLANEJAMENTO
• Na estação seca: 730 litros/dia nas águas para 340 litros
sem produção, venda de animais
• 11 fornecem cana: com ureia (3), com capim (8)
• Sal: único suplemento (estimula consumo da macega)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Construção de conhecimentos de forma participativa
• Comunidade do assentamento : grupo heterogêneo , busca
pela autonomia produtiva
• Existem famílias com maior aptidão para a agricultura e
algumas com aptidão especial para a atividade leiteira
• Planejamento da produção: com antecedência
• Cana e capineiras
• Conseguem manter a produção de leite e buscar pela
diversificação da produção, fornecendo uma renda
complementar e garantindo sua segurança alimentar
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• As pastagens são manejadas de forma contínua dificultando um
período de descanso ao capim. O piqueteamento é uma opção
adotada por uma pequena parcela de assentados, no entanto é de
interesse dos demais, tornando-se uma alternativa viável e capaz
de reverter o quadro de degradação de pastagens.
• As encostas são utilizadas de forma contínua e apresentam vários
focos de erosão, alguns já em processo inicial de voçorocamento.
Aqueles assentados preocupados com a degradação destas áreas
procuram desviar as enxurradas formadas durante as chuvas.
• A ausência de fornecimento de água aos animais no local do
pastejo prejudica a produção animal e as pastagens. O uso direto
das nascentes e córregos diminui a qualidade de água e causa
assoreamento das nascentes e cursos d’água.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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AESCA (Associação Estadual de Cooperação Agrícola). Plano de Desenvolvimento do
assentamento Olga Benário. Belo Horizonte, 2008.
BARUQUI, F. M.; RESENDE, M.; FIGUEIREDO, M. S. Causas da degradação e possibilidades
de recuperação das pastagens em Minas (Zona da Mata e Rio Doce). Informe
Agropecuário, v.11, n. 128, p. 27-37, 1985.
CARVALHO, M. M.; ALVIM, M. J. (Eds.) Pastagens para gado de leite em regiões de
influência da Mata Atlântica. Juiz de Fora: CNPGL/EMBRAPA, 2000. 178 p.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.
FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA - IBGE. Censo
Agropecuário- 2006. Rio de Janeiro, 2006.
KHATOUNIAN, C. A. A reconstrução ecológica da agricultura. Botucatu: Agroecológica,
2001.
MANCIO, D. Percepção ambiental e construção do conhecimento de solos em
assentamento de Reforma Agrária. Viçosa; Universidade Federal de Viçosa, 2008.
152p. (Dissertação de Mestrado em Solos e Nutrição de Plantas).
SOUZA, M.N. Degradação e recuperação ambiental e desenvolvimento sustentável.
2004. p.133. Dissertação de Mestrado Programa de Pós Graduação em Ciência Florestal,
Universidade Federal de Viçosa, 2004.
THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-ação. 7a. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
TRIPP, D. Pesquisa-ação: Uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa, São
Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005.
GRACIAS!
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